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IMERSÃO NO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE BRASILEIRO

ESTUDO DIRIGIDO 1: ADIN POR OMISSÃO E MANDADO DE INJUNÇÃO

1.1. Noções legais sobre o mandado de injunção:

A. Fundamento legal: CRFB/1988, art. 5º, LXXI “conceder-se-á mandado de injunção


sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos
e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à
soberania e à cidadania.”.

B. Competência para julgamento: a) STF – CRFB/1988, art. 102, I, ”q” (originária) e


CRFB/1988, art. 102, II, “a” (recursal); b) STJ – CRFB/1988, art. 105, I , “H”
(originária e residual).

C. Legitimidade: Qualquer pessoa que tenha direitos subjetivos constitucionais


inviabilizados pela ausência de norma regulamentadora.

→ O que é norma regulamentadora?


A resposta nos é dada pelo próprio constituinte no art. 103, §2º, ao dispor:
"medida para tornar efetiva norma constitucional". Neste sentido, devemos
entender como a norma necessária para que a norma constitucional tenha
aplicabilidade imediata. Pouco importa qual a forma da medida, quer por lei
complementar, quer por lei ordinária, quer por qualquer outra providência
regulamentadora.

Vale mencionar a sintética, porém precisa definição proposta no julgamento


do MI nº 998-8/DF. Tribunal Pleno. Rel. Min. Cármem Lúcia. DJ 15/04/2009:
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1.2. Critérios distintivos entre a ADIn por Omissão e o Mandado de Injunção1

ADIn por Omissão Mandado de Injunção

Quanto à natureza jurídica Instrumento de provocação da Remédio constitucional (ao n.j.:


jurisdição constitucional notadamente ação constitucional de
concentrada força mandamental).

Quanto ao objeto Direito objetivo Direito subjetivo

Quanto à competência STF Depende da instância legislativa


que deva produzir o ato legislativo,
o que determinará o juízo
competente.

Quanto à legitimação ativa Os elencados no art. 103 da Qualquer pessoa que tenha direitos
CRFB/1988. subjetivos constitucionais
inviabilizados pela ausência de
norma regulamentadora.

Quanto à eficácia da decisão Efeito erga omnes Efeito inter partes

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MORAES, Guilherme Peña de. Curso de Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2008; p. 244.
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ESTUDO DIRIGIDO 2: ADIN [POR AÇÃO] E ADIN POR OMISSÃO

2.1. Legitimidade:
A. Para a ADIn por ação: CRFB/1988, art. 103 c/c Lei nº 9.868/1999, art. 2º.
B. Para a ADIn por omissão: CRFB/1988, art. 103 c/c Lei nº 9.868/1999, art.
2º c/c art. 12-A.

2.2 limites para as intervenções (…): Lei nº 9.868/1999, art. 8º.

o
Art. 8 Decorrido o prazo das informações, serão ouvidos, sucessivamente, o
Advogado-Geral da União e o Procurador-Geral da República, que deverão
manifestar-se, cada qual, no prazo de quinze dias.

2.2.A. Advogado-Geral da União.

→ Quem é o Advogado-Geral da União?


É o chefe da Advocacia Geral da União (CRFB/1988, art. 131, §1º).

→ O que é a Advocacia Geral da União?


 Função essencial da Justiça: CRFB/1988, art. 131.
 É a instituição permanente responsável por representar a União,
judicial ou extrajudicialmente.

→ Como atua o Advogado-Geral da União nas ADIn’s?


Como defensor legis, nos limites do art. 103, §3º da Carta Política que prevê a
necessidade de manifestação para fins de “defender” o ato ou texto
impugnando. Neste sentido, complementa Peña de Moraes: atua “na
qualidade de curador da presunção de constitucionalidade da lei ou ato
normativo impugnado, com a finalidade de assegurar o contraditório.”2.

→ Na ADIn por omissão é necessária a interveniência do AGU?


Historicamente, pela própria essência da medida (declarar a mora legislativa
em tornar eficaz norma constitucional por inércia na legiferança) e a função do

2
Moraes, op.cit., p. 212.
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AGU (defender o texto ou norma impugnandos), o STF pendia a não oitiva,


justamente por não ter texto passível de defesa. Ocorre que, após a
introdução da Lei nº 12.063/2009 que reformou a Lei nº 9.868/1999, fez-se
consignar no art. 12-E, §2º, a permissibilidade da oitiva, construída sobre a
faculdade que autoriza a prática da discricionariedade, como se abstrai do
texto: “§ 2o O relator poderá solicitar a manifestação do Advogado-Geral da
União, que deverá ser encaminhada no prazo de 15 (quinze) dias.”
Assim, em preliminar juízo, há que se entender que persiste a regra da
não oitiva, sendo certo que, em situações excepcionais, poder-se-á facultar a
manifestação do AGU.
Para esclarecimento, mencionemos bem posto fragmento da Ementa
do acórdão responsável pelo teor do julgamento da ADIn nº 480-8/DF, de
competência do Tribunal Pleno que teve como Relator o Min. Paulo Brossard:

2.2.B. Procurador Geral da República.

→ Quem é o Procurador-Geral da República?


É o chefe do Ministério Público da União (CRFB/1988, art. 128, §1º).

→ O que é o Ministério Público?


É a instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos
interesses sociais e individuais indisponíveis (CRFB/1988, art. 127).
Ademais, prevê o caput do art. 128 da Constituição Federal de 1988
que, o MP se subdivide em Ministério Público da União - que compreende o
Ministério Público Federal, o Ministério Público do Trabalho, o Ministério
Público Militar, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios -; e, os
Ministérios Públicos dos Estados.
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→ Como atua o PGR nas ADIn’s?


Como custos legis (assumindo o múnus de expedir parecer sobre a
constitucionalidade ou inconstitucionalidade do ato normativo impugnando).
Idéia esta, proposta no art. 8º (ADIn por Ação) e art. 12-E, §3º (ADIn por
Omissão).
Vale dizer que, em situações próprias, está legitimado a funcionar
como dominus litis (autor da ADIN – veja, CRFB/1988, art. 103, VI c/c Lei
nº9.868/1999, art. 2º, VI).

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