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ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS NÁUTICAS

Departamento de Rádio
Curso de Licenciatura em Engenharia Electrónica e de Telecomunicações

Materiais Isolantes de Corrente Eléctrica


(Propriedades e suas Aplicações)

Célsio Assane
Cleiton Zandamela
Dulamo Henriques Matsinhe
Didier Juma
Edmilson Rui Chaúque
Helder de Jesus
José André Magubisse

Maputo,
18 de Janeiro de 2021
ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS NÁUTICAS
Departamento de Rádio
Curso de Licenciatura em Engenharia Electrónica e de Telecomunicações

Máquinas Eléctricas

Materiais Isolantes de Corrente Eléctrica


(Propriedades e suas Aplicações)

Discentes: Docente:

Célsio Assane Engº Zefanias Mabote


Cleiton Zandamela
Dulamo Henriques Matsinhe
Didier Juma
Edmilson Rui Chaúque
Helder de Jesus
José André Magubisse

Maputo,
18 de Janeiro de 2021
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 2
1.1. Objectivos do Trabalho ..................................................................................... 2
1.2. Metodologia de Trabalho .................................................................................. 2
1.2.1. 1ª Fase: Delimitação e contextualização do Tema ..................................... 3
1. 2.2. 2ª Fase: Análise e discussão da informação ............................................. 3
1.2.3. 3ª Fase: Compilação do trabalho ................................................................ 3
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................... 4
2.1. Materiais Isolantes de Corrente Eléctrica .......................................................... 4
2.2. Materiais isolantes de uso industrial mais frequente ......................................... 5
2.3. Classificação dos Isolantes ............................................................................... 6
2.3.1. Isolantes gasosos: ...................................................................................... 6
2.3.2 Isolantes Sólidos .......................................................................................... 7
2.3.2.1. Isolantes Fibrosos ................................................................................ 7
2.3.2.2. Papel .................................................................................................... 7
2.3.2.3. Fibras Sintéticas ................................................................................... 8
2.3.2.4. Cerâmicas ............................................................................................ 8
2.3.2.5. Vidro ..................................................................................................... 8
2.3.2.6. Tintas e Vernizes ................................................................................ 10
2.3.2.6.1. Vernizes de impregnação ............................................................. 10
2.3.2.6.2. Vernizes de recobrimento:............................................................ 11
2.3.2.6.3. Vernizes de colagem: ................................................................... 11
2.3.2.7. Borrachas ........................................................................................... 12
2.4. Aplicação de Materiais Isolantes ..................................................................... 13
2.4.1. Cabos e linhas de transmissão: ................................................................ 13
2.4.2. Sistemas Electrónicos:.............................................................................. 13
2.4.3. Sistemas de energia: ................................................................................ 13
2.4.4. Aparelhos portáteis domésticos: ............................................................... 14
2.4.5. Fita Isolante de Cabo Eléctrico: ................................................................ 14
2.4.6. Equipamento e Protecção Pessoal: .......................................................... 14
2.4.7. Tapetes de borracha eléctrica: ................................................................. 14
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 15
4. BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................ 16
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho enquadra-se na disciplina de Máquinas Eléctricas, desenvolvido
na perspectiva de compreender matérias isolantes de corrente eléctrica. São
chamados isolantes os materiais de baixa condutividade que apresentam os electrões
de valência rigidamente ligados aos seus átomos, dificultando a passagem de corrente
eléctrica. Tais materiais têm a propriedade da alta rigidez dieléctrica e por isso, são
também chamados materiais dieléctricos.

O papel dos dieléctricos é muito importante e tem como aspectos principais o


isolamento entre condutores, entre estes e a massa ou a terra, ou, ainda, entre eles e
qualquer outra massa metálica existente na sua vizinhança. Estes materiais são
classificados em: isolantes líquidos, isolantes gasosos, isolantes sólidos e isolantes
pastosos e ceras. Sendo também importantes na construção de máquinas e aparelhos
eléctricos, cuja temperatura é limitada não pelos materiais condutores ou magnéticos
(que são metálicos) e sim pelos isolantes.

1.1. Objectivos do Trabalho


1.1.1. Objectivo Geral
• Compreender os materiais isolantes da corrente eléctrica

1.1.2. Objectivos Específicos


1. Identificar as propriedades dos materiais isolantes da corrente eléctrica;
2. Descrever as aplicações de materiais isolantes da corrente eléctrica;

1.2. Metodologia de Trabalho


Esta secção é de extrema importância, pois “é na metodologia que se descreve e se
explica os métodos que foram aplicados ao longo do trabalho, de forma a sistematizar
os procedimentos adoptados durante as várias etapas, procurando garantir a validade
e a fidelidade dos resultados”.

Por outro lado, metodologia na visão de GIL (2008, p.15), “os métodos de recolha de
informação têm por objectivo proporcionar ao investigador os meios técnicos para
garantir a objectividade e a precisão. […] Mais especificamente, visam fornecer a
orientação necessária à realização da pesquisa, sobretudo no referente à obtenção,
processamento e validação dos dados pertinentes à problemática que está a ser
investigada”.

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GIL (1999) define Metodologia como sendo “o método ou conjunto de procedimentos
intelectuais e técnicos adoptados para atingir um determinado propósito ou
conhecimento.” Para o autor existem três (3) tipos de pesquisa quanto aos objectivos
nomeadamente: exploratória, descritiva e explicativa. Sendo assim, o presente
trabalho caracteriza-se com a pesquisa exploratória de modo a proporcionar maior
aprofundamento do tema com vista a torna-o explícito. Nele contem levantamento
bibliográfico; análise de exemplos que estimulem a compreensão assume em geral,
as formas de Pesquisas bibliográfica, documental e virtual. Para a materialização
deste trabalho a metodologia usada seguiu três (3) fases distintas nomeadamente:

1.2.1. 1ª Fase: Delimitação e contextualização do Tema


Esta fase consistiu na identificação e leitura de obras literárias e documentos que
foram de grande relevância para a delimitação do tema e recolha de informação para
a elaboração do trabalho. Baseou-se em duas (2) técnicas nomeadamente:

a) Pesquisa bibliográfica – GIL (1999) considera pesquisa bibliográfica quando


“elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros,
artigos periódicos e actualmente com material disponibilizado na Internet.” Esta
técnica consistiu na recolha de informação em diversas obras literárias de autores que
versam sobre o tema em estudo.
b) Consulta virtual – A pesquisa virtual é realizada através de um dispositivo com
acesso a internet onde através de ferramentas de busca (como o Google académico)
é realizada a pesquisa de informações sobre materiais isolantes da corrente eléctrica.

1. 2.2. 2ª Fase: Análise e discussão da informação


Após a delimitação e contextualização do tema, passou-se para a fase de análise e
discussão da informação, onde se apresentou métodos que foram úteis para a
realização do trabalho como forma de dar sentido e coerência.

1.2.3. 3ª Fase: Compilação do trabalho


Feita a análise e confrontação dos dados obtidos na pesquisa bibliográfica,
documental e virtual. Nos estudos de caso fez-se a compilação e digitalização, ou
seja, a redacção do trabalho com base no Microsoft Word, este que constitui o pacote
informático de processamento de texto. Neste ponto apresentaram-se os dados
obtidos em forma de texto.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Materiais Isolantes de Corrente Eléctrica


São materiais que apresentam alta resistência a passagem de corrente eléctrica. Os
materiais desse tipo possuem uma ausência de electrões livres em uma determinada
temperatura e estes resistem ao fluxo de corrente eléctrica. Isso quer dizer que a
electricidade tende a não percorrer no interior desse material.

Eles são também chamados de dieléctricos. A função do material isolante é separar o


condutor eléctrico e fazer com que a electricidade percorra somente onde deve
percorrer, sem escapar para outros lugares desnecessários.

Figura 1: Exemplos de Matérias isolantes

Um exemplo simples de entender essa ideia é o do fio eléctrico. O fio eléctrico tem
seu interior feito geralmente de cobre ou algum outro metal que são óptimos
condutores eléctricos e revestido com um material isolante para que a electricidade
percorra somente dentro do fio e não cause acidentes ou fugas de energia eléctrica
em vão.

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Além dos fios e cabos, o isolamento eléctrico também é usado em sistemas de
energia. Por exemplo, pequenos transformadores, motores eléctricos e geradores de
energia possuem um isolamento das bobinas de arame por meio de verniz polimérico.

Há também a fita isolante de fibra de vidro que é usada como um separador de bobina
de enrolamento. Abaixo, estão listados os materiais isolantes mais conhecidos e
utilizados: Borracha; Madeira; Plástico; Cerâmica; Vidro; Silicone; Verniz; Papel;
Resina; PVC; Óleo; Água pura desionizada; Teflon; Polietileno.

O material isolante mais significativo é o ar. Além disso, os isolados sólidos, líquidos
e gasosos também são usados em sistemas eléctricos. A madeira seca contém uma
alta resistência, mas quando molhada com água, sua resistência cai e pode permitir a
electricidade. O mesmo é aplicável à pele humana. Quando a pele está seca, ela tem
uma alta resistência à corrente eléctrica, mas quando está húmida, há uma queda
na resistência.

2.2. Materiais isolantes de uso industrial mais frequente


Conforme a aplicação, alguns isolantes apresentam, em certos casos, nítida
superioridade sobre outros, sendo inteiramente inadequados em casos diferentes. O
exemplo da porcelana é típico: sendo material excelente para isolamento de linhas
aéreas, pelas suas propriedades dieléctricas, químicas e mecânicas, é inteiramente
inadequada para isolação de cabos, pela falta de flexibilidade.

A borracha apresenta excelentes qualidades químicas, mecânicas e eléctricas, de


modo que é geralmente utilizada nos fios e cabos, mas não é completamente a prova
de água, não resiste a temperaturas elevadas, é atacável pelos óleos e por alguns
gases como o ozónio.

O facto de um material apresentar propriedades eléctricas muito superiores a outros


(alta rigidez dieléctrica, alta resistividade, baixas perdas) não é suficiente para

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determinar o seu emprego se as qualidades mencionadas não forem acompanhadas
de propriedades químicas e mecânicas adequadas.

2.3. Classificação dos Isolantes


2.3.1. Isolantes gasosos:
Ar, amplamente utilizado como isolante em redes eléctricas de transmissão e
distribuição. É o isolante de maior uso geral. Seu valor de RD (Rigidez Dieléctrica)
varia acentuadamente com as condições de umidade, impurezas e temperatura. Seu
valor a seco e limpo, a 20° C, é de 45kV/mm; decresce, entretanto, rapidamente, a
3kV/mm, sob acção da humidade, de contaminações provenientes de poluição, da
pressão atmosférica e da temperatura, factores normais no ambiente externo e,
consequentemente, esse valor precisa ser considerado nos projectos de redes
aéreas.
O afastamento entre condutores não é, porém, apenas função das características
eléctricas, mas também das características mecânicas e de agentes, tais como ventos
e outros, que vão determinar, em conjunto, a menor distância entre dois cabos.

Figura 2:Disjuntora câmara de extinção de arco a ar ou vácuo.

Hexafluoreto de enxofre (SF6) – usado em isolamentos de cabos subterrâneos e


disjuntores de alta potência (subestações); Sua RD é 2,5 vezes melhor que a do ar.

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Figura 3

2.3.2 Isolantes Sólidos


2.3.2.1. Isolantes Fibrosos
Fibras isolantes podem ser orgânicas ou inorgânicas. As orgânicas mais encontradas
são a celulose, o papel, o algodão, a seda e outras fibras sintéticas ou naturais. Já as
inorgânicas são representadas sobretudo pelo amianto e fibra de vidro.

2.3.2.2. Papel
A matéria-prima básica do papel é a celulose. É muito frequente até os dias actuais
seu uso para finalidades eléctricas, sobretudo devido à grande flexibilidade,
capacidade de obtenção em espessuras pequenas, preço geralmente razoável e
estabilidade térmica boa. O maior problema do papel está em sua elevada
higroscopia, o que condiciona seu uso na electricidade e uma impregnação adequada
com óleos ou resinas.

Essa elevada higroscopia é consequência da disposição irregular e cruzada das fibras


da celulose, deixando grande número de aberturas ou interstícios no seu interior, que
na impregnação, são ocupados por isolante adequado. Geralmente apenas 40% do
volume do papel é de fibras, o restante são espaços livres.

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2.3.2.3. Fibras Sintéticas
Grande parte dos produtos fibrosos naturais, como o algodão e a seda natural, estão
sendo sistematicamente substituídos por fibras sintéticas, de variedade cada vez
maior, sempre que o preço e suas propriedades justificarem essa substituição.

Em uma primeira fase, a seda artificial encontrou aplicação; hoje, porém, já é


substituída por fibra de vidro ou fibras de poliamida ou outras fibras sintéticas. Esses
materiais, em geral, melhoraram as características eléctricas, mecânicas e
químicas.

Figura 4: Ensaio com roupa sob arco eléctrico.

2.3.2.4. Cerâmicas
reúne-se sob a designação de cerâmicas um grupo de materiais de elevado ponto de
fusão, que em geral, são manufacturados a frio na forma plástica e que sofrem
processos de queima até temperaturas de 2000° C. Apenas após a queima, o material
adquire as características que permitem seu uso técnico.

As matérias primas mais importantes são o quartzo, o feldspato, o carolim e a argila,


havendo ainda uma série de aditivos em menor percentagem, mas de influência
sensível no produto resultante (óxidos de alumínio e silício por exemplo). Utilizadas
basicamente em isoladores de baixa, média e alta utilizados nas redes aéreas de
distribuição e transmissão de energia eléctrica; Pára-raios, buchas de trefos.

Resinas plásticas Poliéster, polietileno, PVC (Poli Cloreto de Vinila), Teflon, etc. –
aplicados em revestimentos de fios e cabos, capacitores e peças isolantes;

2.3.2.5. Vidro
O vidro é a solução mais moderna para diversos problemas anteriormente só
resolvidos com porcelana, e que hoje já encontram também soluções mediante o uso

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de resinas (epóxi) e aglomerados de resina com borracha. O vidro é encontrado em
duas formas: a normal e a temperada. Principal emprego em isoladores de linhas de
transmissão.

madeira: grande utilização em cruzetas dos postes de distribuição, transformadores.

Isolantes Líquidos
Óleos mineral, as Karel, óleo de silicone – actuam nas áreas de refrigeração e
isolação em transformadores e disjuntores a óleo. Também empregados para
impregnar papéis usados como dieléctricos em capacitores.
Óleo Mineral Características: Ponto de Chama, Ponto de queima, Ponto de ignição,
Ponto de solidificação, Viscosidade, Coeficiente de acidez, Coeficiente de
saponificação e Coeficiente de oxidação.
Os óleos minerais isolantes são processados através de uma rigorosa purificação.
Seu uso está concentrado nos transformadores, cabos, capacitores e chaves a óleo.
Estes óleos devem ser altamente estáveis, ter baixa viscosidade (serem bastante
líquidos), pois, além de sua função dieléctrica de impregnação, devem também
transmitir o calor.
Deve-se fazer inspecção periódica da qualidade do óleo utilizado em equipamentos.
A oxidação do óleo é um dos factores que sempre estão presentes, e que se fazem
sentir devido à presença do oxigénio do ar e da elevação de temperatura.
O início do envelhecimento do óleo é sempre caracterizado pelo aumento do
coeficiente de acidez. Presença de umidade no óleo também pode ser detectada em
ensaio. Tudo isso afecta directamente a RD do óleo isolante.

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Figura 5: Disjuntor a grande volume de óleo.

O As Karel – Desenvolvido para substituir o óleo mineral, possui inúmeras


vantagens sobre o óleo mineral, não é inflamável, muito mais estável e menos
contaminável. Não envelhecem e não formam subprodutos durante seu uso. Desta
forma sua RD é pouco afectada. Porém, sua utilização foi banida devido ao fato de
ser altamente tóxico para o meio ambiente e o ser humano.

Óleos de Silicone - Melhor que os óleos minerais, porém mais caros, pontos de
chama bastante elevados e mais estáveis quimicamente que os óleos minerais. Desta
forma, envelhecem menos e tem RD um pouco mais constante.

2.3.2.6. Tintas e Vernizes


Compostos químicos de resinas sintéticas – Têm importante emprego na tecnologia
de isolação de componentes eléctricos e electrónicos da seguinte forma: esmaltação
de fios e cabos condutores, isolação de laminados ferromagnéticos, circuitos
impressos e protecção geral de superfícies; podem ser classificados em três grupos:

a) vernizes de impregnação,
b) vernizes de colagem,
c) vernizes de recobrimento.

2.3.2.6.1. Vernizes de impregnação


É o tipo geralmente encontrado em associação com papéis, tecidos, cerâmicas
porosas e materiais semelhantes. Sua função é preencher o espaço deixado
internamente em um material, com um isolante de qualidade e características
adequadas, evitando a fixação de umidade, que seria prejudicial às características
eléctricas como a redução da RD.

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O seu processo de aplicação é o seguinte: o material isolante fibroso ou poroso é
colocado numa estufa, para dele se retirar toda ou quase toda a umidade, que ocupou
os interstícios do material devido à sua presença no ar circundante. Esta eliminação
é feita em estufa, regulada para o material que se deseja secar, para evitar que a
temperatura presente venha a prejudicar as características do material.

Uma vez eliminada a umidade, o material é colocado em contacto directo com o verniz
de impregnação, seja através da imersão em recipientes contendo o verniz seja na
forma de injecção do verniz sobre o material, sob pressão. Com o fechamento de
poros e vazios dentro do material, eleva-se acentuadamente a condutividade térmica
e a rigidez dieléctrica e reduz-se a higroscopia, o que beneficia ainda mais as
características do isolante impregnado.

2.3.2.6.2. Vernizes de recobrimento:


Se destinam a formar sobre o material sólido de base, uma camada de elevada
resistência mecânica, lisa, e à prova de umidade e com aparência brilhante. Sua
aplicação, assim é especialmente necessária em corpos isolantes porosos e fibrosos,
bem como na cobertura de metais (fios esmaltados utilizados em máquinas
eléctricas). No caso particular de seu uso com isolantes porosos e fibrosos a sua
acção se faz sentir por uma elevação da resistência superficial de descarga.

2.3.2.6.3. Vernizes de colagem:


Diversos isolantes quando purificados, perdem consistência devido à eliminação de
materiais de colagem entre suas diversas porções. Em outros casos, o próprio
isolamento, em geral sintético, não apresenta a necessária consistência ou coeficiente
de atrito, para permitir seu uso em electricidade.

Como exemplo do primeiro caso, podemos citar a mica, que ao ser purificada, se
desmancha em grande número de pequenas lâminas, sem possibilidade de se formar
um sólido de dimensões definidas. Outro caso é o da fibra de vidro. As fibras em si
são lisas, não se estabelecendo entre elas a necessária consistência para que o tecido
de fibra de vidro possa ser usado tecnicamente na área eléctrica.

Uma outra aplicação desse tipo de verniz é também a colagem de isolantes sobre
metais. Na prática, um verniz não apresenta unicamente uma dessas propriedades.
Todos eles possuem uma certa predominância de alguma das três propriedades
indicadas.
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2.3.2.7. Borrachas
Basicamente podemos diferencia-las entre borrachas naturais e artificiais ou
sintéticas. A borracha natural é obtida a partir do látex, que é o líquido retirado de
certas plantas, e que, para seu uso industrial, sofre um tratamento com enxofre e
outros aditivos, dando origem à borracha vulcanizada.

Entretanto, com o desenvolvimento de borrachas sintéticas, a borracha natural


reduziu sua utilização na área eléctrica, espaço ocupado actualmente pelas borrachas
sintéticas. A borracha sintética se desenvolveu sobretudo no sentido de resolver
alguns críticos da borracha natural, enumerados a seguir:

• Rápido envelhecimento - a borracha natural se torna dura e quebradiça.


• É extremamente sensível à gasolina e ao óleo, inchando acentuadamente.
• É atacada quimicamente pelo cobre e pelo manganês.
• Não permite temperaturas de serviço acima de 75° C. Acima desse valor, a
borracha perde sua elasticidade.
• É também sensível à acção dos raios solares e do ozónio.

Como regra geral, as borrachas sintéticas são inferiores aos naturais, no que se refere
aos esforços admissíveis de tracção; entretanto, são sensivelmente melhores quanto
ao envelhecimento, estabilidade térmica, resistência perante agentes químicos e
perante ozónio, e mais resistentes à abrasão.
Entre as borrachas artificiais, que pertencem ao grupo Termo fixos, destacam-se as
conhecidas por EPR (borracha de etileno-propileno), o neopreno e a borracha butílica.

O etileno-propileno (abreviatura EPR, ethylene propylene rubber), é actualmente a


borracha mais moderna e de melhores características. Esse material Termo fixo
apresenta uma rigidez dieléctrica levemente superior à borracha butílica, inferior,
porém ao polietileno reticulado.

Além desta classificação anterior, cujo critério é a natureza dos materiais isolantes,
estes podem ser classificados visando a sua aplicação, especialmente na construção
de máquinas e aparelhos eléctricos, cuja temperatura é limitada não pelos materiais
condutores ou magnéticos (que são metálicos) e sim pelos isolantes. A durabilidade
destes depende de factores diversos, entre os quais predomina a temperatura, como
mostrado na tabela a seguir.

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2.4. Aplicação de Materiais Isolantes

2.4.1. Cabos e linhas de transmissão:


O material isolante é geralmente usado como revestimento protector em condutores
eléctricos e cabos. Os núcleos de cabos que se toquem devem ser separados e
isolados por meio de revestimento de isolamento em cada núcleo, por exemplo,
polietileno, polietileno reticulado XLPE, cloreto de polivinilo-PVC, Teflon, silicone etc.
Os isoladores de disco suspensos (buchas) são usados em alta tensão Transmissão
de cabos nus onde são suportados por postes eléctricos. As buchas são feitas de
vidro, porcelana ou materiais poliméricos compostos.

2.4.2. Sistemas Electrónicos:


Todos os aparelhos e instrumentos electrónicos contêm amplamente PCB (placas de
circuito impresso) com componentes electrónicos diferentes. Os PCBs são fabricados
com plástico epóxi e fibra de vidro. Todos os componentes electrónicos são fixados
na placa PCB isolada. Em SCR (rectificadores semicondutores), transístores e
circuitos integrados, o material de silício é usado como material condutor e pode ser
convertido em isoladores usando um processo de calor e oxigénio.

2.4.3. Sistemas de energia:


O óleo do transformador é amplamente utilizado como um isolador para evitar arcos
em transformadores, estabilizadores, disjuntores, etc. O óleo isolante pode suportar
propriedades de isolamento até uma tensão eléctrica especificada. O vácuo, gás
(hexafluoreto de enxofre) e fio de cerâmica ou vidro são outros métodos de isolamento
em sistemas de alta tensão. Pequenos transformadores, geradores de energia e

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motores eléctricos contêm isolamento nas bobinas de arame por meio de verniz
polimérico.

2.4.4. Aparelhos portáteis domésticos:


Todos os aparelhos eléctricos de mão são isolados para evitar que o usuário sofra
choque eléctrico.
• O isolamento Classe 1 contém apenas isolamento básico no fio e o corpo
metálico é conectado à terra no sistema de aterramento principal. O terceiro
pino na tomada de alimentação deve ser para a conexão à terra.
• Isolação Classe 2 indica um dispositivo com “isolamento duplo”. Todos os
componentes eléctricos internos devem estar totalmente fechados dentro de
um corpo isolado, o que impedirá qualquer curto-circuito com peças
condutoras.

2.4.5. Fita Isolante de Cabo Eléctrico:


As fitas de PVC são amplamente utilizadas para isolar fios eléctricos e outras partes
condutoras ao vivo. É feito de vinil à medida que se alonga bem e proporciona um
isolamento eficaz e duradouro. A fita eléctrica para isolamento classe H é feita de
tecido de fibra de vidro.

2.4.6. Equipamento e Protecção Pessoal:


O EPI protege os seres humanos dos riscos de choque com circuitos eléctricos. PPE,
como protecção de cabeça isolante, protecção para os olhos e para o rosto, e luvas
isolantes são necessárias para protecção contra todos os riscos eléctricos comuns.
As ferramentas isoladas e os escudos de protecção são necessários para o
funcionamento seguro de um electricista. Os sapatos dieléctricos (calçados de
segurança não metálicos) ou calçados eléctricos são feitos com solas e calcanhares
não condutores, resistentes a choque eléctrico.

2.4.7. Tapetes de borracha eléctrica:


As esteiras isolantes para uso eléctrico têm uma ampla aplicação em várias
subestações, usinas, etc. As esteiras são usadas para revestimentos de chão abaixo
dos painéis de controle para garantir a segurança do trabalhador devido a possíveis
vazamentos de corrente.

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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Findo trabalho, que aborda sobre fabricação de resistores, capacitores, díodos e suas
peculiaridades, é interessar afirmar que os isolantes eléctricos são materiais que
oferecem uma alta resistência e dificultam bastante a passagem da corrente eléctrica.
Devido à sua estrutura com os elétrons fortemente ligados ao núcleo atómico, o
número de elétrons livres do material isolante é baixíssimo e o espaço para a
movimentação de elétrons é bem reduzido.

Os isolantes eléctricos são muito usados para impedir a passagem de corrente ou


para evitar a fuga da corrente eléctrica em um cabo condutor. Os isolantes térmicos
são materiais que oferecem uma alta resistência à passagem de temperatura. Como
em sua estrutura os elétrons são fortemente ligados ao núcleo atómico, eles não têm
como se movimentar e colidir com os demais para transmitir uma temperatura. Os
isolantes térmicos são muito usados para produzir garrafas ou objectos térmicos, mas
também são usados em cabos condutores, pois aumentam a resistência ao calor
gerado pela passagem de corrente.

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4. BIBLIOGRÁFICAS
• Anderson, J. C.; Leaver, K. D. - Materials Science- Butler & Tanner, 1971.
• Brandão, D. P. L. - Tecnologia da Electricidade - Materiais usados em
Eletrotecnia - Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa).
• Bresciani Filho, E. - Seleção de Materiais Metálicos - Ed. Da Unicamp, 2a.
Edição, 1988.
• Fitzgerald, A. E.; Kings Ley Jr, C.; Kusko, A. - Máquinas Eléctricas- Mc Graw
Hill do Brasil,1975.
• Mello, Hilton A.& Intrator, Edmond. Dispositivos Semicondutores. Livros
Técnicos e Científicos Editora S.A. - 2." edição – 1974
• Rezende, E. da M. - Materiais Usados em Electrotécnica - Livraria
Interciência Ltd., 1977.
• Schimidt, W. - Materiais Eléctricos - Vol. I (Condutores e Semicondutores) e
II (Isolantes e Magnéticos) Ed. Edgard Blücher, 1979.

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