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COVID-19 EM
NEONATOLOGIA
Heloisa Helena de Sousa Marques
PEDIATRIA/
Werther Brunow de Carvalho
Clovis Artur Almeida da Silva
NEONATOLOGIA
E COVID-19
EM PEDIATRIA/
tem qui occusti omnitae con elenis molupienis
eume verundi onecullist, siminve runtibus, illita-
São Paulo
2021
EDITORES
Heloisa Helena de Sousa Marques
Werther Brunow de Carvalho
Clovis Artur Almeida da Silva
COVID-19 EM
PEDIATRIA/
NEONATOLOGIA
São Paulo
2021
Antes
eE
editora dos
Editores
©TODOS OS DIREITOS RESERVADOS À EDITORA DOS EDITORES LTDA.
©2021 - São Paulo
Produção editorial e capa: Villa d'Artes Soluções Gráficas
Revisão: Ligia Alves
Imagens de capa e aberturas de capítulos: Shutterstock
Os 100 Trials que mudaram a história da oncologia / Renata Rodrigues da Cunha Colombo Bonadio ...[et al.]. -- 1.
ed. -- São Paulo : Editora dos Editores Eireli, 2021. -- (Série os 100 Trials que mudaram a história da oncologia /
coordenação Brenno Rizerio Gomes, Vagner Madrini Junior, Thiago Luis Scudeler)
Outros autores: Guilherme Nader Marta, José Maurício Segundo Correia Mota, Gilberto de Castro Junior, Paulo
Marcelo Gehm Hoff
Bibliografia
ISBN 978-65-86098-27-3
1. Câncer - Diagnóstico 2. Oncologia 3. Oncologia - Estudo de casos 4. Oncologia - História I. Bonadio, Renata
Rodrigues da Cunha Colombo. II. II. Marta, Guilherme Nader. III. Mota, José Maurício Segundo Correia. IV.
Castro Junior, Gilberto de V. Hoff, Paulo Marcelo Gehm. VI. Gomes, Brenno Rizerio VII. Madrini Junior, Vagner.
VIII. Scudeler, Thiago Luis. IX. Série.
eE
Rua Marquês de Itu, 408 — sala 104 — São Paulo/SP
eE
CEP 01223-000
Rua Visconde de Pirajá, 547 — sala 1.121 — Rio de Janeiro/RJ
CEP 22410-900
Editores contato@editoradoseditores.com.br
www.editoradoseditores.com.br (11) 98308-0227
SOBRE OS EDITORES
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SOBRE OS AUTORES
Alexandre Archanjo Ferraro
Professor associado do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (FMUSP).
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COVID-19 EM PEDIATRIA/NEONATOLOGIA
Andreia Watanabe
Médica Coordenadora da Unidade de Nefrologia Pediátrica do Instituto da
Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo. Médica Nefrologista Pediátrica do Núcleo Avan-
çado de Nefrologia do Hospital Sírio Libanês. Médica Pesquisadora do LIM-29
da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Mestre em Pediatria
pelo Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo.
Benito Lourenço
Médico hebiatra, com Título de Especialista e Habilitação em Adolescência pela
Sociedade Brasileira de Pediatria. Responsável pela Unidade de Adolescentes do
Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Médico Assistente da Clínica de Adolescência da Faculdade de Ciências Médi-
cas da Santa Casa de São Paulo. Presidente do Departamento de Adolescência
da Sociedade de Pediatria de São Paulo. Membro da Comissão Científica do
Adolescente da Secretaria de Estado da Saúde – SP.
Bruno Gualano
Graduado e doutorado pela Escola de Educação Física e Esporte da Universidade
de São Paulo (EEFE-USP). Pós-doutorado em Ciências pela Faculdade de Medici-
na da Universidade de São Paulo (FMUSP). Professor associado do Departamen-
to de Clínica Médica pela USP.
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SOBRE OS AUTORES
Camilla Astley
Graduação em Educação Física pela Universidade Estadual de Londrina (UEL).
Mestre em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
(FMUSP). Doutoranda em Ciências pela USP.
Cíntia Johnston
Pós-doutora em Pneumologia pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Fe-
deral de São Paulo. Professora Assistente de Pesquisa Clínica em Terapia Intensi-
va/Neonatologia do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo. Vocal da Sociedade Latino-americana de
Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) na World Federation of Pediatric Intensive
& Critical Care Societies (WFPICCS). Membro Titular do Comitê de Pesquisas
Clínicas da WFPICCS. Coordenadora do Serviço de Fisioterapia do Hospital Estadual
e Maternidade SEPACO, São Paulo – SP. Coordenadora Nacional da Pós-graduação
Multiprofissional da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB).
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COVID-19 EM PEDIATRIA/NEONATOLOGIA
Durval Damiani
Diretor da Divisão de Pediatria Clínica do Instituto da Criança e do Adolescente
do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo. Membro do Corpo Clínico do Hospital Albert Einstein e do Hospital Sírio
Libanês.
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SOBRE OS AUTORES
Guilherme V. Polanczyk
Professor Associado da Disciplina de Psiquiatra da Infância e Adolescência do
Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP. Coordena o
Núcleo de Pesquisa em Neurodesenvolvimento e Saúde Mental da USP, o Pro-
grama de Diagnóstico e Intervenções Precoces e a Unidade de Internação de
crianças e adolescentes do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas da
USP. Formou-se em Medicina pela UFRGS, realizou residências em Psiquiatra e
em Psiquiatra da Infância e Adolescência no HCPA-UFRGS. É Mestre e Doutor
em Psiquiatria pela UFRGS, Pós-Doutor pelo Instituto de Psiquiatria de Londres
(Inglaterra) e pela Duke University (EUA) e Livre-Docente em Psiquiatria da In-
fância e Adolescência pela USP.
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COVID-19 EM PEDIATRIA/NEONATOLOGIA
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SOBRE OS AUTORES
Lisa Suzuki
Médica coordenadora do Serviço de Radiologia do Instituto da Criança e do
Adolescente do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da Universi-
dade de São Paulo. Médica Coordenadora do Setor de Radiologia do Hospital
Infantil Sabará e Médica da Fundação Faculdade de Medicina.
Luisa Sugaya
Graduação em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo (FMUSP). Residência Médica em Psiquiatria Geral e Psiquiatria da Infância
e Adolescência pelo instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculda-
de de Medicina da Universidade de São Paulo (IPq – HCFMUSP). Doutoranda
do Programa Especial de Cooperação Tripartite em Psiquiatria Tanslacional do
Desenvolvimento (TPTD) USP/UNIFESP/UFRGS).
Magda Carneiro-Sampaio
Professora titular do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (FMUSP). Vice-presidente do Conselho Diretor do
Instituto da Criança e do Adolescente (ICr) do Hospital das Clínicas da Faculdade
de Medicina da Universidade de São Paulo (HC/FMUSP). Membro da Academia
Brasileira de Pediatria.
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COVID-19 EM PEDIATRIA/NEONATOLOGIA
Marisa Dolhnikoff
Professora Associada da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Coordenadora do Programa Tutoria Acadêmica da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo. Coordenadora dos Estudos da COVID-19 por Autóp-
sia Minimamente Invasiva Guiada Por Ultrassom. Responsável pelas Disciplinas
de Graduação: Patologia Especial do Sistema Respiratório, Sistema Respirató-
rio I e II da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Patologista
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SOBRE OS AUTORES
Michele Luglio
Médico diarista da tarde do Centro de Terapia Intensiva Pediátrico do Instituto da
Criança. Médico plantonista da UTI Pediátrica do Hospital Sírio-Libanês.
Nádia Litvinov
Médica do Associação Congregação de Santa Catarina e Médica da Infectologia
Pediátrica do Instituto da Criança e do Adolescente do Hospital da Clinicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Patrícia Goes
Médica assistente do Centro de Terapia Intensiva Pediátrico do Hospital Univer-
sitário da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
Patrícia Zamberlan
Graduada pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. Mes-
tre e Doutora em Ciências pelo Departamento de Medicina da Universidade de
São Paulo. Nutricionista da Equipe Multiprofissional de Terapia Nutricional do
Instituto da Criança e do Adolescente do Hospital das Clinicas da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo.
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COVID-19 EM PEDIATRIA/NEONATOLOGIA
Silvana Forsait
Oncologista pediátrica. Médica assistente do Instituto de Tratamento do Câncer
Infantil (Itaci) – Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo (HC/FMUSP).
Thais Vendramini
Título de Especialista em Pediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Infectologista Pediátrica formada pelo Instituto da Criança do Hospital das Clí-
nicas FMUSP. Realizando complementação em Imunizações e Medicina do Via-
jante CRIE-HCFMUSP.
Vera Bain
Pediatra Infectologista. Médica volintária no serviço de infectologia pediátrica do
Instituto da Criança do HCFMUSP.
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SOBRE OS AUTORES
17
PREFÁCIO
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SUMÁRIO
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COVID-19 EM PEDIATRIA/NEONATOLOGIA
Andreia Watanabe
Durval Damiani
22
SUMÁRIO
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MANEJO DAS
CRIANÇAS COM
COVID-19 GRAVE
NA UNIDADE DE
TERAPIA INTENSIVA
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Manejo das crianças com COVID-19 grave na unidade de terapia intensiva
débito urinário devem ser avaliados. Se for possível o uso de monitorização hemodi-
nâmica multimodal, como medida do índice cardíaca e da saturação venosa central
(SvcO2), ele pode ser associado às variáveis clínicas para ajudar na ressuscitação des-
ses pacientes.2 Deve-se priorizar o uso de soluções cristaloides em vez de albumina,
para a ressuscitação inicial.10,11 Visto que o paciente com COVID-19 também pode
ter acometimento cardíaco na apresentação inicial, a realização de um ecocardiogra-
ma funcional à beira-leito para avaliar a função cardíaca e direcionar a abordagem
de ressuscitação fluídica é útil. Além do ecocardiograma, deve-se solicitar eletrocar-
diograma e biomarcadores cardíacos como troponina, creatinofosfoquinase (CK) e
CKMB.2,5 No paciente com disfunção cardíaca a abordagem mais conservadora ao
invés da agressiva, com menor volume ofertado, pode impor menos riscos de sobre-
carga volêmica.1,11,12
Se houver necessidade do uso de medicações vasoativas para o manejo do
paciente pediátrico com COVID-19 e choque, deve-se dar preferência para o uso
de adrenalina e noradrenalina, em vez de dopamina (Figura 8.1). Ambas podem
ser iniciadas em acesso venoso periférico, desde que diluídas, até a obtenção de
acesso venoso central.2,10 Se altas doses forem necessárias, pode-se considerar a
introdução de vasopressina.2,10 Apesar de pouca evidência, se o paciente com al-
tas doses de catecolaminas apresentar sinais de hipoperfusão tecidual e disfunção
cardíaca, pode-se considerar o uso de milrinone, dobutamina ou levosimendan
como inotrópicos.2
Milrinone, se PA
Sinais de má
Choque adequada (0,3-0,75
perfusão
cardiogênico mcg/kg/min)
Inotrópicos
(suspeita
de MIS-C) Adrenalina (0,1-0,3
Expansão Máximo
mcg/kg/min)
volêmica? 40 mL/kg
Noradrenalina
Disfunção Quente: pulsos amplos, (0,1-2 mcg/kg/min)
cardíaca: perfusão acelerada,
Volume Vasopressores
hipotensão contratilidade
conservador cardíaca adequada Vasopressina para
casos refratários
(0,00002 U/kg/min)
*MIS-C: considerar
imunoglobulina e corticite
FIGURA 8.1. Fluxograma para o manejo hemodinâmico dos pacientes com COVID-19.
Fonte: Elaborado pelo autor.
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COVID-19 EM PEDIATRIA/NEONATOLOGIA
Suporte respiratório
A COVID-19 pode apresentar diferentes graus de desconforto respiratório e por
isso demandar diversas formas de suporte respiratório. Previamente se pensava que
esses pacientes deveriam ser intubados precocemente e que técnicas ventilatórias
aerossolizantes deveriam ser evitadas. Atualmente, recomenda-se o escalonamento
de terapias conforme a necessidade do paciente, mantendo o uso de equipamentos
de proteção individual (EPI) adequados por parte da equipe de profissionais de saúde.
a) Cateter nasal simples até 3 L/min, máscaras de Venturi (até 50%) e
máscara com reservatório: devem ser usados em pacientes com hipoxe-
mia (para manter a saturação de oxigênio ≥ 94%), porém sem desconforto
respiratório, pois não há nenhum grau de recrutamento alveolar nesse tipo
de suporte.15,16
b) Cateter nasal de alto fluxo: pode ser utilizado em pacientes com descon-
forto respiratório leve/moderado e sem hipoxemia grave.17 A resposta a essa
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Manejo das crianças com COVID-19 grave na unidade de terapia intensiva
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COVID-19 EM PEDIATRIA/NEONATOLOGIA
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Manejo das crianças com COVID-19 grave na unidade de terapia intensiva
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COVID-19 EM PEDIATRIA/NEONATOLOGIA
estratégia respiratória ainda não está bem estabelecido.19 Ainda não existem dados do
seu uso em pacientes portadores de SDRA pela COVID-19.2 Apesar dessas limitações,
diretrizes internacionais endossam o uso da VAF como um tipo alternativo de terapia
em pacientes com SDRA grave com hipoxemia refratária.17,19
VI – OMEC: tem sido usada como terapia de resgate em pacientes com SDRA
pela COVID-19 com hipoxemia refratária e/ou falência cardíaca 8.22 As recomen-
dações quanto à seleção de pacientes e sua iniciação continuam as mesmas de di-
retrizes anteriores para pacientes não COVID-19.23 OMEC deve ser considerado em
pacientes com patologia reversível e em quem sua utilização representa menos riscos
do que não fornecer suporte extracorpóreo. As decisões devem ser feitas individual-
mente, em centros com experiência técnica e de pessoal já existentes e bem esta-
belecidos. O suporte de OMEC deve ser oferecido para pacientes com insuficiência
respiratória aguda que demonstrem persistência progressiva apesar das terapias e
manobras convencionais otimizadas. OMEC deve ser considerado quando o risco
de mortalidade chega a 50% e é fortemente indicado quando o risco de mortalidade
aproxima-se de 80% com a terapêutica convencional. Algumas indicações e con-
traindicações específicas para pacientes com COVID-19 são listadas na Tabela 8.1.22
INDICAÇÕES DE OMEC
Hipoxemia refratária ou hipercapnia refratária a terapêuticas de resgate
PARDS com necessidade de drogas vasoativas secundárias à COVID
Uma disfunção orgânica com pequenas ou ausência de comorbidades
(sem considerar lesão renal aguda)
CONTRAINDICAÇÕES DE OMEC
Comorbidades graves ou múltiplas
Imunossupressão
Doença pulmonar crônica
Cardiopatia congênita grave
Atraso global do desenvolvimento neuropsicomotor
Lesão neurológica irreversível
Hemorragia incontrolável
Contraindicações a anticoagulação
Disfunções orgânicas graves
Ventilação mecânica por mais de 14 dias antes do início da OMEC
Cromossomopatias letais
Fonte: Elaborado pelo autor do capítulo.
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Manejo das crianças com COVID-19 grave na unidade de terapia intensiva
Analgesia e sedação
Assim como pacientes com SDRA por outras causas, pacientes pediátricos com
SDRA pela COVID-19 devem receber analgesia e sedação leves, porém eficazes e
direcionadas, para promover a diminuição da dor e desconforto causados pelo pro-
cedimento, facilitar a tolerância à ventilação mecânica, com diminuição do esforço
respiratório. O manejo, entretanto, da intensidade da analgesia e sedação continua
sendo um desafio em terapia intensiva. O uso excessivo de drogas analgésicas e
sedativas tem sido relacionado a desfechos desfavoráveis como maior tempo de ven-
tilação mecânica, aumento do tempo de internação hospitalar, fraqueza muscular,
declínio cognitivo como abstinência e delírio, além de aumento na mortalidade. Seu
uso em quantidade insuficiente, por sua vez, está associado a assincronia e risco de
lesão pulmonar associado a ventilação.16,24
No manejo inicial, a analgesia deve ser priorizada para alcançar o controle da
dor e nível de sedação adequados. Estudos recentes sugerem que a dor é sub-reco-
nhecida e tratada inadequadamente em parte por excesso de sedação, levando a seu
controle subótimo. Opioides fortes têm sido usados como escolha inicial, podendo
ser utilizado fentanil ou morfina de acordo com o protocolo institucional. Essas dro-
gas podem ser iniciadas de forma intermitente ou em infusão contínua e titulada para
controle adequado da analgesia. Muitos estudos têm sugerido uma abordagem multi-
modal com uso de outras drogas em associação ou em separado aos opioides , como
anti-inflamatórios não hormonais e medicações para dor neuropática, além de outras
medicações como a cetamina.25
No passado, a estratégia primária de sedação, principalmente em adultos com
SDRA, era a sedação profunda. Essa abordagem hipnótico-sedativa se mostrou infe-
rior à abordagem anteriormente descrita de priorizar a analgesia. As diretrizes para
adultos sugerem que a sedação leve pode estar associada à melhoria nos resulta-
dos sem aumentar as sequelas negativas de aumento do estresse fisiológico.25 Para
crianças com SDRA, a recomendação é semelhante, sendo orientada uma sedação
mínima, dirigida e eficaz, com monitoramento contínuo, titulação e desmame.19 No
passado, os benzodiazepínicos eram a classe de sedativos mais comumente usados
em crianças sob ventilação mecânica. Contudo, apesar de seu amplo uso em adultos
e crianças, os benzodiazepínicos têm sido associados a uma série de efeitos negati-
vos, como desenvolvimento de delírio, risco de sedação profunda e seus desfechos
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Manejo das crianças com COVID-19 grave na unidade de terapia intensiva
Após ajustes, o uso prolongado não foi associado com menor taxa de extubação
traqueal em 28 dias.30
Em pediatria não há dados prospectivos em relação ao uso de bloqueador neu-
romuscular em SDRA grave, contudo diretrizes internacionais recomendam que, se
a sedação por si só for inadequada para obter ventilação mecânica eficaz e segura, o
bloqueio neuromuscular deve ser considerado.19
Suporte nutricional
A avaliação nutricional e o manejo nutricional precoce de pacientes com CO-
VID-19 devem ser integrados ao plano geral da estratégia terapêutica. Os pilares das
recomendações nutricionais para crianças em estado crítico permanecem, com algu-
mas questões específicas para pacientes pediátricos com quadro de COVID-19 grave:31
I Alimentação enteral precoce deve ser iniciada dentro de 24 horas da admis-
são, a menos que contraindicada por sinais de hipoperfusão.
II Os requisitos de energia durante a fase aguda não devem exceder o gasto
de energia em repouso, calculado preferencialmente com base em fórmu-
las seguindo protocolos da instituição. Sugerido cálculo pela equação de
Schofield à calorimetria indireta pelo risco de desconexão do circuito do
aparelho de ventilação mecânica.
III É desconhecido se a perda de massa muscular pode ser mais pronunciada
em crianças com COVID grave, devendo ser evitado o balanço proteico
negativo. Deve ser garantida oferta de proteína na fase aguda de 1,5 g/kg/
dia, 2-3 g/kg/dia na fase de estabilização e até 3-4 g/kg/dia na fase de recu-
peração.
IV O tubo nasoentérico é considerado produtor de aerossol, e, como tal, equi-
pamentos de proteção individual apropriados devem ser usados. Em crian-
ças despertas, a inserção do tubo nasojejunal pode requerer mais tempo e
aumentar a exposição a aerossóis.
V Não é recomendada a medida rotineira de resíduo gástrico, uma vez que
existe descrição da presença do vírus SARS-CoV-2 em epitélio gástrico e in-
testinal. Caso seja necessária a medida do resíduo, deve-se evitar o contato
com o aspirado para prevenir contaminação.
VI Crianças em posição prona, crianças com vômitos e risco de aspiração e
aquelas com elevado resíduo gástrico podem tolerar melhor a dieta pós-pi-
lórica. Crianças com alto nível de sedação, incluindo opioides e relaxantes
neuromusculares, podem apresentar esvaziamento gástrico lento, também
se beneficiando de dieta pós-pilórica.
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