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NATAL/RN
2014
LUANNY DO NASCIMENTO MEIRELES
NATAL/RN
2014
FICHA DE APROVAÇÃO
Banca Examinadora
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Se eu te amo e tu me amas
Um amor a dois profana
O amor de todos os mortais
Porque quem gosta de maçã
Irá gostar de todas
Porque todas são iguais
Se eu te amo e tu me amas
E outro vem quando tu chamas
Como poderei te condenar
Infinita tua beleza
Como podes ficar presa
Que nem santa num alta
[...]
Agradeço aos meus amigos, alguns de longas datas, outros pelo intenso carinho,
Obrigada! Thalyta, Mariana, Thamirys, Deyriane por todas as risadas e momentos que
passamos juntas, a distância não será capaz de apagar. Lucas Bezerra, meu amigo de
todas as horas, com quem compartilho muitas emoções. Vasquez, Alexandre, sou grata
pelas alegrias, pelos momentos incríveis. Hallrison agradeço pelos momentos
divertidos, reflexivos e por ter me perguntando o que penso sobre o “caiu na net”.
Eduarda, Cecília, Ilana, Márcia, Carol, Allysson, Rogério, sem dúvida alguma vocês
marcaram a minha vida. Christiane, Gabrielli, Myrthes, obrigada pelos abraços, pelos
conselhos, por todo o carinho.
Final monograph for graduation degree in Social Service elaborated from observational
research on the phenomenon cases "fell into the net." Was performed in the virtual field
- cyberspace - from May to November 2014. It aims to survey and analyze questions
about concepts of sexuality, marriage, misogyny, eroticism, pornography, and moral
responsibility, issues that surround the phenomenon concerned. Composed of
bibliographic studies examining the construction of conceptions of sexuality, gender
and moral in the West, these elements that guide the construction of bourgeois
patriarchal nuclear family. An observational study was also performed in the virtual
field, analyzing two cases of "fell on the Net": The "Fran Case" and "Fabi case", dealing
with two young women victim of unwanted exposure of their bodies. The paper argues
that the two cases are crossed by moral prescriptions in which the victims are blamed
and blaming themselves. Thus, in this phenomenon were found new interpretations to
the concepts of moral values and the strong performance of misogyny and
commodification of bodies and pleasures, acting mainly on the female. I present this
work as pleasure, freedom and sexual repression are present in the same instruments,
processed together with socioeconomic ideals of bourgeois society.
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 12
7 REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 93
12
1 INTRODUÇÃO
O objetivo de optar por este tema nasceu de alguns casos recentes de “caiu na
net”, devido a sua polêmica, crescimento e intensidade. A análise se fundamenta em
autores como Foucault (1988), Parker (1991), Rios (2008), DaMatta (1986), Fonseca
(2013), Winckler (1983), dentre outros.
1
Internet.
2
2 Conforme Lemos (2007), a internet é um instrumento “desterritorializante”, envolvendo aspectos:
Conforme Lemos (2007), a internet é um instrumento “desterritorializante”, envolvendo aspectos:
político (pelo acesso e ações além das fronteiras), econômico (devido a circulação financeira mundial),
cultural (consumo de bens simbólicos mundiais) e subjetivo (formação do sujeito sob influências globais).
O desenvolvimento da cibercultura (cultura do meio virtual) inicia com a micro-informática (anos 1970),
com o estabelecimento do personal computer – PC (Computador Pessoal). As décadas 1980-1990
marcam a popularização da internet e a conversão do PC em CC – Computador Coletivo. O
desenvolvimento da computação móvel, com a era dos computadores coletivos móveis (CCM), que está
em curso, envolvendo a telefonia 3G, redes wi-fi, bluetooth, dispositivos que criam os fenômenos de des-
re-territorialização, diante da interface entre espeço físico e espaço eletrônico. (LEMOS, 2007, pág.
06/10).
13
A Idade Média3 foi o período de grande destaque para as ações da Igreja Católica
ocidental, que dominou os aspectos morais e espirituais dos indivíduos, influenciando
principalmente nas concepções de sexo, casamento e gênero, conforme os diversos
autores utilizados ao longo deste trabalho.
3
A Idade Média compreende o período do século V ao XV. Percorre a queda do Império Romano do
Ocidente (476) e a ascensão do capitalismo sobre o sistema feudal, marcando a passagem para a Idade
Moderna. (NOVA ENCICLOPEDIA BARSA, 2000, pág. 515.).
4
Os postulados de Aristóteles (encontrados em De generatione animalium) trouxeram considerações a
respeito da procriação das espécies dos animais e do gênero humano. Tais estudos tiveram grande
destaque, principalmente sobre as teorias a respeito da fisiologia feminina, sendo fundamentais na
formação da misoginia, influenciando o pensamento filosófico, mais fortemente na idade média.
(FONSECA, 2013, p. 75).
15
5
O médico Galeno (131 – 201) escreveu notáveis estudos sobre medicina e anatomia. Concordante com a
teoria da fisiologia dos sexos de Aristóteles, Galeno compreendia o reduzido calor do corpo feminino a
explicação para a internalização dos seus órgãos reprodutivos, entendendo essa causa como naturalmente
necessária para acolher o feto, uma função essencial na reprodução. (FONSECA, 2013).
16
Isso nos lembra os escritos de Ortner (1979) que discute criticamente sobre como
a cultura é representada como superior à natureza e também as mulheres são
simbolicamente associadas à natureza, enquanto os homens à cultura. Sob esta
interpretação as mulheres seriam "naturalmente" inferiores aos homens. (ORTNER,
1979, p. 101).
Em síntese, Ortner traz a crítica de que a mulher não está mais próxima ou mais
distante da natureza do que o homem, pois ambos raciocinam e ambos são mortais,
carnais. Os aspectos físicos, sociais e psicológicos, da situação em que se encontra o
feminino, contribuem para que o seu lugar de proximidade à natureza seja incorporada
em formas institucionais, lembrando sua situação culturalmente estabelecida. Para
mudar esse quadro, tanto homens quanto mulheres devem ser envolvidas igualmente em
processos de “criatividade” e “transcendência”, assim as mulheres serão associadas à
cultura no progresso da cultura com a natureza. (ORTNER, 1979, p. 118).
6
Em Gênesis, Eva tentada pela serpente levou Adão a cometer o pecado, sendo assim castigada pela
maldição de Jeová “Darás a luz a teus filhos na dor” – conforme (DUBY, Georges; PERROT, Michelle,
1990 – Citado em Insaurriaga e Jardim, 2011). No século III, o repúdio cristão ao sexo feminino também
aparece nas palavras de Tertuliano “tu és a porta do diabo, tu consentiste na sua árvore, fostes a primeira a
desertar da lei divina” – Conforme (RIVAIR, 2002. Em INSAURRIADA E JARDIM, 2011).
18
Tal visão sobre as mulheres tem base nos moldes em que o saber da idade média7
se construiu, no qual o conhecimento intelectual sobre a sociedade era posto nas mãos
dos Clérigos, Monges e Sacerdotes, estes pensavam e explicavam a vida social pelos
fundamentos religiosos. Vivendo enclausurados, para o celibato, eram os responsáveis
pelos escritos sobre as mulheres, mesmo sem ter convívio com elas. Os clérigos, no
início da idade média, podiam ter relações sexuais com as mulheres, mas aconselhados
a manterem-se longe delas. Apenas com as reformas gregorianas 8, o casamento foi
proibido para os religiosos.
Foram atribuídos, pela igreja, vários dogmas em relação ao corpo, ao sexo, como
uma forma de controle aos indivíduos considerados culpados, tentadores e influentes a
prática do pecado. Com base nas determinações da Igreja Católica na Idade Média, o ato
sexual era exclusivo para fins de reprodução, no qual, a mulher era proibida de
manifestar desejo, sendo delimitada inclusive, a posição sexual correta para a copulação
(de bruços) e os dias em que não poderia ser praticada (dias santos e aos domingos),
alertando que não era permitido no período menstrual. (INSAURRIAGA E JARDIM,
2011).
7
A misoginia medieval pode ter como primeiras fontes a lei hebraica na antiguidade e, na cultura grega
em Hesíodo (c. 750 a.C.) no qual a introdução do mal no mundo apontam a mulher como responsável,
(ALLEN, 1985 em FONSECA, 2013).
8
As reformas gregorianas foram criadas pelo Papa Gregório VII (1073 a 1085) na metade do século XI.
Com essas novas normas da igreja, o matrimônio para padres e bispos foi proibido, passando a viverem o
celibato, assim como os monges. Para os demais cristãos, os casamentos monogâmicos foram
estabelecidos, na tentativa de acabar com as práticas do concubinato e incesto. (INSAURRIADA E
JARDIM, 2011).
9
A promoção da imagem da Virgem Maria, a partir dos séculos XI e XII, enfatizou a virgindade e a
maternidade como os dois modelos exemplares as mulheres. (RICHARDS, 1993, p.36).
19
representava o perigo do pecado, pois enfeitiçava o homem com seu alto poder de
tentação. (INSAURRIAGA E JARDIM, 2011).
Agostinho classifica o Pecado Original com o desejo sexual, não apenas o sexo.
Mas o que entrou na consciência popular foi que o pecado original se igualava ao sexo.
A sexualidade, conforme os ideais cristãos, é compreendida como algo exclusivo da
10
(I Cor., VII, 8).
20
reprodução, que não deve ser usada apenas para o prazer. O sexo fora e dentro do
casamento era considerado pecado e, dentro da relação matrimonial deveria ser usado
para fins de reprodução. (RICHARDS, 1993, p. 35).
11
O Império Romano foi formado inicialmente pela cidade de Roma, depois se estendeu pelo
Mediterrâneo e Oriente. O Império Romano foi dividido entre Oriente e Ocidente em 395 d.C., este
último chega ao fim em 476 d.C., enquanto que o Império no Oriente termina em 1453 d.C. (TEMÁTICA
BARSA, 2006, pág. 57/63).
21
O casamento era o destino da maioria das mulheres, e este não era precedido ou
acompanhando pelo amor, era concebido sobre a forma de contrato entre as famílias.
Nas camadas mais baixas, livres de negociações políticas e heranças, o casal se fundava
no sexo e no companheirismo, as pessoas não casavam oficialmente. O “consentimento”
no casamento daria espaço para o amor, mas as questões politicas e econômicas
dominavam. (RICHARDS, 1993, p. 37).
12
A redução em grande escala da população, em decorrência de peste negra, aumentava as preocupações
da igreja sobre as práticas sexuais não reprodutivas, e as apontava inclusive como a causa da própria
peste. (RICHARDS, 1993, p.44).
23
graves pecados, daqueles que iriam contra a procriação, que desperdiçavam o sêmen.
(RICHARDS, 1993, p.43).
Com base em Foucault (1988, p. 9), a era vitoriana13 foi intensiva para a
reformulação do diálogo e comportamento sobre o sexo e seu processo de adequação a
uma nova moral. Conforme o autor, hipóteses apontavam que nesse período iniciou uma
forte repressão sexual, no qual o sexo foi silenciado, o discurso foi banido do meio
social. Foucault chama essa teoria de “hipótese repressiva” discordando desta. Para o
autor, o fenômeno aconteceu ao inverso, o sexo não foi calado, ao contrário, fez-se falar
dele, incitou-se os discursos. No século XVII, nas sociedades burguesas, para
construção de uma dominação, reformou o livre discurso. Ao sexo atribui-se a forma de
falar (as palavras adequadas), onde falar e em que momento; restringindo o diálogo
13
Era vitoriana (meados do século XIX -1837 a 1901), conhecida pelo reinado da rainha Vitória, cuja
tinha como característica o incentivo ao puritanismo, destacando-se por suas posturas exageradas em
relação ao comportamento sexual. A sociedade desse período era marcada pelo moralismo. A Inglaterra
nesse período tinha como virtudes a disciplina, a limpeza, o trabalho, autoconfiança, patriotismo, fé,
castidade e fidelidade conjugal. (DEVANEIOS LITERÁRIOS, 2009).
24
entre alguns grupos (família, escola, trabalho). A partir desse século, o discurso se
prolifera no campo do exercício do poder, acelerando ao século XVIII. (FOUCAULT,
1988, p. 21).
14
A Contra-Reforma da Igreja Católica refere-se as medidas tomadas por esta instituição diante das
preocupações com o avanço do protestantismo e a perda de fiéis. Assim, a Igreja Católica reúne-se entre
padres e teólogos (Concílio de Trento) para estabelecer os planos para enfrentar estes problemas. O
Concílio de Trento iniciou a reforma interna da Igreja Católica, objetivando definir dogmas católicos.
(LOURENÇO. A Contra-Reforma. Disponível em
<neh.no.sapo.pt/documentos/a%20contra%20reforma.htm>. Acesso em 06 dez. 2014).
15
A evolução da pastoral católica e do sacramento da confissão encobriram e reformularam a forma dos
manuais de confissão da idade média, em que para que a confissão fosse completa as pessoas precisassem
falar a posição, os gestos, os toques, o momento do prazer das suas relações sexuais. A Contra-Reforma,
preocupa-se ainda mais com a penitência, para todos os pecados da carne, inclusive os pensamentos e
desejos. Os homens são orientados a se vigiarem, observar seus desejos, pensamentos e sentidos para não
cair nas tentações dos pecados da carne. No ocidente moderno adentra o ato de dizer a si mesmo e aos
outros, o tempo inteiro tudo que se relaciona com o sexo, na concretude do corpo e no ideário dos
pensamentos, tudo deve ser dito. (FOUCAULT, 1988, p. 22/23).
25
Entre os séculos XVIII e XIX, conforme aponta Foucault (1976), o sexo invade
também o campo da racionalidade, para a filosofia, a medicina e a justiça penal. Todas
as instituições incitaram o discurso para fazer falar, escutar, registar e adequar, rotular.
Assim fez a política, a economia, a medicina a pedagogia e a justiça. As sociedades
modernas não calaram o sexo, ao contrário, fizeram falar intensamente sobre ele.
16
“figuravam o estupro (relações fora do casamento), o adultério, o rapto, o incesto espiritual ou carnal, e
também a sodomia ou a „carícia‟ recíproca.” (FOUCAULT, 1988, p.39).
17
Vale lembrar que Foucault utilizava o termo "homossexualidade" e "homossexual".
18
“Crianças demasiado espertar, meninas precoces, colegiais ambíguos, serviçais e educadores
duvidosos, maridos cruéis ou maníacos, colecionadores solitários, transeuntes com estranhos impulsos:
eles povoam os conselhos de disciplina, as casas de correção, as colônias penitenciárias, os tribunais e
asilos; levam aos médicos suas infâmias e aos juízes suas doenças.” (FOUCAULT, 1988, p. 41).
26
burguesa do século XIX e XX, ainda passou pela explosão das perversões. As
sexualidades múltiplas correspondem a interferência do poder nos seus corpos e
prazeres, poder que extraiu dos homens tais comportamentos, isolando-os e
intensificando-os. A “implantação” dessas perversões múltiplas é efeito da ramificação
da relação poder, prazer e sexo; que isolou, intensificou e consolidou as “sexualidades
periféricas”, pela interferência da medicina, da psiquiatria, da prostituição e pornografia,
complexificando e unindo o prazer e o poder. Do sexo, tanto se falava, investigava,
classificava, objetivando mascará-lo, controla-lo. A ciência era posta aos mesmos
fundamentos da moral sobre a roupagem da medicina. A lógica médica no século XIX
proclamava os princípios da higiene, da assepsia.
Conforme Foucault (1988, p. 69), na verdade sobre o sexo atuavam duas lógicas
distintas. Por um lado, as sociedades orientais, fundamentadas por uma “ars erotica”- na
arte erótica a verdade é extraída da experiência e da prática sexual19. Configurando um
saber secreto, mantido em sigilo para garantir o repasse correto das informações, feito
por um mestre eleito como o detentor dos segredos. Enquanto que nas sociedades
ocidentais a verdade sobre o sexo partia da “scientia sexualis”, regrada inicialmente
pelos médicos, cientistas, que extraia a sua essência sobre a confissão. Desde a Idade
Média que a confissão está entre os poderes civis e religiosos, como elemento central na
obtenção da verdade do indivíduo sobre si mesmo. A confissão se disseminou pela
justiça, medicina, pedagogia, relações familiares e amorosas – nos tornamos uma
sociedade que tudo confessa – crimes, pecados, desejos e sentimentos, em público ou
particular, por vontade própria ou pela força.
A busca da verdade em si, com o ato da confissão, fica inerente a nós, ao ponto
de não notarmos o poder que nos coage. Parece-nos que a verdade necessita ser revelada
a todo momento, como se houvesse um poder sobre ela, como se precisássemos de
libertação. No entanto, a dominação pela confissão, está em quem escuta e cala o
indivíduo que fala é o dominado. Dessa forma, na nossa sociedade ocidental, o sexo
perseguiu o caminho da confidência, da revelação, da crítica de si mesmo. A scientia
sexualis mantinha a confissão como norma obrigatória. (FOUCAULT, 1988).
19
Como por exemplo, o manual milenar de técnicas sexuais chamado “Kama Sutra”.
28
adequar-se ao que sua lógica econômica exigia e, possuírem o fator “nobre”, a essência
de corte, que os separa das classes inferiores. E, com fundamento em Foucault,
compreendo que a burguesia por meio do discurso “mascarado” sobre um ideal de
pudor e silêncio, encontrou caminho fértil para construir a sua lógica moral, assumindo
o lugar de “elite” que um dia pertenceu a nobreza. Traz assim a individualização do
corpo, a segregação dos sexos e da sexualidade para dentro da ótica do poder, das
consciências individuais.
20
A Revolução Francesa representou um movimento social ocorrido na França de 1789 a 1815, gerada
pela ascendente burguesia, diante do objetivo de retirar do poder a aristocracia e a monarquia absolutista.
A revolução tinha ideais de “Liberdade, Igualdade, Fraternidade” (Liberté, Egalité, Fraternité). (NOVA
ENCICLOPEDIA BARSA, 2000, pág. 420).
29
A despreocupação sobre mostrar o corpo nu, deu lugar a uma conduta de cobri-lo.
O ato de dormir, antes junto a outras pessoas vai se individualizando cada vez mais, se
tornando intimo e privado. As pessoas passam para suas camas individuais, quartos
individuais, diante dessa nova moral cada vez mais o corpo e a cama se isolam se
tornam “zonas de perigo psicológicas” diante da consciência gerada na sociedade.
(ELIAS, 1994. p. 169).
21
A confissão não é exclusiva do catolicismo, existe também no protestantismo com o chamado
“testemunho”, em que as pessoas declaram publicamente seus “pecados” e como Deus as “transformou”,
levando-as ao caminho da “salvação”.
Foucault (2006), aponta que antes do “dispositivo da confissão” (relação direta pastor/ovelha), o pecado
era analisado sobre o “testemunho público”. A penitência seria o elemento de relação para si/consigo,
renunciando a si para buscar a “salvação” em “outro mundo”. (RIOS et al. 2008, p. 676).
22
Paulo traz considerações importantes para os fundamentos do pensamento ocidental religioso cristão.
Nos textos (I cor. 6, 9-10, I Tim. 1, 9-10), os pecados são divididos em cinco categorias, são elas: “os
pecados contra Deus, contra a vida do homem, contra seu corpo, contra os bens e as coisas, e finalmente,
os da palavra.” (ARIÈS, 1985, p. 50). Pecam contra Deus (os idólatras, os opositores a justiça, os
rebeldes, os que desobedecem aos mandamentos e o sagrado, os sacrilégios, os profanadores, os ímpios),
pecam contra os homens (assassinos, parricidas, matricidas, homicidas), pecam contra o corpo (os
pecadores da carne se dividem em quatro subgrupos: os prostituídos; adúlteros – que cobiçam a mulher
do outro e as mulheres que cedem ao desejo; os molles/ mollities – masturbação ou práticas que retardam
o gozo, destinava-se exclusivamente ao prazer; e os homens que dormem juntos – masculorum
concubitores), pecam contra os bens e as coisas (os que vendem homens livres, os ladrões, os que
cobiçam exageradamente as coisas do mundo, os brutos, os bêbados), por fim, os pecadores da palavra
(os maledicentes/blasfemadores, mentirosos e os perjuros). Nesses textos Paulo não fala das mulheres,
como se os pecadores fossem os homens por serem os detentores do poder, o que se contradiz com a ideia
que se tinha na igreja de que a mulher é o instrumento do mal. Em outro texto, Paulo pauta a mulher
como a culpada pela inserção do pecado ao mundo. Talvez o machismo/misoginia da idade media tenha
relação com a atitude de defesa dos homens, pela mulher ter ganhado mais importância (ARIÈS, 1985, p.
52).
23
O responsável pela articulação entre “tecnologias disciplinares” e “biopolíticas”, generalizando
socialmente. (RIOS et al., 2008, p. 674).
31
Enquanto que nas Sociedades Orientais o saber e a verdade sobre o sexo era
extraído da prática, no Ocidente se extraía da confissão. Essa confissão se disseminou
por todos os instrumentos do poder constituído o ocidente como a sociedade que tudo
confessa (crimes, pecados e desejos). Assim, a busca da verdade pelo ato da confissão,
se torna inerente a nós como a forma da busca da verdade em nós mesmos (verdade em
si). Dessa forma, sentimos a necessidade de revelar, falar, confessar a todo o momento,
como um ato de libertação.
24
Como exemplo da recriação e “mitologização” da história brasileira, têm-se os escritos de Oswald de
Andrade a respeito do canibalismo, apontando que os modelos europeus deveriam ser “incorporados” e
“digeridos” para a criação de uma nova cultura brasileira. Ainda sugeriu uma nova cronologia nacional,
contando a partir de 1556, quando os índios do Rio Grande do Norte comeram o primeiro bispo do Brasil
– o Antonio Sardinha. (PARKER, 1991).
34
A sífilis25, trazida pelos europeus, teve destaque nos século XVII e XVIII, durante
as plantações de cana-de-açúcar no nordeste, período de intensidade para o sexo e a
sífilis, envolvidos diretamente no processo de miscigenação das raças, muito presente
no pensamento do século XIX e início do século XX. Diante desses fatores, à
sexualidade “desenfreada” foi atribuída certa negatividade. A sexualidade na escravidão
foi acompanhada pelas diferenças de poder, “sadismo” e “masoquismo”26,
“passividade” e “atividade”27 dando forma a depravação sexual, aos prazeres dos donos
da “casa-grande”. (PARKER, 1991, p. 47-49).
25
A Sífilis (ou Lues) é uma doença infectocontagiosa, transmissível sexualmente ou também, da mãe para
o feto, transfusão de sangue e contanto direto com o sangue contaminado. Atinge inicialmente órgãos
genitais, boca e evolui atingindo olhos, pele, ossos, coração, cérebro e sistema nervoso. (Dr. Drauzio
Varella. Disponível em <drauziovarella.com.br/sexualidade/sifilis/>. Acesso em 08/12/2014). No Brasil
colonial, a Sífilis fazia parte do que se compreendia como doenças venéreas, sendo esta, uma doença
associada aos pecados da carne, estigmatizada como um castigo aos pecadores. No Brasil colonial, o
contato entre os colonizadores e os nativos não foi apenas cultural, mas fundamentalmente sexual, no
processo que envolve a miscigenação das raças. (GRIEBELER, 2009, p. 22-23).
26
Ambas as práticas se relacionam ao sentimento de prazer em praticar ou sofrer algum tipo de violência
como instrumento de excitação sexual. O masoquismo configura a obtenção de prazer ao ser agredido de
forma física ou verbal. Enquanto que o sadismo representa o prazer em cometer essas agressões contra
alguém. (Disponível em <www.manualmerck.net/? id=113&cn=978>. Acesso em 11 dez. 2014).
27
Práticas ou termos relacionados a quem prática e quem recebe o ato sexual. Quem impõe e quem aceita,
o dominador e o dominado. Termo presente nas concepções homoafetivas, em definir o homem que se
entrega a outro homem (passivo) e o homem que domina e pratica o ato sexual (o ativo). Também
presente nas relações hierárquicas.
28
O Brasil Colonial representa o período entre 1500 (descobrimento do Brasil pelos portugueses) a 1822
(Proclamação da Independência). A primeira vila colonial foi fundada em 1532. (TEMÁTICA BARSA,
2006, pág. 116/118/122).
35
condenável pela Igreja Católica, que defendia as relações estáveis. A igreja objetivava
disciplinar os homens pobres livres e os índios29. (WINCKLER, 1983, P. 37).
29
Os jesuítas adotaram como missão, levar a palavra de Deus para combater a “promiscuidade”, a
“nudez”, o “adultério” e as “relações pré-matrimoniais”. (WINCKLER, 1983).
37
30
Troca de parceiros entre os casais para prática de ato sexual.
38
31
Os tratamentos eram feitos com banhos frios e alimentação adequada, devendo dormir cedo e de lado,
em uma cama dura para que a maciez não levasse a incitação do prazer. (WINCKLER, 1983).
39
No pós 1964, surge a necessidade de uma nova sexualidade, ajustada aos moldes
do consumo, processando a reformulação da moral sexual repressiva, submetendo a
32
O sexo desses é fortemente reprimido, pois como indivíduos improdutivos, sua sexualidade se torna
desnecessária. (WINCKLER, 1983).
33
Na sociedade brasileira, a burguesia também tentou disciplinar as classes populares ao seu modelo
moral, utilizando-se inicialmente da violência. Em outro momento, a partir dos anos 20, criam
mecanismos fundamentados na racionalidade do capital, presentes na escola, nas fábricas, na higiene
pública e etc. (WINCKLER, 1983).
40
Rios (2008) aponta que para este discurso, se uma pessoa contrai HIV ou
engravida muito jovem, foi consequência de sua “falta” de responsabilidade,
primeiramente por ter feito sexo, segundo por não ter se prevenido. Podemos relacionar
esse mesmo discurso quando uma jovem usa uma roupa curta e é polemizada34, ou
quando uma adolescente tem um vídeo ou foto íntima publicada na internet. E as
“culpadas” do “erro” culpabilizam a si próprias, como veremos a frente.
4 PORNOGRAFIA E OCIDENTE
34
Reproduções do machismo.
42
35
Conforme Lynn Hunt, “Os autores e gravadores pornográficos surgiram entre os hereges, livres-
pensadores e libertinos de reputação duvidosa, que ocupam uma posição inferior entre os promotores do
progresso no Ocidente.”. (HUNT, 1999, p. 10).
36
Os primeiros textos, da década de 1740 na França, refletem a pornografia no formato filosófico,
literário e libertino, para criticar o rei, o clero e a corte. No final dessa década a produção pornografia já
tinha objetivos voltados para a comercialização, destinada a incitação do prazer sexual. (SANTANA E
RUBIM, 2012, p. 638).
43
Ora, o termo “pornografia” como se conhece hoje, foi definido ao final do século
XVIII. A partir do advento da imprensa (popularizado no século XVI) e do crescimento
das tecnologias de impressão, as produções pornográficas são inseridas no campo
comercial, como objeto destinado ao prazer sexual. O público leitor, antes restrito as
classes mais altas, expande-se para as camadas populares urbanas. (SANTANA E
RUBIM, 2012, P.636-637).
Com a Revolução Francesa, e outras mudanças nos séculos XVIII e XIX, devido
os novos padrões morais e ideais políticos desse período, a diferenciação entre os sexos
se torna necessário na vida social e política, moldando também o ideário pornográfico 37.
Como instrumento cultural, inserido em uma lógica de mercado meio a interesses
políticos, a pornografia, destinada a um público masculino urbano (fundamentado nos
princípios patriarcais, no poder do “macho”), consumida e produzida por eles, a
indústria pornográfica passa a delimitar os estereótipos sexuais femininos (submisso,
vulgar) e masculinos (dominador, forte e viril) 38. (SANTANA E RUBIM, 2012).
37
(KAMPF, 2008. Em SANTANA E RUBIM, 2012, p. 639).
38
Desde sua função como objeto de contestação, a pornografia se destinava a elite masculina e urbana.
Decorre deste fato, do controle masculino na cultura pornográfica, um grande debate entre correntes
feministas (com destaque para as décadas 1970 e 1980) nos Estados Unidos, onde houve a divisão entre
dois grupos do feminismo lésbico – as que defendiam a pornografia como instrumento para a
emancipação da sexualidade feminista (as pró-sexo/anti-censura) compreendendo que o problema não
estava na pornografia, mas na forma como estava sendo utilizada. Defendiam a livre sexualidade,
reconhecendo que o uso revolucionário da pornografia pode ser instrumento de libertação do patriarcado.
Wendy McElroy concorda com essa posição, e acredita que a pornografia pode beneficiar as mulheres a
partir da quebra de estereótipos. Já as feministas (anti-pornografia) a entendiam como a expressão do
patriarcado, que objetificava e degrinia a imagem da mulher, incitando a violência sexual. Nos Estados
44
Unidos, início dos anos 1970, entrava em ascensão a cultura hippie, a pílula contraceptiva, e os
movimentos pelo amor livre. Simultaneamente, a sexualidade enfrentava um momento de forte repressão
– por grupos religiosos e políticos de extrema direita, incentivando as mulheres a retornarem
exclusivamente aos cuidados do lar, as leis contra o aborto e restrição aos direitos dos homoafetivos.
Diante dessas problemáticas, surge o movimento New Right, defendido por parte do movimento feminista
lésbico. (SANTANA E RUBIM, 2012, P. 639). Conforme SANTANA E RUBIM (2012), Carole Vance
acreditava que a pornografia é campo de repressões, violência, como também lugar dos prazeres.
Apontava que a saída das feministas do século XIX foi restringir os seus próprios desejos desencorajando
os desejos dos homens. Beatriz Preciado rompe com as antigas demandas do feminismo e cria uma nova
teoria a respeito da sexualidade, repensando as tecnologias do corpo, as práticas sexuais e as
performances; defendendo que a solução estaria em uma reformulação na cultura do sexo. Fundamentada
em Foucault, aponta que a pornografia constrói um tipo de normalização heterossexual do corpo e do
sexo, a partir da exclusão dos que fogem dos padrões estabelecidos. Ela diverge das feministas anti-
pornográficas, quando aponta que a solução não está na censura, mas em uma nova pornografia, baseada
no diverso, construída pelas vozes dos travestis, transexuais, profissionais do sexo, homoafetivos, lésbicas
– todos que foram excluídos dos padrões de normatização. (SANTANA E RUBIM, 2012).
45
39
Álbum virtual intitulado “Dziewczyny Mojego Dziadka” em Polonês, com a tradução “Menina do Meu
Avô”, no qual são apresentadas fotografias do século XIX e XX de caráter artístico, sensual.
(Dziewczyny Mojego Dziadka. Acesso em 16 ago. 2014).
40
(Ibidem.).
46
41
(Acesso em 16 ago. 2014.). Imagem erótico-pornográfica, sem data exata, situada por volta dos séculos
XIX e XX. Retratando a masturbação feminina em uma relação lésbica.
47
42
(Acesso em 16 ago. 2014). Pintura expressando nudez e erotismo, por volta do início do século XX.
48
43
(Acesso em 16 ago. 2014). Traduzindo para o português o título seria “A Lição da Guitarra”. Pintura
expressando nudez e erotismo. Aparece-me como uma mulher mais velha, em uma cena de “castigo”
erótico a uma mulher jovem.
49
44
(Acesso em 16 ago. 2014.). Fotografias erótico-pornográficas, com utilização de instrumentos para
excitação sexual e demonstração explícita dos órgãos sexuais.
50
45
No Brasil, o carnaval é para DaMatta (1986) a festa mais importante, livre e criativa de todas. É o
momento de fuga da rotina diária, do “extraordinário”. O carnaval é a possibilidade de “liberdade”, da
riqueza, da fantasia, da alegria, e do prazer ao alcance de todos. É o momento esperado, desejado e
necessário, no qual cantamos e dançamos, o importante é a musica, a dança, a alegria, o prazer.
(DAMATTA, 1986, p. 67-78). Em Parker (1991) o carnaval, a malandragem e a sacanagem parecem
surgir como partes do mundo de “prazeres e paixões”, o carnaval configura o momento de conversão das
regras.
46
CADENA, 2013.
51
Figura 8 – Marcha Carnavalesca “Na Minha casa não se racha lenha” de 1920.
47
Letras.mus.br (acesso em 21 ago. 2014).
53
RADINHO DE PILHA
De servente, de Pedreiro
Fiz economia,
Deixei de fumar,
Ela deu sim, foi pra fazer pirraça, mas Ela deu de graça,
48
Vagalume (acesso em 21 ago. 2014).
54
Valesca Popozuda e Mr. Catra. Como exemplo, citamos a música “Me Ama – Mama”,
cantada pelos dois artistas49:
ME AMA- MAMA
Valesca:
Muita polêmica, muita confusão
Resolvi parar de cantar palavrão
Por isso, negão, vou cantar essa canção
Quando eu te vi de patrão, de cordão, de R1 e camisa azul
Logo encharcou minha xota e ali percebi que piscou o meu cu
Eu sei que você já é casado, mas me diz o que fazer
Porque quando a piroca tem dona é que vem a vontade de fuder
Catra:
Quando eu te vi no portão, de trancinha, tamanco e vestido azul
Logo latejou o meu pau e ali logo vi que piscou o seu cu
Puxei sua calcinha de lado e dei três cuspidas pro meu pau entrar
Então eu fiquei assustado, porque você só queria mamar
49
KBOING (acesso em 21 ago. 2014).
56
seria censurado previamente ou apreendido. Apenas no final de 1973 que começa uma
leve abertura da censura, possibilitando o surgimento de materiais eróticos para o
publico hetero e homoafetivo. (WINCKLER, 1983, P. 66-72).
Uma matéria intitulada “Duro, só o regime”, da Editora TRIP (em 2010) aponta
que no período da ditadura militar (1964-1985) o Brasil encobriu as “bundas e peitos”
das revistas, em nome da moral e contra a ameaça do comunismo. A indústria do sexo
(as revistas, filmes, livros, contos) era para a ditadura uma ameaça à família cristã e
propiciava o avanço do comunismo. Enquanto que os comunistas utilizavam o mesmo
discurso contra o capitalismo. As revistas passaram por uma rigorosa censura, bundas
só poderiam aparecer de perfil, os seios deveriam ser encobertos e a vagina não poderia
ser mostrada de forma alguma. A revista Edrél teve grande repercussão, mas encerrou
as produções em 1975. A Peteca entrava em cena, conhecida como a “playboy dos
pobres”. Com o governo de Ernesto Geisel (1974-1979), houve a chamada “abertura
política”, período em que a censura sobre os materiais pornográficos é reduzida,
surgindo os “retratos ginecológicos”. Assim, as revistas, filmes e livros pornográficos
invadem o comércio50.
50
(Disponível em: <revistatrip.uol.com.br/print.php?cont_id=31055>. Acesso em 18 ago. 2014).
59
51
(Acesso em 18 ago. 2014.). Revista contendo jogos com temáticas eróticas, matérias sobre dicas
sexuais, dento do formato aceito pela moral.
60
Foucault (1976) nos fala da existência dos chamados "manuais sexuais", como
aqueles que percorriam as sociedades orientais para passar a todas as gerações o segredo
sobre o sexo, para que esse não se perdesse em qualidade, em perfeição. Os manuais
possuíam um caráter educativo como, por exemplo, o Kama Sutra. Na nossa sociedade
ocidental os manuais sexuais se instituíram sobre um caráter pedagógico, mas
juntamente a moralismos, desde os primeiros manuais de confissão que ditaram o certo
e o errado. Outros manuais surgiram com traços de uma “modernidade”, mas sem
perder as características do permitido e do proibido, aceitável ou não na sociedade.
Como exemplos de manuais de caráter pedagógico, relacionados diretamente aos
comportamentos sexuais, apresento duas revistas da Editora Abril que dominou o
mercado brasileiro, uma destinada ao público adolescente – a revista CAPRICHO, e
outra para mulheres adultas – a revista NOVA. Educando sobre os comportamentos
aceitáveis nos determinados momentos, locais e envolvidos.
A revista Capricho, destinada a garotas adolescentes de classe média/alta. Criada
em 1952 por Victor Civita, sendo, segundo o site da própria CAPRICHO, a primeira
revista feminina brasileira. Durante trinta anos destinava-se a fotonovelas, passando
depois de algum tempo a tratar de moda e comportamento. Em 1985, se torna uma
revista para adolescentes, em 2006 é reformada, em relação a estrutura gráfica, e passa a
ser relacionada com o site que auxilia na interlocução com as leitoras. Hoje em dia, a
CAPRICHO está voltada para um público feminino adolescente entre 13 e 17 anos52.
Abordam temas como moda, festas, famosos, baile de quinze anos, questões familiares,
como se comportar em um primeiro encontro, garotos, namoro, virgindade e camisinha.
52
(Disponível em: <capricho.abril.com.br/revista/historia.shtml>. Acesso em 25 ago. 2014).
61
53
(Acesso em 25 ago. 2014.). Revista contendo fotonovela romântica.
62
54
(Acesso em 25 ago. 2014.). Revista da década de 90, tratando sobre o uso camisinha. Ainda trazia
matérias sobre romantismo, garotos e os testes sobre relacionamentos. Lembrando que a CAPRICHO era
voltada para um público feminino adolescente de classe média.
63
55
Anitta (nome artístico), cantora do estilo musical “funk melody”. Capa da Revista CAPRICHO
disponível em Raquel Espírito Santo Photography (Acesso em 25/08/2014). Dando continuidade a
campanha que iniciou na década de 90, mostrando a importância do tema 22 anos depois da primeira
revista.
64
Com o objetivo de dialogar com o publico feminino sobre temas mais sexuais
mais abertamente, diante da necessidade que surgia nos questionamentos das leitoras, a
Editora Abril lança a revista Carícia em 1975, uma pocket (revista pequena, de bolsa)
destinada a um público adolescente, no mesmo perfil da CAPRICHO. Contendo
fotonovelas e temas sobre sexualidade. (OLIVEIRA, 2011, p. 23). Capa da revista
Carícia:
56
(CAPRICHO. 5 Verdades Sobre a Primeira Vez, 2014. Acesso em 25 ago. 2014).
65
57
(Acesso em 25 ago. 2014.). Revista tratando de sexualidade para mulheres adolescentes. Como um
manual sexual, as revistas auxiliam no processo de orientação moral sobre o que é socialmente aceitável
em relação ao corpo, o sexo, os relacionamentos.
66
A revista NOVA, em 1973, abriu ainda mais o discurso sobre o sexo para as
mulheres adultas. Abordando temas sobre sexo, comportamento, moda, beleza.
Inspirada na revista Cosmopolitan americana, trazia o que se debatia internacionalmente
para dentro das publicações brasileiras. Voltada a mulheres adultas com certo poder de
consumo, incentivando o consumo de cosméticos, roupas, e diversos outros produtos
ligados à indústria da beleza, bem como educava as mulheres sobre as formas de se
fazer sexo. Trazia também matérias sobre mercado de trabalho para as mulheres. Em
1978, inclui uma coluna sobre negócios e economia e, em 1985, uma coluna sobre
política. Mesmo assim, trazendo elementos mais inovadores para as mulheres, não
perdia a sua essência voltada para o consumismo e erotização da mulher destinada para
agradar o homem, para satisfazê-lo. (OLIVEIRA, 2011, p. 23-24). A revista traz dicas
para ajudar as mulheres a atingirem o orgasmo, mas junto ao homem, sobre o olhar
dele, para aproveitar com ele, como veremos em algumas capas. A revista NOVA
contém um detalhe muito estratégico, na sessão exclusiva sobre sexo possui um lacre,
para aumentar o “suspense” e o “segredo” sobre os preciosos conteúdos. Estas são
algumas capas da revista ao longo da história:
67
58
(Acesso em 25 ago. 2014). “Toda mulher pode sentir prazer no amor. Você também. 101 maneiras de
um homem agradar a você (é só sugerir a ele).”. (CAMARGO, 2011). Revista destinada a mulheres
adultas, tratando de dicas de sexo, como agradar o homem, como cuidar do corpo, mercado de trabalho,
dicas de saúde e beleza, cirurgias plásticas e incentivo ao consumo.
68
59
(Acesso em 25 ago. 2014 ). A modelo da capa é a apresentadora, cantora infantil e modelo Xuxa
Meneghel. Dicas de como ser boa no sexo, no trabalho e ser bonita. A construção da “super mulher”,
aquela que a mídia mostra trabalhando, cuidado do lar, dos filhos, do marido e permanecendo linda e
magra.
69
60
(Acesso em 26 ago. 2014). A sociedade dita o ideal de mulher, como ser linda, perfeita, com poder de
consumo e feliz.
70
61
“Os hábitos das mulheres bem sucedidas.”. (Pure People, 2014). Como ser uma mulher de “sucesso” e
a liberdade sexual estabelecida moralmente.
71
62
De acordo com os padrões capitalistas machistas.
63
Tradução das categorias: amador, anal, asiático, peitos grandes, loiras, sexo oral, “torta de creme”,
ejaculação, dupla penetração, ébano, faciais, fetiche, sexo grupal com um gênero em destaque (um
homem com várias mulheres ou uma mulher com vários homens), homoafetivo, grupal, alta definição
(dentro de qualquer categoria), desenho japonês pornográfico, entre raças (inter-racial), japonês, Latino,
lésbico, roupa íntima (lingerie), masturbação, madura, “Mãe que eu gostaria de comer” (Mother I Would
72
Like to Fuk), “ponto de vista” (Point Of View), público, ruivas, transexual, esguichando, jovens
(ninfetas), antigo (retrô), “selvagem e louco”. (RED TUBE. Acesso em 18 ago. 2014).
64
Ou seja, reproduzindo o mesmo perfil sexual aceito e construído na sociedade capitalista, a respeito dos
corpos e prazeres desejados.
73
65
Desfoque da autora. As imagens dos vídeos foram cobertas por serem frutos do “caiu na net”, podem
ter sido gravadas para divulgar, ou são vítimas da divulgação indesejada e até mesmo desconhecida. Os
títulos dos vídeos expressam incesto, com traços de pedofilia, no forte desejo por mulheres muito jovens.
A idade, o tipo de relação entre s envolvidos é destacada, bem como o local de gravação do vídeo ou de
residência das pessoas. Tenta-se expor o máximo da vida íntima dos participantes das imagens.
74
66
Vídeos amadores, com descrição detalhada nos títulos. Aparecem imagens de “swing”, “suruba” (sexo
grupal) e incesto.
75
67
Abreviação do termo “internet”, usada principalmente no campo virtual.
68
Selfie é uma palavra em inglês, derivada de termo self-portrait – um neologismo que representa o
autorretrato. O termo Selfie nos moldes de hoje, significa a captura da própria imagem com objetivo de
compartilha-la na internet. A foto pode ser tirada com apenas uma pessoa ou em grupo. “Em 2013, os
responsáveis pelos dicionários da Oxford escolheram selfie como a palavra do ano. Um dos motivos para
esta escolha foi o fato de esta palavra ter crescido 17000% em 2013, o que confirma o seu estatuto de uma
das palavras mais procuradas em um ano.”. (Significado de Selfie, acesso em 07 jul. 2014).
69
Redes Sociais virtuais representam um serviço disponibilizado na internet (gratuito ou pago), utilizado
para estabelecer relações sociais entre pessoas através do campo virtual. As rede sociais virtuais mais
conhecidas são o Orkut, Facebook, Google+, Badoo, MySpace, Formspring, Twitter, entre outros.
70
WhatsApp Messenger é um serviço (os chamados “aplicativos”) para celulares, utilizado para trocar
mensagens gratuitas, fotos, vídeos e áudio. Os arquivos podem ser enviados para uma pessoa em
exclusivo, uma lista ou grupo de amigos. O aplicativo é disponível para diversos modelos de celular.
(WhatsApp, acesso em 18 ago. 2014).
76
71
Termo formada pela junção de duas palavras – “Cyber” que representa os meios comunicação virtual,
como a internet; e a palavra “bullying” associada ao ato de agredir uma pessoa de forma física e verbal.
(SANTOMAURO, 2010).
72
“Essa página tem o intuito de demostrar fotos de quem gosta de exibir suas formas no whatsapp, seja
homem, seja mulher. Aceitamos todos, se mostrem.”. (Exibicionismo WhatsApp, criada em jul. 2014).
77
73
“As meninas postam, os cuecas comentam”. Censuras nas imagens feitas pela autora para preservar a
identidade dos envolvidos.
78
Uma matéria publicada no site G1 da Globo em abril de 201475, mostra uma pesquisa
realizada Pela Organização Não-Governamental (ONG) Safernet Brasil76 e a operadora
de telecomunicações - Global Village Telecom (GVT), em 2013, apontou que 20% de
2.834 jovens brasileiros afirmaram receber conteúdos de “nude selfie” e “sexting” e 6%
confirmam ter compartilhado esses arquivos com outras pessoas. Em outra pesquisa
realizada pela ONG juntamente com a Polícia Federal e o Ministério Público, apontam
que em 2013, a ONG atendeu 101 casos de pessoas que tiveram sua intimidade exposta
na internet, o dobro dos casos atendidos em 2012. Esses dados são de atendimentos
psicológicos feitos virtualmente pelos serviços gratuitos Helpline Brasil 77 da Safernet.
A pesquisa ainda revela que as vítimas da prática do “nude selfie” e “sexting” são
77,14% do sexo feminino e 22,86% do sexo masculino. Foi constatado que na faixa
etária de 10 a 12 anos estão 7,14%; de 13 a 15 anos 35,71%; 16 a 17 anos 17,86%; 18 a
25 anos 32,14% e; acima de 25 anos 7, 15%. As meninas entre 13 e 15 anos configuram
o principal perfil das vítimas. A Safernet Brasil lançou uma campanha mundial em abril
de 2014, destinada a alertar os jovens sobre o riscos da exposição. A campanha
consistia em compartilhar imagens produzidas pela ONG contendo como frases “A
78
internet não guarda segredos” e “Mantenha sua intimidade off-line” . Os manuais
74
As imagens foram censuradas para preservar a identidade das vítimas. Veja como a vida pessoal é
bastante destacada, como no caso do emprego da moça.
75
TOMAZ, 2014.
76
Conforme a página online da ONG “A Safernet Brasil é uma associação civil de direito privado, com
atuação nacional, sem fins lucrativos ou econômicos, sem vinculação político partidária, religiosa ou
racial. Fundada em 20 de dezembro de 2005 por um grupo de cientistas da computação, professores,
pesquisadores e bacharéis em Direito, a organização surgiu para materializar ações concebidas ao longo
de 2004 e 2005, quando os fundadores desenvolveram pesquisas e projetos sociais voltados para o
combate à pornografia infantil na Internet brasileira.” É uma entidade especializada em monitorar as
violações aos diretos humanos na internet. A ONG também auxilia as vítimas com acompanhamento
psicológico. (Safernet Brasil, acesso em 13 jun. 2014).
77
Os atendimentos psicológicos da Safernet Brasil são feitos online, pelo CANAL HELPLINE Brasil que
se denominam como “um canal gratuito que oferece orientação de forma pontual e informativa para
esclarecer dúvidas, ensinar formas seguras de uso da Internet e também orientar crianças e adolescentes
e/ou seus próximos que vivenciaram situações de violência on-line como humilhações, intimidações,
chantagem, tentativa de violência sexual ou exposição forçada em fotos ou filmes sensuais. Somos uma
equipe de Psicologia que faz orientação online. A orientação não é uma psicoterapia e não substitui o
atendimento psicológico presencial. A orientação é dada de maneira breve, pontual e sobre um assunto
específico. Caso seja necessário aprofundar o acompanhamento por mais tempo faremos o
encaminhamento para um serviço especializado presencial, de acordo com cada caso.”. (CANAL
HELPLINE, acesso em 18 ago. 2014).
78
TOMAZ, 2014.
79
valorizam e ensinam como ter o “corpo sexy”, mas guarde-o apenas ao seu amado, não
filme, não fotografe – esta é a “solução” apontada.
79
A imagem da jovem foi desfocada pela autora. A imagem de Fran foi divulgada intensamente na
internet e alvo de muitas montagens.
81
Fonte: FSQ.
Fran foi fortemente criticada e culpabilizada por ter permitido a gravação ou até
mesmo, por ter praticado o ato. As imagens eram compartilhadas diante da beleza da
garota, depois eram criticadas e se tornavam motivo de piada, como se o ato ou o pedido
80
As pessoas repetiam o gesto Fran como uma “moda” criada no meio virtual, como um reforço a piada
repercutida sobre a atitude da jovem. Fazer o gesto Fran e tira um “selfie” (foto de si) aparecia como um
ato “moderno”, “legal”, “divertido”.
81
“Força Fran o „cacete‟, vai lavar essa louça”. (GERADOR MEMES, 2013).
82
82
FATOS POLÍTICOS, 2013.
83
Outro fato alarmante nessa notícia são os comentários das pessoas sobre a atitude
da garota, como expõe as seguintes imagens com o print sreen dos comentários83:
83
Grifos e desfoque da autora.
84
A jovem é condenada por ter cometido um grave erro, uma terrível atitude. Como
é abominável o ato de exibir o corpo, quanta “pena” sentem dessa errante. Mas precisam
ver, desejar e sentir essa “terrível” prova do crime.
Além das imagens publicadas por prazer ou por vingança, também existem as
postas na internet devido o roubo ou perda de aparelhos celulares, como também a
invasão aos computadores das vítimas. Para tais crimes virtuais, foi aprovada
84
O “boca-a-boca” fazia a divulgação local, os registros verbais não alcançavam públicos mundialmente.
Enquanto que a internet alcança públicos globais, expande-se e registra ao longo da história, a partir da
concretude das imagens.
88
85
“Dispõe sobre a tipificação criminal de delitos informáticos; altera o Decreto-Lei no 2.848, de 7 de
dezembro de 1940 - Código Penal; e dá outras providências.”. (Disponível em <
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12737.htm>. Acesso em 27 ago. 2014).
86
Ciberespaço consiste no espaço virtual, onde não há presença física. Definido como o mundo virtual,
pois existe fora do território físico. Não é palpável, mas possui suas próprias características e
peculiaridades. (MONTEIRO, 2007).
89
midiáticos, como por exemplo, na música “Ela é top”87 do MC Bola, em que ele fala
sobre o ato de se fotografar e exibir nas redes sociais, com o refrão “Ela não anda, ela
desfila, é top, capa de revista. É a mais mais, ela arrasa no look. Tira foto no espelho pra
postar no Facebook".
87
Vagalume. (Acesso em 16 jun. 2014).
90
Nos conteúdos expostos aparecem concepções que falam de amor e cuidado por si
próprio. Mas demonstra ódio, repressão dos instintos e vergonha, quando se fala nesse
“respeito”, “valor”, “responsabilidade” moralmente estabelecidos. Nos reprimimos a
todo momento, para nos considerarmos “normais”, “aceitos”, mesmo quando
praticamos o que entendemos por erótico, mas aquele erótico moralmente permitido. É
sensual, libertador, o ato de se fotografar, mas é “estranho” mostrar a outros, “errado”
aos os olhos dos outros e culpabilizante aos nossos.
88
Freud discute sobre o “falar”, como um instrumento de cura, de libertação.
89
Seja falando com palavras, imagens, dança entre outras formas de transmitir, de expressar.
91
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho tratou do fenômeno do "caiu na net" no Brasil, fenômeno que fala de
pornografia e moral sob diferentes discursos. O trabalho salienta elementos a
perpassarem a história da família no Ocidente e do sexo dentro e fora desta instituição.
Salienta ainda o fenômeno da misoginia e de seu repúdio ao feminino. Traz uma
discussão sobre o cristianismo e seus instrumentos de dominação, assim analisa a
existência da pornografia e dos diferentes manuais sexuais como reguladores da moral
sexual. Tomando estes elementos como ponto de partida, o trabalho busca efetuar uma
análise do fenômeno do “caiu na net”, enfocando o seu crescimento e repercussão,
mais especificamente no Brasil.
Diante das prescrições restritivas ao lado das incitações aos discursos desta
sociedade, o erótico, o sensual, o prazer sexual permanecem histórica e
ambivalentemente desejados e condenados pela moral que exigia a fala para silenciar as
práticas. Na verdade, prazer e o erotismo dentro da esfera da sexualidade não é fruto da
modernidade, já que expressões destes elementos são encontrados muito antes das
novas aceitações sexuais e da popularização da pornografia. O erótico está presente,
inclusive em épocas tidas como mais recatadas; basta olharmos as pinturas, as
fotografias desses períodos. Aqui trato de uma moral presente nas mesmas estratégias,
com os mesmos objetivos: de um lado os indivíduos estão sedentos de sexo, erotismo,
prazer e de outro lado, são orientados a controlar seus instintos, adotarem os padrões de
moral e refinamento que os “bons”, “normais”, indivíduos teoricamente possuiriam.
7 REFERÊNCIAS
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em: <www.justlia.com.br/2011/02/as-primeiras-capas-das-revistas/>. Acesso em 25
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1986.
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de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1994.
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14 out. 2013. Disponível em <geradormemes.com/meme/ta6bd4>. Acesso em 27 ago.
2014.
KAISER, Millos. Duro só o Regime. TRIP 191, 10 ago. 2010. Disponível em: <
revistatrip.uol.com.br/print.php?cont_id=31055>. Acesso em 18 ago. 2014.
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Sebo e Acervo, Abr. 2012. Disponível em:
<seboeacervo.blogspot.com.br/2012/04/marchinha-dos-anos-1920-foi-
precursora.html#axzz3B3KwRPq2>. Acesso em 21 ago. 2014.
ORTNER, Sherry B. Está a mulher para o homem assim como a natureza para a
cultura?. In: ROSALDO, Michelle e LAMPHERE, Loise. (orgs) A mulher, a cultura e
a sociedade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
RIOS, Luís Felipe; PAIVA, Vera; MAKSUD, Ivia; OLIVEIRA, Cinthia. CRUZ,
Claudia Maria da Silva; SILVA, Cristiane Gonçalves da Silva; JUNIOR, Veriano Terto;
PARKER, Richard. Os Cuidados com a “carne” na Socialização dos Jovens.
Psicologia em Estudo, Maringá, v. 13, n. 4, p. 673-682, out./dez. 2008.
SEMPRE TOPS. O Polêmico Caso Fran de Goiania. R7, 17 out. 2013. Disponível em
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2014.
SMIGAY, Karin Ellen von. Psicologia em Revista. Belo Horizonte, v. 8, n. 11, p. 32-
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SOUSA, João Melo de. O Souza da Ponte. Mai. 2005. Disponível em <
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XUXA CAPAS. As capas de revistas feitas pela rainha Xuxa. Xuxa Capas de
NOVA, 28 jan. 2012. Disponível em: <xuxacapas.blogspot.com.br/>. Acesso em 26
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