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Agosto/2021
ESPECIAL
Federação Nacional dos
Técnicos Industriais
PISO SALARIAL
DOS TÉCNICOS
Acompanhe a histórica mobilização
da FENTEC e as novas informações
que vêm do Congresso Nacional
Projeto conta com apoio do Sistema
CFT/CRT, que orienta, disciplina e
fiscaliza a atividade dos técnicos
IMAGENS: DIVULGAÇÃO
Mobilização histórica dos técnicos no Congresso Nacional pela aprovação Da esquerda para a direita: Wilson Wanderlei Vieira, Paulinho da Força,
do piso salarial; em destaque, o deputado federal Marco Maia Marcos Antonio Silva, Ricardo Nerbas e Francisco Antonio Feijó
D
esde sua fundação em 28 de janeiro de 1989 a FENTEC – Fede- cional de amarelo – como ilustrado no início da matéria –, pressionando os
ração Nacional dos Técnicos Industriais sempre esteve à frente parlamentares a aprovarem o PL nº 2861/2008. A mobilização surtiu efeito
dos grandes momentos e articulações em defesa da valorização, e, após aprovado, o projeto foi encaminhado para a CCJC – Comissão
respeito e reconhecimento da importância dos profissionais técnicos para de Constituição e Justiça e de Cidadania. Participaram daquele momento
o desenvolvimento socioeconômico do país. E um dos capítulos mais marcante: Wilson Wanderlei Vieira e Ricardo Nerbas, respectivamente
importantes e emblemáticos dessa trajetória diz respeito ao piso salarial, presidente e diretor da FENTEC; Carlos Dinarte Coelho, presidente do SIN-
tendo como ápice uma manifestação histórica no Congresso Nacional em TARGS – Sindicato dos Técnicos Agrícolas do Rio Grande do Sul; Paulo
novembro de 2009, protagonizada por dirigentes técnicos com o apoio de Pereira da Silva, presidente da Força Sindical; Francisco Antonio Feijó [in
parlamentares e representantes de entidades sindicais. memoriam], presidente da CNPL – Confederação Nacional das Profissões
Para acompanhar melhor a evolução histórica dessa importante rein- Liberais; Marcos Antonio Silva, presidente do SINTAESP – Sindicato dos
vindicação, é necessário voltar um pouco na linha do tempo; pois, tudo Técnicos Agrícolas de São Paulo; Paulo Ricardo de Oliveira e João Abelar-
começou em 1985 com o PL nº 5009 de autoria do deputado federal Flori- do Brito, diretores do SINTEC-RS – Sindicato dos Técnicos Industriais do
ceno Paixão (PDT-RS), que tramitou durante cinco anos até ser arquivado. Rio Grande do Sul; e Paulo Eduardo Finhane Trigo, diretor do SINTEC-SP
Em 2004, dois projetos propostos pelo deputado federal Paulo Pimenta – Sindicato dos Técnicos Industriais do Estado de São Paulo.
(PT-RS) – PL nº 2875/2004 e PL nº 4159/2004 – defendiam a modificação Ainda sem um desfecho favorável, a FENTEC continuou se mobilizando
da Lei nº 4.950-A de 22 de abril de 1966, que “dispõe sobre a remuneração e acompanhando o andamento do projeto. Em audiência com o deputado
de profissionais diplomados em engenharia, química, arquitetura e agro- federal Marco Maia (PT-RS), então presidente da Câmara dos Deputados,
nomia”, de maneira a também contemplar os técnicos do setor agrícola. realizada em 15 de março de 2011, ele colocou-se à disposição para agili-
No ano seguinte, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) apresentou o PLS nº zar a votação do projeto que, no mesmo ano, foi aprovado na CCJC, com
227/2005, alterando a referida lei e fixando o valor do piso salarial em 66% relatoria do deputado federal Osmar Serraglio (PMDB-PR).
calculado sobre a remuneração mínima paga aos engenheiros.
Com intensa mobilização da FENTEC, o projeto foi aprovado em 2007 e
seguiu para a Câmara dos Deputados como PL nº 2861/2008. No entanto,
tornou-se inconstitucional com a publicação da Súmula Vinculante nº 4
pelo STF – Supremo Tribunal Federal, proibindo que o salário mínimo fosse
usado como indexador de base de cálculo. Assim, o deputado federal Mar-
co Maia (PT-RS) apresentou um projeto substitutivo na CTASP – Comissão
de Trabalho, de Administração e Serviço Público, sendo ele próprio o re-
lator, fixando o valor do piso em R$ 1.940,00, indexado ao IGPM – Índice
Geral de Preços do Mercado, que esteve prestes a ser aprovado, mas foi
retirado de pauta e retomado no ano seguinte, tendo como relator o depu-
tado federal Roberto Santiago (PV-SP).
Foi então que dirigentes da FENTEC, com a participação da ATABRASIL Álvaro Dias: autor do PLS nº 227/2005, aprovado no Senado Federal
– Associação dos Técnicos Agrícolas do Brasil coloriram o Congresso Na- e encaminhado à Câmara dos Deputados como PL nº 2861/2008
PL nº 1710/2019 do deputado federal Giovani Cherini,
apensado ao PL nº 2861/2008
Em março de 2012, por ocasião do Encontro dos Técnicos Industriais conselho próprio – apoia plenamente a definição de um piso salarial para a
da OITEC – Organização Internacional de Técnicos realizado na capital fe- categoria, atestando assim o compromisso pela valorização da profissão e
deral, aconteceu uma nova audiência, ocasião em que os representantes segurança à sociedade; afinal, profissionais melhores remunerados e de-
técnicos entregaram ao mesmo parlamentar uma carta relatando a luta vidamente registrados nos conselhos de classes executam serviços com
pela aprovação do PL nº 2861/2008 e solicitando a inclusão na pauta de responsabilidade técnica e em conformidade com as atribuições previstas
votação no plenário da Câmara. na legislação vigente.
S
em dúvidas o deputado fede- Quais os próximos passos? Há al-
ral Giovani Cherini (PL-RS) é guma expectativa de quanto tempo
o parlamentar mais engajado levará essa tramitação?
nas reivindicações defendidas pela É de conhecimento de todos que
FENTEC, tanto que é carinhosamente nenhum projeto tramita com celeri-
chamado de “padrinho” dos técnicos. dade e é rapidamente aprovado, pois
Foi ele, por exemplo, o grande articu- sempre se faz necessária análise
lador para a sanção presidencial da das comissões de mérito e, por ve-
Lei nº 13.639/2018, que cria Sistema zes, audiências públicas e intensos
CFT/CRT – o conselho próprio dos debates com a participação dos in-
técnicos após mais de quatro déca- teressados. É muito importante que
das de luta. todas as entidades representativas
Acompanhe o que ele diz nessa entre- dos técnicos estejam fechadas em
vista exclusiva: torno da proposta. O tempo de tra-
mitação está relacionado, além do
Com o PL nº 1710/2019 de sua seu trâmite regular, à capacidade
autoria, apensado ao PL nº 1748/ de mobilização dos técnicos. No
2021, criam-se novas expectativas Congresso Nacional, temos alguns
para milhares de técnicos de todo o mecanismos que podem acelerar os
país que, enfim, podem ter um piso trâmites do projeto como, por exem-
salarial definido. O que o senhor plo, a nossa Frente Parlamentar
pode falar a respeito? Mista de Apoio ao Ensino Técnico e
A aprovação do piso salarial consti- Profissionalizante.
tuiu uma das maiores reivindicações
dos técnicos. O projeto que proto- Já que o senhor mencionou, no que
colei na Câmara dos Deputados e se sustenta e quais os principais
que estabelece o piso salarial de R$ objetivos da Frente Parlamentar
4.990,00 para os Técnicos Industriais Mista de Apoio ao Ensino Técnico
e Agrícolas devidamente inscritos no e Profissionalizante?
conselho profissional foi sugerido pela Foi sugerida e apoiada pelo CFT e
FENTEC e a ATABRASIL. É importante está sob minha coordenação, com
destacar que, pela proposta, o salário o papel de defender a qualidade do
deverá ser atualizado anualmente ensino técnico no Brasil, cobrar mais
de acordo com a variação do INPC, recursos para a educação e trabalhar
mantendo o valor equivalente a apro- Giovani Cherini: “Tenho muito orgulho de carregar a pela valorização do técnico.
palavra técnico no meu currículo”
ximadamente cinco salários mínimos,
que é um patamar remuneratório ade- A existência do Sistema CFT/CRT
quado ao desenvolvimento das atividades dos técnicos. pode, de alguma forma, ajudar na aprovação do projeto do piso
salarial no Congresso Nacional?
O que muda do teor do projeto inicial do piso salarial – PL nº Todos sabem da força e do poder de influência dos conselhos
2861/2008 – para essa nova proposta que tramita em caráter profissionais juntos aos parlamentares e ao governo. Eu diria que
de urgência no legislativo? a aprovação do piso salarial passa pelo Sistema CFT/CRT, não so-
O PL nº 2861/2008 teve sua origem no Senado, em 2005, por mente agindo no parlamento, mas também mobilizando as escolas
autoria do senador Álvaro Dias. Depois, chegou a ser aprovado técnicas e os milhares de profissionais registrados no conselho em
na CTASP e na CCJC da Câmara dos Deputados. Lembro, inclu- prol da aprovação da proposta.
sive, de ter sido o autor de um requerimento, dentre outros, que
incluía a proposta na ordem do dia para votação em plenário. O Durante mais de quatro décadas os técnicos sonharam com
que muda em relação ao projeto de 2008 e o de 2019 é que o um conselho próprio, que se concretizou com a sanção da Lei
primeiro indexava o piso ao salário mínimo, que é considerado nº 13.639/2018, cujo trâmite o senhor conhece muito bem,
inconstitucional, enquanto o segundo estabelece um valor e um uma vez que foi o principal articulador. Em sua opinião, o que
índice de correção. essas duas conquistas tão significativas representam para os
técnicos e a sociedade em geral: a do conselho e, se concreti- Não se trata de apenas estimular aqueles profissionais com registros,
zar, a do piso salarial? mas garantir à sociedade que eles estão em condições de prestar
Eu preciso reafirmar o meu orgulho de ter parti- serviços eficientes e de qualidade. É preciso
cipado, de forma efetiva, da criação do conse- conscientizar os técnicos que ainda trabalham
lho dos técnicos. Também me orgulho de ser o “É muito na informalidade; assim, a garantia das atri-
autor do PL nº 1710/2019, e certamente o piso
salarial vai valorizar o trabalho dos técnicos emimportante buições profissionais, a conquista de um piso
salarial justo e a defesa da profissão passam
todos os seus aspectos. Afinal, assegurar um
salário condizente com a função é reconhecer
que todas as pelo Sistema CFT/CRT.
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