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A ofensiva indica ter como um dos objetivos a adoção de um mecanismo que imprime os
votos digitados na urna eletrônica, previsto na PEC 135/2019, cujo relatório deve ser
votado em comissão especial na Câmara dos Deputados nesta quinta-feira (5). Como
em situações similares no passado, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) é contra a medida
por ver brechas para violação do sigilo do voto e fraudes e por entender que o sistema
atual já é auditável.
A seguir, Aos Fatos responde a oito perguntas essenciais sobre as urnas eletrônicas e a
segurança do voto que é depositado nelas.
As urnas eletrônicas são uma espécie de computador desenvolvido apenas para fins
eleitorais. Elas não são – e não podem ser – conectadas à internet e têm diversas
camadas que garantem sua segurança.
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Esses equipamentos são formados por dois terminais: o do mesário e o do eleitor. O
primeiro é onde o título do eleitor é digitado (veja abaixo) e serve para confirmar que a
pessoa está inscrita na seção e que só poderá votar uma única vez naquele pleito.
Já o terminal do eleitor (veja abaixo) é aquele com uma tela e um teclado numérico no
qual o voto é digitado. O equipamento tem duas placas de memória para armazenar os
dados, duas baterias – uma interna e uma externa – e roda o sistema operacional Linux
desenvolvido pelo TSE.
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Encerrada a votação, o presidente de cada seção eleitoral digita uma senha na urna para
impedir que o equipamento contabilize novos votos. Logo depois, cada máquina emite
várias vias do boletim de urna, que contém o resultado da eleição naquele equipamento,
incluindo votos válidos por candidato, nulos, brancos e o comparecimento à seção.
Essa etapa da impressão dos boletins garante que não haverá manipulação durante a
totalização dos votos: caso alguém duvide do resultado final, é possível comparar os
dados dos documentos impressos com os divulgados no site do TSE. Algumas vias dos
boletins, inclusive, são disponibilizadas aos fiscais das coligações partidárias para essa
conferência.
Depois da impressão, os cartões de memória de cada uma das máquinas são retirados.
Esses dispositivos criptografados, chamados de flashcards, contêm uma versão virtual
do BU (Boletim de Urna) e possuem assinaturas digitais que impedem a manipulação.
Os dados desses cartões são enviados aos TREs (Tribunais Regionais Eleitorais) por
meio de uma rede privada que só pode ser acessada em equipamentos da Justiça
Eleitoral, e, então, um sistema eletrônico realiza a somatória dos votos. Após a
totalização, os dados são enviados ao TSE, que disponibiliza os resultados no site.
Não foi registrado nenhum caso de fraude eleitoral envolvendo as urnas eletrônicas
desde a implementação do sistema, de acordo com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
As urnas eletrônicas foram usadas pela primeira vez em 1996, e atingiram 100% do
eleitorado brasileiro a partir das eleições de 2000.
Uma das denúncias mais emblemáticas de possível fraude aconteceu em 2014, quando
o PSDB pediu uma auditoria nas urnas após o então candidato Aécio Neves ser
derrotado no pleito presidencial. No relatório, divulgado em novembro de 2015 e
submetido ao plenário do TSE, o partido diz não ter identificado fraudes no pleito. O
documento, entretanto, afirma que o sistema “não foi projetado para permitir uma
auditoria externa e independente”, e recomenda a adoção de registro impresso do voto.
Em julho deste ano, o partido reviu sua posição. O presidente do PSDB, Bruno Araújo,
se posicionou contra a PEC (proposta de emenda à Constituição) que institui a
impressão do voto, ao lado dos chefes de outras dez siglas.
O presidente Jair Bolsonaro afirma, pelo menos desde 2019, que existem indícios de
fraude nas eleições, mas nunca divulgou nenhuma prova sólida. Na quinta-feira (29), ele
chegou a citar diversas denúncias antigas, algumas já investigadas e desmentidas.
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Não. As urnas eletrônicas utilizadas no Brasil não possuem conexão com a internet ou
sequer placas de rede. Segundo o TSE, os equipamentos são ligados apenas a um cabo
de energia e seu software não tem nenhum mecanismo que permita o acesso à internet.
Mesmo que uma pessoa conseguisse invadir a urna eletrônica fisicamente – dentro da
cabine, por exemplo –, as barreiras de segurança do equipamento e as assinaturas
digitais impediriam a manipulação dos dados.
Não. Segundo o Idea (Institute for Democracy and Electoral Assistance), uma
organização intergovernamental da qual o Brasil faz parte, pelo menos 46 países adotam
a tecnologia em algum dos seus pleitos. De acordo com levantamento do jornal Folha de
S.Paulo, só Brasil, Butão e Bangladesh usam a urna eletrônica atualmente sem
comprovante impresso.
Outras mudanças importantes ocorreram em 2003, quando foi criado o Registro Digital
do Voto, e em 2008, ano em que o sistema operacional das urnas passou a ser o Linux.
No dia 30 de julho deste ano, inclusive, o TSE anunciou uma nova mudança: as urnas
passarão a utilizar uma nova certificação da ICP-Brasil (Infraestrutura de Chaves
Públicas Brasileira), com o objetivo de garantir uma maior segurança no processo de
votação.
O RDV (Registro Digital do Voto) é uma espécie de boletim de urna: todos os votos são
gravados de modo aleatório para impedir a identificação dos eleitores. O RDV possui
diversos mecanismos de segurança que impedem a sua adulteração, como criptografia,
assinatura digital e hash (resumo digital), e permite a recontagem eletrônica dos votos.
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Já os códigos-fonte das urnas eletrônicas são inspecionados antes das eleições por
técnicos indicados pelos partidos políticos, pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e
pelo Ministério Público, além de entidades de classe, sociedades científicas e
organizações civis, até seis meses antes das eleições. No mês anterior ao pleito, é feita
a assinatura digital e a lacração dos sistemas. Na ocasião, são gerados os hashes,
resumos digitais que garantem que os códigos lacrados são os mesmos que foram
auditados.
No dia da eleição, ainda é realizado um teste de integridade das urnas com o objetivo de
avaliar a segurança na captação e contagem do voto. O exame consiste na realização de
uma votação paralela à oficial, com o propósito de comprovar que o voto digitado na urna
é exatamente aquele que será contabilizado.
A PEC 135/2019, proposta pela deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) e que atualmente
está aguardando votação na Comissão Especial da Câmara, determina a impressão de
cédulas físicas checáveis pelo eleitor.
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aprovada no Congresso Nacional em 2015, que, assim como a atual PEC propõe,
obrigava o registro impresso do voto eletrônico. A norma havia sido suspensa por liminar
do STF em 2018.
Referências:
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