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MITOS
DETONADOS

CrimethInc.
VOTO VS
AÇÃO DIRETA
VOTO VS
AÇÃO DIRETA do "Guia Comunitário do Eleitor Apartidário" publicado em 2004.

AS  PESSOAS  SE  PREOCUPAM  COM  AS  ELEIÇÕES em  Exemplos concretos de ação direta estão por to­


níveis nada saudáveis. Isso não quer dizer que todo  da parte. Quando as pessoas começam a sua pró­
mundo vota, ou acha que votar muda algo e vale a  pria  organização  para  compartilhar  comida  com 
pena;  pelo  contrário,  um  número  cada  vez  maior  quem passa fome, ao invés de apenas votarem pa­
de  pessoas  faz  questão  de  votar  branco  ou  nulo.  ra um candidato que promete usar o dinheiro dos 
Mas  quando  você  conversa  sobre  política,  de  opi­ impostos  e  a  burocracia  para  resolver  o  "proble­
nar sobre a atual situação do país, o voto é a única  ma  dos  moradores  de  rua",  isso  é  ação  direta. 
estratégia em que as pessoas conseguem pensar —  Quando um homem confecciona e distribui pan­
votar e influenciar o voto das outras pessoas. fletos que tratam de algo que o preocupa, ao in­
vés  de  confiar  que  os  jornais  tratem  do  assunto 
Será que é por isso que tantas pessoas se sentem  ou  publiquem  o  seu  e­mail,  isso  é  ação  direta. 
desempoderadas?  Digitar  um  par  de  números  Quando  uma  mulher  forma  um  clube  do  livro 
anonimamente uma vez por ano, ou a cada qua­ com suas amigas ao invés de pagar por aulas em 
tro  anos,  basta  para  nos  sentirmos  incluídos  no  uma escola, ou faz o que é necessário para fechar 
processo político ou para ter influência sobre ele?  uma superloja corporativa no seu bairro ao invés 
Mas o que há além do voto? de delegar autoridade para os planejadores da ci­
dade, isso também é ação direta. Ação direta é o 
Na  verdade,  votar  para  que  outras  pessoas  re­ fundamento de uma comunidade forte. Sem ela, 
presentem os seus interesses é a forma menos efi­ quase nada seria feito.
ciente que há para exercer poder político. A alter­
nativa,  de  forma  geral,  é  agir  diretamente  para  De várias formas, a ação direta é um meio mais 
que você represente os seus próprios interesses. eficiente que o voto para as pessoas influenciarem 
a  sociedade.  Por  uma  razão,  votar  é  uma  loteria: 
Isso é conhecido em alguns círculos como "ação  se um candidato não se elege, então toda a ener­
direta". Ação direta é às vezes confundida com ou­ gia que a sua base usou para apoiá­lo é desperdi­
tra forma de fazer campanha, usar táticas de ativis­ çada, bem como o poder que elas esperavam que 
mo  político  para  influenciar  políticos  eleitos;  mas  ele  exercitasse  vai  para  outra  pessoa.  Com  ação 
na  verdade  se  refere  a  qualquer  ação  ou  estratégia  direta,  você  pode  ter  certeza  que  o  seu  trabalho 
que  corta  o  intermediário  e  soluciona  os  proble­ vai ter algum tipo de resultado; e os recursos que 
mas diretamente, sem apelar a governantes eleitos,  você adquirir no processo não podem ser tirados 
ao interesse corporativo ou outros poderes. de  você,  quer  seja  experiência,  contatos  e  reco­
nhecimento na sua comunidade ou infraestrutura  tudo  poder  decidir  quais  serão  as  opções,  e  não 
organizacional. ter que escolher entre Pepsi ou Coca­Cola. A ação 
direta  é  pra  valer. Você  planeja,  você  cria  ass  op­
Votar consolida o poder de toda a sociedade nas  ções, o céu é o limite.
mãos de um punhado de políticos. Através da pu­
ra  força  do  hábito,  para  não  falar  de  outras  for­ Fundamentalmente,  não  existe  motivo  para  que 
mas de imposição, todo mundo é mantido numa  ambas as estratégias, o voto e a ação direta, não se­
posição  de  dependência.  Através  da  ação  direta,  jam utilizadas juntas. Uma não cancela a outra. O 
você se familiariza com os seus próprios recursos,  problema é que tantas pessoas pensam no voto co­
capacidades  e  iniciativa,  descobrindo  o  que  eles  mo a sua principal forma de exercer o poder políti­
são e o que você pode alcançar com eles. co  e  social  que  uma  quantidade  desproporcional 
do  tempo  de  todo  mundo  é  gasto  deliberando  e 
Votar  força  todas  as  pessoas  em  um  movimento  debatendo sobre isso enquanto outras oportunida­
a tentarem concordar em uma plataforma; as coali­ des de mudança são desperdiçadas. Por vários me­
zões brigam sobre aquilo que terão que abrir mão,  ses antes de toda eleição, todo mundo discute so­
cada facção insiste que sabe a melhor forma e que  bre o voto, em quais candidatos votar ou mesmo se 
as  outras  estão  estragando  tudo  ao  não  concorda­ se vota ou não, quando o voto em si leva menos de 
rem com o seu programa. Muita energia é despedi­ uma  hora.  Vote  ou  não  vote,  mas  não  se  demore 
çada nessas disputas e recriminações. Na ação dire­ nisso! Lembre­se de todas as outras formas com as 
ta,  por  outro  lado,  não  é  necessário  nenhum  quais você pode se fazer ouvir.
grande consenso: diferentes grupos podem realizar 
diferentes abordagens de acordo com o que acredi­ Sendo  este  ano  de  eleição,  nós  ouvimos  cons­
tam e com o que se sentem confortáveis fazendo, e  tantemente sobre as opções disponíveis a nós elei­
ainda  podem  interagir  para  formar  um  todo  que  tores, e quase nada sobre nossas outras oportuni­
seja  mutualmente  benéfico.  As  pessoas  envolvidas  dades  de  ter  um  papel  decisivo  na  nossa 
em diferentes ações diretas não precisam bater bo­ sociedade. O que precisamos é de uma campanha 
ca,  a  menos  que  elas  realmente  estejam  atrás  de  para chamar a atenção para as possibilidades que 
objetivos  conflitantes  (ou  que  anos  votando  as  te­ métodos  mais  diretos  de  ação  e  envolvimento 
nham ensinado a discutir com qualquer pessoa que  com a comunidade têm a oferecer. Isso não preci­
não pense exatamente como elas). Os conflitos so­ sa ser visto como contraditórios com o voto. Po­
bre eleições geralmente nos distraem dos verdadei­ demos  passar  uma  hora  votando  todo  ano,  e  os 
ros problemas que estão aí, já que as pessoas se en­ outros trezentos e sessenta e quatro dias e vinte e 
volvem  no  drama  de  um  partido  contra  o  outro,  três horas agindo diretamente!
um programa contra o outro, um candidato contra 
o  outro.  Com  a  ação  direta,  por  outro  lado,  os  Aqueles  que  estão  completamente  desencanta­
problemas  em  si  são  abordados,  tratados  especifi­ dos  com  a  democracia  representativa,  que  so­
camente, e freqüentemente resolvidos. nham  com  um  mundo  sem  presidentes  e  políti­
cos,  podem  ficar  tranqüilos  que  se  todos  nós 
Votar  só  é  possível  quando  chega  o  momento  aprendermos  como  utilizar  deliberadamente  o 
das eleições. A ação direta pode ser aplicada sem­ poder que cada um de nós tem, a questão de qual 
pre que acharmos necessário. Votar só é útil para  político é eleito será irrelevante. Eles só possuem 
tratar  dos  assuntos  que  estiverem  presentes  nos  esse  poder  porque  nós  o  delegamos  a  eles!  Uma 
programas  políticos  dos  candidatos,  enquanto  a  campanha por ação direta coloca o poder de volta 
ação  direta  pode  ser  aplicada  em  todos  aspectos  ao seu lugar de direito, as mãos do povo de quem 
de nossa vida, em qualquer parte do mundo. ele se origina.

O  voto  é  glorificado  como  a  "liberdade"  em 


ação. Isso não é liberdade — liberdade é antes de 
12 MITOS SOBRE
Ação direta – ou seja, qualquer tipo de ação  do que nossas próprias consciências, e exigir cum­
que ultrapasse canais políticos estabelecidos  plicidade frente à injustiça. Quando as leis prote­
para alcançar os objetivos diretamente – é  gem a injustiça, a atividade ilegal não é vício, e a 
mais antiga que a democracia. Apesar disso,  docilidade obediente à lei não é uma virtude.
há muitos mal­entendidos sobre o assunto, 
AÇÃO DIRETA É DESNECESSÁRIA
em parte devido ao modo como ele tem  SE TEMOS LIBERDADE DE
sido deturpado na mídia corporativa.  EXPRESSÃO
Em uma sociedade dominada por uma mídia cor­
AÇÃO DIRETA É TERRORISMO porativa cada vez mais bitolada, pode ser quase 
Terrorismo é planejado para intimidar e, assim,  impossível de se iniciar um diálogo público sobre 
paralisar as pessoas. A ação direta, por outro lado,  um assunto a menos que occora algo que chame 
busca inspirar e, assim, motivar as pessoas, de­ atenção para isso. Sob tais condições, a ação direta 
monstrando o poder que os indivíduos têm para  pode ser um meio de nutrir a liberdade de expres­
realizar os seus objetivos por si mesmos. Enquan­ são, não de esmagá­la. Da mesma forma, quando 
to o terrorismo é domínio de uma classe especia­ pessoas que de outra forma fariam oposição a uma 
lizada que busca a obtenção do poder em si, a  injustiça a aceitam como inevitável, não basta sim­
ação direta demonstra possibilidades que outras  plesmente falar sobre isso: deve­se demonstrar que 
pessoas podem aproveitar, capacitando elas a as­ é possível fazer algo a respeito.
sumir o controle de suas próprias vidas. No 
máximo, uma determinada ação direta pode obs­ AÇÃO DIRETA É ALIENADORA
truir as atividades de uma empresa ou instituição  Pelo contrário, muitas pessoas que acham que a po­
que os ativistas consideram estar cometendo uma  lítica partidária tradicional é alienante, são inspira­
injustiça, mas isso é simplesmente uma forma de  das e motivadas pela ação direta. Diferentes pessoas 
desobediência civil, não terrorismo. encontram diferentes abordagens que as satisfaçam; 
um movimento que pretende ser amplo deve in­
AÇÃO DIRETA É VIOLENTA cluir uma grande variedade de opções. Às vezes as 
Dizer que é violento destruir as máquinas de um  pessoas que compartilham os objetivos de quem 
matadouro, ou quebrar janelas pertencentes a um  pratica a ação direta, mas que  contestam os seus 
partido que promove a guerra, é priorizar a pro­ métodos, gastam todas as suas energias criticando 
priedade sobre a vida humana e animal. Esta ob­ uma ação que foi realizada. Ao fazer isso, elas arran­
jeção valida de forma sutil a violência contra seres  cam a derrota das garras da vitória: seria melhor se 
vivos, concentrando toda a atenção sobre os di­ elas aproveitassem a oportunidade para focar toda a 
reitos de propriedade e a mantendo longe de  atenção sobre as questões levantadas pela ação.
questões mais fundamentais.
PESSOAS QUE PRATICAM A AÇÃO
AÇÃO DIRETA NÃO É EXPRESSÃO DIRETA DEVEM, AO INVÉS DISSO,
POLÍTICA, É CRIME TRABALHAR ATRAVÉS DOS CANAIS
Infelizmente, se uma ação é ilegal ou não serve pa­ POLÍTICOS ESTABELECIDOS
ra dizer se é ou não é justa. As leis que impunham  Muitas pessoas que praticam a ação direta tam­
a segregação racial eram, no fim das contas, leis.  bém trabalham dentro do sistema. Um compro­
Opor­se a uma ação alegando que é ilegal é con­ misso de fazer uso de todos os meios institucio­
tornar a questão mais importante de se ela é ou  nais de resolução de problemas não exclui 
não é ética. Argumentar que devemos sempre obe­ necessariamente um igual compromisso de conti­
decer às leis, mesmo quando as consideramos anti­ nuar além do ponto onde esses meios param.
éticas ou quando impõem condições antiéticas, é 
sugerir que os pronunciamentos arbitrários do sis­ AÇÃO DIRETA É EXCLUSIVISTA
tema legal possuem uma autoridade moral maior  Algumas formas de ação direta não estão abertas 
AÇÃO DIRETA
a todos, mas isso não significa necessariamente  perestimando os poderes de inteligência policial e 
que elas não têm valor. Todo mundo tem dife­ reforçando a ilusão de que o Estado é onipotente. 
rentes preferências e capacidades, e deve ser livre  Da mesma forma, preventivamente descarta o va­
para agir de acordo com elas. O importante é a  lor e a realidade de uma diversidade de táticas. 
forma como as diferentes abordagens de indiví­ Quando as pessoas se sentem no direito de fazer 
duos e grupos que compartilham os mesmos ob­ alegações infundadas de que cada tática que desa­
jetivos de longo prazo podem ser integradas de  provam é uma provocação da polícia, isso obstrui 
tal forma que se complementem. a própria possibilidade de um diálogo construtivo 
sobre as táticas apropriadas.
AÇÃO DIRETA É COVARDE.
Esta acusação é quase sempre feita por quem tem  AÇÃO DIRETA É PERIGOSA E PODE
o privilégio de falar e agir em público sem temer  TER REPERCUSSÕES NEGATIVAS
repercussões: isto é, aquelas pessoas que têm o  PARA OS OUTROS
poder nesta sociedade, e aquelas que obediente­ A ação direta pode ser perigosa em um clima po­
mente aceitam seu poder. Deveriam os heróis da  lítico repressivo, e é importante que quem a pra­
Resistência Francesa demonstrar a sua coragem  tica faça todos os esforços para não pôr em perigo 
agindo contra o exército de ocupação nazista em  os outros. Entretanto, isso não é necessariamente 
plena luz do dia, condenando­se assim à derrota?  uma objeção a ela – pelo contrário: quando se 
A propósito, em uma mundo cada vez mais ater­ torna perigoso agir fora dos canais políticos esta­
rorizado pela vigilância policial e governamental  belecidos, torna­se ainda mais importante fazê­lo. 
de quase todos, é alguma surpresa que aqueles  As autoridades podem usar ações diretas como 
que expressam a dissidência podem querer prote­ desculpas para aterrorizar inocentes, como Hitler 
ger a sua privacidade ao fazê­lo? fez quando o Reichstag foi incendiado, mas 
quem está no poder é que deve responder pelas 
AÇÃO DIRETA É PRATICADA injustiças que comete ao fazê­lo, e não aqueles 
APENAS POR UNIVERSITÁRIOS/ que se opõem a eles. Da mesma forma, embora 
JOVENS RICOS/PESSOAS POBRES as pessoas que praticam a ação direta possam real­
DESESPERADAS/ETC. mente correr riscos, diante de uma injustiça insu­
Esta alegação é quase sempre feita sem referência a  portável pode ser mais perigoso e irresponsável 
fatos concretos, como uma mácula. De fato, a  deixá­la sem contestação.
ação direta é e tem sido praticada há tempos em 
uma variedade de formas por pessoas de todas as  AÇÃO DIRETA NUNCA ALCANÇA NADA
esferas da vida. A única possível exceção a isso seri­ Cada movimento político eficaz ao longo da his­
am os membros das classes mais ricas e poderosas,  tória, desde a luta pela jornada de oito horas até a 
que não têm necessidade de praticar qualquer tipo  luta pelo voto feminino, fez uso de alguma forma 
de ação ilegal ou controversa, pois, como se por  de ação direta. A ação direta pode complementar 
coincidência, os canais políticos estabelecidos são  outras formas de atividade política em uma varie­
perfeitamente adequados às suas necessidades. dade de maneiras. Se nada mais, ela destaca a ne­
cessidade de reformas institucionais, dando àque­
AÇÃO DIRETA É O TRABALHO DE las pessoas que lutam por elas mais força de 
AGENTES PROVOCADORES negociação, mas ela pode ir além desse papel de 
Esta é uma outra especulação geralmente feita a  apoio e sugerir a possibilidade de uma organiza­
partir de uma certa distância, sem provas concre­ ção completamente diferente da vida humana, na 
tas. Alegar que a ação direta é sempre o trabalho  qual o poder é distribuído de forma igual e todas 
de agentes provocadores da polícia é desempode­ as pessoas são ouvidas em todos os assuntos que 
rador: isto exclui a possibilidade de que os ativis­ lhes dizem respeito. 
tas poderiam fazer essas coisas por si mesmos, su­
AÇÃO DIRETA E
APOIO MÚTUO
PARECEM
IDEIAS ÓTIMAS!
POR ONDE EU
COMEÇO?
Uma vez que nossas vidas e o nosso mundo são ter­ das de percussão, cantos de protesto e canções... A des­
ritório ocupado, que relações de luta e competição  mistificação do papel de musicista — nos darmos 
existem em todos os níveis da nossa sociedade pois  conta de que qualquer pessoa pode criar um ambi­
depois de ali introduzidos eles tentem a substituir  ente sonoro, que qualquer pessoa pode transformar 
outras relações: tudo então depende de encontrarmos  as emoções de suas companheiras em medo ou in­
formas de nos reapropriarmos da nossa própria cria­ dignação, amor ou sentimentalismo, raiva ou deses­
tividade e produtividade, removendo­as deste ciclo,  pero — e o conseqüente entendimento de que isso 
para então subvertê­lo e abortá­lo. deve ser feito de forma cooperativa, ou então o re­
sultado será uma bagunça abominável. Portanto, o 
A revolução jamais será comprada pelo preço do  reconhecimento do ato de fazer música como a per­
catálogo. Obviamente, não receberemos uma "re­ feita analogia para as relações humanas.
muneração justa" por nosso trabalho ou capital 
no mercado "livre"; precisamos criar situações,  CIÊNCIA POPULAR ocupações, catar materiais 
por mais efêmeras que sejam (pois nada pode  nas lixeiras, jardinagem, invenções, fazer as suas 
nem deve ser sustentável em um mundo insus­ próprias construções, encanamentos, decoração, im­
tentável), nas quais temos poder sobre os recursos  pressão e consertos... O fim da especialização — o 
que de outra forma estariam fora do nosso alcan­ fim da expertise como um produto numa econo­
ce. Precisamos aprender com quem já é adepto  mia de escassez. A rejeição de tecnologia como 
dessas práticas: ladrões de bancos, estudantes que  uma divindade mediada por uma casta de sacer­
colam nos seus exames, trabalhadoras que trapa­ dotes da elite, e do "progresso" linear como o 
ceiam no relógio­ponto ou usam materiais da em­ único e inquestionável princípio da história hu­
presa para projetos pessoais, afanadores de material  mana. Nos darmos conta de que cada um de nós 
de escritório, adúlteras suburbanas, chapistas que  pode fazer qualquer coisa, que é mais valioso que 
processam seus empregadores corporativos. Com  você faça o seu próprio progresso do que aceitar 
esse precioso contrabando, nós contra­bandidos  passivamente ou contribuir para um "progresso" 
podemos redescobrir as artes populares — as quais  que está além do seu controle.
podemos usar para criar ambientes novos e libera­
dos e para resgatar nossos companheiros seres hu­ AMOR POPULAR Comida­Não­Bombas, co­
manos do atual pesadelo. munidades locais e internacionais, arranjos de habi­
tação comunal, espaços comunitários, relacionamen­
ARTE POPULAR murais, marcadores permanen­ tos abertos, amizades amorosas, grupos de afinidade 
tes, tinta spray, adesivos, cartazes, grude, estêncil, ti­ e infinidade... A emergência do apoio mútuo e do 
jolos, gasolina e isopor... A reapropriação, por todo  suporte emocional fora do sistema de trocas, que 
indivíduo, dos meios (e "direito") de transformar  sejam o seu próprio fim ao invés de parte de uma 
os ambientes onde vivemos. Dar­nos conta de que  transação, pois assim poderemos construir comu­
se a confecção do mundo é um projeto coletivo, o  nidades que protegem e incentivam a individuali­
seu planejamento também deve ser. dade e a cooperação ao mesmo tempo.

SABEDORIA POPULAR fotocópias roubadas,  GUERRA POPULAR manifestações, okupas, 


anúncios públicos, panfletos, zines, redes de contato por  Massa Crítica, Retomar as Ruas, Black Bloc,  greves 
telefone, grupos de discussão, tradição oral, redes de  não autorizadas pelos lideres sindicais, conselhos de 
mídia independente... Contornar a grande mídia  porta­vozes, federações sem diretoria... O estabele­
através de meios de comunicação diretos, descentra­ cimento coletivo dos meios para defender nossa 
lizados e não­hierárquicos. A rejeição da História,  autonomia e liberdade individual de forma que 
qualquer História, no sentido objetivo, em favor  não coloque em risco as pessoas envolvidas no 
dos mitos, das lendas e da contação de estórias. processo. Abolição de líderes e ordens, mesmo 
em tempos de guerra (como esta), em favor de 
MÚSICA POPULAR música tecno, hip hop e  estratégias de resistência radicalmente democráti­
punk rock ao estilo faça você mesmo, rádio pirata, ro­ cas, descentralizadas, baseadas em consenso.

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