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Graduanda em História na Universidade Estadual do Centro-Oeste, e-mail: alanacmk@gmail.com
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Doutora em Ciência Política pela Universidade Nova de Lisboa, e-mail: alels1@hotmail.com
brasileiro (BRASIL, 2017, s/p). Essas estatísticas representam que espaços públicos de
poder, como o campo político, ainda são ocupados majoritariamente por homens.
O sociólogo Pierre Bourdieu, problematiza a questão da naturalização da
determinação dos espaços ocupados por homens e mulheres a partir de uma construção
histórica e social, mas que permeiam a visão social subjetiva e atribui a esse sistema a
ideia de ordem social,
a ordem social funciona como uma imensa máquina simbólica que
tende a ratificar a dominação masculina sobre a qual se alicerça: a
divisão sexual do trabalho, distribuição bastante estrita das atividades
atribuídas a cada um dos sexos, de seu local, seu momento, seus
instrumentos; é a estrutura do espaço, opondo o lugar de assembleia ou
de mercado, reservados aos homens, e a casa reservada as mulheres
(BOURDIEU, 2017, p. 24)
Dentre os quatro Estados que compõe a região Sudeste no Brasil, Minas Geais ocupa o
primeiro lugar entre os Estados com menor representação feminina no campo da política,
somando 7% das cadeiras, seguido por São Paulo com 15% das cadeiras ocupadas por mulheres,
seguido por Rio de Janeiro e Espirito Santo que somam 19% e 25% respectivamente.
Sobre a faixa etária 7% das mulheres possui entre 25 e 30 anos, 28% das mulheres
possuem entre 31 e 40 anos, 18% possui entre 41 e 50, 25% possui entre 51 e 60 anos, 14% possui
entre 61 e 70 anos e 4% somam as mulheres entre 71 e 80 anos, bem como 4% mulheres com
mais de 81 anos. A deputada mais nova é Tabata Amaral (PDT – SP) com 27 anos e no seu
primeiro mandato como deputada federal, a deputada eleita mais idosa é Luiza Erundina (PSOL
– SP) com 86 anos e no 6º mandato como deputada federal.
Dos dados coletados de 28 mulheres apenas 7% possuem o nível educacional até o ensino
médio, enquanto 93 % possuem o Ensino Superior completo, visto que o nível educacional é
fundamental para o bom exercício do cargo.
A naturalidade das deputadas se concentra majoritariamente na região Sudeste (85%),
seguido pela região Sul (7%) e Norte e Nordeste somando 4% cada. Das 28 deputadas 11 são
naturais do Estado do Rio de Janeiro, 8 são do Estado de São Paulo, 3 são do Espirito Santo, 2 de
Minas Gerais, 2 do Paraná, 1 de Paraíba e 1 do Pará.
Das 28 deputadas 7 eram advogadas antes de assumir o mandato, outras 7 eram servidoras
públicas, 4 eram professoras, 2 eram cantoras evangélicas. E 6 delas estão divididas cada uma
como médica, arquiteta, gerente de projetos, escritora, ativista e técnica-administrativa.
Para análise da classificação do espectro ideológico dos partidos das deputadas eleitas as
pesquisadoras, a partir de leituras sobre, utilizaram 3 perspectivas: a primeira delas é baseada na
pesquisa de Tarouco e Madeira (2015) que desenvolvem a classificação a partir da análise dos
cientistas políticos Wiesehomeier e Benoit e, conjuntamente, o uso dos resultados obtidos do
encontro da Associação Brasileira de Ciência Política (2010) (MACIEL; ALARCON;
GIMENES, 2017). Outra perspectiva adotada para a caracterização foi a análise a partir da
atuação dos parlamentares, bem como seus posicionamentos na votação das pautas na Câmara
dos Deputados (SCHEFFER, 2018); a terceira perspectiva adotada foi com relação aos partidos
que não foram citados nas pesquisas acima, nesse caso o critério adotado para a classificação foi
a consulta ao histórico do partido, bem como seus posicionamentos.
Dado isso, 54% dos partidos são clafissicados como de direita (PSL, PSC,
REPUBLICANOS, DEM, NOVO, PL, PSD e PROS), 32% de esquerda (PT, PC do B, PSOL,
PDT e PSB) e 14% classificados como centro (MDB, PODEMOS, PSDB e AVANTE).
Conclusão
Não é razoável que mulheres ainda ocupem espaços como minoria sendo que
constituem pouco mais que a metade da população brasileira, mas reconhecendo esse
fenômeno como resultado de processos históricos baseados na hierarquia das relações
entre homens e mulheres, bem como nas relações generificadas que promovem a divisão
dos papéis sociais entre os sexos.
Em 2009 houve uma reformulação na legislação brasileira que prevê a cota
partidária de gênero de 30% nas candidaturas do sistema proporcional. Era uma forma de
reconhecimento da necessidade de buscar formalmente, políticas de incentivo a maior
igualdade de representação de gênero. Afinal, “as estratégias de discriminação positiva
[...] são explicitamente elaboradas para beneficiar mulheres como um estágio temporário
até que a paridade de gênero seja atingida nos órgãos legislativos e eletivos” (NORRIS,
2013, p.19).
Atualmente existem diversos movimentos e organizações sociais que buscam
socializar, estimular e fortalecer a categoria de mulheres no campo da política, seja
através de financiamento de campanha, seja através de cursos direcionados, informativos
e etc., alguns deles são: Instituto Alzira, Instituto Marielle Franco, Elas no Poder, Me
Farei ouvir e diversos outros. A representação feminina no campo político é de suma
importância, uma vez que as demandas relacionadas as mulheres sejam levantadas e
defendidas.
Referências
ALVES, Elizete Lanzoni. Mulher e sua Efetiva Participação Política no Estado
Democrático de Direito. Resenha Eleitoral, Florianópolis, v. 20, n. 1, p. 153-169, 2016.
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Disponível em: <https://www.tse.jus.br/imprensa/noticias-tse/2017/Marco/participacao-
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https://www.camara.leg.br/deputados>. Acesso em 18 de fevereiro de 2021.
GONZALES, Lélia. Por um feminismo afro latino americano. 1. ed. Rio de Janeiro:
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MACIEL, Ana Paula Brito; ALARCON, Anderson de Oliveira; GIMENES, Éder
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NORRIS, Pippa. O recrutamento político. Revista de Sociologia e Política, Curitiba, v.
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https://www.ibge.gov.br/. Acesso em 24 de fevereiro de 2021.
SCHEEFFER, Fernando. A Alocação dos partidos no espectro ideológico a partir da
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SAFFIOTI, Heleith. Gênero Patriarcado Violência. 2. ed. São Paulo: Expressão Popular,
2015.