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Janeiro de 2019
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Equipe Técnica:
Dúvidas e Comentários:
cemec@fipe.org.br
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INDICE
Sumário
Sumário Executivo: ....................................................................................................................... 4
1. Queda do saldo de recursos captados no mercado doméstico responde por 75% da
redução do coeficiente de endividamento das empresas brasileiras entre 2015 e 2018 em
relação ao PIB. .............................................................................................................................. 5
2. Em 2017 e 2018 mercado de dívida corporativa é a principal fonte doméstica de
financiamento das empresas ....................................................................................................... 9
3. Novo posicionamento do BNDES e competividade das taxas de juros de títulos de dívida
corporativa são os principais fatores do aumento de participação desses títulos no
financiamento das empresas ..................................................................................................... 11
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Sumário Executivo:
4
1. Queda do saldo de recursos captados no mercado doméstico responde por 75% da
redução do coeficiente de endividamento das empresas brasileiras entre 2015 e
2018 em relação ao PIB.
A evolução recente da dívida financeira das empresas não financeiras brasileiras calculada como
porcentagem do PIB é apresentada no Gráfico 01:
GRÁFICO 01
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Essa queda do saldo de operações do mercado externo como porcentual do PIB não reflete queda da
dívida externa das empresas não financeiras, que aliás aumentou 5,9%, de US$ 321,2,4 bilhões para US$
340,4 bilhões, mas resulta de um aumento de 15,8% do PIB nominal contra uma queda de 1,1% da taxa
de cambio R$ 3,9048 para R$ 3,8633 entre dezembro de 2015 e novembro de 2018.
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75% da queda do coeficiente de endividamento total em relação ao PIB, de 10,8 p.p. (de
59,9% para 49,1% do PIB) ocorreu no saldo da dívida tomada no mercado doméstico,
equivalente a 8,0p.p. do PIB (de 38,6% para 30,6% do PIB):
a. redução de 5,1 p.p. do coeficiente do saldo de crédito direcionado;
b. redução de 2,9 p.p. do coeficiente do saldo de crédito de recursos livres;
c. o coeficiente do saldo de dívida tomada no mercado de capitais se manteve
constante em 9,7%.
GRÁFICO 02
Verifica-se que a maior parcela do exigível financeiro das empresas não financeiras brasileiras é
representada pelos recursos externos, atingindo 37,7%, resultado da soma do saldo de
empréstimos intercompanhias (25,6%) com a parcela de dívida registrada (12,1%). Segue-se a
participação de crédito de recursos livres (24,0%), saldo de dívida corporativa (19,8%) e crédito
direcionado (17,5%). É notável o aumento da exposição ao risco cambial das empresas não
financeiras brasileiras desde 2010, como evidenciado no Gráfico 03.
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GRÁFICO 03
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V. Bruno Nepomuceno - O TRATAMENTO DOS JUROS NAS OPERAÇÕES FINANCEIRAS
INTERCOMPANY E O CONTROLE DOS PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA E DAS REGRAS DE
SUBCAPITALIZAÇÃO – Revista de Direito Internacional Econômico e Tributário - RDIET – jul-dez 2017.
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diferença entre a tributação dos lucros por IRPJ e CSLL (34%) e o imposto de renda de
remessa de juros de 15%.
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2. Em 2017 e 2018 mercado de dívida corporativa é a principal fonte doméstica de
financiamento das empresas
GRÁFICO 04
A crescente utilização de emissões de dívida corporativa3 por parte das empresas não
financeiras a partir de 2016 transformou o mercado de capitais na principal fonte doméstica de
financiamento dessas empresas.
Com efeito, fluxo líquido de novas operações de financiamento feitas pelas empresas não
financeiras no mercado doméstico, calculado pela diferença de saldos entre 2016, 2017 e 2018
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Principalmente debentures, notas promissórias, CRIs, CRIs, FIDCs.
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mostra que em 2017 e 2018 o mercado de dívida corporativa foi a principal fonte de
financiamento das empresas.
Como se vê na Tabela 01, em 2017 o fluxo líquido de operações com títulos de dívida corporativa
foi positivo no valor de R$ 62,1 bi, que se contrapõe a uma forte redução do saldo das operações
de crédito bancário direcionado e de recursos livres, num total de R$ 104,2 bi, do que resultou
um fluxo total negativo de R$ 42,1 bi naquele ano.
TABELA 01
Em R$ bilhões
Dez17- Nov18-
Fontes de Recursos dez-16 dez-17 nov-18
Dez16 Dez17
Títulos de Dívida
522,6 584,7 62,1 663,8 79,1
Corporativa
Crédito Bancário - Recursos
786,0 767,6 -18,4 807,5 39,9
livres
Crédito Bancário - BNDES 552,3 486,9 -65,5 442,5 -44,3
Crédito Bancário - Outros
207,4 187,1 -20,3 180,8 -6,3
Direcionados
Subtotal Crédito Bancário 1.545,7 1.441,6 - 104,2 1.430,8 -10,8
Fluxo Total Anual -42,1 +68,3
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3. Novo posicionamento do BNDES e competividade das taxas de juros de títulos de
dívida corporativa são os principais fatores do aumento de participação desses
títulos no financiamento das empresas
O Gráfico 05 resume a evolução das taxas de juros de várias fontes de recursos domésticos nos
últimos anos, cujo desempenho certamente explica a forte migração das empresas não
financeiras para o mercado de dívida corporativa. Ao mesmo tempo, análise do desempenho
recente dessas taxas de juros fornece algumas indicações da ocorrência de aumento de
competição no mercado de financiamento especialmente para as empresas de menor risco e
com acesso ao mercado de capitais.
As taxas médias de juros das debentures tem se mantido em níveis não muito distantes da
metade das taxas médias de juros do crédito bancário para pessoas jurídicas. Na comparação
com a Taxa Preferencial Brasileira (TPB)4 verifica-se que desde 2015 até fins de 2018, a taxa
média nominal das debentures5 cai praticamente à metade, reforçando a vantagem de custo de
utilização desse instrumento mesmo para as empresas que conseguem obter as melhores taxas
de crédito bancário. Por sua vez, a redução mais acentuada a TPB no final do período para níveis
praticamente idênticos aos das debentures, após permanecer durante vários em níveis mais
levados, pode sugerir uma reação da política de juros dos bancos para melhor enfrentar a
competição desses papeis nesse segmento de empresas.
Na comparação com as condições oferecidas pelo BNDES, combina-se a forte queda da taxa de
juros das debentures com a progressiva elevação das taxas médias das operações desse banco,
resultado da mudança da TJLP para a TLP e da mudança de sua política operacional. É
interessante notar que as taxas médias das debentures permaneceram em nível equivalente ou
inferior às taxas médias do BNDES ao longo de 2017 e até os primeiros meses de 2018, período
em que algumas empresas passaram a utilizar recursos captados com debentures para financiar
amortização antecipada de operações do BNDES. Coincidentemente, logo adiante nota-se
acentuada queda das taxas médias do BNDES como um possível resultado do novo ambiente
competitivo nesse mercado.
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Taxa de juros cobrada pelos bancos das empresas de menor risco apurada pelo BACEN
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Estimativas do CEMEC com base nas cotações do mercado secundário, fonte ANBIMA.
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GRÁFICO 05
As taxas médias de juros de emissão das notas promissórias apresentam queda semelhante à
observada nas taxas de juros das debentures, como indicado no Gráfico 06.
GRÁFICO 06
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