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MULHER CIENTISTA Por Maria Clara Rossini SIGA 

Todos as semanas, a repórter Maria Clara Rossini entrevista uma pesquisadora brasileira e explica seu trabalho. Acompanhe aqui e no Instagram da Super.

Ciência

Paula Freire analisa RNA para entender por que


homens reagem pior à covid-19
O sistema imunológico feminino regula melhor a reação ao vírus. A #MulherCientista desta semana busca
uma explicação para esse fenômeno no complexo sistema de transcrição das instruções contidas em nosso
genoma.
Por Maria Clara Rossini Atualizado em 30 jan 2021, 09h45 - Publicado em 30 jan 2021, 09h30

Paula Freire/Montagem sobre reprodução

 Homens e mulheres respondem de forma diferente ao coronavírus. Eles têm


mais chances de sofrer complicações graves, enquanto o sistema imunológico

delas reage melhor à infecção. Além de serem as principais vítimas fatais da
 doença, os homens têm até três vezes mais chances de acabar na UTI.

 Os pesquisadores ainda estão estudando as razões para isso, mas já temos


algumas pistas. Uma das explicações para o fenômeno pode ser a reação
exacerbada do sistema imunológico ao vírus, que acaba lesionando os órgãos
do paciente.

As mulheres conseguem dar uma segurada nesse contra-ataque porque


convocam menos neutrófilos para a batalha – um tipo de célula de defesa que,
em excesso, danifica tecidos inocentes.

A geneticista Paula Freire, da Universidade de São Paulo (USP), percebeu essa


diferença quando analisava bases de dados de pacientes que contraíram covid-
19. Seu objetivo inicial não era comparar a reação de homens e mulheres à
doença, mas esse foi o recorte que mais lhe chamou a atenção.

Em suas análises, Paula olha para o transcriptoma nas amostras dos pacientes.
Transcriptoma? Calma que vamos explicar.

O DNA geralmente é descrito como o “manual de instruções” do organismo. Ele


dá a receita para montar todas as proteínas que formam você – das enzimas que
digerem a comida à queratina dos cabelos e unhas. Acontece que o DNA,
sozinho, não faz muita coisa: fica guardado no núcleo da célula, distante do
chão de fábrica.

É por isso que existe um garoto de recados chamado RNA mensageiro (RNAm).
É a molécula que entra no núcleo da célula, coleta as instruções e leva elas para
estruturas chamadas ribossomos, onde as proteínas serão de fato fabricadas. É
como se a célula fosse uma multinacional, com sede no núcleo e indústrias no
citoplasma. A coleta de instruções se chama transcrição.

Esse processo ocorre dentro de todas as células: pulmão, fígado, coração…


Cada uma delas tem uma cópia completa do genoma no núcleo. Mas elas só
precisam expressar alguns dos genes: os que geram as proteínas necessárias
para as funções que elas desempenham. Nem todo gene é usado por toda célula.

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Se tirássemos uma “foto” do que acontece dentro da célula, a cada momento


veríamos quantidades diferentes desses RNAs mensageiros. Isso porque o
processo de transcrição é influenciado por dezenas de milhares de outras
moléculas.

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“Na biologia, a gente costuma dizer que não conhece nem 5% do que acontece
dentro da célula”, diz Paula. Por isso, mesmo que um gene codifique a mesma
proteína em duas pessoas, a expressão dele pode ser diferente em cada uma
delas.

Na prática, essas “fotos” são o sequenciamento do transcriptoma – o perfil de


todos os RNAs mensageiros em uma amostra. Pesquisadores ao redor do mundo
têm analisado as transcrições que circulam nas células do epitélio nasal de
pessoas com covid-19. Os resultados são publicados em bases de dados online,
junto com a idade, sexo e outras informações do paciente.

Foi com essas informações que Paula comparou o perfil imunológico de homens
e mulheres. O “manual de instruções” (os genes) pode até ser igual nos dois
sexos, mas isso não significa que ele é lido da mesma forma.

É como se os homens lessem esse manual desesperados, gerando uma reação


bioquímica em cadeia que chama todos os neutrófilos possíveis. Já as mulheres
conseguem dosar melhor a leitura, modulando a quantidade de células de
defesa.
Se tirássemos uma “foto” do que acontece dentro da célula, a cada momento
veríamos quantidades diferentes desses RNAs mensageiros. Isso porque o
processo de transcrição é influenciado por dezenas de milhares de outras
moléculas.

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“Na biologia, a gente costuma dizer que não conhece nem 5% do que acontece
dentro da célula”, diz Paula. Por isso, mesmo que um gene codifique a mesma
proteína em duas pessoas, a expressão dele pode ser diferente em cada uma
delas.

Na prática, essas “fotos” são o sequenciamento do transcriptoma – o perfil de


todos os RNAs mensageiros em uma amostra. Pesquisadores ao redor do mundo
têm analisado as transcrições que circulam nas células do epitélio nasal de
pessoas com covid-19. Os resultados são publicados em bases de dados online,
junto com a idade, sexo e outras informações do paciente.

Foi com essas informações que Paula comparou o perfil imunológico de homens
e mulheres. O “manual de instruções” (os genes) pode até ser igual nos dois
sexos, mas isso não significa que ele é lido da mesma forma.

É como se os homens lessem esse manual desesperados, gerando uma reação


bioquímica em cadeia que chama todos os neutrófilos possíveis. Já as mulheres
conseguem dosar melhor a leitura, modulando a quantidade de células de
defesa.
A análise da covid-19 é apenas o estudo mais recente feito pela geneticista. Ela
também se interessa em olhar para o transcriptoma de pessoas com caquexia –
que é a perda de peso, gordura e músculos, principalmente em pacientes com
câncer.

A caquexia também é resultado dessa resposta imune exacerbada ao invasor (o


tumor). Nesse caso, as mulheres também levam vantagem por conseguirem
modular melhor o sistema imune.

Uma das hipóteses para explicar o refinamento imunológico feminino é a


gravidez. A mulher consegue carregar um corpo estranho dentro de si por nove
meses sem que o seu organismo ataque o feto, como acontece no caso de um
vírus. Por isso, seu sistema imune pode ter evoluído para ser mais controlado
do que o do homem.

Paula acabou seguindo para a área da análise de dados porque não conseguiu
verba para seu projeto de doutorado, que envolvia pesquisa em laboratório. É
mais barato analisar dados já disponíveis do que coletá-los do zero. A
vantagem foi que a pesquisadora aprendeu a utilizar ferramentas de biologia
computacional – o que foi essencial para o estudo da covid-19, por exemplo.

No entanto, ela pretende voltar para a bancada do laboratório, levando essa


bagagem de análise de dados. O próximo passo será coletar amostras de
pacientes brasileiros para validar o que foi observado nos bancos de dados
internacionais.

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9: Europa começa a
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