CURSO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS GLOBALIZAÇÃO E PROCESSOS DE INTEGRAÇÃO REGIONAL
Nome: Luís Gustavo Queiroga de Araújo
Matrícula: 18102701 Bibliografia: VIGEVANI, Tullo; RAMANZINI JÚNIOR, Haroldo. Pensamento brasileiro e integração regional. Contexto Internacional, v. 32, n. 2, p. 437-487, 2010.
Resumo Crítico - Aula 10
O texto intitulado “Pensamento brasileiro e integração regional” foi escrito por Tullo Vigevani e Haroldo Ramazini Júnior e foi publicado em 2010 na revista Contexto Internacional. O texto, apesar de relativamente antigo, faz um importante apanhado em relação aos pensamentos brasileiros e a geopolítica, além de analisar como estes influenciam na integração. Para isso, os autores dividem o texto em 7 partes, sendo uma de introdução, cinco de desenvolvimento e uma de considerações finais. Em sua introdução, o texto traz um resumo do que será abordado ao longo de seu desenvolvimento. Os autores afirmam que serão analisadas escolas de pensamento do Brasil e como estas observam a temática de integração regional. Além disso, busca explorar as projeções regionais e internacionais do país e como estas proporcionam a integração regional. Com isso, os autores irão analisar questões como o papel do Estado, o nacionalismo, o subdesenvolvimento, o desenvolvimento econômico e a visão internacional do Brasil por seus países vizinhos. É importante destacar quando os autores afirmam que a ideia de integração regional no Brasil se dá por influências principalmente em relação ao seu território de tamanho continental, além de sua aspiração de longa data por um papel de destaque no sistema internacional. Estes levaram o tema da integração regional a ser por muito tempo fraco. Os autores então expõem a presença grande de pensamentos nacionalistas, americanistas, antiamericanistas e de desenvolvimento, mas trazem destaque à falta de um maior pensamento de relações do Brasil com a América Latina, dificultando as questões envolvendo a integração regional por não ser um foco brasileiro. A seguir, os autores iniciam o desenvolvimento do texto, com a seção intitulada “O ISEB: Concepções Sobre o Brasil e o Desenvolvimento Nacional”. A seção inicia com uma breve explicação sobre o que foi o ISEB. O ISEB, segundo o texto, foi o Instituto Superior de Estudos Brasileiros, criado em 1955 e durou até 1964. Ele foi muito importante para o estudo e elaboração de teorias para o desenvolvimento nacional. Suas teorias foram, com o tempo, sendo cada vez mais parecidas com a opinião pública. Seu ator e sujeito principal era a nação brasileira. Seu objetivo central, de acordo com os autores, era fornecer argumentos para debates em torno da criação de uma política para o desenvolvimento nacional do Brasil, além de buscar criar um pensamento próprio brasileira para o entendimento e solução dos problemas do país, principalmente nas questões envolvendo as sociopolíticas e também culturais em relação ao desenvolvimento.Foi observado que, ao longo dos primeiros anos de sua existência, os pensamentos gerados no ISEB eram convergentes aos planos e projetos industrializantes do governo federal. Durante o governo de Juscelino Kubistchek (1956-1960), o ISEB chegou a ser o principal centro de pensamento de desenvolvimento nacional, sendo criada uma ideologia que levaria o país a superar o seu atraso econômico e a alienação cultural, sendo isso através de ações planejadas do Estado, da intervenção econômica e uma ampla aliança com múltiplas classes. Em suma, seu objetivo era criar estes pensamentos e direcionamentos e fazer com que, na medida do possível, o governo pudesse adotá-las e aplicá-las dentro da realidade do país. Em seguida, os autores partem para a segunda parte do desenvolvimento do texto, seção intitulada “Política Externa Independente e Pragmatismo Responsável”. Os autores iniciam afirmando que, para entender o contexto e a emergência da Política Externa Independente (PEI), são vistos aspectos como a força de ideias nacionalistas, transformações do cenário externo brasileiro e a questão do novo perfil sociopolítico na sociedade brasileira da década de 1960. Em relação à PEI em si, os autores trazem que seus princípios básicos seriam a ampliação do mercado externo, a formulação de planos de desenvolvimento da economia, a coexistência pacífica para manutenção da paz, o desarmamento, o respeito à soberania de outros países com a não intervenção em seus assuntos internos, o respeito ao Direito Internacional juntamente com a autodeterminação dos povos e apoio à emancipação de territórios não autônomos. Em suma, o intuito da PEI seria transformar a atuação do Brasil no meio internacional e fazer com que o mesmo se desvinculasse da imagem atrelada aos Estados Unidos. Após, o texto segue para a seção “A ESG e o Pensamento Geopolítico”. A ESG é a Escola Superior de Guerra e a seção busca analisar a doutrina da mesma e como a instituição pensava no país e na sua inserção internacional. Seu objetivo principal era fazer o planejamento da segurança nacional do Brasil, com isso, foram realizadas diversas considerações em relação a geopolítica e estratégias militares, o que influenciou nas relações internacionais do Brasil com os países vizinhos até a década de 1980. Dando sequência em seu desenvolvimento, o texto entra na seção “A CEPAL e a Teoria da Dependência”, a qual aborda questões sobre a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL). Os autores abordam como os pensadores brasileiros agregaram as ideias da CEPAL à visão brasileira de América Latina e também à integração regional. Para tanto, os autores utilizam Celso Furtado, o qual foi um importante autor brasileiro ligado às teorias da CEPAL (sendo um de seus criadores), além de ter tido grande influência no pensamento nacional-desenvolvimentista do Brasil. Em sua última seção de desenvolvimento, o texto aborda “As Análises de Celso Lafer e Samuel Pinheiro Guimarães: Visões Contemporâneas”. Nesta seção é analisada a visão do Brasil sobre a região presente nas reflexões de Celso Lafer e Samuel Pinheiro Guimarães, visto que ambos têm grande importância para a política externa brasileira. Eles possuem teorias semelhantes em relação a como o Brasil deve agir em relação ao mundo. Além disso, prezam pela aliança do Brasil com a Argentina como estratégia de inserção brasileira na política da América do Sul e no Cone Sul. Para finalizar, os autores trazem uma seção de breves considerações finais. Nela os autores concluem que as questões de integração regional nunca estiveram no foco principal do Brasil em sua política exterior, apesar de sua extensão territorial continental e de fazer fronteira com diversos países da América do Sul. Toda a estrutura do texto desemboca na reflexão de que o país deve atuar no meio internacional de forma independente, com a sua capacidade nacional. Apesar disso, a temática da integração regional acabou por ser um elemento que contribui para o fortalecimento nacional do Brasil. Sua autonomia é fundamental para o fortalecimento do seu projeto nacionalista de desenvolvimento, visto que isso amplia a sua margem de atuação. Concluindo o resumo do texto, pode-se observar que, apesar de ser um texto de certa forma antigo, seu material conceitual agrega de forma importante ao estudo de como o Brasil se portava em relação à integração regional na América Latina e como isso impactou no seu desenvolvimento até hoje. Observa-se também a forte presença da teoria realista das relações internacionais ao longo dos argumentos e pensamentos apresentados. Os autores demonstraram isso muito bem através da visão de que a cooperação seria um projeto para fortalecimento nacional, dando-se através do interesse comum entre os países, o qual seria justamente o desenvolvimento.