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AUTORES
No período de 2000 a 2010 as empresas que atuam no setor elétrico brasileiro passou por
intensas mudanças no seu modo de funcionamento. Houve uma nova regulação e uma nova
forma de competição e concorrência. O setor elétrico, que antes era basicamente
governamental e monopolista, passou a ser extremamente competitivo e concorrencial,
onde as empresas, para sobreviverem neste mercado devem ter eficiência de gestão e
custos baixos, para assim poderem vencer os leilões de energia elétrica e continuarem
atuando neste ramo. A Eletrosul, como integrante deste mercado, teve seu parque gerador
todo privatizado no final da década de 90, começando o novo milênio com uma série de
restrições de investimentos e estagnação, visando principalmente à privatização do restante
de seus ativos. Este artigo identificou as estratégias utilizadas pela Eletrosul no período de
2000 a 2010 para fazer frente às contingências do mercado, visando evitar ameaças ou
aproveitar oportunidades.
ABSTRACT
In the time span of 2000 to 2010 companies operating in the Brazilian electric sector have
undergone major changes in its operations. This occurs since there are new regulations and
competition forms .The electrical sector, which before was basically monopolized by the
Brazilian government, has become extremely competitive. In order for this company to
survive it is necessary to adopt marketing and Eletrosul, as part of this market, was
privatized in the late90's. Thus it began the new millennium with a series of investment
41 restrictions and certain stagnation, mainly aiming at the privatization. This article identifies
the strategies used by Eletrosul in the period raging from 2000 to 2010 to meet the
contingencies of the market, aiming to avoid threats or seize opportunities.
As estratégias de uma empresa são as escolhas que a organização faz nos rumos
de sua atuação. Com base em suas premissas institucionais como missão, visão e valores,
traça estratégias que visam atingir o ponto desejado no futuro.
Estratégia vem do grego strategos e significa general, aquele que define e comanda
o rumo de seu exército (OLIVEIRA, 1987).
Para Ansoff (1977), as empresas devem ter um campo de atuação bem definido e
uma orientação de crescimento no mercado, sendo necessárias para isso “regras de
decisão” ou estratégias. Ele afirma ainda que a estratégia é importante para a busca e
criação de novas oportunidades e para que a empresa trabalhe com todo o seu potencial
sinergístico.
Segundo Chaffee (apud Mintzberg et al, 2000, p. 21), “uma premissa básica para se
pensar a respeito de estratégia diz respeito à impossibilidade de separar organização e
ambiente... A organização usa a estratégia para lidar com as mudanças nos ambientes”.
Para Porter (1986), existem três abordagens estratégicas consistentes para
sustentar a posição competitiva: liderança em custo, diferenciação e enfoque.
A estratégia de liderança em custo significa a organização ter uma política de
custos eficaz, tirando vantagem em relação à concorrência devido a poder ter uma política
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de preços melhor para os clientes, melhor negociação com fornecedores, etc.
A estratégia de diferenciação é o fato de a empresa oferecer no mercado um
produto diferente, que nenhuma outra ofereça, possibilitando maior lucro e poder de
barganha.
A estratégia de enfoque é a empresa definir o seu nicho de mercado, e com que
produtos especificamente irá trabalhar, podendo agregar maior qualidade ao produto e
objetividade de suas ações estratégicas, administrativas, e de alocação de recursos.
(PORTER, 1986).
“Portanto, a estratégia e os objetivos descrevem, conjuntamente, o conceito do
campo de atuação da empresa. Eles especificam o volume, a área e as direções do
crescimento, os principais pontos fortes, e a meta de rentabilidade” (ANSOFF, 1977, p. 94).
Além disso, segundo o mesmo autor, irão orientar as decisões e atitudes da administração
em termos operacionais.
3 METODOLOGIA DA PESQUISA
Este trabalho tem como foco uma pesquisa qualitativa, com análise documental da
organização objeto de estudo, onde foram coletadas informações em seus Planos
Estratégicos de 2000 a 2010. Nestes planos foi possível identificar as estratégias da
Eletrosul, bem como as contingências do ambiente, descritas na forma de oportunidades ou
ameaças à atuação da organização.
O autor teve amplo acesso às informações estratégicas da companhia, por
trabalhar na área responsável por este assunto dentro da mesma.
45 Este trabalho considerou como referencial teórico, para análise das estratégias e
das contingências, os textos de Donaldson (1998) sobre o assunto, bem como bibliografia
sobre estratégia. O tema está relacionado à metáfora da cultura, de Morgan (1996).
Os passos principais da pesquisa foram:
1 – Fundamentação Teórica;
2 – Análise Documental nos Planos Estratégicos (PE) da Eletrosul de 2000 a 2010;
3 – Coletar as Contingências (com base nas análises externas contidas nos PE);
4 – Coletar as Estratégias;
5 – Correlacionar o item 3 com o item 4 e fazer um comparativo cronológico;
6 – Analisar os resultados obtidos.
Contingências Estratégias
Privatização recente da geração; Investimentos em obras emergenciais (investir no
Decretos nº 1.481/1503/1677 – máximo possível);
PND; Foco na eficiência operacional e na qualidade do
Impossibilidade de investimentos; serviço de transmissão;
Regulação do setor; Foco na saúde financeira;
Desestatização; Garantir a receita dos ativos atuais;
Pequenas possibilidades de Otimizar os Processos e Recursos;
investimentos para estatais Participar em empresas que venham a ser titulares
(somente obras em caráter de novas concessões, decorrentes de processos
emergencial) licitatórios da ANEEL;
Incertezas no cenário político e Participar, através da prestação de serviços de
econômico engenharia, operação e manutenção, na disputa de
Discussões regulatórias sobre a novas concessões de transmissão de energia
Receita elétrica;
Mudanças na Legislação Implantar Sistema de Gestão de Custos e por
Novas Tecnologias Processo;
Perda de Mercado – possibilidade Analisar oportunidades de uso de novos métodos e
de não ganhar licitação ou tecnologias nos processos;
autorização Minimizar a perda por indisponibilidade;
Penalizações por indisponibilidades Buscar condições para a expansão dos negócios da
de equipamentos empresa;
Falta de apoio político; Melhorar a imagem da empresa;
Demanda por Capital Intelectual; Promover a articulação institucional da Eletrosul;
Expansão da concorrência; Preservar, valorizar e ampliar o capital intelectual da 48
Autonomia limitada das empresas empresa.
estatais;
Investimentos sem definição de
receitas.
Fonte: Plano Estratégico 2000-2003 da Eletrosul
5 Considerações Finais
Com estes resultados, podem-se observar claramente as mudanças ocorridas no
cenário político, regulatório e econômico do setor elétrico brasileiro, levando as empresas, e
especificamente neste caso, a Eletrosul, a adotar estratégias condizentes com as
contingências do mercado, para que a Empresa pudesse se adequar à situação e sobreviver
e superar os desafios impostos a ela. Pôde-se observar a melhoria do contexto de atuação
de empresas estatais a partir de 2004, favorecendo a Eletrosul, e possibilitando estratégias
de crescimento e expansão, que foi exatamente o que ocorreu.
A partir desse diagnóstico estratégico empresarial, pôde-se observar as intensas
mudanças ocorridas no ambiente e a necessidade constante de adaptação organizacional,
aproveitando as oportunidades e evitando as ameaças da melhor maneira possível.
Com certeza todas essas mudanças mexeram e têm mexido com a cultura
empresarial, influenciando novos valores, crenças, princípios, expectativas e medos dos
empregados da empresa pesquisada, pois, segundo Morgan (1996), “a cultura evolui
sempre”.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANSOFF, H. Igor. Estratégia empresarial. São Paulo: McGraw-Hill, 1977.
CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas
organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1999. 52
DAFT, R.L. Organizações: Teoria e projetos. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.
DICIONÁRIO PRIBERAM DA LÍNGUA PORTUGUESA. Acesso em: 20 abr. 2011.
Disponível em: <http://www.priberam.pt/dlpo/Default.aspx>.
DONALDSON, Lex. Teoria da contingência estrutural. In: CLEGG, S., HARDY, C. e
NORD, W. Handbook de estudos organizacionais: modelos de análise e novas questões em
estudos organizacionais. São Paulo: Atlas, v1, p. 105-133, 1998.
ELETROSUL. Plano Estratégico 2000-2003. Florianópolis: 1999.
ELETROSUL. Plano Estratégico 2004-2006. Florianópolis: 2003.
ELETROSUL. Plano Estratégico 2007-2015. Florianópolis: 2006.
ELETROSUL. Plano Estratégico 2010-2020. Florianópolis: 2009.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário da Língua Portuguesa. São Paulo:
1989.
TRAMITAÇÃO:
Recebido em: 21/12/2011
Aprovado em: 12/11/2012
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