CASO CLÍNICO PACIENTE EM QUADRO APÓS INFECÇÃO POR COVID19
Às 8 horas da manhã chega à USF Beija Flor, Município de Uberaba, a
adolescente de 15 anos Ana Clara,.C.G. acompanhada de sua mãe Tania.G. à procura de atendimento médico. Foi, tendo sido recebida pela enfermeira Paula e pelaa acadêmica Adriana, que cursava o nono período de medicina. A mãe comenta que há alguns anos foi moradora do bairro e seus filhos foram tratados de processos alérgicos com muito sucesso pela médica local. Queria muito continuar com esse tratamento, mas no local para onde havia se mudado não havia (médico homeopata?). Hoje fica feliz em saber que a médica continua nesteaquele bairro, para onde acaba de retornar.havia retornado. Trouxe sua filha porque desde que ela apresentou COVID 19 há cerca de um mês atrás, vem apresentando muita dor na cabeça que não melhora com nada. Continua com perda de olfato e alteração do paladar. Ela se queixa de dificuldade para se concentrar, e diz que tem a sensação de uma certa confusão, como se a cabeça estivesse aérea e anda muito chorosa. Também diz o tempo todo que está cansada. A médica foi chamada pela acadêmica que sugeriu encaminhá-la ao neurologista, mas aquela pediu que aguardasse até que a anamnese fosse concluída. Assim que viu a paciente, lembrou-se da mãe e recordou que já a havia acompanhado há anos trás. Estava muito diferente, crescida. O ambiente foi amistoso e a médica fez algumas perguntas, mas disse que não estavam agendando Homeopatia durante a pandemia, embora estivesse utilizando esta terapêutica. A médica, mesmo na triagem, fez algumas perguntas, buscou identificar a experiência da adolescente com o seu acometimento, o que a fez chorar muito... a mãe comentou que estava muito sensível, chorosa e que melhorava quando acariciada. A adolescente disse que estava muito aborrecida com sua condição, que não melhorava e novamente chorava. Estava se sentindo muito fraca e cansada. Como o clima estava muito quente, disse que o calor piorava a sua dor e a sensação de fraqueza. Queria sempre sair de casa, respirar o ar. Sentia-se melhor. A médica pergunta sobre o olfato e a adolescente disse que não sentia nada desde a Covid, mas que o paladar era amargo. Ao ser perguntada sobre a relação com os alimentos, lembrou-se que não estava conseguindo mais comer frituras, sentia-se muito mal e a dor na cabeça piorava muito. Disse que nunca havia sentido aquela dor na cabeça, mas que comida gordurosa na verdade nunca lhe fez bem. Assim, sem muita disponibilidade para avançar na consulta, a médica disse que possuía elementos para prescrever Homeopatia. Fez a prescrição e solicitou retorno no dia seguinte. Adriana, sSua acadêmica, com o olhar atento e um pouco incrédulo questionou: mas tão rápido assim? Conversaram então sobre homeopatia...
PARA OS SUPERVISORES: PROBLEMATIZAÇÃO DO CASO CLÍNICO
Intencionalidade educacional: Homeopatia - possibilidades e limites no contexto da pandemia: acesso ao atendimento e ao medicamento). Diferentes formas de inserção na rede de cada município.
O homeopata pode fazer homeopatia dentro de um contexto SUS durante uma
pandemia? A Homeopatia por não estar sistematizada como possibilidade terapêutica no SUS, produz restrições a direitos de escolhas? Quando referenciar? Como seria a modalização dos sintomas patognomônicos? Como seria o tempo para avaliação de um quadro como esse?
6.1.1. ESPIRAL CONSTRUTIVISTA
A espiral construtivista (LIMA, 2017) apresenta elementos da aprendizagem baseada em problemas, da problematização, da metodologia científica, da aprendizagem significativa, e da abordagem dialógica. Por responder integralmente aos princípios educacionais estabelecidos para as iniciativas educacionais dos Projetos de Apoio ao SUS e por possibilitar tanto o processamento de situações-problema como de narrativas de prática, essa é a principal metodologia educacional utilizada no Curso GPRS. Os autores e especialistas do curso produziram as situações-problemas contextualizadas num cenário simulado da prática profissional. A partir da perspectiva dos participantes, relatos reflexivos das práticas reais do trabalho no contexto do SUS, sistematizados em narrativas da prática, são produzidos e igualmente processados. Os movimentos da espiral construtivista devem ser desencadeados por esses disparadores, Situações problemas SPs, que simulam ou retratam problemas da realidade. O processamento de cada disparador deve ser singularizado, conforme os saberes prévios e as necessidades de aprendizagem dos participantes. A representação do processo ensino-aprendizagem na forma de uma espiral traduz a relevância das diferentes etapas educacionais desse processo como movimentos articulados, que se retroalimentam (Figura 3). Figura 3. Espiral construtivista3 do processo de ensino-aprendizagem a partir da exploração de um disparador. 3 Traduzido e adaptado de Lima, V.V. Learning issues raised by students during PBL tutorials compared to curriculum objectives. Chicago, 2002 [Dissertação de Mestrado – University of Illinois at Chicago. Department of Health Education] Identificando problemas Formulando explicações Elaborando questões Construindo novos significados Buscando novas informações Avaliando o processo 34 PROJETOS DE APOIO AO SUS Movimento: Identificando problemas e formulando explicações A identificação de problemas, a partir de um estímulo educacional, deve promover que cada estudante explicite suas ideias, percepções, ssentimentos e valores prévios, trazendo à tona os fenômenos que já conhece. As explicações iniciais e a formulação de hipóteses permitem explorar as fronteiras de aprendizagem em relação a uma dada situação, possibilitando identificar as capacidades presentes e as necessidades de aprendizagem. O exercício de suposições, conjecturas e proposições favorece a expansão das fronteiras de aprendizagem e auxilia na elaboração das questões de aprendizagem que irão desafiar as fronteiras identificadas. Movimento: elaborando questões de aprendizagem As questões formuladas representam as necessidades de aprendizagem e orientam a busca de novas informações. A seleção e pactuação, no coletivo, das questões consideradas mais potentes4 e significativas para o atendimento destas necessidades e ampliação das capacidades de enfrentamento dos problemas identificados, trazem objetividade e foco para o estudo individual dos estudantes. Movimento: buscando novas informações A busca por novas informações deve ser realizada, individualmente, pelos estudantes. O acesso às bases remotas de dados deve ser estimulado, por meio de capacitações para a busca e análise crítica de informações. A análise da estratégica de busca utilizada pelos estudantes e o grau de confiabilidade das fontes e informações fazem parte do processo de ampliação da capacidade de aprender ao longo da vida. Movimento: construindo novos significados A construção de novos significados deve ser um produto do confronto entre os saberes prévios e as novas informações trazidas pelas pesquisas/buscas realizadas. A construção de novos sentidos não se restringe ao movimento de compartilhamento de novas informações. Ela ocorre durante todo o momento no qual uma interação produza uma descoberta ou revela uma perspectiva diferente das ideias que utilizamos com mais frequência. Todos os conteúdos compartilhados devem receber um tratamento de análise e crítica, devendo-se considerar as evidências apresentadas. Movimento: avaliando processo e produtos Outro movimento valorizado na espiral é a avaliação. A avaliação formativa deve ser realizada, verbalmente, ao final de cada atividade e assume um papel fundamental na melhoria do processo. Todos devem fazer a autoavaliação, incluindo seu processo individual de aprendizagem (metacognição). Também devem avaliar a atuação de seus pares e dos professores nas interações e produções de novos significados nesse processo. Para além do processo, os grupos devem analisar os produtos alcançados e decidir se há ou não necessidade de continuar o aprofundamento da produção de saberes. 4 Questões voltadas à compreensão, aplicação, análise, síntese ou avaliação implicam o estudo dos aspectos conceituais e os aprofundam.