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Mao: Sobre a Prática

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Sobre a Prática [*]

(sobre a relaçom entre o conhecimento


e a prática, entre o saber e o fazer)

Mao Zedong
Julho de 1937

Primeira Edição: ........


Fonte: http://www.primeiralinha.org
Tradução de: ........
Transcrição de: ..................
HTMLde: Fernando Antônio de Souza Araújo, novembro 2005.
Direitos de Reprodução: Marxists Internet Archive (marxists.org), 2005. A cópia ou distribuição
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License.

O materialismo pré-marxista examinava o problema do conhecimento à margem da


natureza social do homem e do seu desenvolvimento histórico, e por isso era incapaz
de compreender a dependência do conhecimento a respeito da prática social, quer
dizer, a dependência do conhecimento a respeito da produçom e a luita de classes.

Antes de mais, os marxistas julgam que a actividade do homem na produçom é a sua


actividade prática mais fundamental, a que determina todas as demais actividades.
O conhecimento do homem depende principalmente da sua actividade na produçom
material; no decurso desta, o homem vai compreendendo gradativamente os

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fenómenos, as propriedades e as leis da natureza, bem como as relaçons entre ele


próprio e a natureza, e, também através da sua actividade na produçom, vai
conhecendo paulatinamente e em diverso grau determinados relacionamentos
vigorantes entre os homens. Nom é possível adquirir nengum destes conhecimentos
fora da actividade na produçom. Numha sociedade sem classes, cada indivíduo,
como membro da sociedade, unindo os seus esforços aos dos outros membros e
travando com eles determinadas relaçons de produçom, dedica-se à produçom para
satisfazer as necessidades materiais do homem. Em todas as sociedades de classes,
os membros das diferentes classes sociais, entrando também, de umha ou outra
maneira, em determinadas relaçons de produçom, dedicam-se à produçom,
destinada a satisfazer as necessidades materiais do homem. Isto constitui a fonte
fundamental desde a qual se desenvolve o conhecimento humano.

A prática social do homem nom se reduz à sua actividade na produçom, porquanto


tem muitas outras formas: a luita de classes, a vida política, as actividades científicas
e artísticas; em resumo, o homem, como ser social, participa em todos os domínios
da vida prática da sociedade. Portanto, vai conhecendo em diverso grau as diferentes
relaçons entre os homens nom apenas através da vida material, como também
através da vida política e a vida cultural (ambas as duas estreitamente ligadas à vida
material). Destas formas da prática social, a luita de classes nas suas diversas
manifestaçons exerce, em particular, umha influência profunda sobre o
desenvolvimento do conhecimento humano. Na sociedade de classes, cada pessoa
existe como membro de umha dada classe, e todas as ideias, sem excepçom, levam o
seu carimbo de classe.

Os marxistas defendem que a produçom na sociedade humana se desenvolve passo a


passo, do inferior ao superior, e que, em conseqüência, o conhecimento que o
homem tem quer da natureza quer da sociedade, se desenvolve também passo a
passo, do inferior ao superior, quer dizer, do superficial ao profundo, do unilateral
ao multilateral. Durante um período muito longo na história, o homem viu-se
circunscrito a umha compreensom unilateral da história da sociedade, já que, de
umha parte, as classes exploradoras a deforrmavam constantemente devido aos seus
preconceitos e, de outra parte, a pequena escala da produçom limitava a visom do
homem. Só quando surgiu o proletariado moderno junto de gigantescas forças
produtivas, (a grande indústria), pudo o homem atingir umha compreensom global

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e histórica do desenvolvimento da sociedade e transformar este conhecimento


numha ciência, a ciência do marxismo.

Os marxistas defendem que a prática social do homem é o único critério da verdade


do seu conhecimento do mundo exterior. Com efeito, o conhecimento do homem
fica confirmado apenas quando consegue os resultados esperados no processo da
prática social (produçom material, luita de classes ou experimentaçom científica). Se
o homem quiger atingir sucesso no seu trabalho, quer dizer, alcançar os resultado
esperados, tem de fazer concordar as suas ideias com as leis do mundo exterior
objectivo; se nom consegue isto, fracassa na prática. Depois de sofrer um fracasso,
tira liçons dele, modifica as suas ideias fazendo-as concordar com as leis do mundo
exterior e, destarte, pode transformar o fracasso em sucesso: eis o que se quer dizer
com "o fracasso é a mai do sucesso" e "cada fracasso fai-nos mais lestos". A teoria
materialista dialéctica do conhecimento coloca a prática no primeiro plano;
considera que o conhecimento do homem nom pode separar-se nem no mais
mínimo da prática, e recusa todas as teorias erróneas que negam a importáncia ou
afastam dela o conhecimento. Como dixera Lenine: "A prática é superior ao
conhecimento (teórico), porque possui nom apenas a dignidade da universalidade,
mas também a da realidade imediata [1]. "A filosofia marxista – o materialismo
dialéctico – tem duas características sobressalentes. Umha é o seu carácter de
classe: afirma explicitamente que o materialismo dialéctico serve ao proletariado.
Umha outra é o seu carácter prático: vinca a dependência da teoria a respeito da
prática, sublinha que a prática é a base da teoria e que esta, por sua vez, serve à
prática. O facto de um conhecimento ou teoria ser verdade nom se determina
mediante umha apreciaçom subjectiva, senom mediante os resultado objectivo da
prática social. O critério da verdade nom pode ser outro que a prática social. O ponto
de vista da prática é o ponto de vista primeiro e fundamental da teoria materialista
dialéctica do conhecimento.

Mas, como é que o conhecimento humano surge da prática e serve por sua vez à
prática? Para compreendermo-lo basta com olhar o processo de desenvolvimento do
conhecimento [2].

No processo da prática, o homem nom vê ao começo mais do que as aparências, os

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aspectos isolados e as ligaçons externas das cousas. Por exemplo, algumhas pessoas
de fora venhem a Yenan em giras de investigaçom. Nos primeiros um ou dous dias,
vem a sua topografia, ruas e casas, tomam contacto com muitas pessoas, assistem a
recepçons, reunions e comícios, ouvem todo o tipo de conversas e lem diferentes
documentos: isso tudo som as aparências das cousas, os seus aspectos isolados e as
suas ligaçons externas. Esta etapa do conhecimento denomina-se etapa sensorial, e é
a etapa das sensaçons e as impressons. Quer dizer, as cousas de Yenan, isoladas,
agindo sobre os órgaos dos sentidos dos membros do grupo de investigaçom,
provocam sensaçons neles e fazem surgir no seu cérebro grande quantidade de
impressons junto de umha noçom aproximativa das ligaçons externas entre as ditas
impressons: esta é a primeira etapa do conhecimento. Nesta etapa, o homem nom
pode ainda formar conceitos, pois que correspondem a um nível mais profundo,
nem tirar quaisquer conclusons lógicas.

À medida que continua a prática social, as cousas que no decurso da prática


suscitam no homem sensaçons e impressons, apresentam-se umha e outra vez;
entom produz-se no seu cérebro umha mudança repentina (um salto) no processo
do conhecimento e surgem os conceitos. Os conceitos já nom constituem reflexos
das aparências das cousas, dos seus aspectos isolados e das suas ligaçons externas,
ao captarem as cousas na sua essência, no seu conjunto e nas suas ligaçons internas.
Entre o conceito e a sensaçom existe umha diferença nom apenas quantitativa, mas
também qualitativa. Continuando avante, mediante o juízo e o razoamento, podem-
se tirar conclusons lógicas. A expressom da Crónica dos três reinos [3] : "enrugou o
sobrolho e veu-lhe à mente um estratagema", ou a da linguagem corrente: "Deixe-
me reflectir", significam que o homem , empregando conceitos no cérebro, procede
ao juízo e ao razoamento. Esta é a Segunda etapa do conhecimento. Os membros do
grupo de investigaçom, depois de terem reunido diversos dados e, o que é mais,
depois de terem reflectido, podem chegar ao juízo de que "a política da frente única
nacional antijaponês, aplicada polo Partido Comunista, é conseqüente, sincera e
genuína" . Tendo formulado este juízo, eles podem, se forem genuínos partidários da
unidade para salvar a naçom, dar outro passo à frente e tirar a seguinte conclusom:
"A frente única nacional antijaponesa pode ter sucesso". Esta etapa, a dos conceitos,
os juízos e os razoamentos, é ainda mais importante no processo completo do
conhecimento de umha cousa polo homem; é a etapa do conhecimento racional. A
verdadeira tarefa do conhecimento consiste em chegar, passando polas sensaçons,
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ao pensamento, em chegar passo a passo à compreensom das contradiçons internas


das cousas objectivas, das suas leis e das ligaçons internas entre um processo e
outro, quer dizer, em chegar ao conhecimento lógico. Repetimos: o conhecimento
lógico difere do conhecimento sensorial em que este atinge os aspectos isolados, as
aparências e as ligaçons externas das cousas, enquanto aquele, dando um grande
passo à frente, alcança o conjunto, a essência e as ligaçons internas das cousas, pom
a nu as contradiçons internas do mundo circundante e pode, portanto, chegar a
dominar o desenvolvimento do mundo circundante no seu conjunto, nas ligaçons
internas de todos os seus aspectos.

Ninguém antes do marxismo elaborou umha teoria como esta, a materialista


dialéctica, sobre o processo de desenvolvimento do conhecimento, o que se baseia
na prática e vai do superficial ao profundo. É o materialismo marxista o primeiro em
resolver correctamente este problema, patenteando de maneira materialista e
dialéctica o movimento de aprofundizaçom do conhecimento, movimento polo qual
o homem, como seu social, passa do conhecimento sensorial ao conhecimento lógico
na sua complexa e constantemente repetida prática da produçom e da luita de
classes. Lenine dixo: "A abstracçom da matéria, de umha lei da natureza, a
abstracçom do valor, etc., numha palavra, todas as abstracçons científicas
(correctas, sérias, nom absurdas) reflectem a natureza em forma mais profunda,
veraz e completa [4] . "O marxismo-leninismo sustém que cada umha das duas
etapas do processo cognoscitivo tem as suas próprias características: na etapa
inferior, o conhecimento manifesta-se como conhecimento sensorial e, na etapa
superior, como conhecimento lógico, mas ambas as duas som etapas de um processo
cognoscitivo único. O sensorial e o racional som qualitativamente diferentes; no
entanto, um e outro nom estám desligados, e sim unidos sobre a base da prática. A
nossa prática é testemunho de que podemos compreender imediatamente o que
percebemos, e que podemos perceber com maior fundura só aquilo que já
compreendemos. A sensaçom apenas resolve o problema das aparências;
unicamente a teoria pode resolver o problema da essência. A soluçom destes
problemas nom pode afastatar-se nem no mais mínimo da prática. Quem quiger
conhecer umha cousa, nom poderá fazê-lo sem entrar em contacto com ela, quer
dizer, sem viver (praticar) no mesmo meio dessa cousa. Na sociedade feudal era
impossível conhecer antecipadamente as leis da sociedade capitalista, pois nom

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tinha aparecido ainda o capitalismo e faltava a prática correspondente. O marxismo


só podia ser produto da sociedade capitalista. Marx, na época do capitalismo liberal,
nom podia conhecer concretamente, de antemao, certas leis peculiares da época do
imperialismo, já que nom tinha aparecido ainda o imperialismo, fase final do
capitalismo, e faltava a prática correspondente; apenas Lenine e Staline pudérom
assumir esta tarefa. Para além do seu génio, a razom principal pola qual Marx,
Engels, Lenine e Staline pudérom criar as suas teorias foi a sua participaçom pessoal
na prática da luita de classes e da experimentaçom científica do seu tempo; sem este
requisito, nengum génio poderia tê-lo feito com sucesso. A expressom: "Sem sair da
sua morada, o letrado sabe tudo quanto acontece no mundo" nom era mais do que
umha frase oca nos tempos antigos. Quando a técnica estava pouco desenvolvida; e
na nossa época de técnica desenvolvida, embora tal cousa seja realizável, os únicos
que tenhem autênticos acontecimentos de primeira mao som as pessoas que no
mundo se dedicam à prática. E só quando, mercê da escrita e da técnica, chegam ao
"letrado" os conhecimentos que estas pessoas adquirírom na sua prática, pode este,
indirectamente, "saber tudo quanto acontece no mundo". Para conhecer
directamente tal ou tal cousa ou cousas, cumpre participar pessoalmente na luita
prática por transformar a realidade, por transformar a dita cousa ou cousas, já que
este é o único meio de entrar em contacto com as suas aparências; aliás, é este o
único meio de tornar evidente a essência da dita cousa ou cousas e compreendê-las.
Tal é o processo cognoscitivo que na realidade seguem todos os homens, embora
algumha gente, deformando deliberadamente os factos, afirme o contrário. A gente
mais ridícula do mundo som os "sabidos" que, recolhendo de ouvido conhecimentos
fragmentários e superficiais, se tenhem pola "máxima autoridade no mundo", o que
dá testemunho apenas da sua fatuidade. O conhecimento é problema da ciência e
esta nom admite nem a menor desonra nem a menor presunçom; o que exige é o
contrário, decerto: honestidade e modéstia. Se quigeres conhecer, tes que participar
na prática transformadora da realidade. Se quigeres conhecer o sabor de umha pera,
tes que transformá-la tu próprio comendo-a. Se quigeres conhecer a estrutura e as
propriedades do átomo, tes que fazer experimentos físicos e químicos, mudar o
estado do átomo. Se quigeres conhecer a teoria e os métodos da revoluçom, tes de
participar na revoluçom. Todo conhecimento autêntico nasce da experiência directa.
Porém, o homem nom pode ter experiência directa de todas as cousas e, de facto, a
maior parte dos nossos conhecimentos provém da experiência indirecta, por
exemplo, todos os conhecimentos dos séculos passados e de outros países. Estes
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conhecimentos fôrom ou som, para os nossos antecessores e os estrangeiros,


produto da experiência directa, e merecem confiança se no decurso dessa
experiência directa se cumpriu a condiçom de "abstracçom científica" de que falava
Lenine e se reflectem de um modo científico a realidade objectiva; se assim nom for,
nom a merecem. Por isso, os conhecimentos de umha pessoa som constituídos por
só dous sectores: um provém da experiência directa e o outro, da experiência
indirecta. Além do mais, o que para mim é experiência indirecta, constitui
experiência directa para outros. Portanto, considerados no seu conjunto, os
conhecimentos, sejam do tipo que forem, nom podem separar-se da experiência
directa. Todo o conhecimento se origina nas sensaçons que o homem obtém do
mundo exterior objectivo através dos órgaos dos sentidos Nom é materialista quem
negar a sensaçom, negar a experiência directa, ou negar a participaçom pessoal na
prática transformadora da realidade. É por isso que os "sabidos" som ridículos. Um
antigo ditado chinês di: "Se um nom entra na guarida do tigre, como poderá apossar
dos seus cachorros?" Este ditado é certo tanto para a prática do homem quanto para
a teoria do conhecimento. Nom pode haver conhecimento à margem da prática.

Para pôrmos em claro o movimento materialista dialéctico do conhecimento,


movimento de aprofundizaçom gradativa do conhecimento, surgido sobre a base da
prática transformadora da realidade, daremos a seguir outros exemplos concretos.

No perído inicial da sua prática, período de destruiçom das máquinas e de luita


espontánea, o proletariado achava-se, no que ao seu conhecimento da sociedade
capitalista di respeito, só na etapa do conhecimento sensorial; conhecia apenas os
aspectos isolados e as ligaçons externas dos diversos fenómenos do capitalismo.
Nessa época, o proletariado era ainda umha "classe em si". Porém, o proletariado
tornou-se numha "classe para si" quando, entrando no segundo período da sua
prática, período de luita económica e política consciente e organizada, chegou a
compreender a essência da sociedade capitalista, as relaçons de exploraçom entre as
classes sociais e as suas próprias tarefas históricas, graças à sua prática, à sua
variada experiência de longos anos de luita e à sua educaçom na teoria marxista,
resumo científico feito por Marx e Engels da dita experiência.

O mesmo se passou com o conhecimento do povo chinês a respeito do imperialismo.


A primeira etapa foi a do conhecimento sensorial, superficial, tal como se

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manifestou nas indiscriminadas luitas contra os estrangeiros, acontecidas durante


os movimentos do Reino Celestial Taiping, do Yijetuan e outros. Só na Segunda
etapa, a do conhecimento racional, o povo chinês discerniu as diferentes
contradiçons internas e externas do imperialismo e compreendeu a verdade
essencial de que o imperialismo, em aliança com a burguesia compradora e a classe
feudal, oprimia e explorava as amplas massas populares da China; tal conhecimento
nom começou até a época do Movimento de 4 de Maio de 1919.

Vamos agora ver a guerra. Se os dirigentes militares carecerem de experiência


militar, nom poderám compreender na etapa inicial as leis profundas que regem a
direcçom de umha guerra específica (por exemplo, a nossa Guerra Revolucionária
Agrária dos últimos dez anos). Na etapa inicial, só viverám a experiência de
numerosos combates e, o que é mais, sofrerám muitas derrotas. No entanto, esta
experiência (a experiência dos combates ganhos e, nomeadamente, a dos perdidos)
permitirám-lhes compreender o que por dentro articula toda a guerra, quer dizer, as
leis dessa guerra específica, compreender a sua estratégia e as suas tácticas e,
destarte, dirigi-la com segurança. Se nesse momento se confia o mando da guerra a
umha pessoa inexperta, ela também terá que sofrer umha série de derrotas (quer
dizer, adquirir experiência) antes de poder compreender as verdadeiras leis da
guerra.

Com freqüência, temos ouvido dizer de algum camarada sem coragem para aceitar
umha tarefa: "Nom estou certo de podê-la cumprir" Por quê nom está certo de si
próprio? Porque nom compreende o conteúdo e as circunstáncias desse trabalho
segundo as leis que o regem, porque nom tivo ou tivo muito pouco contacto com
semelhante trabalho, de jeito que nom se pode falar de que conheça tais leis. Mas,
depois de umha análise detalhada da natureza e as circunstáncias desse trabalho,
sentirá-se relativamente seguro de si próprio e aceitará-o contente. Se se dedicar a
ele por algum tempo e adquirir experiência, e se e se estiver disposto a examinar a
situaçom com prudência, em lugar de abeirar-se de maneira subjectiva, unilateral e
superficial, será capaz de chegar por si próprio a conclusons sobre como deve fazer o
trabalho e fará-o com muito maior coragem. Apenas quem se abeirar aos problemas
de maneira subjectiva, unilateral e superficial, ditará ordens vaidosamente ao que
chega a um novo lugar, sem levar em conta as circunstáncias, sem examinar as
cousas na sua totalidade (a sua história e a sua situaçom actual em conjunto) nem
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penetrar na sua essência (a sua natureza e as ligaçons internas entre umha cousa e
outras). Semelhantes pessoas esbarram e caem inevitavelmente.

Assim e que se vê que o primeiro passo no processo do conhecimento é o contacto


com as cousas do mundo exterior; isto corresponde à etapa das sensaçons. O
segundo é sintetizar os dados proporcionados polas sensaçons, ordenando-os e
elaborando-os; isto corresponde à etapa dos conceitos, os juízos e os razoamentos.
Só quando os dados achegados polas sensaçons som muito ricos (nom fragmentários
e incompletos) e acordes com a realidade (nom ilusórios), podem servir de base para
formar conceitos correctos e umha lógica correcta.

Cumpre sublinhar dous pontos importantes. O primeiro, que se assinalou acima mas
que convém reiterar, é a dependência do conhecimento racional a respeito do
conhecimento sensorial. É idealista quem considerar possível que o conhecimento
racional nom provenha do conhecimento sensorial. Na história da filosofia, existe a
escola "racionalista", que só reconhece a realidade da razom e nega a realidade da
experiência sensorial; o seu erro consiste em alterar os factos. O racional merece
crédito precisamente porque dimana do sensorial; de outro modo, o racional seria
regacho sem fonte, árvore sem raízes, qualquer cousa subjectiva, autogerada e
indigna de confiança. Na ordem que segue o processo do conhecimento, a
experiência sensorial vem primeiro; se vincamos a importáncia da prática social no
processo do conhecimento é porque só ela pode dar origem ao conhecimento
humano e permitir ao homem começar a adquirir experiência sensorial do mundo
exterior objectivo. Para umha pessoa que fecha os olhos e tapa os ouvidos e se isola
totalmente do mundo exterior objectivo, nom há conhecimento possível. O
conhecimento principia com a experiência: este é o materialismo da teoria do
conhecimento.

O segundo ponto é que o conhecimento necessita aprofundar-se, precisa de se


desenvolver da etapa sensorial para a racional: esta é a dialéctica da teoria do
conhecimento [5]. Julgar que o conhecimento poda ficar na etapa inferior, sensorial,
e que apenas é digno de crédito o conhecimento sensorial e nom o racional, significa
cair no "empirismo", erro já conhecido na história. O erro desta teoria consiste em
ignorar que os dados proporcionados polas sensaçons, ainda que constituem

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reflexos de determinadas realidades do mundo exterior objectivo (aqui nom me
refiro ao empirismo idealista, que reduz a experiência à chamada introspecçom),
nom passam de ser unilaterais e superficiais, reflexos incompletos das cousas, que
nom traduzem a sua essência. Para reflectir plenamente umha cousa na sua
totalidade, para reflectir as suas leis internas, há que proceder a umha operaçom
mental, submeter os ricos dados subministrados polas sensaçons a umha
elaboraçom que consiste em descartar a casca para ficar com o grao, descartar o
falso para conservar o verdadeiro, passar de um aspecto a outro e do externo ao
interno, formando assim um sistema de conceitos e teorias; é preciso dar um salto
do conhecimento sensorial ao racional. Os conhecimentos assim elaborados nom
som menos substanciosos nem menos dignos de confiança. Polo contrário, todo
aquilo que no processo do conhecimento foi cientificamente elaborado sobre a base
da prática, reflecte a realidade objectiva, como di Lenine, em forma mais profunda,
veraz e completa. Os "práticos" vulgares nom procedem assim; respeitam a
experiência mas desprezam a teoria, e em conseqüência nom podem ter umha visom
que abranja um processo objectivo na sua totalidade, carecem de umha orientaçom
clara e de umha perspectiva de longo alcance, e contentam-se com os seus êxitos
ocasionais e com fragmentos da verdade. Se essas pessoas dirigem umha revoluçom,
conduzirám-na a um beco sem saída.

O conhecimento racional depende do conhecimento sensorial, e este necessita


desenvolver-se até se tornar em conhecimento racional: tal é a teoria materialista
dialéctica do conhecimento. Na filosofia, nem o "racionalismo" nem o "empirismo"
entendem o carácter histórico ou dialéctico, do conhecimento, e ainda que cada
umha destas escolas contém um aspecto da verdade (refiro-me ao racionalismo e ao
empirismo materialistas, e nom idealistas), ambas som erróneas quanto à teoria do
conhecimento no seu conjunto. O movimento materialista dialéctico do
conhecimento do sensorial ao racional tem lugar quer num pequeno processo
cognoscitivo (por exemplo, conhecer umha só cousa, um só trabalho) quer num
grande (por exemplo, conhecer umha sociedade ou umha revoluçom).

No entanto, o movimento do conhecimento nom acaba aí. Deter o movimento


materialista dialéctico do conhecimento no conhecimento racional, seria tocar
apenas a metade do problema e, mais ainda, segundo a filosofia marxista, a metade
menos importante. A filosofia marxista considera que o problema mais importante

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nom consiste em compreender as leis do mundo objectivo para estar em condiçons


de interpretar o mundo, mas em aplicar o conhecimento dessas leis para transformá-
lo activamente. Para o marxismo, a teoria é importante, e a sua importáncia está
plenamente exprimida na frase seguinte de Lenine: "Sem teoria revolucionária, nom
pode haver movimento revolucionário [6]. Mas o marxismo vinca a importáncia da
teoria precisa e unicamente porque ela pode servir de guia para a acçom. Se
tivermos umha teoria justa, mas nos contentarmos com fazer dela um tema de
conversa e a deixarmos arquivada em lugar de pô-la em prática, semelhante teoria,
por boa que for, carecerá de qualquer significaçom. O conhecimento começa pola
prática, e todo o conhecimento teórico, adquirido através da prática, deve tornar a
ela. A funçom activa do conhecimento nom se manifesta apenas no salto activo do
conhecimento sensorial para o racional, mas também, o que é mais importante, deve
manifestar-se no salto do conhecimento racional à prática revolucionária. O
conhecimento que atinge as leis do mundo há que dirigi-lo de novo à pratica
revolucionária. O conhecimento que atinge as leis do mundo há que endereçá-lo de
novo para a prática transformadora do mundo, há que aplicá-lo novamente à prática
da produçom, à prática da luita de classes revolucionária e da luita nacional
revolucionária, bem como à prática da experimentaçom científica. Eis o processo de
comprovaçom e desenvolvimento da teoria, a continuaçom do processo global do
conhecimento. O problema de saber se umha teoria corresponde à verdade objectiva
nom se resolve nem pode resolver-se completamente no acima descrito movimento
do conhecimento do sensorial ao racional. O único meio para resolver
completamente este problema é dirigir de novo o conhecimento racional para a
prática social, aplicar a teoria à prática e ver se conduz aos objectivos colocados.
Muitas teorias das ciências naturais som reconhecidas como verdades nom apenas
porque fôrom criadas polos cientistas, mas porque fôrom comprovadas na prática
científica ulterior. Igualmente, o marxismo-leninismo é reconhecido como verdade
nom só porque esta doutrina foi elaborada cientificamente por Marx, Engels, Lenine
e Staline, mas porque foi comprovada na ulterior prática da luita de classes
revolucionária e da luita nacional revolucionária. O materialismo dialéctico é umha
verdade universal porque ninguém, na sua prática, pode fugir do seu domínio. A
história do conhecimento humano ensina-nos que a verdade de muitas teorias era
incompleta e que a comprovaçom na prática permitiu corrigi-las. É por isto que a
prática é o critério da verdade e que "o ponto de vista da vida, da prática, deve ser o

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ponto de vista primeiro e fundamental da teoria do conhecimento [7]. Staline tinha


razom ao dizer: " (...) a teoria deixa de ter objecto quando nom se achar vinculada à
prática revolucionária, exactamente do mesmo modo que a prática é cega se a teoria
revolucionária nom iluminar o seu caminho" [8].

Consuma-se aqui o movimento do conhecimento? A nossa resposta é sim e nom.


Quando os homens, como seres sociais, se dedicam à prática transformadora de um
determinado processo objectivo (quer natural, quer social) numha etapa
determinada do seu desenvolvimento, podem, como conseqüência do reflexo do
processo objectivo no seu cérebro e da sua própria actividade consciente, fazer
avançar o seu conhecimento desde o sensorial ao racional, e criar ideias, teorias,
planos ou projectos que correspondam, em termos gerais, às leis que regem o
processo objectivo em questom. A seguir, aplicam estas ideias, teorias, planos ou
projectos à prática do mesmo processo objectivo. Se atingirem os objectivos
formulados, quer dizer, se na prática deste mesmo processo conseguirem fazer
realidade as ideias, teorias, planos ou projectos previamente colocados, ou fazê-los
realidade em linhas gerais, entom pode considerar-se consumado o movimento do
conhecimento deste processo específico. Podem dar-se por atingidos os objectivos
previstos quando, por exemplo, no processo de transformar a natureza, se realiza
um projecto de engenharia, se verifica umha hipótese científica, se fabrica um
utensílio ou se colheita um cultivo, ou, no processo de transformar a sociedade, se
ganha umha greve, se vence numha guerra, ou se cumpre um plano educacional.
Porém, polo geral, quer na prática que transforma a natureza, quer na que
transforma a sociedade, muito ocasionalmente é que se realizam sem qualquer
alteraçom as ideias, teorias, planos ou projectos previamente elaborados polo
homem. Isto deve-se a que a gente que se dedica à transformaçom da realidade está
sempre sujeita a numerosas limitaçons; nom apenas se acha limitada polas
condiçons científicas e técnicas existentes, quanto também polo desenvolvimento do
próprio processo objectivo e o grau em que este se manifesta (ainda nom fôrom
revelados plenamente os diferentes aspectos e a essência do processo objectivo).
Nesta situaçom, devido a que no decurso da prática se descobrem circunstáncias
imprevistas, nom raro de modificam parcialmente e por vezes mesmo
completamente as ideias, teorias, planos ou projectos. Dito por outras palavras, dam-
se casos em que as ideias, teorias, planos ou projectos originais nom correspondem,

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em parte ou em tudo, à realidade, som parcial ou totalmente erróneos. Amiúde, só


após repetidos fracassos se dam corrigido os erros no conhecimento e se fai
concordar este com as leis do processo objectivo e, portanto, transformar o
subjectivo em objectivo, quer dizer, atingir na prática os resultados esperados. Em
todo o caso, quando se chega a este ponto, pode considerar-se consumado o
movimento do conhecimento humano relativamente a um dado processo objectivo
numha etapa determinada do seu desenvolvimento.

No entanto, considerado o processo no seu avanço, o movimento do conhecimento


humano nom está consumado. Em virtude das suas contradiçons e luitas internas,
todo processo, quer natural ou social, avança e se desenvolve, e, consoante com isso,
também tem que avançar e desenvolver-se o movimento do conhecimento humano.
Quanto aos movimentos sociais, os autênticos dirigentes revolucionários nom só
devem saber corrigir os erros que se descubram nas suas ideias, teorias, planos ou
projectos, como já se tem dito anteriormente, senom que, aliás, quando um
determinado processo objectivo avança e muda passando de umha etapa de
desenvolvimento a outra, eles devem saber avançar e mudar, de par dela, no seu
conhecimento objectivo, e conseguir que todos os que participam na revoluçom
fagam o mesmo, quer dizer, devem saber colocar, conforme com as novas mudanças
produzidas na situaçom, novas tarefas revolucionárias e novos projectos de trabalho.
Num período revolucionário, a situaçom muda com muita rapidez, e se o
conhecimento dos revolucionários nom muda também rapidamente consoante com
a situaçom, eles nom serám capazes de conduzir a revoluçom à vitória.

Todavia, acontece amiúde que o pensamento se delonga em relaçom com a


realidade; isto é devido a que o conhecimento do homem está limitado por
numerosas condiçons sociais. Opomo-nos aos teimosos nas fileiras revolucionárias,
cujo pensamento nom progride em concordáncia com as circunstancias objectivas
em mudança e se tem manifestado na história como oportunismo de direita. Estas
pessoas nom vem que a luita dos contrários fijo avançar o processo objectivo,
enquanto o seu conhecimento fica entupido ainda na velha etapa. Isto é
característico do pensamento de todos os teimosos. O seu pensamento está afastado
da prática social, e eles nom som capazes de ir avante guiando o carro da sociedade;
limitam-se a irem seguindo o rasto, resmungando que o carro vai rápido de mais e
tratando de fazê-lo recuar ou dar volta e regressar.

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Também nos opomos ao vácuo palavreado "esquerdista". O pensamento dos


"esquerdistas" passa por cima de umha determinada etapa de desenvolvimento do
processo objectivo; alguns tomam as suas fantasias por verdades, outros pretendem
realizar pola força no presente ideais que apenas som realizáveis no futuro. Afastado
da prática presente da maioria das pessoas e da realidade do momento, o seu
pensamento traduz-se na acçom como aventureirismo.

O idealismo e materialismo mecanicista, o oportunismo e o aventureirismo,


caracaterizam-se pola ruptura entre o subjectivo e o objectivo, pola separaçom entre
o conhecimento e a prática. A teoria marxista-leninista do conhecimento,
caracterizada pola prática social científica, nom pode deixar de se opor
categoricamente a estas concepçons erradas. Os marxistas reconhecem que, no
processo geral absoluto do desenvolvimento do universo, o desenvolvimento de cada
processo determinado é relativo e que, por isso, na cascata infinita da verdade
absoluta, o conhecimento humano de cada processo determinado numha dada etapa
de desenvolvimento é só umha verdade relativa. A soma total das incontáveis
verdades relativas é que constitui a verdade absoluta [9]. O desenvolvimento de todo
processo objectivo está cheio de contradiçons e luitas, como também o
desenvolvimento do movimento do conhecimento humano. Todo movimento
dialéctico do mundo objectivo reflecte-se, tarde ou cedo, no conhecimento humano.
Na prática social, o processo de nascimento, desenvolvimento e extinçom é infinito.
E assim o é o processo de nascimento, desenvolvimento e extinçom no
conhecimento humano. À medida que avança cada vez mais longe a prática do
homem que transforma a realidade objectiva conforme determinadas ideias, teorias,
planos ou projectos, mais e mais profundo se vai fazendo o conhecimento que da
realidade objectiva o homem tem. Nunca terminará o movimento de mudança no
mundo da realidade objectiva, e também nom terá fim a cogniçom da verdade polo
homem através da prática. O marxismo-leninnismo nom esgotou em modo nengum
a verdade, senom que no decurso da prática se abre sem cessar o caminho para o seu
conhecimento. A nossa conclusom é a unidade concreta e histórica do subjectivo e o
objectivo, da teoria e a prática, do saber e o fazer, e opomo-nos a todas as ideias
erradas, de "esquerda" ou de direita, ideias que se afastam da história concreta.

Na presente época do desenvolvimento na sociedade, a história fijo recair sobre os

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ombros do proletariado e o sue partido a responsabilidade de conhecer


correctamente o mundo e transformá-lo. Este processo, o da prática transformadora
do mundo, que está determinado consoante com o conhecimento científico, tem
chegado já a um momento histórico na China e na Terra toda, a um grande
momento sem precedentes na história, quer dizer, o momento de acabar
completamente com as trevas na China e no resto da Terra, e transformar o nosso
mundo nom mundo luminoso, nunca visto antes. A luita do proletariado e dos povos
revolucionários pola transformaçom do mundo implica o cumprimento das
seguintes tarefas: transformar o mundo objectivo e, ao mesmo tempo, transformar o
seu próprio mundo subjectivo, quer dizer, a sua própria capacidade cognoscitiva e os
relacionamentos entre o seu mundo subjectivo e o objectivo. Estas transformaçons
já estám em marcha numha parte do globo terrestre, a Uniom Soviética. Ali
continua-se a promover este processo de transformaçons. Os povos da China e do
resto do orbe também estám a passar ou passarám por semelhante processo. E o
mundo objectivo a transformar inclui também todas as pessoas opostas a estas
transformaçons, pessoas que tenhem de passar por umha etapa de coacçom antes de
poderem entrar na etapa de transformaçom consciente. A época em que a
humanidade inteira proceda de maneira consciente à sua própria transformaçom e à
do mundo, será a época do comunismo mundial.

Descobrir a verdade através da prática e, mais umha vez através da prática,


comprová-la e desenvolvê-la. Partir do conhecimento sensorial e desenvolvê-lo
activamente convertendo-o em conhecimento racional; a seguir, partir do
conhecimento racional e guiar activamente a prática revolucionária para
transformar o mundo subjectivo e o mundo objectivo. Praticar, conhecer, praticar
outra vez e conhecer de novo. Esta forma repete-se em infinitos ciclos e, com cada
ciclo, o conteúdo da prática do conhecimento eleva-se a um nível mais alto. Tal é no
seu conjunto a teoria materialista dialéctica do conhecimento, e tal é a teoria
materialista dialéctica da unidade entre o saber e o fazer.

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NOTAS:

[*] No nosso Partido havia certo número de camaradas dogmáticos que, durante longo
tempo, rejeitárom a experiência da revoluçom chinesa, negárom a verdade de o marxismo
"nom ser um dogma, mas um guia para a acçom", e tentárom intimidar a gente com
palavras e frases das obras marxistas, tiradas mecanicamente fora do contexto. Havia
também certo número de camaradas empíricos que, durante longo tempo, se limitárom à
sua fragmentária experiência pessoal, nom entendêrom a importáncia da teoria para a
prática revolucionária e nom vírom a revoluçom no seu conjunto; embora trabalhassem com
diligência, figérom-no a cegas. As ideias erróneas de uns e outros, e em particular dos mais
dogmáticos, causárom entre 1931 e 1934, enormes danos à revoluçom chinesa; aliás, os
dogmáticos, disfarçados de marxistas, deorientárom grande número de camaradas. "Sobre a
prática" foi escrito com o intuito de denunciar, do ponto de vista da teoria marxista do
conhecimento, os erros subjectivistas de dogmatismo e de empirismo no Partido,
nomeadamente o do dogmatismo. Este trabalho foi intitulado "Sobre a prática" porque pom
ênfase na denúncia do dogmatismo, variedade do subjectivismo que menospreza a prática.
As concepçons contidas neste trabalho fôrom expostas polo camarada Mao Ze Dong numha
palestra no Instituto Político e Militar Antijaponês de Yenán.

[1] V. I. Lenine: Resumo do livro de Hegel "Ciência da lógica".

[2] Vejam-se C. Marx, Tese sobre Feuerbach e V. I. Lenine, Materialismo e


empiriocriticismo, II, 6

[3] Célebre romance histórico chinês escrito por Luo Kuan-chung (¿1330-1400?)

[4] V. I. Lenine: Resumo do livro de Hegel "Ciência da lógica".

[5] V. I. Lenine di: "Para compreender, há que começar a compreender e a estudar de umha
maneira empírica, e elevar-se do empírico ao geral." Ibíd.

[6] V. I. Lenine: Quê fazer?, Ibíd.

[7] V. I. Lenine: Materialismo e empiriocriticismo, II, 6.

[8] J. V. Staline: "Os fundamentos do leninismo", III.

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[9] Veja-se V. I. Lenin, Materialismo e empiriocriticismo, II, 5.

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