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Decreto-Lei N.º 257 2007
Decreto-Lei N.º 257 2007
CAPÍTULO I
Decreto-Lei n.º 257/2007
Disposições gerais
de 16 de Julho
O regime jurídico da actividade de transporte rodoviário Artigo 1.º
de mercadorias, adoptado no direito interno em conso- Âmbito
nância com as Directivas n.os 96/26/CE, do Conselho, de
29 de Abril, e 98/76/CE, do Conselho, de 1 de Outubro, 1 — O presente decreto-lei aplica-se ao transporte ro-
em vigor desde 1999, veio demonstrar, pela experiência doviário de mercadorias efectuado por meio de veículos
adquirida com a sua aplicação, a necessidade de introduzir automóveis ou conjuntos de veículos de mercadorias, com
alguns ajustamentos. peso bruto igual ou superior a 2500 kg.
Constatou-se ser aconselhável proceder a alterações ao 2 — Não estão abrangidos pelo regime de licenciamento
regime de acesso à actividade, bem como ao regime de na actividade a que se refere o presente decreto-lei:
organização do mercado do transporte rodoviário de mer- a) Os transportes de produtos ou mercadorias direc-
cadorias, as quais promovam a melhoria das condições de tamente ligados à gestão agrícola ou dela provenientes
prestação de serviços e melhorem a capacidade competitiva efectuados por meio de reboques atrelados aos respectivos
das empresas operando nesse mercado. tractores agrícolas;
Considerando que se tem verificado uma tendência b) Os transportes de envios postais realizados no âmbito
de crescimento de empresas que, com recurso exclusivo da actividade de prestador de serviços postais;
a veículos ligeiros de mercadorias, efectuam transportes c) A circulação de veículos aos quais estejam ligados, de
públicos ou por conta de outrem, sem que tenham de se forma permanente e exclusiva, equipamentos ou máquinas.
sujeitar a quaisquer condições de acesso à actividade ou
de mercado, o que subverte as condições de concorrên- Artigo 2.º
cia, mostra-se aconselhável que estes transportes sejam
submetidos a regras idênticas às aplicáveis aos restantes Definições
transportes já submetidos a licenciamento. Ficam, no en- Para efeitos do disposto no presente decreto-lei e legis-
tanto, excluídos deste regime os transportes efectuados em lação complementar, considera-se:
veículos de mercadorias de peso bruto inferior a 2500 kg,
pela irrelevância da sua capacidade de carga. a) «Transporte rodoviário de mercadorias» a actividade
No que se refere ao acesso à actividade, foram ade- de natureza logística e operacional que envolve a deslo-
quadas as regras relativas ao requisito de capacidade cação física de mercadorias em veículos automóveis ou
profissional, de forma a garantir que cada empresa seja conjuntos de veículos, podendo envolver ainda operações
efectivamente gerida pelo titular do certificado de capa- de manuseamento dessas mercadorias, designadamente
cidade profissional e, ao mesmo tempo, fomentar a ob- grupagem, triagem, recepção, armazenamento e distri-
tenção ou consolidação de melhores e mais actualizadas buição;
competências técnicas. Neste sentido, foi condicionada b) «Transporte por conta de outrem ou público» o trans-
a validade do certificado de capacidade profissional do porte de mercadorias realizado mediante contrato, que não
responsável da empresa a uma avaliação da sua gestão se enquadre nas condições definidas na alínea seguinte;
com boas práticas, que terá em conta o número de infrac- c) «Transporte por conta própria ou particular» o trans-
ções à regulamentação relevante para o sector, incluindo porte realizado por pessoas singulares ou colectivas em que
matérias relacionadas com a própria actividade do trans- se verifiquem cumulativamente as seguintes condições:
porte rodoviário de mercadorias, segurança rodoviária, i) As mercadorias transportadas sejam da sua proprie-
ou protecção do ambiente. dade, ou tenham sido vendidas, compradas, dadas ou to-
Procurando contribuir de uma forma mais activa para madas de aluguer, produzidas, extraídas, transformadas
a protecção do ambiente, são estabelecidas regras con- ou reparadas pela entidade que realiza o transporte e que
dicionantes do licenciamento de veículos que tenderão este constitua uma actividade acessória no conjunto das
a promover a renovação das frotas automóveis e, conse- suas actividades;
quentemente, o abatimento dos veículos mais antigos, ou ii) Os veículos utilizados sejam da sua propriedade,
seja, os mais poluentes. objecto de contrato de locação financeira ou alugados em
Formulou-se um regime sancionatório mais ajustado e regime de aluguer sem condutor;
dissuasor, designadamente no que respeita à aplicação de iii) Os veículos sejam, em qualquer caso, conduzidos
sanção acessória por excesso de carga, que passa a poder pelo proprietário ou locatário ou por pessoal ao seu ser-
ser aplicada quer a transportadores por conta de outrem viço;
quer por conta própria. Foi também introduzida a punição,
até aqui inexistente, pela falta de certificado de motorista, d) «Mercadorias» toda a espécie de produtos ou objectos,
exigido aos motoristas nacionais de países terceiros pelo com ou sem valor comercial, que possam ser transportados
Regulamento (CE) n.º 484/2002, do Parlamento Europeu e em veículos automóveis ou conjuntos de veículos;
do Conselho, que alterou o Regulamento (CEE) n.º 881/92, e) «Transporte nacional» o transporte que se efectua
também do Parlamento Europeu e do Conselho. totalmente em território nacional;
Assim: f) «Transporte internacional» o transporte que implica o
No uso da autorização legislativa concedida pela Lei atravessamento de fronteiras e se desenvolve parcialmente
n.º 1/2007, de 11 de Janeiro, e nos termos das alíneas a) em território nacional;
Diário da República, 1.ª série — N.º 135 — 16 de Julho de 2007 4483
3 — Com a caducidade da licença para o exercício da 2 — Os transportes internacionais a realizar por trans-
actividade caducam todas as licenças dos veículos auto- portadores residentes, entre o território português e o ter-
móveis ou cópias certificadas da licença comunitária que ritório de países não membros da União Europeia, com
tenham sido emitidas à empresa. quem o Estado Português haja celebrado um acordo bila-
teral ou multilateral sobre transportes rodoviários, estão
sujeitos a autorização a emitir pelo IMTT dentro dos limites
CAPÍTULO III quantitativos resultantes desses acordos ou convenções.
Acesso e organização do mercado 3 — Não estão abrangidos pelo regime de autorização
previsto neste artigo os transportes que, por convenção
Artigo 14.º multilateral ou por acordo bilateral, tenham sido libera-
lizados.
Licenciamento de veículos automóveis
4 — No caso de transportes realizados por meio de
1 — Os veículos automóveis afectos ao transporte rodo- conjuntos de veículos, a autorização só é exigida ao veí-
viário de mercadorias por conta de outrem estão sujeitos a culo automóvel.
licença a emitir pelo IMTT, quer sejam da propriedade do
transportador, objecto de contrato de locação financeira, Artigo 18.º
ou contrato de aluguer sem condutor. Transportes especiais
2 — Até que a soma dos pesos brutos dos veículos da
empresa ultrapasse 40 t, os veículos automóveis a licenciar Os transportes especiais são objecto de regulamentação
após a obtenção do alvará ou da licença comunitária, a específica.
que se refere o n.º 2 do artigo 3.º, devem necessariamente
ser novos, considerando-se que satisfazem esta condição Artigo 19.º
os veículos que não tenham mais de um ano de fabrico
Guia de transporte
contado a partir da data de primeira matrícula.
3 — São condições de emissão de licença que a idade 1 — Os transportes rodoviários de mercadorias por
média da frota de automóveis da empresa não exceda conta de outrem são descritos numa guia de transporte,
10 anos, sendo determinada a idade de cada veículo pela que deve acompanhar as mercadorias transportadas.
data da primeira matrícula. 2 — A guia de transporte deve conter os elementos
4 — As licenças dos veículos caducam no caso de trans- que vierem a ser definidos por despacho do presidente do
missão da propriedade ou da posse do veículo e sempre conselho directivo do IMTT.
que se verifique a caducidade do alvará ou da licença
comunitária. Artigo 20.º
Artigo 15.º
Documentos que devem estar a bordo do veículo
Identificação de veículos
Durante a realização dos transportes a que se refere o
Os veículos automóveis licenciados para o transporte presente decreto-lei, devem estar a bordo do veículo e ser
rodoviário de mercadorias por conta de outrem devem apresentados à entidade fiscalizadora sempre que solicitado
ostentar distintivos de identificação. a cópia certificada da licença comunitária bem como as
licenças e autorizações previstas nos artigos 14.º, 16.º e 17.º
Artigo 16.º e, no caso de transporte internacional em que o veículo é
Transportes de carácter excepcional conduzido por um motorista nacional de país terceiro, o
respectivo certificado.
Estão sujeitos a autorização, a emitir pelo IMTT, os
transportes de carácter excepcional realizados por veículos
afectos ao transporte por conta própria, cujo peso bruto CAPÍTULO IV
exceda 2500 kg, em que, cumulativamente:
Fiscalização e regime sancionatório
a) As mercadorias e os veículos não pertençam ao mes-
mo proprietário; Artigo 21.º
b) O transporte seja efectuado sem fins lucrativos por
colectividades de utilidade pública ou outras agremiações Fiscalização
filantrópicas, desportivas ou recreativas; 1 — A fiscalização do cumprimento do disposto no
c) As mercadorias transportadas estejam relacionadas presente decreto-lei compete às seguintes entidades:
com os fins das entidades que efectuam o transporte;
d) Os veículos utilizados sejam da propriedade da enti- a) Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres,
dade que realiza o transporte, de algum dos seus associados I. P.;
ou cedidos a título gratuito por outras entidades. b) Guarda Nacional Republicana;
c) Polícia de Segurança Pública.
Artigo 17.º
2 — As entidades referidas no número anterior podem
Transportes internacionais e de cabotagem
proceder, junto das pessoas singulares ou colectivas que
1 — Os transportes internacionais e os transportes de efectuem transportes rodoviário de mercadorias, a todas as
cabotagem a realizar por transportadores não residentes investigações e verificações necessárias para o exercício
sediados fora do território da União Europeia estão sujeitos da sua competência fiscalizadora.
a autorização a emitir pelo IMTT, a qual é condicionada 3 — Os funcionários do IMTT com competência na
pelo princípio da reciprocidade. área da fiscalização e no exercício de funções, desde que
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dos e aprovados por despacho do presidente do conselho Outubro de 1999, e 14 576/2000, de 30 de Junho de 2000,
directivo do IMTT. relativos à guia de transporte e aos dísticos.
Artigo 40.º Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 10
Afectação de receitas
de Maio de 2007. — José Sócrates Carvalho Pinto de
Sousa — Fernando Teixeira dos Santos — Ascenso Luís
Constituem receita própria do IMTT os montantes que Seixas Simões — Manuel António Gomes de Almeida de
venham a ser fixados por despacho conjunto dos Ministros Pinho — Paulo Jorge Oliveira Ribeiro de Campos.
de Estado e das Finanças e das Obras Públicas, Transportes
e Comunicações, para as inscrições no exame a que se Promulgado em 25 de Junho de 2007.
refere o artigo 7.º e para a emissão de certificados, dos Publique-se.
alvarás, licenças, certificados, autorizações e distintivos
referidos no presente decreto-lei. O Presidente da República, ANÍBAL CAVACO SILVA.
restrições de circulação em vigor nos diferentes Estados Como é salientado na Directiva n.º 2005/50/CE, em
membros (limites de velocidade, prioridades, paragem e conformidade com os conhecimentos actuais, as próteses
estacionamento, utilização das luzes, sinalização rodoviá- totais da anca, do joelho e do ombro distinguem-se das
ria, etc.); demais próteses totais devido à particular complexidade
3) Ser capaz de elaborar instruções destinadas aos con- da articulação que se pretende restaurar, o que leva a que
dutores respeitantes à verificação das normas de segurança seja maior o risco de insucesso e maior a necessidade de
relativas ao estado do material de transporte, do equipa- assegurar uma mais eficiente avaliação da conformidade
mento e da carga e à condução preventiva; face aos dados clínicos disponíveis por parte do organismo
4) Ser capaz de instaurar procedimentos de conduta em notificado.
caso de acidente e de aplicar os procedimentos adequados O presente decreto-lei vem assim transpor para a ordem
para evitar a repetição de acidentes e infracções graves.
jurídica interna a Directiva n.º 2005/50/CE, prevendo um
ANEXO II regime transitório em relação às próteses que foram ava-
liadas enquanto dispositivos médicos da classe IIb.
Organização do exame para obtenção Assim:
de capacidade profissional Nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 198.º da
1 — O exame para obtenção de capacidade profissional Constituição, o Governo decreta o seguinte:
é constituído por um exame escrito obrigatório, que po-
derá ser completado por um exame oral para verificar se Artigo 1.º
os candidatos a transportadores rodoviários possuem o Objecto
nível de conhecimentos exigidos nas matérias indicadas
no anexo I. O presente decreto-lei procede à reclassificação das
2 — O exame escrito obrigatório é constituído pelas próteses de anca, joelho e ombro enquanto dispositivos mé-
duas provas seguintes: dicos, transpondo para a ordem jurídica interna a Directiva
2.1 — Perguntas de escolha múltipla com quatro res- n.º 2005/50/CE, da Comissão, de 11 de Agosto.
postas possíveis, perguntas de resposta directa, ou uma
combinação dos dois sistemas; Artigo 2.º
2.2 — Exercícios escritos/análise de casos.
A duração mínima de cada uma das duas provas é de Noção
duas horas. 1 — Para efeitos do disposto no presente decreto-lei,
3 — No caso de ser organizado um exame oral, a par- entende-se por «prótese da anca, do joelho ou do ombro» o
ticipação nesse exame fica subordinada a aprovação nas
provas escritas. dispositivo médico composto por um conjunto implantável
4 — A atribuição de pontos a cada prova fica subordi- de componentes de um sistema de substituição total da
nada aos seguintes critérios: articulação destinado a desempenhar uma função seme-
4.1 — Se o exame incluir uma prova oral, a cada uma lhante à das articulações naturais da anca, do joelho ou do
das três provas não poderá ser atribuído menos de 25 % do ombro, respectivamente.
total dos pontos do exame, nem mais de 40 %; 2 — Os componentes auxiliares, tais como parafusos,
4.2 — Se for organizado apenas um exame escrito, a cunhas, placas ou instrumentos, não integram a noção
cada prova não poderá ser atribuído menos de 40 % do referida no número anterior.
total dos pontos de exame, nem mais de 60 %.
5 — No conjunto das provas, os candidatos devem obter, Artigo 3.º
pelo menos, uma média de 60 % do total dos pontos do
Reclassificação
exame. A pontuação obtida em cada prova não pode ser
inferior a 50 % dos pontos atribuídos à mesma, podendo, Sem prejuízo do disposto nos artigos seguintes, as próte-
contudo, ser reduzida a 40 % numa única prova. ses de anca, joelho e ombro são consideradas dispositivos
médicos integrados na classe III, nos termos previstos no
Decreto-Lei n.º 273/95, de 23 de Outubro, na redacção que
MINISTÉRIO DA SAÚDE lhe foi dada pelos Decretos-Leis n.os 30/2003, de 14 de
Fevereiro, e 76/2006, de 27 de Março, devendo ser objecto
dos procedimentos de reavaliação de conformidade.
Decreto-Lei n.º 258/2007
de 16 de Julho Artigo 4.º
O regime jurídico dos dispositivos médicos tem sido Avaliação
objecto de constante atenção do legislador com o intuito 1 — As próteses da anca, do joelho ou do ombro que
de reforçar o nível de protecção da saúde mas também de até à data da entrada em vigor do presente decreto-lei
acompanhar o progresso científico e técnico de modo a tenham sido sujeitas a um procedimento relativo à de-
assegurar a plena protecção dos consumidores. claração CE de conformidade previsto na subalínea i) da
No seguimento de importantes discussões ao nível euro- alínea b) do n.º 1 do artigo 8.º do Decreto-Lei n.º 273/95,
peu e na sequência de um procedimento iniciado ao abrigo de 23 de Outubro, na redacção conferida pelo Decreto-Lei
do artigo 13.º da Directiva n.º 93/42/CE, do Conselho, de n.º 76/2006, de 27 de Março, devem ser objecto de um
14 de Junho, foi aprovada a Directiva n.º 2005/50/CE, da exame do dossier de concepção do produto, nos termos
Comissão, de 11 de Agosto, que procede à reclassificação previstos no n.º 5 do anexo II do mesmo diploma legal e
das próteses de anca, joelho ou ombro, incluindo-as na obter o certificado de exame CE de concepção antes de 1
categoria de dispositivos médicos da classe III. de Setembro de 2009.