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ELETROTÉCNICA BÁSICA

AULA 5

Prof. Fábio José Ricardo


CONVERSA INICIAL

Esta aula tem por objetivo apresentar os tipos de DR (dispositivo


diferencial residual) utilizados para a proteção de choques elétricos e incêndio
nas instalações.
Outra finalidade é demonstrar os tipos básicos de motores elétricos a
corrente contínua (CC) e corrente alternada (CA), os cálculos básicos
relacionados à motores, incluindo rendimento destes, os sistemas de partidas
mais comuns existentes como também partidas com equipamentos eletrônicos.
Por fim, são demonstradas algumas proteções utilizadas nos motores
elétricos, tais como fusíveis e relés de proteção.

TEMA 1 – DISPOSITIVO DIFERENCIAL RESIDUAL – DR

Um dos temas extremamente considerados em proteções está


relacionado à corrente residual dos circuitos ou corrente diferencial-residual. Não
é incomum situações de choques elétricos em pessoas, crianças que entram em
contato com partes metálicas que apresentam um certo nível de corrente residual
do ramal alimentador ou outro circuito que deva estar protegido.
O dispositivo de proteção normal (muitas vezes disjuntor de proteção)
acaba não sendo a forma mais correta ou adequada de proteção contra esses
níveis de corrente, uma vez que são equipamentos mais robustos destinados a
proteção de sobrecarga e curto-circuito.
Para isso são utilizados os famosos DR (dispositivo residual) nos pontos
de proteção para que atuem e interrompam o circuito em presença de correntes
diferenciais residuais. Um exemplo desse dispositivo está na Figura 1.
Para a proteção de pessoas contra choques elétricos, os ramais
alimentadores e circuitos devem estar protegidos também através dos DRs para
30mA. Quando se trata apenas de proteção para a propriedade ou itens
materiais, o DR pode ser utilizado com configuração de 300mA.
O princípio básico de funcionamento dos DRs está na questão de que os
valores de corrente que circulam no condutor neutro devem ser nulas (ou zero).
Desta forma, o dispositivo é composto de quatro polos, sendo três fases e um
neutro, para que possa, através de minitransformadores internos, medir as
correntes que circulam nos condutores.

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Figura 1 – Exemplo de dispositivo residual diferencial

Para um circuito trifásico, sem a presença de neutro, o sistema também


funciona adequadamente, já que a soma das correntes também deve ser nula
para cargas trifásicas. Em qualquer alteração, o DR entenderá que pode haver
uma fuga de correntes residuais para partes metálicas ou que o equipamento
está com problemas.
De acordo com a NBR 5410:2004, qualquer que seja o esquema de
aterramento, deve ser objeto de proteção complementar contatos diretos por
dispositivos a correntes diferencial-residual de alta sensibilidade, isto é, com
corrente residual inferior a 30mA.
Ainda a aplicação dos DRs segue algumas premissas, como:

• O uso do DR não dispensa, em qualquer hipótese, o uso do condutor de


proteção no circuito;
• O DR deve garantir o seccionamento de todos os condutores fase
(protegidos) e o neutro (caso este esteja no circuito também);
• O DR deve conter todos os condutores fase e neutro (caso seja presente);
• No DR nunca deve passar o condutor de proteção ou aterramento;
• Os DRs devem ser instalados de forma que não interrompam
intempestivamente os circuitos, ou seja, vários DRs devem ser instalados
aos circuitos para que, em caso de presença de correntes residuais, não
haja interrupção total dos demais circuitos no mesmo quadro ou na
mesma fonte de energia.

O uso dos DRs é obrigatório ainda nas seguintes situações:

• Nos circuitos que alimentam pontos de utilização situados em locais


contendo banheira ou chuveiro elétrico;

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• Nos circuitos que alimentam pontos de tomadas localizados em
ambientes externos em edificações;
• Nos circuitos que, em áreas de habitação, alimentem pontos de tomada
localizadas em cozinhas, copas, lavanderias, áreas de serviço, garagens
e demais dependências, com altura inferior a 2,5m;
• Nos circuitos em que as tomadas estejam instaladas em áreas sujeitas a
lavagens;
• A proteção poderá ser usada individualmente nestes circuitos ou por
grupo deles.

TEMA 2 – MOTORES ELÉTRICOS

Um motor elétrico é um equipamento que transforma energia elétrica em


energia mecânica através da potência transferida ao seu eixo. Os motores são
divididos em dois tipos:

1. Motores de corrente contínua.


2. Motores de corrente alternada.

São aplicados em diversos equipamentos, em eletrodomésticos, na


indústria, no comércio ou nas residências. Podem ser alimentados através de
energia em baixa tensão, com níveis conhecidos como 380V ou 220V, ou até
mesmo em tensões maiores quando se tratar de aplicações de grande porte,
como moedores industriais, silos de cimento, entre outros.

2.1 Motores de corrente contínua

São motores acionados por uma fonte de corrente contínua. Para isso, é
necessário que a indústria seja equipada com uma fonte de corrente contínua
com capacidade para alimentação do equipamento, por isso esses tipos de
motores são mais aplicados em situações em que necessite o ajuste fino de
velocidade ou controle total da velocidade, não encontrado nos motores de
corrente alternada.
Esses motores se dividem em:

• Motores CC em série:
o Este tipo de motor utiliza a corrente de carga para excitação das
bobinas internas do motor; as bobinas de campo são ligadas em série

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com as bobinas do induzido da máquina. A grande desvantagem deste
tipo de motor é que não é possível rodar a vazio, ou sem carga, pois,
devido à característica de ligação, a velocidade tenderia a aumentar
indefinidamente, causando danos ao motor.
• Motores CC em derivação:
o Neste motor, as bobinas de campo estão ligadas diretamente à fonte
de energia CC e também em paralelo às bobinas do induzido do
equipamento. Com uma tensão constante da fonte, estes motores
permanecem com velocidade constante, porém com um conjugado
variável, atendendo às variações da carga.
• Motores CC compostos:
o Já neste motor CC, as bobinas de campo são divididas em duas partes,
sendo uma ligada em séria e outra em paralelo com o induzido do
motor. A grande vantagem deste tipo de motor é que desenvolve um
elevado conjugado de partida e velocidade constante no acionamento
de cargas, principalmente cargas variáveis.

2.2 Motores de corrente alternada trifásicos

São motores acionados por uma fonte de corrente alternada,


especialmente os motores trifásicos que recebem as três fases, defasadas de
120º entre elas. A Figura 2 exemplifica as partes básicas de um motor trifásico.

Figura 2 – Motor trifásico – 3D

Os motores elétricos em corrente alternada são os mais aplicados,


principalmente na indústria. Existem vários tipos de motores, dos quais podemos
citar os síncronos e assíncronos, diferenciando-se nas questões construtivas das
bobinas de campo, rotor, induzido, entre outras partes.

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Os motores são divididos basicamente em duas partes:

• Estator: formados por carcaça, núcleo de chapas e enrolamentos;


basicamente é a parte visível e fixa do motor (Figura 4 – Exemplo de rotor
de motor trifásico)
• Rotor: constituído de eixo, núcleo de chapas, barras e anéis de curto-
circuito (motor de gaiola) e enrolamentos (motor com rotor bobinado)
(Figura 4).

Figura 3 – Exemplo de estator de motor trifásico

Figura 4 – Exemplo de rotor de motor trifásico

Demais componentes que fazem parte de um motor:

• Ventilador: dispositivo responsável pela retirada e ventilação do motor,


quando em funcionamento;
• Tampa defletora: instalada na parte traseira do motor, logo após o
ventilador;
• Terminais: dispositivos que servem para a alimentação dos terminais
elétricos do motor;

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• Rolamentos: dispositivos instalados no eixo do motor, para garantir a
perfeita rotação;
• Tampa: componente de fechamento lateral do motor;
• Caixa de ligação: parte destinada ao acondicionado dos terminais do
motor.

O princípio básico de funcionamento dos motores trifásicos está na


defasagem de 120º entre as fases. Quando as bobinas de campo são
alimentadas por uma fonte externa, induzem um campo magnético sobre o rotor
que tenderá a se alinhar com o campo produzido. Como este campo é girante,
em decorrência da corrente alternada, o rotor acaba girando, constantemente,
enquanto houver alimentação do motor. O sentido de giro dependerá da
sequência positiva ou negativa das fases.

2.3 Motores de corrente alternada monofásicos

Os motores monofásicos (ou bifásicos) são aplicados em situações em


que não se exige grande potência em equipamentos, por isso são mais
empregados em aparelhos eletrodomésticos ou máquinas de pequeno porte na
indústria, geralmente que não exijam uma potência acima de 15 cv.
Estes motores possuem dois conjuntos de bobinas internas, em vez de
três, como são construídos os motores trifásicos. A partida inicial e a definição
de giro destes motores são feitas através de um enrolamento colocado no
estator, defasado de 90º em relação ao enrolamento principal. Este enrolamento
normalmente também é ligado a um capacitor, para garantir a defasagem, e a
um interruptor centrífugo que, após dar a partida, desliga o referido enrolamento,
mantendo em alimentação apenas os enrolamentos principais.

2.4 Motores tipo universal

Os motores denominados universais possuem a capacidade de funcionar


tanto em corrente alternada como em corrente contínua, dependendo da ligação
interna que é feita. Esses tipos de motores são comumente utilizados nos
eletrodomésticos e em pequenos equipamentos.

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2.5 Outros tipos de motores

Outros tipos de motores ainda podem ser encontrados, dentre os quais


citamos:

• Motores assíncronos trifásicos com rotor em gaiola;


• Motorfreio trifásico;
• Motores de alto rendimento, etc.

TEMA 3 – CÁLCULO DE VARIÁVEIS EM MOTORES

Os motores trifásicos, especialmente os que funcionam em corrente


alternada, possuem os três tipos de potência já citadas em aulas anteriores:

• Potência ativa (W): é a parcela de energia elétrica que realmente é


transferida ou transformada em rotação no eixo do motor;
• Potência reativa indutiva (var): potência destinada ao funcionamento do
motor, relacionada ao efeito Joule e às diversas condições necessárias
para a excitação do motor e seu funcionamento; a potência reativa está
ligada ao fator de potência do motor;
• Potência aparente (VA): conforme triângulo de potências, esta é a soma
vetorial das duas outras potências do motor e dependerá do valor do fator
de potência e de características construtivas deste.

O motor ainda dependerá do seu rendimento, ou seja, fatores que estão


ligados às perdas internas denominadas perdas Ôhmicas. Essas perdas estão
relacionadas a:

• Perdas por efeito Joule nas bobinas do estator;


• Perdas por efeito Joule nas bobinas do rotor;
• Perdas por efeito magnético no estator (perdas no ferro);
• Perdas por efeito magnético do rotor;
• Perdas por atrito, ocasionado nos mancais, rolamentos e demais partes
móveis;
• Perdas por ventilação.

Por isso, antes da aplicação, a análise das características do motor faz-


se necessária para verificar se ele fornecerá a potência necessária ao eixo,
mantendo o torque mínimo exigido pela carga e pela velocidade.

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3.1 Cálculo de corrente em um motor

Para o cálculo da corrente de um motor, ou potência a ser transmitida,


utiliza-se a fórmula de circuitos trifásicos, porém acrescentando agora a variável
de rendimento (η).

𝑃𝑃 = √3 𝑥𝑥 𝑉𝑉 𝑥𝑥 𝑖𝑖 𝑥𝑥 cos 𝜑𝜑 𝑥 𝜂𝜂

Sendo:
𝑃𝑃 = potência do motor
𝑉𝑉 = tensão de alimentação do motor
𝑖𝑖 = corrente do motor
𝜂𝜂 = rendimento do motor
Vale ressaltar que a corrente calculada, através da fórmula descrita,
refere-se à corrente nominal ou situação em que o motor está à plena carga,
dentro das condições determinadas pelo fabricante. Esta corrente será a base
para o dimensionamento dos dispositivos de proteção e partida do motor, bem
como dispositivos auxiliares de funcionamento contínuo.

Exercício resolvido 1:
Um motor trifásico de 10 cv é alimentado na tensão de 380V. Sabe-se que
o fator de potência deste motor é de 88% e que o rendimento é de 92%. Calcule
o valor da corrente elétrica que ele exige da fonte de alimentação.
Resolução:

𝑃𝑃 = √3 𝑥 𝑉𝑉 𝑥 𝑖𝑖 𝑥 cos 𝜑𝜑 𝑥 𝜂

10 𝑥 736 = √3 𝑥 380 𝑥𝑥 𝑖𝑖 𝑥𝑥 0,88 𝑥 0,92

𝑖𝑖 = 13,81𝐴𝐴

Exercício resolvido 2:
Um motor trifásico é alimentado na tensão de 440V. Sabe-se que o fator
de potência deste motor é de 85% e que o rendimento é de 90%. Sabendo que
ele exige da fonte uma corrente elétrica de 25,91A, determine qual é a potência
aproximada deste motor em HP.
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Resolução:

𝑃𝑃 = √3 𝑥𝑥 𝑉𝑉 𝑥𝑥 𝑖𝑖 𝑥𝑥 cos 𝜑𝜑 𝑥 𝜂

𝑃𝑃 = √3 𝑥𝑥 440 𝑥𝑥 25,91 𝑥𝑥 0,85 𝑥 0,90

𝑃𝑃 = 15105,74 𝑊𝑊
𝑃 = 15105,74 𝑊
746
𝑃𝑃 = 20,25 HP

TEMA 4 – PARTIDA DE MOTORES

Ao contrário de cargas normais, tais como lâmpadas, tomadas e


eletrodomésticos, para um correto funcionamento, os motores necessitam ser
acionados, ou alimentados de energia, através de dispositivos especiais.
Poucos motores são acionados diretamente com o uso de disjuntores ou
chaves de comando. Na grande maioria das vezes, recebem a energia passando
antes por sistemas de dispositivos especiais chamados de contatoras. A Figura
5 exemplifica este tipo de dispositivo.
A quantidade de contatoras utilizadas para o acionamento ou a partida de
um motor dependerá do sistema de partida utilizado, que também está ligado à
potência nominal do motor e à tensão nominal de alimentação, bem como à
utilização dele (aplicação).

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Figura 5 – Exemplo de contatora trifásica

Em vias de regra, a partida de um motor pode elevar em cerca de 10 vezes


o valor da corrente nominal devido às características construtivas e, muitas
vezes, ao motor estar sendo acionado sob condições de carga nominal. Isso
reduz muito a sua vida útil e provoca danos à instalação.
As concessionárias determinam que motores acima de 5 cv tenham sua
partida indireta, ou seja, a tensão nominal de alimentação seja reduzida em um
determinado tempo, durante a partida, e este receba o valor completo de tensão
somente após um tempo percorrido.

4.1 Partida direta

Em geral, para motores de até 5 cv, a partida pode ser feita de forma
direta, ou seja, alimentado o motor logo de início com o valor nominal de tensão
de trabalho. A Figura 6 demonstra o esquema elétrico de uma partida direta para
motores pequenos.
Normalmente esses motores não possuem uma necessidade de torque
inicial tão elevado e assim podem receber a energia diretamente da rede. No
esquema notam-se as proteções iniciais da rede e do ramal alimentador do
motor, efetuado através de fusíveis de proteção, logo a seguir, em série, a
contatora “k1”, com os contatos normalmente abertos, para alimentação do
motor. Em seguida, tem-se o relé térmico de proteção do motor (contra correntes
de sobrecarga, sobretensões etc.), denominado “k7”, e, por fim, o motor trifásico.

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Figura 6 – Esquema elétrico de partida direta

A parte esquerda do esquema elétrico é denominada “diagrama de força”


e, logo à direita, tem-se o “diagrama de comando”. No diagrama de comando,
tem-se a representação das ligações dos botões (ou botoeiras) de comando para
fechamento e abertura da contatora k1 e alimentação do motor. O botão “B1”
(tipo pulso) efetua o sinal para alimentação da bobina da contatora “k1”. Esta,
por sua vez, fecha os contatos de força, levando alimentação ao motor. O contato
auxiliar de “k1” (normalmente aberto), no diagrama de comando, faz o papel de
“selante” da energia, fazendo com que a bobina da contatora permaneça
energizada, mantendo o motor alimentado.
A botoeira “B0” funciona como botão de desliga e/ou emergência e,
quando acionada, retira a alimentação da bobina da contatora “k1”, fazendo com
que esta cesse o envio de energia aos terminais do motor.
Nota-se também, no início do diagrama de comando, que há, em série, o
contato auxiliar do relé de proteção “k7”, para que, em eventuais problemas com
o motor (sobrecargas e outros), o diagrama de comando seja aberto
automaticamente, desenergizando também o motor.
Lâmpadas sinalizadoras ainda podem ser incluídas no diagrama para
indicar a ligação do motor e outras sinalizações necessárias.

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4.2 Partida indireta estrela/triângulo

Para motores acima de 5 cv, a partida deve ser feita com o uso de
dispositivos que entreguem uma tensão menor, em relação à nominal, aos
terminais do motor. O sistema mais conhecido e utilizado na partida de motores
nesta categoria, pela praticidade e pelo baixo custo, é a partida estrela/triângulo.
Nesta partida, o motor (trifásico) recebe uma energia √3 vezes menor em
relação à tensão nominal. Se a tensão da rede é, por exemplo, de 380V entre as
fases, o motor será alimentado inicialmente em 220V por um período
determinado. Desta forma, a corrente de partida não se eleva em relação a uma
partida direta.
Uma desvantagem direta deste sistema é que, assim como a corrente de
partida é diminuída, o torque inicial do motor também cai para 1/3 em relação à
nominal, fazendo com que o motor perca potência inicial. Por isso, este tipo de
partida é recomendada em situações em que a carga presa ao eixo não
ultrapasse 1/3 da potência necessária nominal em situação de partida.
A Figura 7 demonstra o esquema elétrico de uma partida estrela/triângulo.

Figura 7 – Esquema elétrico de partida estrela/triângulo

Tem-se, neste tipo de partida, o uso de três contatoras, e não mais uma
apenas, como efetuado na partida direta. Inicialmente serão fechadas as
contatoras “k1” e “k3” fazendo com que o motor receba uma tensão menor na

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partida. Após um tempo determinado, a contatora “k3” sai de operação, e a
contatora “k2”é fechada.
O tempo de fechamento é ditado pelo acréscimo de um relé de tempo,
instalado no sistema de comando. Note que vários outros contatos das
contatoras são necessários para garantir os contatos de “selo” ou também para
intertravamento entre as contatoras, evitando assim curto-circuito na rede.
É importante salientar, no entanto, que o motor deve possuir os terminais
disponíveis na caixa de ligação, referente aos 3 conjuntos de bobinas internas
do estator (motor de 6 pontas), para que o fechamento estrela/triângulo seja
possível, uma vez que este ocorre dentro do motor, nas bobinas de campo, e
não nas contatoras. Estas são apenas dispositivos para auxiliar na ligação.
A contatora “k3” normalmente é dimensionada para uma corrente de
menor valor, já que inicialmente o motor não atingirá os valores nominais,
durante sua partida, porém as demais contatoras (“k1” e “k2”) são determinadas
pelo valor nominal de corrente e tensão do motor.

4.3 Partida indireta autotransformador

Outra partida indireta de motores é o sistema de autotrafo, equipamento


que garante a injeção de uma tensão menor em relação à nominal. A Figura 8
exemplifica esse tipo de partida.
Nesse tipo de partida, um autotransformador é inserido no circuito de força
e energizado com a tensão nominal da rede. Ele possui alguns “taps”, ou
derivações intermediárias, que garantem a saída de uma tensão menor em
relação à nominal para a partida do motor. Inicialmente, fecham-se as contatoras
“k2”, “k3” e “k4” e, após determinado tempo, as contatoras “k2” e “k4” se abrem
e a contatora “k1” se fecha, fornecendo a tensão nominal ao motor.
Esse sistema utiliza mais contatos auxiliares no diagrama de comando,
bem como sinalizações. Possui a vantagem de escolha do nível de tensão,
através dos taps selecionados no transformador, o que possibilita maior número
de combinações de partida, dependendo da carga atribuída do eixo do motor.

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Figura 8 – Esquema elétrico de partida com autotrafo

Uma grande desvantagem é que o autotransformador possui um limite de


operações por minuto, devido ao alto aquecimento que ocorre em cada partida,
limitando assim as aplicações. Esse sistema está se tornando obsoleto e é
normalmente encontrado em instalações antigas.

4.4 Partida indireta eletrônica

Devido às limitações das partidas indiretas verificadas acima


(estrela/triângulo e compensada), com o tempo surgiram equipamentos
eletrônicos para a partida indireta dos motores de grande potência.
Um dos primeiros dispositivos inseridos no mercado foi o softstarter de
acionamento, equipamento eletrônico de maior custo, porém que proporciona a
partida do motor em rampa, ou seja, equalizando a tensão de entrada de acordo
com a necessidade da carga, tempo necessário para chegar à velocidade
nominal, entre outros aspectos. Esse dispositivo reduz sensivelmente a corrente
de partida e prolonga a vida útil do motor. O seu desligamento também pode ser

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efetuado em rampa, e os tempos, bem como níveis de início de tensão e término,
podem ser determinados no dispositivo. Outra vantagem é que um mesmo
dispositivo pode ser aplicado para partidas de vários motores em sequência,
como também para o desligamento. A Figura 9 demonstra o dispositivo de
softstarter.

Figura 9 – Softstarter

Uma grande desvantagem do softstarter é que ele permite somente a


partida ou desligamento em rampa, não sendo possível alterar o nível de rotação
do motor. Uma vez determinados os parâmetros, o motor partirá em rampa até
atingir os valores determinados.
Para aplicações em que se deseja o controle de velocidade, o dispositivo
de variador de frequência na partida indireta de motores é mais recomendado.
Este trata-se de um segundo dispositivo eletrônico que surgiu no mercado e que,
além do controle de tensão inicial e final do motor, permite o controle do nível de
frequência, possibilitando assim o controle de velocidade do equipamento.
Um único variador de frequência pode também ser aplicado à partida de
vários motores, porém, neste caso, não é possível efetuar o controle de
velocidade dos motores com exceção do último da série, que poderá ficar
conectado ao variador. A Figura 10 exemplifica um variador de frequência
existente no mercado.

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Figura 10 – Variador de frequência

TEMA 5 – PROTEÇÃO DE MOTORES

Assim como qualquer circuito elétrico, os motores necessitam ser


protegidos contra situações adversas da rede. Para equipamentos que não
utilizam motores, as proteções são realizadas através de disjuntores e
dispositivos similares. No caso de motores, principalmente devido à corrente de
partida acima da nominal, a proteção não deve ser recomendada através de
disjuntores, apesar da existência de alguns modelos próprios.

5.1 FUSÍVEIS

A proteção mais usual para circuitos de força e comando é através dos


fusíveis, tanto diazed quanto NH, dependendo da aplicação e da corrente
nominal. Os fusíveis atuam com uma curva de retardo, permitindo assim a
incidência da corrente de partida acima da nominal, por um determinado tempo
(imposto pela curva de atuação do fusível). Uma vez acionado, o fusível
interrompe a fase em que está ligado. A grande desvantagem desse sistema de
proteção é que a interrupção se dá unitariamente, permitindo que o motor ainda
receba as demais fases, podendo sobrecarregá-lo. A Figura 11 traz exemplo de
fusíveis do tipo diazed para pequenas correntes.

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Figura 11 – Fusíveis diazed

Já a Figura 125.2 traz exemplo de fusíveis do tipo NH, utilizados para


correntes de maior intensidade.

Figura 12 – Fusíveis NH

5.2 Relés bimetálicos

A Figura 13 mostra um exemplo de relé de proteção do tipo bimetálico,


instalado logo abaixo das contatoras tripolares.

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Figura 13 – Relés bimetálicos

Esse tipo de dispositivo normalmente é instalado em uma das contatoras


do sistema de partida dos motores, geralmente na que permanecerá em
condições contínuas de operação. O dispositivo trabalha dentro de uma fixa de
corrente predeterminada pelo fabricante, garantindo que o motor opere, dentro
da situação normal de operação, dentro da corrente nominal. Em qualquer
alteração de corrente, acima da faixa determinada, o relé vai atuar desligando o
sistema através de um sinal enviado ao sistema de comando.

5.3 Relés falta de fase

Outro dispositivo muito aplicado na proteção de motores é o relé de


proteção contra falta de fase, que garante, em situações de falha em uma das
três fases, ocasionada pela rede, pela queima de um fusível ou outros incidentes,
que o sistema seja totalmente desligado. Esse equipamento garante que o motor
não opere com duas fases apenas, provocando aquecimento pela alta corrente
que estará presente.

5.4 Outros tipos de proteções

Além dos citados acima, outros tipos de relés de proteção e dispositivos


podem ser inseridos para proteção dos motores, tais como:

• Relés de frequência;
• Relés de sobretensão;
• Relés de corrente;
• Relés de proteção de arco voltaico, entre outros.

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Para cada aplicação, pode ser exigida uma proteção diferenciada e/ou
especial, dependendo do equipamento a ser protegido.

FINALIZANDO

Nesta aula, vimos os tipos de DRs, proteções contra choques elétricos e


incêndio nas instalações elétricas.
Foram citados os principais tipos de motores existentes, tanto em corrente
contínua como corrente alternada, as partes componentes de cada motor, os
cálculos de variáveis como corrente nominal, rendimento e potência, os sistemas
de partidas mais comuns encontrados como partida direta, estrela/triângulo e
compensada. Por fim, apresentaram-se os principais equipamentos e acessórios
utilizados na proteção dos motores e dos circuitos elétricos que alimentam estes.

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REFERÊNCIAS

MAMEDE FILHO, J. Instalações Elétricas Industriais. 8. ed. Curitiba: LTC,


2010.

CREDER, H. Instalações Elétricas. 16. ed. Curitiba: LTC.

COTRIM, A. A. M. B. Instalações Elétricas. 5. ed. 2010.

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