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ELETROTÉCNICA BÁSICA

AULA 2

Prof. Fábio José Ricardo


CONVERSA INICIAL

Esta aula tem por objetivo apresentar os conceitos básicos do triângulo


de potências de uma instalação elétrica, suas componentes, fator de potência,
bem como causas do baixo valor de fator e métodos para correções, segundo a
ABNT.
Serão apresentados, ainda, os conceitos básicos de circuitos, elementos
de cálculos como potências, tensões, correntes. Serão realizados alguns
exercícios e dimensionamentos de variáveis utilizando-se a primeira e a segunda
lei de Ohm, bem como os cálculos de potências e correntes para circuitos de
corrente alternada monofásicos, bifásicos e trifásicos.
Também serão demonstradas simbologias utilizadas em circuitos e
projetos elétricos e os tipos de ligações em baixa tensão para as cargas
monofásicas, bifásicas e trifásicas.

1 TEMA 1 – INSTALAÇÕES ELÉTRICAS E SISTEMAS

1.1 Tensões elétricas

Os sistemas elétricos são caracterizados por três valores de tensão


(volts):

 tensão eficaz;
 tensão nominal;
 máxima e mínima.

Segundo Cotrim (2010), a tensão nominal é aquela que caracteriza a


tensão, ou diferença de potencial do sistema. As tensões de máxima e mínima
de um sistema são, respetivamente, o maior e o menor valor de tensão que
podem ocorrer em condições normais de operação.

1.2 Instalação em baixa tensão

As instalações em baixa tensão podem ser alimentadas de diversas


formas, entre elas:
 diretamente por uma rede de distribuição de baixa tensão, por meio de
um ramal de ligação; exemplos típicos são as residências, edificações
comerciais de pequeno porte ou industriais de pequeno porte;

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 de uma rede de distribuição de média tensão, por meio de uma
subestação ou de um transformador exclusivo, de propriedade da
concessionária de energia; é o caso típico de instalações residenciais de
uso coletivo e comerciais de grande porte;
 de uma rede de distribuição de média tensão, por meio de uma
subestação do próprio consumidor, como é o caso de grandes indústrias
ou comércios de médio e grande porte;
 por fonte autônoma, como é o caso de instalações de segurança ou de
instalações situadas fora de zonas servidas por concessionárias.

A Figura 1 exemplifica a alimentação, em baixa tensão, a partir de uma


rede pública (concessionária local).

Figura 1 – Alimentação por rede pública (BT)

Fonte: Cotrim, 2010.

Já a Figura 2 demonstra uma instalação em baixa tensão, alimentada por


uma rede em média tensão, pública, com o uso de um transformador.

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Figura 2 – Alimentação por rede pública (MT)

Fonte: Cotrim, 2010.

1.3 Instalação em média tensão

Uma instalação que é alimentada por média tensão, a partir da


concessionária local, caracteriza-se por ter uma subestação própria, ou
transformador próprio. A subestação é instalada dentro da edificação da unidade
consumidora para rebaixar os níveis de tensões para uso interno nas
instalações. Estão inclusas as grandes edificações, indústrias de forma geral.

1.4 Circuito

Um circuito de uma instalação elétrica é o conjunto de componentes da


instalação alimentados por uma mesma origem e protegidos pelo mesmo
dispositivo de proteção. Em uma instalação há dois tipos de circuito:

 distribuição;
 terminais.

O circuito de distribuição é o que alimenta um ou mais quadros de


distribuição. Já um circuito terminal é aquela ligado diretamente a equipamentos
de utilização ou a tomadas de corrente.

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Um circuito compreende todos os condutores e dispositivos elétricos
ligados a ele (dispositivos de proteção, dispositivos de comando, tomadas de
corrente etc.).
Uma instalação deve ser dividida em vários circuitos para:

 limitar as consequências de uma falta, que provocará (por meio do


dispositivo de proteção) apenas o seccionamento, ou desligamento, do
circuito atingido, deixando apenas estas cargas sem energia;
 facilitar as inspeções, os ensaios e a manutenção;
 evitar os perigos que possam resultar da falha de um circuito único, por
exemplo, no caso de circuitos de iluminação.

A Figura 3 demonstra um exemplo de circuitos elétricos dentro de uma


instalação.

Figura 3 – Exemplo de distribuição de circuitos elétricos

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1.5 Quadros de distribuição

Um quadro de distribuição é um equipamento elétrico que recebe energia


elétrica de uma alimentação (em alguns casos mais de uma) e a distribui a um
ou mais circuitos. Pode, também, desempenhar funções de proteção,
seccionamento, controle e medição.

2 TEMA 2 – TRIÂNGULO DE POTÊNCIAS

Em circuitos puramente resistivos (caso de resistência de chuveiros e


resistências de aquecimento, por exemplo), a potência dissipada pode ser
considerada praticamente 100% da potência exigida à fonte, pois as perdas são,
em muitos casos, desprezíveis.
O mesmo não ocorre para equipamentos que possuem componentes
indutivos e/ou capacitivos, a exemplo de motores e transformadores. Para que a
energia elétrica fornecida aos terminais do equipamento possa ser transformada
em outro tipo de energia (mecânica, por exemplo, no caso dos motores), o motor
desenvolve também o uso de outro tipo de potência, chamada potência reativa.
Essa potência está ligada ao processo interno que o motor necessita para seu
funcionamento.

2.1 Potências

Sendo assim, em instalações e circuitos elétricos, em virtude da natureza


das cargas terem componentes indutivos e/ou capacitivos junto aos
componentes resistivos, há três tipos de potências:

 potência ativa P, cuja unidade é o W;


 potência reativa Q, cuja unidade é o var;
 potência aparente S, cuja unidade é o VA.

A análise das três potências e a correlação entre elas é feita por meio do
triângulo retângulo de potências, conforme Figura 4.

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Figura 4 – Triângulo de potências

Para o triângulo descrito, valem as regras e fórmulas de trigonometria,


que envolvem um triângulo retângulo, desta forma é possível identificar que:

𝑆 = √𝑃2 + 𝑄2 (1)

𝑃 𝑄 𝑄
cos 𝜑 = ou sin 𝜑 = ou tan 𝜑 =
𝑆 𝑆 𝑃

O ângulo “𝜑” dependerá do valor da potência reativa, e o cos 𝜑 é chamado


de fator de potência da instalação. Quando a instalação possui predominância
de cargas indutivas, o valor de "𝑄" é positivo e o triângulo terá características
conforme a Figura 4. Caso a predominância de cargas seja capacitiva, o triângulo
se inverte, conforme a Figura 5. Tem-se, então, energia reativa indutiva, com o
"𝑄" positivo, ou energia reativa capacitiva, com o "𝑄" negativo.

Figura 5 – Triângulo de potências: 𝑄 capacitivo

Por resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o valor do


fator de potência, ou o cos 𝜑, não poderá ser inferior a 0,92, sob pena de multa
nas contas de energia mensais da unidade. Caso o valor seja inferior a 0,92 (ou
92%), a potência excedente, seja reativa indutiva ou reativa capacitiva, deve ser
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corrigida para que a unidade não seja multada mensalmente pela concessionária
local. As formas de correção estão explanadas no tema Correção do Baixo Fator
de Potência.

2.2 Exercícios de fixação

Exercício resolvido:

Para uma instalação qualquer, foram medidos os seguintes valores de


potências da instalação: potência ativa: 1600 kW; potência reativa: 400 kvar.
Monte o triângulo de potências e indique se o fator de potência está dentro da
resolução ANEEL.
Resolução:
Utilizando a fórmula:

𝑆 2 = √𝑃2 + 𝑄 2  𝑆 2 = √1.6002 + 4002  𝑆 = 1.649,24 𝑘𝑉𝐴

Para o cálculo do valor do fator de potência, basta dividir o valor da


potência aparente obtida pela potência ativa, ou seja:

𝑃 1.600
𝐹𝑃 = cos 𝜑 =  𝐹𝑃 =  𝐹𝑃 = 09701 𝑜𝑢 97,01%
𝑆 1.649,24

Q = 400 kvar

S = 1.649,24 kVA

F.P. = 0,97

P = 1.600 kW
O valor do fator de potência ficou acima do valor mínimo, conforme
resoluções ANEEL (0,92), por isso está dentro das normas, não necessitando
correções.

Exercício proposto:

Para uma instalação qualquer, foram medidos os seguintes valores de


potências da instalação: potência ativa: 1.750 kW; potência aparente: 1.995 kVA.

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Monte o triângulo de potências e indique se o fator de potência está dentro da
resolução ANEEL.
Respostas:
P= 1.750,00 kW
Q= 957,88 kvar
S= 1.995,00 kVA
FP = 0,8772

3 TEMA 3 – CORREÇÃO DO BAIXO FATOR DE POTÊNCIA

3.1 Descrição

Para uma instalação que apresente valor de fator de potência abaixo do


recomendado pela ANEEL, é necessário que a correção dos valores seja
efetuada por meio da inserção de fontes capacitivas, ou banco de capacitores,
na instalação. Normalmente o baixo fator de potência está concentrado em
indústrias devido ao alto uso de equipamentos que envolvem motores.
Equipamentos antigos normalmente também estão relacionados a um baixo
valor do fator de potência.
A correção pode ser efetuada inserindo-se banco de capacitores junto ao
equipamento que apresenta o baixo fator ou na instalação como um todo, após
a medição do valor total do F.P. da instalação. Normalmente é feita a correção
instalando-se bancos de capacitores próximos aos transformadores da
instalação, junto à subestação de energia. Em alguns casos (indústrias de alta
carga), os bancos podem ser instalados na média tensão.
Ainda é possível optar pela inserção de bancos fixos de capacitores, que
entram 100% em funcionamento quando acionados, ou bancos automáticos, que
são providos de dispositivos de medição da energia reativa presente na
instalação e consegue gerenciar a entrada do banco de capacitores, em partes,
o suficiente para a correção. Desta forma não há risco do triângulo se inverter
pelo excesso de carga capacitiva na instalação, quando da saída dos
equipamentos que estão injetando potência reativa indutiva. A Figura 6
demonstra um exemplo de banco de capacitores para correção do baixo F.P.

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Figura 6 – Banco de capacitores automático

O método de correção do baixo fator de potência pela inserção de


capacitores é o mais utilizado nas instalações, sendo considerado o mais
econômico e que permite maior flexibilidade. São chamados de “capacitores de
potência”, porém outros métodos podem ser utilizados, como a inserção de
motores síncronos superexcitados, que possuem a possibilidade de injetar maior
volume de energia reativa que seu consumo próprio e podem ser um bom
recurso nas instalações industriais de grande porte. Outro método também é o
acréscimo de energia ativa (kWh) na instalação.
Segundo Cotrim (2010), as perdas em processos industriais relativas a
problemas com consumo de energia relativa e qualidade de energia tendem a
ser mais importantes e consideráveis que as próprias cobranças de excedente
de energia reativa (multas) pelas concessionárias devido ao baixo fator de
potência que este consumo de reativos possa causar.
Em muitas situações, as condições de perdas de produção estão
relacionadas ao baixo fator de potência e também a distorções harmônicas,
regulação de tensão, entre outros.
O baixo fator de potência é calculado na instalação, a partir dos valores
medidos de energia ativa (kWh) e energia reativa (kVArh), energia reativa esta
necessária à excitação dos motores, transformadores e demais cargas indutivas
da indústria. O valor do fator de potência é definido pela equação:

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𝑃
𝐹𝑃 = (2)
𝑆
Sendo:
𝑃 → valor da potência ativa em kW
𝑆 → valor da potência aparente em kVA

3.2 Razões do baixo fator de potência

Em uma indústria ou instalação, muitos podem ser os motivos


relacionados ao baixo fator de potência. Os mais comuns são:

 motores de indução e transformadores operando a vazio ou com pequena


carga, não representativa;
 lâmpadas de descarga, como vapor de mercúrio, vapor de sódio ou
fluorescentes que necessitem de reatores para funcionamento,
especialmente os reatores magnéticos antigos;
 acoplamento de vários motores de pequeno porte em uma instalação,
devido à dificuldade em dimensionamento destes às máquinas;
 tensão acima da nominal, pois a potência reativa é proporcional,
aproximadamente, ao quadrado da tensão nominal aplicada; nos motores
de indução, a potência ativa depende, em grande parte, da carga
mecânica conectada ao eixo do motor; desta forma, quanto maior a tensão
aplicada aos motores, maior será a energia reativa consumida,
diminuindo, assim, o valor do fator de potência;
 equipamentos eletrônicos;
 fornos a arco;
 máquinas de solda a transformador.

3.3 Exercícios de fixação

Exercício resolvido:

Para uma instalação qualquer, foram medidos os seguintes valores de


potências da instalação: potência ativa: 3.500 kW; potência reativa: 2.200 kvar.
Monte o triângulo de potências e indique se o fator de potência está dentro da

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resolução da Aneel. Caso esteja fora, indique o valor mínimo do capacitor que
deverá ser inserido na instalação para a correção do valor.
Resolução:
Utilizando a fórmula:

𝑆 = √𝑃2 + 𝑄2  𝑆 = √3.5002 + 2.2002  𝑆 = 4.134,01 𝑘𝑉𝐴


Para o cálculo do valor do fator de potência, basta dividir o valor da
potência aparente obtida pela potência ativa, ou seja:
𝑃 3.500
𝐹𝑃 = cos 𝜑 = 𝑆  𝐹𝑃 = 4.134,01
 𝐹𝑃 = 0,8466 𝑜𝑢 84,66%

Q = 2.200 kvar

S = 4.134,01 kVA

F.P. = 0,847

P = 3.500 kW

Como o valor do fator de potência ficou abaixo do valor mínimo, conforme


resoluções da ANEEL (0,92), será necessária a aplicação de um banco de
capacitores para a correção do valor, de acordo com os cálculos a seguir:

Q = 2.200 kvar

S = 4.134,01 kVA S´
Q máx
F.P. = 0,867

P = 3.500 kW

No triângulo acima, tem-se a projeção de um triângulo menor em relação


ao original. A potência ativa original, em kW, não se altera. Assim, sobre este
valor e sobre o valor mínimo do fator de potências (0,92), calcula-se o valor da
energia reativa máxima (Qmáx) que a instalação pode conter. A diferença entre
a potência reativa inicial (Q=2.200 kvar) e a potência Qmáx é o valor do capacitor
que deve ser inserido na instalação para a correção, assim:

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𝑄𝑚á𝑥 𝑄 𝑚á𝑥
tan 𝜑´ =  tan cos−1 0,92 = 
𝑃 𝑃

𝑄 𝑚á𝑥
tan cos−1 0,92 =  𝑄 𝑚á𝑥 = 1.490,99 𝑘𝑣𝑎𝑟
3.500

𝐶𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑡𝑜𝑟 = 𝑄 − 𝑄 𝑚á𝑥 = 2.200 − 1.490,99 = 709,01 𝑘𝑣𝑎𝑟

Neste exemplo, portanto, deve-se inserir um banco de capacitores na


instalação de 709,01 kvar, que possuirá indicação Q negativo, somando-se
(vetorialmente) ao valor inicial de Q.

Exercício proposto:

Para uma instalação qualquer, foram medidos os seguintes valores de


potências da instalação: potência ativa: 5.300 kW; potência reativa: 4.200 kvar.
Monte o triângulo de potências e indique se o fator de potência está dentro da
resolução da Aneel. Caso esteja fora, indique o valor mínimo do capacitor que
deverá ser inserido na instalação para a correção do valor.
Resultado:
P= 5.300,00 kW
Q= 4.200,00 kvar
S= 6.762,40 kVA
FP = 0,7837

Q máx . = 2.257,79 kvar


Capacitor = 1.942,21 kvar

4 TEMA 4 – CÁLCULOS INICIAIS DE UM CIRCUITO

4.1 Leis de Ohm

Em física, são vistos os conceitos de eletricidade e repassados pela


primeira e pela segunda Lei de Ohm. Nos diversos circuitos elétricos, estes
conceitos são replicados de forma a gerar subsídios necessários para cálculo de
algumas variáveis presentes, como resistência dos condutores e circuitos,
tensões, correntes e potência presente.
Da primeira lei de Ohm, tem-se as seguintes expressões:

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𝑉
𝑅= (3)
𝑖

𝑃= 𝑉𝑥𝑖 (4)

Onde:
𝑅 → Resistência em ohms (Ω)
𝑉 → Tensão em volts (V)
𝑖 → Corrente em ampères (A)
𝑃 → Potência em watts (W)

Ainda da correlação da equação (3) e (4), obtém-se:

𝑉2
2
𝑃= 𝑉𝑥𝑖 = (5)
𝑅

“Primeira Lei de Ohm: para um condutor mantido à temperatura constante,


a razão entre a tensão entre dois pontos e a corrente elétrica é constante. Essa
constante é denominada de resistência elétrica.”
Da segunda lei de Ohm, tem-se as seguintes expressões:

𝜌𝑥𝑙
𝑅= (6)
𝐴

1
𝜌= (7)
𝜎

Onde:
𝑅 → Resistência em ohms (Ω)
𝜌 → Resistividade elétrica (Ω x m)
𝑙 → Comprimento do condutor (m)
𝐴 → Área do condutor (m2)
𝜎 → Condutividade elétrica do material [(Ω x m)-1]

“Segunda lei de Ohm: a resistência elétrica de um condutor homogêneo e


de seção transversal constante é proporcional ao seu comprimento,
inversamente proporcional à sua área transversal e depende da temperatura e
do material de que é feito o condutor.”
A Tabela 1 Tabela 1traz os valores de resistividade dos principais
materiais condutores.
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Tabela 1 – Resistividade dos principais materiais

Material ρ [Ω x m] ρ [Ω x mm 2/m]
Alumínio 2,8 x 10-8 2,8 x 10-2
Cobre 1,7 x 10-8 2,8 x 10-2
-8
Prata 1,6x 10 2,8 x 10-2

Já a Tabela 2 traz os valores de resistividade e condutividade dos


principais materiais condutores.

Tabela 2 – Resistividade e condutividade dos principais materiais

4.2 Exercícios de fixação

Exercício resolvido:
1) Um condutor de cobre apresenta 50 m de comprimento por 2,5mm2 de
secção e uma resistividade de 0,17x10-6 ohm x m. Aplicando-se uma diferença
de potencial de 50V, que intensidade de corrente elétrica irá percorrer o fio?
Resolução:
𝜌 𝑥 𝑙 1,7 𝑥 10−7 𝑥 50
𝑅= = = 3,40 [𝛺]
𝐴 2,5 𝑥 10−6

𝑉 𝑉 50
𝑅= 𝑖= = = 14,7 [𝐴]
𝑖 𝑅 3,40

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Exercícios propostos:

2) Um fio de alumínio tem 2mm de diâmetro. Aplicando-se uma tensão de


10V, resulta uma corrente de 1A. Qual o comprimento do fio?
Resposta: l=1,12 km

3) Um fio de cobre tem 2mm de diâmetro. Aplicando-se uma tensão de


10V, resulta uma corrente de 1A. Qual o comprimento do fio?
Resposta: l=1,85 km

4) Um fio de prata tem 2mm de diâmetro. Aplicando-se uma tensão de


10V, resulta uma corrente de 1A. Qual o comprimento do fio?
Resposta: l=1,96 km

5) Em termos de condução de corrente elétrica, dos três materiais acima


(alumínio, cobre e prata), qual o melhor condutor?
Resposta: fio de prata, pois atinge um maior comprimento com o mesmo
valor de corrente e tensão.

5 TEMA 5 – CARGAS MONOFÁSICAS, BIFÁSICAS E TRIFÁSICAS EM CA

5.1 Definições de carga

Conforme já verificado anteriormente, a energia é produzida nas usinas


de forma trifásica e transmitida às cidades para distribuição. Ao passar pelos
últimos transformadores, a energia é disponibilizada de forma trifásica ao
consumidor, acrescido do condutor neutro e de proteção (ou aterramento), em
tensão de abastecimento direto residencial ou baixa tensão.
Para um sistema em baixa tensão em 220/127 V, como é o caso da
maioria dos níveis de tensão do estado do Paraná, por exemplo, compõem-se
de até três condutores, um neutro e um aterramento que são entregues aos
consumidores. Nos sistemas são ligadas as cargas monofásicas, bifásicas ou
trifásicas.
Uma carga monofásica, no sistema descrito, irá utilizar um dos cabos
“fase” (fase R, S ou T), um cabo “neutro” e um condutor de “aterramento” ou
“proteção”.

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Uma carga bifásica, no mesmo sistema, para seu correto funcionamento,
irá utilizar dois condutores fases, um condutor de aterramento e, se necessário,
o condutor neutro também, como é o caso de equipamentos como no-breaks e
equalizadores. Já uma carga trifásica utilizará os três condutores fases e o
condutor de aterramento.
A Figura 7 demonstra os métodos existentes, segundo as normas NBR
5410, para as instalações elétricas, com sistemas monofásicos, bifásicos ou
trifásicos.

Figura 7 – Esquema de condutores vivos segundo a NBR 5410

5.2 Simbologias

Praticamente todas as instalações são compostas inicialmente de projetos


elétricos, em que são alocadas as informações e cálculos que irão dar subsídios
para a instalação posteriormente. Os projetos requerem a adoção de
simbologias padronizadas para indicar os diversos materiais e equipamentos
que serão adotados na instalação elétrica.
Existem várias normas nacionais e internacionais que recomendam a
utilização de simbologias padronizadas por elas, porém, no Brasil, as mais
usuais seguem as determinações da ABNT, apresentadas no Quadro 1. No

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entanto, os fabricantes de equipamentos oriundos de outros países também
reservam o direito de adotar simbologias próprias para evitar dúvida ou
interpretações errôneas a respeito de seus produtos.

Quadro 1 – Simbologia ABNT

Fonte: Mamede, 2010.

5.3 Cálculos de variáveis CA

Em eletricidade básica, tem-se como fórmula de potência a seguinte


expressão:
𝑃=𝑉𝑥𝑖 (8)

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Sendo
𝑃 →potência ativa (W)
𝑉 →Tensão em volts (V)
𝑖 → corrente em amperes (A)
No entanto, a fórmula em questão refere-se diretamente ao uso para
cargas puramente resistivas, em que o fator de potência é unitário (cos φ = 1),
portanto, para cargas com componentes indutivos e/ou capacitivos, escreve-se:

 para cargas monofásicas e bifásicas:

Figura 1 – Esquema de cargas monofásicas e bifásicas

𝑃 = 𝑉 𝑥 𝑖 𝑥 cos(𝜑) (9)

 para cargas trifásicas:

Figura 9 – Esquema de cargas trifásicas

𝑃 = √3 𝑥 𝑉 𝑥 𝑖 𝑥 cos(𝜑) (10)

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Observação: o fator multiplicativo de √3 refere-se à composição e
defasagem de 120° entre as três fases.

5.4 Exercícios de fixação

Exercício com carga monofásica:

Em uma indústria, com sistema elétrico de 220/127V, tem-se um


equipamento instalado monofásico, 127V. Sabe-se que o equipamento consome
uma corrente de 25A e possui um F.P. = 95%. Calcule o valor da potência ativa
liberada pelo equipamento:
Resolução:
𝑃 = 𝑉 𝑥 𝑖 𝑥 cos(𝜑)
𝑃 = 127 𝑥 25 𝑥 0,95
𝑃 = 3.016,25 𝑊 𝑜𝑢 𝑃 = 3,02 𝑘𝑊

Exercício com carga bifásica:

Em uma indústria, com sistema elétrico de 220/127V, tem-se um


equipamento instalado bifásico, 220V. Sabe-se que o equipamento consome
uma corrente de 28A e possui um F.P. = 95%. Calcule o valor da potência ativa
liberada pelo equipamento:

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Resolução:
𝑃 = 𝑉 𝑥 𝑖 𝑥 cos(𝜑)
𝑃 = 220 𝑥 28 𝑥 0,95
𝑃 = 5.852 𝑊 𝑜𝑢 𝑃 = 5,85 𝑘𝑊

Exercício com carga trifásica:

Em uma indústria, com sistema elétrico de 220/127V, tem-se um


equipamento instalado trifásico, 220V. Sabe-se que o equipamento consome
uma corrente de 70A e possui um F.P. = 86%. Calcule o valor da potência ativa
liberada pelo equipamento:
Resolução:
𝑃 = √3 𝑥 𝑉 𝑥 𝑖 𝑥 cos(𝜑)
𝑃 = √3 𝑥 220 𝑥 70 𝑥, 86
𝑃 = 22.939,28 𝑜𝑢 𝑃 = 22,94 𝑘𝑊

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6 FINALIZANDO

Esta aula tratou inicialmente dos sistemas e instalações elétricas, seus


elementos e algumas características de alimentações. Verificou-se as questões
do triângulo de potências (ativa, reativa e aparente), bem como o fator de
potência aliado a estas potências, como efetuar o seu cálculo e como efetuar a
correção em valores abaixo do permitido pelas normas.
Iniciou-se os cálculos básicos de circuitos por meio da primeira e segunda
Lei de Ohm e, na sequência, apresentou-se as características das cargas
monofásicas, bifásicas e trifásicas, com o cálculo das principais variáveis de
cada uma, como tensões, potências e correntes.
Também foram demonstradas algumas simbologias utilizadas em projetos
e instalações para denotar equipamentos e demais utilizados.

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7 REFERÊNCIAS

CREDER, HÉLIO, Instalações Elétricas, 16º edição, LTC

COTRIM, A. A. M. B. Instalações elétricas, 5. ed., Pearson, 2010.

MAMEDE FILHO, J. Instalações elétricas industriais. 8. ed. LTC, 2010.

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