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Adriana Ventura
Deputada federal (Novo-SP)
O Brasil é um dos piores países do mundo em termos de representação feminina na
política. Apesar de as mulheres serem 51,8% da população, elas detêm, em média,
apenas 15% das cadeiras dos Parlamentos. Uma corrente tem defendido a
implementação de cotas de gênero para as cadeiras do Legislativo. Acredito, porém, que
esse tipo de ação afirmativa seria uma resposta equivocada para a questão.
Reservar cadeiras para mulheres por lei seria negar o princípio básico da democracia: o
poder emana do povo. É a escolha dos cidadãos que legitima o exercício do poder. Em
outras palavras, o voto é soberano. Apenas o voto qualifica o representante a exercer um
mandato eletivo.
Não deve ser papel do Estado interferir nas escolhas da sociedade para aumentar
a representatividade feminina. Reservar cadeiras para alguém que não obteve o voto
popular seria interferir no resultado da eleição e tirar a legitimidade do eleito, ferindo os
princípios democráticos. Antes de definir cotas, precisamos entender por que as
mulheres não têm tanto sucesso quanto os homens na política. Por que homens e
mulheres votam menos em mulheres do que em homens?
Se todos são iguais perante a lei, todos os candidatos devem ter as mesmas condições.
Para uma disputa eleitoral ser justa, nenhum grupo demográfico deve ter prevalência
sobre o outro. A regra do jogo deve ser a mesma para todos. Isso inclui acesso igual à
disputa, aos meios de financiamento e à divulgação.
O Novo, partido que não usa fundo eleitoral nem apoia cotas, teve o maior índice de
mulheres eleitas em 2020: 38%. Enquanto nas outras legendas, em média, as mulheres
eleitas são menos de 20%.
O terceiro ponto é a cultura. É preciso educar as meninas para que tenham autonomia e
segurança de que qualquer posição — de dirigente partidária a presidente da República
— é para elas.