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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
ARQUITETURA E URBANISMO

GELSON PAULO FERNANDES

HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL, MORADIA ADEQUADA

NATAL
2016.1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
ARQUITETURA E URBANISMO

GELSON PAULO FERNANDES

HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL, MORADIA ADEQUADA

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado à


Banca Examinadora da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte para a obtenção do título
De Arquiteto e Urbanista

NATAL
2016.1
GELSON PAULO FERNANDES

HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL, MORADIA ADEQUADA

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado à


Banca Examinadora da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte para a obtenção do título
De Arquiteto e Urbanista,

Aprovação em____de___________________de________

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________

(Professora Clara Ovídio)


Professora Orientadora – UFRN

_______________________________________________
(Professor Fabrício Lira)
Professor Co-orientador – UFRN

_______________________________________________

Professor – UFRN

_______________________________________________

Arquiteto convidado
“Tudo tem o seu tempo determinado, e
Há tempo para todo propósito debaixo do céu.” (Rei Salomão, Ec. 3:1).
AGRADECIMENTOS

Motivos para agradecer não faltam quando vejo que se conclui uma etapa na
caminhada da vida e, assim, marca o início de outras segundo os muitos benefícios
que de Deus recebemos. A Ele, a minha maior e mais profunda gratidão por tudo,
tanto pelos bons como pelos “maus” momentos durante e em cada fase desta
caminhada, pois me proporcionaram amadurecimento. Eu já sabia, mas Ele me
mostrou na prática, que nada foge do seu controle e que o que Ele fala Ele cumpre
no tempo que o determinou, pois conhece todas as coisas.
Agradeço eternamente aos meus familiares, principalmente, aos meus pais e
irmãos pelo suporte e encorajamento durante todos esses anos, apesar de
fisicamente distantes, próximos em tudo. Conhecemos os desafios pelos quais
passamos nesses anos e podemos testemunhar a vitória vinda de Deus em meio a
tantas dificuldades. Muito obrigado pai, mãe, irmão, irmã e irmã. Estou chegando!!!
Não poderia deixar de agradecer aos governos cabo-verdiano e brasileiro
pela oportunidade que me concederam nesse convênio estudantil entre ambos os
países e, pelas muitas experiências que me proporcionaram nesse período. A todos
que fazem parte dessa realização um especial agradecimento. Aos meus
orientadores não tenho palavras para agradecer tamanho esforço e dedicação para
tornar real essa conquista. Sou profundamente grato pelas correções, repreensões,
ensino e paciência... motivos de agradecimentos não teriam fim. Grato a vocês e aos
que sabem que foram igualmente muito importantes, principalmente nesta fase final.
Aos amigos e colegas de casa, curso, grupos que aqui tive a oportunidade de
ter e conhecer, também manifesto a minha sincera gratidão pelas diferentes
experiências que me proporcionaram, cada um do seu jeito, no entanto trazendo
contribuições únicas e muito enriquecedoras.
Por fim, e nem um pouco menos importante, agradeço a Deus por um dos
maiores presentes que me deu aqui nesta terra, a minha amada noiva, com a qual
temos promessas de Deus e que juntos trilharemos o resto do tempo e das coisas
que Deus nos tem preparado, em nome de Jesus. Sem esquecer, é claro, da minha
futura sogra que tem sido uma mãe para mim nesta nação.
A todos, sem exceção, um imenso e profundo agradecimento por cada
momento.
RESUMO

Neste trabalho procurou-se entender o conceito de moradia adequada, o qual


está interligado a vários direitos que complementam uma rede de necessidades
básicas do ser humano. Pois, a habitação em si carece de suportes que lhe
ultrapassam as quatro paredes, de maneira que outras atividades devem ser
consideradas juntamente com o simples ato de morar numa casa.

Natal, como parte de um dos estados com maior índice de déficit habitacional
do país (quer por falta de moradias ou da qualidade das existentes), carece de
soluções que reduzam esse índice de modo exemplar, isto é, atendendo aos
quesitos do conceito de moradia adequada. Por isso, neste trabalho propôs-se o uso
de um terreno abandonado na cidade que poderia ser usada para reduzir esse
índice além de tratar e recuperar tal parcela para uso de sua população. Sendo
assim, propôs-se um anteprojeto de habitação de interesse social baseando-se em
trabalhar espaços de usos diversos que contribuíssem e atendessem o usuário final
nas suas atividades básicas e de direito, proporcionando-o melhores condições de
moradia. Este foco norteou todas as demais fases do objetivo de propor um
anteprojeto de habitação de interesse social. Para tal, se fez estudos de caso de
projetos relacionados ao tema, definiu-se o lugar de intervenção que trabalhasse
aspetos do conceito, além de análises relacionadas à região da proposta como
também dos usuários finais. Feito isso, pôde-se propor calçada (antes, praticamente
inexistente) larga e sombreada para os edifícios no entorno do terreno, novas vias e
mais largas e sombreadas. Alinhou-se os edifícios propostos aos limites do terreno
proporcionando uma área de interação no pátio proposto, dividido em duas partes:
pátio central localizado entre as unidades habitacionais e pátio multi-uso situado
entre os dois setores definidos como setor de serviço e comércio. Criaram-se áreas
para estacionamento ao longo da distribuição do bloco habitacional por onde foi
utilizado barreira vegetal, árvores, como uma das estratégias de conforto ambiental
para os usuários. Assim, a parte central de todo o terreno se conecta com as faixas
elevadas que ligam o entorno com esta área central estabelecendo essa conexão
em toda a extensão do terreno propiciando um ambiente diverso, amplo, sombreado
e agradável às pessoas.

Palavras-chave: moradia adequada, déficit habitacional, inclusão social.


ABSTRACT

In this work we tried to understand the concept of adequate housing, which


is connected to various rights that complement a network of basic human needs. For
the room itself lacks supports beyond her four walls, so that other activities should be
considered along with the simple act of living in a house.

Natal, as part of one of the states with the highest housing deficit rate in the
country (or lack of housing or the quality of existing ones), lacks solutions to reduce
this exemplary way rate, ie, meeting the housing concept questions proper.
Therefore, this work proposes the use of land abandoned in the city that could be
used to reduce this index as well as treat and recover that portion for use of its
population. Thus, it was proposed a social housing bill based on work spaces for
different uses that met the end user in their basic activities and law, providing the
best living conditions. This focus has guided all the other phases of the objective of
proposing a draft of social housing. To this end, it became project case studies
related to the subject, defined the place of intervention that works concept aspects,
and analyzes related to the area of the proposal as well as end users.
That done, it could be proposed sidewalk ( before nonexistent ) wide and shaded to
the buildings surrounding the land , new roads and wider and shaded . He lined up
the proposed buildings to the ground limits providing an interaction area in the
proposed patio , divided into two parts : central courtyard located between the
housing units and multi-use courtyard situated between the two sectors defined as
service sector and trade. They were created areas for parking along the distribution
of the housing block where it was used vegetable barrier , trees, as one of the
environmental comfort strategies for users . Thus , the central part of the whole land
connects with elevated tracks that connect the surroundings with this central area
establishing this connection throughout the length of the land providing a diverse,
broad , shaded and pleasant to people

Keywords: adequate housing, housing deficit, social inclusion.


LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - LEGISLAÇÃO INTERNACIONAL E NACIONAL SOBRE DIREITO À MORADIA ADEQUADA ................................................21


FIGURA 2- EDIFÍCIO RESIDENCIAL EM CARABANCHEL: CONFIGURAÇÃO FORMAL DO EDIFÍCIO ....................................................24
FIGURA 3 - EDIFÍCIO RESIDENCIAL EM CARABANCHEL.....................................................................................................24
FIGURA 4 - EDIFÍCIO RESIDENCIAL EM CARABANCHEL .....................................................................................................25
FIGURA 5 - FAVELA NOVA JAGUARÉ, S. PAULO (SITUAÇÃO ANTERIOR À INTERVENÇÃO) ..........................................................26
FIGURA 6 - EDIFÍCIO RESIDENCIAL DIOGO PIRES (SITUAÇÃO PÓS INTERVENÇÃO) ...................................................................27
FIGURA 7 - ESTUDO DE IMPLANTAÇÃO DO EDIFÍCIO RESIDENCIAL DIOGO PIRES ....................................................................28
FIGURA 8 - ANÁLISE DOS ACESSOS PARA AUTOMÓVEIS ...................................................................................................29
FIGURA 9 - ANÁLISE DOS ACESSOS PARA PEDESTRE........................................................................................................30
FIGURA 10 - DISTRIBUIÇÃO DOS DIFERENTES TIPOS DE USO NO TERRENO ............................................................................31
FIGURA 11 - LOCALIZAÇÃO DOS ESPAÇOS CONECTIVOS ..................................................................................................32
FIGURA 12 - DISTRIBUIÇÃO GERAL DAS ÁREAS DO EDIFÍCIO RESIDENCIAL DIOGO PIRES ...........................................................33
FIGURA 13 - VISTA DA PRAÇA PÚBLICA NO TÉRREO PARA A PRAÇA/GRANDE VARANDA ELEVADA ...............................................34
FIGURA 14 - VISTA DA ÁREA DAS UNIDADES HABITACIONAIS PARA O PÁTIO INTERNO .............................................................35
FIGURA 15 - VISTA DO PÁTIO INTERNO PARA A PRAÇA/GRANDE VARANDA ELEVADA ..............................................................35
FIGURA 16 - VOLUMETRIA/FACHADA ........................................................................................................................37
FIGURA 17 - VOLUMETRIA .....................................................................................................................................37
FIGURA 18 - IDENTIDADE POR CORES ........................................................................................................................38
FIGURA 19 - COBERTURA/ÁREAS VERDES ...................................................................................................................39
FIGURA 20 – IMPLANTAÇÃO ...................................................................................................................................40
FIGURA 21 - TIPOLOGIA DAS UNIDADES HABITACIONAIS (2 E 3 QUARTOS) ..........................................................................41
FIGURA 22 -ACESSIBILIDADE NAS DUAS TIPOLOGIAS ADOTADAS .......................................................................................42
FIGURA 23 - IDENTIDADE POR CORES E/OU MATERIAIS NAS FACHADAS DAS U.H...................................................................43
FIGURA 24 - DETALHE DE TRATAMENTO VARIADO NAS FACHADAS ....................................................................................44
FIGURA 25 - ACESSO HUMANIZADO/ÁREA VERDE .........................................................................................................45
FIGURA 26 - CONTATO VISUAL ÁREA INTERNA PARA ÁREA VERDE DA U.H ...........................................................................45
FIGURA 27 - ÁREAS VERDES/ COBERTURA VERDE .........................................................................................................46
FIGURA 28 - ÁREA DA INTERVENÇÃO / TERRENO ESCOLHIDO ...........................................................................................50
FIGURA 29 - TERRENO ESCOLHIDO INSERIDO NA AEIS DE SANTOS REIS (NÃO REGULAMENTADA) .............................................52
FIGURA 30 - LOCALIZAÇÃO DO BAIRRO SANTOS REIS.....................................................................................................53
FIGURA 31 - ANÁLISE DAS VIAS NOS BAIRROS MENCIONADOS COM RELAÇÃO AO TERRENO ESCOLHIDO .......................................54
FIGURA 32 - VISTA DE CIMA DA IGREJA PARA UM DOS PALCOS DA FESTA DOS SANTOS REIS .....................................................56
FIGURA 33 - APRESENTAÇÃO CULTURAL NA FESTA DE ...................................................................................................56
FIGURA 34 - MAPA COM USO E OCUPAÇÃO NO ENTORNO DO TERRENO DA PROPOSTA ...........................................................60
FIGURA 35 - MAPA COM USO COMERCIAL NO ENTORNO DO TERRENO DA PROPOSTA .............................................................63
FIGURA 36 - MAPA COM USO SERVIÇO NO ENTORNO DO TERRENO DA PROPOSTA .................................................................65
FIGURA 37 - MAPA COM INSTITUIÇÕES NO ENTORNO DO TERRENO DA PROPOSTA ................................................................67
FIGURA 38 - MAPAS COM RESIDÊNCIAS (AMARELO) E ESPAÇOS DE LAZER (VERDE) ................................................................69
FIGURA 39 - MAPA COM LOCALIZAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE EQUIPAMENTOS NO BAIRRO SANTOS REIS ......................................71
FIGURA 40 - MAPA COM LOCALIZAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE EQUIPAMENTOS NO BAIRRO ROCAS ..............................................72
FIGURA 41 - DISPOSIÇÃO DAS QUADRAS E DOS EDIFÍCIOS NO ENTORNO DO TERRENO (VISTA AÉREA) .........................................82
FIGURA 42 - DISPOSIÇÃO PREDOMINANTE DAS QUADRAS NO ENTORNO DO TERRENO (VISTA AÉREA) .........................................83
FIGURA 43 - DISPOSIÇÃO PREDOMINANTE DOS EDIFÍCIOS NO ENTORNO DO TERRENO (VISTA AÉREA) .........................................83
FIGURA 44 - VISTAS DAS VIAS DE CONEXÃO COM AS VIAS QUE CONTORNAM O TERRENO .........................................................84
FIGURA 45 - VISTAS DAS VIAS DE CONEXÃO COM AS VIAS QUE CONTORNAM O TERRENO .........................................................85
FIGURA 46 - VISTAS DAS VIAS DE CONEXÃO COM AS VIAS QUE CONTORNAM O TERRENO .........................................................85
FIGURA 47 - VISTAS DAS VIAS DE CONEXÃO COM AS VIAS QUE CONTORNAM O TERRENO .........................................................86
FIGURA 48 - VISTAS DA RUA DÉCIO FONSECA .............................................................................................................87
FIGURA 49 - VISTAS DA RUA DÉCIO FONSECA .............................................................................................................87
FIGURA 50 - VISTAS DA RUA DÉCIO FONSECA .............................................................................................................88
FIGURA 51 - VISTA DA RUA EVALDO REIS ...................................................................................................................89
FIGURA 52 - VISTA DA RUA EVALDO REIS ...................................................................................................................89
FIGURA 53 - VISTA DA RUA EVALDO REIS ...................................................................................................................90
FIGURA 54 - VISTA DA RUA EVALDO REIS ...................................................................................................................90
FIGURA 55 - VISTA DA TV. SÃO FRANCISCO DE PAULA ...................................................................................................91
FIGURA 56 - VISTA DA TV. SÃO FRANCISCO DE PAULA ...................................................................................................92
FIGURA 57 - LARGURA DAS RUAS/SILHUETA DAS FACHADAS DAS EDIFICAÇÕES NO ENTORNO ....................................................93
FIGURA 58 - DESENVOLVIMENTO DO PARTIDO URBANÍSTICO E ARQUITETÔNICO ...................................................................94
FIGURA 59 - DESENVOLVIMENTO DO PARTIDO URBANÍSTICO E ARQUITETÔNICO ...................................................................95
FIGURA 60 - DESENVOLVIMENTO DO PARTIDO URBANÍSTICO E ARQUITETÔNICO ...................................................................96
FIGURA 61 - – ESTUDOS DE ZONEAMENTO .................................................................................................................96
FIGURA 62 - ESTUDOS DE ZONEAMENTO ...................................................................................................................97
FIGURA 63 - CONEXÃO ESTABELECIDA NO TERRENO ATRAVÉS DE EIXOS ..............................................................................99
FIGURA 64 - ESBOÇO DAS CONDIÇÕES DE VENTILAÇÃO E INSOLAÇÃO SEGUNDO A IMPLANTAÇÃO ADOTADA ............................... 100
FIGURA 65 - SOLUÇÃO ADOTADA NA COBERTURA ....................................................................................................... 101
FIGURA 66 - TIPO DE VEGETAÇÃO USADA NA COBERTURA – EXTENSIVO ........................................................................... 102
FIGURA 67 - RECUO DAS FACHADAS LONGITUDINAIS ................................................................................................... 103
FIGURA 68 - SOMBREAMENTO POR ÁRVORES ............................................................................................................ 103
FIGURA 69 - FAIXAS DE CIRCULAÇÃO COM SOMBREAMENTO ......................................................................................... 104
FIGURA 70 - VENTILAÇÃO E CONEXÃO PROPORCIONADA NO TERRENO ATRAVÉS DE ABERTURAS NO EDIFÍCIO ............................. 105
FIGURA 71 - CORTE ESQUEMÁTICO - VENTILAÇÃO POR EXAUSTÃO E ILUMINAÇÃO ZENITAL .................................................... 105
FIGURA 72 – OPÇÃO 1 DA RELAÇÃO DE LINGUAGEM EDIFÍCIO PROPOSTO X ENTORNO .......................................................... 106
FIGURA 73 - OPÇÃO 2 DA RELAÇÃO DE LINGUAGEM EDIFÍCIO PROPOSTO X ENTORNO ........................................................... 107
FIGURA 74 - OPÇÃO 3 DA RELAÇÃO DE LINGUAGEM EDIFÍCIO PROPOSTO X ENTORNO ........................................................... 107
FIGURA 75 - OPÇÃO 4 DA RELAÇÃO DE LINGUAGEM EDIFÍCIO PROPOSTO X ENTORNO ........................................................... 108
FIGURA 76 - OPÇÃO 5 DA RELAÇÃO DE LINGUAGEM EDIFÍCIO PROPOSTO X ENTORNO ........................................................... 108
FIGURA 77 - OPÇÃO 6 DA RELAÇÃO DE LINGUAGEM EDIFÍCIO PROPOSTO X ENTORNO ........................................................... 109
FIGURA 78 - DISTRIBUIÇÃO DAS UNIDADES DO TIPO APARTAMENTO ............................................................................... 111
FIGURA 79 - ZONEAMENTO DA TIPOLOGIA CASA ......................................................................................................... 115
FIGURA 80 - DEFINIÇÃO DA ÁREA ÍNTIMA ................................................................................................................. 116
FIGURA 81 - ÁREA COMUM .................................................................................................................................. 117
FIGURA 82 - JARDIM / ÁREA PARA AMPLIAÇÃO .......................................................................................................... 118
FIGURA 83 - DISTRIBUIÇÃO DAS UNIDADES DO TIPO CASA ............................................................................................ 119
FIGURA 84 - SETOR RECREATIVO ............................................................................................................................ 122
FIGURA 85 - ZONEAMENTO DOS SETORES COMÉRCIO E DE SERVIÇO ................................................................................. 123
FIGURA 86 - SETOR COMERCIAL ............................................................................................................................. 124
FIGURA 87 - SETOR DE SERVIÇO ............................................................................................................................. 125
LISTA DE TABELAS/QUADROS
TABELA 1 - ESPECIFICAÇÃO GERAL DO USO E OCUPAÇÃO NO ENTORNO DO TERRENO ESCOLHIDO ...............................................61
TABELA 2 - ESPECIFICAÇÃO DAS ATIVIDADES DO USO COMERCIAL NO ENTORNO DO TERRENO ESCOLHIDO ....................................64
TABELA 3 - ESPECIFICAÇÃO DAS ATIVIDADES DO USO SERVIÇO NO ENTORNO DO TERRENO ESCOLHIDO ........................................65
TABELA 4 - ESPECIFICAÇÃO DAS ATIVIDADES DO USO INSTITUCIONAL NO ENTORNO DO TERRENO ESCOLHIDO ................................67
TABELA 5 - RESUMO DAS RELAÇÕES DE DISTÂNCIAS (EQUIPAMENTOS – TERRENO) ................................................................70
TABELA 6 – ATIVIDADES PREDOMINATES NO ENTORNO ..................................................................................................77
LISTA DE SIGLAS

FJP - Fundação João Pinheiro


U.H - Unidade Habitacional

PMCMV - Programa Minha Casa Minha Vida


FGV - Fundação Getúlio Vargas
HIS - Habitação de Interesse Social
DUDH - Declaração Universal dos Direitos Humanos
ZEIS - Zona Especial de Interesse Social

AEIS – Área Especial de Interesse Social


CDHU - Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo
SPU – Secretaria do Patrimônio da União
CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo
AID – Área de Influência Direta

AII – Área de Influência Indireta


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO....................................................................................................................................16
Conceito adotado para “Moradia Adequada” ....................................................................................19
I – Estudos de Casos ..........................................................................................................................23
Caso 1: Edifício residencial em Carabanchel / Amann-Canovas-Maruri ..........................................23
Caso 2: Residencial Diogo Pires (São Paulo) ...................................................................................26
Caso 3: Projeto do Escritório 24.7 (São Paulo) ...............................................................................36
II - Definição do terreno ....................................................................................................................49
Contexto histórico, social e cultural do bairro Santos Reis .............................................................53
III - Estudo do terreno e seu entorno .................................................................................................57
IV - Definição do público alvo ............................................................................................................75
V - Definição do programa de necessidades ......................................................................................77
VI - Esquematização dos estudos preliminares ..................................................................................81
Conceito/Partido Urbanístico e Arquitetônico e implantação ........................................................81
Zoneamento .................................................................................................................................96
VII - Elaboração do anteprojeto. ......................................................................................................100
Estudos preliminares de insolação e ventilação no desenvolvimento da proposta .......................100
CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................................................126
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................128
ANEXOS ..........................................................................................................................................132
16

INTRODUÇÃO

Nesta proposta de anteprojeto arquitetônico de habitação de interesse social


procurou-se sugerir melhorias das moradias destinadas para a população mais
desfavorecida, quer na funcionalidade, estrutura, conforto e estética. Tentou-se
resolver da melhor forma possível, segundo as condições acadêmicas do momento,
a complexidade que é a de produzir projeto de habitação de interesse social com
nível satisfatório. Isso, considerando os direitos do usuário, no quesito moradia
(residência) e não só, na tentativa de contribuir com uma essa proposta nas
possíveis soluções adotadas pelos intervenientes da cidade. Nesse intuito, essa
proposta veio também, trabalhar de forma indireta, a questão da inclusão social
propondo a diversidade de usos com a habitação de interesse social.
De acordo com os dados preliminares da Fundação João Pinheiro (FJP), para
o ano 2013, o déficit habitacional1 brasileiro corresponde a 5,846 milhões de
domicílios, de onde 1,844 milhão de moradias corresponde à região nordeste, sendo
estimado o total de 112.800 domicílios para o estado do Rio Grande do Norte
(92.775 para regiões metropolitanas). Para o município de Natal, ainda de acordo
com os dados da Fundação João Pinheiro (2005), o déficit habitacional corresponde
a 24.848 Unidades Habitacionais (U.H), entretanto o déficit de Natal seria de 73.919
U.H, sendo 46.225 U.H na faixa de 0 a 3 salários mínimos. Número este que mostra
as mais diversas situações que levam todo esse público à necessidade de ser
atendido em uma das suas mais básicas necessidades como ser humano, a saber, a
habitação.
No entanto, apesar dos esforços, principalmente do Setor Público (quer no
âmbito federal quer no municipal), para solucionar tal situação e tentar melhorar as
estatísticas, não existem, de modo geral, soluções efetivas que atendam aos direitos
dos que precisam de uma moradia adequada.

1
Entende-se por déficit habitacional (conceito adotado pela Fundação João Pinheiro) os
domicílios que apresentam pelo menos um dos quatro componentes que assim os caracterizam, a
saber: precariedade (domicílios rústicos ou improvisados); coabitação (pelo menos duas famílias
morando no mesmo domicílio); adensamento excessivo (uso de um dormitório por mais de três
pessoas), e ônus excessivo de aluguel (quando mais de 30% da renda familiar é destinada ao
pagamento do aluguel).
17

O Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV), como uma das ferramentas
adotadas na política habitacional, com o objetivo de reduzir esse índice do déficit
habitacional do país, tem trabalhado nesse âmbito, porém, os esforços ainda não
satisfazem a demanda da sociedade brasileira. Segundo o estudo realizado pela
FGV, o PMCMV só conseguiu reduzir cerca de 8% do déficit habitacional desde
2009 (ano que foi criado) até 2014. Em 2009, a carência era de 5,7 milhões de
moradias e baixou para 5,2 milhões de moradias até o ano 2014, isso num contexto
em que para atender a demanda já existente e de alguns anos posteriores,
aproximadamente nove anos, seria necessário que o PMCMV entregasse 1,1 milhão
de habitações por ano. Uma vez que o Programa não atende a essa demanda é de
se imaginar que suprir tal necessidade e garantir uma boa qualidade das habitações
se torna um grande desafio. Diante desse quadro, a problemática da habitação
tende a ser solucionada com alguns défices no que se refere a atender o direito de
moradia adequada.
A qualidade numa intervenção urbana demanda tempo, esforço intelectual e
financeiro; elementos que, por vezes, não são tidos como prioritários em programas
sociais ou pelo mercado imobiliário. Raras são as exceções e este panorama é
encontrado em diversas cidades brasileiras, incluindo a cidade de Natal. Assim, um
dos maiores problemas que impedem que construções de cunho social,
principalmente para as classes mais carentes (população com renda familiar de até
03 salários mínimos), sejam de boa qualidade, é a falta de disponibilização de
recursos. Para tal e, também, na grande maioria das vezes, o interesse sobre essas
parcelas da população em específico não visa, prioritariamente, melhorar suas
condições de vida. Além da falta de visão social por parte dos intervenientes (poder
público e/ou privado) em criar uma cidade melhor nas suas intervenções
urbanísticas e produções arquitetônicas de modo a garantir o direito das pessoas no
que diz respeito à habitação.

Seguindo esta visão, o desenvolvimento do trabalho se deu a partir de três


escalas de análise e intervenção: - 1) a escala mais abrangente (macro), ou seja, o
bairro, a região onde se vai desenvolver o projeto, breve contexto histórico, social e
cultural; - 2) a escala média, no caso o espaço (terreno) e suas condicionantes face
à legislação, entorno imediato (relação com a vizinhança), uso e ocupação, e por
último, na escala micro, - 3) as próprias unidades habitacionais e, como
18

complemento, propor instalações de apoio que darão diversidade de uso da


proposta. Para tal, o desenrolar do trabalho iniciou-se com a apresentação do
conceito adotado para o termo “Moradia Adequada” para só depois dar sequência
nas etapas deste exercício, estruturadas da seguinte forma: I - Conceito Moradia
Adequada / Estudos de Casos, II- Definição do terreno, III - Estudo do terreno e do
entorno/Legislação incidente, IV - Definição do público alvo, V - Definição do
programa de necessidades, VI- Esquematização dos estudos preliminares, VII-
Elaboração do anteprojeto, seguido das Considerações finais, Referências e
Anexos.
As imagens sem indicação de fonte no corpo deste exercício são parte do
acervo próprio do autor deste trabalho.
19

Conceito adotado para “Moradia Adequada”

Uma vez que se trata de um anteprojeto de Habitação de Interesse Social


(HIS) visando contribuir como proposta de Moradia Adequada, possibilitando a
diversidade de usos, a saber, residencial (unidades habitacionais), serviço e
comércio no terreno, faz-se necessário apresentar o conceito adotado neste trabalho
sobre a “Moradia Adequada”.

Numa primeira instância, sem o auxílio de definições de alguns autores, o que


entender da expressão “Moradia Adequada”? Antes, o que seria “moradia”?
Intuitivamente, um dos entendimentos a respeito pode ser o seguinte: qualquer
situação em que o espaço físico tem o objetivo de abrigar a um indivíduo ou grupo
desses nas suas necessidades mais básicas como descansar, dormir, guardar seus
pertences pessoais, se proteger. A questão agora é: isso seria uma moradia
adequada? Onde entra a educação, a saúde, o lazer, a segurança, etc? Por esses
motivos, pelo menos, é que no conceito adotado de moradia adequada é igualmente
necessário atender também as outras necessidades básicas proporcionando
melhores condições para o desenvolvimento de suas atividades conforme se lhes
reconhece nas Legislações internacional e nacional. Portanto, para o efeito deste
exercício, decidiu-se adotar o conceito dado pela ex-relatora especial do Conselho
de Direitos Humanos da ONU para o Direito à Moradia Adequada, Dra. Raquel
Rolnik:

(…) A primeira consideração que temos que fazer é definir o que é


casa boa. Então, acho melhor definir isso como moradia adequada. O
que é isso? Não é só a casa com parede, teto, banheiro com azulejo.
A moradia adequada é um lugar a partir do qual o cidadão passa a ter
satisfeitas as necessidades básicas e fundamentais de subsistência
nas cidades com dignidade. Então, isso significa estar em um lugar
que permita ter espaço público, lazer, escola, saúde, empregos e,
também, que permita andar livremente e com segurança.(Raquel
Rolnik, 2009, apud Camargo, 2009)
20

Com tal afirmação, a relatora estava se referindo ao Direito de Moradia


Adequada que é defendida em documentos internacionais como por exemplo na
Legislação Internacional dos Direitos Humanos, especificamente, na Declaração
Universal dos Direitos Humanos (DUDH), Artigo 25 (1), que diz:

Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si


e a sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário,
habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e
direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez,
viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência
fora de seu controle ( Nações Unidas, 1948)

Nota-se que, toda pessoa tem, entre os vários direitos, que asseguram o seu
bem estar e de sua família, o direito à habitação, que segundo suas diversas
necessidades (cuidados médicos, serviços sociais indispensáveis...) se entende
como direito à moradia adequada.

Raquel Rolnik (2012), explica como o direito da moradia adequada é afetado,


a nível mundial, devido à mercantilização desses produtos habitacionais, ou como
ela diz, “a financialização da produção de moradia”. Em outras palavras, a prioridade
financeira nos investimentos de habitação social a nível mundial, por interesses
particulares de diversos grupos, toda a competição pelo espaço nas cidades e seus
objetivos acabam por não focar nos direitos à moradia adequada. Sobre essa
realidade, Bonduki (2000), também fala da dificuldade que existe em criar condições
efetivas que visam garantir esse direito, por depender de várias partes de interesse
para fazer tornar realidade o direito de moradia adequada no Brasil.

A conquista constitucional desse direito certamente se tornará um


importante instrumento de luta política. No entanto, em função da
dramática dimensão do problema, de sua complexidade, da enorme
quantidade de recursos necessários para equacioná-lo e dos fortes
interesses envolvidos, esse direito somente será efetivado se houver
estruturada uma estratégia aglutinando os diferentes segmentos da
sociedade – governos, movimentos sociais, cooperativas, ONGs, e
21

setor privado – para criar as condições concretas para fazer valer


essa conquista. Este é o grande desafio da sociedade brasileira
visando a garantir uma moradia digna para cada cidadão. (Bonduki,
2000, p. 45)

Segundo esses autores, pode-se perceber a dificuldade, a nível internacional


e nacional para fazer valer o direito à moradia adequada para a população
desprovida de poder financeiro dentre outras fragilidades devido aos fortes
interesses que circundam essa problemática social.
Vale salientar que, no Brasil, o direito à moradia é definido como um dos
direitos sociais (BRASIL,1988, art.6) e que também, o país faz parte dos países do
Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais que estabelece
que o direito à moradia adequada se estende a todos. (BRASIL, 1992.) Na
sequência, segue uma tabela com resumo das leis sobre o direito à moradia
adequada a nível nacional e internacional.

Figura 1 - Legislação internacional e nacional sobre Direito à Moradia Adequada

Fonte: http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/about-this-office/single-
view/news/por_uma_cultura_de_direitos_humanos#.Vlew5XarTIW, acesso em 19/08/15

Os detalhes da violação dos direitos humanos, devido a fatores de


mercantilização no que toca à produção da habitação a nível global, não se faz o
22

foco deste trabalho, mas sim uma proposta arquitetônica (a nível de anteprojeto)
que, dentro de seus limites de intervenção, contribua na proposta de moradia
adequada.
Visando este foco, proposta arquitetônica de moradia adequada, deu-se
sequência á estrutura do trabalho dividida em sete partes que constroem o exercício
em questão: I - Conceito Moradia Adequada / Estudos de Casos, II- Definição do
terreno, III - Estudo do terreno e do entorno/Legislação incidente, IV - Definição do
público alvo, V - Definição do programa de necessidades, VI- Esquematização dos
estudos preliminares, VII- Elaboração do anteprojeto, segundo mencionado no texto
introdutório deste trabalho, iniciando pelos Estudos de Casos.
23

I – Estudos de Casos

Nesta etapa fez-se análises de alguns projetos, destacando em cada caso, as


soluções adotadas nos mesmos que interessam neste trabalho, cujo foco é
habitação de interesse social visando o conceito da moradia adequada.
No primeiro caso enfatizou-se a relação das unidades habitacionais ao redor
de um espaço interno central e verde, como área de expansão visual das próprias
unidades habitacionais e zona de conforto ambiental.
No segundo caso destacou-se, principalmente, a relação entre os espaços
público e privado, ou seja, como se definiram as diferentes partes do projeto
possibilitando maior comunicação entre os mesmos. Como também a diversidade de
usos contemplada do projeto.
E por último, analisou-se as soluções de projeto adotadas visando romper
com o paradigma da simplicidade das construções das habitações de interesse
social, especificamente na Unidade Habitacional.
Com tais estudos de casos objetivou-se uma melhor compreensão de como
têm acontecido algumas intervenções do tipo e, a partir disto seguir alguns
parâmetros no processo de concepção desta proposta, anteprojeto de habitação de
interesse social com usos diversos.

Caso 1: Edifício residencial em Carabanchel / Amann-Canovas-Maruri

Este projeto é vencedor de um concurso convocado pela Empresa Municipal


de Vivienda y Suelo de Madri, com a contribuição neste o exercício no fato de nas
suas decisões gerais de projeto, mostrar a preocupação em criar um espaço voltado
para o usuário.
A configuração do edifício (Fig.2) é pensada de forma que o pátio interno
proporcione um local ensolarado no inverno e fresco no verão. Tal configuração dá a
impressão visual no usuário de que existe um jardim ligado ao interior do bloco,
estabelecendo relações entre o jardim e o apartamento conforme se pode ver na
(Fig.3), onde todos os apartamentos tem contato visual com o jardim.
24

Figura 2- Edifício residencial em Carabanchel: configuração formal do edifício

Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-24049/edificio-residencial-em-carabanchel-amann-canovas-
maruri/24049_24083, acessado em 01/11/14

Figura 3 - Edifício residencial em Carabanchel

Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-24049/edificio-residencial-em-carabanchel-amann-canovas-
maruri/24049_24083, acessado em 01/11/14
25

Figura 4 - Edifício residencial em Carabanchel

Fonte: http://www.archdaily.com.br/br/01-24049/edificio-residencial-em-carabanchel-amann-canovas-
maruri/24049_24083, acessado em 01/11/14

A preocupação em criar diversidades de sensações visuais no morador


motivou o uso de alguns recursos, como por exemplo, o pilotis (Fig.4). A elevação do
edifício possibilita ao morador ter contato visual mais abrangente da área externa à
unidade habitacional. Assim, o uso de pilotis para elevar o usuário a um nível de
observação mais alto, ampliando seu campo de visão, é um exemplo de como o
profissional arquiteto pode definir soluções arquitetônicas afim de criar espaços que
venham a atender ao usuário da melhor forma possível.
Para este caso, restringiu-se à análise da relação da área externa com a
interna no que diz respeito apenas à percepção visual do espaço pelo morador. As
decisões projetuais com foco no morador remete ao conceito de moradia adequada,
uma vez que se propõe criar espaço que proporcione melhoria na sua qualidade de
vida.
26

Caso 2: Residencial Diogo Pires (São Paulo)

Esse projeto do escritório de arquitetura Boldarini Arquitetos Associados


ganhou o Prêmio Menção Honrosa da IAB-SP – Habitação de Interesse Social –
2012. Segundo o escritório, o projeto se insere nas ações de urbanização da Favela
Nova Jaguaré em São Paulo (Fig.5) com o objetivo de realizar parte do
reassentamento das famílias moradoras nas áreas de risco ou afetadas por obras de
infraestruturas.

Figura 5 - Favela Nova Jaguaré, S. Paulo (situação anterior à intervenção)

Fonte: http://www.boldarini.com.br/projetos/residencial-diogo-pires/
acesso em 01/09/15 (editado pelo autor)
27

Figura 6 - Edifício Residencial Diogo Pires (situação pós intervenção)

Fonte: http://www.boldarini.com.br/projetos/residencial-diogo-pires/
acesso em 01/09/15

A principal característica que levou à escolha deste referencial é o fato de ter


sido explorado as relações entre público e privado. Onde se propõe espaços de
diferentes usos de maneira que incentive a importância da “vida coletiva”, termo
usado pelo escritório, como elemento indispensável para a construção de uma
cidade mais democrática.

No terreno de, aproximadamente, 11.000m2, em duas lâminas de 6 e 8


pavimentos, distribuíram 240 unidades habitacionais, 13 unidades comerciais e um
conjunto de espaços destinados à recreação, lazer e estudo. No intuito de valorizar
essa relação entre o público e privado foi feito o alinhamento do edifício próximo às
ruas que delimitam o terreno e criando um espaço interno – pátio – como área
coletiva.
28

Figura 7 - Estudo de implantação do Edifício Residencial Diogo Pires

Fonte: http://www.boldarini.com.br/projetos/residencial-diogo-pires/
acesso em 01/09/15

Percebe-se que foi feito o alinhamento do edifício, em lâmina, acompanhando


os limites do terreno, criou-se um pátio interno (destacado na cor verde) e, em uma
das laterais do volume fez-se um recuo criando o espaço da praça para estabelecer
a relação público privado no mesmo terreno.
Nota-se, também, a preocupação no quesito circulação de veículos e
pedestres adotados neste projeto. Além de o edifício acompanhar a forma do terreno
e o sentido das vias de automóveis (destacadas na cor vermelha, Fig.08) fez-se um
recuo das lâminas para dentro do terreno. Assim, criam-se áreas de circulação de
pedestres (destacadas na cor lilás, Fig.09) e pequenas áreas verdes lineares,
interrompidas nos acessos para pedestre.
29

Figura 8 - Análise dos acessos para automóveis

Fonte: http://www.boldarini.com.br/projetos/residencial-diogo-pires/
acesso em 01/09/15
30

Figura 9 - Análise dos acessos para pedestre

Fonte: http://www.boldarini.com.br/projetos/residencial-diogo-pires/
acesso em 01/09/15 (editada)

Desta forma, se fez a distribuição dos volumes, dos acessos, das áreas
públicas e privadas de modo que se definam os diferentes tipos de uso.
31

Para a definição dos setores de diferentes tipos de uso se criou, na parte


central do terreno, um espaço conectivo. Este liga as unidades habitacionais e o
pátio interno (ao que se chamou de praça condominial, ao norte) com a área
comercial e comunitária (ao sul). Na sua frente, fica a praça que reforça a relação
público - privado, onde também, existe outra parcela de unidades habitacionais
como se pode ver na Figura 10.

Figura 10 - Distribuição dos diferentes tipos de uso no terreno

Fonte: http://www.boldarini.com.br/projetos/residencial-diogo-pires/
acesso em 01/09/15
32

Vale ressaltar que, essas distribuições de usos diversificados não acontecem


apenas no plano horizontal, mas também na vertical, mesclando os usos tanto na
parcela norte como na parcela sul do terreno. A análise anterior da distribuição dos
usos no terreno se deu no plano horizontal. Se for feito no plano vertical, pode-se
perceber que existe outro espaço conetivo que não se encontra na área central do
terreno, mas na parcela sul. Lembrando que estes acontecem em níveis diferentes
como se pode confirmar na Fig. 11.

Figura 11 - Localização dos espaços conectivos

Fonte: http://www.boldarini.com.br/projetos/residencial-diogo-pires/
acesso em 01/09/15

A grande maioria dos níveis das lâminas do edifício são preenchidos por
unidades habitacionais. Tanto que, alguns são exclusivamente habitacionais como
se pode ver no nível 736,60 (imagem à direita da Fig.11) por exemplo,
diferentemente do caso do nível 733,88 (imagem à esquerda da Fig.11) que tem um
espaço conectivo – sala de estudo.
Para o objetivo desta análise não se faz necessário o estudo específico de
cada pavimento uma vez que o foco é perceber como se faz a relação público
privado e a distribuição dos diversos tipos de uso. Porém, para um entendimento
33

básico segue um pequeno esquema das áreas em todo o volume do edifício (Fig.
12).

Figura 12 - Distribuição geral das áreas do edifício residencial Diogo Pires

Fonte: http://www.boldarini.com.br/projetos/residencial-diogo-pires/
acesso em 01/09/15 (editada pelo autor)

Fizeram uso de uma praça (Fig.13) junto ao corpo principal do edifício que
articula os espaços coletivos e os diversos usos como comércio, serviços e
atividades comunitárias (como é o caso da sala de estudo e concentração)
alternando o domínio, ora público ora privado.
34

Figura 13 - Vista da praça pública no térreo para a praça/grande varanda elevada

Fonte: http://www.boldarini.com.br/projetos/residencial-diogo-pires/
acesso em 01/09/15

Ainda, junto a esta praça foi criada um espaço de contemplação (outra praça
ou uma grande varanda) que fica elevada num nível que permite aos usuários
desfrutarem da: vista para o pátio interno do edifício e vice-versa, como para a praça
no nível térreo e, ainda, para a cidade, fazendo assim o contato entre o espaço
público e o privado.
35

Figura 14 - Vista da área das unidades habitacionais para o pátio interno

Fonte: http://www.boldarini.com.br/projetos/residencial-diogo-pires/
acesso em 01/09/15

Figura 15 - Vista do pátio interno para a praça/grande varanda elevada

Fonte: http://www.boldarini.com.br/projetos/residencial-diogo-pires/
acesso em 01/09/15
36

O uso de um pátio interno, através da disposição em lamina do edifício


paralelo às ruas que contornam o terreno, cria possibilidades de interação entre o
público e privado quando aliado a uma área (nesse caso praça), em um ou mais dos
seus limites, diretamente em contato com o entorno imediato. Poderá também se
reforçar essa dinâmica acrescentando espaços de contemplação, recreativo e
comercial que fazem a transição do espaço público para o privado e a sua interação.

Vale ressaltar que esse projeto também foi uma proposta de uso de habitação
de interesse social numa Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) com usos
diversos (residencial, comercial e comunitário).

Caso 3: Projeto do Escritório 24.7 (São Paulo)

Este projeto foi vencedor do 1º Prêmio no Concurso Público Nacional de


Arquitetura para Novas Tipologias de Habitação de Interesse Social Sustentáveis da
Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo
(CDHU), abordando a Tipologia de Casas Térreas.
Segundo o Escritório 24.7, para este projeto, tratava-se de um momento
importante (diante das condicionantes do concurso) para romper um paradigma
antigo e dominante de que as casas populares devem ser marcadas pela
simplicidade de suas construções. Assim como, também, mostrar que a qualidade
de uma habitação não deve corresponder ao padrão econômico de uma
determinada classe social. Para tal, o maior desafio do escritório foi propor uma
solução lógica e racional, um projeto bioclimático. Com esse foco e somando a este,
a satisfação do usuário, o bem estar e a qualidade de vida, o escritório traça o seu
conceito e objetivo principal no projeto.
37

Figura 16 - Volumetria/Fachada

Fonte:http://www.247arquitetura.com.br/portfolio/habitacao-para-todos/, acesso em 01/11/14

Preocupando-se com a descompactação do tradicional modelo da casa


retangular, com espaços livres dentro de suas dependências (espaços de estímulo
aos usuários), a volumetria, a fachada, a identidade e heterogeneidade cria-se um
programa reduzido a partir de dois blocos lineares interligados por um terceiro bloco
com funções distintas. Um módulo para os dormitórios e banheiro, outro para área
de serviços (cozinha e lavanderia) e o terceiro, bloco de ligação, abriga a sala de
refeições e a sala de estar.

Figura 17 - Volumetria

Fonte:http://www.247arquitetura.com.br/portfolio/habitacao-para-todos/, acesso em 01/11/14


38

Esta seria a distribuição e organização dos espaços da unidade habitacional,


assim como, as partes específicas trabalhadas na volumetria, para servir de
elemento de identidade de cada U.H (Fig. 18), em relação ao conjunto das
residências.

Figura 18 - Identidade por cores

Fonte:http://www.247arquitetura.com.br/portfolio/habitacao-para-todos/, acesso em 01/11/14

Em se tratando do conjunto, é necessário entender como o escritório faz a


distribuição do grupo das unidades habitacionais, ou seja, a sua implantação no
terreno. Isso, antes de falar um pouco mais a fundo das unidades habitacionais em
si, nos aspetos que se faz referencial para esse exercício acadêmico.

Na implantação do projeto criou-se bolsões de estacionamento tanto para


residentes quanto para visitantes de maneira que ficassem próximos das
residências, incluindo vagas para cadeirantes. Esta solução de proximidade do
estacionamento com a residência traz benefícios no deslocamento estacionamento –
unidades habitacionais, devido à redução de distâncias a percorrer, principalmente
para cadeirantes.
39

Figura 19 - Cobertura/Áreas verdes

Fonte:http://www.247arquitetura.com.br/portfolio/habitacao-para-todos/, acesso em 01/11/14 (edição do autor)

O escritório não pôde projetar formas mais coerentes de implantação dessas


residências na escala urbana porque a contratação por parte CDHU não lhes
contemplava com esse direito. Segundo informações do próprio escritório.
No entanto, afirma que a implantação deve ser pensada considerando vários
fatores tais como conceito da cidade, análise da morfologia, orientação e inserção
social do terreno e que, também, deve ser feito dentro da rede de oportunidades. Ou
seja, próximo de escolas, supermercados, hospitais, pontos de ônibus/metrô, praças
públicas, o que seria aproximar-se do conceito da cidade compacta2.
Uma vez que não se pôde analisar essas questões importantes para a
implantação deste projeto no contexto da cidade referido, segue a distribuição das
unidades habitacionais feita pelo escritório na escala do terreno.
2
Entende-se por cidade compacta quando se reúne as condições de moradia, trabalho e
lazer, tudo no mesmo lugar ou nas proximidades do bairro em que se mora, de modo a reduzir
distâncias entre os destinos de uso cotidiano.
40

Figura 20 – Implantação

Fonte:http://www.247arquitetura.com.br/portfolio/habitacao-para-todos/,

acesso em 01/11/14 (edição do autor)

Adentrando, agora, um pouco mais no projeto, ou seja, na distribuição dos


espaços internos das U.H, planta baixa, pode-se ver que foi adotado duas tipologias
(Fig. 21). Sendo uma de dois quartos e outra de três quartos, prevendo assim, a
criação de mais um quarto em caso de crescimento do número de integrantes da
família. Trata-se de um aspecto importante a ser considerado no projeto, ou seja,
possibilidade de ampliação na própria unidade, além da diversidade de tipologias. A
qual permite o estabelecimento de tipos de famílias diferentes e adequação das
mesmas na transformação e/ou ampliação do seu espaço.
41

Figura 21 - Tipologia das Unidades habitacionais (2 e 3 quartos)

Fonte:http://www.247arquitetura.com.br/portfolio/habitacao-para-todos/, acesso em 01/11/14 (edição do autor)

Uma vez que se referiu à família em si ou a possibilidade das mesmas


adequarem seu espaço, faz-se importante destacar que, o escritório também teve a
preocupação de ouvir as opiniões dos moradores do atual sistema habitacional da
CDHU. Nesse diálogo, procurou saber sobre suas carências, necessidades,
problemas, preocupações e anseios a fim de desenvolver um trabalho aprovado
pelos mesmos, de modo a lhes proporcionar espaços com mais qualidade, na
tentativa de lhes possibilitar melhor qualidade de vida.

Acessibilidade foi outro aspecto considerado neste projeto, de modo que as


residências são projetadas pensando no cadeirante, possibilitando-lhes circular por
todos os cômodos da casa e realizar todas as suas tarefas.
42

Figura 22 -Acessibilidade nas duas tipologias adotadas

Fonte:http://www.247arquitetura.com.br/portfolio/habitacao-para-todos/,

acesso em 01/11/14 (edição do autor)

Como já antes mencionado, um dos objetivos do escritório foi romper com os


paradigmas na atual produção da habitação social no país. Sendo assim, enfatiza
alguns aspetos que merecem maior atenção como por exemplo: rápidas e de má
qualidade, homogeneidade, localização, manutenção, identidade cultural, segurança
e projeto em desiquilíbrio ambiental. Para cada um desses aspetos traça medidas de
solução propositiva:

- Rápidas e de má qualidade ------------- manter agilidade de construção,


iluminação natural, ventilação constante, criação de pátios internos;

- Homogeneidade -------------- tratamento de elementos da fachada que o


diferencia das demais unidades;

- Localização ------------ compactar cidades visando multiculturas;

- Manutenção ------------ uso de materiais resistentes e de longa vida útil;

- Identidade cultural -----------relação família com o imóvel;


43

- Segurança ---------- proporcionar vigia permanente, contato visual, entre o


público (rua) e o privado (casa).

- Projeto em desiquilíbrio ambiental ---------- análise de conforto térmico para


racionalização do consumo de energia das habitações.

Tomar-se-ão os aspectos da homogeneidade e identidade cultural como


alguns dos exemplos citados, a fim de fazer uma breve análise de determinadas
medidas adotadas pelo escritório para romper com o paradigma dominante referido.

Adotaram-se duas medidas de projeto: a primeira está relacionada ao material


utilizado para o fechamento frontal da lavanderia, segundo o gosto de cada família; a
segunda, a pintura das caixas d’água em cores diferentes. Essas medidas criariam a
diferenciação das fachadas dando uma identidade a cada unidade habitacional
conforme se pode ver nas Figuras 23 e 24.

Figura 23 - Identidade por cores e/ou materiais nas fachadas das U.H

Fonte:http://www.247arquitetura.com.br/portfolio/habitacao-para-todos/, acesso em 01/11/14 (edição do autor)


44

Figura 24 - Detalhe de tratamento variado nas fachadas

Fonte:http://www.247arquitetura.com.br/portfolio/habitacao-para-todos/, acesso em 01/11/14 (edição do autor)

Essa possibilidade das famílias optarem pelo material de fechamento na


frente da lavanderia, exemplo: fechamento em madeira ou em cobogó de concreto
(Fig.24), tratamento da caixa d’água ou ainda do muro, trabalha também, o aspecto
mencionado, a “Identidade cultural” na unidade. Em outras palavras, a relação
família com o imóvel por fazerem parte da construção do próprio espaço,
fortalecendo o sentimento de posse. Ponto este que também se faz interessante
entre as soluções adotadas pelo escritório. Este não deixou de frisar que a escolha
desses materiais levanta a preocupação em relação a vários requisitos como baixo
custo, sustentabilidade, bioclimatismo, facilidade de construção.
Em se tratando da relação família e U.H, vale salientar, que também existe
uma relação de vizinhança entre as famílias, ou entre as U.H, que permite uma
relação de vigilância entre as mesmas. Isso pode gerar certa segurança de ambas
as famílias que partilham da mesma rua entre suas U.H.
Outro aspecto muito importante e bastante interessante adotado neste projeto
foi a dos espaços verdes que se mesclam com a U.H, criando mais áreas
permeáveis, além de possibilitar uma interação dos espaços internos com a
natureza (Figs. 25 e 26). Fator este que contribui para a qualidade de vida de seus
ocupantes, quer no aspecto de conforto térmico (ex: uso de cobertura verde) como
na estética.
45

Figura 25 - Acesso humanizado/área verde

Fonte:http://www.247arquitetura.com.br/portfolio/habitacao-para-todos/, acesso em 01/11/14 (edição do autor)

Figura 26 - Contato visual área interna para área verde da U.H

Fonte:http://www.247arquitetura.com.br/portfolio/habitacao-para-todos/, acesso em 01/11/14 (edição do autor)

A criação dessas áreas verdes, inclusive na cobertura (Fig.27), cria a


possibilidade das famílias fazerem uma pequena cultura de subsistência na sua
própria residência. Atividade essa que, no anteprojeto, se revela importante no que
46

se refere à redução de custos da família com a alimentação, uma vez que produz
alguns alimentos para consumo próprio.

Figura 27 - Áreas verdes/ Cobertura verde

Fonte:http://www.247arquitetura.com.br/portfolio/habitacao-para-todos/,
acesso em 01/11/14 (edição do autor)

Criar áreas verdes no mesmo terreno que a unidade habitacional contribui


para melhoria da qualidade de vida do morador.
Analisados essas essas decisões de projeto, fez-se relevante ressaltar um
dos comentários do escritório sobre o concurso. Ou seja, que se trata de uma
postura nobre por parte do estado de São Paulo em promover essa Campanha de
Habitação do Estado, do qual saiu esse projeto. Pois, impulsiona esta nova e
importante fase de remodelação do padrão arquitetônico das moradias sociais no
Estado de São Paulo.
47

Sendo assim, as iniciativas de proporcionar concursos arquitetônicos para


produção de habitação de interesse social de qualidade viabilizam, aos poucos, o
garantir o direito da moradia adequada.

Apesar de se focar apenas nesses três casos, outros estudos foram feitos no
processo da pesquisa de referenciais de habitação de interesse social. A título de
alguns exemplos: o projeto de “La Valentina Sacramento, em São Francisco,
Califórnia”, o projeto Tetris Apartments, Ljubljana na Eslovênia, assim como vários
projetos vencedores de concursos e com menção honrosa, no país. Estudos esses
que foram feitos na altura da elaboração do plano de trabalho mas, por motivos de
objetividade e evitar repetições não foram anexados no exercício final.
No entanto, com o objetivo de servir de referência para as soluções adotadas
neste trabalho, segue um resumo de todos os pontos mais importantes para este
exercício, dentro dos três estudos de casos feitos.
Feitos essas breves análises de conceito de moradia adequada e estudos de
casos de habitações de interesse social que visam o foco do conceito referido,
começou-se o exercício proposto neste trabalho: produção de um anteprojeto
arquitetônico de habitação de interesse social visando o conceito de moradia
adequada.
48

Edifício residencial em Carabanchel

- Criação de espaço interno comum - Pátio central e verde: possibilidade - Espaço de continuidade visual
às unidades habitacionais; de criar microclima melhorando o com a natureza (jardim);
conforto térmico entre as unidades
- Provocar no usário a sensação de habitacionais;
espaços mais amplos.

Caso 1

Residencial Diogo Pires

- Alinhamento com o contorno do - Definição das áreas de circulação - Áreas de conexão: relação público
terreno: gera proximidade com a para pedestre e veículos; – privado;
vizinhança e cria área central (pátio)
que possibilita interação entre - Distribuição e diversidade dos tipos
moradores e vizinhança; de uso;

- Áreas de contemplação elevadas.

Caso 2

Edifício residencial - tipologia casa


- Romper com o paradigma - Proximidade com as infraestruturas - Análise da morfologia, orientação
dominante nas HIS: simplicidade de básicas da cidade: hospitais, escolas, e inserção social do terreno;
construção; qualidade da habitação supermercados, ponto de ônibus,
face ao padrão econômico de uma praças públicas; - Uso do verde, inclusive na cobertura
determinada classe social; melhorando o conforto térmico e
- O bem estar do usuário face à
- Diversidade de tipologia das U.H, estética (identidade cultural da U.H), visual, além da cultura de
prevendo ampliação; conforto e funcionalidade. subsistência;

- Proximidade do estacionamento - Acessibilidade; - Relação de vigilância entre as U.H;


Caso 3 com a U.H;
49

II - Definição do terreno

Nesta etapa foi definido o terreno para o desenvolvimento do anteprojeto de


habitação de interesse social com usos diversos.
O terreno escolhido foi o da antiga área de tancagem da Petrobrás,
especificamente, a parte do terreno sob jurisdição da Marinha (circulada na cor
vermelho na Fig.28), localizada no bairro de Santos Reis, cidade de Natal (RN), com
uma área total de 17.946,90m2.
Vale frisar que uma das ferramentas que contribuem para garantir o direito à
moradia adequada, é a sua localização, ou seja, sua proximidade com os diversos
serviços prestados na cidade: hospitais, escolas, comércio, áreas de lazer entre
outros. Com este foco, começou-se a procurar terrenos nas áreas da cidade de
Natal que estejam em condições favoráveis de localização face aos serviços
referidos..
O motivo da escolha desse terreno se deu, principalmente, por ser uma área
privilegiada no espaço urbano e de grandes proporções, tendo assim, grandes
potencialidades de uso. Então, se propõe que a mesma seja destinada à habitação
de interesse social atendendo assim, a população com menor poder aquisitivo da
cidade. Essa proposta traz benefícios para o município, uma vez que contribui na
redução do índice do déficit habitacional e abrigaria várias famílias, possibilitando-
lhes melhores condições de vida. Esse grupo desprovido de poder financeiro não é
privilegiado, num contexto geral, nos investimentos das habitações de interesse
social em áreas infraestruturadas.
Essa proposta de usar um terreno, que hoje se encontra contaminado, visa
também recuperar uma área importante da cidade que, há muito, foi negligenciada,
e chegou ao estado atual de contaminação. Em outras palavras, trata-se de uma
área que precisa ser tratada e utilizada em benefício da população o quanto antes,
uma vez que lhe é negada há décadas. Por isso, nesse trabalho, se escolhe esse
terreno como forma de propor um uso em uma área abandona e doente, a qual,
depois de recuperada, poderá trazer grandes benefícios/soluções a vários
problemas da cidade, entre elas, o alto índice de déficit habitacional como já
mencionado.
50

Juntamente a estes pontos soma-se o fato de que, usar uma área no centro
urbano para a população com menos poder aquisitivo trabalha a inclusão social dos
mesmos e, possibilitando-lhes ser atendidos nos seus direitos.
Segue a figura (28) apresentando o terreno escolhido (limitada na cor
vermelho):

Figura 28 - Área da intervenção / terreno escolhido

Fonte: http://www.natal.rn.gov.br/semurb/paginas/ctd-102.html, acesso em 01/11/14

Segundo a Prefeitura de Natal (2012), esse terreno pertence ao Patrimônio da


União e está sob jurisdição da Aeronáutica (96.878,95m2) e da Marinha (17.946m2),
mas, vinha sendo usado pela Petrobrás S/A, desde 1970, para distribuição e
armazenamento de combustíveis, através das empresas TRANSPETRO e BR
Distribuidora. Essa atividade de tancagem, no decorrer do tempo, apresentou riscos
à população residente no entorno. Isso motivou a sua desativação desencadeada
51

pelo Ministério Público Federal através da Ação Civil Pública nº 92.3259-1, contra a
Petrobras Distribuidora S/A, União, Estado do Rio Grande do Norte. O Município de
Natal também exigiu que se retirassem essas instalações do terreno que, por
consequência, levou a empresa a transferir essa atividade para o polo de Guamaré,
fazendo assim, retornar a guarda do terreno à Secretaria do Patrimônio da União
(SPU) para novas destinações.

Definido o terreno, localizado no bairro de Santos Reis em Natal (RN), fez-se


imprescindível, conhecer alguns condicionantes fundamentais antes de propor
qualquer projeto. A fim de conciliar o mesmo com o seu contexto histórico, social,
cultural como, também, das prescrições urbanísticas onde ela se insere na cidade.
Por essa razão, a necessidade de fazer uma breve abordagem sobre esse contexto
para o bairro.

O terreno da proposta fica em um dos limites do bairro de Santos Reis (Figura


29) e que faz fronteira com o bairro de Rocas, o que implicaria numa análise um
pouco mais profunda de ambos os bairros.
52

Figura 29 - Terreno escolhido inserido na AEIS de Santos Reis (Não regulamentada)

Fonte: http://www.natal.rn.gov.br/semurb/paginas/ctd-102.html, acesso em 01/11/14

Focando em Santos Reis e para não divergir tanto neste exercício analisando
também a história desse outro bairro, considerou-se apenas parte envolvente deste,
no que diz respeito às questões social e cultural a fim de tentar atender as
necessidades da população no entorno imediato do terreno escolhido.

A partir desta fase, a análise foi feita dividindo-se em três escalas: macro,
(Bairro), média (Terreno escolhido e seu entorno) e a escala micro (Unidades
Habitacionais e equipamentos de apoio).

Direcionando as análises nesta sequência e escala, buscou-se entender as


necessidades e fatores locais que precisam ser considerados no desenvolvimento
do anteprojeto. Sendo assim, iniciou-se a análise do bairro, escala macro (Fig. 30).
53

Figura 30 - Localização do Bairro Santos Reis

Fonte: http://www.natal.rn.gov.br/semurb/paginas/ctd-102.html, acessado em 01/11/14 (editado pelo autor)

Contexto histórico, social e cultural do bairro Santos Reis

Fatores históricos

Segundo Melquiades (1999, pág. 117) apud Prefeitura de Natal (2012),


Santos Reis já teve outros nomes, Praia da Limpa e Praia da Montagem, que, se
confundem, quando se refere a limites. Informa também que, toda a extensão de
terra do Canto do Mangue até a Campina do Forte chamava-se vulgarmente Limpa.
Em outra instância, afirma que o local onde se construiu a residência do engenheiro
chefe (do Ministério de Viação e Obras Públicas), passou a se chamar Montagem.
54

Ainda em conformidade com as informações do mesmo documento, Santos


Reis foi oficializado bairro, em 17 de agosto de 1946, através de Decreto-lei nº 211,
época em que Natal era administrada pelo prefeito Sylvio Pedroza. Este foi
responsável por várias obras estruturantes destacando: a abertura de logradouros
interligando o bairro de Santos Reis a Rocas e também, a ligação com a antiga
Avenida Circular, atual Avenida Café Filho (Prefeitura Municipal do Natal - SEMURB,
2012).

Em se tratando de avenidas interligando pontos diferentes, é de suma


importância conhecer as vias e ruas nessa região. Pois, precisa-se saber como se
dá o acesso à região (bairro) e dentro deste.

Neste sentido, foi feito uma das análises da escala macro com o objetivo de
conhecer as principais vias e, como se podem fazer conexões destas com as que
dão acesso direto ao terreno (Fig.31).

Figura 31 - Análise das vias nos bairros mencionados com relação ao terreno escolhido

Fonte: Google maps (editado pelo autor)


55

Conforme se pode verificar neste esquema (Fig.31), fez-se conexões entre as


vias principais (linhas amarelas) e vias de acesso direto ao terreno (linha vermelha),
sendo ambas conectadas por algumas vias destacadas nas linhas de cor verde.
Essas vias de conexão são destacadas selecionando algumas trajetórias mais
curtas e diretas entre as vias mencionadas de modo a minimizar distâncias. Assim,
se estabelece contato entre as vias principais dessa região com as vias mais
próximas do terreno escolhido, as que o contornam. Dessa forma se estabeleceria
esse contato do macro com o terreno.

Algumas das vias principais destacadas na imagem seriam: a anteriormente


mencionada Avenida Pres. Café Filho (lado direito da Figura 31), a Avenida Duque
de Caxias (lado esquerdo da Fig. 31) e as ruas Prof. José Melquiades e Coronel
Flamínio que são suas extensões e, também, as conectam. Já as vias que
contornam o terreno são: Rua Décio Fonseca, Tv. São Francisco de Paula e Rua
Evaldo Reis, que serão analisados mais adiante conforme se vai aproximando da
escala micro.

Fatores sociais e culturais

Uma Intervenção se faz ou deve ser feito, pensando naqueles que vivem a
cidade, pois esta população é parte constituinte da sociedade e tradições. Sendo
assim, com foco nas atividades dos usuários da cidade, especificamente bairro de
Santos Reis fez-se oportuno, tratar de uma das tradições/cultura da festa
comemorada no dia 6 de janeiro, a festa dos Santos Reis. Trata-se de uma
homenagem aos santos, Gaspar, Belchior e Baltazar, padroeiros do bairro a qual é
recheada de atividades como: missas, procissão, novenas, apresentação de grupos
folclóricos, shows com bandas locais, além de barracas com bebidas e comidas
típicas.

Esse evento é uma tradição cultural que não pode ser ignorado nessa
proposta, pois se trata de uma importante manifestação sociocultural realizada
nessa região pela população. Porém, espaços impróprios como a área frontal da
igreja católica local e vias mais largas são utilizados como um dos palcos dessas
manifestações conforme se pode observar em algumas imagens (Figuras 32 e 33) a
seguir:
56

Figura 32 - Vista de cima da igreja para um dos Figura 33 - Apresentação Cultural na Festa de
palcos da festa dos Santos Reis

Fonte: http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/festa- Fonte: http://deleite-


tem-seu-ponto-alto-amanha/270999, acesso em cultural.blogspot.com.br/2012/01/cultura_1931.html,
01/11/14 acesso em 01/11/14

Uma vez que já existem grupos organizados para realizar essas festas,
provavelmente, existem necessidades de mais incentivo, inclusive, de espaços mais
adequados para, pelo menos, parte dessas manifestações. O que pode ser
verificado na Fig. 33 com o grupo que faz uma apresentação, onde aconteceu uma
“adequação” de espaço não para este fim para poder fazer uma apresentação
cultural. Esta situação levantaou a necessidade de conhecer mais especificamente
as atividades que acontecem nessa região de modo a melhorar o entendimento das
potencialidades e necessidades existentes na mesma, principalmente no entorno
imediato do terreno (com isso, aproximou-se da análise na escala intermediária –
terreno e entorno imediato).

Deste modo, a próxima etapa sai dessa escala macro para convergir para
uma escala mais próxima do terreno, a escala média, a referida área do terreno e do
seu entorno imediato.
57

III - Estudo do terreno e seu entorno

Nesta etapa, as análises foram direcionadas, em parte, a um dos objetivos


específicos determinados no Plano de Trabalho, isto é: conhecer as atividades
realizadas no entorno imediato do terreno, mapear o uso e ocupação nos
terrenos/edifícios que circundam o terreno escolhido. A partir desse resultado, junto
com as condicionantes impostas pela legislação local, trabalhar uma melhor forma de
atender essa vizinhança no mesmo projeto.
Para tal, fez-se usos dos instrumentos de gestão urbana e de um
levantamento específico do entorno do terreno, no que trata dos usos e ocupação ali
existentes. Assim, melhor se conhece o terreno e seus aspetos legislativos,
ambientais e sociais (relação com a vizinhança), aumentando as probabilidades de
uma melhor intervenção.
Neste sentido, analisando primeiramente a questão da legislação na qual se
enquadra o terreno escolhido, lovalizado no bairro de Santos Reis, fez-se um resumo
dos aspetos a serem considerados segundo o estabelecido no Plano Diretor do
município de Natal (um dos instrumentos da gestão urbana):

- Área Especial de Interesse Social (AEIS-2) - Não Regulamentada;


- Zona Adensável;
- Área de operação urbana;
- Coefic. Máx. de aproveitamento de 2,5 (excluída a ZPA-07);
- Limite de Gabarito: 7,5m
- Certa Proximidade com ZPA-7, a ser regulamentada;
- Certa Proximidade com Zona Especial Turística 3;

Em segundo lugar, fez-se necessário fazer um breve comentário no que diz


respeito à questão ambiental a que se refere ao terreno escolhido.
Neste sentido, vale salientar que o terreno em questão está potencialmente
contaminado segundo o que se explica no Relatório de Investigação Detalhada
(Geomorfologia, Geoquímica e Hidrogeologia), Etapa 01 – Terminal de
Guamaré/Natal Tenal, feito em 2008. Trata-se de um relatório parcial, ou seja, não
58

apresenta de forma detalhada e completa o nível de contaminação em toda a


extensão do terreno, mas em apenas alguns trechos deste. Tais dados
impossibilitaram uma análise mais pontual para o desenvolvimento desta proposta
em todo o terreno do projeto, considerando o comprometimento ambiental do
mesmo.
Por outro lado, a análise do nível de contaminação do terreno não compete ao
presente trabalho. No entanto, ressalta-se a necessidade de um processo de
descontaminação para viabilização da obra . Seria necessário, portanto, que o terreno
fosse descontaminado para a implantação do projeto e considera-se, neste exercício,
que tal processo já tivesse sido executado de modo a não apresentar qualquer risco
para o ambiente e para a saúde das pessoas (usuários finais). Por isso, é
fundamental e de suma importância que a área esteja totalmente descontaminada
antes da implantação deste projeto.
O uso de áreas contaminadas, passando primeiramente pelo processo de
reabilitação, não é questão particular a este projeto. Segundo o site da revista PINI
(2010), alguns países como Estados Unidos e outros europeus, como por exemplo a
Alemanha, têm desenvolvido legislações de recuperação dessas áreas, os ditos –
brownfields3, e dado incentivos fiscais para tal. Ainda, segundo a revista, revitalizar
os brownfields contribui para a requalificação de espaços urbanos e para a
conservação do patrimônio histórico, além de promover o desenvolvimento
sustentável. A China, por exemplo, que é um dos países que mais tem problemas
com áreas contaminadas, também tem apostado na recuperação, a título de
exemplo, o caso de contaminação em Hangzou.
Não tão distante, Brasil, também não se exclui a essas realidades, visto que só
em São Paulo, segundo o relatório da CETESB (Companhia Ambiental do Estado de
São Paulo), 2008, existem 2.514 áreas contaminadas no Estado. Não apenas em
São Paulo, mas provavelmente, em todos os terrenos onde existem ou existiram
atividades fabris e não só, poderá ter um certo nível de contaminação do solo. Em
Natal, o terreno escolhido para essa proposta, é um dos exemplos dessa
contaminação, principalmente por metais pesados, fator esse que se faz
denominador comum entre todos esses casos nesses diferentes países. Isso mostra
3
Brownfields - Termo urbanístico que designa não somente áreas contaminadas, mas
qualquer terreno com suspeita ou percepção de contaminação. Segundo a definição dada no site da
revista PINI.
59

uma realidade próxima e que precisa ser considerada com urgência, uma vez que tal
situação pode desencadear uma contaminação do terreno para a vegetação, animais
e pessoas, de forma direta ou indireta. A título de alguns exemplos específicos de
projetos implantados em áreas recuperadas tem-se: o projeto da Praça Vitor Civita,
localizada no bairro de Pinheiros, zona Oeste de São Paulo, com aproximadamente
13.000 m2, projeto esse que, inclusive teve cooperação da Agência Alemã de
Cooperação Técnica. Além de usos do tipo, existem também vários exemplos de
áreas recuperadas e usadas para fins residências como são exemplos: o projeto The
Tango House, conjunto de prédios habitacionais na cidade sueca de Malmo, do
escritório norte americano Moore Ruble Yudell; ou ainda os exemplos nacionais, o
projeto residencial Jardim Park House da Brookfield Incorporações que fica no bairro
Jardim, Santo André, com mais de 12.000m2 e o projeto de torres comerciais da
WTorre Empreendimentos, localizado na Marginal Pinheiros, São Paulo.
Observadas as questões de legislação e situação ambiental a que se
enquadra o terreno escolhido, fez-se também um levantamento das atividades
realizadas no entorno do terreno. O mesmo foi realizado tendo por referência o Art. 2
da lei 4619/95, que fala da Área de Influencia Direta (AID) e da área de Influencia
Indireta (AII), para estipular o entorno imediato adotado neste exercício. Isto é, a
vizinhança abrangida no raio máximo de 400 metros a partir do centro geográfico do
terreno escolhido, conforme se pode verificar na Fig.34:
60

Figura 34 - Mapa com uso e ocupação no entorno do terreno da proposta

Fonte: Mapa disponibilizado pela SEMURB.


Nota: Edição do autor, 2015.

É claramente notável que o uso residencial é predominante na área. No


entanto, focando no objetivo de conhecer quais atividades específicas são
desenvolvidas na área pela população, excluiu-se da análise de predominâncias, os
edifícios residências.
Com os dados do levantamento dos usos e ocupação foi gerada uma tabela
identificando e quantificando as atividades nos tipos de uso: Comércio, Serviço
(privado), Instituição (serviço público) e edifícios aparentemente abandonados,
conforme se pode verificar na tabela (1) que se segue:
61

Tabela 1 - Especificação geral do uso e ocupação no entorno do terreno escolhido


62

Uma vez quantificada cada atividade, analisou-se por mapas e tabelas, qual a
predominância das atividades desenvolvidas nesse entorno para cada tipo de uso
(comercial, serviço, instituição). Tal análise permitiu visualizar o preenchimento da
área por tipo de uso, além de facilitar uma leitura espacial desses edifícios em
relação ao terreno. Sendo assim, primeiramente apresenta-se o mapa do uso
específico (comércio, serviço ou instituição) e, na sequência, a tabela com a
identificação e quantificação das atividades específicas desenvolvidas no entorno.
Cada uso foi relacionado, em porcentagem, com o somatório dos demais usos no
entorno, porém, como já foi dito, excetuou-se do cálculo total dos edifícios no
entorno, os que são residenciais.
Feito isso, verificou-se quais são as atividades específicas predominantes, ou
seja, quais são as atividades mais exercidas na área estudada estipulando um
número mínimo de mais de 5 edifícios abrigando tal atividade, conforme se pode
verificar nas tabelas 2,3 e 4.
O objetivo do levantamento para o conhecimento da predominância de
atividades específicas no entorno do terreno não é enfatizado nesta etapa de estudo
do contexto do terreno, mas sim na etapa da elaboração do programa de
necessidades, abordado mais a frente.
.
63

Figura 35 - Mapa com uso comercial no entorno do terreno da proposta

Fonte: Mapa disponibilizado pela SEMURB.


Nota: Edição do autor, 2015.
64

Tabela 2 - Especificação das atividades do uso comercial no entorno do terreno escolhido

COMÉRCIO

ATIVIDADES Quantidade
Barzinho 15
Panificadora 5
Venda de bolo 2
Loja de surf 1
Mercadinho 10
Venda de material de construção 3
Pastelaria 1
Casa dos pescados 3
Venda de bebidas alcoólicas 2
Supermercado 3
Venda de picolé, pizza e doces 5
Posto de venda e preparo de frutos do mar 12
Drogaria 2
Lanchonete 7
Venda e entrega de água e gás 4
Confecção de produtos de construção 1
Loja de artigos de beleza 2
Padaria e conveniencia 1
Aluguel de mesas e cadeiras 1
Loja 9
Matadouro e açougue 3
Mercado público 1
Depósito de material de construção 1
Depósito/armazém 2
Depósito de sucata 1
Venda de comida para animais 2

Edifícios e atividades nestes desenvolvidas. 99


Porcentagem. 57,56%

Como se pode observar na tabela 2, as atividades de comércio com um total


de 57,56% dos edifícios computados neste cálculo (com exceção dos edifícios
residenciais) são as predominantes no entorno. No entanto, de modo mais
específico, pode-se nomear dentre estas as mais presentes na região: barzinho,
pontos de venda de frutos do mar, mercadinho, loja e lanchonete. Essas seriam as
65

atividades predominantes dentro do uso comercial, desenvolvidas em mais de cinco


edifícios no entorno.

Figura 36 - Mapa com uso serviço no entorno do terreno da proposta

Fonte: Mapa disponibilizado pela SEMURB.


Nota: Edição do autor, 2015.

Tabela 3 - Especificação das atividades do uso serviço no entorno do terreno escolhido

SERVIÇO

ATIVIDADES Quantidade
Vídeo locadora lan house/impressão 2
Salina a vapor, massagens, bar solário, etc 1
Lavanderia 2
Lava jato 1
Conserto bolsa/sapatos 1
Sorveteria self-service 2
Aulas concurso 1
Costura 1
Oficina motociclo 1
Conserto e venda de peças de motociclo 2
Academia 1
66

Oficina de tatuagem 2
Salão de beleza/manicure 6
Conserto de geladeiras, ar-condicionado, etc 1
Centro de velório 1
Conserto de TV 1
Estúdio fotográfico 1
Papelaria, impressão, encadernação, xerox 1
Veterinário 1
Fábrica de gelo 1
Oficina uso de sucata 1
Posto de combustível 1
Conserto de relógio 1
Oficina mecânica 6
Quentinha 3

Edifícios e atividades nestes desenvolvidas. 42


Porcentagem. 24,41%

Fonte: Mapa disponibilizado pela SEMURB.


Nota: Edição do autor, 2015.

As atividades do tipo serviço com um total de 24,41% dos edifícios


computados nesse cálculo, excetuando edifícios residenciais, também são
consideráveis no entorno. As atividades do uso serviço (privado) que são
desenvolvidas em mais de cinco edifícios no entorno do terreno são: salão de beleza
e oficina de mecânica.
67

Figura 37 - Mapa com instituições no entorno do terreno da proposta

Fonte: Mapa disponibilizado pela SEMURB.


Nota: Edição do autor, 2015.

Tabela 4 - Especificação das atividades do uso institucional no entorno do terreno escolhido

INSTITUIÇÃO
ATIVIDADES Quantidade
Associação dos Artesãos do Bairro das Rocas 1
G.B. Pescadores de Natal 1
Sede da Escola de Samba Balanço do Morro 1
Colônia dos Pescadores/Capela de São Pedro 1
Programa de Intercâmbio comunitário 1
Igreja 10
Sede Clube de Futebol 1
Escola 3
Centro de Educação e Cultura 1
Casa de caridade 1

Edifícios e atividades nestes desenvolvidas. 21


Porcentagem. 12,20%
Fonte: Mapa disponibilizado pela SEMURB.
Nota: Edição do autor, 2015.
68

De modo a distinguir os diferentes tipos de serviços prestados na região fez-


se análise em duas categorias, ou seja, o serviço público (a que se chama
institucional neste trabalho) e o serviço privado (demais serviços). A primeira, no
próprio levantamento empírico e, a segunda, conforme os dados encontrados no
documento “Mapas Temáticos de Natal” hospedado no site da prefeitura de Natal
(2007). Sendo assim, para o tipo de serviço público, instituição, identificaram-se
atividades de cunho social desenvolvidas na região, separando-as das atividades de
comércio e serviço (privado) que são mais voltadas ao individual e de particular
interesse.

Uma vez conhecendo as atividades desenvolvidas por associações e


comunidades, mais condições se teve para propor um projeto que atenda a
vizinhança como um todo. Não desfocando esse alvo, levantou-se essas instituições
existentes na área e, com isso, entre escola, associação, igreja, casa de caridade
dentre outras instituições, a instituição Igreja ficou claramente evidenciada,
atividades religiosas, seguido de Escola. Tal separação do serviço público do
privado feito nesta análise permitiu identificar atividades desenvolvidas nesse
entorno pelos demais grupos que compõem essa população, ou seja, existência de
grupos que exercem atividades mais tradicionais e culturais.

Face a estes dados que mostraram as principais atividades neste entorno,


pôde-se observar que as de cunho comercial representam mais da metade da
porcentagem analisada, como também uma boa percentagem do uso do tipo
serviço, em muitos casos, no mesmo edifício residencial. Por isso, foi considerado
de grande valia propor espaços que proporcionem o desenvolvimento dessas
atividades, diversidade de uso no espaço junto com a moradia.

Com base no levantamento, a criação de um espaço destinado a atividades


de comércio atenderia a maior parte da população, no entanto, fez-se necessário
também, buscar atender as demais parcelas que foram contabilizadas nos usos de
serviços (instituição). Nestes, os dados apresentaram que, além da predominância
de igrejas, existem: associação de artesãos, centro de educação e cultura, casa de
caridade, sede da escola de samba Balanço do Moro, entre outros. Os quais têm um
papel fundamental, principalmente em parcelas da população que abordam aspetos
socioculturais da região. A criação de espaços na proposta visou também atender
aos grupos cujas demandas são mais voltadas às tradições, às atividades
69

comunitárias, a grupos de dança, de teatro entre outras atividades locais. As quais,


muitas vezes caem no esquecimento até por falta de incentivos, como por exemplo,
não tendo espaços destinados ao desenvolvimento de suas atividades, mesmo
sendo parte da memória da cidade, parte da história do povo da cidade, como é o
caso da escola de samba que faz parte da memória da cidade.

Outra questão bastante importante e também, considerada na proposta é o


fato de que a região do entorno do terreno, predominantemente residencial, possui
poucas áreas de lazer, tipo praças, campos e quadras, conforme se pode ver na
imagem (Fig. 38) que se segue:

Figura 38 - Mapas com residências (amarelo) e espaços de lazer (verde)

Fonte: Mapa disponibilizado pela SEMURB.


Nota: Edição do autor, 2015.

Anteriormente foram apresentados os dados do levantamento referente ao


uso denominado de “instituição” e das praças. No entanto, seus dados se
complementam com a análise das informações que constam no documento “Mapas
Temáticos Natal” da SEMURB (2007), para melhor entender como estão distribuídos
os espaços públicos na região, escolas públicas, hospitais, bombeiro... no entorno
de 400 metros, de antemão definido.

Neste sentido, fez-se uma análise das infraestruturas registradas no “Mapas


Temáticos de Natal (2007)”, que mostram a localização destas (equipamentos
públicos) no espaço urbano, no caso no entorno do terreno. Tais informações
complementam os dados melhorando a análise do uso e ocupação no entorno do
70

terreno, ou seja, saber quais equipamentos públicos existem no entorno, uma vez
que os privados já foram analisados.

Focando entender a relação desses equipamentos/infraestruturas no entorno


do terreno escolhido com este, analisou-se neste trabalho, a distância entre o
equipamento em questão até o centro geográfico do terreno. Em caso de existir mais
de um equipamento do mesmo tipo mediu-se, neste exercício, a menor distância
possível (traçando uma linha reta) do equipamento mais próximo do terreno até o
centro geográfico do mesmo. Assim, verificou-se as distâncias a que se encontram
tais equipamentos em relação ao terreno e a partir disso, analisou-se quais desses
equipamentos, devido ao fator distância, convinham ser contemplados na proposta.

Sendo assim, foram medidas essas distancias em todos os equipamentos


listados no documento “Mapas Temáticos Natal - 2007”, hospedado no site da
prefeitura, que se encontram nos dois bairros no entorno do terreno da proposta, isto
é, Santos Reis (onde se encontra o terreno) e Rocas (cujo um dos limites coincide
com toda a extensão do terreno em um dos seus limites, como já mencionado).

Na sequência, apresenta-se uma tabela (5) resumo (elaborado neste


trabalho) com os equipamentos existentes nos dois bairros e suas relações de
distância com o terreno, seguido das análises em função da distância equipamento-
terreno.

Tabela 5 - Resumo das relações de distâncias (equipamentos – terreno)


71

Figura 39 - Mapa com localização e identificação de equipamentos no bairro Santos Reis

Fonte: site da prefeitura http://www.natal.rn.gov.br/semurb/paginas/ctd-600.html, acessado em


18/04/15

Conforme se pôde observar na Figura 39, existem, em Santos Reis, quatro


escolas/creches (sendo duas estaduais e duas municipais), três campos e quadras,
três praças e uma segurança (a princípio, corpo de bombeiros) no bairro de Santos
Reis.

Uma vez que existem quatro escolas/creches mede-se a distância apenas de


duas, as mais próximas do terreno, sendo uma da estadual e a outra da municipal.
Do centro geográfico do terreno até a escola/creche municipal mais próxima são
aproximadamente 73 metros e até a escola/creche estadual são aproximadamente
225 metros.

A distância do terreno até a quadra mais próxima são cerca de 193 metros,
até a praça mais próxima são cerca de 180 metros e até a segurança (bombeiros)
aproximadamente 340 metros.
72

Da mesma forma, analisa-se o mapa do bairro Rocas (Figura 40):

Figura 40 - Mapa com localização e identificação de equipamentos no bairro Rocas

Fonte: site da prefeitura http://www.natal.rn.gov.br/semurb/paginas/ctd-600.html, acessado em


18/04/15
73

Conforme se pode observar na Fig. 40, existem quatro escolas/creches


(sendo três estaduais e uma municipal), um campo e quadra, cinco praças, um
espaço de feira livre, dois mercados e três equipamentos de saúde no bairro de
Rocas.

Do centro geográfico do terreno até o mercado mais próximo (que seria o


mercado do peixe) são aproximadamente 335 metros que não é tão diferente do
mercado público que fica a, aproximadamente, 373 metros do centro geográfico do
terreno. O espaço da feira livre fica a uma distância de aproximadamente 389
metros. O equipamento de saúde mais próximo fica a 304 metros. A escola/creche
municipal, e a única do bairro, mais próxima são cerca de 324 metros e até a
escola/creche estadual são aproximadamente 555 metros. A distância até a quadra
mais próxima são cerca de 373 metros. A distância até a praça mais próxima são
cerca de 296 metros.

Apesar do bairro de Rocas fazer fronteira com o terreno da proposta,


percebeu-se que todos os equipamentos localizados no bairro de Santos Reis são
os mais próximos do terreno. Faz exceção os equipamentos inexistentes no mesmo
bairro, mas existentes no bairro vizinho (Rocas) e com distancias em relação ao
terreno comparáveis à do corpo de bombeiros (tabela 5), no bairro Santos Reis.
Fator este que teria o mesmo peso caso fosse considerada os equipamentos no
bairro de Santos Reis a distâncias aproximadas.
Dos equipamentos listados nos mapas temáticos mencionados, percebeu-se
que não existe no bairro de Santos Reis, nenhum equipamento de saúde, e o mais
próximo fica, em linha reta, a cerca de 304 metros do terreno da proposta. Essa
realidade poderia justificar que se proponha espaço com equipamento de saúde. No
entanto, neste trabalho, não se propôs esse uso no terreno uma vez que já existem
três equipamentos de saúde, relativamente, próximos do terreno para atenderem
essa necessidade quando demandada pela população.
Outro equipamento público inexistente no bairro é o mercado. Com base na
análise feita sobre os usos e ocupação no entorno do terreno, que se revelou
predominantemente comercial, um mercado proporcionaria atender a essas
atividades da população no seu dia-a-dia.
Além desses dois equipamentos, também não existe uma Feira livre no bairro
Santo Reis, podendo ser associada ao equipamento mercado na proposta, criando
74

espaço de comércio que contemple e atenda ambas as atividades, diversificando e


dinamizando esse uso na área.

No que se refere ao bairro de Rocas só não existe, segundo os dados da


prefeitura em análise, o equipamento segurança, a princípio, corpo de bombeiros, a
única da lista que não existe neste bairro.
Os equipamentos de saúde, mercado e feira livre (inexistentes no bairro de
Santos Reis) mais próximos seriam os de Rocas e que ficam a mais de 300 metros,
e alguns, quase 400 metros em linha reta.

Diante desse quadro e uma vez que se trata de habitação de interesse social,
considerou-se que o fator transporte pode encarecer e dificultar o acesso a esses
serviços. Apesar de não serem muito distantes (em linha reta), o deslocamento,
além de dispendioso, pode-se tornar desagradável para um morador pedestre,
principalmente pelas condições climáticas da cidade. Então, para facilitar o
deslocamento sem uso de transporte, para atividades corriqueiras como, por
exemplo, compra de alimentos, sugeriram-se os equipamentos de cunho comercial.
Outros equipamentos de uso serviço e lazer, também foram contemplados na
proposta visando criar proximidades com as diversas atividades no terreno.
Feitas as análises do terreno em relação ao bairro (escala macro) e em
relação ao seu entorno imediato (escala média) prosseguiu-se para a próxima etapa
da parte analítica deste trabalho, isto é, a escala micro (unidades habitacionais e
usos diversos). Nesta, se fez uma análise resumida do terreno em si mediante os
condicionantes analisados até agora, somado ás exigências dos instrumentos de
gestão urbana indispensáveis para o desenvolvimento do anteprojeto. Nesse
sentido, apresenta-se resumidamente, esses condicionantes considerados nesta
proposta: Recuo, permeabilidade, taxa de ocupação, potencial construtivo, gabarito,
acessibilidade, paisagismo.

Analisados os condicionantes em que se enquadra o terreno escolhido para a


proposta de habitação de interesse social dentro do conceito de moradia adequada,
definiu-se o público alvo do anteprojeto.
75

IV - Definição do público alvo

Nesta etapa foi descrito e justificada a escolha do público alvo adotado neste
exercício cujo foco é desenvolver um anteprojeto de habitação de interesse social
visando o conceito de moradia adequada.
De antemão, é importante lembrar que é fundamental, conhecer o público
alvo nas suas particularidades a fim de lhes possibilitar espaços adequados à
realização de suas atividades em especifico. Através de diálogos com esses
usuários podem ser conhecidas as suas necessidades e, no âmbito do projeto,
proporcionar uma melhor inserção dos mesmos no contexto da cidade.
Neste sentido, definiu-se o público alvo considerando dois grupos: o primeiro
público é a vizinhança no entorno do terreno definida no raio de 400 metros e o
segundo público alvo são os moradores das unidades propriamente ditos.
Então, tratando-se primeiramente do público alvo no entorno do terreno, a
vizinhança, enfatizou-se no tipo de atividades que esta desenvolve na área, a fim de
conhecer o seu perfil, possibilitando que se proponham equipamentos que atendam
as suas demandas.
No que diz respeito ao público alvo, moradores das unidades habitacionais,
salienta-se que não se embasou em uma comunidade específica, a fim de conhecer
as suas peculiaridades e propor soluções arquitetônicas. O foco neste exercício é
trabalhar o conceito de moradia adequada nas habitações de interesse social,
apresentando a questão da diversidade de usos a que se deve possibilitar nessas
intervenções e não apenas habitação, que por sua vez revela grande carência no
município de Natal. Sendo assim, para este trabalho, de modo a contribuir na
redução do índice do déficit habitacional na cidade de Natal, o público alvo
(moradores das unidades habitacionais) se restringiu em apenas definir a
quantidade de usuários por unidade de habitação, ou seja, tipo de famílias, levando
em consideração o número de membros, para definir os cômodos da casa.
Para tal, tomou-se por base resultados parciais da pesquisa, em andamento,
do mestrando Emerson Fernandes Cavalcanti com o título “Apartamento para
crescer – uma proposta de Habitação de Interesse Social tipo apartamento
expansível para Parnamirim, RN”. Nesta, apresenta-se um tópico, “Avaliação de
empreendimento do MCMV em Parnamirim por meio dos moradores”, onde se
76

encontram dados obtidos da entrevista feita aos moradores dessas unidades


habitacionais.
Uma vez que as pessoas entrevistadas são, geralmente, do mesmo perfil das
demais abrangidas com o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV), a princípio,
a opinião coletiva das entrevistadas serviu para definir as U.Hs desta proposta.
Observando que fazem parte de um Programa Nacional que atende pessoas em
diferentes estados do país e em condições financeiras semelhantes, apesar de
algumas peculiaridades.
Apesar de não ser especificado o grupo beneficiado (no caso, dos moradores)
com essa proposta, sugeriu-se usos diversos no terreno que possibilitem aos
usuários atividades que gerem renda. Não apenas relacionadas aos moradores das
unidades habitacionais no terreno como também da vizinhança, como forma de
impulsionar o uso público e interação destes neste espaço proposto para usos
diversos. Atentou-se em proporcionar o uso desse terreno por parte da população
que, por muito tempo, foi privada de usar uma parcela significativa da cidade, mais
especificamente, do seu próprio bairro. Esta é uma motivação, além de se tratar de
uma AEIS e da questão do déficit habitacional, ou seja, propor também um projeto
de cunho social com diversidade de uso.
Vale salientar que nesta proposta não se buscou debruçar em como melhorar
a unidade habitacional em si para proporcionar uma moradia adequada. O que se
abordou é a necessidade da unidade habitacional, ou conjunto destes, serem
enquadradas com diversos usos, atendendo diferentes necessidades do usuário.
Na etapa seguinte, definição do programa de necessidades dentro da análise
propositiva, apresentou-se a síntese do resultado parcial da pesquisa realizada pelo
referido mestrando juntamente com as demais sínteses das análises feitas até esta
fase. Assim, iniciou-se a parte da análise propositiva deste trabalho a fim de definir o
anteprojeto de habitação de interesse social segundo o conceito de moradia
adequada.
77

V - Definição do programa de necessidades

Nesta etapa sintetizou-se os resultados de todas as análises anteriores, de


modo a definir os equipamentos que foram contemplados na proposta visando
atender todo o público alvo, dividido em dois grupos, vizinhança e moradores das
U.Hs.
Neste sentido, concluiu-se as análises das atividades e equipamentos no
entorno, especificando a partir das mesmas, quais seriam contempladas neste
exercício, propondo assim usos diversos, além de moradia. Sendo assim, segundo
as análises anteriores e divididas por tipo de uso (atividades desenvolvidas no
entorno), percebeu-se a predominância das seguintes atividades:

Tabela 6 – Atividades predominates no entorno

ATIVIDADES PREDOMINATES POR TIPO DE USO


COMÉRCIO SERVIÇO (Privado) INSTITUIÇÃO (Serviço Público)
Barzinho Salão de beleza/manicure Igreja
Mercadinho Oficina de mecânica
Posto de venda e preparo de frutos do mar
Lanchonete
Loja
Fonte: Produção própria do autor, 2015.

Somou-se a estes, a análise dos equipamentos existentes no entorno (tanto


no bairro Santos Reis como no de Rocas), segundo os dados dos Mapas Temáticos,
que contribuiu no conhecimento e definição de equipamentos voltados para a
população. No caso, viu-se a inexistência de alguns equipamentos analisados no
bairro onde se insere a proposta, Santos Reis, conforme a Tabela 7:

Tabela 7 – Equipamentos inexistentes no bairro de Santos Reis

EQUIPAMENTOS INEXISTENTES NO ENTORNO


SANTOS REIS ROCAS
Equipamentos de Saúde Segurança
Feira Livre
Mercado Público
78

Fonte: Produção própria do autor, 2015.

Observa-se que não existem os equipamentos de saúde, mercado público e


feira livre no bairro de Santos Reis. Por isso, foram contemplados no programa de
necessidades, os equipamentos mercado público e feira livre focando,
principalmente, atender as atividades comerciais que são predominantes no entorno
no próprio terreno da proposta. Não se considerou os equipamentos de saúde no
programa de necessidades por já existirem três unidades do tipo próximos ao
terreno (cerca de 304m).
No que se refere ao equipamento “segurança”, no bairro das Rocas, não se
considerou no programa de necessidades por já existir no bairro Santos Reis e,
relativamente, próximo do terreno (cerca de 340m).
Nessas análises, viu-se também, a necessidade de mais áreas verdes como
praças e áreas de lazer atendendo os moradores e a vizinhança no entorno, tanto no
bairro de Santos Reis como no das Rocas.
Diante desses dados definiu-se o Programa de Necessidades que atenda o
público alvo, a vizinhança, da seguinte forma:

1- Unidades habitacionais;
2- Área verde;
3- Estacionamento;
4- Academia ao ar livre;
5- Área de jogos;
6- Play ground;
7- Skate parque;
8- Pátio multiuso;
9- Quadra poliesportiva
10- Mercado Público;
11- Feira Livre;
12- Lanchonete;
13- Banheiros;
14- Box comerciais (lojas...);
15- Sala administrativa/reuniões;
16- Salão multiuso;
79

Uma vez definida o programa de necessidades para o público alvo,


vizinhança, seguiu-se para a definição do programa de necessidades para o público
alvo, moradores das U.Hs, tomando por base dados parciais da pesquisa de
Cavalcanti, anteriormente mencionado.
Nesta pesquisa, o mestrando analisa quatro questões relacionando às
opiniões dos moradores das U.Hs conforme a tabela 8:

Tabela 8 - Parecer dos moradores quanto à unidade habitacional

QUESTÕES DA ENTREVISTA OPINIÃO / INFORMAÇÃO DOS MORADORES DAS U.H.s


O tamanho das famílias por
apartamento. 90% Varia de dois a quatro ocupantes.
A área do apartamento e área dos
ambientes. 90% acham razoável e pequeno.
Possibilidade de ampliação. 72% preferem a cozinha, área de serviço e sala maiores.
Percepção do usuário quanto ao Muitos acham ventilado; parte significativa acha abafado, quente
conforto térmico. ou muito quente.
Fonte: Cavalcanti (edição do autor)

Ainda referindo-se ao programa de necessidades da U.H, fez-se uso do


Código de Obras de Natal baseando-se nas áreas mínimas de cada compartimento
escolhido para a U.H nessa proposta (Tabela 9), juntando essas informações com
as opiniões dos moradores entrevistados na pesquisa de mestrado mencionado.

Tabela 9 - Dimensões mínimas dos cômodos da residência

COMPARTIMENTO ÁREA MÍNIMA (m2) DIMENSÃO MÍNIMA (m) PÉ DIREITO MÍNIMO (m)
Sala 10 2,6 2,5
Quarto 8 2,4 2,5
Cozinha 4 1,8 2,5
Banheiro 2,4 1,2 2,4
Área de serviço ..... 1 2,4
Fonte: Código de Obras do Município de Natal, 2004

Com base nestes dados do Código de Obras, fez-se o somatório das áreas
mínimas escolhidas para as U.Hs, de modo a estipular a área mínima necessária
para cada U.H.
Somando todas essas áreas mínimas tem-se um total de 44,8 m2 (U.H com
dois quartos), sem contar a área de circulação (estimado em aproximadamente 5
m2) que pode variar de acordo com a tipologia adotada para a unidade habitacional.
80

Considerando também os dados da entrevista, onde os usuários na sua maioria


preferem cozinha e sala maiores, estipulou-se, a princípio, a área total da unidade
habitacional em 60 m2 de área construída, aproximadamente.
Assim, feitas as análises e definição dos equipamentos contemplados na
proposta para atender tanto os moradores como a vizinhança no entorno, pôde-se
dar continuidade à parte propositiva prosseguindo com os estudos preliminares
direcionando as soluções adotadas no anteprojeto. Isso se dá restringindo ainda
mais a área estudada até agora, ou seja, saindo desse entorno de 400 metros para
o terreno em si, analisando as relações mais próximas já nos seus limites.
81

VI - Esquematização dos estudos preliminares

Nesta etapa, debruçou-se sobre a proposta arquitetônica, aplicando o


conceito adotado de Moradia Adequada e trabalhando a diversidade de usos na
habitação social. Definiu-se o conceito e partido urbanístico e arquitetônico adotado
no projeto, demonstrando como se fez a implantação do projeto no terreno, relação
de acesso nos seus limites, zoneamento, estudos de insolação e ventilação.

Conceito/Partido Urbanístico e Arquitetônico e implantação

A proposta em si precisa de um conceito e partido arquitetônico e urbanístico


de onde todas as decisões de projeto deverão ser norteadas mantendo a linguagem
definida para o mesmo.
Até agora, uma das maiores preocupações nas análises foi propor uma
moradia que possibilite às pessoas, moradoras das unidades propostas ou não,
conectar-se a vários usos no mesmo espaço, de maneira que diversifique e tenha
possibilidades de se conectar a várias atividades e se sentir bem no espaço que
vive.
Dessa forma, o conceito arquitetônico e urbanístico pode ser resumido na
palavra “conexão”, ligações/contato entre os diversos usos definidos.

Para a definição da implantação das unidades considerou-se dois aspectos:


primeiro como as quadras estão implantadas na área, sua distribuição e direção com
todo o conjunto e, segundo, como as unidades habitacionais estão distribuídas nas
quadras e qual a direção das suas fachadas de acesso.
82

Figura 41 - Disposição das quadras e dos edifícios no entorno do terreno (Vista aérea)

Fonte: Google street views (imagem editada pelo autor), 2015.

Pode-se perceber a distribuição radial da maioria das quadras nessa área


(Figura 41) onde também se encontra o terreno da antiga área de tancagem, o
terreno escolhido. Com edifícios geminados e alinhados longitudinalmente, essas
quadras mantêm suas fachadas/testada no sentido transversal a esta disposição das
quadras, e estas no conjunto. Conforme se vê nas Figuras 42 e 43.
83

Figura 42 - Disposição predominante das quadras no entorno do terreno (Vista aérea)

Fonte: Mapa disponibilizado pela SEMURB.


Nota: Edição do autor, 2015.

Figura 43 - Disposição predominante dos edifícios no entorno do terreno (Vista aérea)

Fonte: Mapa disponibilizado pela SEMURB.


Nota: Edição do autor, 2015.
84

Essa disposição das quadras e das fachadas dos edifícios (testada), o


alinhamento e a distribuição existentes na área foram adotadas nesta proposta,
mantendo essa linguagem existente no entorno. A partir do qual se explorou a ideia
de estabelecer maior contato visual com o que é externo ao edifício, além do acesso
que se dá ao mesmo a partir da sua fachada.
Seguindo este pensamento, procurou-se conhecer como a proposta pode
estabelecer essa conexão com o entorno vizinho aos seus limites. Para tal,
primeiramente, aproximando-se ainda mais do terreno, analisou-se o seu entorno, as
vias que o contornam e a disposição das fachadas dos edifícios existentes na área
conforme se vê nas Figuras 44 a 56 que se seguem.

1.1.1 Vias que conectam diretamente com as vias que contornam o terreno:

A primeira imagem (Fig. 44) é a Rua Professor Evaristo de Souza com


aproximadamente 5,5 metros de largura, essa é a rua mais larga de acesso entre as
ruas que contornam o terreno. As outras variam em torno de 3,5 metros de largura.

Figura 44 - Vistas das vias de conexão com as vias que contornam o terreno

Fonte: Imagem aérea do google maps e street views (editado pelo autor), 2015.
85

Figura 45 - Vistas das vias de conexão com as vias que contornam o terreno

Fonte: Imagem aérea do google maps e street views (editado pelo autor), 2015.

Figura 46 - Vistas das vias de conexão com as vias que contornam o terreno

Fonte: Imagem aérea do google maps e street views (editado pelo autor), 2015.
86

Figura 47 - Vistas das vias de conexão com as vias que contornam o terreno

Fonte: Imagem aérea do google maps e street views (editado pelo autor), 2015.

1.1.2 Ruas de contorno – direção longitudinal do terreno: Rua Décio Fonseca

Essa é uma das vias que permitem o melhor acesso ao terreno devido à sua
extensão/conexão que a liga diretamente a outros bairros numa linha praticamente
reta, apesar da sua estreita largura em uma das suas extremidades,
aproximadamente 1metro, devido ao avanço das edificações no entorno (Fig. 48).
Quanto à sua largura, é variável, tendo na sua maior largura, aproximadamente, 4
metros (Fig. 49). Percebe-se também, que esses edifícios que avançam para rua,
não têm muro na sua maioria (Figuras 48, 49 e 50).
87

Figura 48 - Vistas da Rua Décio Fonseca

Fonte: Imagem aérea do google maps e street views (editado pelo autor), 2015.

Figura 49 - Vistas da Rua Décio Fonseca

Fonte: Imagem aérea do google maps e street views (editado pelo autor), 2015.
88

Figura 50 - Vistas da Rua Décio Fonseca

Fonte: Imagem aérea do google maps e street views (editado pelo autor), 2015.

1.1.3 Ruas no contorno do terreno – direção longitudinal do terreno: Rua Evaldo Reis

Essa via (Figuras 51 a 54) é mais uniforme e mais larga em toda a sua largura
e extensão com aproximadamente 4,5 metros de largura, no entanto percebe-se que
algumas casas têm muro e outras não.
89

Figura 51 - Vista da Rua Evaldo Reis

Fonte: Imagem aérea do google maps e street views (editado pelo autor), 2015.

Figura 52 - Vista da Rua Evaldo Reis

Fonte: Imagem aérea do google maps e street views (editado pelo autor), 2015.
90

Figura 53 - Vista da Rua Evaldo Reis

Fonte: Imagem aérea do google maps e street views (editado pelo autor), 2015.

Figura 54 - Vista da Rua Evaldo Reis

Fonte: Imagem aérea do google maps e street views (editado pelo autor), 2015.
91

1.1.4 Ruas de contorno – direção transversal do terreno: Tv. São Francisco de Paula.

Percebe-se também que nessa rua (Figuras 55 e 56), algumas casas


possuem muro e outras não, no entanto esta é a rua mais estreita de todas, com 3
metros de largura.

Figura 55 - Vista da Tv. São Francisco de Paula

Fonte: Imagem aérea do google maps e street views (editado pelo autor), 2015.
92

Figura 56 - Vista da Tv. São Francisco de Paula

Fonte: Imagem aérea do google maps e street views (editado pelo autor), 2015.

As imagens das edificações vizinhas ao limite do terreno mostram as seguintes


situações:

1- A maioria das fachadas das residências do entorno estão voltadas para o


terreno da proposta;
2- A maioria das edificações não têm muro;
3- As ruas, de modo generalizado, são estreitas e irregulares;
4- Existe o muro que delimita o terreno e que fica muito próximo às fachadas
das residências no entorno, além de restringir o acesso a esse terreno.

De modo a ter uma melhor visualização dessa relação das larguras das ruas
analisadas, as quais dão acesso direto ao terreno escolhido e às residências nos
seus limites, a Fig. 57 mostra como se dá a organização das fachadas dos edifícios
em todo o contorno do terreno. Esboçando apenas a silhueta das fachadas dos
edifícios no entorno, desconsiderando os muros (quando existirem) e a largura das
vias.
93

Figura 57 - Largura das ruas/silhueta das fachadas das edificações no entorno

Fonte: Produção própria do autor com base na situação do entorno do terreno, 2015.

Diante dessas situações desenvolveu-se a proposta focando o conceito e


partido arquitetônico e urbanístico adotado visando melhorar esse espaço. O qual foi
concebido através da intenção de proporcionar interação entre moradores das U.H e
população vizinha (e também da cidade) através dos diversos usos propostos no
terreno. Espaço esse que há muito tempo lhes foi negado acesso, porém agora são
convidados a usufruir desse espaço nas diferentes atividades que ela propõe
mesmo não sendo um morador das unidades habitacionais ali existentes.

Neste sentido, algumas soluções arquitetônicas foram adotadas no projeto


para resolver as situações indicadas até agora. Começando por manter o padrão de
alinhamento e distribuição das quadras no entorno bem como das suas edificações
com fachadas voltadas todas para as direções transversais ao sentido longitudinal
das edificações, geminadas. Em conjunto com as análises feitas nos estudos de
casos que mostram as soluções adotadas nestes, como por exemplo: aproximação
da edificação aos contornos do terreno dando uma sensação de proximidade com os
edifícios no entorno e criando assim um pátio interno. Esta solução foi adotada nesta
proposta como demonstrado na Fig. 58:
94

Figura 58 - Desenvolvimento do Partido urbanístico e arquitetônico

Como já mencionado na etapa da definição do terreno, somente o trecho sob


jurisdição da marinha foi utilizada na proposta, o espaço restante (parte 3 da Fig.
58), seria benéfico tanto para o bairro quanto para a cidade se fosse feito,
futuramente, um parque natural, com grandes áreas verdes. Isso ajudaria no
microclima local e somaria uma parte nas poucas áreas verdes existentes na cidade.
Vale salientar, que a ampliação das vias que delimitam o terreno se fez uma
medida necessária tanto para melhoria da circulação de veículos e pessoas, como
também amplia os espaços na frente das casas que antes eram minúsculas devido à
existência do muro que delimitava o terreno. Propõe-se, inclusive, calçadas largas
na frente dessas residências, com espaço para plantio de árvores que melhorariam
a sensação térmica nas residências. Além de criar um espaço para contemplação da
rua em condições mais favoráveis das existentes, ruas estreitas e residências sem
vista ampla.
O próximo passo foi relacionar os acessos na proposta. Considerando as vias
que são próximas do terreno e pensando na conexão que se pretendeu estabelecer
com a população local, definiram-se alguns eixos. Esses, permitem uma conexão a
partir dessas vias até o pátio interno, assim como das fachadas das residências no
entorno até o pátio central. Desta forma criaram-se acessos estratégicos de maneira
que atraia a população para o uso desse espaço. Na Fig. 59, destacam-se as vias
de acesso e onde se daria essas conexões com base na análise de proximidade de
pontos de conexão oriundas das vias.
95

Figura 59 - Desenvolvimento do Partido urbanístico e arquitetônico

Como se pode ver, essas conexões propostas fizeram subtrações na


configuração do edifício, que até o momento tinha um formato contínuo tipo “U” (Fig.
59).
Vale lembrar que o gabarito nessa área é de no máximo 7,5 metros, segundo
as prescrições urbanísticas para o bairro de Santos Reis, inseridas na lei
complementar Nº 082/2007 – PDN, anteriormente apresentadas. Isso inviabilizou a
solução de acesso ao pátio interno fazendo elevação do edifício por meio de pilotis a
exemplo do primeiro estudo de caso. Tal solução reduziria bastante o número de
unidades habitacionais já que teria espaço para apenas um pavimento, caso
contrário, excederia o gabarito permitido. Por isso, fez-se aberturas no edifício (Fig.
60), possibilitando que haja caminhos por onde as pessoas no entorno possam
passar e se sintam livres para adentrar no terreno e usar o pátio interno. O que não
era possível devido ao muro que sitiava o terreno, antes, teriam que contornar o
terreno caso precisassem passar de uma das ruas que limita o terreno para a outra.
Em complemento a essas aberturas, criou-se espaços internos sombreados,
além de equipamentos de lazer que instigam à permanência no local. Isso seria uma
das vantagens da diversidade de uso, pois o lazer faz parte dos direitos das pessoas
no conceito de moradia adqueada adotado. Assim, a definição do acesso priorizando
atrair a população vizinha foi um dos fatores que moldaram o edifício (Fig. 60).
96

Figura 60 - Desenvolvimento do Partido urbanístico e arquitetônico

Zoneamento

No zoneamento do terreno foi considerado o programa de necessidades, mas


principalmente, a necessidade de proporcionar diversidade de usos segundo o
pretendido nesta proposta dentro do conceito adotado. Neste ambito dividiu-se os
usos no terreno da seguinte forma:
Determinou-se as duas áreas principais do terreno, definidas em habitação e
recreação. Em seguida foram especificadas as áreas das U.Hs trabalhando duas
tipologias: casa e apartamento no setor “habitacional”, assim como pré-determinou-
se as áreas de serviço e comércio no setor de “recreação” (Fig.61).

Figura 61 - – Estudos de Zoneamento

O zoneamento final se deu adicionando aspectos que foram analisados nos


estudos de casos. No caso, a localização dos estacionamentos próximos às
97

residências e um pátio interno com diversidade de usos, tanto entre os blocos


residenciais como entre os blocos destinados a atividades diversos (serviço,
comérico e lazer). Esse tipo de zoneamento estabeleceu alguns eixos (linha na cor
verde, Fig. 62) no terreno que definem as áreas.

Figura 62 - Estudos de Zoneamento

Em se tratando de eixo, fez-se de suma importância explicar a relação de


conexão que se estabeleceu através desses eixos. Uma vez definido um pátio
central tanto entre as residências como entre os blocos de comércio e serviço,
forma-se um eixo contínuo em todo o terreno, interagindo as atividades propostas no
terreno (habitação e recreação). Essa solução de projeto visa proporcionar essa
conexão entre os públicos que usam esse mesmo terreno.
O pátio que se forma entre os blocos de serviço e comércio (pátio multi-uso,
Figura 62) serve como palco para atividades que se viu, durante este trabalho, que
são desenvolvidas pela população local. Atividades como manifestações culturais
dos grupos da festa dos Santos Reis por exemplo, ou como área para aglomeração
de pessoas para fazerem exposições de seus produtos, devido à predominância de
atividades de cunho comercial. Pode servir também para fins de lazer para pessoas
moradoras das unidades habitacionais como para a população vizinha. Enfim, trata-
se de um pátio multi-uso, sem uma definição específica, pois é um espaço criado
para diversos usos conforme a necessidade dos usuários.
Aliado a esse pátio multiuso, os blocos destinados a serviço e comércio
dariam suporte às atividades ali em curso no caso de aglomeração de pessoas.
98

Propô-se que nesses blocos tenham espaços que também seriam multiuso. Para o
bloco de serviço, sugeriu-se um salão multiuso para atividades de práticas sociais
diversas como: aulas de dança e ensaios de peças teatrais para atender os grupos
artísticos da região e, espaço de exposição de trabalhos artísticos.
Para o bloco destinado a atividades comerciais, sugeriu-se um mercado e/ou
feira livre como se viu que existe uma necessidade desses serviços mais próximos
do terreno. O mesmo possibilitaria atividades como venda de produtos artesanais
(da própria associação dos artesãos, por exemplo), mas também, há a alternativa
dessa atividade ser no pátio a céu aberto numa atividade/evento específico.
No tocante ao pátio central, a que fica entre as unidades residenciais,
desempenha um papel fundamental no conceito adotado nesta proposta. É nesse
pátio que chegam quase todos os acessos da vizinhança para o terreno e, pela sua
disposição linear, ela se torna um espaço de recepção e convívio entre dois blocos
residenciais e se conectando ao pátio multi-uso que fica entre os dois blocos, serviço
e comércio (Fig. 63).
Tal disposição linear se estende por todo o terreno de modo que se torna um
eixo central ligando todas as partes do terreno, transversal ou longitudinalmente
(eixo 1, na cor marron – Fig. 63), ligando os moradores das U.H a ambos os pátios
(central e multiuso) como também à vizinhança, e vice versa.
Com o objetivo de atrair a população para esse pátio central, em toda sua
extensão, criaram-se áreas de lazer que atendam a diferentes tipos de público
(criança, jovem e idoso). Propôs-se equipamentos de lazer como Play-ground, skate
park, área de ginástica a céu aberto, áreas com e sem cobertura para jogos (que
exercitam ambas as partes, físico e psicológico). Além dos espaços com
caramanchão, estrategicamente localizados, exatamente nos pontos de cruzamento
dos eixos de conexão (longitudinal e transversal), o ponto de encontro (Fig. 63):
99

Figura 63 - Conexão estabelecida no terreno através de eixos

Atendendo ao conceito “Conexão” adotado neste exercício, o partido


arquitetônico, em desenvolvimento, reforça a ideia de interação entre os usuários
nas suas diferentes necessidades e atividades sociais, criando espaços públicos
centrais como resultado do alinhamento dos edifícios próximos aos limites do terreno
e estes permitindo fluidez em todo o terreno (Fig. 64).
A implantação adotada foi fortemente influenciada pelo seu contexto urbano
(entorno). Da mesma forma, os edifícios foram moldados a partir do contexto em que
se enquadram, a exemplo do gabarito que impossibilitou que os edifícios
ultrapassassem os 7,5 metros de altura, induzindo à forma horizontal do edifício.
Devido à extensão do terreno optou-se por criar aberturas que cruzassem o edifício,
criando assim edifícios segmentados. Assim, boa parte da concepção formal foi
definida por esses fatores de legislação incidente e contexto social no entorno.
Aliados a estes fatores somaram-se outras soluções de projetos que foram adotadas
neste exercício que complementaram na definição final do projeto, segundo se pode
conferir na etapa seguinte.
100

VII - Elaboração do anteprojeto.

Nesta etapa foram analisados aspetos pontuais do anteprojeto no que diz


respeito ao sistema construtivo, estudos de insolação e ventilação, paisagismo, além
de alguns detalhes de projeto para sua adequação às normas incidentes a que está
enquadrado.

Estudos preliminares de insolação e ventilação no desenvolvimento da proposta

Como mencionado, o partido urbanístico adotado definiu, em grande parte, a


implantação e a volumetria adotadas nesta proposta, no entanto, as condições de
ventilação e insolação também se constituem um dos importantes fatores para a
concepção formal dos edifícios e sua organização espacial nos seus primeiros
estudos.
Analisando a posição geográfica do terreno (Fig. 64) com a implantação
proposta pode-se perceber, em primeiro momento, como se dá a insolação e a
direção predominante do vento no terreno.

Figura 64 - Esboço das condições de ventilação e insolação segundo a implantação adotada


101

As fachadas no sentido leste – oeste ficam prejudicadas quanto á radiação


solar recebida pelo edifício. Para atenuar essa carga e melhorar o conforto térmico
no mesmo, algumas soluções foram adotadas: a começar pela cobertura, a qual
recebe a maior parte da radiação solar (exposta o dia todo, principalmente nos
horários de maior insolação), optou-se por uma cobertura termoacústica, telha
metálica tipo sanduíche.
Além do desempenho da telha termoacústica na cobertura fez-se uso de
cobogós que possibilitam a passagem do vento por debaixo do telhado, entre a telha
e a laje removendo o ar quente, reduzindo assim a temperatura no edifício (Fig. 65).

Figura 65 - Solução adotada na cobertura

Outra solução seria a cobertura verde, a qual seria muito útil tanto para os
moradores como para a vizinhança reduzindo os efeitos da incidência solar no
edifício tanto pela carga térmica refratada (para o interior do edifício) como para a
refletida, podendo influenciar na sensação térmica sentida no entorno do edifício.
A cobertura verde agrega muito no conceito de moradia adequada adotado por
se tratar de uma solução arquitetônica que apesar dos custos iniciais de instalação,
com o tempo, agregaria muitas vantagens, principalmente no que diz respeito ao
conforto térmico e acústico, além das vantagens para o meio ambiente.
A cobertura verde agrega outra vantagem nessa proposta funcionando como
área de pequeno cultivo para subsídio familiar contribuindo no barateamento dos
custos com a alimentação, desde que haja uma boa organização para tal por parte
dos moradores. Dependendo da produção e principalmente da organização das
famílias, poderiam ser disponibilizados esses produtos ao bloco de comércio, onde
102

poderiam vender o que cultivassem, gerando renda para as famílias. Neste sentido,
para proporcionar esse uso, futuramente, a estrutura do edifício foi projetada
pensando numa provável instalação de vegetação do tipo extensivo (pequeno porte)
na cobertura (Fig. 66).

Figura 66 - Tipo de vegetação usada na cobertura – Extensivo

Fonte: http://infraestruturaurbana.pini.com.br/solucoes-tecnicas/16/imagens/i339889.jpgo (editado


pelo autor)

Outro aspecto importante para a solução da cobertura verde é de criar um


espaço para convívio das pessoas numa área mais elevada e que possibilita um
contato visual mais amplo com o seu entorno (espaço de contemplação). Este teria
acesso por meio de rampas em áreas reservadas no projeto para esse futuro uso
(conferir a indicação 09 da legenda e área verde na prancha 01/06). No entanto, a
solução proposta neste exercício é a cobertura metálica termoacústica, embora haja
meios para uma possível retirada da mesma para uma instalação da cobertura verde
(extensivo) sob a laje já projetada pensando nesse outro uso.
103

Além da cobertura, as vedações do edifício, paredes externas, também estão


expostas à radiação solar. Portanto, a fim de minimizar a incidência nas fachadas
fez-se recuo das mesmas no sentido este – oeste, fachadas longitudinais, de modo a
fazer uso da laje para sombrear parte da fachada ao longo do edifício (Fig. 70).

Figura 67 - Recuo das fachadas longitudinais

Outra solução de conforto usada foi o uso de áreas verdes no entorno,


vegetação como barreira (Fig.68), contribuindo na redução da sensação térmica. O
uso de árvores como barreira natural cria áreas sombreadas o que no clima da
cidade de Natal é muito útil, possibilitando circulação de pedestres e veículos em
espaços sombreados. Esta solução reduz drasticamente a incidência solar no edifício
reduzindo, por sua vez, a sensação térmica dentro e fora do mesmo.

Figura 68 - Sombreamento por árvores


104

As árvores como barreira natural contra a radiação solar servem de


sombreamento para os caminhos dos pedestres já que acompanham toda a calçada
de acesso que circunda as edificações da vizinhança e a proposta no exercício. As
mesma foram sugeridas em concordância com os requisitos de acessibilidade da
NBR9050 como também do Manual de Arborização de Natal. Respeitando as
larguras mínimas da faixa de serviço (0,70m), faixa livre (1,20m), faixa de acesso
(2,00m) e altura de 2,10m uma vez que se usaram espaçamento entre as árvores
segundo a relação dos portes de modo que ultrapassem essa altura até antes de
começar a copa das mesmas (árvores de médio e grande porte), Fig. 69.

Figura 69 - Faixas de circulação com sombreamento

Fonte: NBR9050, 2014.

Em continuidade à concepção formal do edifício proposto, na tentativa de


atender ao conceito adotado, o de conexão, fez-se aberturas transversais no corpo
do edifício possibilitando maior contato entre a vizinhança e o entorno. Essa solução
também auxiliou na ventilação em todo o edifício, isso porque ao criar essas
aberturas propiciou-se que haja ventilação cruzada em todo o terreno quer no sentido
longitudinal como no transversal, conforme a variação da ventilação durante o dia
(Fig. 70).
105

Figura 70 - Ventilação e Conexão proporcionada no terreno através de aberturas no edifício

Para as unidades do tipo apartamento, localizadas nos dois blocos


longitudinais no terreno, criou-se um espaço interno, ou seja, um fosso de ventilação
e iluminação natural entre as unidades devido à sua implantação geminada e em dois
pavimentos (Figura 71).

Figura 71 - Corte esquemático - ventilação por exaustão e iluminação zenital

Este sistema permite a retirada do ar aquecido de dentro da unidade


habitacional para o exterior através da abertura zenital, por exaustão, possibilitando
maior conforto térmico na residência. Esta condição é prevista no código de obras
(Capítulo IV) quando não há possibilidade de ventilação diretamente para a área
externa num compartimento desde que contenha no seu desenho um circulo
circunscrito de 2 metros de diâmetro.
106

Ainda no que diz respeito à insolação, ventilação e também iluminação, seguiu-


se as instruções do Código de Obras do município de Natal (Capítulo IV) e a NBR
15.575 (parte 4) no que diz respeito às aberturas. Seguindo essas instruções,
calculou-se as aberturas seguindo a condição mais restritiva, isto é, atender a área
mínima de 1/6 (quando se trata de ambientes de uso prolongado) e 1/8 quando se
trata de ambientes de uso transitório, além das condições da zona bioclimática 8
(necessidade de aberturas grandes).

Concernente à concepção formal dos dois blocos longitudinais (dos


apartamentos) outros fatores influenciaram no volume final dos mesmos. Começando
pela intensão de trabalhar a relação de proximidade que se quis criar com o entorno
mantendo a mesma linguagem do mesmo no edifício. Isto é, com base no
alinhamento irregular das fachadas observadas no entorno procurou-se reproduzir
essa linguagem no edifício intercalando/desalinhando as unidades na sua extensão
longitudinal no edifício. Para isso, fez-se uso da aproximação de algumas unidades e
seus acessos para o pátio interno e outras para os edifícios no entorno. Com essa
alternação de acessos, hora para o pátio interno e hora para os edifícios no entorno,
se pretendeu, também, não “dar as costas” para a vizinhança em todas as unidades,
mas manter a ideia de conexão e não de exclusão. Adotada esta solução, iniciou-se
as análises de qual seria a melhor forma de manter essa relação: no primeiro caso,
duas unidades habitacionais são deslocadas juntamente no sentido do pátio interno e
as outras duas unidades geminadas a estas são deslocadas em direção à vizinhança
(Fig.72).
Figura 72 – Opção 1 da relação de linguagem edifício proposto x entorno
107

Feito isso, pensou-se como seria a circulação para o pavimento superior e


cobertura (Fig.73) de modo a usar o mínimo de escadas possíveis que atendam a
todo o bloco, na tentativa de reduzir os custos.

Figura 73 - Opção 2 da relação de linguagem edifício proposto x entorno

Essa solução demandaria uma circulação extensa devido à forma que foram
deslocadas as unidades (em pares). Sendo assim, outras duas tentativas de
alternância das unidades foram consideradas, dessa vez agrupando mais unidades,
ou seja, quatro unidades (Figs.74 e 75).

Figura 74 - Opção 3 da relação de linguagem edifício proposto x entorno


108

Figura 75 - Opção 4 da relação de linguagem edifício proposto x entorno

O agrupamento de mais unidades, no caso quatro, resolveu melhor a questão


da circulação uma vez que mais apartamentos estariam alinhados e assim possuírem
o mesmo ramal de acesso e o mais próximo passível. No entanto, estas duas ultimas
soluções apresentariam as mesmas fachadas internas e externas, diferente do que
se pretendeu neste projeto, ou seja, que a fachada vista do pátio interno seja
diferente da que é vista pela vizinhança. Então, outras opções foram analisadas e
chegou-se a uma (Fig.76) que atende os três requisitos considerados: fachadas
desalinhadas/irregulares, menor circulação possível e fachada interna diferente da
externa.
Figura 76 - Opção 5 da relação de linguagem edifício proposto x entorno
109

Nesta solução, os dois agrupamentos de quatro unidades centrais são


juntamente aproximadas da vizinhança ao passo que os apartamentos dos extremos
do edifício são aproximados para o pátio. Para diferenciar as fachadas, a localização
dos acessos seria em direções opostas tendo o acesso por via das varandas em
sentidos opostos confeccionando fachada interna diferente da externa. Além do que,
aproximando a parte central do edifício acreditou-se que a relação de proximidade
com a vizinhança seria maior devido à localização central aliada ao acesso para
pedestre com dimensões monumentais, exatamente no centro do edifício.
Por outro lado, essa solução reduziu bastante a circulação em relação à
primeira proposta, no entanto, ainda podia melhorar reduzindo a circulação nas
unidades situadas nos extremos dos conjuntos de quatro unidades. Para isso, as
unidades nesses extremos foram aumentadas, aproveitando o espaço que seria uma
laje/circulação para integrar ao espaço interno da unidade e, assim, explorar a
possibilidade de unidades com mais quartos. Feito isso, reduziu-se em 27% a área
de circulação em relação à primeira proposta e chegou-se á volumetria final do
edifício dos apartamentos (Fig,77) sem considerar ainda as aberturas e soluções
adotadas para a iluminação e ventilação interna dessas unidades.

Figura 77 - Opção 6 da relação de linguagem edifício proposto x entorno

Essa solução volumétrica adotada possibilitou a criação de dois tipos de


apartamentos, sendo uma com três (a dos extremos dos agrupamentos de quatro
unidades) e uma outra com dois quartos (as demais) totalizando 64 unidades
habitacionais do tipo apartamento. Especificamente, são 48 apartamentos de dois
quartos e 16 apartamentos de três quartos.
110

A solução adotada em inverter os acessos criou a situação de espelhamento


das unidades no mesmo edifício implicando na distribuição dos cômodos internos.
Onde, ora resolvia a questão da insolação nos quartos e áreas comuns e ora
dificultava devido ao posicionamento das unidades. Para resolver esse dilema, os
quartos foram posicionados na parte da unidade mais recuada em relação ao edifício
aumentando assim o vão da laje que sombreava mais ainda as aberturas e mantinha
a condição de ventilação. Para melhorar mais ainda o conforto térmico e acústico
nessas áreas dos quartos, criou-se uma área verde de frente das paredes limites e
externa dos quartos. O que auxiliou também na questão da privacidade visto que se
isola esta área próxima do quarto com uma barreira natural/vegetação e sem
acessos passando de frente da janela dos quartos (Fig. 78).
111

Figura 78 - Distribuição das Unidades do tipo Apartamento


112
113
114

Além da tipologia do tipo apartamento, foi pensada tipologia do tipo casa para
criar diversidade de tipologia e facilitar o uso para público de perfis diferentes quer
por mobilidade ou tipo de família.
Definindo as unidades habitacionais em dois tipos, casa e apartamento,
proporcionou-se um total de 70 (setenta) unidades habitacionais sendo 64 (sessenta
e quatro) apartamentos e 6 (seis) casas. Dessas seis casas, duas são acessíveis,
atendendo á exigência do Código de Obras (Capítulo V) que faz relação entre o total
de unidades existentes com o total de unidades que devem ser adaptadas. Ou seja,
a partir de 50 unidades, devem ser reservadas 2% destas para serem adaptadas.
Para este projeto tem-se 70 unidades, das quais os 2% representam 1,4 unidades
adaptadas, por isso foram reservadas duas unidades habitacionais para atender a
esse público.

Apesar das U.Hs do tipo casa serem minoria, total de seis unidades,
dispostas na direção perpendicular aos blocos dos apartamentos, essas também
contam com estratégias de conforto térmico pensadas para a sua situação
específica. Ou seja, uma vez sendo unidades térreas tirou-se vantagem de terem
contato com o chão para criar uma área verde que seja interna para cada unidade.
Assim, em toda a proposta, a unidade do tipo casa é a que tem contato com o verde
em todas as partes mencionadas até agora, ou seja, tanto no entorno da edificação,
apesar de também serem geminadas, como dentro da própria unidade. Essas
unidades contam com uma área verde particular, além do espaço permeável
existente por exigência do recuo de três metros no terreno e taxa de permeabilidade,
criando áreas verdes mais próximas da unidade como que sendo um cômodo da
mesma.

Diferentemente dos estudos volumétricos feitos para os blocos dos


apartamentos, a proposta da U.H do tipo casa foi desenvolvida, praticamente, a base
do zoneamento dos cômodos da mesma. As Figuras 79 a 82 mostram como se deu a
concepção dessas unidades.
115

Figura 79 - zoneamento da tipologia casa

Da mesma forma que se adotou trabalhar com eixos no


zoneamento/implantação do terreno, assim também se definiu o zoneamento da
unidade habitacional do tipo casa. Deste modo, foi estabelecido um eixo central
definindo uma área para os cômodos mais íntimos e outro para cômodos de uso
comum. Estabeleceu-se o mencionado recuo que cria espaços de área verde ao
redor da unidade como se pôde ver na Fig. 79.
Tendo por base as áreas mínimas exigidas pelo Código de Obras nas
residências e considerando os resultados da pesquisa realizada por Cavalcanti
(baseado na opinião dos moradores do mesmo perfil do público proposto aqui), vem
se definir os espaços internos a partir desse eixo estipulado.
Na pesquisa, Cavalcanti aponta os seguintes dados: dois a quatro ocupantes
por unidade (mínimo dois quartos); 90% acha pequeno/razoável o tamanho da
unidade; 72% preferem sala, cozinha e área de serviço maiores; e uma quantidade
significativa acha a unidade abafada e quente (termo referido na pesquisa). Mediante
esses dados norteou-se o zoneamento da U.H, distribuição das áreas de maneira a
atender a esses quesitos.
116

Figura 80 - Definição da área íntima

De um lado do eixo central definido, eixo esse que servirá como área de
circulação, disposta de forma que dispenda o mínimo possível de área na U.H, optou-
se por colocar a área íntima (lado esquerdo), ou seja, a área dos quartos com o
suporte do banheiro (Figura 80). No que se refere ao banheiro das U.H tipo casa,
térreas e geminadas, com exceção das unidades nos extremos desse conjunto,
tiveram o pé-direito elevado para a ventilação por exaustão, de modo que a
volumetria final do conjunto de casas tivesse mais movimentos na composição das
fachadas.
Percebe-se que, ambos os quartos têm contato visual para a área externa do
edifício, ou seja, para a área do recuo destinada a área verde. Isso representa um
ganho visual a partir do próprio espaço privado na unidade. Portanto, o verde está na
parte mais próxima possível do usuário, o mesmo tem contato com a natureza,
possibilidade de melhor qualidade de ar e paisagem em qualquer lugar de toda a
proposta no terreno escolhido. Detalhes do tipo, atentam para a melhoria da
habitação, a princípio, priorizando o bem estar do morador no seu espaço de maior
permanência, a própria unidade habitacional.
Na sequência, foi definida a área comum (sala, cozinha e área de serviço) de
maneira que sejam a maior parcela da unidade de acordo com a preferência dos
usuários do dia a dia (segundo o trabalho de referência mencionado). Uma sala
ampla conectada diretamente á cozinha e esta à área de serviço de modo que esse
117

conjunto forme um ambiente contínuo, onde algumas estratégias, como cozinha


americana, paredes sem porta, poderiam criar uma impressão de área maior. Segue
Fig. 81 mostrando a área comum na divisão da U.H.

Figura 81 - Área comum

Como se pode notar, a área da sala ocupa a maior parte da unidade


habitacional, ultrapassando o eixo inicialmente definido, pois a circulação,
naturalmente, se dá por dentro da sala. A cozinha e a área de serviço ocupam
aproximadamente a mesma porcentagem que a área do quarto e também matem
contato com a área externa.
O último trecho das definições de áreas vem agregar valor a todas as outras
áreas, isso porque se trata da área verde reservada para fazer como que parte
interna do cômodo. Pois, pela sua localização, central, estabelecendo contato direto
com as áreas de maior uso na unidade, áreas de convívio (sala e cozinha) cria um
ambiente único e amplo. O que, por sua vez, possibilita um microclima na unidade,
mais ventilado, melhor iluminado, com maior conforto térmico e visual, podendo
contribuir na qualidade de vida de seus usuários.
Essa mesma área verde pode ter outra utilidade, a de proporcionar a
possibilidade de ampliação da casa (Figura 82). Caso aumente o número de
agregados da família poder-se-á fazer um quarto no lugar do jardim de maneira que
não venham a cair em uma das condições do déficit habitacional, adensamento
excessivo na H.U. Outras possibilidades como ampliação da área comum (em caso
118

de ainda ser considerado pequeno), um quintal da casa, escritório, sala de estudo, ou


ainda uma loja gerando renda para a família (atividade comum no entorno), conforme
a necessidade dos usuários, diversidade de usos – moradia adequada.

Figura 82 - Jardim / Área para ampliação

Essa é a distribuição final das áreas da unidade do tipo casa (Figura 82), a
qual apresenta outra vantagem como, por exemplo, a possibilidade de duas frentes
na residência, ou seja, ter acesso direto à sala de estar através da rua conforme
pode ser observado na planta baixa das unidades do tipo casa (Fig.83).
119

Figura 83 - Distribuição das Unidades do tipo Casa


120
121
122

No que tange aos setores de comércio e serviço optou-se inicialmente por


manter o alinhamento com as unidades habitacionais, desde que mantenha a maior
dimensão possível para o pátio multiuso que se localiza entre estes. Assim, mantem-
se uma continuidade visual e de espaço mais harmônico e cria a sensação de ser
tudo um só e para todos, apesar da separação nos termos “pátio central e pátio
multiuso “ usados a título de explicação (Fig. 84).

Figura 84 - setor recreativo

Então, iniciou-se o zoneamento para a definição dos ambientes de modo que


atendesse ao programa de necessidades estipulado e desse suporte às atividades no
pátio. Para o setor de comércio pensou-se nas atividades que demandariam de
espaços maiores e que estariam susceptíveis a maior circulação de pessoas e
artigos alimentares. Sendo assim, as atividades como mercado, feira livre e
lanchonete ficariam no setor comercial distribuídas de modo a possibilitar a
ampliação de suas atividades para o pátio multiuso caso haja necessidade. Por ser
uma área de feira, mercado e lanchonete teve-se a preocupação com os odores
123

típicos desses espaços, logo, precisaria tirar partido de uma boa ventilação e manter
espaços com vãos grandes e o máximo de aberturas possível, mas sombreadas.
Então, foi pensando no meio de possibilitar uma troca constante e
considerável do ar colocando esses ambientes nas partes que recebessem de frente
o vento predominante e que fosse evacuado o mau cheiro de forma eficiente e que
não atrapalhasse atividades desenvolvidas em outros compartimentos. .

Figura 85 - zoneamento dos setores comércio e de serviço

No setor de serviços teve-se a preocupação de sombrear a área de lojas e


sala de reuniões, mas permitir o fluxo de vento uma vez que fica na posição um
pouco desprivilegiada em relação aos outros compartimentos. Para isso fez-se uso
de parede em cobogó afastado da parede de vitrines permitindo a passagem do
corredor, bloqueando a radiação solar e possibilitando a ventilação (Fig. 86). Ver
pranchas 05/06 e 06/06.
124

Figura 86 - setor comercial


125

Figura 87 - setor de serviço

Teve-se a preocupação de manter a continuidade visual a partir dos ambientes


internos para o pátio multiuso, assim como a utilização de telhas termoacústicas e
cobogós na cobertura, além de áreas verdes no entorno. Ver pranchas.
126

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante o percurso deste trabalho, sucedeu uma progressiva construção do


entendimento a respeito de habitação de interesse social, do conceito de moradia
adequada, das entidades que estão envolvidas nessa grande esfera da gestão
urbana que, segundo se pôde observar, é apenas uma parte específica de todo um
sistema que luta para defender os vários direitos que cada pessoa tem, dentre as
quais, entra o conceito abordado neste exercício, moradia adequada.
Apesar de ser um direito defendido pela legislação nacional e internacional,
ainda enfrenta diversos desafios tanto nos setores públicos como privados devido
aos fortes e particulares interesses como foi visto neste trabalho na opinião de Nabil
Bonduki e Raquel Rolnik. Situação esta que impede que, em muitos casos, se
produza habitação de interesse social que atenda, de fato, às diversas necessidades
(intimamente interligadas) das pessoas, segundo a definição de moradia adequada.
O conhecimento adquirido desse conceito norteou todo o projeto, observando
questões de cunho social, de natureza diferente dos detalhes técnicos, que se
revelaram importantes e marcam esse tempo de aprendizado. Se não for o tempo,
provavelmente, poderá ser o sistema que, mais uma vez, dependente de várias
partes da sociedade, impede que se tenham resultados mais satisfatórios atendendo
às verdadeiras necessidades de habitação.
Objetivando atender ao que o conceito prioriza, o direito de habitação de cada
indivíduo, que neste trabalho se buscou e acredita-se ter entendido, isto é, moradia
adequada. Propôs-se um anteprojeto arquitetônico que visa os principais aspectos
abordados no conceito, das condições que devem acompanhar a habitação de forma
que o indivíduo seja atendido nas suas necessidades básicas, fundamentais, e não
apenas a habitação em si.
Para isto, durante o trabalho, desde um breve conhecimento da referida
legislação internacional, vindo para a nacional, especificamente na região de
intervenção, passando por análises no nível de bairro, depois o terreno e seu
entorno, culminando na unidade habitacional. Na qual teve-se a preocupação de
manter o foco da proposta no usuário (morador e vizinhança) tratando dessa
importância, de modo que foi pensado e convergido o desfecho deste trabalho no
morador. Para este até se pensou no seu espaço mais íntimo (quarto), atendendo-lhe
127

a pelo menos um de seus diversos direitos defendidos em documentos voltados a


garantir o direito à moradia adequada a todos. Assim, na proposta do anteprojeto
procurou se atender à demanda comercial observada na região, sendo a atividade
predominante depois da habitacional, obviamente. Por isso propôs-se espaços
cobertos e descobertos que auxiliam nessas atividades possibilitando diferentes
níveis de concentração de pessoas para a realização das atividades comerciais e
não só. Com este entendimento algumas áreas como a quadra poliesportiva foi
pensada como área alternativa ou de ampliação para atividades de diferentes
dimensões. Não apenas as atividades comerciais são atendidas nesse espaço,
vários outros fins podem acontecer nestes espaços indo de diferentes prestações de
serviços a atividades de recreativas. Este último, conta com toda a extensão inter
unidades habitacionais para atrair tanto os moradores das unidades habitacionais
como a vizinhança, disponibilizando diversos equipamentos para atividades física e
mental. Acredita-se que, neste exercício, a reflexão do conceito de moradia
adequada e seus alvos foram compreendidos, apesar de neste trabalho não se ter
trabalhado com um público alvo específico conhecendo suas demandas específicas,
cujo conhecimento viria à tona através de aplicação de questionários. Este trabalho
fala da moradia adequada no sentido a que é abordado nos documentos
internacionais, onde é essencialmente aliada a outros direitos igualmente
necessários. Ainda, no que se refere ao termo moradia adequada, é variável a sua
definição dependendo da realidade a que se trata. Uma família de baixa renda na
Alemanha não estaria nas mesmas condições de uma família de baixa renda
brasileira. Por isso, é importante frisar que o conceito em si é dependente do quadro
a que se refere, quer a nível de comparação entre países, regiões, sociedades e
grupos. No demais, o objetivo de entender mais a respeito da região de intervenção e
sua população como os beneficiados com a proposta, acredita-se ter chegado a uma
proposta arquitetônica satisfatória.
128

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131

https://teoriacritica13ufu.wordpress.com/2010/12/17/descontaminacao-sustentavel-dos-
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STEPHAN, Ítalo. “A Genialidade e o Atraso”, 2013. Disponível em:
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VITRUVIUS. Habitação de Interesse Social (HIS) como instrumento de construção da cidade


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VITRUVIUS. O pátio no brasil: da casa moderna à contemporânea. 16/06/2015. Disponível
em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/16.181/5560>, acesso em
19/08/2015.
132

ANEXOS

Calçada e vias sombreadas no entorno das Unidades Habitacionais

Faixa elevada, acesso por entre as unidades habitacionais


133

Caramanchão localizado no cruzamento dos acessos ao pátio central

Estacionamentos e Unidades habitacionais do tipo apartamento


134

Playground

Faixa elevada, acesso para o pátio multi-uso


135

Academia a céu aberto

Skate Parque
136

Pátio multi-uso com vista para área habitacional

Pátio multi-uso com vista para área recreativa


137

Pátio e quadra poliesportiva usadas conjuntamente para atividades de maior porte (Feira livre)

Pátio e quadra poliesportiva usadas conjuntamente para atividades de maior porte (Apresentações)

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