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OSTENSIVO GUIA DE ESTUDO

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO AO LINUX

1.1 - HISTÓRICO E CARACTERÍSTICAS DO LINUX

Em 1965, os laboratórios Bell da AT&T, juntamente com a companhia General


Electric e o projeto MAC do MIT (Massachusetts Institute of Technology),
somaram esforços para desenvolver um novo sistema operacional chamado
MULTICS. Como o MULTICS não atingiu os seus propósitos, os Laboratórios Bell
saíram do projeto. Ken Thompson, cientista da AT&T e ex-membro do grupo
MULTICS, começou então a desenvolver um novo sistema, aproveitando a
experiência ganha. O novo sistema, inicialmente escrito em assembly num
computador PDP-7, foi batizado de UNIX.

O uso do UNIX dentro da AT&T cresceu tanto que foi criado um grupo de suporte
interno ao sistema. Nessa época, a AT&T não comercializava o sistema, mas
fornecia cópias do código-fonte às universidades, para fins educacionais. Entre 1977
e 1982, os Laboratórios Bell combinaram várias versões do UNIX AT&T (Thompson)
em um único sistema chamado UNIX System III. Este sistema evoluiu até chegar ao
System V, para o qual a AT&T comprometeu-se a dar suporte em 1983.

Em 1991, Linus Torvalds era aluno de ciência da computação na universidade de


Helsique na Finlândia. Ele queria um sistema operacional para seu computador
pessoal 286 que fosse como o UNIX do qual ele tinha se tornado admirador na
Universidade. Como um aluno de ciência de computação, ele também quis
conhecer o software internamente para ver como ele funcionava. Era impossível
fazer isso com o sistema proprietário e de código-fonte fechado, que vinha em seu
PC. Torvalds se prontificou a escrever um sistema operacional sozinho. Seis meses
mais tarde ele publicou seu trabalho na internet para qualquer pessoa que estivesse
interessado no que ele trabalho que ele estava fazendo. Escrever um sistema
operacional não é uma tarefa muito pequena. Mesmo depois de seis meses de
muito trabalho, Torvalds tinha feito pouco progresso no que diz respeito a utilidade
geral do sistema. Ainda assim, havia pessoas suficientes na internet que
compartilhavam seu interesse e curiosidade. Depois de algum tempo, algumas das
mentes mais brilhantes no mundo estavam contribuindo para o projeto do Linus,
adicionando aprimoramentos ou corrigindo bugs. Torvalds referia-se originalmente
seu projeto como Freax (maluco, em inglês) mas mais tarde o mudou para LINUX.
O UNIX foi a inspiração para Linus Torvalds, que iniciou o projeto de um kernel
baseado no minix, um pequeno sistema UNIX desenvolvido por Andrew
Tannenbaum. O objetivo era criar "um minix melhor que o minix", conforme a
própria definição do autor. No dia 5 de outubro de 1991, Linus Torvalds anunciou a
primeira versão oficial deste kernel, que passou a ser chamado de Linux.

Hoje é mantido por uma comunidade mundial de desenvolvedores (que inclui


programadores individuais e empresas como a IBM, a HP e a Hitachi), coordenada
pelo mesmo Linus, agora um desenvolvedor reconhecido mundialmente e mais
representativo integrante da Linux Foundation

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Como principais características do Linux, pode-se citar:


 Multitarefa
 multiusuário
 Portado para várias arquiteturas de hardware
 Utiliza os conceitos de software livre
 Pode ser usado em uma estação de trabalho ou em um servidor
 Baseado no padrão POSIX (um conjunto de padrões para interface de sistemas
operacionais)

Graças a sua característica livre e aberta, o software livre (em particular o Linux) tem
conquistado muito espaço junto a governos, empresas e entidades sociais. Além da
economia com licenciamento, o software livre proporciona independência e
compartilhamento de conhecimento, estando hoje presente em todos os
segmentos da computação, desde sistemas embarcados até
supercomputadores.

1.2 - FILOSOFIA DO SOFTWARE LIVRE

O termo software livre (em inglês, free software) pode gerar alguma confusão,
pois a palavra free tanto pode ter o sentido de gratuidade quanto o sentido de
liberdade. Contudo, software livre refere-se à liberdade dos usuários em executar,
copiar, distribuir, estudar, modificar e melhorar o programa. Mais precisamente,
este termo refere-se a quatro tipos de liberdade, para os usuários do software livre:

 Liberdade 0: a liberdade para executar o programa, com qualquer propósito.


 Liberdade 1: a liberdade para estudar como o programa funciona e
adaptá-lo às suas necessidades. O acesso ao código-fonte é um pré-
requisito para que isto possa acontecer.
 Liberdade 2: a liberdade para redistribuir cópias do programa, para que se
possa ajudar os amigos, conhecidos, parentes, etc.
 Liberdade 3: a liberdade para melhorar o programa, e distribuir suas
melhorias para o público em geral, de maneira que toda a comunidade
possa se beneficiar disto. O acesso ao código-fonte é um pré-requisito para
que isto aconteça.

Um programa é software livre se os usuários tem todas essas liberdades. Portanto,


você deve ser livre para redistribuir cópias, seja com ou sem modificações, seja de
graça ou cobrando uma taxa pela distribuição, para qualquer um em qualquer lugar.
Ser livre para fazer essas coisas significa (entre outras coisas) que você não tem
que pedir ou pagar pela permissão, uma vez que esteja de posse do programa.
Você deve também ter a liberdade de fazer modificações e usá-las privativamente no
seu trabalho ou lazer, sem nem mesmo mencionar que elas existem. Se você
publicar as modificações, você não deve ser obrigado a avisar a ninguém em
particular, ou de nenhum modo em especial.
A liberdade de utilizar um programa significa a liberdade para qualquer tipo de
pessoa física ou jurídica utilizar o software em qualquer tipo de sistema
computacional, para qualquer tipo de trabalho ou atividade, sem que seja necessário
comunicar ao desenvolvedor ou a qualquer outra entidade em especial.

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A liberdade de redistribuir cópias deve incluir formas binárias ou executáveis do


programa, assim como o código-fonte, tanto para as versões originais quanto para
as modificadas. De modo que a liberdade de fazer modificações, e de publicar
versões aperfeiçoadas, tenha algum significado, deve-se ter acesso ao código-fonte
do programa. Portanto, acesso ao código-fonte é uma condição necessária ao
software livre.
Para que essas liberdades sejam reais, elas tem que ser irrevogáveis desde que
você não faça nada errado; caso o desenvolvedor do software tenha o poder de
revogar a licença, mesmo que você não tenha dado motivo, o software não é livre.

Não há problema algum em cobrar para distribuir software livre, desde que o
usuário tenha sempre liberdade para copiá-lo e modificá-lo sem solicitar permissão
para qualquer pessoa que seja. Apesar disso, podem existir regras restritivas,
desde que estas não entrem em conflito com as quatro liberdades centrais. O
copyleft, por exemplo, é uma destas regras, e garante que as liberdades sempre
existam.

Copyleft é uma extensão das 4 liberdades básicas, e ocorre na forma de uma


obrigação. Segundo o site da Free Software Foundation, “O copyleft diz que
qualquer um que distribui o software, com ou sem modificações, tem que passar
adiante a liberdade de copiar e modificar novamente o programa. O copyleft garante
que todos os usuários tem liberdade.” – ou seja: se você recebeu um software com
uma licença livre que inclua cláusulas de copyleft, e se optar por redistribui-lo
(modificado ou não), terá que mantê-lo com a mesma licença com que o recebeu.
Nem todas as licenças de software livre incluem a característica de copyleft. A
licença GNU GPL (adotada pelo kernel Linux) é o maior exemplo de uma licença
copyleft. Outras licenças livres, como a licença BSD ou a licença ASL (Apache
Software License) não incluem a característica de copyleft.

O copyleft é um copyright que, em seus termos de distribuição, garante que


qualquer usuário tenha direito de copiar, modificar e redistribuir o código de um
programa, ou qualquer trabalho derivado do mesmo, mas apenas se estes termos
de distribuição não forem modificados. Em outras palavras, pode-se dizer que o
copyleft é exatamente o oposto do copyright, no sentido de visualização,
distribuição e modificação do código-fonte dos programas.

1.3 - LICENÇAS DE SOFTWARE LIVRE

As licenças foram criadas com o intuito de garantir a manutenção das


características do software livre. A licença mais difundida é a Licença Pública
Geral (ou General Public License - GPL), utilizada pelo projeto GNU
(http://www.gnu.org). Ela define os termos de distribuição utilizando o conceito do
copyleft. A GPL regulamenta as liberdades centrais, definindo as condições para
cópia, distribuição e modificação dos programas. Embora qualquer pessoa possa
modificar uma cópia do programa, é obrigatório que:

 Exista um aviso destacado, em cada arquivo modificado, de que os dados


originais foram alterados.

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 Exista um aviso de que o trabalho distribuído ou publicado deriva


totalmente ou em parte do programa original.
 Caso o programa seja executado de forma interativa, no início de sua
execução devem ser apresentadas informações de copyright e de ausência
de garantias (ou de que a garantia corre por conta de terceiros).
 Em qualquer caso, a licença não poderá ser modificada e o usuário sempre
deverá ter acesso à mesma, na íntegra. É importante salientar que não há
garantias para software livre, pois caso o programa seja modificado por
alguém e redistribuído, não refletirá mais o trabalho original do autor.

Existem muitas outras licenças de softwares, podendo ou não ser compatíveis com a
GPL. No site http://www.gnu.org/licenses/license-list.pt.html é possível visualizar
uma lista destas licenças, divididas em categorias, de acordo com a compatibilidade
que possuem com a GPL. Através deste site é possível também verificar quais
licenças se qualificam como licenças de software livre, e porque algumas licenças
não podem ser qualificadas como tal.

As licenças de documentação foram criadas com o intuito de garantir que um


manual, texto ou documento fique disponível para cópia ou redistribuição, com ou
sem modificações, comercialmente ou não. A Licença de Documentação Livre GNU
(GFDL) é uma licença de documentação, que mantém para o autor e editor uma
forma de ter crédito por seu trabalho, sem ser considerado responsável pelas
modificações feitas por terceiros.

1.4 - DISTRIBUIÇÕES LINUX

O Linux em si não passa do kernel (responsável, entre outras coisas, pela camada de
gerenciamento do hardware). O que faz do Linux uma ferramenta útil para um
administrador do sistema ou usuário, é o conjunto de programas que são
executados junto com o kernel, e é a comunidade de software livre que, muito
antes do Linux surgir, vem criando versões livres de todos os utilitários do mundo
UNIX e de outros programas maiores, como servidores Web, editores de
imagens, interfaces gráficas, etc. Uma coleção destes utilitários, trabalhando em
conjunto com o kernel, é o que chamamos de Distribuição Linux.
Cada distribuição possui suas peculiaridades. Uma breve descrição de algumas delas
será vista na sequência.
Atualmente existem centenas de distribuições, algumas mais famosas que outras.
Em sua maioria, as distribuições GNU/Linux são mantidas por grandes comunidades
de colaboradores, entretanto, há outras que são mantidas por empresas. Dessa
forma, podemos dividir as “distros”, abreviação bastante utilizada na comunidade e
que se refere às distribuições, em duas categorias básicas:

 Distribuições Livres de Custos


Mantidas por comunidades de colaboradores sem fins lucrativos.
Exemplos são: Debian, Slackware, Gentoo, Knoppix e CentOS, entre outras.

 Distribuições Corporativas
Mantidas por empresas que vendem o suporte ao seu sistema. Exemplos: RedHat,
Ubuntu, Suse e Mandriva.

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É a liberdade do software, garantida pela licença GPL, que perpetua o respeito dos
direitos definidos pela FSF. Isso porque, pela definição de Software Livre, nunca, em
hipótese alguma, é permitido que o código fonte seja negado ao cliente, ao receptor
do Software. Assim, por mais que uma empresa queira cobrar por suas versões do
sistema GNU/Linux, enquanto ela estiver utilizando softwares licenciados sob a
licença GPL, ela será obrigada a distribuir o código fonte dos programas.

Slackware

Em 1993, um rapaz chamado Patrick Volkerding, juntou o kernel e vários outros


aplicativos em uma distribuição chamada Slackware, que foi a primeira a ser
distribuída em CD. A partir desse ponto, foram surgindo diversas outras distribuições
que de alguma forma diferiam da filosofia do Slackware: como Debian ou RedHat.

Debian

A distribuição Debian começou em 1993, com a proposta de manter uma


distribuição o mais livre possível - é a maior distribuição de Linux não associada a
uma empresa. Por este motivo, é uma das distribuições mais utilizadas no meio
académico. Ela utiliza o formato DEB, e disponibiliza um enorme número de
programas para seus usuários.

Red Hat

O RedHat Linux surgiu em 1994 e foi a distribuição responsável por introduzir o


formato de pacotes RPM (RPM Package Manager), que foi depois utilizado em várias
outras distribuições. A empresa patrocina o projeto Fedora, o Red Hat Enterprise
Linux é uma distro para uso corporativo e que utiliza tecnologias do projeto . è
inteiramente composto de software livre e de código aberto, permitindo que
diferentes grupos utilizem seu codigo-fonte para construir sua versões do
sistema gerando distro como CentOS e OracleLinux.

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SUSE / OpenSUSE

O SuSe Linux surgiu em 1992 e foi focado no mercado europeu. Em meados de


2003, a empresa foi comprada pela Novell, continuando a manter desenvolvedores
no aprimoramento de seu sistema. Em especial, a empresa foi responsável por
grande parte da adaptação do Linux para processadores SPARC. Em 2005 foi
lançado o projeto openSUSE, que tem como objetivo possibilitar que qualquer pessoa
possa colaborar com o sistema de diversas maneiras, como por exemplo reportando
falhas encontradas. Em 2011 a empresa Attachamte anuncia a compra da Novell.

Ubuntu

Ubuntu (2004) é um sistema operacional baseado no Debian e mantido pela


Canonical Ltd. É um sistema de facil interação com o usuaario bastante difundido
para uso em desktops. Ubuntu tambem derivou outras distro, como o Kubuntu
(Ubuntu utilizando o ambiente gráfico KDE) e o Xubuntu (com o ambiente XFCE)

Oracle Linux

Oracle Linux , anteriormente conhecido como Oracle Enterprise Linux, é uma


distribuição Linux baseada no Red Hat Enterprise Linux ( RHEL ) , reembalado e
distribuído gratuitamente pela Oracle , disponível sob a GNU General Public License
(GPL) desde o final de 2006.

Mandriva

A Mandriva, anteriormente Mandrakesoft, surgiu na internet em 1998, com o


objetivo de fornecer uma distribuição Linux amigável ao usuário final. Em 7 de abril
de 2005 a Mandrakesoft mudou o seu nome para Mandriva para refletir a fusão com
a empresa Conectiva (1995) , com sede no Brasil. Seu produto principal, o Mandrake
Linux, tornou-se o Mandriva Linux. Deu origem a distro PCLinuxOS e Mageia

Fedora

Sistema operacional desenvido pela comunidade através do Fedora Project e


patrocinado pela Red Hat. Caracacteriza-se por sua flexibilidade, distribuição de
software apenas sob licenças libres ou de código aberto e a rápida adoção de
novas tecnologias. O desenvolvimento do Fedora dá preferencia ao trabalho
upstream (diretamente com os desenvolvedores de software) em vez de manter
alterações exclusivas, o que permite que melhorias sejam prontamente acessíveis
por todas as outras distribuições.

Dentro do conjunto de Distribuições, podemos dividí-las novamente em duas outras


categorias:

 Distribuições Convencionais
São distribuídas da forma tradicional, ou seja, uma ou mais mídias que são utilizadas
para instalar o sistema no disco rígido;

 Distribuições Live
São distribuídas em mídias com o intuito de rodarem a partir delas, sem a
necessidade de serem instaladas no HD. As distribuições “Live” ficaram famosas
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pois têm a intenção de fornecer um sistema GNU/Linux totalmente funcional, de


forma fácil e sem colocar em risco o sistema operacional original da máquina. O fator
que favoreceu essa abordagem é que, em uma distribuição “Live” praticamente
todos os componentes já vêm configurados, funcionando e com interfaces
agradáveis aos usuários finais. Exemplos desse tipo de distribuição são o “Knoppix”,
"Ubuntu" entre outras.

Para entender um pouco mais sobre distribuições, é necessário lembrar de mais


duas características:

Distribuições From Scratch


São desenvolvidas do zero, ou seja, utilizam um kernel Linux, alguns programas
GNU e a grande maioria das suas particularidades é desenvolvida especificamente
para ela. Exemplos: Debian, RedHat, Gentoo, Slackware

Distribuições Provenientes (Baseadas)


Aproveitam ferramentas e bases já desenvolvidas por outras distribuições.
Distribuições baseadas usam distribuições "From Scratch"para alcançar seus
objetivos mais rápido, dando maior atenção ao propósito da distribuição. Exemplos:
Ubuntu, DreamLinux, Kubuntu, Slax e Linux Mint

1.5 - OUTROS CONCEITOS RELACIONADOS AO SOFTWARE LIVRE

Os conceitos utilizados no mundo do software livre são muitos. O objetivo desta


seção é apenas oferecer um resumo de alguns destes conceitos, para que você
possa compreender a filosofia e alguns conceitos técnicos do Linux antes de iniciar
sua utilização.

A Free Software Foundation

Fundada por Richard Stallman, organiza e custeia o movimento GNU (acrónimo


para Gnu is Not Unix). Através do movimento GNU, o conceito de copyleft e a GPL
foram discutidos, criados e aprimorados, bem como é feito o desenvolvimento e a
disseminação do software livre.

O Movimento Open Source

Sumarizado no documento A Catedral e o Bazar, de Eric Raymond, o movimento


open source (ou código aberto) possui objetivos semelhantes ao movimento GNU,
porém com menos radicalismo. Os defensores do movimento são mais tolerantes no
que diz respeito a softwares comerciais.

Software livre X Código aberto


Em 1998, um grupo de personalidades da comunidade e do mercado que gravita em
torno do software livre, insatisfeitos com a postura filosófica do movimento existente
e acreditando que a condenação do uso de software proprietário é um instrumento
que retarda, ao invés de acelerar, a adoção e o apoio ao software livre no ambiente
corporativo, criou a Open Source Initiative, que adota o termo Open Source (Código
Aberto) para se referir aos softwares livres, e tem uma postura voltada ao
pragmatismo visando à adoção do software de código aberto como uma solução
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viável, com menos viés ideológico que a Free Software Foundation.


Ao contrário do que muitos pensam, Código Aberto não quer dizer simplesmente ter
acesso ao código-fonte dos softwares (e não necessariamente acompanhado das “4
liberdades” do software livre). Para uma licença ou software ser considerado como
Código Aberto pela Open Source Initiative, eles devem atender aos 10 critérios da
Definição de Código Aberto, que incluem itens como Livre Redistribuição, Permissão
de Trabalhos Derivados, Não Discriminação, Distribuição da Licença e outros.
De modo geral, as licenças que atendem à já mencionada Definição de Software
Livre (da Free Software Foundation) também atendem à Definição de Código Aberto
(da Open Source Initiative), e assim pode-se dizer (na ampla maioria dos casos, ao
menos) que se um determinado software é livre, ele também é de código aberto, e
vice-versa. A diferença prática entre as duas entidades está em seus objetivos,
filosofia e modo de agir, e não nos softwares ou licenças.
Segundo a Free Software Foundation, em sua página sobre o assunto: O movimento
Free Software e o movimento Open Source são como dois campos políticos dentro
da comunidade de software livre.
Grupos radicais na década de 1960 desenvolveram uma reputação de facções:
organizações que se dividem devido a discordâncias em detalhes das estratégias, e
aí se tratavam mutuamente como inimigas. Ou ao menos esta é a imagem que as
pessoas têm delas, seja ou não verdadeira.
O relacionamento entre o movimento Free Software e o movimento Open Source é
justamente o oposto deste. Nós discordamos nos princípios básicos, mas
concordamos (mais ou menos) nas recomendações práticas. Assim nós podemos e
de fato trabalhamos juntos em diversos projetos específicos. Nós não vemos o
movimento Open Source como um inimigo. O inimigo é o software proprietário.

FHS e LSB

Após a criação das distribuições, verificou-se a necessidade de uma padronização


geral. O FHS (Filesystem Hierarchy Standard), direcionado especialmente para
desenvolvedores, foi criado com o intuito de promover uma padronização de
diretórios e de seus conteúdos. Com isso, é possível predizer a localização de
qualquer arquivo, em qualquer distribuição que esteja em conformidade com o
padrão.

O padrão LSB (Linux Standard Base) fornece uma padronização mais ampla. Ele
abrange, além do FHS, padrões de nomenclatura de bibliotecas, de formato e
instalação de programas, dentre vários outros detalhes. Além disso, ele descreve o
detalhamento específico para cada tipo de arquitetura.

Usuários e Grupos

O Linux é um sistema operacional com um mecanismo de segurança


multiusuário. Em outras palavras, cada usuário tem sua área de disco privada,
seus privilégios e limitações. Para utilizar o sistema, o usuário precisa identificar-se
através de um nome de usuário (login) e uma senha (um processo que chamamos
de autenticação). A autenticação é necessária para garantir a integridade do
trabalho de cada usuário, impedindo que este altere o trabalho de outro usuário. O
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conjunto do login e senha ("chave de entrada") é o que chamamos de conta do


sistema. Com ela, uma pessoa consegue acesso a uma máquina Linux.

Cada usuário do sistema recebe uma conta. Essa conta tem privilégios limitados,
garantindo a privacidade dos múltiplos usuários e a segurança do sistema.
Mesmo em sistemas onde o computador é acessado por uma única pessoa, é
importantíssimo que esta utilize uma conta de usuário comum. A principal razão
disso é a segurança proporcionada: na eventualidade do usuário executar algum
programa mal-intencionado ou executar alguma ação indevida (como apagar um
diretório erroneamente), as consequências serão bastante limitadas.

Cada usuário possui uma identificação dentro do sistema. Esta identificação é um


número, chamado UID (User Identification). Não podem existir UIDs repetidos.

O principal usuário de um sistema Linux é o superusuário ou root. É através da conta


de root que é feita toda a administração do sistema. De uma forma genérica, o root
tem permissão para fazer qualquer coisa no sistema.

Os usuários ainda são separados por grupos, o que permite uma maior flexibilidade
na definição de privilégios. É possível, por exemplo, permitir que apenas
determinado grupo de usuários tenha acesso a um determinado recurso.

Modo Texto e Modo Gráfico

É possível utilizar um sistema Linux de dois modos: através do modo texto ou do


modo gráfico. No modo texto, o usuário primeiramente digita sua conta para acessar
sua área, e em seguida, interage com o sistema através de um interpretador de
comandos (ou shell), onde é possível digitar comandos e ações, para que o shell
as interprete e, caso estejam corretas, as envie para o sistema operacional executá-
las.

No caso do modo gráfico, o ambiente é "desvinculado" do sistema operacional. Em


outras palavras, existem uma série de programas que, juntos, provêm a
funcionalidade necessária para que se trabalhe em ambiente gráfico. Os principais
componentes serão listados a seguir, fornecendo uma introdução para a estrutura
de um ambiente gráfico em um sistema Linux.

X Window System

Também chamado de Sistema de Janelas X, é o coração do modo gráfico, sendo


responsável por gerenciar o hardware (mouse, teclado, adaptador de vídeo,
monitor, etc) e prover uma API gráfica para ser utilizada por outros programas.

É importante notar, portanto, que a responsabilidade pelo ambiente gráfico em um


sistema Linux não é do kernel, e sim do X Window. Ele é quem faz o processamento
de aplicações gráficas locais ou pela rede, utilizando-se do protocolo X e de um
relacionamento cliente/servidor.

O Xfree86 é um porte do X Window, para o acesso ao modo gráfico. Ele implementa


tanto o lado servidor como o lado cliente, e é ele que provê bibliotecas, utilitários de
configuração, funções de desenho de elementos gráficos e drívers para a interação
com a placa de vídeo. O XFree86 tem uma arquitetura modular e tem sido
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amplamente estendido nos últimos anos. Seu protocolo de comunicação permite


que aplicações sejam executadas remotamente de maneira transparente e
eficiente, e a arquitetura DRI (Direct Rendering Interface) permite aceleração 3D via
hardware.

O projeto XFree86 fez mudanças no licenciamento da distribuição de seu código -


fonte, e a consequência principal foi a criação de um novo projeto: o X.org, que já foi
adotado por quase todas as distribuições.

O princípio do desenvolvimento do X Window é praticamente o mesmo, o que


mudou foi a forma de licenciamento da distribuição do X Window.
Gerenciador de janelas

Embora o Xfree86 e o X.org façam o desenho que lhes é solicitado na tela, eles não
são capazes de criar um ambiente gráfico, nem de gerenciar as janelas dos
aplicativos do ambiente. Esta interação final do sistema X Window com o usuário se
dá através de programas chamados gerenciadores de janelas, que fornecem a
"aparência" de um ambiente gráfico. O gerenciador de janelas é o software
responsável pelo gerenciamento das janelas utilizadas por programas gráficos.
Operações de janelas como "mover", "maximizar" e "fechar" são todas de sua
responsabilidade.

Ambientes Gráficos Integrados (desktops)

Projetos como o KDE e o Gnome provêm o que chamamos de "ambientes desktop". A


ideia desses projetos não é só de prover um gerenciador de janelas, mas sim um
ambiente completo com um conjunto de programas padrão que estejam
amplamente integrados, com o mesmo visual e funcionalidades compartilhadas. Por
apresentarem muito mais recursos que um simples gerenciador de janelas, esses
ambientes em geral consomem mais recursos da máquina (CPU/memória).

O Gnome é o ambiente padrão no SUSE Linux (por apresentar mais recursos e um


grande número de programas), mas cada usuário é livre para escolher o ambiente
de sua preferência.

Terminal Virtual

O GNU/Linux faz uso de sua característica multi-usuário, ou seja, suporta vários


usuários conectados ao mesmo tempo, usando os “terminais virtuais”.
Um terminal virtual é uma segunda seção de trabalho completamente independente
de outras e que pode ser acessado no computador local ou remotamente, utilizando
os programas “telnet”, “rsh”, “rlogin”, “rdesktop”, “vnc”, “ssh”, etc. Nos dias de hoje, o
acesso remoto é muito importante. A qualquer distância que se esteja do cliente, é
possível atendê-lo.
No GNU/Linux é possível, em modo texto, acessar outros terminais virtuais,
segurando a tecla “ALT” e pressionando uma das teclas de F1 até F6. Cada tecla
temfunção correspondente a um número de terminal do 1 ao 6. Esse é o
comportamento padrão e, pode ser mudado. (o sétimo, por “default”, é usado pelo
ambiente gráfico - “Xorg”)
O GNU/Linux possui mais de 63 terminais virtuais, mas deles, apenas 6 estão
disponíveis, inicialmente por motivos de economia de memória “RAM”.

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1.6 – O SISTEMA OPERACIONAL

A estrutura do sistema

A figura demonstra como o Sistema Operacional GNU/Linux se organiza em “layers”


- camadas:

É importante entender cada uma dessas camadas para compreender o conjunto que
chamamos de “Sistema Operacional”.

Hardware - Dispositivos que estão disponíveis para o uso do sistema, tais como cd-
rom, placa de rede, controladora “SCSI” entre outros;

Kernel - O núcleo do sistema operacional, essa “layer” é quem faz todas as


interações com o hardware da máquina, interpretando requisições feitas pelas
camadas acima desta;

Sistema Operacional - Essa “layer” tem como função auxiliar e abrigar todos os
aplicativos das camadas superiores. Segundo Linus Torvalds essa “layer” não deve
ser notada pelo usuário final;

ttyN - Terminais Virtuais onde são executados os comandos e definidas as


configurações. As ”tty’s” interpretam os comandos dados por um humano e
convertem os mesmos para uma linguagem que a máquina entenda;

DM - A “layer” de “Display Manager” é responsável por gerenciar os “logins” –


validação de usuários - na interface gráfica e escolher o tipo de ambiente gráfico que
deve ser executado;

Desktop Environment - Mais conhecido como Ambiente de Trabalho, é


responsável por abrigar todos os programas que necessitam de um ambiente gráfico
para funcionar.

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