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Otávio de Castro Roque, TURMA A.

AV 3º semestre, História do AV - Cleber Miranda.

MELHOR FILME: Videodrome (de David Cronenberg) // Não Amarás (de


Krzysztof Kieślowski)

(Dois filmes extremamente contrastantes entre si e de diferentes temáticas,


porém igualmente importantes para defender o legado da década de 80, já
que ilustram dois pontos principais para entender a década.)

Um forte traço de filme de autor nos anos 80 com Cronenberg, Videodrome:


vida longa a nova carne. Carne essa que é acoplada ao digital, e funciona
muito mais como um parasita do que um complemento pacífico à vida
humana. Para viver a 'nova carne', você precisa abdicar a vida física e viver
no digital. Os medos modernos que ainda nos circulam agora mais do que
nunca, o filme não envelheceu nada. O prazer digital, o ócio, a tv... a
internet? A mistura de gêneros, as texturas para diferentes linguagens e o
que e como enquadrar.

Enquanto 'Não Amarás' traz o sombrio outono, a dúvida, a impossibilidade e


o abandono desses personagens reclusos. Porém surpreendentemente, acaba
com a compreenção das diferenças, tão representadas com metáforas ao
longo do filme, como com o café e o leite que cada um deles bebe em
diferentes residências. As diferenças são finalmente complementares, um
respiro em meio a névoa obscura em que aponta o filme.

MELHOR DIREÇÃO: O PIANO (de Jane Campion)

A música torna-se forma de driblar a opressão de um universo masculino


fechado à compreensão. A deficiência da protagonista começa a significar
uma impossibilidade da mulher de expressar-se pela palavra, já que tão
negada a ela a escuta em vida. E é essa forma de adaptação do roteiro para
a tela que Jane Campion usa com longos planos abertos, a música que fala e
os silêncios, assim como a condução de atores que constroem para o público
o entendimento da personagem e de si mesma, como mulher e como
cineasta. A primeira mulher a vencer a Palma de Ouro comunica-se com o
mundo pelo seu cinema, em 1993 - num mundo não tão diferente ao de Ada.

MELHOR ARTE: VIDEODROME (por Carol Spier) // VELUDO AZUL (por Patricia
Norris)

Os dois filmes têm elementos gráficos da arte como protagonistas, o veludo


azul das cortinas do bar que escondem por trás a escória da cidade perfeita
americana e a fita VHS que ganha uma monstruosidade quando é colocada
na TV. Simbolos muito fortes que sem a arte não existiram: calcam o roteiro,
a ambiência do filme e os mistérios que movem os personagens. Além de ser
o que mais fica na memória destes filmes ao longo dos anos.

MELHOR ROTEIRO: PARIS TEXAS (por Sam Shepard e L.M. Kit Carson)

Comparado as obras anteriores de Wim Wenders, é um filme de linguagem


que se descola em seu roteiro do habitual. Algo que seria um road movie
frustado, uma coisa que remete aos faroeste, mistura momentos de um
melodrama ligeiro mas alegórico. O roteiro parece aleatório mas é
justamente muito controlado. É, no fim, um clássico oitentista na sua
temática, viaja em estilos e formas para representar o cansaço e frustração
de um homem na perseguição do sonho americano familiar.

MELHOR FOTOGRAFIA: LA HAINE (por Pierre Aim)

A escolha do preto e branco traz maiores contrastes de luz para a pele dos
personagens, tão pulsante e viva quanto a cidade que eles descobrem. A
câmera anda e atravessa tão próxima aos atores de forma coreografada
dentro de suas discussões e reflexos, trazendo uma fotografia muito viva,
brutal, alerta. A escolha de sempre colocar o eixo ao nível dos olhos dos
perosnagens traz ao público uma sensação de um integração do grupo,
significando muito para o impacto do roteiro em nossa reflexão.

MELHOR MONTAGEM: AS VIRGENS SUICIDAS (por Edward Lachman)

O uso da montagem de dupla exposição com belos planos sobrepostos é


provavelmente a imagem que mais lembramos do filme. Close-up das
femininas em exposição dupla com imagens do céu e de campos onde são
livres, sorriem, rodopiando ao pôr-do-sol. A dilatação temporal nessas cenas
preditam o futuro das garotas como algo muito angelical e etéreo, que
pertence ao céu - essas imagens acompanham o longa todo pontualmente, e
traz significado com esse constrante da vida que levam de ócio presas dentro
do domicílio.

MELHOR EDIÇÃO DE SOM/TRILHA: NÃO AMARÁS (por Zbigniew Preisner)

Mais uma trilha original de Preisner usada por Kieślowski de forma


inteligente. É de certa forma uma inclinação natural de escolha, depois da
trilha de 'Sem fim' (1985) como protagonistas antes, chamar o mesmo
compositor em algo que funcinou num filme agora sobre silêncios,
observação. Dita ritmo, e como em Decálogo, a trilha para Trilogia das Cores
viria usar de Preisner os mesmos silêncios de quadro, e não protagonismo de
trilha, mas como complemento.

MELHOR ATUÇÃO MASC.: VINCET CASSEL (Vinz em La Haine)

A Direçãoo de ator desse filme é muito sólida e tem relação com a câmera
geograficamente em quadro muito forte. Cassel nos faz acreditar nos
exageros e temperamento de um personagem quase como em fuga, mas que
não cai no caricato pois acreditamos nesse personagem e sua história. Uma
grandíssima performance, o ódio é visto nos olhos e no corpo de Cassel que
encara a câmera de forma animalesca.

MELHOR ATUAÇÃO FEMIN.: EMILY WATSON (Bess McNeill em Ondas do


Destino)

Emily Watson não entrega uma atuação orgânica, e o filme não precisa dela.
Lars Von Trier é conhecido pelo seu duro direcionamento e preparação de
atores intensa, e nesse longa, Bess carrega uma enorme culpa católica, caos
mental, e devaneios que vão para o extra-verossímel pela interpretação
também. A história é dura e sua performance devastadora e física, inclusive
foi a que inspirou Bjork para Selma em 'Dançando no Escuro' de Von Trier.
Uma das melhores, se não a melhor, interpretação regida por Von Trier.

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