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INSTITUTO DAMÁSIO DE DIREITO - IDD

FACULDADE IBMEC SP
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM RELAÇÕES
INTERNACIONAIS

JOÃO RAFAEL DE FAVERI LEACINA

AS AFILIAÇÕES INTERNACIONAIS DOS PARTIDOS POLÍTICOS DA


ESQUERDA BRASILEIRA

Criciúma - SC
2021
INSTITUTO DAMÁSIO DE DIREITO - IDD
FACULDADE IBMEC SP
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM RELAÇÕES
INTERNACIONAIS

JOÃO RAFAEL DE FAVERI LEACINA

AS AFILIAÇÕES INTERNACIONAIS DOS PARTIDOS POLÍTICOS DA


ESQUERDA BRASILEIRA

Monografia apresentada ao Instituto


Damásio de Direito – IDD da Faculdade
IBMEC SP, como exigência parcial para
obtenção do título de Especialista em
Relações Internacionais, sob orientação
do professor Ronny Max Machado.

Criciúma – SC
2021
JOÃO RAFAEL DE FAVERI LEACINA

AS AFILIAÇÕES INTERNACIONAIS DOS PARTIDOS POLÍTICOS DA


ESQUERDA BRASILEIRA

TERMO DE APROVAÇÃO

Esta monografia apresentada no final do


curso de Pós-Graduação Lato Sensu em
Relações Internacionais, no Instituto
Damásio de Direito da Faculdade IBMEC
SP, foi considerada suficiente como
requisito parcial para obtenção do
Certificado de Conclusão. O examinado foi
aprovado com a nota _________.

São Paulo, (dia) de (mês) de (ano da defesa).


Dedico este trabalho à minha Família, em
especial à minha mãe, Marli de Faveri, que
me deu o maior suporte (emocional e
financeiro) para a continuidade dos meus
estudos na área das relações
internacionais.
“Viva aceso, olhando e conhecendo o mundo que o rodeia”.
(DARCY RIBEIRO).
TERMO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo
aporte ideológico e autoral conferido ao presente Trabalho de Conclusão de Curso –
TCC, intitulado (preencher com o tema do TCC), isentando a Faculdade IBMEC São
Paulo, a coordenação do curso e o orientador (preencher com nome do orientador) de
toda e qualquer responsabilidade acerca deste trabalho.

Criciúma/SC, 2 de julho de 2021.

JOÃO RAFAEL DE FAVERI LEACINA


CPF n. 100.326.279-12
RESUMO

Os partidos políticos podem se afiliar a organizações e fórum de debates no âmbito


internacional. No Brasil, tal prática costuma ser recorrente, principalmente no que diz
respeito às agremiações partidárias do campo da esquerda, ou seja, os partidos
socialistas, social-democratas, trabalhistas, verdes e ambientalistas. Nos últimos
anos, as afiliações internacionais passaram a fazer parte do debate público, cabendo,
portanto, a análise do tamanho de sua influência na política interna do país e no
comportamento dos partidos políticos brasileiros. De outro turno, a recíproca também
é válida, até que ponto os partidos políticos de esquerda conseguem influenciar tais
organizações? Pois bem, o objetivo do trabalho é analisar as diversas afiliações
internacionais dos partidos políticos de esquerda do Brasil, discutindo a classificação
de esquerda e direito por meio dos conceitos elaborados nas ciências políticas e
abrangendo o contexto histórico do sistema partidário nacional para, por fim,
apresentar um extenso catálogo das organizações internacionais que possuem
partidos brasileiro de esquerda como membros ou afiliados.

Palavras-chave: Organizações internacionais. Partidos Políticos. Esquerda brasileira.


RESUMEN

Los partidos políticos pueden unirse a organizaciones y foros de debate a nivel


internacional. En Brasil, esta práctica suele ser recurrente, especialmente en lo que
respecta a los grupos de partidos del campo de izquierda, es decir, los partidos
socialista, socialdemócrata, laborista, verde y ambientalista. En los últimos años, las
afiliaciones internacionales se han convertido en parte del debate público, por lo que
es necesario analizar el tamaño de su influencia en la política interna del país y en el
comportamiento de los partidos políticos brasileños. Por otro lado, lo recíproco
también es válido, ¿en qué medida los partidos políticos de izquierda pueden influir
en tales organizaciones? Pues bien, el objetivo del trabajo es analizar las diversas
afiliaciones internacionales de partidos políticos de izquierda en Brasil, discutiendo la
clasificación de izquierda y derecha a través de conceptos desarrollados en ciencia
política y cubriendo el contexto histórico del sistema nacional de partidos para,
finalmente, Presentar un extenso catálogo de organizaciones internacionales que
tienen a partidos de izquierda brasileños como miembros o afiliados.

Palavras-chave: Organizaciones internacionales. Partidos politicos. Izquierda


brasileña.
ABSTRACT

Political parties can join organizations and debate forums at the international level. In
Brazil, this practice is usually recurrent, especially with regard to party groups from the
left field, that is, the socialist, social-democratic, labor, green and environmentalist
parties. In recent years, international affiliations have become part of the public debate,
and it is therefore necessary to analyze the size of their influence on the country's
internal politics and on the behavior of Brazilian political parties. On the other hand,
the reciprocal is also valid, to what extent are leftist political parties able to influence
such organizations? Well, the objective of the work is to analyze the various
international affiliations of left-wing political parties in Brazil, discussing the
classification of left and right through concepts developed in political science and
covering the historical context of the national party system to, finally, present an
extensive catalog of international organizations that have Brazilian leftist parties as
members or affiliates.

Keywords: International organizations. Political parties. Brazilian left.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Logomarca da Internacional Socialista..................................................... 38


Figura 2 – Logomarca da Liga Internacional Dos Trabalhadores – Quarta Internacional
.................................................................................................................................. 39
Figura 3 – Logomarca da Conferência Permanente de Partidos Políticos da América
Latina ........................................................................................................................ 40
Figura 4 – Logomarca do Foro de São Paulo............................................................ 42
Figura 5 – Logomarca da I Fórum Social Mundial de 2001 em Porto Alegre ............ 46
Figura 6 – Logomarca da Global Verde .................................................................... 49
Figura 7 – Logomarca da Aliança Progressista ......................................................... 52
Figura 8 – Logomarca do Grupo de Puebla .............................................................. 57
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Lista de partidos políticos registrados no Tribunal Superior Eleitoral ...... 29


Tabela 2 – Lista de organizações internacionais que possuem partidos políticos da
esquerda brasileiro como afiliados ............................................................................ 37
LISTA DE ABREVIATURAS

AIB Ação Integralista Brasileira


ARENA Aliança Renovadora Nacional
COPPAL Conferência Permanente De Partidos Políticos Da América Latina E Do Caribe
DC Democracia Cristã
DEM Democratas
EIPCO Encontro Internacional De Partidos Comunistas E Operários
FSM Fórum Social Mundial
LIT-QI Liga Internacional Dos Trabalhadores – Quarta Internacional
MDB Movimento Democrático Brasileiro
MTR Movimento Trabalhista Renovador
NOVO Partido Novo
ONG´s Organizações Não Gorvernamentais
PCB Partido Comunista Brasileiro
PCdoB Partido Comunista Do Brasil
PCO Partido Da Causa Operária
PDC Partido Democrata Cristão
PDS Partido Democrata Social
PDT Partido Democrático Trabalhista
PFL Partido Da Frente Liberal
PGT Partido Geral Dos Trabalhadores
PL Partido Liberal
PMB Partido Da Mulher Brasileira
PMDB Partido Do Movimento Democrático Brasileiro
PMN Partido Da Mobilização Nacional
PP Partido Progressista
PPS Partido Popular Socialista
PR Partido Republicano
PRB Partido Republicano Brasileiro
PRN Partido Da Reconstrução Nacional
PRONA Partido De Reedificação Da Ordem Nacional
PROS Partido Repúblicano Da Ordem Social
PRP Partido Da Representação Popular
PRT Partido Rural Trabalhista
PRTB Partido Renovador Trabalhista Brasileiro
PSB Partido Socialista Brasileiro
PSC Partido Social Cristão
PSD Partido Social Democrático
PSDB Partido Da Social Democracia Brasileira
PSL Partido Social Liberal
PSOL Partido Socialismo E Liberdade
PSP Partido Social Progressista
PST Partido Social Trabalhista
PSTU Partido Socialista Dos Trabalhadores Unificado
PSUV Partido Socialista Unido Da Venezuela
PT Partido Dos Trabalhadores
PTB Partido Trabalhista Brasileiro
PTC Partico Trabalhista Cristão
PTdoB Partido Trabalhista Do Brasil
PTN Partido Trabalhista Nacional
PV Partido Verde
REDE Rede Sustentabilidade
UDN União Democrática Nacional
UP Unidade Popular
VP Vontade Popular
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 14
CAPÍTULO I – OS PARTIDOS POLÍTICOS BRASILEIROS .................................... 19
1.1 BRASIL IMPÉRIO .............................................................................................. 20
1.2 BRASIL OLIGARQUICO .................................................................................... 21
1.3 BRASIL LIBERAL .............................................................................................. 22
1.4 BRASIL DITATORIAL ........................................................................................ 24
1.5 BRASIL CONTEMPORÂNEO ........................................................................... 25
CAPÍTULO II – O SISTEMA PARTIDÁRIO BRASILEIRO ....................................... 31
2.1 DEFINIÇÃO IDEOLÓGICA: CLASSIFICAÇÃO ENTRE ESQUERDA E DE
DIREITA .................................................................................................................... 32
2.2 DEFINIÇÃO IDEOLÓGICA: PARTIDOS BRASILEIROS DO CAMPO DE
ESQUERDA .............................................................................................................. 33
CAPÍTULO III – AS AFILIAÇÕES INTERNACIONAIS DOS PARTIDOS POLÍTICOS
DA ESQUERDA BRASILEIRA ................................................................................. 37
3.1 INTERNACIONAL SOCIALISTA ....................................................................... 38
3.2 LIGA INTERNACIONAL DOS TRABALHADORES – QUARTA
INTERNACIONAL. .................................................................................................... 39
3.3 CONFERÊNCIA PERMANENTE DE PARTIDOS POLÍTICOS DA AMÉRICA
LATINA E DO CARIBE .............................................................................................. 40
3.4 FORO DE SÃO PAULO..................................................................................... 41
3.5 ENCONTRO INTERNACIONAL DE PARTIDOS COMUNISTAS E
OPERÁRIOS... .......................................................................................................... 45
3.6 FÓRUM SOCIAL MUNDIAL .............................................................................. 46
3.7 GLOBAL VERDE ............................................................................................... 49
3.8 ALIANÇA PROGRESSISTA .............................................................................. 52
3.9 GRUPO DE MONTEVIDÉU ............................................................................... 55
3.10 GRUPO DE PUEBLA ........................................................................................ 56
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 60
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 65
14

INTRODUÇÃO

Os partidos políticos sempre foram um importante instrumento de


representatividade nas democracias modernas. Por meio destes a população se
organiza e – em tese – se vê representada.
Com um mundo globalizado, cada país não se encontra isolado no mundo e é
natural aos partidos políticos de caráter nacional procurarem outros partidos na esfera
internacional que possuam proximidade ideológica, com o objetivo de haver trocas de
conhecimento e alianças estratégicas.
Neste sentido, procura-se identificar as afiliações internacionais dos partidos
políticos brasileiros, especificamente os partidos ideologicamente à esquerda no
contexto político do Brasil.
Referente aos partidos da esquerda brasileira, é possível identificar inúmeras
afiliações internacionais, o que comprova um grande interesse por parte dos atores
políticos deste campo em estabelecer trocas acadêmicas e estabelecer estratégias
comuns no cenário internacional.
Portanto, apesar de não ser exclusividade dos partidos de esquerda, há de se
reconhecer um interesse maior por parte destes atores políticos em estabelecer laços
com outros partidos políticos da esquerda internacional.
Enfim, dada a importância de catalogar e trazer luz a estas afiliações, este
trabalho se propõe a discuti-las partindo da conceituação dos partidos políticos como
um todo, passando pelo contexto histórico-partidário brasileiro e enquadrando os
diversos partidos políticos em um campo ideológico para, por fim, identificar as suas
afiliações internacionais.
O Sistema Partidário Brasileiro é composto por trinta e três partidos políticos
que abrangem as diversas ideologias e espectros políticos presentes na sociedade
brasileira.
Muitos destes partidos – em especial, os partidos políticos do espectro da
esquerda – possuem afiliações com organizações internacionais, estas, por sua vez,
influenciam parte dos posicionamentos dos dirigentes partidários no que tange à
política externa.
Portanto, o Sistema Partidário Nacional é extremamente fragmentado, as
ligações de partidos políticos com organizações internacionais influenciam
15

sensivelmente a atuação dos atores políticos quanto a discussão de políticas externas


a serem aplicadas no país.
Dado a influência externa nos posicionamentos dos atores e partidos políticos
brasileiros, cabe aos pesquisadores identificar a origem de tal intervenção intelectual.
Sendo assim, com base no exposto, apresenta-se a seguinte delimitação temática de
pesquisa: As afiliações internacionais dos partidos políticos da esquerda
brasileira.
Para corroborar com a natureza do tema proposto e motivar a investigação
lançam-se primeiramente algumas indagações, como: Qual o conceito de ideologia?
Quais as definições de Esquerda e Direita? Estas definições mudam no Brasil? Quais
partidos políticos brasileiros podem ser considerados de Esquerda? Quais as suas
afiliações internacionais? Quais são os seus objetivos? Como podem ser
classificados? Quais as suas ideologias? Quais as suas principais características?
Destacadas as indagações e com o fim de tornar preciso o problema da pesquisa,
estabelece-se como pergunta central: Quais são as afiliações internacionais dos
partidos políticos brasileiros de esquerda?
O objetivo geral do projeto é a análise das afiliações internacionais dos partidos
políticos de esquerda do Brasil. Já os objetivos específicos do trabalho – pontos
importantes a serem desvendados para elaboração da tese, são:
a) Discorrer sobre o contexto histórico e social por trás da criação dos
partidos políticos brasileiros modernos;
b) Discorrer sobre os conceitos doutrinários dos espectros ideológicas no
contexto político brasileiro;
c) Catalogar as organizações internacionais que possuem entre os seus
membros afiliados, partidos políticos da esquerda brasileira;
d) Discutir acerca das afiliações internacionais dos partidos políticos de
esquerda no Brasil;
e) Relacionar a história e os objetivos das organizações com os partidos
políticos a ela afiliados.
A Constituição Federal de 1988 estabelece como um dos fundamentos da
República Federativa do Brasil o pluralismo político. Tal fundamento, desemboca no
regime pluripartidário que rege o Sistema Eleitoral do Brasil.
O Brasil, durante a sua Ditadura Civil-Militar, viveu sob a égide do regime
bipartidário – imposto pelo Ato Institucional n. 4 (AI4), onde existiam apenas dois
16

partidos políticos, quais sejam: a Aliança Renovadora Nacional (ARENA), partido que
dava sustentação política ao regime autoritário; e o Movimento Democrático Brasileiro
(MDB), que era o partido composto pela oposição com autorização para discordar do
regime.
O ciclo político que vai do golpe de 1964 à posse de José Sarney na
Presidência da República, em 1985, foi um período de sucessivas operações
de engenharia política visando a legitimação e a permanência no poder do
regime autoritário e de seus partidários. Em nenhum outro momento da
história política brasileira assistiu-se a tantas alterações casuísticas nas
regras eleitorais e partidárias.
[...] Como a determinação do AC-4 era no sentido de que se constituíssem
organizações provisórias com atribuições de partidos, e não partidos políticos
propriamente ditos, nenhuma das novas legendas criadas pela reforma
partidária de 65-66 continha a palavra “partido” em sua denominação. Os
grupos parlamentares de situação reuniram-se na Aliança Renovadora
Nacional (ARENA), enquanto que a oposição ao regime (aquela que
sobrevivera às cassações) fundou o Movimento Democrático
Brasileiro (MDB) (SCHMITT, 2000).

Com o início da abertura da abertura política, iniciou-se o fim do bipartidarismo


e, com a redemocratização, tomam o protagonismo político no cenário nacional
partidos políticos que nasceram desse advento.
A princípio, existe a percepção equivocada de que a política externa sofre
influência inexistente ou marginal dos partidos políticos, sendo de responsabilidade
apenas do executivo (OLIVEIRA; ONUKI, 2010).
Como explicam Oliveira e Onuki (2010), este pensamento é anacrônico, pois,
os partidos políticos brasileiros não possuem apenas posições discriminantes em
temas de política externa como também podem alteram o curso da agenda de política
externa do país.
Com o decorrer dos anos, os partidos políticos nacionais – principalmente
aqueles no espectro ideológico-político de esquerda – foram buscando afiliações em
agremiações internacionais com o objetivo de discutir uma agenda comum no âmbito
da política externa.
Questiona-se em relação aos partidos de esquerda quais seriam as suas
afiliações internacionais e qual a influência destas organizações sobre os partidos
políticos brasileiros.
Abre-se o leque também para o estudo de outras consequências no meio
político brasileiro, perpassando pela maior clareza das ligações entre atores políticos
nacionais e externos.
17

O estudo beneficiará no sentido de trazer transparência a tais ligações


desmitificando afiliações internacionais políticas, podendo trazer à baila elementos
poucos explorados pelos agentes políticos, haja vista que, no pensamento comum, os
partidos políticos têm pouco ou quase nenhuma ingerência sobre o direcionamento
da política externa conduzida pelo executivo.
No caminho de se obter respostas e resultados confiáveis, necessário se faz a
utilização do método cientifico que, segundo Marconi e Lakatos (2003, p. 83) são “o
conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e
economia permite alcançar o objetivo [...] traçando o caminho a ser seguido,
detectando erros e auxiliando as decisões do cientista”.
No que tange aos métodos, estes podem ser classificados em duas classes, a
mais abrangente chamada de métodos de abordagem e a segunda, mais especifica,
denominada de métodos de procedimento (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 23).
Quanto a abordagem o trabalho pode ser classificado como dedutivo, que é o
método que parte de princípios reconhecidos como verdadeiros e indiscutíveis,
possibilitando chegar a conclusões de maneira puramente formal (GIL, 2008, p. 9).
Os procedimentos seriam etapas mais concretas da pesquisa, tendo como
finalidade mais restrita em termos de explicação dos fenômenos e menos abstrata
(MARCONI; LAKATOS, 2003, p. 106), portanto, em relação aos métodos
procedimentais, a pesquisa utilizará os procedimentos monográfico, histórico e
comparativo.
Segundo Gil (2008, p. 18), o método monográfico “parte do princípio de que o
estudo de um caso em profundidade pode ser considerado representativo de muitos
outros ou mesmo de todos os casos semelhantes”.
Já o procedimento histórico, conforme leciona Marconi e Lakatos (2003, p.
107), funda-se em preencher os vazios dos fatos e acontecimentos e apoia-se em um
tempo, mesmo que construído artificialmente, que assegura a percepção de
continuidade e vínculo entre os fenômenos.
Por fim, o comparativo dá-se pela investigação de indivíduos, classes,
fenômenos ou fatos com o objetivo de ressaltar as diferenças e similaridades (GIL,
2008, p. 16).
As pesquisas também podem ser classificadas em exploratórias, descritivas e
explicativas de acordo com os seus objetivos gerais (GIL, 2002, p. 41).
18

Propõe-se para o trabalho o tipo de pesquisa exploratória, pois proporciona


maior ligação com o problema, tornando mais explícito e ajudando a construir a
hipótese (GIL, 2002, p. 41).
O desenvolvimento do trabalho se dará por meio da pesquisa bibliográfica e
documental, aquela se dará com base em material já elaborado, principalmente por
meio de livros e artigos científicos já publicados, de outro turno, esta se valerá de
materiais que não receberam um tratamento analítico ou que ainda podem ser
reelaborados de acordo com os objetivos propostos (GIL, 2002, pág. 44-45).
19

CAPÍTULO I – OS PARTIDOS POLÍTICOS BRASILEIROS

Os partidos políticos são organizações políticas composta por pessoas que,


geralmente, possuem ideologia convergente e um objetivo em comum,
essencialmente, a movimentação dentro do poder político e, em última instância, a
sua conquista.
Estes últimos aspectos são fundamentais na conceitual formulado por Bobbio
(1998, pág. 899) sobre os partidos políticos, aduzindo que os partidos são formações
sociais unidos por vínculos pessoais e particularistas ou de estilo burocrático e
impessoal, tendo como característica comum a movimentação na esfera do poder
político.
De fato, em democracias recentes (como é o caso da brasileira) o
personalismo e os interesses particulares se sobrepõem as ideologias e aos objetivos
primordiais dos partidos políticos.
Ensina Vieira (2010, pág. 32-33) que a concepção teórica dos partidos políticos
se divide em duas grandes vertentes em que são desenvolvidos os conceitos de
organização partidária, quais sejam: a concepção tradicional, na qual os partidos
políticos têm por paradigma a sua estruturação e organização como verdadeiras
maquinas de alinhamento de eleitores em favor de seus candidatos na busca pela
ocupação de cargos políticos e mandatos eletivos; e a concepção orgânica, onde os
partidos políticos são conceituados como instrumentos para o desenvolvimento e
formação de uma consciência coletiva, fugindo do binômio liberal de eleições e
representação parlamentar.
Segundo dados do TSE, em 2021 existem 33 (trinta três) partidos políticos
registrados no Brasil. Destes, pode-se dizer que uma minoria está realmente
preocupada com o desenvolvimento e formação de uma consciência coletiva apenas,
dado que estão inseridos em contexto de campanhas eleitorais periódicas.
Alguns destes partidos possuem apenas o objetivo de criar imensas maquinas
eleitorais e ocupar um espaço no poder público, outros tornam-se uma combinação
das duas concepções.
Neste sentido, os partidos políticos do campo da esquerda ou da direita
brasileira refretem igualmente esta dicotomia.
20

Pois bem, para uma melhor definição será necessário entender o contexto
histórico em que surgem os partidos políticos do Brasil Contemporâneo.

1.1 BRASIL IMPÉRIO

A independência do Brasil do Reino de Portugal foi declarada no ano de 1822


e, desta forma, nasce o Império do Brasil. Há época, era a única Monarquia entre as
Repúblicas Americanas – não considerando, é claro, os breves períodos de existência
do Primeiro e Segundo Império do México.
Antes da independência, não existiam partidos políticos de fato no Brasil, as
organizações políticas existentes antes da Independência eram sociedades secretas
sob influência maçônica, no entanto, após a Abdicação foram formadas sociedades
mais abertas, como, por exemplo, a Sociedade Defensora, a Sociedade Conservadora
e a Sociedade Militar, organizações que giravam, essencialmente, em torno do
problema político gestado pela Abdicação (BENTIVOGLIO, 2010).
Durante o Brasil Colônia, Vieira (2010, pág. 62-63) explica que a dependência
econômica e política do Brasil perante Portugal não favorecia a criação de partidos
políticos que representassem de fato os anseios e demandas da sociedade colonial,
já que os debates e manifestações políticas do período tinham por premissa a
manutenção do vínculo com a coroa portuguesa.
Com a independência, houve a necessidade da promulgação de um
Constituição essencialmente brasileira, que formaria o coração político-jurídico da
Monarquia Constitucional que nascia e, durante a Assembleia Constituinte de 1823,
pode-se perceber uma divisão política entre duas alas, conforme explica Needell
(2009):

Uma era a que apoiava o imperador e alinhava-se tanto à oligarquia luso-


brasileira, que dominava as nomeações para o governo e as principais
famílias de negociantes e fazendeiros da Corte e da baixada fluminense,
quanto a seus congêneres nas províncias do Nordeste. A outra era a facção
que estava alinhada às oligarquias regionais excluídas das nomeações e
benefícios do Estado, bem como à população urbana intermediária, que
desejava uma forma de governo mais representativa.

No Período Regencial, a configuração política do país constituía-se em três


grupos, como lecionado por Vieira (2010, pág. 66): os exaltados ou jurujubas,
constituídos pelos republicanos e os revolucionários, que mais para frente formariam
o Partido Liberal; os denominados chimangos, centristas que defendiam a
21

Constituição outorgada há época, núcleo formador, inclusive, do que viria a ser


chamado de Partido Conservador; e por fim os caramurus, também conhecidos como
restauradores, defensores do retorno de Dom Pedro I.
Considera-se então que até 1837 não se poderia falar de existência de partidos
políticos em disputa pelo poder político no Império do Brasil (BENTIVOGLIO, 2010),
entretanto, foi neste cenário que foram gestados os dois partidos políticos de maior
relevância nos tempos do Brasil Império, como mencionados anteriormente, o Partido
Conservador e o Partido Liberal.
Do Partido Conservador faziam parte burocratas, principalmente
magistrados, proprietários rurais, notadamente do Rio de Janeiro, da Bahia e
de Pernambuco, além de comerciantes das grandes cidades, enquanto o
Partido Liberal era formado por profissionais liberais, em particular por
advogados e jornalistas e por proprietários rurais. (BENTIVOGLIO, 2010).

Mais tarde, apareceriam os Progressistas – resultado da união entre os


conservadores dissidentes e os liberais moderados (SILVA, 2008), estes seriam
responsáveis pela liderança de três gabinetes consecutivos entre os anos de 1862 e
1864, quebrando (pela única vez) a polarização entre os Liberais e Conservadores,
sendo dissolvida logo após o seu último gabinete.
No declínio do Império surgirá, por fim, o Partido Republicano que, nas palavras
de Gomes (2020, pág. 197), viria a desempenhar um papel decisivo na derrocada da
Família Imperial Brasileira e, consequentemente, do Brasil Imperial.

1.2 BRASIL OLIGARQUICO

Após a Proclamação da República em 1889 e do fim da Monarquia, tem-se


início no Brasil a popularmente conhecida “República do Café com Leite”, período
histórico onde o país era governado por um grande acordo entre as oligarquias
regionais, em especial os cafeicultores de São Paulo e os pecuaristas de Minas
Gerais.
Nesta fase histórica, os partidos políticos eram regionais e representavam
apenas os interesses dos grupos políticos e oligarquias estaduais.
A Política dos Governadores, adotada à época, tinha por fim neutralizar as
forças oposicionistas no Congresso, por meio da troca de favores entre o Poder
Executivo Nacional e os Poderes Executivos Estaduais, existindo apenas frações do
Partido Republicano Federal – que não era propriamente um partido político, mas uma
grande agregação de interesses antagônicos (ARAÚJO; RODRIGUEZ, 2017).
22

No entanto, apesar da regionalização e fragmentação partidária do período,


surgiram neste período duas agremiações de caráter nacional: o Partido Comunista
do Brasil (PCB) e a Ação Integralista Brasileira (AIB).
O PCB foi fundado em 1922, na euforia internacional socialista provocada pela
Revolução Russa em 1917 (NEVES, 2001), seu maior expoente foi Luís Carlos
Prestes e trata-se do partido político mais longevo do Brasil existindo até os dias de
hoje.
Já a AIB foi fundada em 1932 e tem a sua origem no Jornal “A Razão” e na
Sociedade de Estudos Políticos, ambas instituições lideradas por Plínio Salgado,
maior expoente do partido, e visavam congregar intelectuais e políticos contrários aos
modelos liberais e socialistas (BARBOSA, 2006).
Todas as agremiações existentes foram extintas com o início do Estado Novo.

1.3 BRASIL LIBERAL

Findando-se a Era Vargas, o Brasil iniciava uma nova experiência de


democracia representativa e com o fim do Estado Novo, Schmitt (2000, pág. 5) ensina
que foi possibilitada a criação de inúmeros partidos de caráter nacional que atuavam
em condições de sufrágio universal.
O caráter nacional dos partidos políticos só foi conquistado por exigência do
Decreto-Lei n. 7.586/45 (Lei Agamenon) que determinava o número de dez mil filiados
em cinco ou mais circunscrições.
Art. 109. Tôda associação de, pelo menos, dez mil eleitores, de cinco ou mais
circunscrições eleitorais, que tiver adquirido personalidade jurídica nos
têrmos do Código Civil, será considerada partido político nacional.
Art. 110. Os partidos políticos serão registrados no Tribunal Superior e os
seus diretórios – órgãos executivos estaduais – nos Tribunais Regionais.
§ 1º Só podem ser admitidos a registro os partidos políticos de âmbito
nacional.
§ 2º O pedido de registro será acompanhado de cópia dos estatutos e prova
de que foram inscritos no registro civil das pessoas jurídicas, e dêle constará
a sua denominação, o programa que se propõe realizar, os seus órgãos
representativos, o enderêço da sede principal e seus delegados perante os
tribunais. (BRASIL, 1945).

Durante esta breve experiência democrática o TSE concedeu registro


provisório a trinta e dois partidos políticos, entretanto, dezesseis desses registros
foram cancelados, por não cumprirem os requisitos para a obtenção do registro
definitivo (SCHMITT, 2000, pág. 9).
23

Em continuidade, explica Schmitt (2000, pág. 9) que “Quando do golpe de 1964,


havia treze partidos políticos em funcionamento legal no Brasil, todos com o registro
eleitoral definitivamente concedido. O Partido Comunista Brasileiro (PCB) atuava na
clandestinidade desde 1947”.
Dos partidos que mantiveram atividade política, três deles monopolizaram a
disputa pelo poder federal, quais sejam: o Partido Social Democrático (PSD) e o
Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), ambos formados por aliados do regime varguista,
e a União Democrática Nacional (UDN), de plataforma liberal e sem vínculos com a
estrutura burocrática do Estado Novo (SCHMITT, 2000, pág. 9-11).
Estes podem ser considerados os três partidos mais importantes do ciclo
político que vai de 1945 a 1964. De fato, eles ocuparam nada menos do que
79,8% de todas as cadeiras na Câmara dos Deputados e 86,2% dos assentos
no Senado Federal, ao longo das cinco legislaturas em que atuaram
(SCHMITT, 2000, pág. 11).

Sucedendo a estrutura partidária que existia antes do Estado Novo, o PCB


ressurge com o registro oficial e disputa as Eleições Presidenciais de 1945,
alcançando o terceiro lugar com Yeddo Fiúza, formando bancada na Câmara dos
Deputados e elegendo Luís Carlos Prestes como senador (ALVES, 2009).
No entanto, como consequência da Guerra Fria, Governo Dutra (1945-1950)
decide lançar mais uma vez o PCB a ilegalidade:
A entrada do PCB na ilegalidade pode ser delimitada pelo contexto que
rondava o período da Guerra Fria e consequentemente, a emergência do
anticomunismo. Pacheco discute que, uma das causas da entrada na
ilegalidade foi causada pela passividade da direção, que não se precaveu
diante dos riscos de sofrer ações repressivas e não criou uma infraestrutura
que permitisse o partido viver na clandestinidade. (ALVES, 2009).

De outro turno, os integralistas organizados sob a figura de Plínio Salgado


constituíram o Partido da Representação Popular (PRP) em 1945 (CALLIL, 2011).
Em sequência, haviam agremiações que, apesar da exigência do caráter
nacional, possuíam uma base eleitoral concentrada em apenas alguns estados, eram
os casos do: Partido Social Progressista (PSP) em São Paulo; o Partido Republicano
(PR) concentrado na Bahia e Minas Gerais; o Partido Democrata Cristão (PDC) ligado
à Igreja Católica e concentrado no Paraná, Pernambuco e São Paulo – também foi o
partido que abrigou Jânio Quadros na Eleição Presidencial de 1960 onde se sagrou-
se vencedor; o Partido Trabalhista Nacional (PTN), partido que após abrigar Jânio
Quadros em 1962, concentrou-se em São Paulo; e o Partido Libertador, legenda
24

essencialmente regional, baseada no Rio Grande do Sul (SCHMITT, 2000, pág. 12-
13).
Por fim, existiam partidos menores que abrigavam figuras importantes da
política nacional, tais como o Partido Social Trabalhista (PST) do Governador Miguel
Arraes e o Partido Socialista Brasileiro (PSB) do Senador Aurélio Viana, além de
outros pequenos partidos políticos como o Partido Rural Trabalhista (PRT) e o
Movimento Trabalhista Renovador (MTR), este nascido de uma dissidência do PTB
(SCHMITT, 2000, pág. 13-14).

1.4 BRASIL DITATORIAL

Com o Golpe de 1964 o Brasil passa por uma nova ditadura que perdura até a
posse de um presidente civil em 1985.
A princípio, o Governo Golpista instaurado, aparentemente, procurou conviver
com as instituições partidárias existentes, entretanto, este comportamento seria
modificado em decorrência da derrota dos partidários do governo no processo eleitoral
de 1965 (VIEIRA, 2010, pág. 91) e, por conta desta situação de derrota foi decretado
o Ato Complementar n. 4 de 1966, que exigiu a constituição de novos partidos pelo
Congresso Nacional:
Art. 1º Aos membros efetivos do Congresso Nacional, em número não inferior
a 120 deputados e 20 senadores, caberá a iniciativa de promover a criação,
dentro do prazo de 45 dias, de organizações que terão, nos termos do
presente Ato, atribuições de partidos políticos enquanto estes não se
constituírem. (BRASIL, 1966).

Como alerta Schmitt (2000, pág. 20), a Câmara dos Deputados e o Senado
Federal possuíam 409 e 66 membros, respectivamente, e do ponto de vista
matemático, no máximo três novos partidos poderiam ser organizados.
O propósito, claramente, era a extinção dos partidos políticos independentes
do regime ao passo em que se criava um ar de normalidade política com a existência
de uma oposição.
Se, por um lado, o regime autoritário queria evitar a criação de um sistema
de partido único, por outro também não queria reproduzir a alegada
fragmentação partidária do período precedente. Restava então a alternativa
do bipartidarismo, característico das democracias anglo-saxãs (Estados
Unidos e Inglaterra, por exemplo). (SCHMITT, 2000, pág. 20).
25

Neste cenário surgem a Aliança Renovadora Nacional (ARENA), o partido


governista, e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), que faria o papel de
oposição no teatro político.
Cabe ressaltar que a ARENA conseguiu facilmente o número mínimo de
integrantes para aprovação do registro da organização política, captando os
congressistas da UDN, PSP, PRP, PL, PR e PST, além da maior fatia das bancadas
do PSD, PTN e PDC (SCHMITT, 2000, pág. 21-23).
Enquanto o MDB, prejudicado pelas cassações, conseguiu se constituir no
limite do requisito numérico, composto pelos nanicos MTR e PSB e a parte majoritária
do PTB, além das minorias do PSD, PTN e do PDC (SCHMITT, 2000, pág. 21-23).

1.5 BRASIL CONTEMPORÂNEO

Após quase 20 anos de Ditadura Militar, cresce a insatisfação popular com o


Regime e o sentimento pela redemocratização começa a tomar força entre a
população brasileira.
Em 1979, dadas as circunstâncias desfavoráveis ao Regime Militar e do
fortalecimento do MDB como uma espécie de frente ampla nacional, buscou-se alterar
o ordenamento legal com o fim de acabar com o bipartidarismo artificialmente imposto
e, por meio disto, fragmentar a frente oposicionista capitaneada pelo MDB (VIEIRA,
2010, pág. 96).
Desse modo, as duas agremiações em funcionamento, ARENA e MDB, foram
extintas. Para a primeira representou a possibilidade de eliminação do fardo
de ser o partido oficial do regime militar. Para os emedebistas, por sua vez, a
extinção do MDB significou a eliminação da figura de um movimento amplo
de oposição da sociedade à ditadura. (VIEIRA, 2010, pág. 97).

O ARENA foi substituído pelo Partido Democrata Social (PDS) que passou a
ser o partido governista, em contrapartida, dissidentes daquele partido em conjunto
com dissidentes do MDB formaram o Partido Popular e, por fim, o MDB acrescentou
ao seu nome a expressão Partido e virou o PMDB (VIEIRA, 2010, pág. 96-97).
Conforme explica Schmitt (2000, pág. 33), o Partido Popular, curiosamente, não
chegou a participar de nenhuma eleição, sendo incorporado ao PMDB em 1982.
Durante a Assembleia Constituinte de 1988, devido a uma divergência no que
se referia a adoção do sistema parlamentarista, o PMDB se dividiu e a ala liderada
por Mario Covas fundou o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), de acordo
com Schmitt (2000, pág. 42).
26

O PSDB elegeria Fernando Henrique Cardoso como presidente 1994 e o


reelegeria em 1998. Apesar de nascer com o objetivo de representar a social
democracia no Brasil, os seus mandatos foram marcados por políticas liberais e por
décadas ocupou o campo da centro-direita em contraste com o Partido dos
Trabalhadores (PT), representante do campo da centro-esquerda.
Com a Eleição Presidencial de 1985, realizada ainda por meio de um Colégio
Eleitoral, o PDS sofre uma cisão e seus dissidentes apoiam Tancredo Neves do PMDB
em descredito de Paulo Maluf do próprio PDS, nasce assim a Frente Liberal que mais
tarde se tornaria o Partido da Frente Liberal (PFL), atualmente chamado de
Democratas (DEM) devido a sua refundação em 2006 (VIEIRA, 2010, pág. 99).
A tentativa de refundação do DEM, antigo PFL, fracassa e parte das lideranças
procuram criar um novo partido em busca de uma aproximação com o Governo da
vez, dado que o DEM estava fora da máquina pública federal desde 2003, e por conta
desta perspectiva nasce um novo Partido Social Democrático (PSD) – sem ligações
com aquele extinto em 1965 (SCHAEFER, 2015, pág. 42-43).
O PDS, por sua vez, vai passar por inúmeras reformulações e incorporações
que irão resultar na sua denominação como Partido Progressista (PP) em 2003.
Situação complicada foi a do antigo PTB: a sua refundação foi objeto de disputa
entre Ivete Vargas e Leonel Brizola.
Em 1985, nasce outra agremiação política de orientação liberal, qual seja o seu
nome, o Partido Liberal (PL), durante sua história vai incorporar outros partidos
menores para sobreviver (como por exemplo o PGT, o PST e o PRONA).
Neste mesmo ano foi fundado o Partido da Juventude (PJ), mais tarde chamado
de Partido da Reconstrução Nacional (PRN), foi a agremiação responsável por eleger
Fernando Collor de Mello em 1989 (SCHMITT, 2000, pág. 44). Após o impedimento
de Collor, o partido mudou de nome novamente, agora se chamando Partido
Trabalhista Cristão (PTC), existindo atualmente como um partido nanico.
Possuindo um caráter igualmente liberal, é fundado o Partido Social Liberal
(PSL) liderado pelo empresário Luciano Bivar em 1994. Na disputa presidencial de
2018 vai abrigar o candidato vitorioso da disputa, Jair Bolsonaro, que formou chapa
eleitoral com outro partido pequeno de caráter nacionalista e liberal, o Partido
Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB).
Com a possibilidade de retorno à normalidade democrática, Brizola e seus
seguidores organizaram o Encontro de Lisboa em 1979 com o objetivo de refundar o
27

antigo PTB, sendo a principal resolução do encontro a Carta de Lisboa – documento


sintetizador das principais ideias do novo trabalhismo, com o agrupamento de novos
ideais somadas as antigas bandeiras do getulismo (BATISTELLA, 2013).
Entretanto, Ivete Vargas (sobrinha do ex-presidente Getúlio Vargas) disputou
judicialmente o domínio da sigla com todo a sua história e legado.
Devido ao seu bom trânsito com o Governo Militar, o TSE foi influenciado a
favor de Ivete, pois havia o entendimento de que esta representava menor perigo e
uma oposição mais dócil do que Brizola (MARCON, 2019).
Em meio ao lento e negociado processo de redemocratização do País, o
governo militar, no final de 1979, estabeleceu a Anistia – de ambos os lados
– e uma reforma partidária, que colocaria fim ao bipartidarismo. De volta ao
Brasil, Brizola protagonizou com Ivete Vargas uma ferrenha disputa pela
“mítica” sigla do PTB, que acabou, em virtude do “trabalho nos bastidores” do
general Golbery do Couto e Silva, então chefe da Casa Civil, entregue à Ivete.
Com a histórica sigla do PTB em suas mãos, Ivete Vargas imprimiu ao partido
uma velha característica do antigo PTB paulista: um partido fisiológico, que
tentava sobreviver do carisma de Getúlio Vargas – o que tornaria o PTB um
verdadeiro “saco de gatos”. (BATISTELLA, 2013).

Diante da derrota jurídica, Brizola e seus seguidores criaram um novo partido


trabalhista vinculado ao projeto político neotrabalhista chamado Partido Democrático
Trabalhista (PDT), ideologicamente mais próximo do antigo PTB (BATISTELLA,
2013).
Outra ramificação do trabalhismo foi a agremiação denominada Partido
Trabalhista do Brasil (PTdoB), nascida de divergências com a direção do PTB em
1989 (PINTO, 2009). Passou a se chamar Avante em 2017.
Outro partido que se fragmentou foi o PCB. O velho partido comunista deu
origem à três novas legendas na Nova República, quais sejam: um novo Partido
Comunista do Brasil (PCdoB), mas com uma sigla diferente; o Partido Popular
Socialista (PPS); e o Partido Comunista Brasileiro (PCB) que manteve a sigla antiga.
Verdade seja dita, a cisão entre o PCB e o PCdoB é antiga e remonta há um
período anterior ao Golpe de 64, o litigio entre os comunistas foi causado pela
insistência do PCdoB pela agitação revolucionária do proletário-camponês – com
caráter mais radical há época – e apoio do Partido Comunista Chinês, enquanto que
o PCB, que agia na ilegalidade, havia mudado de nome (trocando o “do Brasil” por
“Brasileiro” para reforçar o caráter nacional), mantinha o apoio à Moscou e estava
inserido dentro de outros partidos (principalmente o PTB), influenciando ativamente
nas decisões políticas do Governo Goulart, por esta situação acabou sendo acusado
de burguês pela ala que formaria o PCdoB (FIGUEIREDO, 2020).
28

Já a criação do PPS é mais complexa, pois, a princípio, este partido nasceu


com o objetivo de suceder o antigo PCB por meio de sua extinção, tal situação tem
origem com a queda do muro de Berlim e o enfraquecimento do movimento comunista
no país, porém um grupo minoritário não aceitou a organização do novo modelo
partidário proposto, sem vínculos com o marxismo-leninismo, e refundou o PCB
(FIGUEIREDO, 2020).
Assim, temos a partir de 1993, três partidos que se dizem o verdadeiro
continuador histórico do partido comunista: PCB, PPS e PCdoB. Realçamos
que todas as três agremiações mantêm a tradição de continuidade histórica
nos congressos partidários, como se cada um fosse o autêntico partido de
1922, sem interrupção numerativa congressual, cada um, portanto, narrando
o congresso vigente como o sucessor do primeiro congresso fundacional de
1922. (FIGUEIREDO, 2020).

No fim, o único caso real de refundação efetiva foi o do PSB, nos termos de
Schmitt (2000, pág. 44), no entanto, agora contava com a militância do ex-governador
Miguel Arraes que se tornou membro do partido.
Representando uma novidade, nascia o Partido dos Trabalhadores (PT)
representando uma ruptura com a concepção tradicional dominante na história política
brasileira, pois, primordialmente, era um partido construído de baixo para cima, com
ampla participação dos movimentos sociais e sindicais (VIEIRA, 2010, pág. 98).
O PT foi formado, inicialmente, por sindicalistas – em especial, aqueles do
Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Paulista, grupos revolucionários trotskistas e
militantes da esquerda católica (REIS, 2007).
Em 2002, o PT consegue eleger Lula da Silva como Presidente da República
(em sua quarta tentativa), que se reelege e elege sua sucessora Dilma Rousseff em
2010 (reeleita em 2014), entretanto a sua trajetória também é marcada por cisões: em
1992, com a expulsão de duas correntes internas do partido foram fundados o Partido
Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU) e o Partido da Causa Operária
(PCO); já no poder e após a expulsão de parlamentares que votaram contra a reforma
da previdência encabeçada pelo Governo Lula, surgiu o Partido Socialismo e
Liberdade (PSOL).
Do movimento sindical, surgiu em 2013 o Solidariedade (SD), nascido de
sindicalistas descontentes com a condução dos Governos Petistas e capitaneados por
Paulo da Silva, dirigente da Força Sindical (SOLIDARIEDADE, 2017), cabendo nota
no sentindo que boa parte dos parlamentares integrantes na fundação da legenda
29

eram oriundos da base aliada do Governo Dilma, do qual estavam se afastando


lentamente (SCHAEFER, 2015, pág. 46).
Em sentido contrário, quando a executiva do PSB decidiu por abandonar o
Governo Dilma e apostar em uma candidatura própria para o pleito de 2014, vários
dos seus quadros optaram por sair do partido e buscaram uma nova legenda para se
instalarem (mesmo que provisoriamente). A legenda escolhida foi o Partido
Republicano da Ordem Social (PROS) que já estava em fase avançada para obtenção
de registro e, por conta disto, foi eficiente com a cooptação destes congressistas, e
no final o partido acabou sendo apropriado pelos interesses de elites locais – o único
ponto congruente no programa, que acabou sendo mantido até agora pelo partido foi
o da defesa da reforma tributária (SCHAEFER, 2015, pág. 44-45).
Defendendo a temática ambiental, em 1986 é fundado o Partido Verde (PV),
agremiação ambientalista difundida em diversos países. De outro turno, foi fundado a
Rede Sustentabilidade (REDE) com objetivo de demandar do país um
desenvolvimento justo e sustentável.
Há também as agremiações política de caráter religioso – especificamente,
cristão – como o Democracia Cristã (DC), o Partido Social Cristão (PSC) e o
Republicanos.
Por fim, existem os partidos menores que possuem pouca expressividade
nacional e são comandados por um seleto grupo político como o Podemos, o Partido
da Mulher Brasileira (PMB) e o Partido da Mobilização Nacional (PMN). De outro turno,
a partidos que, apesar de pequenos, carregam um grande peso ideológico em suas
bases como o ultraliberal NOVO e a Unidade Popular (UP), partido de extrema-
esquerda.

Tabela 1 – Lista de partidos políticos registrados no Tribunal Superior Eleitoral


Sigla Nome Deferimento
MDB Movimento Democrático Brasileiro 30.6.1981
PTB Partido Trabalhista Brasileiro 3.11.1981
PDT Partido Democrático Trabalhista 10.11.1981
PT Partido dos Trabalhadores 11.2.1982
DEM Democratas 11.9.1986
PCdoB Partido Comunista do Brasil 23.6.1988
PSB Partido Socialista Brasileiro 1°.7.1988
30

PSDB Partido da Social Democracia Brasileira 24.8.1989


PTC Partido Trabalhista Cristão 22.2.1990
PSC Partido Social Cristão 29.3.1990
PMN Partido Da Mobilização Nacional 25.10.1990
CIDADANIA Cidadania 19.3.1992
PV Partido Verde 30.9.1993
AVANTE Avante 11.10.1994
PP Progressistas 16.11.1995
PSTU Partido Socialista Dos Trabalhadores 19.12.1995
Unificado
PCB Partido Comunista Brasileiro 9.5.1996
PRTB Partido Renovador Trabalhista Brasileiro 18.2.1997
DC Democracia Cristã 5.8.1997
PCO Partido Da Causa Operária 30.9.1997
PODE Podemos 2.10.1997
PSL Partido Social Liberal 2.6.1998
REPUBLICANOS Republicanos 25.8.2005
PSOL Partido Socialismo E Liberdade 15.9.2005
PL Partido Liberal 19.12.2006
PSD Partido Social Democrático 27.9.2011
PATRIOTA Patriota 19.6.2012
PROS Partido Republicano Da Ordem Social 24.9.2013
SOLIDARIEDADE Solidariedade 24.9.2013
NOVO Partido Novo 15.9.2015
REDE Rede Sustentabilidade 22.9.2015
PMB Partido Da Mulher Brasileira 29.9.2015
UP Unidade Popular 10.12.2019
Fonte: Tribunal Superior Eleitoral (2021).
31

CAPÍTULO II – O SISTEMA PARTIDÁRIO BRASILEIRO

Na democracia representativa brasileira, os partidos políticos assumem um


papel de suma importância, pois a Constituição Federal elenca como condição de
elegibilidade a filiação partidária (BRASIL, 1988).
Entende Gomes (2020, pág. 200-201) que os partidos políticos se diferenciam
das demais entidades políticas organizadas pois não apresentam um nível de
estrutura e de organização que os constituam como partidos políticos em essência. E
mesmo nos casos em que tais entidades visem a influenciar o poder político, somente
os partidos políticos possuem por excelência a conquista, o exercício e a manutenção
de tal poder.
Com relação a sua definição jurídica, Gomes (2020, pág. 198) explica que se
compreende por partido político:
[...] a entidade formada pela livre associação de pessoas, com organização
estável, cujas finalidades são alcançar e/ou manter de maneira legítima o
poder político-estatal e assegurar, no interesse do regime democrático de
direito, a autenticidade do sistema representativo, a alternância no exercício
do poder político, o regular funcionamento do governo e das instituições
políticas, bem como a implementação dos direitos humanos fundamentais.

Em continuidade, o art. 17 da Constituição Federal permite a livre criação,


fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, desde que sejam resguardados
a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo e os direitos
fundamentais da pessoa humana (BRASIL, 1988).
Ensina Vieira (2010, pág. 133) que a Constituição Brasileira prevê o princípio
da autonomia partidária, sendo assegurado aos partidos políticos autônoma para
definir a sua estrutura interna, organização e funcionamento.
Os partidos políticos possuem um regime jurídico próprio, definido pela Lei n.
9.096/1995, chamada também de Lei dos Partidos Políticos (LPP). Por disposição
legal, são considerados pessoas jurídicas de direito privado e o seu registro deve ser
efetuado no Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas, por outro lado, o estatuto do
partido político registrar-se-á no TSE (BRASIL, 1995).
Note-se, porém, que o partido não é ente privado comum ou convencional,
mas especial e diferenciado devido às relevantes funções que lhe foram
conferidas pela Constituição Federal com vistas ao adequado funcionamento
do sistema político e do regime democrático-representativo. Situando-se
entre a sociedade e o Estado, é submetido a regime legal próprio, do qual
resultam diversos deveres e obrigações, inclusive a de prestar contas de
todos os valores arrecadados e gastos com suas atividades. (GOMES, 2020,
pág. 205-206).
32

A Carta Magna do Brasil preceitua também que os partidos políticos devem


possuir um caráter nacional, prestar contas à Justiça Eleitoral, ter o funcionamento
parlamentar em consonância com a lei e são proibidos de receber recursos financeiros
de entidade ou governo estrangeiros ou a estes subordinados (BRASIL, 1988).
Como é possível perceber, apesar de não ser permitida a o recebimento ativos
financeiros de governo estrangeiros, entidades internacionais ou entes a estes
subordinados, não há vedação legal ao estabelecimento de vínculos a organizações
internacionais.

2.1 DEFINIÇÃO IDEOLÓGICA: CLASSIFICAÇÃO ENTRE ESQUERDA E DE


DIREITA

Como afirmado anteriormente, o objetivo do trabalho é traçar as afiliações


internacionais dos partidos de esquerda do Brasil e para atingir este objetivo é
necessário conceituar este espectro político.
Mas quais os partidos políticos que estariam inseridos neste campo ideológico?
Para responder este questionamento, é necessário primeiro conceituar e diferenciar
os campos da esquerda e da direita.
A Revolução Francesa foi o primeiro balizador dos conceitos de direita e
esquerda no século XVIII, aqueles que buscavam igualitarismo e reforma social
ficavam à esquerda do rei, enquanto que aqueles identificados com aristocracia e o
conservadorismo, sentavam-se à direita, no entanto a distinção original entre defesa
da ordem ou da mudança correspondia a um contexto especifico e durante o século
XIX, especificamente na Europa, as diferenças entre esquerda e direita passaram a
serem associadas com a distinção entre liberalismo e conservadorismo (TAROUCO;
MADEIRA, 2013).
Como pode ser observado, o conceito distintivo entre os dois aspectos passa
por mudanças no decorrer das décadas, no entanto, há um fato que não muda, a
realidade continua sendo diversificada e classificar o ideário humano em dois campos
não é uma tarefa simples.
Neste sentido, Bobbio (1995, pág. 118-119) irá classificar os campos
ideológicos mediante dois aspectos: a visão que cada campo tem sobre a igualdade;
e a visão que as alas de cada campo possuem sobre a liberdade.
33

Por esta lógica, Bobbio (1995, pág. 119) classifica os movimentos políticos em
quatro eixos:
a) na extrema-esquerda estão os movimentos simultaneamente igualitários e
autoritários, dos quais o jacobinismo é o exemplo histórico mais importante,
a ponto de se ter tornado uma abstrata categoria aplicável, e efetivamente
aplicada, a períodos e situações históricas diversas;
b) no centro-esquerda, doutrinas e movimentos simultaneamente igualitários
e libertários, para os quais podemos empregar hoje a expressão “socialismo
liberal”, nela compreendendo todos os partidos social-democratas, em que
pesem suas diferentes práxis políticas;
c) o centro-direita, doutrinas e movimentos simultaneamente libertários e
inigualitários, entre os quais se inserem os partidos conservadores, que se
distinguem das direitas reacionárias por sua fidelidade ao método
democrático, mas que, com respeito ao ideal da igualdade, se prendem à
igualdade diante da lei, que implica unicamente o dever por parte do juiz de
aplicar imparcialmente as leis, e à liberdade idêntica, que caracteriza aquilo
que chamei de igualitarismo mínimo;
d) na extrema-direita, doutrinas e movimentos antiliberais e antiigualitários,
dos quais creio supérfluo indicar exemplos históricos bem conhecidos como
o fascismo e o nazismo.

Portanto, pode-se observar que para a esquerda, a discussão do combate às


desigualdades em todos os seus aspectos é fundamental, enquanto para a direita
basta a aplicação de igualdade jurídica na sociedade, por vezes acreditando que às
desigualdades são naturais e inerentes à sociedade.

2.2 DEFINIÇÃO IDEOLÓGICA: PARTIDOS BRASILEIROS DO CAMPO DE


ESQUERDA

Dada a conceituação, já seria possível classificar os partidos políticos


brasileiros em dois grandes campos? Ainda não! Bobbio (1995, pág. 92 e 119) alerta
que que esquerda e direita não são palavras que designam conteúdos fixos, mas
representam uma oposição permanente de conteúdos que, por vezes podem se aliar
– em especial, em momentos de crise.
Pegando o contexto histórico após o fim da Era Vargas, é possível perceber
que com a sua queda Vargas criou dois grandes partidos, diz o ditado que com sua
mão esquerda ele criou o PTB e com a direita o PSD.
Neste diapasão, surge a UDN com um grande sentimento anti-varguista e de
forte caráter liberal.
Dado aquele contexto, o PTB claramente representava o ideário de esquerda,
sendo formado majoritariamente por sindicatos (CARVALHO, 2009) e por membros
do PCB – pois os comunistas estavam na ilegalidade, impedidos no Governo Dutra
34

de possuir um partido próprio. Buscavam diminuir as desigualdades por meio de


reformas no Estado, tais reformas ficaram conhecidas no Governo João Goulart como
Reformas de Base.
Em contrapartida, a UDN representava os anseios de uma direita conservadora
e economicamente liberal, apoiando no final da Terceira República em um discurso
anticomunista e antinacionalista (CARVALHO, 2009).
O fiel da balança era o PSD, por vezes pendia à esquerda, apoiando reformas
progressistas no Estado Brasileiro e se aliando ao PTB, por vezes pendia aos anseios
conservadores da direita, arriscando-se no golpismo e se aliando à UDN.
Com a Ditadura Militar, os campos políticos ficam novamente estabelecidos: os
parlamentares da agremiação governista (ARENA) eram oriundos, em sua maioria, da
extinta UDN, enquanto os parlamentares da agremiação oposicionistas (MDB) tinham
origem, majoritariamente, no extinto PTB.
Por lógica então, no teatro criado político criado pelos militares, a ARENA
passou a representar o espectro da direita no exercício do poder político brasileiro, o
MDB representava setores da esquerda domesticada – pois a esquerda não
domesticada tinha os seus mandatos cassados ou pior, eram condenadas, neste
período, ao exilio e às prisões arbitrárias.
Com a Redemocratização, o agora PMDB passa a exercer a função do antigo
PSD, caminhando para o espectro do centro e passando a dar sustentação ao campo
político que estivesse mais forte, tornando-se assim o fiel da balança da Nova
República.
A ARENA se fragmentou em alguns partidos e o seu ideário ideológico
conservador e de direita é defendido pelo seu sucessor direito, o PP, e pelo DEM.
Tomando o caso brasileiro como exemplo: após o final do regime autoritário,
a definição do significado de esquerda-direita estava intimamente relacionada
ao envolvimento, ou não, de partidos e grupos políticos com o antigo regime.
Esta, talvez, seja a origem do fenômeno (identificado ainda hoje no Brasil)
denominado como “direita envergonhada” (SOUZA, 1988). Analisando este
fato, Power e Zucco (2009) levantam a hipótese de que a auto-definição de
atores políticos membros de partidos considerados de direita (notadamente
PDS/PPB/PPR/PP e PFL/DEM), como sendo de centro é condizente com o
esforço de boa parte destes grupos políticos para desvincular a sua imagem
do antigo regime autoritário.
A atual distribuição dos principais partidos políticos brasileiros na escala
também é coerente com o grau de aproximação/distância com relação ao
regime autoritário. Os partidos considerados de direita (PP e DEM) foram os
principais apoiadores do regime, os partidos de centro (PMDB e PSDB)
representam em linhas gerais a oposição (sub-dividida entre moderados e
autênticos) permitida pelo regime e os principais partidos de esquerda (PDT
e, claramente o PT) sendo mais representativos das forças políticas que não
35

atuavam dentro do marco institucional montado pelo regime (sendo que


parcela significativa destes grupos teve atuação na clandestinidade e se
constitui em um dos principais alvos da repressão do regime militar).
(MADEIRA, 2011).

Já o trabalhismo se dividiu em dois, no entanto, o sucessor de fato dos ideais


do antigo PTB é o PDT. O novo PTB, no tempo de sua recriação já possuía profundas
ligações com o Governo Militar e, com o passar dos anos, o seu aspecto conservador
só foi acentuado.
Os comunistas também se fragmentaram e o legado do antigo PCB é disputado
por PCdoB e pelo novo PCB. Já o PPS mudou o seu nome, passando se chamar
Cidadania, rejeitando o seu legado comunista e se aproximando de partidos
conservadores e liberais – inclusive, com a mudança do estatuto em 2019, retirou-se
o reconhecimento da agremiação como um partido socialista.
No entanto, classifica-se como sucessor do antigo PPS, mantendo o caráter de
combates às desigualdades sociais e a pobreza transcritos em seu estatuto, conforme
seus art. 1º e 4º:
Art. 1º - O CIDADANIA é um partido político, sucessor do Partido Popular
Socialista, com personalidade jurídica de direito privado, com sede e foro em
Brasília, Distrito Federal, com prazo indeterminado de duração, com registro
definitivo junto ao Tribunal Superior Eleitoral, recebendo o número 23 para
todos os efeitos eleitorais e se regendo nos termos do Artigo 17 da
Constituição da República, da Lei dos Partidos Políticos e por este Estatuto.
[...]
Art. 4º - O CIDADANIA se compromete com o combate à pobreza e às
desigualdades sociais, com o acesso universal à educação como principal
vetor da cidadania, com a responsabilidade fiscal e com a sustentabilidade,
nas suas dimensões econômica, ambiental e social. (CIDADANIA, 2019).

Nitidamente, tanto o PT, quanto o PSB, migraram em direção ao espectro do


centro político, no entanto, ainda podem serem considerados dentro do campo da
centro-esquerda – especificamente o PT, suas alas mais radicais formaram partidos
próprios (PSTU, PCO e PSOL).
Nota-se também que o Solidariedade nasceu como uma vertente sindical em
processo de deslocamento da orbita do Governo Dilma, em sentido contrário o PROS
só conseguiu o seu registro por conta de atores políticos que queriam se manter
próximos a este Governo.
Ainda sobre o Solidariedade, o partido se diz seguidor do ideário humanista
sistêmico:
O Humanismo contemporâneo parte da compreensão de que a vida humana
possui uma dinâmica específica, ou seja, em cada fase de desenvolvimento,
o ser humano busca certo grau de realização, a fim de que possa se estruturar
como pessoa plena e integrada. Esse ser humano se relaciona com o
36

ambiente, onde encontra sua família, amigos, natureza e sociedade. Todas


essas relações fazem parte de um conjunto de elementos com objetivos
definidos em interação dinâmica e organizada, formando um sistema onde o
homem é criador e criado por ele. Ao resultado dessa dinâmica de interações
damos o nome de Humanismo Sistêmico, a base que sustenta todo o ideário
do partido Solidariedade. (SOLIDARIEDADE, 2021).

Notadamente, o PV adotou uma postura ambígua, na década 1990 apoiando


um projeto mais radical de esquerda apresentado pelo PT e na década de 2010
apoiando (especificamente no 2º turno) projetos liberais liderados pelo PSDB.
Neste limiar, a REDE apresenta passou a representar uma agenda política
ambiental mais à esquerda que a filial Verde brasileira.
Portanto, neste trabalho, dadas as fundamentações acima, serão
considerados como integrantes do campo de esquerda os seguintes partidos,
por ordem de numeração registrada no TSE: PDT, PT, PSTU, REDE,
Cidadania, PCB, PCO, PSB, PV, PSOL, Solidariedade, UP e o PROS.
37

CAPÍTULO III – AS AFILIAÇÕES INTERNACIONAIS DOS PARTIDOS POLÍTICOS


DA ESQUERDA BRASILEIRA

Definidos os partidos políticos no campo da esquerda brasileiro, faz-se


necessário, antes de qualquer coisa, catalogar as organizações internacionais que
possuem como membros agremiações políticas brasileiros.

Tabela 2 – Lista de organizações internacionais que possuem partidos políticos da


esquerda brasileiro como afiliados
ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS PARTIDOS POLÍTICOS BRASILEIROS
Internacional Socialista PDT
Liga Internacional dos Trabalhadores –
PSTU
Quarta Internacional
PDT
Conferência Permanente de Partidos
PT
Políticos da América Latina
PMDB
PDT
PT
PCB
Foro de São Paulo
CIDADANIA (até 2006)
PSB (até 2019)
PCdoB
Encontro Internacional de Partidos
PCO
Comunistas E Operários
Global Verde PV
PT
Aliança Progressista
PSB
Fonte: O Autor (2021).

De outro turno, existem eventos e organizações internacionais que possuem


como integrantes lideranças políticas de agremiações partidárias brasileiras como o
Fórum Social Mundial (contraposição ao Fórum Econômico Mundial) que reúne
movimentos sociais do mundo todo e o Grupo de Puebla cujo o objetivo é reunir
lideranças de esquerda da América Latina e discutir programas e projetos de
desenvolvimento de políticas progressistas para a região.
38

Por fim, existe também o Grupo de Montevidéu (contraposição ao Grupo de


Lima) criado para discutir uma solução pacífica para à Crise na Venezuela, e conta
com a participação de oficial de Estados, entretanto será citada no trabalho devido a
importância da Questão Venezuelana.

3.1 INTERNACIONAL SOCIALISTA

A Internacional Socialista é uma agremiação de caráter socialista e que busca


estabelecer uma forma de socialismo democrático, conforme art. 1º do Estatuto. Seu
símbolo representativo é a mão segurando uma rosa vermelha e no Brasil o único
partido a fazer parte da organização é o PDT – que, coincidentemente, possui a
mesmo símbolo como emblema do partido.

Figura 1 – Logomarca da Internacional Socialista

Fonte: Internacional Socialista (2021).

Trata-se de uma organização proposta para ser a sucessora histórica da II


Internacional Socialista (fundada em Paris, em 1987), esta que foi dividida durante a
Primeira Guerra Mundial (1914-1918) em III Internacional – fundada por Lenin em
1919 e dissolvida por Stálin em 1943 – e Internacional Operária e Socialista, cujo os
trabalhos foram suspensos na Segunda Guerra Mundial (1938-1945) e retomados em
1951, onde, no Congresso de Frankfurt (1951) foi refundada sob o nome de atual
(ROCHA, 1982).
Ao todo, a Internacional Socialista possui partidos trabalhistas,
socialdemocratas e socialistas, sendo forças políticas importantes para as
democracias no mundo, com membros inseridos nas bases governistas ou sendo a
principal força de oposição, dados os contextos regionais (INTERNACIONAL
SOCIALISTA, 2021).
Identifica Cavalcanti (1979), à grosso modo, que os partidos integrantes da
Internacional Socialista podem ser divididos em dois grandes grupos: os sociais
democratas, aceitadores do Welfare State como seu objetivo, e os socialistas
39

democráticos, defensores de que a social democracia seria uma etapa ao socialismo


democrático.
A organização tem por princípio a luta pela liberdade, justiça e solidariedade,
definindo o socialismo democrático como um movimento internacional norteado por
estas convicções:
12. El socialismo democrático es un movimiento internacional por la libertad,
la justicia social y la solidaridad. Su meta es un mundo en paz, en el que
puedan realizarse estos valores fundamentales, en el que cada individuo
pueda vivir una vida plena desarrollando su personalidad y sus capacidades,
y en el que los derechos humanos y civiles estén amparados en el marco de
una sociedad democrática. (INTERNACIONAL SOCIALISTA, 2021).

De todo modo, é uma organização internacional que se mantém ativa há


setenta anos, sendo o PDT um partido afiliado de grande importância, tanto é que o
presidente do partido brasileiro, Carlos Lupi, ocupa ao mesmo tempo a vice-
presidência da organização.

3.2 LIGA INTERNACIONAL DOS TRABALHADORES – QUARTA


INTERNACIONAL

A Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional (LIT-QI) é uma


organização internacional comunista de caráter trotskista e revolucionário, possui no
Brasil um partido político de extrema-esquerda como filial nacional, qual seja a
agremiação, o PSTU.
A sua logomarca é composta pelo símbolo do Comunismo – a foice e o martelo
cruzados, representando os trabalhadores do campo e das cidades respectivamente
– atravessado pelo número quatro de forma a se autodeterminar como a verdadeira
quarta internacional.

Figura 2 – Logomarca da Liga Internacional Dos Trabalhadores – Quarta Internacional

Fonte: Liga Internacional Dos Trabalhadores – Quarta Internacional (2021).

Em sequência, a LIT-QI se organiza como sucessora da Terceira Internacional


liderada por Lenin, considerando esta organização como degenerada, e
posteriormente extinta, pelo stalinismo (SAGRA, 2008).
40

La IV Internacional es la continuidad de la III dirigida por Lenin y es sinónimo


de la lucha consciente contra la contrarrevolución estalinista. Es necesario
reconstruirla y no construir una internacional distinta, porque sus principios y
bases teórico programáticas expresados en el “Programa de Transición” y la
“Teoría de la Revolución Permanente”, continúan vigentes,
independientemente de las obvias actualizaciones que deben hacerse.
(SAGRA, 2008).

O início da organização da filial brasileira se dá na década de 1970, com o


surgimento da Liga Operária, que tempos depois passará a se chamar Convergência
Socialista (SAGRA, 2008).
A organização se desenvolve como corrente dentro do PT e com a sua
consolidação após 12 anos ingressa ao partido, ensina Sagra (2008) que os militantes
da Convergência Socialista rompem com a direção burocrática lulista – grupo que
dirige o partido.

3.3 CONFERÊNCIA PERMANENTE DE PARTIDOS POLÍTICOS DA AMÉRICA


LATINA E DO CARIBE

A Conferência Permanente de Partidos Políticos da América Latina e do Caribe


(COPPAL) é uma organização criada em 1979 com o objetivo de integrar os partidos
de recorte progressista no subcontinente, reunindo mais de sessenta partidos
políticos, espalhados por vinte nove países da América Latina e do Caribe e, no Brasil,
são três os partidos políticos membros da COPPAL, quais sejam, o PDT, o PT e o
PMDB.

Figura 3 – Logomarca da Conferência Permanente de Partidos Políticos da América


Latina

Fonte: Conferência Permanente de Partidos Políticos da América Latina (2021).

A sua representação gráfica é composta por quatro triângulos que juntos


assumem a forma da América Latina (denotando o caráter regional da organização),
41

o maior representando a América do Sul e o intermediário a América Central e o


México.
De outro turno, curiosamente, percebe-se a presença de dois triângulos
menores, onde aquele encontrado entre os dois maiores representaria as ilhas do
Caribe – dada a sua localização geográfica, enquanto o localizado mais abaixo não
poderia representar nenhum país soberano, pois geograficamente na região há
apenas ilhas sob domínio de países americanos, com exceção das Ilhas Malvinas,
reivindicadas há anos pela Argentina.
Em sua declaração de princípios, define-se como um fórum de partidos
nacionalistas – colocando como prioridade a discussão sobre a soberania, buscando
o estabelecimento de uma ordem internacional mais justa e equitativa, defendendo: a
democracia e as instituições jurídico-políticas; a autodeterminação dos povos latino-
americanos; integração regional; iniciativas de desarmamento; o melhor
aproveitamento dos recursos naturais; promover organizações regionais; o
estabelecimento de uma ordem econômica mais justa; e a defesa dos direitos
humanos (VILLARREAL, 2009, pág. 3).
Dada a soberania como prioridade das discussões da conferência, a analogia
gráfica às ilhas da América do Sul faz crer que seja uma referência direta à questão
das Ilhas Malvinas, pleito argentino com fundamentação neste princípio.
A organização se mantém ativa nos dias atuais e em 27 de novembro de 2020
ocorreu a XXXVIII Reunião Plenária da COPPAL com a emissão de um documento
denominado Consenso da COPPAL de 2020, onde se crítica os falidos modelos,
prévios e vigentes, neoliberais, populistas e de lideranças carismáticas que, segundo
o documento, demonstraram suas falências diante o combate a crise sistêmica
provocada pelo COVID-19.

3.4 FORO DE SÃO PAULO

O Foro de São Paulo é uma organização de esquerda que reúne líderes e


partidos políticos da esquerda latino-americana e caribenha, foi criada a partir da
convocação do Partido dos Trabalhadores (PT), agremiação brasileira, e pelo Partido
Comunista de Cuba em julho de 1990.
O símbolo gráfico do Foro de São Paulo é composto pelo mapa da América
Latina, com a América Central e o México em vermelho, o Caribe em laranja e a
42

América do Sul em verde, portanto é possível entender o caráter regional da


organização já por meio de sua logomarca.

Figura 4 – Logomarca do Foro de São Paulo

Fonte: Foro de São Paulo (2021).

A criação do Foro dá-se em um contexto onde a situação política da maioria


dos países latino-americanos e caribenhos era instável, sendo a democracia uma
exceção e as ditaduras (em especial as militares) a regra, e consequentemente os
altos comandos militares sempre procuraram controlar ao máximo os processos de –
nesse cenário, muitas vezes, a esquerda se viu aliada da disputa política (FRANCO,
2020, pág. 40-41).
Com a criação do Foro foi originado um espaço específico de debates dos
partidos de esquerda e progressistas a partir de uma concepção suprapartidária (por
vezes, não sendo de esquerda por definição), sendo a atuação das agremiações
realizadas de forma indireta nestes espaços, por meio dos dirigentes e militantes
destes movimentos que são filiados a partidos políticos (FRANCO, 2020, pág. 14).
A partir desses debates internacionais, frutificaram formulações teóricas e
alianças que influenciaram os rumos da política continental em diversos
níveis. Os líderes e os partidos de cada país se influenciam mutuamente,
compartilhando experiências e estratégias políticas. (FRANCO, 2020, pág.
14).

Na sua criação, procurou-se convocar o maior número de agremiações


esquerdistas da América Latina e do Caribe, com o objetivo de debater a inserção
internacional da região (RUIVO; ALMEIDA; TOLEDO, 2016, pág. 3) e à convocação
do PT, responderam quarenta e oito organizações, partidos e frentes de esquerda da
América Latina e do Caribe.
Inédito por sua amplitude política e pela participação das mais diversas
correntes ideológicas da esquerda, o encontro reafirmou, na prática, a
disposição das forças de esquerda, socialistas e anti-imperialistas do
subcontinente para compartilhar análises e balanços de suas experiências e
da situação mundial. Abrimos, assim, novos espaços para responder aos
43

grandes desafios com os que se deparam hoje nossos povos e nossos ideais
de esquerda, socialistas, democráticos, populares e anti-imperialistas.
(FORO DE SÃO PAULO, 1990).

O Foro possui como princípios: a democracia e autodeterminação; a integração


regional e soberania; o anti-imperialismo e anti-neoliberalismo; e a unidade e
solidariedade (FORO DE SÃO PAULO, 2021).
Atualmente, conta com o ingresso de cento e vinte três partidos membros,
espalhados por vinte e sete países latino-americanos e caribenhos e conta com uma
estrutura formada pela Secretária Executiva (sediada em São Paulo) e por três
secretárias regionais, a saber, Secretária Regional do Cone Sul (sediada no Uruguai),
Secretária Regional Andino Amazônica (sediada provisoriamente em Colômbia) e a
Secretária Regional Mesoamérica e Caribe (sediada em El Salvador) (FORO DE SÃO
PAULO, 2021).
No seu ápice, entre os anos de 2008 à 2010, chegou a abrigar os partidos dos
presidentes do Brasil, Bolívia, Venezuela, Equador, Uruguai, Cuba, El Salvador,
Honduras e Nicarágua, além de seus membros integrarem há época os governos na
Argentina e no Paraguai.
Já no que diz respeito às agremiações brasileiras, são quatro os partidos
políticos nacionais que fazem parte do Foro, quais sejam, o PT, o PDT, o PCdoB e o
PCB.
Em relação ao PDT, cabe nota que o partido não está participando mais
ativamente das reuniões do Foro (POMPEU, 2019).
O Cidadania (antigo PPS) foi um dos partidos políticos brasileiro membro da
organização, no entanto, saiu do Foro – apesar de ser citado ainda como membro no
sítio eletrônico da organização – alegando que o hegemonismo de concepções
bolivarianas autoritárias e populistas estava suprimindo o debate e o pluralismo de
ideias (SANCHES, 2019).
Já o PSB retirou-se da organização após a aprovação por unanimidade da
executiva do partido, alegando divergência no posicionamento do Foro com relação à
Crise Venezuelana (MAZIEIRO, 2019).
Como é possível perceber, a questão bolivariana vem dividindo opiniões entre
as agremiações políticas da esquerda brasileira. O tema torna-se ainda mais
complexo quando levado em consideração que a Venezuela – enquanto passa por
44

esta crise – é governada por um partido membro do Foro, qual seja a organização
partidária, o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV).
O ponto de ebulição pode ser considerado quando Juan Guaidó – filiado ao
Vontade Popular (VP), Presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, declara
ilegítima a posse de Nicolás Maduro (do PSUV) como Presidente da República e se
autoproclama ao cargo em janeiro de 2019.
Coincidentemente o Vontade Popular (VP) é afiliado à Internacional Socialista,
liga de partidos trabalhistas, socialdemocratas e socialistas.
Voltando ao ponto chave da discórdia, o Foro de São Paulo manteve sempre
um apoio incondicional ao Governo Maduro, destacando na Declaração Final do XX
Encontro do Foro de São Paulo em La Paz que “As forças da direita na Venezuela
tentam, por meio da violência, provocar uma guerra civil e desmentir a questão da
legitimidade do governo do presidente Nicolás Maduro” (FORO DE SÃO PAULO,
2016).
Nesta lógica, o Foro, por meio de seu Grupo de Trabalho reunido por
videoconferência em janeiro de 2021, expressou o seu apoio aos “governos liderados
por forças populares e progressistas, comprometidos com o bem-estar dos povos, em
Cuba, Venezuela, Nicarágua, Bolívia, México e Argentina” (FORO DE SÃO PAULO,
2021).
Nesta lógica, o Foro, por meio de seu Grupo de Trabalho reunido por
videoconferência em janeiro de 2021, expressou o seu apoio aos “governos liderados
por forças populares e progressistas, comprometidos com o bem-estar dos povos, em
Cuba, Venezuela, Nicarágua, Bolívia, México e Argentina” (FORO DE SÃO PAULO,
2021).
De outro turno, no cenário interno, cabe destacar a influência da organização
nos Governos de Lula e Dilma.
Em suas diretrizes internacionais, o PT demonstrava a influência de seus
posicionamentos nas declarações advindas do Foro de São Paulo, portanto havia uma
sobreposição entre as declarações de cada uma das organizações:
Em sua primeira reunião, em 1990, a declaração saída do encontro já dizia:
“definimos [...] as bases de um novo conceito de unidade e integração
continental. Nossa proposta passa [...] pelo impulso à solidariedade
internacionalista dos nossos povos”, o que se repetiu, em 1996, no encontro
de Porto Alegre, quando se afirma que “[...] estamos desenhando programas
amplos [...] que realizem uma transformação política e econômica [...] que
avance em direção a uma nova sociedade mais justa e igualitária”, e, também,
em 2002, na reunião de Antígua, ao afirmar que “é preciso [...] contribuir
45

efetivamente [...] para mudar os rumos dos processos de integração liderados


[...] por uma visão mercantilista [...]”. Nesse sentido, o FSP advoga pela
unidade latino-americana e caribenha com o propósito de lutar contra o
imperialismo norte-americano, simbolizado no embargo a Cuba e nas
políticas econômicas de cunho neoliberal, e de constituir nova ordem
internacional capaz de satisfazer e de respeitar os objetivos nacionais dos
países daquela região (RUIVO; ALMEIDA; TOLEDO, 2016, pág. 16, apud
POMAR; REGALADO, 2013, p. 15 p. 97 p. 149).

Neste toar, Ruivo, Almeida e Toledo (2016, pág. 20) apontam que é evidente a
inspiração dos Governos Petista no Foro – ao menos no discurso, a importância ao
processo de integração regional como condicionante para o combate às
desigualdades socioeconômicas e a defesa de políticas públicas que refutem o
modelo neoliberal são alguns dos pontos de simbiose entre o partido político e a sua
afiliação internacional.

3.5 ENCONTRO INTERNACIONAL DE PARTIDOS COMUNISTAS E OPERÁRIOS

O Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários (EIPCO) é uma


série de reuniões anuais entre os partidos comunistas ao redor do globo, iniciada em
1998.
As únicas agremiações partidárias brasileiras que participam do evento são o
PCB e o PCdoB e o último encontro realizado deu-se na Turquia em 2019, organizado
pelo Partido Comunista da Turquia e pelo Partido Comunista da Grécia, e reuniu ao
todo cento e trinta e sete participantes de cinquenta e oito países (PARTIDO
COMUNISTA DO BRASIL, 2019).
O objetivo da EIPCO é o de fortalecer a solidariedade internacionalista entre os
partidos comunistas e demais organizações de trabalhadores, conforme apelo
publicado em sua 21º edição:
[...] é necessário fortalecer a solidariedade internacionalista entre os partidos
comunistas e organizações da classe trabalhadora, movimentos sociais,
populares e progressistas, movimentos de camponeses pobres e
trabalhadores agrícolas, que têm a responsabilidade de liderar a resistência
e as lutas do povo trabalhador. (PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL, 2019).

No documento, são realizadas críticas às potências imperialistas e


solidariedade aos povos da Coreia, Venezuela, Nicarágua, Bolívia e Irã que “estão
lutando contra o bloqueio dos EUA, medidas coercitivas unilaterais e extraterritoriais,
desestabilização, sanções econômicas e bancárias e a ameaça de agressão militar”
(PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL, 2019).
46

O caráter internacionalista do evento fica evidenciado, ao tempo em que presta


solidariedade à diversos povos e nações do Sul Geoeconômico e condena a
implantação de bases militares pelos EUA/OTAN (PARTIDO COMUNISTA DO
BRASIL, 2019).
Apesar de prestar solidariedade ao povo equatoriano pela luta destes contra as
medidas de austeridade impostas pelo seu governo (PARTIDO COMUNISTA DO
BRASIL, 2019), em relação ao Brasil que passa pela aplicação de medidas
econômicas de austeridades desde 2015, não há citações.

3.6 FÓRUM SOCIAL MUNDIAL

O Fórum Social Mundial (FSM) é uma série de eventos iniciados em 2000, na


cidade de Porto Alegre, organizados por movimentos sociais, atores do cenário
político progressista (com ou sem mandato eletivo), intelectuais e representantes de
ONG´s.
Seu primeiro evento foi representado graficamente por uma logo onde as há a
junção dos mapas dos continentes em vermelho, onde os continentes da América do
Sul e da África estão centralizados, a Europa aparece unida a Ásia tomando pouco
espaço e a Oceania também aparece de forma diminuída. Pode-se concluir da análise
da logomarca então que o Foro de São Paulo visava mesmo discutir as questões do
terceiro mundo.

Figura 5 – Logomarca da I Fórum Social Mundial de 2001 em Porto Alegre

Fonte: Memória da Reforma Psiquiátrica do Brasil (2001).

Neste sentido, Côrrea (2013, pág. 126) alerta que FSM seria um espaço e não
uma organização propriamente dita.
47

A criação deste espaço foi pensada como uma espécie de contraposição ao


Fórum Econômico Mundial de Davos, evento que dita as regras e o funcionamento da
economia capitalista mundial, recebendo os chefes das maiores economias do
planeta:
No início de 2000, quando as ondas de choque dos eventos de Seattle ainda
ecoavam pelo mundo, alguns brasileiros lançaram uma proposta para ajudar
o movimento de resistência ao neoliberalismo a passar para uma nova etapa,
com a realização de um Fórum Social Mundial. Várias iniciativas de
articulação dos movimentos de resistência estavam sendo tomadas, mas esta
tinha em mente, como parâmetro, uma experiência particular, o Fórum
Econômico Mundial de Davos e seu papelchave para a formulação da teoria
e da prática da dominação do mundo pelo capital. (CÔRREA, 2003, pág. 66).

O primeiro evento foi pensado para ter, segundo Côrrea (2003, pág. 71), três
tipos de atividades: a) sessões diárias com palestras e exposições de personalidades
convidadas; b) a realização do maior número possível de encontros para
apresentação de iniciativas e trocas de experiências; e c) reuniões de articulação entre
organizações sociais que desenvolvem o mesmo tipo de luta.
Com o sucesso do primeiro evento, foi estabelecido uma carta de princípios,
visando consolidar os resultados dos debates e garantir a continuidade. Seus
primeiros tópicos cria as bases dos futuros encontros:
1. O Fórum Social Mundial é um espaço aberto de encontro para o
aprofundamento da reflexão, o debate democrático de idéias, a formulação
de propostas, a troca livre de experiências e a articulação para ações
eficazes, de entidades e movimentos da sociedade civil que se opõem ao
neoliberalismo e ao domínio do mundo pelo capital e por qualquer forma de
imperialismo, e estão empenhadas na construção de uma sociedade
planetária orientada a uma relação fecunda entre os seres humanos e destes
com a Terra.
2. O Fórum Social Mundial de Porto Alegre foi um evento localizado no tempo
e no espaço. A partir de agora, na certeza proclamada em Porto Alegre de
que “um outro mundo é possível”, ele se torna um processo permanente de
busca e construção de alternativas, que não se reduz aos eventos em que se
apoie.
3. O Fórum Social Mundial é um processo de caráter mundial. Todos os
encontros que se realizem como parte desse processo têm dimensão
internacional.
4. As alternativas propostas no Fórum Social Mundial contrapõem-se a um
processo de globalização comandado pelas grandes corporações
multinacionais e pelos governos e instituições internacionais a serviço de
seus interesses, com a cumplicidade de governos nacionais. Elas visam fazer
prevalecer, como uma nova etapa da história do mundo, uma globalização
solidária que respeite os direitos humanos universais, bem como os de todos
os cidadãos e cidadãs em todas as nações e o meio ambiente, apoiada em
sistemas e instituições internacionais democráticos a serviço da justiça social,
da igualdade e da soberania dos povos.
5. O Fórum Social Mundial reúne e articula somente entidades e movimentos
da sociedade civil de todos os países do mundo, mas não pretende ser uma
instância representativa da sociedade civil mundial. (FÓRUM SOCIAL
MUNDIAL, 2000).
48

De início, características importantes dos Fórum já ficam estabelecidas como a


sua internacionalidade e a sua contraposição à Globalização na forma em que estava
sendo levada, por meio de comandos das grandes corporações multinacionais.
É fixado por meio da carta que o Fórum não terá caráter deliberativo, não
estando ninguém autorizado a exprimir posições em nome do Fórum Social ou
estimular a tomada de decisões – mesmo que por aclamação, evitando assim que
FSM se torne uma instância de poder a ser disputado, no entanto não é defeso que
as próprias organizações que participam do evento deliberem e se manifestam de
forma individual ou coletiva (FÓRUM SOCIAL MUNDIAL, 2000).
A Carta faz questão de se afirmar contra qualquer visão totalitária e reducionista
da economia, do desenvolvimento e da história, opondo-se igualmente contra o uso
da violência como forma de controle social pelo Estado, pleiteando o “respeito aos
Direitos Humanos, pela prática de uma democracia verdadeira, participativa, [...]
condenando todas as formas de dominação assim como a sujeição de um ser humano
pelo outro” (FÓRUM SOCIAL MUNDIAL, 2000).
11. O Fórum Social Mundial, como espaço de debates, é um movimento de
idéias que estimula a reflexão, e a disseminação transparente dos resultados
dessa reflexão, sobre os mecanismos e instrumentos da dominação do
capital, sobre os meios e ações de resistência e superação dessa dominação,
sobre as alternativas propostas para resolver os problemas de exclusão e
desigualdade social que o processo de globalização capitalista, com suas
dimensões racistas, sexistas e destruidoras do meio ambiente está criando,
internacionalmente e no interior dos países.
12. O Fórum Social Mundial, como espaço de troca de experiências, estimula
o conhecimento e o reconhecimento mútuo das entidades e movimentos que
dele participam, valorizando seu intercâmbio, especialmente o que a
sociedade está construindo para centrar a atividade econômica e a ação
política no atendimento das necessidades do ser humano e no respeito à
natureza, no presente e para as futuras gerações.
13. O Fórum Social Mundial, como espaço de articulação, procura fortalecer
e criar novas articulações nacionais e internacionais entre entidades e
movimentos da sociedade, que aumentem, tanto na esfera da vida pública
como da vida privada, a capacidade de resistência social não violenta ao
processo de desumanização que o mundo está vivendo e à violência usada
pelo Estado, e reforcem as iniciativas humanizadoras em curso pela ação
desses movimentos e entidades.
14. O Fórum Social Mundial é um processo que estimula as entidades e
movimentos que dele participam a situar suas ações, do nível local ao
nacional e buscando uma participação ativa nas instâncias internacionais,
como questões de cidadania planetária, introduzindo na agenda global as
práticas transformadoras que estejam experimentando na construção de um
mundo novo solidário. (FÓRUM SOCIAL MUNDIAL, 2000).

Em seus últimos tópicos, a Carta aduz o combate às desigualdades sociais e


ao processo de globalização capitalistas, objetivando fortalecer um espaço de
articulação entre os membros do Fórum e de fortalecimento dos movimentos sociais,
49

usando como base a valorização do intercâmbio de ideias, experiências e de trocas


de conhecimento.
Denota-se, portanto, que o FSM é um lugar formulado para promover encontros
periodicamente entre os diversos movimentos sociais, difundido, por meio de
reuniões, ideias progressistas e boas práticas, além de promover articulações
importantes entre organizações de todo o globo. Por fim, entende Côrrea (2003, pág.
126) que este espaço não é nem um embrião de uma nova internacional, muito menos
uma direção das organizações que participam.

3.7 GLOBAL VERDE

A Global Verde é uma rede de Partidos Verdes e movimentos políticos


ambientalistas mundiais que trabalham e cooperam em prol da implementação da
Global Greens CharterI (traduzido como Carta Verde da Terra), criada em 2001.
A representação gráfica da organização é bem simples, sendo o símbolo
formado por um círculo verde com o nome da organização escrita em branco por
dentro.

Figura 6 – Logomarca da Global Verde

Fonte: Global Verde (2021).

A Carta Verde da Terra é um documento que unifica os partidos verdes em uma


única organização e define os valores fundamentais da organização, tais como
sabedoria ecológica, justiça social, democracia participativa, não violência,
sustentabilidade e respeito pela diversidade.
No que tange a sua organização, a Global Verde é composta ao todo por quatro
grandes federações de partidos verdes, ecológicos e de política sustentável, cada qual
50

instalada em um continente do planeta: Federação dos Verdes da Europa, Federação


dos Partidos Verdes das Américas, Federação dos Verdes da África e Federação dos
Verdes da Ásia-Pacífico.
Em 1992 durante a ECO-92 os verdes de várias partes do mundo se
encontraram pela primeira vez no Rio de Janeiro. A partir de então se iniciou
a formação das Federações de Partidos Verdes com o objetivo de
cooperação, troca de experiências e consolidação programática.
[...]
Em 2001, em Canberra, Austrália, aconteceu o Global Greens 2001, encontro
mundial dos Partidos Verdes quando foi aprovada a Carta Verde da Terra o
primeiro documento unificado dos Partidos Verdes Mundiais. (PARTIDO
VERDE, 2021).

De fato, o as Federações são anteriores e neste ponto à Global Verde se


diferencia das demais organizações fórum de debates, já que o processo o seu
processo de fundação foi estabelecido de fora para dentro.
Especificamente sobre a Federação dos Partidos Verdes das Américas, esta
teve a sua fundação no ano de 1998, na cidade de Ilhabela (estado de São Paulo) e
suas assembleias são realizadas anualmente, sendo formando pelos partidos verdes
da Argentina, Bolívia, Canadá, Chile, Colômbia, Estados Unidos, República
Dominicana, México, Peru e Venezuela, além dos partidos verdes da Guatemala e da
Nicarágua que participam como observadores (PARTIDO VERDE ESTADO DE SÃO
PAULO, 2016).
No Brasil, os verdes possuem um partido próprio (PV), nascido na
redemocratização, especificamente no ano de 1986, uniu diversos ambientalistas,
ativistas da defesa do meio-ambiente, ecologistas, artistas e antigos exilados políticos
(PARTIDO VERDE, 2021).
Ainda no aspecto nacional, o documento de fundação do movimento afirma-se
como construído sobre a Declaração da Reunião Global dos Verde no Rio em 1992
(GLOBAL VERDE, 2021).
Em continuidade, a Carta Verde da Terra prevê que os verdes – como cidadãos
do planeta, unidos pela consciência de todos dependem da vitalidade da Terra e
incumbidos da responsabilidade de entregar o planeta para próxima geração sem
mais danos e de forma melhorada, se possível (GLOBAL VERDE, 2001).
De outro turno, a Carta faz uma série de reconhecimentos eu dão um norte
político para organização e suas agremiações afiliadas:
Reconociendo que los modelos dominantes de producción humana y
consumo, basados en la dogma de crecimiento económico a cualquier costo
y en el uso excesivo y desperdicio de los recursos naturales sin considerar la
51

capacidad portante de la Tierra están causando deterioro extremo en el


ambiente y uma extinción maciza de especies.
Reconociendo que la injusticia, el racismo, la pobreza, la ignorancia, la
corrupción, el crimen y la violencia, el conflicto armado y la búsqueda de la
máxima ganancia en el más corto plazo posible están causando amplio
sufrimiento humano. (GLOBAL VERDE, 2001).

Como pode se observar, o modelo de crescimento econômico sustentável, o


combate ao racismo, o pacifismo, o combate à pobreza e a corrupção são
reconhecidos como partes nucleares do pensamento político da organização,
devendo ser replicado por todos os seus partidos políticos afiliados.
Nota-se também no texto, a condenação ao colonialismo e a exploração,
considerando, inclusive, que tais fatos históricos criaram uma espécie de dívida
ecológica com os países explorados (GLOBAL VERDE, 2001).
A Carta se preocupa em reconhecer a igualdade de gênero, os direitos das
pessoas indígenas, o valor da herança cultural, assim como os direitos de todas as
minorias e dos oprimidos em sua cultura, religião, vida econômica e cultural, além do
reconhecimento de que para o meio ambiente se é ignorados as fronteiras entre os
países (GLOBAL VERDE, 2001).
Acerca da definição de sustentabilidade, a Carta Verde da Terra se preocupa
em conceitua-la para a organização:
Resolvemos promover un concepto comprehensivo de Sostenibilidad, que:
 Proteja y restaure la integridad de los ecosistemas de la tierra, con especial
atención por la biodiversidad y los procesos naturales que soportan la vida.
 Reconozca la interrelación entre todos los procesos ecológicos, sociales
económicos.
 Balancee los intereses individuales con el bien común.
 Armonice la libertad con la responsabilidade.
 Acoja la diversidad dentro de la unidad.
 Reconcilie los objetivos de corto plazo con las metas de largo plazo.
 Asegure que las futuras generaciones tiene los mismos derechos de la
generación actual a los beneficios naturales y culturales.
(GLOBAL VERDE, 2001).

Por fim, o documento fundador da Global Verde (2001) compromete as


organizações políticas afiliadas no sentido de seguir todos os princípios tabulados na
Carta e de criar uma aliança global para alcançar o seu cumprimento e transformá-lo
em realidade.
52

3.8 ALIANÇA PROGRESSISTA

A Aliança Progressista é uma organização política, nascida em 2013, que visa


reunir os partidos políticos de caráter progressista, democrático, social-democrático,
socialista e trabalhista.

Queremos contribuir al establecimiento de un orden mundial de cooperación


que permita solucionar problemas y configurar el futuro conjuntamente.
Junto con movimientos sociales y obreros y los grupos de la sociedad civil
queremos configurar el futuro con el objetivo de promover la paz, la justicia,
la igualdad, incluida la igualdad de género, y la sostenibilidad a nivel global.
(ALIANÇA PROGRESSISTA, 2013).

A princípio, a organização busca o estabelecimento de uma ordem mundial de


cooperação entre as nações buscando a resolução de problemas e a construção de
um futuro em conjunto com os movimentos sociais e as organizações de
trabalhadores, além dos demais movimentos da sociedade civil organizada.
Das agremiações políticas brasileiras, apenas o PT e o PSB participam da
organização.

Figura 7 – Logomarca da Aliança Progressista

Fonte: Aliança Progressista (2021).

Em sua carta inaugural, os fundadores entenderam por bem deixar claro que
estavam decididos a defender ativamente o progresso contra inimigos autoritários e
reacionários, questionadores dos valores comuns e que representam, nos termos do
documento, o perigoso neoautoritarismo e o populismo de direita (ALIANÇA
PROGRESSISTA, 2013).
Acerca de seus princípios, a organização é fundada – conforme seu documento
fundador – na defesa: da democracia e suas instituições; dos direitos humanos e da
proibição da tortura; da justiça social; da globalização justa e com regras claras; da
tolerância e da diversidade; da igualdade de gênero; da divisão dos poderes e da
separação entre os interesses públicos e privados; da liberdade de imprensa; da
53

igualdade de oportunidades por meio da educação; pela luta aos grandes riscos atuais
da humanidade, em especial as catástrofes climáticas e as epidemias (ALIANÇA
PROGRESSISTA, 2013).
Estamos convencidos de que el siglo XXI será un siglo de progreso y
cooperación. La política internacional debe servir para prevenir conflictos y
conseguir la paz a partir del entendimiento, la solidaridad internacional y la
seguridad común, basada en la cooperación.
Nuestro objetivo es un mundo progresista y justo. Juntos perseguiremos este
objetivo como una fuerte alianza con amigos y socios en todo el mundo.
Nuestra idea de una sociedad libre, abierta, inclusiva y justa es sumamente
fuerte. (ALIANÇA PROGRESSISTA, 2013).

Como pode ser observado, a Aliança Progressista, desde sua fundação, aposta
na política internacional como forma de prevenir conflitos e alcançar a paz por meio
da solidariedade internacional e da segurança comum.
Sobre a sua atuação, a organização visa converter o Século XXI em um ciclo
de progresso democrático, social e ecológico e para alcançar tal objetivo a Aliança
estabeleceu uma série de passos:
Asegurar el intercambio de buenas prácticas con respecto al desarrollo del
partido, la organización, las campañas electorales, la realización de las
elecciones, el compromiso y el desarrollo político
Fortalecer la capacidad de partidos progresistas para realizar las campañas
electorales para que alrededor del mundo las fuerzas progresistas y nuestra
agenda ganen en las elecciones
Reforzar nuestras redes de líderes jóvenes y parlamentarios con el fin de que
las sucesivas generaciones de fuerzas progresistas contribuyan a la labor
actual de la red
Asegurar una mayor cooperación entre los líderes de los partidos políticos
progresistas del mundo de manera que para decisiones importantes se pueda
contar con un enfoque común y un pensamiento común por parte de la
dirección política de nuestra red
Establecer una red de partidos progresistas verdaderamente global, incluidos
partidos políticos en Norteamérica, América Latina, Europa, África, Asia,
Medio Oriente y el Pacífico para que nuestra red sea verdaderamente global
y refleje las necesidades de los países en desarrollo y lo países desarrollados,
y trabajando también con grupos de expertos e instituciones que ya ofrezcan
un nivel de coordinación global. (ALIANÇA PROGRESSISTA, 2013).

Nota-se então que o aspecto eleitoral é de grande importância para o alcance


dos objetivos elencados, já que dois cinco pontos, três envolvem campanhas
eleitorais, sendo os demais pontos referentes a integração.
De fato, a organização e o fortalecimento de campanhas eleitorais das
agremiações partidárias afiliadas (estabelecidas, logicamente, sob boas práticas) e a
integração de seus atores políticos pautados por objetivos em comum são pontos
chaves alcançar metas tão ambiciosas e para o desenvolvimento da própria
organização.
54

Já no âmbito interno, a Aliança criticou duramente a destituição da Presidenta


Dilma Rousseff do PT (partido integrante da organização), afirmando que os partidos
conservadores abusaram de um instrumento legítimo das democracias (no caso, o
impechment) para depor a Presidente eleita e anular o resultado das eleições de 2014
(ALIANÇA PROGRESSISTA, 2016).
Ainda sobre o processo de impedimento, a Aliança Progressista destacou que
“rechaça este processo parlamentar irregular e faz um chamamento pelo cumprimento
dos princípios democráticos e pela celebração de novas eleições com a maior
brevidade possível” (ALIANÇA PROGRESSISTA, 2016).
Posteriormente, a organização irá afirmar que, com a destituição da Presidenta,
houve uma quebra da normalidade constitucional:
La presidenta electa democráticamente Dilma Rouseff fue destituida de su
cargo en mayo de 2016 con justificaciones dudosas. Dicha destitución marcó
un quiebre de la normalidad democrática del país restablecida mediante la
Constitución de 1988. Con esta destitución se puso fin a un período de
transformaciones que promovieron la participación social en el proceso
político y redujeron las desigualdades sociales y económicas. Carente de
legitimidad, el posterior gobierno del ex vicepresidente Michel Temer aprobó
diversas reformas que causaron un retroceso social y económico enorme.
(ALIANÇA PROGRESSISTA, 2019).

Em sequência, a Aliança se manifestou solidária ao ex-Presidente Lula


(também do PT) que havia sido condenado em primeira instância pelo Judiciário
Brasileiro, afirmando que a argumentação e a motivação que fundamentaram a
sentença condenatória eram altamente questionáveis, alegando a parcialidade do Juiz
que a lavrou e a falta de provas que abonariam a condenação (ALIANÇA
PROGRESSISTA, 2017).
De outro turno, a organização defende que Lula foi condenado com objetivo de
privá-lo de participar do processo eleitoral – baseando as suas denuncias nas
mensagens vazadas da Operação que o condenou:
La reciente publicación de mensajes de chat hackeados de la fiscalía y el juez
competente puso de manifiesto la persecución penal contra el ex presidente
Lula, quien fue condenado sin que se le haya podido demostrar ninguna culpa
personal. La condena de Lula representa el punto más álgido hasta el
momento de un ataque al estado de derecho y a la democracia brasileña,
porque así se impidió la participación de Lula en las elecciones. Según las
encuestas de opinión, se ubicaba muy por encima de sus contrincantes
políticos. El escándalo de corrupción investigado por la unidad especial Lava
Jato fue instrumentalizado con fines políticos, para impedir un nuevo gobierno
dirigido por el Partido de los Trabajadores (PT). (ALIANÇA PROGRESSISTA,
2019).
55

Por fim, em 2019, a Aliança Progressista aduziu que todo este cenário de
violação dos princípios democráticos, somados a divulgação de notícias falsas, ajudou
a eleger Jair Bolsonaro como Presidente do Brasil (ALIANÇA PROGRESSISTA,
2019).
Neste sentido, a organização internacional teceu inúmeras críticas ao Governo
Bolsonaro, dentre elas, o seu afã de atacar as instituições democráticas
estabelecidas, a aplicação de políticas de austeridade fiscal, a reforma das leis
trabalhistas com redução de direitos e garantias dos trabalhadores e da sua política
ambiental para com a Floresta Amazônica (ALIANÇA PROGRESSISTA, 2019).

3.9 GRUPO DE MONTEVIDÉU

Trata-se de um grupo formado por treze países (México, Uruguai, França,


Reino Unido, Alemanha, Itália, Países Baixos, Portugal, Espanha, Suécia, Bolívia,
Costa Rica e Equador) mais a União Europeia, reunidos por conta da convocação dos
presidentes Tabaré Vázquez do Uruguai e Andrés López Obrador do México para
realização da Conferência Internacional sobre a Situação da Venezuela em 2019.
Tal Conferência pretendia utilizar-se da diplomacia para resolver o conflito
venezuelano, e por conta disto foi considerada uma espécie de contraposição ao
Grupo de Lima, que pretendia a utilização de métodos mais incisivos para retirada de
Nicolás Maduro do poder (FERNANDÉZ, 2019). Em decorrência, passou a ser
conhecida como Grupo de Montevidéu.
Por certo, apesar de ser compostas por Estados e não por partidos políticos,
mas cabe referência na pesquisa, por uma série de motivos, dos quais os principais
são: a) representar um posicionamento à esquerda daquele formulado pelo Grupo de
Lima; b) por envolver uma busca para conflito que atinge de forma direta ou indireta
toda a América Latina e o Caribe; e c) por representar uma solução defendida pela
maior parte dos líderes da esquerda latino-americana.
Do encontro, surgiu o Mecanismo de Montevidéu, dispositivo de diálogo que
objetiva resolver a questão venezuelana por meio da diplomacia.
Os governos do México e do Uruguai, e a CARICOM*, em resposta ao apelo
do Secretário Geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, concordam que a
única maneira de abordar a complexa situação que prevalece na Venezuela
é o diálogo para a negociação, desde uma perspectiva de respeito ao direito
internacional e aos direitos humanos. A posição histórica de nossos países
tem sido e sempre será privilegiar a diplomacia sobre outras alternativas, pois
56

só assim a paz e a estabilidade podem ser alcançadas de maneira


sustentável, legítima e efetiva.
Para isso, propomos o Mecanismo de Montevidéu com base em nosso
legítimo interesse e disposição de ajudar o povo venezuelano e os atores
envolvidos a encontrar uma solução para suas diferenças. Esta iniciativa é
disponibilizada às partes como uma alternativa pacífica e democrática que
privilegia o diálogo e a paz, para promover as condições necessárias para
uma solução integral, abrangente e duradoura. (Traduzido por BRITO, 2019).

Com foco na diplomacia e em formas conciliatórias para a mediação do conflito


venezuelano, o Mecanismo prevê a aproximação das partes litigiosas, orientando-se
sempre pelos princípios da não intervenção nos assuntos internos dos países, pela
igualdade jurídica dos países e pelo respeito aos direitos humanos (Traduzido por
BRITO, 2019).
Em continuidade, foram estabelecidas quatro fases para mediação e resolução
pacífica do conflito:
1. Diálogo Imediato: Geração de condições para o contato direto entre os
atores envolvidos, sob a proteção de um ambiente de segurança.
2. Negociação: Apresentação estratégica dos resultados da fase de diálogo
para as contrapartes, procurando pontos em comum e áreas de oportunidade
para a flexibilização de cargos e identificação de potenciais acordos.
3. Compromissos: Construção e subscrição de acordos com base nos
resultados da fase de negociação, com características e prazos previamente
estabelecidos.
4. Implementação: Materialização dos compromissos assumidos na fase
anterior, com acompanhamento internacional. (Traduzido por BRITO, 2019).

O Mecanismo de Montevidéu permanece vigente – apesar da declaração do


novo Presidente do Uruguai, Luis Alberto Lacalle Pou, de abandonar o mecanismo de
diálogo e defender medidas mais duras a Maduro (BARQUET; FERNÁNDEZ, 2019) e
da perduração do conflito e do agravamento da crise humanitária.

3.10 GRUPO DE PUEBLA

O Grupo de Puebla, por sua vez, é um fórum/espaço – que visa ter um alcance
global – de discussão e articulação política surgida em 2019 na cidade mexicana de
Puebla.
Como o Grupo de Montevidéu, não reúne agremiações partidárias e sim atores
políticos da América Ibérica e da Espanha, são membros fundadores e participam
deste espaço de discussão alguns brasileiros integrantes do PT, sendo eles: Lula da
Silva e Dilma Rousseff (ex-Presidentes da República); Aloizio Mercadante, Celso
Amorim e Fernando Haddad (ex- Ministros de Estado).
57

O símbolo gráfico que representa este novo espaço de discussão é formado


por tiras nas cores amarelo, azul, rosa e roxo, desprendendo da cor vermelha que
normalmente aparecem nas logomarcas das organizações de esquerda, transmitindo
um ar de modernidade.

Figura 8 – Logomarca do Grupo de Puebla

Fonte: Grupo de Puebla (2021).

Adiante, com a Grupo de Puebla foi proposto a formulação de um manifesto,


denominado Manifesto Progressista do Grupo de Puebla.
No manifesto é evidenciado a crítica do movimento ao modelo neoliberal,
culpando-o pela ascensão da extrema-direita na região:
O modelo neoliberal, apoiado no financiamento do capital, promove a
desigualdade extrema e a precariedade do mercado de trabalho, enfraquece
o Estado de bem-estar e a democracia, solapa os direitos sociais, ameaça o
meio ambiente, conduz a crises econômicas recorrentes e tornou o
crescimento sustentável e a justiça social incompatíveis. Seu esgotamento e
a consequente crise econômica e social gerou um crescimento da extrema
direita em várias latitudes, o que coloca em risco as democracias, mesmo em
países com uma trajetória democrática significativa. Este modelo
incompatível com a vida deve ser substituído por outro que reivindique a
solidariedade, a justiça e formas substantivas de democracia. Precisamos
com urgência de um novo rumo para os povos da América Latina, Caribe e
Ibero-América. (GRUPO DE PUEBLA, 2021).

O manifesto elenca, ao todo, trinta e três pontos de proposta para um novo


desenvolvimento regional, passando pela instituição de um novo modelo solidário de
desenvolvimento econômico composto pelo refinanciamento das dívidas públicas,
estimulação da responsabilidade social do mercado, revendo privatizações,
promovendo a justiça fiscal, combatendo a pobreza e enfrentando as desigualdades,
estabelecendo uma renda básica universal e um sistema de saúde público, além da
implementação de uma nova economia verde e da promoção da cidadania (GRUPO
DE PUEBLA, 2021).
É reforçado no manifesto o combate à corrupção, ao racismo estrutural e todas
as demais formas de discriminação, às guerras híbridas e às guerras jurídicas
(lawfare), e a promoção das defesas aos Estados de Cuba, Nicarágua e Venezuela
58

contra a ingerência e as agressões de potências econômicas ou terceiros estados e a


preservação da paz (GRUPO DE PUEBLA, 2021).
Por fim, outro ponto estrutural do manifesto é a promoção da integração entre
os países da América Latina e do Caribe através do respeito à soberania, além de
fazer uma veemente defesa à reforma do Sistema da Nações Unidas, com vistas a
fortalecer o multilateralismo e a multipolaridade (GRUPO DE PUEBLA, 2021).
Nosso dever, como progressistas, consiste em ler, entender e compreender
a vigorosa, ainda que dolorosa mensagem de parar, refletir e seguir em frente
que nos deixa a pandemia. Somos instados a trabalhar em um projeto político
que comova e convença os sobreviventes do velho modelo de que ainda
existem na América Latina e no Caribe utopias alternativas possíveis. A
utopia possível que hoje nos reúne é a construção do novo ser progressista
latino-americano: mais solidário no social, mais produtivo no econômico, mais
participativo no político, mais pacífico com a natureza, e, acima de tudo, mais
orgulhoso do seu estatuto de cidadã e cidadão da América Latina e do Caribe.
(GRUPO DE PUEBLA, 2021).

Neste espaço foi gestado a criação de um espaço de debates exclusivos para


parlamentares e legisladores denominado Grupo Parlamentar Progressista Ibero-
americano do Grupo de Puebla.
Na Declaração Constitutiva do Grupo Parlamentar Progressista Ibero-
americano do Grupo de Puebla afirma-se que o objetivo da criação pelo Grupo de
Puebla de um fórum anexo é ampliar o debate no âmbito político entre os legisladores
de parlamentares progressistas (GRUPO DE PUEBLA, 2020).
A Declaração Constitutiva do Grupo Parlamentar Progressista Ibero-americano
do Grupo de Puebla determina que poderão fazer parte deste espaço os legisladores
em exercício de mandato no número de quatro por país, respeitados a paridade de
gênero e a representação em todas as instâncias – senadores, deputados nos níveis
federal e estadual, além dos parlamentares do Parlamento do MERCOSUL (GRUPO
DE PUEBLA, 2020).
São estabelecidos os seguintes princípios como norteadores da nova
organização: da integração e cooperação entre os países membros com respeitos a
soberania, autodeterminação, crescimento e bem-estar de seus povos; da defesa das
instituições democráticas, dos direitos humanos e o aprofundamento da participação
social como forma de evitar a instalação de novos regimes civil-militares, de caráter
autoritário e fascista; da promoção do protagonismo do Estado em relação ao
desenvolvimento econômico e como garantidor do bem-estar comum, dos direitos
humanos, da educação e da saúde pública, da igualdade de gênero, da proteção
59

social, da prestação dos serviços básicos e da proteção dos serviços básicos; de


políticas de combate à pobreza, desigualdade e de soberania alimentar e ambiental;
da reforma do sistema tributário para que seja mais equitativo e progressivo; da
soberania nacional e autodeterminação dos povos contra interesses regionais e
ameaças transnacionais como intervenções de potencias estrangeiras, do crime
organizado e de evasões fiscais (GRUPO DE PUEBLA, 2020).
60

CONCLUSÃO

Conforme argumentado inicialmente, os partidos políticos brasileiros sofrem de


uma grande crise de representação, tal crise vem se estendendo pelo decorrer dos
anos e, a cada eleição que passa, a população se vê menos representadas por seus
agentes políticos e consequentemente pelas suas afiliações partidárias.
Paralelo a este problema, mistificou-se nas bases eleitorais as organizações
ideológicas internacionais, correlacionando os problemas internos das agremiações
nacionais com suas afiliações internacionais – em especial, no que se refere aos
partidos de esquerda.
Verificou-se, inclusive, que dos treze partidos considerados de esquerda pelo
presente trabalho, nove possuem algum tipo de afiliação à alguma organização ou
fórum de debate internacional.
Mas quais são os partidos políticos que estão situados no campo da esquerda
no Brasil? Tal questionamento foi de suma importância para o desenvolvimento do
trabalho.
Para isto, foi necessário conceituar e diferenciar os campos ideológicos da
direita e da esquerda – considerado, obviamente, o contexto interno brasileiro. Sendo
assim, a diferenciação se dá na questão de que para a esquerda, o combate às
desigualdades em todos os seus aspectos é algo basilar em seu discurso e em suas
ações, enquanto para a direita, a igualdade jurídica aplicada na sociedade basta por
si só.
Os aspectos históricos também foram relevantes para a classificação dos
campos políticos, haja vista que este contexto e as características internas do país
influenciam no posicionamento político-ideológicos dos partidos políticos.
Como demonstrado, os partidos políticos no Brasil nasceram, de fato, com a
Independência (1822), mais especificamente após o ano de 1837, com a ascensão
dos Partidos Conservador e Liberal que alternaram com os Progressistas os
Gabinetes nos tempos do Império do Brasil.
Com a Proclamação da República em 1889 inicia-se o Regime Oligárquico,
período este em que o Governo do Brasil era revezado pelas grandes oligarquias
regionais, em sua maioria os cafeicultores de São Paulo e os pecuaristas de Minas
Gerais.
61

Apesar do início da República, o período é marcado pela existência dos


partidos políticos regionais que representavam apenas os interesses dos grupos
políticos estaduais, entretanto, apesar da regionalização, surgiram neste período duas
agremiações de caráter nacional de suma importância para a história do Brasil, quais
sejam, o PCB e a AIB.
Com a égide do Estado Novo, todos os partidos políticos existentes há época
foram extintos.
Pegando principalmente a fase da democracia liberal (1945-1964), é possível
perceber que, com a queda do Estado Novo, a disputa eleitoral concentrou-se em três
grandes agremiações, duas delas fundadas pelo próprio Vargas, onde os atores
políticos mais à esquerda ingressaram no PTB (posteriormente, teve suas fileiras
engrossadas pelo políticos oriundos do PCB, já que esta agremiação havia sido
extinta logo após a queda do Estado Novo) enquanto que os mais a direita
ingressaram no PSD. Os políticos essencialmente anti-varguismo fundaram o seu
próprio partido, a UDN.
Com o Golpe de 64 e o fim do pluripartidarismo, fica evidente que os agentes
políticos da esquerda migraram para agremiação criada para representar no teatro
político (literalmente falando) a oposição, qual seja, o MDB. Já os que eram coniventes
com o Regime Militar ingressaram na ARENA, partido criado para representar o
partido governista.
Seguindo a linha histórica e os posicionamentos ideológicos definidos
anteriormente, fica mais claro posicionar os partidos políticos no campo ideológico.
Evidentemente, aqueles que nasceram das dissidências do antigo MDB e que tinham
ligação com os partidos de esquerda extintos pelo Golpe Militar como o PTB e o PSB
– ou até mesmo extintos antes, como é o caso do PCB – tenderiam mais à esquerda,
tais como PDT, PCdoB e PPS (atual Cidadania) e as suas respectivas refundações
(PTB, PSB e PCB).
Após a Redemocratização (1985), surgiram novos partidos políticos
representando novos seguimentos da sociedade. Especificamente no campo da
esquerda, o movimento sindical organizado somados a intelectuais de esquerda e ao
baixo clero católico fundaram o PT e o movimento ambientalista organizado somados
à exilados políticos de esquerda fundaram o PV.
Contemporaneamente, cisões em partidos mais antigos originaram partidos de
esquerda novos, a constar, do PT surgiram o PSTU, o PCO e o PSOL, do movimento
62

de sustentabilidade surgiu a REDE e do movimento da esquerda radical cindido


nasceu a UP.
Definido quem integra o campo, retornamos ao tema central.
De fato, os partidos da esquerda brasileira afiliam-se à diversas organizações
e movimentos políticos supranacionais, tanto a nível regional como o Foro de São
Paulo e a Conferência Permanente de Partidos Políticos da América Latina e do
Caribe com alcance limitado à América Latina e o Caribe ou o Grupo de Puebla que
além abranger estas regiões engloba também a península Ibérica – situada na
Europa, ou a nível internacional como a Global Verde, a Aliança Progressista ou o
Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários.
No que se refere aos organismos e espaços de debates regionais que
envolvem o Brasil, há de se perceber que a temática da soberania e da
autodeterminação dos povos é questão recorrente nas diretrizes, estatutos e
manifestos formulados alianças citadas.
Dado também a clivagem no campo de esquerda, tema recorrente é a crítica
ao neoliberalismo e às políticas de austeridade fiscal, sendo por vezes argumentado
que as suas aplicações resultam apenas no aumento da desigualdade e não resolve
as questões econômicas.
Há de se apontar que, por vezes, as organizações internacionais são reflexos
das agremiações partidárias afiliadas, neste sentido, partidos revolucionários (em sua
totalidade Comunistas, divididos em uma infinidade de correntes) estarão afiliados à
organizações internacionais revolucionárias, partidos reformistas (como os
Socialistas, os Sociais-Democratas e os Trabalhistas) serão afiliados a organizações
internacionais de caráter reformista.
É possível classificar a Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta
Internacional e o Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários como
organismos que representam este segmento da esquerda mais radical e
revolucionária.
Já os organismos que podem ser considerados como reformistas, ou seja,
adeptos da manutenção do sistema capitalista e favoráveis às reformas estruturais,
são as seguintes organizações: Internacional Socialista, Conferência Permanente de
Partidos Políticos da América Latina, Foro de São Paulo, Fórum Social Mundial, Global
Verde, Aliança Progressista e o Grupo de Puebla.
63

Reflexos dos acontecimentos na história influenciam também na formação de


novas organizações. Neste caso, podemos apontar a Crise Venezuela como um
grande divisor, já que pegando apenas o cenário nacional, algumas agremiações
partidárias decidiram por se afastar de suas afiliações internacionais devido ao
posicionamento do fórum acerca da questão.
Noutro turno, é possível classifica-las em relação a sua forma: algumas
assumem o tomo de conferências e fórum de discussão onde, periodicamente,
reúnem-se para discutir e construir ideias e projetos, como o Encontro Internacional
de Partidos Comunistas e Operários e a Conferência Permanente de Partidos
Políticos da América Latina; outros assumem a forma de uma organização, nomeando
cargos (como a Aliança Progressista que elege um Coordenador a cada dois anos),
instituindo órgãos internos e divisões federativas – que costumam ter um caráter
regional (caso da Global Verde e do Foro de São Paulo, que possuem divisões com
caráter geográfica, aquela se dividindo conforme os continentes, esta dividindo-se
com relação as subdivisões da América Latina).
No entanto, não são todas as organizações que se manifestam acerca dos
acontecimentos internos do Brasil, sejam pelo seu caráter internacionalista (como
algumas organizações revolucionárias) ou por simplesmente não fazer parte dos
objetos de análise constituídos da organização.
Outras, tomam o Brasil como centro dos seus debates, como por exemplo a
Aliança Progressista que emitiu algumas declarações sobre os episódios da política
recente, ou o próprio Foro de São Paulo, nascido dentro do país e por convocação de
um partido político nacional.
Por outro lado, curioso é o caso do Grupo Puebla, pois em questão ao seu
formato muito se assemelha ao Foro de São Paulo, no entanto, suas reuniões são
mais restritas e seus membros são pessoas físicas e não organizações sociais ou
partidos políticos.
Fora analisado também o Grupo de Montevidéu que, apesar de ser uma
organização formada por Estados soberanos, a sua criação se deu para resolução
pacífica do conflito venezuelano, que impacta a maioria das organizações e fóruns
citados no trabalho, em especial, aquelas formadas com o objetivo de abranger a
região da América Latina.
64

De outro ângulo, a própria existência deste diálogo iniciado em Montevidéu


deu-se em contraposição a existência do Grupo de Lima, organismo que previa
medidas mais drásticas para resolução da questão venezuelana.
Atualmente, boa parte dos eventos organizações pelas agremiações
internacionais não podem ser realizados presencialmente, em decorrência da
Pandemia do Covid-19, no entanto, todos os organismos citados continuam ativos e
operantes na sua busca pela melhor articulação entre os partidos progressistas do
globo.
65

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66

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