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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA UDESC

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS CCT


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL DEC

KAUÊ VITURI MEIRA

TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUAIS

JOINVILLE
2013
7 TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUAIS

As atividades de tratar e redirecionar as águas residuais são recente na


historia da humanidade, após a descoberta da agricultura o homem passa a fixar-se
em locais específicos da terra, utilizando recursos naturais, comendo, digerindo e
excretando. Até a Revolução Industrial somente enviava-se estes resíduos
domésticos para rios ou locais distantes, com o aumento da população das cidades
e crescente acumulo de lixo e excrementos, houve a necessidade da criação de
sistemas que pudessem suprir esta demanda. Por volta de 1870 na Inglaterra
começam a surgir os sistemas de tratamento.

O destino final da água tratada define os tipos e objetivos de tratamento,


físico, químico ou biológico. Entre as tecnologias disponíveis, os processos
convencionais são: gradeamento, decantação, filtração biológica, lodos ativados,
lagoas de estabilização, digestores, lodos. Itens abordados nos capítulos
subsequentes.

A constante pesquisa e desenvolvimento de novas técnicas vêm contribuindo


para um crescimento na eficiência de tratamentos avançados, sugerindo cada vez
mais a possibilidade de reuso destes efluentes. Alguns tratamentos com conceitos
descritos abaixo:

Coagulação, floculação e sedimentação: Consiste na remoção de sólidos e na


precipitação de substancias utilizando adição de produtos químicos seguido de uma
mistura rápida e outra lenta.

Tratamento com Ozônio: Por possuir alto potencial de oxidação acrescenta


oxigênio dissolvido ao meio podendo reagir com muitos contaminantes, atingindo
alto nível de desinfecção e também utilizado no controle de organoclorados.

Adsorção em Carvão: Ativado: é aplicado carvão ativado em pó e/ou granular,


geralmente aplicado logo após filtração e/ou cloração. Seu uso tem sido adotado em
diversas fases do tratamento para remoção de matéria orgânica e/ou tóxicas.
Separação por Membrana: Consiste na separação de duas soluções,
utilizando um filme que atua como barreira seletiva separando as substancias
quando a sua morfologia física e natureza química, tendo efeito eletromecânico
decorrente das diferenças de cargas as folhas podem ser com furos em folhas
planas, cilíndricas, tubulares ou de fibras ocas.

Processos eletrolíticos: A utilização da eletricidade para tratar a água vem


sendo proposta para diversos tipos de águas residuais. Neste método normalmente
utiliza-se eletrodos de Ferro e Alumínio e grandes cargas de energia elétrica, devido
ao custo e disponibilidade atual. A eletrólise se dá a partir de dois eletrodos imersos
na solução a ser tratada e aplicação de uma diferença de potencial entre eles,
ocorrendo assim vários fenômenos na solução:

 Eletrólise da água: ocorrem as reações no anodo e catodo de redução


e oxidação, liberando hidrogênio positivo e hidróxido negativo
respectivamente.

 Eletrocoagulação: envolve a geração de íons metálicos no anodo


enquanto gás hidrogênio é liberado no catodo, as bolhas do processo
podem flotar e “carregar” alguma parcela do poluente coagulado à
superfície.

 Eletroflotação: os poluentes flotam para a superfície da agua por


bolhas minúsculas de hidrogênio e oxigênio geradas na eletrolise da
agua, a intensidade da formação das bolhas de é diretamente
proporcional à intensidade da corrente.

 Eletrooxidação: o processo eletroquímico destrói os poluentes por


oxidação, as moléculas de vários materiais orgânicos se decompõem
em produtos como dióxido de carbono, água, amônia, e outros. Em
alguns casos a oxidação de compostos orgânicos e inorgânicos gera
produtos mais simples e menos tóxicos.
7.1 Tratamento Preliminar

O tratamento preliminar tem como objetivo evitar a entrada de resíduos de


grandes dimensões e/ou densidade (como plásticos, areia e outros) o que
possibilita o funcionamento de equipamentos eletromecânicos sem danificações e
obstruções. Utiliza-se gradeamento e caixas de retenção de areia.

Gradeamento: antes da entrada do afluente na estação o esgoto passa por


grades colocadas transversalmente ao fluxo dos canais ou inclinadas, as grades tem
o espaçamento variando entre 1 e 10 cm de fina a grosseira, de modo que permita o
escoamento sem grandes perdas de carga e obstruções, fazendo-se a graduação
desde a entrada da estação elevatória até o canal de entrada da ETE das grosseiras
até 1,5 cm de espaçamento entre as barras. As grades inclinadas podem ter
dispositivos de remoção manual ou mecanizada com inclinações de 45° a 60° e 70°
a 90° respectivamente, ângulo formado pela grade e o fundo do canal a jusante. As
grades são projetadas para permitir uma vazão de 0,6 a 1,0 m/s, devendo-se adotar
como perda de carga mínima o valor de 0,10 para grades de limpeza mecanizada.

Desarenação: este processo realiza a retenção e remoção de material


inorgânico através de sedimentação, tendo como objetivo evitar a abrasão e
obstrução de equipamentos e dispositivos como bombas, aeradores e trituradores.
Estes podem ser de limpeza manual ou mecanizada, quadrados ou retangulares,
com velocidade controlada ou de sedimentação simples, aerados ou não e de força
centrifuga. Temos como parâmetros de escolha a vazão afluente do esgoto,
características físicas do resíduo, orçamento disponível, disponibilidade de área,
topografia e tipos de equipamentos utilizados nas outras unidades da ETE. As
caixas de areia são projetadas para uma velocidade media de 0,3 m/s no
deslocamento do esgoto e de 2cm/s da areia em direção ao fundo.
7.2 Decantadores

Os decantadores também beneficiam-se pela sedimentação, as instalações


consistem em tanques com entrada de afluente próximo ao nível da lamina de água,
passando primeiramente por uma área para diminuir a turbulência ou defletores,
durante a zona de decantação as partículas se acumulam mais no inicio e ficam
contidas na zona de lodos, onde serão raspadas e reintegradas ao processo de
tratamento ou enviada para aterros ou incinerador, após secagem do lodo. Os lodos
são produzidos em decantadores primários e secundários e podem ser enviados
para digestão biológica conjunta, ocasionando assim uma redução da carga
orgânica no tratamento.

7.3 Filtração Biológica

O Objetivo do sistema de tratamento biológico é imitar de maneira


artificial a natureza, depurando os resíduos que podem causar poluição. Dentre os
microrganismos envolvidos na degradação da matéria orgânica temos bactérias,
fungos, algas, protozoários, rotíferos, nematódeos. O processo gera uma atividades
anaeróbicas e aeróbicas junto a camada de enchimento (pedras, areia, placas e
outros) o fenômeno anaeróbio ocorre na película em contato com o recheio e
fenômeno aeróbio ocorre na parte externa. Os filtros biológicos são utilizados entre
os decantadores primários e secundários no tratamento convencional, e no
tratamento terciário em sistemas com UASB + lodos.

7.4. Lodos ativados

É um sistema no qual uma massa biológica cresce e flocula, sendo


continuamente recirculada e colocada em contato com a matéria orgânica do
despejo líquido na presença de oxigênio puro, ou através de aeradores mecânicos
de superfície. Os parâmetros utilizados no tratamento de lodos são: as cargas
orgânicas Kg, DBO/Kg, SSTA por dia. O processo de lodos ativados convencional é
composto das seguintes etapas: tratamento preliminar, gradeamento e desarenação,
decantadores primários tanques de aeração, decantadores secundários, densadores
de lodo, digestores de lodo, sistema de desidratação de lodo. Os sistemas de lodos
ativados com aeração prolongada, a produção de lodo ocorre de forma que dispensa
o uso de decantadores primários e digestores de lodo.

7.5. Valos de oxidação.

Valo de oxidação é um reator biológico em forma de "U", que pode ser


utilizado para o processo de lodos ativados. Tem como princípio a fermentação
aeróbia com reciclo de biomassa partindo de um reator em mistura completa de
aeração prolongada.

O processo de depuração de esgotos ocorre de acordo com a quantidade de


alimento solúvel (matéria orgânica) proliferando uma população de microrganismos,
que dispondo de oxigênio dissolvido, oxidará o material solúvel (oxidação). Em
consequência da aeração é formado o lodo ativado (floculação) e o efluente
oxigenado fornece oxigênio ao processo metabólico dos microrganismos,
promovendo uma maior agitação e um maior contato entre o lodo e a matéria
orgânica eliminando os produtos residuários voláteis (Aeração). Dependendo da
quantidade de lodo (decantação) ocorrerá uma recirculação ou um despacho para o
leito de secagem.

7.6. Lagoas de estabilização.

Estes são sistemas de tratamento biológico, onde ocorre a estabilização da matéria


orgânica pela oxidação bacteriológica (oxidação aeróbia ou fermentação anaeróbia)
ou pela redução fotossintética das algas. As lagoas podem ser naturais ou artificiais,
desde que as condições técnicas sejam executadas para acontecer os fenômenos
físicos, químicos e biológicos adequados. As lagoas oferecem um excelente grau de
tratamento para os esgotos (redução da DBO e remoção de organismos
patogênicos). Importante, caso o projeto não seja adequado, ou as condições
técnicas não sejam atendidas, o processo apresentas inconvenientes como, o mau
cheiro, coliformes acima do limite recomendável, procriação de mosquitos, estética
desfavorável, alta DBO, etc.

Sendo as bactérias que principalmente realizam o trabalho estabilização da


matéria orgânica, estas se encontram sob duas condições: falta de oxigênio
(condição anaeróbia) produzem ácidos orgânicos - este tipo de lagoa produz mau
cheiro devido a gases como o gás sulfídrico; e presença de oxigênio (condição
aeróbia) produzindo CO2 e água. Sob condições aeróbias a redução da DBO é
maior. Quanto a classificação temos as aeróbicas (oxidação em toda lagoa),
anaeróbicas(fermentação logo abaixo do nível d’água), facultativas(na parte inferior
ocorre fermentação anaeróbica, oxidação aeróbica e redução fotossintética e na
superfície temos um processo aeróbico), de maturação (utilizadas após tratamento
prévio, afim de reduzir bactérias, sólidos em suspensão, nutrientes e etc.) e aeradas
(adiciona-se mecanicamente oxigênio no meio liquido).

Uma lagoa anaeróbia pode reduzir ate 60 % da DBO, desde que sejam observados
certos parâmetros no projeto.

- Tempo de detenção hidráulico: Varia de acordo com o tipo de bactéria que


realiza o trabalho, podendo ser de 2 à 30 dias.

- Taxa de aplicação da carga orgânica : No mínimo de 100 g. DBO/ m3.d, a fim de


manter a lagoa totalmente anaeróbia, e no máximo de 400 g. DBO/ m 3.d , para
evitar a exalação de maus odores.

- Profundidade : Deve-se procurar projetar lagoas mais profundas (3 à 4 m), a fim


de se ter menor área superficial, logo, menor ação do meio externo como
também melhor volume para acumulação de sólidos. A norma exige que se adote
uma profundidade excedente de 0,5 m ( na entrada e em 25 % na área do
fundo), nos casos em que não houver desarenador no inicio do tratamento

- Distribuição uniforme do esgoto afluente: O projeto deve prever condições que


busquem a maior uniformidade na distribuição afluente, utilizando-se entradas
múltiplas ( evitando curto circuitos), cortinas de anteparo, proteção contra o vento
etc.

A atual norma brasileira prevê o dimensionamento das lagoas de maturação,


com base na taxa de decaimento de bactérias ou no tempo de detenção.

Tempo de detenção:- o tempo de detenção mínimo deve ser de 2 dias em


cada lagoa. O volume dimensionado deve ser distribuído em lagoas múltiplas
dispostas em serie, com profundidade variando entre 0,60 e 1,50 m. Profundidades
maiores promovem regiões anaeróbias, que diminuem a taxa de decaimento de
organismos.

Os fatores que interferem no processo são as condições hidráulicas e


biológicas intrínsecas ao processo de depuração das lagoas são afetadas por
diversos fatores, entre eles: evaporação, preciptação pluviométrica, temperatura,
ventos, nuvens e radiação solar. E os fatores controláveis: tipo de esgoto, vazão
afluente, DBO, concentração de sólidos, concentração de coliformes fecais,
concentração de nutrientes, toxicidade e cor. Também são observadas as
características do terreno para construção destes sistemas, devendo-se conhecer a
profundidade do lençol subterrâneo, permeabilidade do solo, taxa de percolação do
terreno, solo local, topografia, custo do terreno. A previsão de acidentes e
Inundações previstas também determina o projeto que deve atender as legislações,
prever inundações, capacidade de depuração do corpo receptor e distancia de
comunidade (recomenda-se maior que 1000 metros).

7.7. Digestores.

Os digestores convencionais são utilizados principalmente para a


estabilização de lodos primários e secundários, do tratamento de esgotos, e também
para o tratamento de efluentes industriais com elevada concentração de sólidos
suspensos, são constituídos por tanques circulares cobertos, em concreto armado,
com diâmetros variando de 6 a 38 metros e profundidades entre 7 e 14 metros, as
paredes de fundo são geralmente inclinadas numa relação vertical/horizontal de 1
para 4, de forma a favorecer a sedimentação e a retirada dos sólidos mais
concentrados.

Os digestores convencionais destinam-se preferencialmente à estabilização


de resíduos com elevada concentração de material particulado, a hidrólise desses
sólidos pode se tornar a etapa limitante de todo o processo de digestão anaeróbia.
Por sua vez, a taxa de hidrólise é afetada por diversos fatores, podendo-se destacar:
a temperatura; o tempo de residência; a composição do substrato; o tamanho das
partículas, os digestores convencionais são normalmente aquecidos, sendo usuais
temperaturas de operação na faixa de 25 a 35°C.

O tempo de detenção hidráulica deve ser suficiente para a permanência e


multiplicação dos microorganismos no sistema para que todas as fases da digestão
anaeróbia se processem corretamente.

Dependendo da existência de dispositivos de mistura e do número de


estágios, três configurações principais de digestores têm sido aplicadas:

Digestor anaeróbio de baixa carga: O digestor de baixa carga não dispõe de


dispositivos de mistura, sendo usualmente constituído de um único tanque, onde
ocorrem simultaneamente a digestão, o adensamento do lodo e a formação de
sobrenadante. Do ponto de vista operacional, o lodo bruto é adicionado na parte do
digestor em que o lodo está sendo ativamente digerido e o biogás está sendo
liberado. os digestores de baixa carga são utilizados principalmente em pequenas
estações de tratamento.

Digestor anaeróbio de um estágio e alta carga: O digestor de estágio único e alta


carga incorpora mecanismos suplementares de aquecimento e mistura, além de ser
operado com taxas de alimentação uniformes e com adensamento prévio do lodo
bruto, de forma a garantir condições mais uniformes em todo o digestor. Como
resultado, o volume do tanque pode ser reduzido e a estabilidade do processo é
melhorada. Para se conseguir a mistura do lodo no interior do digestor podem ser
utilizadas diferentes técnicas, como recirculação de gás, recirculação de lodo ou
misturadores mecânicos de diversas configurações.
A prática comum de alimentação do digestor é a da adição de pequenas
quantidades de lodo em intervalos de tempo regulares, por exemplo a cada 1 ou 2
horas.

7.8. Lodos.

Lodo de esgoto é um sedimento residuário dos sistemas de tratamento de


efluentes urbanos, o lodo de esgoto sanitário é o resíduo gerado nos processos de
tratamento, sendo um resíduo solido ou liquido cuja composição predominante
orgânica varia em função da sua origem, seguem algumas classificações de lodos:

Lodo de esgoto sanitário: resíduo gerado nos processos de tratamento de


esgoto sanitário

Lodos de sistema de tratamento biológico: são os lodos originários do


processo de sedimentação no decantador secundário de um sistema de tratamento
biológica ou de lagoas de tratamento ou resultantes de processo de digestão,
admitindo-se, neste caso, que o lodo do decantador primário venha a ser misturado
com o lodo do decantador secundário, previamente à sua digestão.

Lodo biológico ou lodo secundário: são lodos originários dos sistemas


biológicos de tratamento de esgotos ou de digestores de lodo

Lodo primário: Lodo proveniente de processo de tratamento primário, obtido


por sedimentação ou flotação.

Lodo digerido: Lodo cuja biodegradação foi realizada por processos aeróbios
ou anaeróbios, com redução de SSV superior a 40%.

Lodo estabilizado: lodo cuja biodegradação foi realizada por processos


aeróbios ou anaeróbios de forma a não apresentar potencial de geração de odor.

Lodo digerido higienizado: Lodo submetido a processo de tratamento com


eficiência de redução de patógenos.
Lodos de origem industrial: Caracterização do lodo quanto à persistência da
matéria orgânica e mineralização do nitrogênio do lodo, deverá ser apresentado
resultado de ensaio de acompanhamento da degradação da matéria orgânica (e de
determinação da fração de mineralização do nitrogênio do lodo
A classificação do lodo quanto ao perfil sanitário, usada para estabelecer
restrições quanto ao uso do lodo em solo agrícola, é válida exclusivamente para o
lodo gerado nas mesmas condições da amostra analisada e fica restrita ao período
compreendido entre as campanhas de análises para sua classificação

Um lodo é considerado classe A se o processo adotado para o seu tratamento,


quanto à redução adicional de patógenos, for aprovado pelo Órgão de Controle
Ambiental como capaz de produzir este efeito. Deve ainda ser analisado quanto à
presença de coliformes termotolerantes, ovos viáveis de helmintos e ovos viáveis de
taenia, no momento de seu uso ou disposição no solo agrícola ou no momento da
entrega a terceiros responsáveis pela aplicação.

Um lodo é classificado como classe B se a densidade de coliformes


termotolerantes do mesmo for inferior a 2 x 10 6 NMP/g ST e a contagem de ovos
viáveis de helmintos, para confirmação da classificação de um lodo como classe B,
deve ser verificado, no mínimo, o atendimento de:

 O processo adotado para seu tratamento visando a redução de patógenos tiver


sido aceito pelo órgão de Controle Ambiental ou
 O resultado do monitoramento de coliformes fecais no lodo preparado para
aplicação no solo, no momento do uso, disposição ou da entrega a terceiros
responsáveis pela aplicação, indicar que a média geométrica da densidade de
coliformes fecais de sete amostras é inferior a 2 x 10 6 NMP/g ST (Número Mais
Provável por grama de Sólidos Totais) ou 2 x 10 6 UFC/g ST (Unidades
Formadoras de Colônias por grama de Sólidos Totais).

7.9. Destino final.

Dentre os vários destinos possíveis para o resíduo seco ou liquido das estações de
tratamentos destacam-se: enviar para aterro sanitário, utilização na agricultura e
incineração:

Incineração : Embora a incineração seja intensamente utilizada para destinação dos


resíduos sólidos urbanos em alguns países ela é alvo de controvérsia em relação
aos impactos ambientais e efeitos na saúde humana que podem resultar das suas
emissões gasosas e das cinzas. Do ponto de vista ambiental, o foco da discussão
mundial são as emissões de dioxinas e furanos e a presença de metais pesados nas
cinzas. A principal vantagem da incineração é a de reduzir significativamente o
volume do material, além de poder destruir organismos patogênicos e substâncias
orgânicas perigosas, transformando resíduo em cinza. A desvantagem é que a
incineração pode emitir quantidades detectáveis de poluentes tais como dioxinas,
furanos e metais pesados se os incineradores não são bem projetados e operados.

As principais questões que se colocam sobre a utilização da incineração como


método de tratamento e disposição final de resíduos, em países em
desenvolvimento como o Brasil e, de resto, na América Latina em geral, são a
exigência de capacitação técnica para garantir uma boa qualidade operacional e, em
especial, os custos absolutamente incompatíveis com a capacidade econômica
existente e a pouca capacitação técnica disponível para controlar as emissões de
incineradores .

Aterro sanitário: São, no Brasil, as obras de disposição mais baratas e de tecnologia


mais conhecida porém deve-se sempre ter em mente que esses aterros não servem
para disposição de todos os tipos de resíduos. técnica confina os resíduos sólidos
na menor área e volume possíveis, cobrindo-os com a camada de material inerte na
conclusão de cada jornada de trabalho, ou a intervalos menores, caso necessário. A
área, para qualquer que seja o aterro, deve apresentar como condições adequadas
pelo menos as seguintes: baixa densidade populacional; proximidade à fonte
geradora e vias de transportes; baixo potencial de contaminação do aqüífero; baixo
índice de precipitação; alto índice de evapotranspiração; subsolo com alto teor de
argila; pouca declividade e ausência de depressões naturais; áreas não sujeita a
inundação; camada insaturada de pelo menos 1,5 m, entre o fundo do terreno e o
nível mais alto do lençol freático; subsolo não constituído essencialmente por
material com coeficiente de permeabilidade superior a 1 x 10 -4 cm/s e distância
mínima de pelo menos 20 m de qualquer fonte de abastecimento humano ou animal
de água.
Agricultura : Em comparação com os fertilizantes comerciais, o valor do lodo do
esgoto urbano é reduzido, quando se leva em consideração o teor de nitrogênio,
fósforo e potássio. Entretanto, quando se trata da aplicação agrícola do lodo, não
deve ser levada tanto em conta sua composição química, quando sua capacidade
de formar húmus fixador de água. O lodo constitui o principal subproduto do
tratamento das águas residuárias, o lodo bem digerido traz em sua massa uma
porção muito grande de partículas aglomerantes favorecendo a penetração das
raízes e a abertura de sulcos na terra, digeridos aumentam mais a fertilidade física
do campo do que a sua fertilidade química, principalmente devido aos seguintes
fatores: capacidade de reter a umidade; formação de camada protetora que reduz ou
elimina a erosão pelo vento e pela chuva; melhoria das condições de abertura de
sulcos no terreno; melhoria da estrutura do solo quanto às condições de aeração
pelo aumento do volume de vazios; redução das perdas de nutrientes, pela maior
dificuldade no escoamento superficial; condições favoráveis para proliferação de
micro e macro organismos desejáveis na agricultura.

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