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Nome do Aluno
CRISTIANO DE SOUSA DEMBOSKI e MILA MARQUES JUSTO

Título preliminar
ASPECTOS DA DEMOCRACIA CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA

1-INTRODUÇÃO

Na obra, “Por que as eleições importam?”, de ADAM PRZEWORSKI, o autor se dedica


àquela que é a prática fundamental e definidora da democracia representativa: a eleição. É
colocada uma visão realista de todo o processo eleitoral, processo esse analisado como um
sistema. Nessa visão realista, onde votar não significa eleger, conceder direitos não significa
conceder poder, é recomendado não se esperar demais da democracia.

Este artigo pretende expor e discutir os pontos: eleição, representatividade, reeleição,


eleições competitivas, polarização e esgarçamento do tecido institucional fazendo,
principalmente, correlação a essa obra do referido autor.

O artigo está estruturado da seguinte forma: capítulo 2 descreve o conceito de eleição


e aborda sensação de representatividade; o capítulo 3 trata das tentativas de corromper o
processo eleitoral; o capítulo 4 discorre como surgiu a reeleição no Brasil e aponta algumas
características e críticas; o capítulo 5 conceitua a eleição competitiva e aborda polarização e
terceira via; e o capítulo 6 conclui o artigo com opinião e sugestões futuras.

2 - REPRESENTATIVIDADE

A eleição, pensando como essência do conceito, foi uma ideia genial para resolver
(processar) os conflitos de maneira pacífica. Como essência, é uma solução civilizatória para
dirimir conflitos que, historicamente, ocorreram por meio DE conflito armado. Isto, por si só,
já constitui uma razão relevante para ser preservada.
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Considerando que o sistema eleitoral teve um grande progresso ao longo dos anos, com
uma evolução histórica de voto universal para homens, voto para mulheres, eleições diretas e
voto secreto e que o mesmo só começou em 1788 com o sufrágio universal nos EUA, a
constatação é de que foi um processo longo, cerca de 200 anos, e com conquistas importantes
para chegarmos aonde estamos. Por esse fato, não podemos esperar que esse processo seja
perfeito e resolva todos os nossos problemas.

No Brasil, a desigualdade é grande, a concentração de renda é alta e com essa


pluralidade e sem harmonia é difícil atender à expectativa. As pessoas estão muito frustradas
com o que a democracia está entregando. A sensação de que a democracia, mesmo tendo
direita, centro, esquerda e sendo multipartidária, não está atendendo.

Existe um descontentamento com o processo eleitoral por causa do sentimento de não


representatividade. Esse descontentamento não é a insatisfação, natural, do lado derrotado na
eleição, nem sequer é sobre o processo de escolha. Cabe destacar que, para a população
brasileira, não existe a discussão sobre selecionar os candidatos de outras formas, mas sim sobre
a representação. Logo, a discussão não se refere ao mecanismo de decisão coletiva (processo
eleitoral). Trata-se da frustração de não ter os efeitos desejados após as trocas dos eleitos
(governos). Pensando nisso, se compreendermos a eleição como um sistema, entenderemos que
todo o sistema pode ser melhorado.

É verdade que “sem eleição não há representação” como disse Robespierre, mas, com
tanta ausência, seja por voto em branco, nulo ou abstenção, (2,15%, 7,44 % e 21,25 %
respectivamente no segundo turno das eleições presidenciais de 2018), conforme gráfico 1, a
população vem demonstrando uma crescente frustação.

Reforçando o quesito insatisfação, conforme mencionado por Nicolau (2015, pág. 240)
– no texto “Os sistemas eleitorais”, candidatos fortes de micropartidos acabam elegendo outros
candidatos de seu partido ou coligação com pouquíssimos votos em virtude do quociente
eleitoral. Isso ainda é realidade no Brasil. Nicolau também evidenciou algumas discussões
buscando uma melhoria no sistema eleitoral.

Aparece com muito destaque a discussão sobre a mudança na forma de escolha dos
deputados federais. Resumidamente, essa discussão possui 3 propostas: sistema de maioria
simples (voto distrital), sistema misto e sistema voto majoritário (distritão). Não cabe nesse
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artigo discuti-las, mas evidenciar que é necessária a busca por soluções que reforcem a
representatividade.

Outra discussão relevante é o regramento do suplente de senador, já que o número de


suplentes em exercício no senado tem aumentado e isso agrava a sensação de não representação.
Faz sentido a população votar, o candidato receber alguns milhões de votos e, em caso deste
não assumir ou se afastar por algum motivo, ser substituído por um suplente que sequer recebeu
votos, em detrimento do segundo lugar mais votado? O suplente, que não recebeu nenhum voto,
na ausência do titular, assume o trabalho parlamentar, sendo por esse motivo comumente
denominado como: “parlamentar sem voto”. Além disso, é prática comum os suplentes serem
cônjuges e/ou parentes próximos, fato que não ajuda a democracia e aumenta o nepotismo.
Outro ponto relevante: se cada estado possui 3 vagas no Senado Federal e os 3 forem suplentes,
não existe representação de fato, conforme regra atual. Esses fatos corroboram a necessidade
de uma reforma eleitoral. Conforme Araújo (2022), foram identificadas 3 propostas de PEC
sobre esse tema.

Nenhum sistema pode efetivar realmente a participação de todos. Porém, é a ideia de


escolher quem serão os governantes que cativa, segundo Przeworski (2021), assim, as regras
eleitorais não podem solapar essa expectativa.

3- TENTATIVAS DE CORROMPER O PROCESSO ELEITORAL

Przeworski (2021) relata as possibilidades de “burlar” o processo eleitoral de várias


formas. Destaca, inclusive, as formas do governante atual influenciar significativamente na sua
vitória e “questiona” por que os governantes se reelegem com tanta frequência - apurado no
texto que, em quatro de cada cinco reeleições, os governantes são reconduzidos ao cargo.
Descreve que a prática do processo eleitoral pode ser bastante “manipulada”, pois mesmo
possuindo regras legalmente adotadas, elas podem influenciar um segmento, uma categoria etc.
Não é o foco deste artigo relatar casos de fraude –grave violação de qualquer regramento– mas
atentar para as possíveis manipulações.

Como exemplo de manipulação, relembro o segundo turno da eleição de 2008, na qual


estavam concorrendo para Prefeitura do Rio de Janeiro Fernando Gabeira e Eduardo Paes,
candidato apoiado pelo governo, quando foi decretado ponto facultativo. Esta data foi
escolhida, antecipando um feriado, na véspera da eleição, para possibilitar que as classes média
e média-alta, eleitoras preferenciais de Gabeira, pudessem viajar e faltassem ao pleito e, desta
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forma, favorecesse ao candidato do governo. Essa eleição foi um marco competitivo. A


comprovação disso foi o resultado de 50,83% para Paes e Gabeira com 49,17% (figura 1). Esta
antecipação foi um procedimento legal, mas que sem dúvida, foi uma artimanha que influenciou
a escolha eleitoral num processo tão disputado.

Esse exemplo vai ao encontro com a ideia de Przeworski (2021), extremamente realista,
de que não podemos esperar tudo das eleições. Não podemos esperar muito das instituições e
nem da democracia.

4- REELEIÇÃO

O instituto reeleição não estava previsto na Carta Magna de 1988(CF88). Foi por meio
de emenda constitucional (EC), na gestão de Fernando Henrique Cardoso, que foi introduzida
essa possibilidade para os três níveis do executivo: federal, estadual e municipal.

Muitos cientistas políticos questionam esta alteração, alegando que tal emenda alterou
a tradição histórica do direito constitucional brasileiro que, até então, jamais havia admitido
esta possibilidade. Além disso, declaram que os conceitos originários da CF88 não se coadunam
com a reeleição. Um dos princípios mais elevados no nosso ordenamento é o princípio
republicano, enfatizado no primeiro artigo. É pacífico que os principais fundamentos
republicanos são: a eletividade, a temporalidade, a periodicidade e a responsabilidade.
Adiciona-se a característica de alternância no poder. Isto posto, alega-se que o ordenamento
original era avesso a que pessoas, chefes do executivo, se eternizassem nos cargos.

Por outro lado, a sustentação para a permissão da reeleição foi baseada no fato de que o
poder emana do povo e reforça a manifestação da soberania popular. Fato é que foi uma decisão
política.

No Brasil, o reeleito poderá, após deixar o cargo, vir a postulá-lo novamente. Desta
forma, desde que haja um intervalo de um mandato, esse postulante poderá se eleger inúmeras
vezes, ocasionando uma perpetuação do titular no poder. Diferentemente daqui, nos EUA, onde
minimizaram os efeitos nocivos, é expressamente proibido exercer mais de dois mandatos
presidenciais, consecutivos ou não.

Abranches (2018, p. 342) aponta que a reeleição reforça exponencialmente as tendências


oligárquicas da nossa cultura política, inibe o surgimento espontâneo de novas lideranças e
permite ao presidente produzir um sucessor. Ele também alerta que a reeleição só gerou custos
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e crises para o país, que existe o desgaste natural, pelo tempo, do vigor político do presidente
no segundo mandato e que, num governo de coalizão, esse custo é muito alto.

Segundo Przeworski (2021, p.66), se os ocupantes atuais vencem com tanta frequência,
é porque eles têm acesso a instrumentos que não estão disponíveis a seus oponentes.

Em algumas propostas de EC, citadas por Guerra (2015), para estabelecer o fim da
reeleição justifica-se que ela provoca desequilíbrios na disputa eleitoral, não só em razão da
indevida utilização da máquina estatal pelo candidato à reeleição, como também pelo prejuízo
causado à governabilidade, em razão da dedicação do titular do mandato à sua campanha
eleitoral. Outras propostas alegam que isso contribui para que ocorra a perpetuação de dinastias
no poder, especialmente nas esferas subnacionais, diminuindo a rotatividade dos titulares –
característica esta essencial à democracia e, em especial, ao princípio republicano. Diversas
proposições fundamentam que o candidato dispõe de superpoderes e vantagem adicional sobre
os seus adversários, uma vez que já possui um nome por todos conhecido. Desse modo, a sua
visibilidade como atual governante acaba por se transformar em publicidade política gratuita.

O tema é de suma importância, uma vez que o instituto da reeleição vem sendo cada vez
mais debatido em todas as esferas de poder. Bem como vem sendo contestada essa perpetuação
no cenário nacional.

5- DEMOCRACIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA

I. O que são eleições competitivas

Disse uma vez Churchill que “a democracia é a pior forma de governo, com exceção de
todas as demais”. Em que pese seus defeitos e contradições, é o sistema que garante maior
número de proteções e nível de liberdade ao povo. Não obstante, talvez o lendário primeiro-
ministro ainda fosse capaz de se surpreender com o estado da jovem democracia brasileira. Para
essa análise, partiremos da observação realizada sobre os pleitos eleitorais a partir de 1989.

Não há dúvidas que a instituição central de uma democracia é o seu processo eleitoral.
Ainda que não suficiente, pois sujeita a outras interferências, não há nação livre que prescinda
de um processo eleitoral competitivo para seleção de seus dirigentes. Em sua obra mais recente
“Por que as eleições importam?”, Adam Przeworski assim define os pleitos competitivos:
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As eleições são competitivas quando os eleitores são capazes de determinar


os vencedores e, o mais importante, quando podem destituir os governantes em
exercício se assim o desejarem (Przeworski, 2021)

Devemos observar que este modelo não infere, em qualquer momento, que o processo
será justo ou simétrico em termos de paridade de armas entre seus postulantes, mas tão somente
requer que a vontade do povo, expressa por uma maioria de votos (absoluta ou simples), será
considerada a decisão final do processo eleitoral.

Com efeito o processo democrático-eleitoral, a despeito de todas as suas evoluções,


ainda sofre as distorções provocadas pela busca desenfreada por vantagens partidárias. O
governante, candidato a reeleição, possui uma miríade de ferramentas capazes de lhe
proporcionar benefícios: utilização da máquina pública, exposição midiática em função de seu
cargo, manipulação da economia por meio de incentivos econômicos, aumento de benefícios
sociais de forma temporária, dentre outros. Em si, não é uma disputa justa.

Ainda assim, para efeito da análise do cenário democrático brasileiro, podemos nos
considerar razoavelmente seguros de possuir um processo eleitoral competitivo. Há um órgão
independente (Justiça Eleitoral) responsável por sua organização, não há vetos a tendências ou
ideologias que respeitem os direitos humanos e todos são livres para votar ou serem votados
desde que cumpram os requisitos do arcabouço jurídico. Nesse cenário, observamos uma grande
quantidade de partidos e ideologias refletidas que vem se enfrentando ao longo deste novo
período de redemocratização, numa verdadeira configuração multipartidária que, não obstante,
vem sofrendo os efeitos da polarização eleitoral.

II. Lei de Duverger e a polarização

A lei de Duverger estabelece que sistemas majoritários tendem a polarizar as disputas


em duas forças, com a desidratação da terceira via, enquanto sistemas proporcionais favorecem
o multipartidarismo. Um desdobramento da lei de Duverger para os sistemas majoritários é o
retardamento do surgimento de novas forças políticas, dado o protagonismo exercido pelos
principais atores políticos.

Observamos a confirmação empírica desse postulado ao analisarmos o histórico das


eleições brasileiras desde 1989. Conforme Limongi e Guarnieri (2018) dois partidos
hegemonizaram o processo eleitoral entre os anos de 1994 e 2014: PT e PSDB obtiveram entre
70 e 90% de todos os votos válidos no período.
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O processo até a polarização extremada seguiu um preceito pragmático dos atores


políticos, através da realização de coligações e desistências de figuras políticas de menor
expressão nacional, numa continuada construção de um polo à centro-direita (PSDB) e outro à
centro-esquerda do espectro político (PT). Ressalte-se que ao se utilizar a expressão “polo”
buscamos o sentido de ponto de atração, de gravitação, e não, necessariamente, o de extremos
do espectro político.

Estes polos sufocaram completamente a ascendência das chamadas “terceiras vias”, seja
pela canibalização das bases de apoio, como observado nos desafiantes à esquerda, ou através
de pesados e coordenados ataques eleitorais, como por exemplo aqueles que vitimaram a
candidatura de Marina Silva em 2014, candidata que mais se aproximou de substituir o PSDB
no segundo turno das eleições daquele ano.

O cenário eleitoral brasileiro parecia de certa forma estabilizado até o desfecho das
eleições de 2014 quando um ato antidemocrático abalou as estruturas institucionais do país: o
candidato derrotado pelo PSDB, Aécio Neves, colocou em dúvida a lisura do resultado eleitoral
e passou a fazer campanha contra o sistema eletrônico de votação, criando um sentimento de
desconfiança que ecoaria por anos até culminar na vitória da terceira via.

III. Vitória da terceira via e o esgarçamento do tecido institucional

As acusações de fraude nas eleições de 2014, somadas aos escândalos de corrupção dos
governos do PT e a má gestão econômica do segundo governo Dilma, gestaram uma crise
política e de confiança que levaram o país à lona. As “regras não escritas da democracia”
(Levitski & Ziblatt, 2018) estavam solapadas, culminando num processo político que destituiu
a presidente Dilma e encarcerou o ex-presidente Lula, deixando caminho livre para a nova
terceira via.

Político experiente, com mais de 20 anos de mandatos consecutivos, Jair Bolsonaro


conseguiu se posicionar como outsider. Ex-militar e deputado federal, integrante do chamado
baixo clero, conseguiu reunir sob o mesmo símbolo forças dispersas do conservadorismo
brasileiro, liberais econômicos e antigos apoiadores insatisfeitos com a falta de força política
do PSDB. Evangélicos, armamentistas e apoiadores das midiáticas operações anticorrupção
completaram o caldo cultural que se reuniu em torno do antigo capitão do exército. A conjunção
dessas forças lhe garantiu a vitória nas eleições de 2018.
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Logo no primeiro ano de seu governo Bolsonaro inicia os ataques às instituições


democráticas: ofende o STF, aumenta as dúvidas sobre o sistema eleitoral, ataca o presidente
da Câmara dos Deputados e a imprensa profissional. Levitski e Ziblatt (2018) já haviam
identificado e sistematizado esse comportamento autoritário e de agressão ao tecido
institucional em seu livro “Como as democracias morrem”: rejeição das regras democráticas,
negação da legitimidade da oposição, encorajamento da violência e propensão à restrição das
liberdades civis dos oponentes.

Przeworski (2021) corrobora esse esgarçamento ao afirmar que o direito à oposição “é


frágil e reversível”. Todos os comportamentos identificados foram praticados durante o
governo Bolsonaro na tentativa de reduzir o sistema constitucional de freios e contrapesos e
angariar apoio popular para implementação de ideias radicais e autoritárias. Pode-se dizer que
as tentativas foram bem-sucedidas: com o passar do tempo houve a naturalização e relativização
das agressões, configurando comportamentos que na década passada seriam considerados
inaceitáveis à condição de piadas ou gracejos.

No ano corrente, a metodologia de busca por vantagens eleitorais foi escancarada, por
exemplo, por meio da expansão sem critério de benefícios sociais temporários para
caminhoneiros e taxistas (com prazo de expiração ao final do ano de 2022), numa tentativa de
expandir a base de apoio do presidente. No entanto, as pesquisas de opinião pré-eleição de 2022
indicam fracasso dessas ações eleitoreiras.

O quadro político retornou então à configuração anterior de polarização, com as forças


à direita reunidas ao redor de Bolsonaro, e as forças de esquerda consolidando-se ao redor da
candidatura do ex-presidente Lula. O argumento central de ambas as bases eleitorais é evitar
um novo mandato de seu opositor. Até o momento em que este artigo é escrito não há sinais de
viabilidade para alguma candidatura de terceira via. Embora elas existam, representadas
especialmente por Ciro e Tebet, ambas têm demonstrado fragilidades.

Ao final do pleito, não importa o resultado, espera-se alguma instabilidade provocada


pela não aceitação do resultado das urnas, já que o quadro das pesquisas de intenção de voto
indica vitória da oposição. A não reeleição de um presidente no poder é um fenômeno raro,
ocorrendo em apenas 20% dos processos eleitorais (Przeworski, 2021). Em meio a todo esse
clima de desconfiança e beligerância repetimos a pergunta de Adam Przeworski: o que esperar
dessas eleições?
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6- CONCLUSÃO

O artigo buscou evidenciar alguns pontos relevantes da obra do Adam Przeworski tais
como: reeleição, representatividade, eleição competitiva, polarização sob a perspectiva da
democracia brasileira. Esses pontos foram conceituados bem como foram conectados com
outros artigos e contextualizados e/ou atualizados para uma situação mais presente do país.

Todos os pontos são muitos relevantes considerando o momento atual –em pleno
processo eleitoral– e o cenário político do país. Não há dúvida que existe uma crise de
representatividade e a intenção foi contextualizar e provocar uma reflexão. Além disso,
questionar alguns institutos, como por exemplo a reeleição.

A democracia representativa tal como a vivemos atualmente tem estado sob constante
ataque de governantes autoritários, os quais já vitimaram alguns países relevantes como Peru,
Venezuela, Turquia e mais recentemente a Hungria. O golpe à democracia já não se faz com
tanques e censura, mas por dentro do sistema, por alterações sutis de regras, vantagens
partidárias aos governantes, reeleições ilimitadas, instituições contra majoritárias, fraude pura
e simples e demais subterfúgios que garantam um verniz popular para a instituição de
autocracias.

Como sugestão para futuros estudos há que se entender o fenômeno da eleição brasileira
de 2022. Partindo-se da completa desidratação da terceira via, a campanha como um todo
investiu no medo de se eleger o adversário: seja por suas opiniões (ou falta delas), ideologia,
comprometimento judicial bem como a aversão aos preceitos democráticos. Os eleitores
comparecerão às urnas amedrontados pelo possível governo do adversário e, nesse contexto,
alargam-se os conceitos morais e civilizacionais para a escolha (ou não) de determinada opção.
Quando for concluído o processo eleitoral, como o novo governo, seja quem for o eleito, fará a
reunificação nacional e garantirá a “ordem e progresso”?

7 - BIBLIOGRAFIA

Abranches, S., 2018. Presidencialismo de Coalizão – raízes e evolução do modelo político


brasileiro. 1ª ed. São Paulo: Companhia das Letras.

Araújo, J., 2022. Propostas em discussão mudam regra de suplentes de senadores. [Online]
Available at: https://www12.senado.leg.br/radio/1/noticia/2022/07/25/conheca-mudancas-
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propostas-para-mudar-a-regra-dos-suplentes-de-senadores
[Acesso em 22 09 2022].

Guerra, C., 2015. A incompatibilidade entre o princípio republicano e o instituto da reeleição:


análise crítica. Revista Resenha Eleitoral - TRE/SC, 7(jan/jun).

Levitski, S. & Ziblatt, D., 2018. Como as democracias morrem. 1ª ed. s.l.:Zahar.

Limongi, F. & Guarnieri, F., 2018. Duverger nos trópicos: coordenação e estabilidade nas
eleições presidenciais brasileiras pós-redemocratização. Em: 25 anos de eleições presidenciais
no Brasil. Curitiba-PR: Appris, pp. 37-61.

Nicolau, J., 2015. Os sistemas eleitorais. Em: Sistema Político Brasileiro: Uma Introdução. Rio
de Janeiro: Fundação Konrad Adenauer, pp. 237-245.

Przeworski, A., 2021. Por que eleições importam?. Rio de Janeiro: EdUERJ.

TABELAS E GRÁFICOS

Tabela 1
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Figura 1

Fonte: wikipedia.org

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