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Não há Justiça na Justiça sem as Mulheres Negras

A autora Beatriz Nascimento tem um texto intitulado entre o silêncio e a


negação, esse poderia ser o título deste artigo ao tratar do sistema de Justiça e
Mulheres Negras, pois ora são silenciadas nossas falas, ora negam a nossa
existência, seja pela evidente ausência de mulheres negras nos altos cargos de poder,
seja pela ausência de políticas públicas de inclusão de nós mulheres negras.

Não é difícil visualizarmos falar a ausência das mulheres negras ações


afirmativas nas diferentes carreiras que compõem o sistema de justiça, como
magistradas, promotoras, defensoras, advogadas. Podemos facilmente realizar
acredito que seja importante trazer alguns temas para pensarmos, o chamado ‘teste
do pescoço’1, para constatar que estamos transitando em espaços
predominantemente masculinos brancos heteronormativos (salvo quanto aos
usuários;as desse mesmo sistema). Quanto maior a instância judicial, menor a
presença das mulheres negras. Precisamos nos perguntar onde estão as juristas
negras? E o que essa ausência impacta no fazer Justiça?

Essa situação naturalizada ao longo de décadas precisa trazer Se isso não


lhe gerar incomodo, e, mais que isso, transformação. Há algo errado quando a maior
parte da população não participa dos espaços institucionais do pensar o Direito e do
fazer (ou buscar) a tão almejada Justiça. Que Justiça é essa que exclui as mulheres
negras? Somos o maior grupo populacional no Brasil, somando-se pretos e pardos,
somos 56% da população do Brasil segundo dados do IBGE2, sendo assim, onde nós
estamos? Quais locais estamos ocupando?

Nós não estamos, por exemplo, atuando no sistema de Justiça. Os números


apontam esse déficit de pessoas negras, Segundo de acordo com o relatório negros e
negras no Poder Judiciário elaborado pelo CNJ, no ano......., o número de magistrados
e magistradas negras no país corresponde a 12,8% do total do quadro de
aproximadamente....... mil juízes e juízas. Quando falamos de mulheres negras
magistradas, esse percentual cai para 6%.

Em todos os ramos do Ministério Público, a participação de mulheres negras


nos quadros de membras é também bastante reduzida, normalmente não chegam –

1
quando entramos em um restaurante bacana, você já parou para olhar para os lados e se perguntar, cadê
as pessoas negras nesse local? ((acho q dá pra descrever o teste aqui)
2
https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-o-brasil/populacao/18319-cor-ou-raca.html#:~:text=De
%20acordo%20com%20dados%20da,1%25%20como%20amarelos%20ou%20ind%C3%ADgenas.
mulheres e homens juntos - a somar 15%. A falta de dados sobre a representatividade
feminina negra nas diferentes carreiras jurídicas é uma constante. Normalmente não
são realizados levantamentos que considerem a interseccionalidade, apontando
apenas o recorte de gênero, sem análise da questão racial. Isso vai dizer muito sobre
as estruturas institucionais, marcas pelo racismo estrutural. Não necessariamente uma
instituição que tenha conseguido assegurar paridade de gênero nos seus quadros,
avançou em relação ao não silenciamento das mulheres negras.

Exemplo dessa situação é o quadro de membros;membras no Ministério


Público do Trabalho, no qual as mulheres superam em quantitativo o número de
homens integrantes da carreira de Procurador e Procuradora do Trabalho. Contudo,
quando vamos falar de mulheres negras, precisamos de um olhar mais atento.

Até o ano 2021, não tínhamos um levantamento censitário com o recorte


interseccional de gênero-raca3. A partir de debates provocados no âmbito de ações de
Comites de Diversidade, coordenadorias temáticas e do Coletivo Tecendo
Diversidade4, tivemos uma mudança importante no ano 2022, com a houve uma
mudança nas informações do censo, passando a ser realizada uma análise
interseccional dos dados, vejamos:

3
temos uma composição de ate o ano 2021, os levantamentos censitários não consideram o recorte raca-
genero, âmbito do Ministério Público do Trabalho os censos realizados no ano 2020 e o outro em 2021,
não faziam uma análise interseccional dos dados, logo não havia informação sobre a quantidade de
mulheres negras na instituição Ministério Público do Trabalho.
Os dados apontavam que em relação a equidade de gênero nos cargos iniciais da carreira, há maioria
feminina, em 2020 eram 393 membras e 379 membros.
Em 2020 não houve no censo uma pergunta específica sobre raça em relação a membros, os dados foram
analisados somando membros e servidores, sendo que os números apresentados em conjunto apontavam
que apenas 3% da força de trabalho do MPT se identificava como preto ou preta e 22% como pardos e
pardas, não sendo possível identificar do número a quantidade de mulheres negras.
Em 2021 o número de mulheres membras se manteve superior ao número de homens, 395 mulheres
membras e 374 homens membros.
Em 2021 houve no censo a separação dos cargos para identificação dos dados relacionados a raça, sendo
que apenas 1% dos procuradores e procuradoras se identificavam como pretos/pretas o que equivale a oito
pessoas, e 18% se identificavam como procuradores e procuradoras pardos, sendo que no último nível da
carreira não havia nenhum subprocurador ou subprocuradora preto/preta, também não houve no censo a
identificação da quantidade de homens negros e mulheres negras procuradoras, ou seja, não houve recorte
de gênero.
4
Inserir informação do Tecendo..........
Fonte: Gráfico Membras e Membros por cargo e cor/raça, constante do censo
Política Nacional de Equidade de gênero, raça e diversidade do MPT, 2022. P.16.
Fonte: Gráfico Membras e Membros por cargo e cor/raça- detalhamento
análise de gênero e raça, constante do censo Política Nacional de Equidade de
gênero, raça e diversidade do MPT, 2022. P.17.

Conforme aponta o gráfico, no ano em curso, existem no MPT apenas 5


(cinco) mulheres pretas procuradoras do trabalho, o número que se identifica como
parda é um pouco maior, de 55 (cinquenta e cinco) mulheres procuradoras do trabalho
pardas, somando procuradoras do trabalho pardas e pretas, podemos afirmar que a
quantidade de mulheres negras no MPT é no total de 60 (sessenta) mulheres negras,
num total de , considerando que atualmente existem 760 (setecentos e sessenta)
integrantes da carreira. Isso é dizer, procuradoras e procuradores, esse número
corresponde ao percentual de 7,89% do total de membros e membras. Ou seja, muito
abaixo da representatividade que se espera e que deveríamos encontrar no sistema
de Justiça, traduzindo-se na expressão do silenciamento e da negação que o sistema
de Justiça traduz em relação a nós, mulheres negras.

Esse número reduzido de participação, em relação ao último Convém


destacar que o gráfico aponta que no último nível da carreira, no cargo de
subprocurador e subprocuradora, e inexistente. Não há pessoas negras justamente
nos cargos que em sua maioria participam das decisões concernentes a alteração de
resoluções, como a do concurso para ingresso de novos membros e membras.

O Ministério Público do Trabalho do ponto de vista da equidade de gênero é


uma instituição que apresenta números ótimos, sobretudo no primeiro nível da
carreira, todavia quando se coloca um olhar sobre o quesito racial, nota-se que a
disparidade é gritante.

Em relação as políticas hoje existentes, chama a atenção que mesmo


havendo cotas previstas no edital, no XX concurso nenhuma mulher negra foi
aprovada, somente um homem negro foi aprovado, em um universo de mais de 5.000
(cinco mil) candidatos.

Nesse contexto, surgiu o coletivo tecendo a diversidade no MPT. O coletivo


foi criado por Procuradoras do Trabalho, que diante da ausência de mulheres negras
aprovadas no XX concurso mesmo havendo a previsão de cotas, se reuniram visando
dar apoio a candidatas mulheres negras ainda não estáveis economicamente,
sobretudo porque raça e gênero produzem vulnerabilidades específicas em relação as
mulheres negras, que recebem os menores salários, e compõem a base da pirâmide
socioeconômica brasileira, o projeto distribui bolsas em cursos, acesso a aulas com
membros e membras da carreira, apoio de psicólogas que cobram um preço social, e
também promove encontros de letramento racial. No ultimo concurso, que aprovou
três pessoas negras, concorrentes pelo sistema de cotas, duas eram mulheres, e
participantes do Tecendo5.

O Coletivo, no ano 2021, apresentou propostas para a atualização da


resolução do concurso do MPT, sobretudo, objetivando maior efetividade na política de
cotas raciais para que conste um sistema de cotas mais efetivo, no sentido de atender
a ADC 41/2017, para que a medida afirmativa se aplique em tendo cotas em todas as
fases do certame. Isso é fundamental, para que se alcance o preenchimento do
percentual mínimo de 20% das vagas reservadas aos candidatos negros e negras. A
par disso, e cotas, bem como o coletivo entendemos fundamental a atualização do
programa, para contemplar que disciplinas como direito antidiscriminatório e questões
raciaisletramento racial devem integrar o conteúdo programático do concurso para
membros e membras, assim como. Também deve ser observada a diversidade racial
nas comissões de concurso, desde a elaboração e correção de provas, até as bancas
de exame oral, na aplicação das provas, em todas as fases do concurso. que
elaboram as provas, devem ter pessoas negras em sua composição, Somente assim
poderemos falar de políticas de acoes afirmativas cotas efetivas que visem de fato
alterar a realidade do silenciamento e negação da nossa existência.

Nesse sentido, o Para que possamos falar em avanços nas políticas de ações
afirmativas é fundamental ter medidas específicas de inclusão dessas pessoas,
inclusive o estatuto da igualdade racial – Lei 12.288;2010 – explicita que as ações
afirmativas assegurarão o princípio da proporcionalidade de gênero entre os
beneficiários

Art. 39. O poder público promoverá ações que assegurem a


igualdade de oportunidades no mercado de trabalho para a população
negra, inclusive mediante a implementação de medidas visando à
promoção da igualdade nas contratações do setor público e o
incentivo à adoção de medidas similares nas empresas e
organizações privadas.

§ 1o A igualdade de oportunidades será lograda mediante a adoção


de políticas e programas de formação profissional, de emprego e de
geração de renda voltados para a população negra.

§ 2o As ações visando a promover a igualdade de oportunidades na


esfera da administração pública far-se-ão por meio de normas
5
Eu detalharia essas info aqui………No XXI concurso, três pessoas inscritas pelo sistema de cotas foram
aprovadas, entre estas duas mulheres negras, participantes do Tecendo.
O projeto tem papel fundamental na preparação das candidatas, sobretudo pelo custo elevado dos cursos
preparatórios, cujo acesso por meio das bolsas é fundamental para o preparo em condições não tão
diferentes quanto dos demais candidatos, sobretudo das pessoas brancas, considerando que é concurso
elitista, que envolve em médias gastos em torno de R$40.000,00 em cursos preparatórios.
estabelecidas ou a serem estabelecidas em legislação específica e
em seus regulamentos.

§ 3o O poder público estimulará, por meio de incentivos, a adoção de


iguais medidas pelo setor privado.

§ 4o As ações de que trata o caput deste artigo assegurarão o


princípio da proporcionalidade de gênero entre os beneficiários.

§ 5o Será assegurado o acesso ao crédito para a pequena produção,


nos meios rural e urbano, com ações afirmativas para mulheres
negras.

§ 6o O poder público promoverá campanhas de sensibilização contra


a marginalização da mulher negra no trabalho artístico e cultural.

§ 7o O poder público promoverá ações com o objetivo de elevar a


escolaridade e a qualificação profissional nos setores da economia
que contem com alto índice de ocupação por trabalhadores negros de
baixa escolarização.

Dentre os objetivos da Organização das Nações Unidas para o


desenvolvimento sustentável está o de número 5, que visa alcançar a igualdade de
gênero e, para tanto afirma-se que é preciso garantir a participação plena e efetiva das
mulheres e a igualdade de oportunidades para a liderança em todos os níveis de
tomada de decisão, o de número 8 visa o trabalho decente e crescimento econômico,
e o de número 10 visa a redução das desigualdades.
Entretanto Para que uma sociedade seja plural e inclusiva os fatores de
raça/cor devem ser analisados na criação e no fortalecimento de políticas
antidiscriminatórias.
Não podemos pensar nas Para entender as desigualdades de gênero no
Brasil, sem entender torna-se necessário atentar-se a outro fator de discriminação,
que perpassa as questões de gênero e estrutura o conjunto das desigualdades no
pais, que é a raça. Dentro a raça/cor, sendo que dentro do grupo mulheres, as
mulheres negras são as que mais enfrentam exclusões e restrições. Podemos
visualizar esta situação quando nos percebemos dentro do MPT, como maioria em
numero na composição de mulheres, contudo, menos de 8% do total geral.
Relembrando o histórico discurso de Soujorney...... ‘e, nós, negras, não somos
mulheres;’
A autora Lélia Gonzalez, em sua obra, nos traz caminhos para entender que
existe no Brasil uma esclarece que na sociedade brasileira a divisão racial e a divisão
sexual do trabalho, para além da questão de gênero. As mulheres negras, nesse
contexto, ocupam a base da pirâmide social. E é fazem dos negros, mas, sobretudo
das mulheres negras, cidadãos de segunda classe, sendo que é notório – e superada -
a falácia de vivemos em uma democracia racial. A sociedade brasileira é marcada pelo
sexismo, pelo racismo e pela cisgeneridade estruturalmente. Há uma multiplicidade de
opressões e discriminações vivenciadas pelas enorme carga de discriminação das
mulheres negras:
Não podemos silenciar quanto à violência cotidiana da exploração
econômica e da opressão racial a que estão expostas milhares de
glórias, marias. De lecys, de aglaetes, de alziras e de reginas da vida.
Do fundo do poço do seu anonimato- nas favelas, na periferia, nas
prisões, nos manicômios, na prostituição, na “cozinha da madame”,
nas frentes de trabalho nordestinas-talvez nunca tenham ouvido falar
de direito a cidadania, mas têm consciência do que significa ser
mulher, negra e pobre, ou seja, viver acuada, à espreita do próximo
golpe a ser recebido, vigiando-se e “saindo de cena” para não ser
mais ferida do que já é quando se trata de diferentes agentes de
exploração, da opressão e também da repressão. (GONZALEZ, 2020.
P. 111).

O reconhecimento de um direito antidiscriminatório antidiscriminação, e, em


decorrência, a implementação de ações afirmativas para romper desigualdades
históricas, da necessidade de defender políticas afirmativas, parte do pressuposto do
reconhecimento e da reparação e que temos a consciência de que há pelo não acesso
a direitos fundamentais por as desigualdades na nossa sociedade que atingem grupos
sociais discriminadosde forma específica, sobretudo pelo impacto social e reprodução
destas desigualdades ao longo do tempo. que tais desigualdades geram.
Chama a atenção que a igualdade formal ou ainda o chamado princípio da
neutralidade não diminui as desigualdades, podendo inclusive pelo contrário, gerar
discriminação indireta.
Kimberlé Crenshaw ficou conhecida pelo uso da expressão
interseccionalidade, definindo como:

A interseccionalidade é uma conceituação do problema que busca


capturar as consequências estruturais e dinâmicas da interação entre
dois ou mais eixos da subordinação. Ela trata especificamente da
forma pela qual o racismo, o patriarcalismo, a opressão de classe e
outros sistemas discriminatórios criam desigualdades básicas que
estruturam as posições relativas de mulheres, raças, etnias, classes e
outras (CRENSHAW, 2002, p. 7.)

São eixos ou categorias de subordinação, isto significa dizer, que tanto


gênero como raça, constituem eixos específicos de discriminação, são fatores que
influenciam nas relações de poder, na política, na economia e no mercado de trabalho,
por exemplo.
Desse modo podemos inferir que o Sistema de Justiça brasileiro reproduz
essa dupla distinção, ora pelo gênero ora pela raça.
Nesse contexto dá para imaginar um sistema de justiça de fato justo e efetivo
sem a participação das Mulheres Negras?

A participação de pessoas negras no sistema de justiça, ocupando cargos de


poder e decisão vai muito além daquilo que chamamos de representatividade. É claro
que é importante para toda a sociedade e, principalmente, para jovens estudantes
negras se enxergarem representadas nestes cargos, mas a importância da nossa
participação não pode ser resumida a isso.

Para efetivação de uma democracia substancial é imprescindível que a voz


das mulheres negras e periféricas possa ser ouvida dentro dos mais variados cargos
do sistema de justiça, pois as vivências e experiências de realidade são diversas de
um perfil hegemônico, muitas vezes distanciado de realidades sociais de populações
oprimidas, principal público atendido e que tem seus direitos fundamentais
sistematicamente violados.

O impacto dessa pluralidade de perspectivas se reflete na forma de atuação,


no olhar para o enfrentamento de problemas sociais e, consequentemente, nas
soluções apresentadas para proteção aos grupos vulneráveis, como pessoas
periféricas, negras, transgeneres, indígenas e quilombolas.

A diferença é a democracia efetivada.

A inclusão de mulheres negras e demais minorias dentro do Sistema é


medida essencial para garantir a diversidade/pluralidade de perspectivas
epistemológicas, segundo a Promotora Lívia Sant’Anna Vaz, em seu livro: A Justiça é
uma Mulher Negra (p.34):

“Sem pluralidade na composição desses órgãos, a reprodução de


uma hermenêutica que encarcera corpos negros e legitima a
necropolítica é uma consequência previsível, que reforça o pacto de
silencio sobre o racismo e encobre o impacto díspar do Direito sobre
a população negra no Brasil.”

Com efeito, para efetivação da justiça social no brasil, são necessários


olhares treinados para as estruturas que alicerçam as desigualdades, injustiças e
demais mazelas sociais.
Nesse sentido, ainda segundo da autora (p.34), a mulher negra, por estar
situada socialmente na encruzilhada entre estruturas opressivas de raça, classe e
gênero, é a mais apropriada para atuar no sistema de Justiça, pois o fara com base
em epistemologias situadas nas suas experiências e atravessamentos.

Mulheres pretas, mulheres periféricas, mulheres indígenas, mulheres


transgêneros precisam integrar as instituições que lutam por direitos, que defendem
direitos, que interpretam e aplicam a legislação para se efetivar a tão sonhada
democracia substancial que tanto desejamos. A pluralidade traduz, ainda, eficiência
pois quantas mais pessoas trans, negras, indígenas, pcds, de várias faixas etárias e
classes compuserem os espaços de mando e decisão mais ampliados e democráticos
serão os atos decorrentes do Sistema e, na mesma medida, mais legítimos.

A Justiça é uma mulher negra. Lívia Sant’Anna Vaz, Chiara Ramos; ilustrado
por Vanessa Ferreira – Preta ilustra – Belo Horizonte, MG, Casa do Direito, 2021.

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