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Centro Universitário de Brasília - UniCEUB

Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais - FAJS


Curso de Bacharelado em Direito

JOEL BATISTA FERREIRA

CRISE DE REPRESENTAÇÃO DEMOCRÁTICA

BRASÍLIA
2020
​JOEL BATISTA FERREIRA

CRISE DE REPRESENTAÇÃO DEMOCRÁTICA

Monografia apresentada como requisito


parcial para obtenção do título de
Bacharel em Direito/ Relações
Internacionais pela
Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais
FAJS do Centro Universitário de Brasília
(UniCEUB).
Orientador: Prof. Alessandro Rodrigues da
Costa.

BRASÍLIA
2020
JOEL BATISTA FERREIRA

CRISE DE REPRESENTAÇÃO DEMOCRÁTICA

Monografia apresentada como requisito


parcial para obtenção do título de
Bacharel em Direito/ Relações
Internacionais pela Faculdade de Ciências
Jurídicas e Sociais -FAJS do Centro
Universitário de Brasília (UniCEUB).

Orientador: Prof. Alessandro Rodrigues da


Costa.

BRASÍLIA, 15 DE JUNHO DE 2020

BANCA AVALIADORA

_________________________________________________________

Professor Orientador
RESUMO

O presente trabalho tem a finalidade de discorrer sobre o ideal de democracia e


analisar como esse ideal pode estar corrompido no Brasil, o sistema eleitoral
brasileiro e as razões da desproporção de representação na composição da
Câmara Federal e no Senado, a histórica resistência em diminuir a
sub-representação de alguns estados e a sobre representação de outros, e como a
Constituição de 1988 conseguiu agravar a sobre representação das unidades da
federação menos populosas, quais as consequências práticas desse esquema
político para as regiões sub-representadas, os defeitos do sistema proporcional e as
esdrúxulas coligações partidárias, porque a grande maioria dos eleitores não
costumam lembrar em quem votou para deputado e as razões para amnésia
eleitoral, o papel da urna eletrônica no esquecimento dos eleitores, o papel que a
internet e as redes sociais podem desempenhar nas política e trazer a questão da
sub-representação de grupos raciais e de gênero nas eleições brasileiras, por fim
mostrar possíveis soluções apresentadas pela maioria da doutrina para solução
destes problemas.

Palavras-chave​: Democracia. Sistema eleitoral. Sistema proporcional. Amnésia


eleitoral. A internet e rede sociais nas eleições. Distorção de representação.
Mulheres, pretos e pardos na representação política. Crise de representação
política.
ABSTRACT

The present work aims to discuss the ideal of democracy and analyze how this ideal
may be corrupted in Brazil, the Brazilian electoral system and the reasons for the
disproportion of representation in the composition of the Federal Chamber and in the
Senate, the historic resistance in reducing the under-representation of some states
and over-representation of others, and how the 1988 Constitution managed to
aggravate over-representation of the less populous states, what are the practical
consequences of this political scheme for under-represented regions, the defects of
the proportional system and the weird party coalitions, why the vast majority of voters
do not usually remember who they voted for deputy and the reasons for electoral
amnesia, the role of electronic voting machines in forgetting voters, the role of the
internet and social networks can play in politics and bring up the issue of
under-representation of racial and gender groups in Brazilian elections, finally to
show possible solutions presented by the majority of the doctrine to solve these
problems.

Keywords​: Democracy. Electoral system. Proportional system. Party coalitions.


Electoral amnesia. The internet and social network in politics. Distortion of
representation. Female, black and brown in political representation. Crisis of political
representation.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 6

1 O CONCEITO DE DEMOCRACIA 9

1.1 CRITÉRIOS PARA UMA DEMOCRACIA REAL 9

1.2 DA DEMOCRACIA LIBERAL 12

1.3 A DEMOCRACIA E A CRÍTICA AO ​WELFARE STATE 13

2 SISTEMA PROPORCIONAL 18

3 A AMNÉSIA ELEITORAL 28

3.1 VOTO OBRIGATÓRIO E O DESINTERESSE NA POLÍTICA 29

3.2 AMNÉSIA ELEITORAL E AS REDES SOCIAIS 32

3.3 INTERNET COMO FERRAMENTA POLÍTICA 33

4 DESIGUALDADE DE REPRESENTAÇÃO 35

4.1 DESIGUALDADE NA DISTRIBUIÇÃO DAS CADEIRAS NA CÂMARA 35

4.1 DESIGUALDADE DE REPRESENTAÇÃO NO SENADO 37

5 PRETOS E PARDOS NA REPRESENTAÇÃO POLÍTICA 40

6 AS MULHERES E A REPRESENTAÇÃO POLÍTICA 42

6.1 RECURSOS DE CAMPANHAS COM O PERCENTUAL MÍNIMO FEMININO 44

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 46

REFERÊNCIAS 51
6

INTRODUÇÃO

“Por que deveríamos apoiar a democracia”? Com esta interrogação feita por
Dahl (2001, p. 57), tentaremos debater neste trabalho se a democracia brasileira
preenche os requisitos intrínsecos de uma democracia real e inquestionável ou se é
em parte uma democracia ​dissimulada e ilegítima.

A democracia se constitui a partir da supremacia da maioria, logo pressupõe


se que a maioria em igualdade de voto deve ter sempre o poder de decisão através
do sufrágio. “Apenas um governo democrático pode promover um grau relativamente
elevado de igualdade política”​, premissa definida ​por ​Dahl (2001, p. 73)​, ​desta
forma, ​se que não há igualdade, é legítimo questionar se realmente temos uma
verdadeira democracia. Por que deveríamos aceitar que determinado grupo de
pessoas tenha algum tipo superioridade política?

O sistema eleitoral brasileiro é complexo e apesar do aparente estado


democrático, não favorece o sentimento de representatividade dos seus eleitores e
os inconvenientes em sua maioria são oriundos em parte do sistema proporcional e
seus efeitos indesejados que desenvolve-se por meio do poder econômico no
financiamento das campanhas que favorece ao aumento dos níveis de corrupção​,
embora o STF tenha proibido financiamento privado, o fundo partidário permanece
sob controle dos caciques dos partidos.

Embora o sistema eleitoral proporcional reserve espaço para que as


escolhas das minorias possam contribuir com o processo político e evitar a criticada
situação do sistema majoritário distrital puro, no qual voto das minorias não produz
representação política ideal, de outro lado, no sistema proporcional brasileiro, um
dos principais problemas é o custo de campanha, devido ao tamanho dos distritos
eleitorais, para citar poucos exemplos, os Deputados Federais do estado de São
Paulo fizeram campanha para todo o eleitorado do estado, de 33.028.916 milhões
de eleitores e os Deputados Federais por Minas Gerais fizeram campanha para
15.701.164 milhões de eleitores em outubro de 2018, enquanto os parlamentares do
Reino Unido, onde o sistema eleitoral é voto distrital puro, cada parlamentar realizou
campanha para cerca de 70 mil eleitores nos 650 distritos eleitorais ​ao passo qu​e
7

nos Estados Unidos, a campanha foi para uma média de 711 mil eleitores nos 435
distritos, a partir destas informações, pode se ter uma ideia de como o sistema
distrital puro ou misto, poderia modificar para melhor o fator custo das campanhas
eleitorais no Brasil, visto que a maioria dos grandes casos de corrupção origina no
financiamento das campanhas políticas ao mesmo tempo que facilitaria a
representatividade.

Os gastos ​de campanhas nas eleições de 2014 dos 513 Deputados Federais
eleitos somou R$ 751 milhões (atualizado em novembro de 2018, chega a R$ 960
milhões), o que perfaz em R$1.871.345,02 (um milhão e oitocentos e setenta e um
mil reais) por candidato vencedor, isto equivale a 837,6 salários da renda média de
todos os trabalhadores ocupados. Enquanto no Reino Unido por exemplo, os gastos
de campanha são dramaticamente menores do que no Brasil, pois são limitados a
30 mil Libras por candidato, ou seja, pouco mais do que 12 salários da renda média
nacional do Reino Unido (em abril de 2017, a renda média de todos os trabalhadores
ocupados no Reino Unido era £550 por semana, cerca de £2.400,00/mês).

O sistema eleitoral proporcional atualmente é considerado ultrapassado,


complexo e com alto custo para as campanhas eleitorais, o que explica parte do
histórico problema da corrupção no Brasil. Invariavelmente quando surgem novas
propostas de reforma eleitoral, as principais alternativas discutidas para o Brasil são
o voto distrital e o voto distrital misto, o voto distrital recebe grande apoio nos meios
de informação, dentre estas propostas, tivemos a PEC n° 54/2007 que alteraria o
Art. 45 da Constituição, chegou a ser aprovada na CCJ, mas foi arquivada ao final
da legislatura. O sistema de voto distrital ou o distrital misto, poderia vir a ser a
solução para a maior parte dos problemas citados anteriormente, a complexidade, o
alto custo de campanha, a baixa representatividade e a distorção na representação
política.

Em vista disso, as explicações do porquê a grande maioria dos eleitores não


costumam lembrar em quem votou para o parlamento do Brasil e quais países
repetem este fenômeno, o que eles têm em comum com o sistema eleitoral
brasileiro?

Outra consequência do sistema eleitoral brasileiro é a distorção de


representação dos eleitores entre os estados mais populosos em relação aos
8

estados menos populosos que geralmente estão localizados no norte e nordeste do


país, uma realidade nunca resolvida nas constituições brasileiras ao longo da
história. Com diferença de representação de até 10 vezes entre estados, sob o
amparo da legislação eleitoral no topo da pirâmide normativa, a Constituição
Federal, é obrigação dos nossos representantes em momento oportuno enfrentar
estas distorções que prejudicam a representação política da sociedade.

Partindo do exposto, o objetivo deste artigo é avaliar os desafios à


representação política de forma igualitária no país, assim como nos diferentes
grupos sociais, regionais e de gênero. A primeira seção apresenta os conceitos de
democracia que não podem faltar em nenhum país realmente democrático. Na
segunda seção será discutido o sistema proporcional, na terceira seção a análise
sobre as causas da amnésia eleitoral e os novos caminhos que podem estar
combatendo este danoso efeito para a representação política, na quarta seção uma
reflexão sobre a forma de representação estabelecida na constituição menospreza o
princípio da igualdade do voto, na quinta seção examina como o capital político
menor influência a representação de pretos e pardos na política e por fim, na última
seção, de que forma o financiamento de campanhas e do sistema eleitoral
influencia a representação das mulheres na política.

Portanto, as questões trazidas neste trabalho têm grande importância para o


país, pois não se pode ignorar que a distorção de representação e o alto custo das
campanhas facilita a corrupção e subverte a democracia.
9

1 O CONCEITO DE DEMOCRACIA

A democracia é um sistema político com amplos conceitos, mas podem ser


resumidos em comum pela adoção de um pacto social no qual o povo tem a
soberania popular, exercido através do voto para produzir o bem comum.

Bonavides (2009, p. 344) ensina que a democracia parte se do “conceito de


que ela deve ser o governo do povo, para o povo”, a democracia se constitui a partir
do poder da maioria, conforme Tocqueville (2005, p. 291) “é da própria essência dos
governos democráticos o fato de o império da maioria ser absoluto, porque fora da
maioria não há nada que resista nas democracias”. Por outro lado, às vezes a
providência da maioria pode ser usada para suprimir o direito das minorias, ou o
inverso no caso do Brasil como veremos mais adiante.

Segundo Bonavides (2009, p. 156), o estado Grego antigo era uma


organização política perfeita porque compreendia o homem em toda liberdade da
vida social. As cidades não tinham conflitos e rivalidades entre grupos e instituições
ou partidos formavam a ​polis,​ uma grande unidade, na conceituação de Rousseau, a
soberania estava com o povo e os políticos eram uma sociedade de cidadãos que
deve ser alcançada pela vontade da maioria ou “soberania popular”, tal como está
no Art. 14, caput da Constituição Federal de 1988.

1.1 CRITÉRIOS PARA UMA DEMOCRACIA REAL

Segundo Dahl (2001, p. 49), na democracia todos são qualificados e todos


os integrantes são capazes de tomar as melhores decisões em prol do bem comum,
o autor define cinco critérios devem coincidir em uma democracia:

A participação efetiva;
A real igualdade de voto;
O esclarecimento sobre as políticas e suas consequências;
10

O controle do planejamento;
E inclusão da maioria dos cidadãos na participação.

No entendimento de Dahl (2001, p. 50) quando estas regras forem


quebradas, os membros não mais serão politicamente iguais, ele sustenta que
quando há desigualdade de voto, as posições dos que ficaram em vantagem irão
sobressair.

Para entender o que Dahl (2001, p. 50) quis dizer e pode acontecer na
prática, a leitura do texto Transferências para Estados e Municípios do Senado
(2019, p. 5), encontra o seguinte sobre o Fundo de Participação dos Estados (FPE):

Tal mecanismo é fortemente apoiado e defendido, no Congresso,


pelos parlamentares das regiões beneficiadas, constituindo-se em
elemento importante nas negociações do pacto federativo brasileiro.

O FPE é uma transferência obrigatória, incondicional e de caráter


redistributivo que envolve impostos igual ao Fundo de Participação dos Municípios
nas seguintes condições:

Até 2015, a partilha do FPE constou do Anexo Único da Lei


Complementar nº 62, de 1989. Os coeficientes de participação de
cada estado eram fixos, com os estados das regiões Norte, Nordeste
e Centro-Oeste somando 85% do total.

Sem entrar no mérito dos critérios escolhidos para a distribuição dos


recursos citados acima, ​o site do instituto Rothbard mostra quanto cada estado
enviou de impostos federais em 2015 e quanto cada unidade recebeu da ​União ​a
título de transferência de recursos na tabela a seguir:

Tabela 1 Saldo de envios de recursos pelos Estados.


Quanto paga ao Quanto recebe do
UF Resultado final
governo federal governo federal

Acre 1.139.596.984,57 3.862.072.833,56 2.722.475.848,99

Amazonas 13.007.759.400,87 6.979.811.012,28 — 6.027.948.388,59

Amapá 893.046.996,43 3.463.993.114,77 2.570.946.118,34

Pará 9.704.359.176,59 16.595.437.090,73 6.891.077.914,14


11

Rondônia 2.760.427.987,19 3.959.413.110,32 1.198.985.123,13

Roraima 911.242.378,50 2.894.796.662,14 1.983.554.283,64

Tocantins 1.771.455.627,40 5.779.330.251,53 4.007.874.624,13

Alagoas 3.631.550.736,34 8.871.971.656,02 5.240.420.919,68

Bahia 24.158.879.657,96 29.168.441.974,40 5.009.562.316,44

Ceará 17.488.544.992,86 18.461.991.985,38 973.446.992,52

Maranhão 6.930.917.913,66 17.468.654.211,92 10.537.736.298,26

Paraíba 5.706.399.101,00 10.005.009.003,21 4.298.609.902,21

Pernambuco 22.221.644.176,85 17.657.709.625,46 — 4.563.934.551,39

Piauí 3.360.225.056,15 9.044.652.795,17 5.684.427.739,02

Rio Grande do
5.179.540.428,14 8.413.401.904,95 3.233.861.476,81
Norte

Sergipe 3.826.602.539,86 6.341.142.304,04 2.514.539.764,18

Goiás 14.484.043.640,55 9.394.724.025,65 — 5.089.319.614,90

Mato Grosso 8.340.858.436,80 5.930.960.600,57 — 2.409.897.836,23

Mato Grosso do
6.754.384.183,00 4.818.245.068,89 — 1.936.139.114,11
Sul

Espírito Santo 19.231.943.009,57 7.266.976.482,53 — 11.964.966.527,04

Minas Gerais 69.640.164.949,31 28.529.131.953,50 — 41.111.032.995,81

Rio de Janeiro 209.365.855.865,92 24.032.143.817,56 — 185.333.712.048,36

São Paulo 492.803.803.566,50 39.351.094.231,04 — 453.452.709.335,46

Paraná 60.604.844.827,73 15.060.913.337,93 — 45.543.931.489,80

Rio Grande do Sul 60.932.105.275,34 14.853.494.875,00 — 46.078.610.382,34

Santa Catarina 46.219.590.989,48 8.635.169.117,82 — 37.584.421.871,66


Fonte: Instituto Rothbard (2015)

Pode se tirar algumas conclusões pelos dados mostrados abaixo (seção 4),
41,89% do total do eleitorado das regiões norte, nordeste e centro oeste tem 60
cadeiras no Senado (74%). Se a maioria dos paulistas compreendessem esses
números (retorno de impostos de apenas ​7,9%​) teriam vontade de fazer outra
12

Revolução Constitucionalista. Os cariocas iriam querer se tornar independentes. Por


outro lado, no Nordeste a população ​não entende como um estado pequeno recebe
tanto é nunca evolui em nenhum aspecto, portanto, o gasto ineficiente pode ter o
mesmo resultado que nenhum gasto.

No livro “Por Que as Nações Fracassam” ​Acemoglu e Robinson ​explicam


que casos como este são decisivos para que países permaneçam no atraso, na
Revolução Francesa o atraso em relação aos ingleses foi quebrado com a decisão
de abolir por completo o sistema feudal, em que havia centenas de taxas e
impostos cobrados dos camponeses, “Decreta que, dentre os direitos e deveres
existentes, feudais e censuais, todos os quais oriundos ou representantes de laços
reais ou pessoais de servidão, serão abolidos sem direito a indenização”. Da
mesma forma, a exportação da revolução por toda a europa facilitou romper os laços
do feudalismo em todo o continente (​Acemoglu, Robinson, 2012, ​p. 277).

Como se pode notar, na democracia brasileira as regras ​preconizadas ​por


Dahl estão quebradas, pois quando há desigualdade de votos, coincidências como a
tabela acima e outras consequências aparecem, isso tudo sem acabar com
desigualdades regionais, porque a espoliação das regiões Sul e Sudeste perduram
há quase seis décadas sem resultados efetivos.

Tudo isso consequentemente acaba por refletir na percepção pública a


respeito da democracia em vigor como mostra a pesquisa abaixo:
13

Figura 1 ​Análise das atitudes dos cidadãos em relação a democracia representativa​.

Fonte: ESEB (2018)

1.2 DA DEMOCRACIA LIBERAL

Sem embargo ao conceito da ​souveraineté francesa, que entendia ser


inseparável o Estado e soberania e a simbolizava na figura do Rei, na moderna
democracia liberal ou representativa, por meio do sufrágio as pessoas participam
direta ou indiretamente na soberania elegendo seus representantes (BONAVIDES,
2009, p. 292).

Embora na teoria a soberania seja dos cidadãos, no Brasil dos anos 1910,
denunciou se a degeneração do ideal de regime republicano, o poder das
oligarquias corrompeu a construção da democracia liberal idealizada pelos
republicanos, desta forma, na prática variava entre a ditadura e a anarquia. Rui
Barbosa recorria ao liberalismo clássico para contestar e criticar a “soberania
ilimitada” em contraposição às doutrinas de soberania concentrada como as de
14

Bodin, Hobbes ou Rousseau, pois via que o resultado das urnas estava totalmente
desvinculado da vontade popular (CINTRA, 2013, p.203).

No pensamento de Bobbio (1986, p. 41) havia a defesa da democracia


representativa e a crítica a democracia direta, a “fórmula democrática liberal” seria o
modelo ideal para a ordem social para se preservar a existência do ser humano em
sociedade.

O conceito da democracia liberal para Bonavides (2009, p.297), é a que


tenha sido confiado a uma elite governante através do “sufrágio restrito”, assegurar
assim a hegemonia do estado burguês, em teoria era o governo dos melhores.
Todavia a história mostrou que era tão somente o poderoso e eficaz instrumento de
exclusão de parcelas razoáveis do povo de qualquer participação política, o sufrágio
restrito era baseado na riqueza, na instrução, na classe social ou raça.

1.3 A DEMOCRACIA E A CRÍTICA AO ​WELFARE STATE

Matéria do site Mises ​descreveu a convicção de ​Hoppes (2014) ​em seu


livro Democracia o Deus que falhou, a democracia inevitavelmente gera uma
preferência temporal alta, ele ​recrimina duramente o pensamento retórico
democrático, pois seria só um nome, que é raro um governo ou estado que não se
proclamem democráticos, mesmo assim impõem toda sorte de abusos. O autor
supõe imaginar que se houvesse um governo mundial eleito com um voto por
homem, provavelmente seríamos governados por uma coalizão de chineses e
indianos, e estes poderiam impor uma redistribuição de renda do ocidente para o
oriente valendo-se do voto. Para ele a democracia deveria existir somente em
pequenos vilarejos e comunidades semelhante ao moderno condomínio, onde todos
se conhecem, de tal modo que seria difícil tentar espoliar a riquezas de uns para dar
aos desprovidos como promessa de campanha, porque os abonados em geral o é
por seus esforços pessoais, ele faz o seguinte prognóstico:

Após menos de cem anos de democracia e redistribucionismo, os


resultados previsíveis estão aí. [...] A dívida pública e o custo da atual
seguridade social e do sistema de saúde criaram o prospecto de um
15

iminente colapso econômico. Ao mesmo tempo, quase todas as


formas de comportamento indesejável — desemprego, dependência
assistencialista, negligência, temeridade, incivilidade, psicopatia,
hedonismo e criminalidade — aumentaram, e os conflitos sociais e a
dissolução da sociedade atingiram níveis perigosos. Se a tendência
atual continuar, é seguro dizer que o estado de bem-estar social (a
social democracia) do Ocidente irá desmoronar assim como o
socialismo do Oriente (de estilo russo) desintegrou no final dos anos
1980.

Para Hoppes (2014) a ideia de democracia é imoral e antieconômica, pois


este arranjo permite que duas classes se unam para desapossar uma terceira classe
social restante, é imoral e injusto. Este lado da democracia deve ser tratado com
desprezo, pois nada mais é do que uma fraude moral.

Diante do reconhecimento desse fato​, parece ser plausível convencer a


maioria dos eleitores de que eles não deveriam deixar que a minoria que vive à
custa dos impostos pagos pelos outros tenha autoridade em determinar como
devem ser cobrados e usados esses impostos. Entendido esse detalhe crucial, a
maioria dos eleitores deveriam democraticamente, acabar com o direito ao voto de
todos os funcionários do estado e também daqueles que recebem benefícios do
governo, sejam eles os beneficiários de assistencialismo ou empresas que recebem
contratos para serviços ou obras públicas.

Na mesmo lógica, o site Mises expõe que poucos conseguem ver que a
maioria dos países sofrem com governos inchados, alta carga tributária, muita
regulação estatal e enorme dívida pública, pois os representantes eleitos ficam
pouco tempo no cargo e assim não se contém em gastar o dinheiro público para se
tornar populares e não se preocupam com consequências futuras, faz pesadas
críticas ao modelo de ​welfare state​ das democracias ocidentais:

Ela resulta em ​gastos e impostos continuamente crescentes,


papel-moeda e inflação do papel-moeda​, uma infindável avalanche
de legislações, e em um crescimento regular da dívida "pública".
Justamente por isso, a democracia leva a uma menor taxa de
poupança, a um aumento da incerteza jurídica, a uma confusão
moral, a desordem e ao crime. Ademais, a democracia é uma
ferramenta de confisco e redistribuição da renda e da riqueza. Ela
envolve o ato de o legislativo "tomar" a propriedade de alguns
(aqueles que têm) e "entregá-la" para outros (os que não têm)​.
16

Os gastos governamentais cresceram, na maior parte dos países


democráticos, da faixa de 10% do PIB antes da Primeira Guerra Mundial para os
quase 50% em 2009:

Figura 2 Demonstra como cresceram os gastos em % do PIB.

Fonte: Mises (2010)

Os dados atualizados dos países acima pela OCDE (2018) são:

Tabela 2 Dados recentes.


Áustria 48,65% Itália 48,39%
Bélgica 52,15% Japão 38,95%

G. Bretanha 40,94% Holanda 42,05%

Canadá 40,65% Espanha 41,72%

França 55,86% Suécia 49,86%

Alemanha 44,58% Suíça 33,73%

Itália 48,39% EUA 37,83%


Fonte: OCDE (2018)

Gastos das três esferas do Brasil em % do PIB. Observe a disparada a partir


de 1985, justamente quando a democracia se consolidou.
17

Figura 3 Disparada nos gastos públicos após 1985, chegando 42,2% em 2018.

Fontes: IBGE e Heritage Foundation

Neste sentido, a posição defendida no Mises encontra eco no raciocínio de


Bonavides (2009, p. 359) do seguinte modo:

A lição de nossa época demonstra que não raro os partidos,


considerados instrumentos fundamentais da democracia, se
corrompem. Com a corrupção partidária, o corpo eleitoral, que é o
povo politicamente organizado, sai bastante ferido.

A manipulação política é criticada por contas de interesses particulares por


Tocqueville (2005, p. 68) que segundo ele não estão tão arraigados nos EUA: “Há
países em que um poder, de certa forma exterior ao corpo social, atua sobre ele e
força-o a caminhar em certo sentido. Outros há em que a força é dividida. ”
18

2 SISTEMA PROPORCIONAL

Dos sistemas eleitorais usados nas principais democracias do presente no


mundo, em cerca de 58% delas, o sistema proporcional é o sistema eleitoral para
eleição dos parlamentares predominante na Europa e nas Américas.

No Brasil o sistema proporcional de lista resiste a inúmeras reformas


políticas, apesar de ser frequentemente criticado pelas distorções resultantes do
quociente eleitoral conjugado com as coligações partidárias, Nicolau (2012).

O sistema proporcional foi implantado pela primeira vez no Brasil em 1932


pelo Decreto nº 21.076/32, e tem permanecido praticamente o mesmo desde então,
a principal alteração foi a introdução de dois turnos para eleições do poder
executivo, deste modo, não refletindo as mudanças econômicas e geográficas
ocorridas no país, os defeitos do sistema proporcional, com suas fórmulas
complexas, também apresentam problemas de eficiência, há que citar igualmente a
perversidade das coligações entre partidos, na medida que os puxadores de voto
costumam favorecer a eleição de candidatos menos votados que outros com mais
votos que acabam não eleitos devido ao quociente eleitoral. Para os eleitores
comuns a distribuição das cadeiras no sistema proporcional é complexa, muitos
não entendem o porquê de alguns candidatos com mais votos não serem eleitos,
levantando mais desconfiança no sistema, casos assim são típicos na coligação de
vários partidos e até mesmo com diferentes ideologias, vez por outra, faz com que o
voto em um campo ideológico ajude eleger algum deputado de outra ideologia,
partidos com votações semelhantes podem obter um número diferente de cadeiras,
também a eleição de representantes em campo oposto ao do chefe do executivo
contrariando a intenção primária do eleitor, os eleitores na maioria das vezes não
sabem que as coligações podem gerar esses efeitos perversos sobre a
representação partidária, o efeito do número grande de coligações, é mais
distorções na representação e consequentemente mais fragmentação partidária
pode ser observada, Nicolau (2012).
19

Bonavides faz pesadas críticas ao sistema proporcional, o partidarismo é


colocado diante de uma significativa ameaça de arruinar-se e a desagregação, haja
vista que esse modelo estimula uniões excêntricas de agremiações partidárias
oportunistas. Assim, a confiança dos eleitores pela virtude da representação, vai
sendo enfraquecida, pois esta é iludida por alianças e coligações partidárias, cujos
programas, geralmente, são inconciliáveis. De resto, ressalta o autor:

Da ocorrência dessas alianças deduz-se outro defeito grave da


representação proporcional: exagera em demasia a importância das
pequenas agremiações políticas, concedendo a grupos minoritários,
excessiva soma de influência em inteiro desacordo com a força
numérica dos seus efetivos eleitorais. Ofende assim o princípio da
justiça representativa, que se almeja com a adoção daquela técnica,
fazendo de partidos insignificantes “os donos do poder”, em
determinadas coligações. É que de seu apoio dependerá a
continuidade de um ministério no parlamentarismo ou a conservação
da maioria legislativa no presidencialismo. “Parlamentos
ingovernáveis” e governos instáveis contam se, pois, entre os vícios
que o sistema produz e que se apontam em desabono de sua
adoção. (BONAVIDES, 2009, p. 271-272).

Em relação às coligações, Nicolau (2017, p. 27) mencionou a composição


da Frente Popular por Pernambuco como um excelente exemplo de como se dá o
processo de transferência de votos entre os partidos coligados no sistema eleitoral
brasileiro, um eleitor liberal ao votar no DEM, acabou ajudando a eleger uma
Deputada do PCdoB, e vice-versa. Os representantes eleitos foram Luciana Santos
(PCdoB) e Mendonça Filho (DEM). Ambos teriam papel fundamental nos debates
políticos da legislatura para a qual foram eleitos. A deputada Luciana Santos foi
escolhida presidente nacional do seu partido em 2015 e se destacaria como uma
das mais importantes defensoras do governo de Dilma Rousseff. Já o deputado
Mendonça Filho figurou como um dos principais defensores do processo do
impeachment da presidente. Com base nos exemplos de acima, em matéria de
representação popular, como é disposto o sistema proporcional no Brasil, é um
fiasco em termos de representação popular.

Os principais pontos positivos do sistema eleitoral proporcional, conforme a


doutrina, o modelo aumenta a representatividade, pelo seu caráter proporcional, os
eleitores estarão representados em esfera maior, estimula de alguma maneira, a
20

criação de novos partidos, consequentemente reforça o pluralismo político partidário.


Bonavides esclarece:

Serve de espelho e mapa político ao reconhecimento das forças


distribuídas pelo corpo da nação. Nos países que o aplicam em toda
a plenitude, não há corrente de opinião, por minoritária que seja, que
não tenha possibilidade eventual de representar-se no legislativo e
assim concorrer, na medida de suas forças e de seu prestígio, para a
formação da vontade oficial. Em suma, sob esse aspecto, trata-se de
um sistema eleitoral que permite ao eleitor sentir a força do voto e
saber de antemão de sua eficácia, porquanto toda a vontade do
eleitorado se faz representar proporcionalmente ao número de
sufrágios”. (BONAVIDES, 2009 p. 269).

Nicolau (2017, p. 68) somente defende a manutenção do sistema


proporcional nas eleições, desde que se acabe com coligações e adoção de
cláusulas de barreira para diminuir a fragmentação partidária.

Defender o modelo proporcional é sobretudo admitir seu princípio


geral: “O propósito da eleição é garantir que as cadeiras sejam
distribuídas em proporção aos votos recebidos pelos partidos. ” [...]
estou convencido de que o sistema proporcional é o modelo mais
adequado para as democracias contemporâneas, particularmente por
sua capacidade de representar de modo mais preciso a preferência
dos eleitores. Porém, no caso do Brasil, sustento que alguns de seus
componentes não funcionam a contento e deveriam ser substituídos,
NICOLAU (2017, p. 81).
21

3 A AMNÉSIA ELEITORAL

A desconfiança no sistema eleitoral leva muitos eleitores a nem se dar o


trabalho de pesquisar um nome de candidato para votar nas vésperas das eleições,
inúmeros acabam votando branco ou nulo. Somando-se a este fato, a distribuição de
mensagens por redes sociais induzindo a votar em branco ou nulo com a informação
falsa para anular a eleição quando estes forem superiores a cinquenta por cento dos
votos, levaram os votos brancos e nulos a baterem recorde em 2014, chegando a
15% do total.

A grande maioria dos eleitores não costumam lembrar em quem votou para
deputado, explica Nicolau (2017, p. 35), em regra a eleição é o momento ideal para
os eleitores punirem ou reconduzirem os representantes, de acordo com o
merecimento do trabalho realizado, o melhor significado de democracia é justamente
o controle da qualidade sobre os governantes, pela avaliação do desempenho dos
detentores do poder, o cidadão pode reconduzir ou punir quem está no mandato. É
fácil verificar o chefe do executivo e seu desempenho anterior, o mesmo não pode
ser dito em relação aos parlamentares, se boa parte não lembra em quem votou,
como avaliar o andamento do mandato do parlamentar?

Segundo Nicolau (2017, p. 35) o Estudo Eleitoral Brasileiro ESEB (2014) em


pesquisa acadêmica, realizada desde 2002, que entrevista eleitores nas semanas
seguintes às eleições gerais. Em 2014, as entrevistas foram feitas entre os dias 1º e
19 de novembro, os eleitores foram ouvidos no máximo até 45 dias após a primeira
votação. Uma das perguntas do ESEB-2014 solicitava aos eleitores que dissessem
em quem eles tinham votado para deputado federal. Os resultados são
surpreendentes, 46% não lembravam ou não sabiam responder.

Com a troca das cédulas de papel pela urna eletrônica, os eleitores não
precisam mais decorar nomes dos candidatos, ao digitar o número na urna, o eleitor
acaba não memorizando o candidato em que votou, dessa forma contribuindo para
maior esquecimento eleitoral.
22

Abolir os a números nas urnas seria uma ótima ideia segundo Nicolau,
(2017, p. 37), porque o nome importa muito, os partidos não têm muito prestígio,
tradição e organização suficientes para que o eleitor se contente com a legenda. Daí
a importância que assume o nome do candidato, que é ainda, em nossa realidade
política, o que interessa ao eleitor e desta forma se combate a amnésia eleitoral.

3.1 VOTO OBRIGATÓRIO E O DESINTERESSE NA POLÍTICA

Outro fator que favorece o desinteresse do eleitor segundo Vieira (2018, p.


198), é a obrigatoriedade do voto, pois as pessoas desinteressadas pelo voto
acabam por não dar importância qualitativa ao seu voto, e a grande maioria do
eleitorado é contra o voto obrigatório, apesar dos seus defensores argumentarem o
suposto favorecimento à participação política.

De acordo com Rennó, Soares, (2017, p. 28), em pesquisa realizada em


2002, 10% dos eleitores não lembraram em qual candidato a presidente votaram 4
anos antes, 71% não lembraram em qual candidato a deputado, este número foi de
31% quando perguntados sobre quem votaram para senadores a questão é: se não
lembra em quem votou, como cobrar o desempenho exigindo a ​accountability?
Norberto (2013, p. 31) define o termo usado na língua Inglesa que remete à
obrigação de prestar contas:

Tabela 3 4 Conceito de Accountability​.


Accountability Possibilidade de alguém (principal ou agente) exigir
conceito analítico Informação e justificação pela prática de atos, pelas
omissões e pelos resultados de um agente, sendo
possível aplicar sanções.

Modelos de ​Accountability​ na Sociedade e no Estado.


Cidadãos sancionam por meio da eleição os agentes
Accountability estatais pela avaliação de seus atos e pelos
vertical (eleitoral) resultados promovidos por representantes e
autoridades eleitas.

Accountability Variação de accountability​ vertical, a sociedade civil e


23

vertical (social) a imprensa sancionam (por meio de denúncias e


exposição pública) agentes estatais eleitos ou não
eleitos.

Accountability Agentes estatais ou supranacionais (individuais ou


horizontal/ institucional coletivos) podem requerer informações e justificações
de outros agentes estatais, além de poder
sancioná-los.

Accountability​ legal Fornecimento de informações e justificações sob o


cumprimento da lei, além da sanção no caso de sua
violação.
Fonte: Norberto (2012)

Quem desempenha funções de importância na sociedade deve


regularmente explicar o que fazer, seus motivos, quanto gasta e o que pretende
fazer a seguir, quando a sociedade e órgãos burocráticos exercem ativamente a
cobrança e seus resultados:

Essa atuação de accountability social pode gerar sanções de


accountability eleitoral não eleição de políticos e partidos e
accountability horizontal aplicação de sanções por meio do Judiciário
e tribunal de contas, assim como instaurações de processos pelo
Ministério Público e outras medidas. (NORBERTO, 2013, p. 107).

Dessa forma a questão de lembrar em qual político votou é importante para


saber a quem vai cobrar. Somente 12% disseram se lembrar corretamente o nome
do candidato a Deputado Federal em quem votaram e cerca de 30% dos eleitores
disseram não se lembrar em quem votaram para Deputado Federal apenas dois
meses depois da eleição de 2002. Esta “amnésia eleitoral” acaba por entregar mais
poderes aos eleitos e menor capacidade de cobrança dos representados, entre os
eleitores da capital e do interior, praticamente não há diferença, todos esquecem em
quem votaram no mesmo percentual. Entre os homens e mulheres, estas esquecem
mais, uma diferença de 9%, a explicação é que os homens são mais interessados
por política do que as mulheres, quantos aos mais idosos, estes esquecem bem
mais do que os jovens, revela o desinteresse deles pela política com a maior idade
aliada ao voto facultativo, indica (RENNÓ, SOARES, 2017, p. 29).
24

Para os autores, a principal diferença no esquecimento, vem com a maior


escolaridade dos eleitores, somente do 2° grau para nível superior, a diminuição é
de 20%, tanto que cerca de 1/3 dos que têm diploma lembram corretamente dos
candidatos que receberam seus votos, ainda assim este é o percentual máximo que
os eleitores conseguiram lembrar na próxima eleição. Rennó e Soares (2017)
destacam que houve mudanças na política brasileira devido a melhora na
escolaridade, no entanto a evolução acontece lentamente e mal se pode perceber e
o sistema político não ajuda nesta questão.

Ressalta os autores a necessidade de uma reforma que seja do ponto de


vista dos eleitores e diminua os vícios da política, fortaleça os partidos, corrija
distorções e diminua os custos. Comparando com os eleitores britânicos, os
brasileiros são bem menos escolarizados e mais exigidos nas eleições, em 2002 os
brasileiros votaram 6 vezes enquanto na Grã-Bretanha foi apenas um voto para
formar o governo. Pesquisas sobre amnésia eleitoral em outros países mostra que
os países onde se votam no partido, tendem a esquecer menos, na Alemanha e
Hungria, foi de apenas 10% os que não se lembraram em quem votou, enquanto na
Polônia e Portugal, que votam pelo nome do candidato, a amnésia foi até mais alta
que no Brasil, logo conclui-se que é mais fácil lembrar quando se vota em partidos.
Ainda segundo os autores, não há tradição de partidos no Brasil, a não ser na
história recente com a militância do PT versus PSDB e os eleitores anti-PT, uma
disputa política precária, mas que deveria ser replicada.
25

No mesmo sentido da pesquisa anterior, Fernando Rodrigues (2014),


divulgou a pesquisa feita em setembro de 2014 pela consultoria Expertise com 1.188
pessoas de ambos os sexos no país inteiro, mostrou que 44% não se lembraram em
quem votou para deputado federal, e 38% para Senador em 2010, o interessante foi
que 70% desejavam mudanças na forma de governar o país.

Em 2018, 79% dos brasileiros não lembram em quem votaram para o


Congresso 4 anos antes, segundo o site Exame (2018), somente 15% deles
disseram que seguem os trabalhos dos parlamentares que ajudaram a escolher,
para Maurício Moura, presidente da IDÉIA BIG DATA, que ouviu 5.003 pessoas em
37 cidades do Brasil, A crise de representatividade é um problema global, mas isso é
uma coisa muito brasileira. Sendo assim, não é surpresa que para 84% dos
entrevistados pela pesquisa, os parlamentares não representam o eleitor brasileiro e
73% acreditam que eles trabalham em prol dos interesses próprios.

Desse modo, os eleitores veem ​a democracia somente como ato de votar


nas eleições, como reflexo acontece o mesmo com a classe política, em regra não
dá satisfações para os eleitores após o pleito, reaparecendo apenas na próxima
eleição, Rousseau descreve esta impressão em o Contrato Social:

O povo inglês pensa ser livre, mas está completamente iludido


apenas o é durante as eleições dos membros do parlamento
tão logo estejam estes eleitos, é de novo escravo.
(ROUSSEAU, p. 131)

Nesta lógica, os cidadãos não cobram as promessas feitas nas eleições, a


amnésia segue alta, mas principalmente em relação ao legislativo, pois na mesma
pesquisa 82% dos pesquisados responderam o nome do candidato votado para
governador e 91% se recordaram em quem votou para presidente, contudo são os
parlamentares que têm mais proximidade com os eleitores e mais fácil de ser
cobrados. Apesar do histórico das pesquisas citadas, em 2018 a maioria dos
eleitores apontaram características ligadas à honestidade e transparência como
indispensáveis para um bom candidato no próximo pleito, segundo a Exame.com,
seria um legado da operação lava-jato.
26

3.2 AMNÉSIA ELEITORAL E AS REDES SOCIAIS

Por outro lado, em contraposição a amnésia eleitoral, as redes sociais vêm


ganhando cada vez mais espaço no debate político e influenciam voto de 45% da
população, aponta pesquisa em levantamento do Data Senado/PODER 360 (2019),
a Internet persuade mais à direita, Facebook é o mais influente e WhatsApp também
tem impacto.

Quase metade dos eleitores analisa informações observadas em redes


sociais na hora de escolher seus representantes. A pesquisa nacional do Data
Senado entrevistou 2.400 eleitores que revelaram mais propensos a votar com
informações colhidas em redes sociais de pessoas mais à direita política, pessoas
com escolaridade melhor e pessoas de renda elevada.

Mais de 80% dos entrevistados acreditam na influência de conteúdo das


redes sociais para os eleitores, uma minoria ínfima acredita que estes conteúdos
possam induzir pouco seus votos.

Em relação a ​Fake News,​ a pesquisa verificou que cerca de 80% admitiram


já ter notado notícias falsas sem suas redes, muitos afirmaram (82%) já ter checado
a veracidade de notícias antes de compartilhar. Já entre os eleitores com pouca
escolaridade, somente a minoria afirmou verificar se uma notícia é verdadeira antes
de compartilhá-la, mesmo que mais da metade de todos os extratos sociais não
confiam em informações provenientes das redes sociais, quase a totalidade defende
punição para quem difunde conteúdo falso na internet.

3.3 INTERNET COMO FERRAMENTA POLÍTICA

Segundo Freitas (2003), a Internet permite inúmeras condições favoráveis


ao exercício da vida política:
27

O acesso aos arquivos e dados governamentais, de forma rápida,


com custos acessíveis e sem a via sacra da submissão aos ditames
burocráticos - favorecendo, assim, o controle dos governantes pela
sociedade civil; e, através do voto online, utilizado não apenas para
escolher nossos representantes, mas também para decidir sobre
questões específicas e plebiscitárias, avançando-se para uma prática
democrática direta. Freitas (2003).

Nesta perspectiva, apesar de que o sistema político induz a amnésia


eleitoral, “a Internet não esquece nada”, o termo foi atribuído a Eric Schmidt e Jared
Cohed do site Google. Com entusiasmo, Freitas afirma que se intensifica o uso
político da rede mundial de computadores, o exercício da cidadania como o acesso
aos arquivos e dados da transparência governamental, de forma rápida, e também
propicia a participação política em escala inédita, para o autor “seria possível sonhar
até mesmo em democracia virtual através da internet”.

Nesse sentido, o site Ranking dos Políticos - atua com princípios de respeito
de temas econômicos, de liberdade, na livre iniciativa, na propriedade privada e no
regime de mercado - atua pontuando a qualidade legislativa conforme os seguintes
critérios, a presença nas sessões, gastos da cota parlamentar, processos judiciais, a
qualidade legislativa que valora as leis levando em conta principalmente o combate
à corrupção, aos privilégios e ao desperdício, além disso, a formação acadêmica e a
quantidade de partidos a que o político já foi filiado também contam na avaliação.

A proposta do Ranking dos Políticos é de maneira simples e intuitiva,


contribuir para melhorar a cidadania no país, poupar muitas horas de pesquisa do
eleitor que gostaria de ter informações para votar com consciência. Assim, torna se
mais fácil tomar uma decisão respaldada e consciente, evitando que maus políticos
sejam eleitos. Conforme o site, 76% dos 50 melhores deputados do Ranking dos
Políticos em 2018 foram reeleitos, e​nquanto a reeleição dos demais parlamentares
foi de apenas 50%.

Como consequência a estes novos comportamentos dos eleitores com uso


de novas ferramentas da internet e redes sociais, a renovação na Câmara e no
Senado aconteceu de forma recorde, mas trouxe uma guinada conservadora e
pulverizou ainda mais a relação de partidos. Segundo Agência Câmara de Notícias
(2018), foram eleitos 243 Deputados novos, renovação de 47,3%, uma “das maiores
28

taxas de renovação das últimas décadas. Enquanto no Senado, o Índice de


renovação no Senado foi de 87%.
29

4 DESIGUALDADE DE REPRESENTAÇÃO

As tentativas de parlamentares paulistas de corrigir a desigualdade de


representação na constituição de 1988, esbarraram justamente nos parlamentares
que se beneficiam deste problema, ou seja, principalmente deputados de unidades
menores do norte e nordeste e centro oeste.

4.1 DESIGUALDADE NA DISTRIBUIÇÃO DAS CADEIRAS NA CÂMARA

De acordo com Nicolau (2017, p. 52), dependendo de onde o eleitor tem seu
domicílio eleitoral, dependendo do estado, seu voto para deputado federal pode vir a
ter mais ou menos peso de acordo com a regra de distribuição das cadeiras na
Câmara Federal prevista primariamente na Constituição Federal (CF) conforme seu
art. 45, in verbis:

A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo,


eleitos, pelo sistema proporcional, em cada Estado, em cada
Território e no Distrito Federal.
§ 1o O número total de Deputados, bem como a representação por
Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei
complementar, proporcionalmente à população, procedendo-se aos
ajustes necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma
daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de
setenta Deputados.
§ 2o Cada Território elegerá quatro Deputados. (BRASIL, 1988)

Neste sentido, conforme os dados do Tribunal Superior Eleitoral (2018), o


estado de Roraima elege 08 Deputados Federais e o Amapá elege 08, cada
Deputado de Roraima disputou o voto da média de 41,683 votos por eleito, enquanto
que no Amapá foi somente 64 mil eleitores por cada Deputado em média. Quando
se compara com estados como Minas Gerais e São Paulo pode-se ver claramente a
falha do constituinte de 1988 em não corrigir esta distorção que vem se repetindo
nas constituições brasileiras, Em São Paulo cada Deputado disputou em média 471
30

mil eleitores por cada um dos 70 Deputados do estado, enquanto em Minas Gerais
foi 285 mil eleitores por cada um dos 55 Deputados Federais.

É evidente que a definição do número de cadeiras na Câmara Federal pelo


Art. 45, § 1° da CF. afronta com o princípio da igualdade previsto na própria
Constituição Federal, quais sejam art. 5° e 14, in verbis:

Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo -se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos
termos seguintes...
Do mesmo modo o capítulo dos Direitos Políticos da
constituição, que estabelece o princípio da igualdade entre
os eleitores, ou seja, com igual valor.
Art.14: A soberania popular será exercida pelo sufrágio
universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para
todos [...] (BRASIL, 1988).

As principais causas apontadas para a destinação desproporcional de


cadeiras no Brasil são três: O número mínimo estabelecido de Deputados Federais
por unidade da Federação independente da população, regra que sobre representa
estados menos populosos, por outro lado, o segundo fator decorre de normas que
sub-representam unidades federativas populosas, através da definição de um
número máximo de representantes ou uso de intervalos populacionais. O terceiro
fator gerador da desproporcionalidade, ocorre porque não se faz revisão do número
de representantes de cada estado conforme mudanças ocorridas na população, as
três regiões centro oeste, norte e nordeste com (41,89%) dos eleitores tem 257
Deputados Federais ou 50,09% do total (NICOLAU, 1997, p 2).

Durante a assembleia constituinte, em 1988, houve uma discussão no dia


em que se decidiu qual seria o critério utilizado para distribuir as cadeiras da Câmara
dos Deputados entre os estados. O Senador Mário Covas (PSDB-SP) fez um
discurso enfático chamando a atenção para os efeitos das regras vigentes. Segundo
ele, se o eleitor migra de um estado para outro, seu voto para deputado federal ou
senador pode vir a ter mais peso, ou menos. Foi aprovado um dispositivo no artigo
16, estabeleceu que o voto é igual para todos, e outro no artigo 14, prescreve não se
pode admitir qualquer tipo ou forma de desigualdade de voto neste país. Deste
31

modo, “Se a distribuição fosse rigorosamente proporcional, teríamos um estado (SP)


com mais de 110 Deputados, e dez com menos de 8”, (BACKES, 1997, p. 1).

Durante a constituinte de 87/88 foi aprovada uma medida para minorar a


sub-representação de São Paulo, aumentando de sessenta para setenta Deputados
na Câmara Federal, apesar da aprovação, houve forte resistência de parlamentares
de estado menores do Nordeste, acusando a medida de privilegiar o estado mais
populoso do país, ainda que a medida não resolveu a diferença de representação,
Nicolau, (2017).

4.1 DESIGUALDADE DE REPRESENTAÇÃO NO SENADO

No que diz respeito a desigualdade de representação no Senado, a atual


legislação repete o erro das constituições anteriores, vide o Art. 43 da Constituição
de 1967, ​in verbis​:

Art. 43 - O Senado Federal compõe-se de representantes dos


Estados, eleitos pelo voto direto e secreto, segundo o princípio
majoritário.
§ 1º - Cada Estado elegerá três Senadores, com mandato de oito
anos, renovando-se a representação, de quatro em quatro
anos, alternadamente, por um e por dois terços. (BRASIL, 1967)

O artigo anterior praticamente repete o disposto no artigo 60 da Constituição


de 1.946. O papel da Câmara Federal é a representação proporcional do povo no
congresso, enquanto que o papel do Senado no bicameralismo brasileiro é a
representação dos estados, no entanto, na teoria da representação democrática, a
soberania do povo deve ser através do sufrágio universal com voto igual para todos
previsto constitucionalmente, ou seja, um voto por cada eleitor de igual peso. A
justificativa pela representação por unidade federativa, ocorre em detrimento do voto
com igual do valor para todos, desta forma, provocando mais uma distorção no
direito da igualdade de representação política como visto acima, apesar da
legalidade, por ser norma constitucional, há que se contestar a legitimidade desta
32

conjuntura. Conforme Bonavides (2009, p. 165), os ensinamentos do Contrato Social


defendem que as mais democráticas regras eleitorais devem se fundamentar na
igualdade absoluta dos cidadãos:

A doutrina da soberania popular funda o processo democrático sobre


a igualdade política dos cidadãos e o sufrágio universal,
consequência necessária a que chega Rousseau, quando afirma que
se o Estado for composto de dez mil cidadãos, cada um deles terá a
décima milésima parte da autoridade soberana.

Em que pese a legalidade da legislação eleitoral, há que se questionar o


interesse em entregar percentual alto das cadeiras do Senado nas mãos de reduzido
número da população que compõem os estados das regiões centro oeste, norte e
nordeste como pode se ver na tabela a seguir:

Tabela 4 Comparativo de cadeiras no Senado em 2018


Centro Oeste, Eleitores aptos a votar 10.747.116 12 Senadores

Nordeste, Eleitores aptos a votar 39.222.149 27 Senadores

Norte, Eleitores aptos a votar 11.535.807 21 Senadores

Total do eleitorado para 3 regiões: ​41,89% 61.505.072 60 Senadores

74,07% do Senado

Sul, Eleitores aptos a votar 21.396.031 9 Senadores

Sudeste, Eleitores aptos a votar 63.904.445 12 Senadores

Total do eleitorado para a duas regiões: 85.300.476, 21 Senadores


58,10%
25,92% do Senado
Federal
Fonte: Própria com dados do TSE (2018)

Dentre a competências próprias do Senado descritas no Art. 52 da


Constituição, tais como: processar e julgar o Presidente e o Vice, Ministros e
Procurador-Geral, aprovar a escolha das autoridades em casos previstos na
Constituição e autorizar operações de crédito e sistema tributário.
33

Não se encontra justificativas plausíveis para que as cadeiras dos senadores


sejam escolhidas pelo critério de representação por estados em detrimento da
representação igualitária dos cidadãos, Backes (1997, p.2), explica que por tradição
e indiferença política, não se questiona esta distorção na representação do
eleitorado que subverte o princípio da igualdade na câmara alta brasileira:

A força deste raciocínio é tão grande, está tão arraigado no nosso


pensamento institucional, que tem impedido se examine mais de
perto as funções que efetivamente cumpre o Senado no processo de
decisões do Legislativo brasileiro. E assim, que se questione se a
sobre (sub)-representação da população de alguns estados no
Senado não repercute negativamente sobre tomadas de decisão que
representem a vontade da maioria da população do país.

Como se pode notar, a autora contesta o fato de que para a maioria dos
autores, a justiça da representação no Senado sequer é examinada e ignoram o fato
de os estados das regiões Norte, Nordeste e Centro-oeste equivalente a 50% da
população no período estudado, já controlavam aproximadamente 78% de
representação no Senado, estes estados somavam 63 senadores. Uma reforma
política séria deve necessariamente levar em conta preceitos como o Pacto de San
José da Costa Rica de 1969, que consagra o princípio do voto igual de todos os
cidadãos ​in verbis:

Art. 23 Todos os cidadãos devem gozar dos seguintes direitos e


oportunidades: (...) b) de votar e ser eleito em eleições periódicas,
autênticas, realizadas por sufrágio universal e igualitário e por voto
secreto, que garantam a livre expressão da vontade dos eleitores.

Assim a mudança no sistema de representação, deverá vir da adaptação do


nosso sistema constitucional ao sistema internacional de Direitos Humanos, que
consagra o princípio do voto igual de todos os cidadãos seguindo o exemplo do
Pacto de San Juan.
34

5 PRETOS E PARDOS NA REPRESENTAÇÃO POLÍTICA

“O que afasta pretos e pardos da representação política”? Campos e


Machado (2017 p. 125) analisaram dados sobre cor e raça dos candidatos
registrados, o que permitiu cruzar informações sobre a renda, gastos de campanha,
sexo, estado civil e ocupação, estas informações levaram a obter cálculos da
sub-representação política de pretos e pardos, e assim poder lançar algumas
explicações sobre esta sub-representação.

Com base nesses dados, pode-se avaliar a sub-representação de pretos e


pardos na eleição e deste modo analisar hipóteses para tentar explicar a ocorrência.
De acordo com tais dados, pode se inferir que a representação política de pardos e
mulatos está bem abaixo da parcela da população que ocupam no país, mesmo que
a diferença não seja muito grande como mostra-se no gráfico:

Figura 4 Resultado da Representação

Fonte: Campos e Machado (2017 p. 127 )


35

À primeira vista, pressupõe se que a sub-representação de pretos e pardos


nas eleições, nada mais é que a reprodução da desigualdade social já existente no
país, que normalmente já excluem essas pessoas da vida política, desta forma
limitam a candidatura destes grupos na eleições, outra suposição, é que esta
limitação no meio político pode ter a ver mais com menores posses de capital social
de valor eleitoral entre os não brancos, Esta falta de visibilidade é lamentável, mas
compreende-se o porquê estas redes sociais não evoluíram tanto quanto ao
brancos devido a questões históricas como escravidão, raça e menor acesso à
educação superior, etc.

Uma outra pressuposição de Campos e Machado (2017, p. 135), é que a


sub-representação de pretos e pardos nas eleições, nada mais é do que fruto da
distribuição do fundo de campanha partidária, como se sabe, gastos tem grande
influência na votação obtida nas eleições. Por último, atribui-se a hipótese dessa
sub-representação ao menor acesso desses conjuntos sociais aos núcleos
partidários, que podem garantir maior visibilidade eleitoral, os candidatos negros
foram os mais subfinanciados, receberam em média menos recurso do que as
mulheres brancas em 2018, conforme estudo da FGV (2019), somente dois partidos
— PCdoB e PCB — destinaram um volume maior de recursos aos negros do que
aos brancos.

Na medida que esses fatores acabam por exclui-los injusta e anti


democraticamente do sistema político, discute-se é legítimo analisar políticas de
inclusão de pretos e pardos na representação política, há vários projetos de lei no
congresso tentando mitigar esta questão, porém sem estudos otimizados nas
causas dessa desigualdade de representação. Desta forma, determinar estes
obstáculos a essa estratificação política se faz necessário para formular possíveis
mecanismos capazes de limitar essa desigualdade, pois mantém a representação
espaço predominantemente dos brancos e do sexo masculino como veremos na
próxima seção.
36

6 AS MULHERES E A REPRESENTAÇÃO POLÍTICA

Durante boa parte da República as mulheres ficaram de fora da


representação política, somente em 1932 durante o governo de Getúlio Vargas é
que a conquista do voto feminino através do novo código eleitoral.

A introdução deste direito não assegurou às mulheres uma ampla


participação igualitária na vida política, em geral a participação das mulheres na
Câmara Federal fica bem abaixo da média da região.

Segundo Vieira (2018, p. 146), o Brasil tem a média de 10% de


representação feminina na Câmara Federal, isto representa a metade da América
Latina, que tem média de 20%, sendo que as maiores médias de participação
feminina estão na Europa. A autora sustenta que há fatores culturais e de religião do
país influenciando a questão, mesmo que o sistema proporcional tende a dar mais
oportunidades para a representação feminina.

Não obstante ter sido eleitas 77 Deputadas Federais ou 15% da casa em


2018, a questão que naturalmente surge é: por quê? Em relação a carência da
presença na política, Rezende (2017, p 1200) defende que se adote medidas
voltadas a igualdade das mulheres na política, com recomendação de medidas
afirmativas no mesmo sentido do Art. 10, §3°, da Lei 9.504/1997 (Lei das Eleições),
Art.10, ​in verbis:

§ 3​o. Do número de vagas resultante das regras previstas neste


artigo, cada partido ou coligação preencherá o mínimo de 30% (trinta
por cento) e o máximo de 70% (setenta por cento) para candidaturas
de cada sexo. (BRASIL, 1997)

Estabelecendo cotas de gênero em pleitos legislativos, assim como cota


mínima de recursos partidários. Neste sentido, o STF decidiu em 15 de março de
2015 a ADI 5617:

(STF) decidiu, por maioria de votos, que a distribuição de recursos do


Fundo Partidário destinado ao financiamento das campanhas
eleitorais direcionadas às candidaturas de mulheres deve ser feita na
exata proporção das candidaturas de ambos os sexos, respeitado o
patamar mínimo de 30% de candidatas mulheres previsto no artigo
10, parágrafo 3º, da Lei 9.504/1997. (BRASIL, 2015)
37

Apesar destas ações, a inserção das mulheres tem sido insatisfatória para
garantir o espaço delas na política, Rezende (2017, p. 1200) analisa outros fatores
que também seriam necessários atender, tais como: o apoio dos partidos, os
trabalhos nas comissões legislativas, a atuação das bancadas femininas e as regras
do parlamento. Dessa forma, garantir que elas possam ter acesso a recursos
legislativos para que tenham condições de influenciar o processo político, sem que
tenha necessidade de herança de capital político.

No que concerne aos capitais políticos, dados da FGV-DIREITO (2019), a


proporção da influência destes nas mulheres eleitas à Câmara Federal em 2014 e
2018, distinguidos por tipo, é possível notar que dentre todos os tipos de capital
político, o capital familiar é o mais frequente, logo após vem o capital político próprio,
a novidade foi aumento substancial do capital político midiático, o gráfico ilustra
distribuição de deputadas federais por tipo de capital político:

Figura​ 5 Em relação ao capital político

Fonte: FGV
38

6.1 RECURSOS DE CAMPANHAS COM O PERCENTUAL MÍNIMO FEMININO

Os gastos de campanhas sofreram várias modificações em 2018, de acordo


com o relatório da FGV DIREITO (2019, p. 62), a principal foi a introdução do fundo
de financiamento de campanha criado pela Lei 13.487/2017, com valor de R$ 1,7
bilhão e foi dividido entre os partidos conforme suas bancadas. Também houve
mudanças em relação aos financiamentos das candidaturas femininas, o Supremo
Tribunal Federal fixou em 30% o percentual mínimo para candidaturas proporcionais
e majoritárias.

Uma vez que foi criado o fundo de campanha com recursos públicos,
cabendo aos partidos a repartição dos valores desde que respeitando o percentual
mínimo para as candidaturas femininas. O estudo da FVG constatou que apenas 13
dos 34 partidos respeitaram o percentual mínimo em eleições proporcionais, apenas
6 respeitaram o percentual mínimo quando analisadas as eleições proporcionais e
majoritárias com cabeça de chapa e apenas 3 partidos não cumpriram a distribuição
de nenhum percentual para as mulheres.

Apesar da imposição de cota mínima pelo STF, dados mostram que os


partidos usaram subterfúgios para burlar a regra, incluindo até as candidatas
majoritárias, a vice e as suplentes na conta do mínimo fixado, sem falar nas
possíveis candidaturas “laranjas” que ainda estão em apuração. Desta forma é
possível observar que parte considerável da sub-representação feminina na Câmara
Federal tem estreita ligação com o subfinanciamento das suas campanhas.

Apesar dos problemas observados, as mulheres tiveram receita média


13,6% maior em 2018, e os homens tiveram uma queda de 50%, por consequência
do fim de doações de pessoas jurídicas, como pode ser observado no gráfico a
seguir.
39

Figura 6 Aumento de arrecadação das mulheres

Fonte: FGV

Quanto a receita total, em 2018 as mulheres receberam cerca de 22% de


toda a receita, com acréscimo em relação a 2014, quando tiveram somente 9,3%
dos recursos. Portanto a introdução de cota mínima para financiamento mostrou-se
importante para garantir as candidaturas femininas, visto que subiu o número de
eleitas de 51 em 2014, para 77 em 2018, (FGV DIREITO, 2019, p..62).
40

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao longo do atual estudo procurou-se fazer uma síntese acerca de pontos


significativos referentes ao conceito de democracia representativa. Partiu-se da
asserção de que não há democracia perfeita em vigor, sendo inadequada qualquer
avaliação em termos absolutos. Em um contexto de exigência por reforma política, o
interesse pelo tema surgiu da crescente impopularidade do sistema eleitoral
proporcional do país aliado a desigual distribuição das cadeiras que, ao meu ver,
decorre de sua dificuldade de compreensão e do relativo insucesso da fórmula
eleitoral utilizada nas eleições para os cargos do Poder Legislativo, é possível
deduzir que os sistemas eleitorais podem criar estímulos ou desestímulos, para os
eleitores, o sistema vigente gera desinteresse, até certo repúdio e como
consequência o esquecimento dos nomes que os eleitores votaram, assim como os
que estão se elegendo, pois falta de compromisso com a ​Accountability.

O modo como são eleitos os representantes, e a distribuição desigual das


cadeiras nos entes federativos, fere um princípio básico presente na maioria das
constituições do mundo, que está no artigo 5° da Constituição: os direitos iguais,
assim como o direito à igualdade de voto, a lei deve ser mecanismo de justiça e que
necessita tratar com igualdade todos os cidadãos. Uma vez que a distorção de
representação das regiões traz consequências políticas e econômicas para o país,
pois amarra o crescimento das regiões mais desenvolvidas com alta carga tributária
ao mesmo tempo que não produziu resultados efetivos na forma de distribuição
destes recursos através do Fundo de Participação do Estados para as regiões
menos desenvolvidas.

No Brasil pode-se notar que existe uma deterioração na Democracia


representativa, no qual os eleitos não representam os eleitores, ao invés de zelar
pelo interesse público, passam a atuar apenas por interesses pessoais, vide o
exemplo do artigo 4°, § 2° da ADCT da Constituição Federal: “É assegurada a
irredutibilidade da atual representação dos Estados e do Distrito Federal na Câmara
dos Deputados.”
41

Neste sentido, os partidos se proliferam (oito foram criados desde o ano


2.000) sem representação dos reais interesses da sociedade, servindo apenas como
forma de ingresso ao poder, a consequência é um sistema político em parte
deslegitimado pela sub-representação dos estados mais populosos e
economicamente mais desenvolvidos que acabam sendo governados por um
sistema de maioria herdado do coronelismo do início do século 20 quando a
distribuição demográfica era diferente da atual. A igualdade real de voto foi quebrada
por seguidas constituições e também pela “constituição cidadã” de 1988, que
manteve cláusulas antidemocráticas na distribuição das cadeiras no parlamento
brasileiro contrariando direitos fundamentais da própria carta de 1988 e mantendo
menor soberania pelo voto dos eleitores de estados mais populosos, contrariando
direitos prescritos na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1.789 em
seu artigo 1º: Os Homens nascem e são livres e iguais em direitos. 

Diante do fato que é o sistema político brasileiro, chega-se à conclusão de


que nosso ​sistema político de distribuição de cadeiras no congresso brasileiro é um
esquema imoral levando-se em consideração as importantíssimas palavras da 1°
lição de ética e cidadania que tem como exemplos de valores morais de nossa
sociedade a liberdade, a igualdade entre os seres humanos, a honestidade, [...] e a
própria democracia. ​A  ética  e  a  moral  são  pilares  para  uma  sociedade  justa  e 
igualitária.  ​A atual norma política inserida nos artigos 45 e 46 da Constituição de
1.988 produz a discriminação do valor e da igualdade de voto e fez subjugar a parte
do país que tem maior população e maior desenvolvimento econômico. As regiões
sul e sudeste elegem bem menos Deputados Federais e Senadores do que deveria
se fosse levado em conta a igualdade de voto: em 2018, 34,5% dos eleitores do país
norte e nordeste elegeram 48 Senadores (59,2% das cadeiras). E os mesmos 34,5%
(dos eleitores residentes no país) elegem 216 (42,1%) cadeiras na Câmara Federal.

Partindo do princípio de igualdade real de votos, usando a estatística do


eleitorado do TSE, o estado de São Paulo em 2018 teve 33 milhões de eleitores
aptos a votar (22,4% do total), a Câmara do Deputados, SP deveria eleger 115
Deputados ao invés de 70 caso houvesse uma perfeita representação do eleitorado
do estado, enquanto que deveria eleger 18 Senadores no lugar de 3, portanto, nem
deveria existir eleição majoritária para o congresso, pois é elemento de distorção da
42

representação eleitoral e vai contra o direito fundamental da igualdade sem qualquer


distinção.

A prática atual importa em aprovação de pautas que oneram cada vez mais
os estados mais populosos e economicamente mais desenvolvidos que contribuem
com mais recursos que são distribuídos aos estados que têm sobre representação
no congresso como pode ser comprovado na tabela 1 dos recursos distribuídos pela
união sob a forma do Fundo de Participação dos Estados (FPE) e outras
transferências. Apesar da boa intenção, a criação do FPE como instrumento para a
função distributiva da renda pelo governo central com objetivo de reduzir os
desequilíbrios regionais, na prática os recursos são na maior parte consumidos pela
ineficiente burocracia dos estados e tem se mostrado ineficaz em reduzir
desigualdades entre as regiões como argumenta Louzano (2020, p. 19), após 17
anos de estudos, quanto maior a relação entre transferências e receitas, maiores
seriam os estímulos para gastar sem eficiência e menor a dependência da tributação
própria acarreta a diminuição nos esforços da arrecadação própria nos estados
brasileiros. Os resultados obtidos neste estudo confirmam a hipótese inicial do
estudo, as transferências do FPE mesmo sendo transferências equalizadoras, entre
estados mais e menos ricos, tendem a provocar a expansão dos gastos públicos,
conformando o fenômeno conhecido como efeito ​flypaper​, (LOUZANO, 2020, p. 19).

Como pode se notar, os representantes políticos nada mais fizeram do que


instituir medidas que coincidentemente derivam da sobre-representação no
congresso brasileiro, apesar de que desde a instituição do FPE, pouco mudou na
região norte e nordeste (com exceção de Pernambuco devido a recente
industrialização e ao estado do Amazonas devido a implantação da zona de livre
comércio, a Zona Franca de Manaus) em relação a desigualdade socioeconômica,
comprovando a tese de que os recursos são gastos na burocracia sem mudança na
desigualdade social.

Quanto a sub-representação de pretos e pardos nas eleições, nada mais é


que a reprodução da desigualdade social já existente no país, já que eles em média
têm menor capital político para se destacar e conseguir se representar no legislativo
do país. Em relação a sub-representação feminina, fatores culturais, religião e até
43

mesmo certo desinteresse pela política afasta parte das mulheres da representação
política, mas fatores financeiros são preponderantes neste caso, pois quando da
implementação da cota mínima no financiamento público de campanhas, houve
elevação de mulheres eleitas para a Câmara dos Deputados.

A representação democrática exige um equilíbrio com democracia


conceituada nos critérios definidos por Dahl (2001), para o pleno equilíbrio entre os
dois institutos. No entanto, como demonstrado acima, é possível concluir de maneira
irrefutável, que este equilíbrio se revela muito prejudicado no Brasil. O atual
ambiente político do país configura uma dissolução entre a democracia e a
representação política, ​tendo em conta a clara separação no que se concebe entre a
sociedade e as necessidades políticas do Estado.

No que tange ao sistema eleitoral, A PEC nº 90/2011 visa à implementação


do sistema eleitoral misto nas eleições para Deputado Federal, Estadual e Distrital,
propõe a divisão dos estados e do Distrito Federal em distritos, sendo que cada
distrito elege apenas um representante. O problema é que a PEC somente pretende
mudar o sistema de escolha, manteve o mesmo número de cadeiras: “nenhuma
daquelas unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta
Deputados”, desse modo, continuaria a desigualdade de representação caso tivesse
sido aprovada.

Resta saber o que faria o grupo político beneficiado pela desigualdade de


representação votar uma proposta que o fizessem perder muitas cadeiras nos
estados menos populosos. Somente a desobediência civil ou revolução costumam
romper com um vício tão antigo como este sistema político. É certo que contam com
a passividade dos cidadãos prejudicados para manter o ​status quo.​

No plano de soberania ideal da política, com as tecnologias da atualidade,


podemos ensaiar plebiscitos virtuais nos moldes dos realizados pelos suíços, com a
tecnologia de biometria já existente nos Smartphones, pois já está em uso nas urnas
pelo TSE, poderíamos votar projetos de lei sem mesmo sair de casa, se tornaria
quase impossível a corrupção de milhares de eleitores votando diretamente um
projeto de lei, sim podemos sonhar com uma democracia virtual de estilo próximo ao
Ateniense antigo.
44

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