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Saúde da
pessoa
Idosa
Como Preparar o Brasil para
O desafio do século XXI
ENTREVISTA
Arthur Chioro fala dos
principais desafios do SUS
SAÚDE EM FOCO
A crise contemporânea dos
modelos de atenção à saúde
OPINIÃO
Como preparar o sistema
de saúde brasileiro para
enfrentar o envelhecimento,
tendo em vista a mudança
do perfil demográfico
consensus
Revista do Conselho Nacional de Secretários de Saúde
Ano IV | Número 10 | Janeiro, Fevereiro e Março de 2014
FOTOGRAFIA: THINKSTOCK
consensus entrevista
Confira a entrevista com o ministro da Saúde,
6 Arthur Chioro
matéria de capa
O tempo não para
saúde em foco
26 A crise contemporânea dos sistemas de saúde
relações internacionais
32 Cobertura e sistemas universais de saúde são tema de
intercâmbio internacional de experiências no Brasil
institucional
34 Revista Consensus interativa
36 Pesquisa avalia o desempenho das UPA 24 horas
38 Comissão Geral da Câmara dos Deputados debate
financiamento da Saúde
opinião
40 Como preparar o sistema de saúde brasileiro para
enfrentar o envelhecimento, tendo em vista a mudança do perfil
demográfico
46 curtas
editorial
Entrevista
Arthur Chioro
I dealismo, inquietude e gosto por desafios definem bem
Arthur Chioro – médico sanitarista, doutor em Saúde Co-
letiva, professor universitário, pesquisador nas áreas de ges-
tão e planejamento em saúde e, agora, ministro de Estado
da Saúde.
Sua experiência profissional legitima a sua indicação para
o cargo. Chioro participou da gestão do Ministério da Saúde
entre 2003 e 2005 como Diretor do Departamento de Aten-
ção Especializada. Lá coordenou projetos inovadores para o
Sistema Único de Saúde (SUS), entre os quais destacam-se: a
implantação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
(Samu 192); o processo de certificação e contratualização dos
Hospitais de Ensino; a criação do projeto de contratualização
dos Hospitais de Pequeno Porte e dos Hospitais Filantrópicos
com o SUS; e a reorganização da rede de alta complexidade
em saúde com a elaboração de políticas para Atenção ao Do-
ente Renal, Doenças Cardiovasculares e Neurológicas.
Por duas vezes, foi secretário de Saúde de São Vicente/SP
e, em 2009, assumiu a Secretaria de Saúde do município de
São Bernardo do Campo/SP.
Seu compromisso com os movimentos sociais, fruto de
sua participação na militância suprapartidária em defesa do
SUS, levou-o duas vezes à presidência do Conselho de Secre-
tários Municipais de Saúde de São Paulo.
Nesta entrevista exclusiva à Revista Consensus, Arthur
Ouvir o texto
goo.gl/B8zYZ2
Chioro fala sobre como pretende enfrentar os maiores proble-
mas que desafiam e ameaçam a saúde pública brasileira, como
a judicialização, o financiamento do SUS e a oferta e as condi-
ções de trabalho dos profissionais de saúde pública no Brasil.
6
consensus | primeiro trimestre 2014
nadas a esses fóruns de pactuação. É impor- Consensus Como tornar mais atrativo o
tante capacitar as câmaras técnicas de asses- mercado de trabalho no Sistema Único de
soramento às Comissões de forma que ao Saúde? Em sua opinião, o que falta para me-
aprovarem determinado desenho de rede re- lhorar a oferta e as condições de trabalho dos
gional ou estadual, não precisem de validação profissionais de saúde pública no Brasil?
técnica de outra esfera de governo. É preciso Chioro O SUS já é o principal empregador
abrir espaços nas agendas que tenham vários nesse mercado de trabalho. Acho que não se
sentidos, que expressem prioridades e que trata apenas de melhoria salarial como atra-
não deixem os órgãos colegiados se transfor- tivo principal, mas, fundamentalmente, da
marem no locus da burocracia e da protelação. perspectiva de visualização de uma carreira
justa e que considere e avalie desempenho
Consensus Ultrapassados os obstáculos profissional. A melhoria das condições de
para a implantação do Programa Mais Mé- trabalho está na pauta do dia com o Progra-
dicos, quais são os principais desafios para ma Nacional de Melhoria do Acesso e da Qua-
manter o atendimento nas periferias das lidade da Atenção Básica (PMAQ), SOS Emer-
grandes cidades e nas áreas mais remotas gência, Qualisus, como exemplos de ações
do país? Como o Ministério da Saúde pre- voltadas para qualificação dos serviços e
tende qualificar o programa e tratar das ca- das redes de atenção.
rências relacionadas à estrutura e à condi-
ções de trabalho destes profissionais? Consensus No que diz respeito ao financia-
Chioro O volume de investimentos compro- mento da saúde, mais de 2 milhões de as-
metido na qualificação da rede básica de saú- sinaturas, coletadas em todo o país, foram
de (construção, ampliação e reforma de UBS) entregues à Câmara dos Deputados no ano
e na implantação das redes regionais de aten- passado. Essa ação do movimento intitula-
ção à saúde é impressionante. Precisamos do Saúde + 10 pretende fazer que a União
aprofundar o debate sobre a carreira do SUS, destine 10% de suas receitas correntes bru-
que deve ter financiamento tripartite, poden- tas para a saúde. Como o senhor enxerga
do ter regramento nacional, mas que leve em esse movimento e a união de esforços para
conta as diferenças regionais, com gestão e que o governo federal aumente os recursos
operacionalização sob coordenação estadu- destinados ao SUS? O que os gestores da
al. Só dessa maneira será possível garantir o saúde podem esperar em relação ao incre-
enfrentamento das iniquidades. Precisamos mento dos recursos do SUS em 2014?
também priorizar educação permanente e es- Chioro Todo esforço de mobilização em defesa
tratégias de humanização. do SUS é bem visto pelo Ministério da Saúde.
Álbum completo
goo.gl/LVZKpN
Nosso país enfrenta, atualmente, o grande desafio algumas portarias, em especial a Portaria
de assegurar um financiamento público adequado n. 204/2007, que regulamenta o financia-
que viabilize a garantia do direito à saúde prevista mento e a transferência dos recursos fede-
na Constituição Federal, de 1988. Entre 2000 e 2011, rais para as ações e os serviços de saúde?
os estados e os municípios mais que triplicaram o Chioro Essa questão deve ser tratada de ma-
volume de recursos destinados à saúde, passando neira articulada com a discussão de critérios
de R$ 28 bilhões para R$ 89 bilhões, o que corres- de rateio e vem sendo discutida em Grupo
pondeu a um incremento de R$ 61 bilhões, sendo de Trabalho Tripartite, constituído para ade-
R$ 28 bilhões referentes ao incremento estadual e quação/elaboração de critérios de rateio dos
R$ 32 bilhões, ao municipal (Ipea, 2013). Nesse mes- recursos federais, atendendo às exigências da
mo período, a União aumentou o gasto em ações e Lei Complementar n. 141/2012.
serviços públicos de saúde em R$ 31 bilhões, o que
Consensus A questão da judicialização da
correspondeu a um aumento de 75% em relação a
saúde também tem sido recorrente em suas
2000. Esse valor incremental é muito próximo ao
falas desde que assumiu o Ministério da
observado em cada uma das outras duas esferas de
Saúde. Que estratégias o senhor e sua equi-
governo, totalizando um aumento da ordem de R$
pe pretendem desenvolver e colocar em
92,7 bilhões. Contudo, esses aumentos do percentu-
prática para lidar com esta situação?
al de recursos públicos aplicados em saúde, ainda,
Chioro A principal estratégia é a do diálogo.
não ultrapassaram 4% do PIB. Nos países com sis- Queremos ouvir do CONASS, assim como do
temas de saúde universais, como o nosso, esse per- Conasems, quais as alternativas possíveis que
centual já ultrapassa os 6% do PIB há algum tempo já identificam. São soluções diferentes para dis-
e, em muitos, supera 10%. Essas comparações dão tintos problemas. Precisamos traçar um plano
uma ideia do caminho de que o Brasil ainda tem de ação, no Grupo de Trabalho já constituído
de percorrer, sendo necessário avançar, também, para esse fim e começar sua operacionalização,
na compreensão do custo e da efetiva necessidade de imediato. Pretendo liderar, efetivamente, esse
de recursos para implantar um sistema que se quer esforço, envolvendo outros atores como MPF,
universal, integral e equânime. Precisamos, cada TCU, OAB e Conselho Nacional de Saúde. A judi-
vez mais, legitimar o SUS, por meio da qualifica- cialização da saúde, em vez de promover justiça
ção do atendimento, da explicitação clara de suas social, está sendo promotora de iniquidades.
responsabilidades e padrão de integralidade, a fim
de buscar alternativas factíveis de ampliar os gastos Consensus O que o senhor pretende fazer
públicos com a saúde da nossa população. para melhorar a qualificação da Atenção
Primária à Saúde?
Consensus Como o senhor e sua equipe pre- Chioro Esse conjunto de ações, como o PMAQ,
tendem trabalhar a questão da revisão de Programa de Valorização dos Profissionais da
Atenção Básica (Provab), Atenção Domiciliar,
A função gestora dos estados precisa Programa Saúde na Escola, Academia da Saúde,
entre outras, é voltado para qualificação da Aten-
ser reforçada, aperfeiçoada com ção Básica, porém os resultados não aparecem em
nosso apoio, se necessário, olhando as curto prazo. Além disso, precisamos avançar na
singularidades de cada estado e mesmo qualificação da gestão da Atenção Básica e, princi-
palmente, na gestão do cuidado. Para isso, são es-
de cada região, e será sempre a função senciais ações de educação permanente, para que
mais relevante como coordenação dos a Atenção Básica seja efetivamente a ordenadora
sistemas estaduais de saúde. das redes de atenção à saúde. É preciso, também,
equacionar o problema da oferta de serviços de mé-
10
www.conass.org.br
dia complexidade. Este se constitui, ainda, um dos Entre 2000 e 2011, os estados e
mais graves problemas do SUS, e por se constituir
em importante ponto de estrangulamento das re- os municípios mais que triplicaram
des de cuidados interfere na qualidade da Atenção o volume de recursos destinados
Básica. Os déficits no padrão de oferta resultam à saúde, passando de R$ 28
em demanda reprimida, filas e longo tempo de
espera ou não garantia de acesso e oportunidade
bilhões para R$ 89 bilhões, o que
de utilização dos serviços necessários. Organizada correspondeu a um incremento de
e financiada com base na lógica de oferta e paga- R$ 61 bilhões, sendo R$ 28 bilhões
mento por produção de procedimentos, desconsi-
dera as necessidades e o perfil epidemiológico da
referentes ao incremento estadual
população. Caracteriza-se pela dificuldade de aces- e R$ 32 bilhões, ao municipal.
so e baixa resolutividade, superposição de oferta Consensus O envelhecimento da população
de serviços nas redes ambulatorial e hospitalar, é o tema central desta edição da revista Con-
concentração de serviços e profissionais especiali-
sensus. Em sua opinião, como a saúde públi-
zados em locais de alta densidade populacional e
ca pode se preparar para as implicações des-
baixo grau de integração entre os diferentes níveis
ta transição epidemiológica e demográfica?
de complexidade da assistência. A organização da
Chioro Por meio da formação de redes de aten-
assistência de saúde em linhas de cuidado con-
ção integradas e resolutivas. A construção de
tribui para superar a fragmentação, reduzindo a
redes de atenção deve ser orientada por linhas
distância entre os diversos pontos de atenção e ga-
de cuidado, principal ferramenta de integra-
rantindo a integralidade das ações com um fluxo
ção entre promoção, prevenção, vigilância
rápido e oportuno em cada nível de atenção. A li-
e assistência em todos os seus níveis. Nesse
nha de cuidado é uma ferramenta imprescindível
caso, a Atenção Básica desempenha papel pro-
para a gestão da clínica e, consequentemente, para
tagonista, constituindo-se na principal porta
uma atenção à saúde efetiva e de qualidade.
de entrada do sistema, com garantia da longi-
Consensus Considerando a instituição da tudinalidade do cuidado (ou vínculo e respon-
Política Nacional de Atenção Hospitalar, sabilização). A longitudinalidade é especial-
qual a proposta do Ministério da Saúde mente adequada para pessoas com doenças
para os hospitais de pequeno porte diante crônicas e em comorbidades, situações muito
da Rede de Atenção à Saúde do SUS? frequentes e que exigem da Atenção Básica
Chioro É preciso analisar a realidade e as neces- uma reestruturação dos serviços, cuja tradição
sidades de cada região de saúde antes de definir é organizarem-se para o enfrentamento de pro-
o número de leitos considerado adequado para blemas agudos. Teremos de pensar em novos
determinado hospital. É preciso, também, consi- arranjos do cuidado, considerando que a saúde
derar a sua inserção em rede – a organização de dos idosos será um dos maiores desafios sani-
um conjunto de serviços que articuladamente tários das próximas décadas. Esse esforço de
são ofertados para cuidar da saúde da população reestruturação implica uma permanente ação
–, a estabelecer processos de trabalho que con- articulada entre o estado e os municípios com
siderem a realidade local, os avanços possíveis a definição clara dos seus papéis e responsabi-
e não o ideal estabelecido para o país como um lidades, criando mecanismos que garantam o
todo. Em certos lugares, pode ser necessário am- desenvolvimento de suas ações, com empode-
pliar a oferta de internação hospitalar; em ou- ramento técnico-científico e financeiro, espe-
tros, a internação domiciliar pode ser a resposta cialmente dos municípios, e ainda garantam
mais adequada. Há, ainda, situações em que a o acompanhamento e o monitoramento das
oferta precisa ser profundamente reestruturada. ações pactuadas entre os entes federados.
11
especial
tatiana rosa
Adriane Cruz
“A coisa mais moderna que existe nessa vida é envelhecer”, já dizia Ar-
naldo Antunes ao cantar, em 2009, a música Envelhecer. Mais atual
impossível, a canção fala com leveza, ironia e bom humor sobre a chegada
da velhice – realidade cada vez mais comum no mundo e, principalmente,
nos países em desenvolvimento, como no caso do Brasil. É o que revelam
os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2060,
uma grande parcela da população brasileira será de idosos com mais de 60
anos. Hoje, são 20,6 milhões de idosos, o que representa 10,8% da popula-
ção. Em 2060, esse número representará 26,7% do total.
Ouvir o texto
goo.gl/xOM7iM
13
especial
“O meu problema são as dores que sin- Como estamos nos organizando para cuidar
to nas juntas. Por isso, que eu costumo dizer de nossos idosos? Será esse o maior desafio do
que é pra juntar tudo e jogar fora”, brinca a século XXI?
aposentada Anastácia Carvalho Silva, de 63 Para responder a essas perguntas, ouvi-
anos. Moradora de Planaltina, cidade-satélite mos especialistas e autoridades que há algum
a aproximadamente 50km de Brasília, a apo- tempo trabalham com essa temática.
sentada retrata com bom humor realidade Como no caso das coordenadoras geral
que atinge também grande parte dessa par- e adjunta da Saúde da Pessoa Idosa (Cosapi)
cela da população que sofre com problemas – área do Ministério da Saúde vinculada ao
decorrentes do avanço da idade. Departamento de Atenção Especializada e
Para amenizar a dores do tempo, dona Temática (DAET) da Secretaria de Atenção
Anastácia, como gosta de ser chamada, parti- à Saúde (SAS) –, Maria Cristina Hoffmann e
cipa de um grupo gratuito de automassagem. Maria Cristina Lobo, respectivamente. Para
“Já melhorei bastante. Antes eu não conse- elas, um dos maiores desafios para o país
guia levantar o braço e agora eu já consigo é a inclusão da pauta do envelhecimento
e posso fazer outras coisas. As dores que eu e seus impactos na agenda prioritária das
sentia nos ombros, braços e pernas já melho- políticas públicas com ofertas concretas de
raram muito. Isso aqui alegra a vida da gente intervenções.
e nos dá mais vontade de lutar, porque se a Hoffmann cita também outros desafios,
gente ficar só em casa, não dá”, comemora a como o fortalecimento da articulação inter-
aposentada. setorial com vistas a responder às demandas
Totalmente gratuita, a atividade faz par- da pessoa idosa na sua integralidade, com am-
te do Programa de Assistência Integral à Saú- pliação de oferta de arranjos institucionais
de do Idoso da Regional de Planaltina, uma
iniciativa da Secretaria de Saúde do Distrito PIRÂMIDES ETÁRIAS ABSOLUTAS
Federal junto ao Ministério da Saúde, com o Homens Mulheres
objetivo de integrar os idosos em atividades de
lazer, saúde e educação, além de socializa-los, Idade 2013
dando a eles mais cidadania e facilitando o Mais de 90
acesso aos serviços de saúde. 85 a 89
80 a 84
Iniciativas como essa espalham-se pelo 75 a 79
país afora e, assim como o que acontece em 70 a 74
65 a 69
Planaltina, já existem pelo Brasil inúmeros 60 a 64
programas que visam dar melhor qualidade 55 a 59
de vida às pessoas que já chegaram à terceira 50 a 54
45 a 49
idade. Essas iniciativas demonstram a preo- 40 a 44
cupação das autoridades com o envelheci- 35 a 39
30 a 34
mento da população. 25 a 29
20 a 24
Desafios 15 a 19
10 a 14
Diante dessa realidade, é importante en- 5a9
1a4
tender o que isso representa do ponto de vista 0a1
das políticas públicas e que tipos de desafios o Milhões de 8 6 4 2 2 4 6 8
pessoas
Brasil terá de enfrentar. Estamos preparados?
14
www.conass.org.br
para dar conta da complexidade do cuidado à outros desafios. Segundo ela, é preciso au-
população que envelhece, envolvendo famí- mentar o número de crianças no país – hoje a
Acesse a PNSPI
lia e sociedade, oferta de cuidadores e apoio taxa de fecundidade que nos últimos 50 anos goo.gl/LbgPLj
às famílias cuidadoras, atenção domiciliar e era de 6,2 filhos, passou para 1,77 em 2013.
cuidados prolongados. “Na verdade, a população brasileira está ca-
Questionada sobre como o Ministério da minhando para uma diminuição e quem tra-
Saúde tem se preparado para o enfrentamento balha e paga imposto daqui a alguns anos não
desses desafios, ela explica algumas diretrizes vai mais contribuir. A pergunta é: quem vai
que compõem a Política Nacional de Saúde da fazer esse papel?”, questiona.
Pessoa Idosa (PNSPI - Portaria n. 2.528/2006). O outro desafio, segundo Camarano,
“A Política possui diretrizes que norteiam diz respeito não ao fato de haver muitos ou
as ações nas três esferas do Sistema Único de poucos idosos, mas sim à garantia das condi-
Saúde (SUS), com foco na promoção do en- ções de saúde e autonomia dessas pessoas. A
velhecimento ativo e saudável, na oferta de pesquisadora afirma que é preciso repensar o
atenção integral à saúde da pessoa idosa e na conceito de idoso. “Essa definição de que ido-
realização de ações intersetoriais, visando à so é uma pessoa com 60 anos ou mais é ultra-
integralidade da atenção. A PNSPI também passada. É preciso avaliar melhor essa classi-
destaca a importância de investimentos em ficação, porque não importa se a pessoa tem
educação permanente dos profissionais da 60 anos ou mais, mas sim se ela está em con-
saúde da pessoa idosa”, diz. dições de trabalhar, de produzir, de não estar
Em contrapartida, a técnica de Planeja- dependendo da previdência ou de cuidados
mento e Pesquisa do Instituto de Pesquisa especiais. Acho que são dois desafios que me
Aplicada (Ipea) Ana Amélia Camarano cita parecem assim de imediato”, ressalta.
2040 2060
Fonte: IBGE.
Diretoria de
Pesquisas.
Coordenação
de População
e Indicadores
Sociais. Projeção
da População
por Sexo e Idade
para o Brasil,
Grandes Regiões
e Unidades da
10 8 6 4 2 2 4 6 8 10 10 8 6 4 2 2 4 6 8 10Federação, 2013.
15
especial
Para ele, outro aspecto importante a ser Para ela, fica claro que os impactos dessas
considerado diz respeito à transição demográfi- mudanças na área da saúde acontecem pelo
ca e epidemiológica. Segundo ele, cada vez mais aumento da demanda por serviços de saúde,
as mortes de pessoas com mais de 60 anos são tanto públicos quanto privados, na necessida-
decorrentes de doenças crônicas. No entanto, o de de se investir em ações de promoção e pre-
envelhecimento não deve ser considerado cul- venção, na atenção ambulatorial e hospitalar
pado, pois não podemos desconsiderar que a especializada e na atenção domiciliar para o
população está envelhecendo com bolsões de cuidado com a pessoa idosa.
extrema pobreza. “Não vamos culpar o envelhe-
cimento por essas doenças crônicas. Nós temos Confira em
Confira algumas experiências goo.gl/Jc1Olz
de ter muita atenção antes de responsabilizar o
exitosas da gestão estadual e munici-
indivíduo, pois não podemos culpá-lo por ter
pal no campo do envelhecimento e
sido pobre, excluído e negligenciado. Temos
saúde da pessoa idosa.
de ter a solidariedade de tratar essa pessoa que
nunca foi cuidada, com respeito e dignidade”.
Kalache também chama a atenção para Lobo cita dados da Pesquisa Nacional por
a importância do cuidado, pois à medida Amostra de Domicílios de 2008 que indicam
que uma população envelhece, o cuidado que 73% da população idosa são usuários do
é a dimensão principal na área da saúde. “É SUS, 51% têm domicílio cadastrado nas Equi-
importante proporcionar o autocuidado, dar pes de Saúde da Família (ESF) e 53% utilizam
sustento e suporte para que o idoso possa se posto ou centro de saúde como primeiro local
cuidar, afinal ninguém deve estar tão interes- de atendimento. “Isso reforça a necessidade de
sado em se cuidar que ele próprio”. priorizar investimentos nas ações de promo-
ção, prevenção e preservação das condições
Impactos na Saúde e Políticas Públicas: de saúde, considerando suas especificidades e
como trabalhar essa questão? ampliando o acesso qualificado à pessoa idosa,
O acelerado processo de envelhecimento preferencialmente nos territórios”, diz.
populacional no Brasil impacta e traz mudan- A coordenadora da Cosapi indica ainda
ças no perfil epidemiológico dos brasileiros, outro impacto significativo que são as deman-
principalmente porque é caracterizado por das de cuidado, seja para apoiar as famílias
importante heterogeneidade e grandes desi- cuidadoras ou suprir ausência de vínculos so-
gualdades sociais. ciais. Ela explica que é necessário um esforço
“Essa peculiaridade exige das políticas so- conjunto com envolvimento principalmen-
ciais uma articulação intersetorial entre elas, te da Saúde e da Assistência Social para am-
como a assistência social e a previdência para pliar, criar novos dispositivos de cuidados a
responder às demandas crescentes de cuida- partir de experiências já realizadas, como, por
do”, afirma a coordenadora adjunta da Saúde exemplo, as experiências de cuidado que en-
da Pessoa Idosa, Maria Cristina Lobo. volvem a figura do cuidador, seja no âmbito
51% têm domicilio cadastrado nas Equipes de Saúde da Família (ESF) Pesquisa
53% utilizam posto ou centro de saúde como primeiro local de atendimento Nacional por
Amostra de
73% da população idosa são usuários do SUS Domicílios de
2008
17
especial
A participação da família na
recuperação e na reabilitação
do idoso é primordial. Por
isso, estimulamos a integração
entre os profissionais de saúde
e a família. Equipe médica,
assistência social e família são
o tripé da atenção à
pessoa idosa.
Luiz Maria Ramos Filho
O modelo, que começa com a aborda- desse projeto”, relata a dra. Montserrat Dolz,
gem do paciente no hospital pela Equipe de diretora da Gesaworld S.A. e consultora do
Gestão de Alta (EGA), tem como objetivo projeto no Brasil.
orientar a continuidade da atenção dada não Ela conta que não havia oferta de serviços
apenas aos idosos, mas aos cidadãos em geral além da atenção básica e da atenção hospita-
com necessidade de acompanhamento, seja lar clássica, causando diariamente grande vo-
em questões agudas ou crônicas. lume de cuidados, o que também aconteceu
Uma das principais características do no Canadá e nos Estados Unidos da América,
CCI é a articulação entre as equipes mul- conforme relata Dolz.
tidisciplinares, integrando o atendimento “Começando a tratar pessoas com proble-
pós-alta com as equipes das atenções básica mas de cronicidade e dependência, viu-se que
e domiciliar e com os centros de referência o modelo clássico de abordagem médico-assis-
em reabilitação física, efetivando a integra- tencial prestado nos hospitais ficava curto e in-
lidade da assistência e o prosseguimento do completo para as necessidades que os pacien-
cuidado a pacientes em situação clínica es- tes apresentavam. Porque o hospital clássico
tável que careçam de reabilitação ou adapta- orienta um tratamento para curar e faz uma
ção decorrentes de processo clínico, cirúrgi- intervenção pontual. Então, os pacientes com
co ou traumatológico. patologias ou multipatologias, com condições
“A prisão assistencial que alguns hospi- crônicas ou com idade avançada, tinham de
tais de média e alta complexidade estavam ser tratados de outro jeito”, explica.
percebendo, devido ao incremento de pato- A experiência da Catalunha e de outros pa-
logias crônicas e degenerativas e de pacien- íses que têm serviços públicos de saúde, como
tes que precisavam de cuidados variados, foi o Brasil, corrobora a necessidade de reforço da
um dos principais motivadores para o início Atenção Primária à Saúde (APS), a fim de fazer
21
especial
Cuidados Prolongados
Um dos desdobramento do intercâmbio Envelhecer
internacional foi a publicação, em 2012, da (Arnaldo Antunes, Marcelo Jeneci e Ortinho)
Portaria n. 2.809, que estabelece os Cuida-
dos Prolongados como retaguarda da rede de A coisa mais moderna que existe nessa vida é envelhecer
atenção de urgências e com unidades inspira- A barba vai descendo e os cabelos vão caindo pra cabeça aparecer
das no CCI. Os Cuidados Prolongados já estão Os filhos vão crescendo e o tempo vai dizendo que agora é pra valer
sendo incorporados ao SUS, implantados nos Os outros vão morrendo e a gente aprendendo a esquecer
hospitais São Julião e na Santa Casa de Cam-
Não quero morrer pois quero ver
po Grande, no Mato Grosso do Sul, e na Santa
Como será que deve ser envelhecer
Casa de Ipuã, em São Paulo.
Eu quero é viver pra ver qual é
“Esta é uma estratégia intermediária entre E dizer venha pra o que vai acontecer
os cuidados hospitalares de caráter agudo ou
crônico e a atenção domiciliar destinada a usu- Eu quero que o tapete voe
ários estáveis que necessitem de reabilitação No meio da sala de estar
ou adaptação por sequelas, problemas clínicos, Eu quero que a panela de pressão pressione
cirúrgicos ou traumatológicos”, explica Ana E que a pia comece a pingar
Paula Cavalcante, coordenadora de Atenção Eu quero que a sirene soe
E me faça levantar do sofá
Hospitalar do Departamento de Atenção Hos-
Eu quero pôr Rita Pavone
pitalar e Urgência da Secretaria de Atenção à No ringtone do meu celular
Saúde, do Ministério da Saúde (SAS/MS). Eu quero estar no meio do ciclone
Os Cuidados Prologados são uma das Pra poder aproveitar
possibilidades que os gestores têm para a re- E quando eu esquecer meu próprio nome
abilitação da pessoa com perda de autonomia Que me chamem de velho gagá
potencialmente recuperável. São unidades de
15 a 25 leitos, com equipe multiprofissional Pois ser eternamente adolescente nada é mais demodé
Com uns ralos fios de cabelo sobre a testa que não para de crescer
composta por fisioterapeuta, fonoaudiólogo,
Não sei por que essa gente vira a cara pro presente e esquece de aprender
psicólogo, assistente social, técnico de enfer-
Que felizmente ou infelizmente sempre o tempo vai correr
magem, enfermeiro e médico.
Diferente do CCI, a Equipe de Gestão
de Alta não está prevista nos Cuidados Pro-
longados, cuja normativa sugere que a alta
seja administrada pelo Núcleo de Acesso e Ouça a Música
goo.gl/Z550Or
Qualidade, tanto para a unidade de Cuidados
Prolongados quanto para outra retaguarda
clínica, principalmente nos hospitais gerais,
explica Ana Paula.
“Unidades pequenas podem ser efetiva-
mente personalizadas. Esta é uma oportuni-
dade de utilizar essas unidades espalhadas
em todo Brasil com número reduzido de lei-
tos e uma baixa complexidade na assistên-
cia”, completa.
23
A crise contemporânea
dos modelos de
atenção à saúde
O predomínio das condições crônicas e a necessidade de modernização dos
sistemas de saúde, no Brasil e no mundo, são temas do 3º seminário CONASS
Debate, com participação de convidados internacionais e autoridades brasileiras.
.
Programação – 13 de maio de 2014
9h – Abertura
– Wilson Duarte Alecrim – presidente do CONASS
– Antônio Carlos Nardi – presidente do Conasems
– Maria do Socorro de Souza – presidente do Conselho Nacional de Saúde
– Arthur Chioro – ministro de Estado da Saúde
– Joaquim Molina – representante da Opas/OMS
10h30 – Conferência de Abertura
– Rafael Bengoa – assessor do programa Obamacare, foi diretor de Gestão
de Condições Crônicas e diretor de Políticas do Sistema de Saúde da Organização
Mundial da Saúde (OMS), e ex-ministro da Saúde do país Vasco
11h30 – Contextualização do tema
– Eugênio Vilaça Mendes – gerente técnico do projeto CONASS Debate
12h – Almoço
13h30 – Exposições
– Luiz Facchini, professor do Departamento de Medicina Social e dos
Programas de Pós-Graduação em Epidemiologia e em Enfermagem da
Universidade Federal de Pelotas, pós-doutorado em Saúde Internacional, e
ex-presidente da Abrasco
– Claunara Schilling Mendonça, professora de Medicina de Família no
Departamento de Medicina Social da Universidade do Rio Grande do Sul, Medica de
Família e Comunidade do Grupo Hospitalar Conceição, e ex-diretora de Atenção
Básica do Ministério da Saúde
– Luiz Fernando Rolim Sampaio, chefe do Escritório de Serviços de Saúde
da Unimed Belo Horizonte, foi diretor de Atenção Básica do Ministério da Saúde,
consultor do Departamento de Medicina de Família e Comunidade da Universidade
de Toronto, e assessor técnico do CONASS
– Frederico Guanais – PhD, especialista Líder em Saúde da Divisão de
Proteção Social e Saúde do Banco Interamericano de Desenvolvimento
Coordenação
– Renilson Rehem – gerente do projeto CONASS Debate
15h30 – Debate com a plateia, internautas e expositores
Mediação
– Renato Farias – Canal Saúde / Fiocruz
17h – Encerramento
A crise contemporânea
dos modelos de
atenção à saúde
Como o Brasil e o mundo podem se preparar para enfrentar
os problemas que assolam os seus modelos de Atenção
tatiana rosa
Ouvir o texto
A evolução acelerada que o mundo contemporâneo vive nos coloca
diante de rápidas e constantes transformações. Acompanhá-las, mais
do que questão de sobrevivência, é também uma maneira de inserção so-
goo.gl/WL2Hm7
cial. Adaptar-se às novas realidades impostas por esse desenvolvimento
dinâmico faz-se necessário em uma sociedade que exige cada vez mais que
estejamos inseridos em seu contexto.
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consensus | primeiro trimestre 2014
tiplas co-morbidades. O que é caro não são os leiros têm hoje relações de interdependência.
doentes crônicos, mas sim o modelo de aten- “A saúde suplementar ultrapassa os limites
ção fragmentado que oferecemos”, conclui. do que poderíamos categorizar como suple-
Já o ex-diretor do Departamento de Aten- mentar. Ela complementa a cobertura públi-
ção Básica do Ministério da Saúde (DAB/MS), ca e, por falta de limites dos dois subsetores,
Luís Fernando Rolim, hoje chefe do escritó- há efetivamente muitos casos de duplicação
rio de serviços de Saúde da Unimed de serviços e de assistência”.
de Belo Horizonte, afirma que Em contrapartida, a professora de medi-
já existem movimentos de es- cina de família e comunidade do Grupo Hos-
tímulo da Agência Nacional pitalar Conceição e ex-diretora do DAB/MS,
de Saúde Suplementar (ANS) Claunara Schilling Mendonça, acredita que
para que as operadoras de pla- existe uma crise de valor moral e ético que
nos implementem novas for- significa o quanto as sociedades estão dispos-
mas de atenção à saúde, tendo tas a financiar sistemas públicos e universais
em vista que as mudanças no qua- e também uma crise de modelo de atenção,
dro epidemiológico trazem a exigência que inclui quais são os ser-
de um novo modelo de atenção à saúde. viços ofertados e a for-
Entretanto, observa: “no caso brasileiro, ma como são acessa-
não podemos desconsiderar que por trás des- dos pela população.
se cenário existe uma crise maior, a meu ver, Schilling cita a
no plano político-ideológico a qual teremos situação dos países
de enfrentar, pois a sociedade vai nos exi- europeus que com a
gir uma resposta. Essa crise passa por temas crise financeira estão
muito delicados como: os limites no direito revisando algumas ofer-
à saúde em relação ao acesso a serviços e tec- tas desnecessárias e custosas à população.
nologias da indústria médico-hospitalar e o Ela explica que no Brasil são gastos 9% do
redesenho do mix público-privado no sistema Produto Interno Bruto (PIB) em saúde, mas
de saúde brasileiro”. 55% desse valor são distribuídos para 40%
Sobre o papel do setor privado como su- da população brasileira com planos priva-
plementar, Rolim esclarece que essa é uma dos e os demais (60% da população) têm de
discussão antiga e complexa. “Suplementar ter suas necessidades em saúde atendidas
é algo que vai além de um todo já existente. por 4,07% do PIB. “A crise dos sistemas no
Nesse entendimento, poderíamos retirar esse mundo é que depois de um certo valor de
suplemento e o sistema permaneceria está- gastos per capita em saúde, a melhora dos
vel, como acontece no sistema de saúde cana- indicadores se dá na forma como os recur-
dense no qual a opção de comprar planos é sos se distribuem, e aí entra a distribuição
oferecida para serviços específicos”, diz. nos modelos de atenção”, esclarece.
Rolim esclarece, no entanto, que o sub- Nesse sentido, a médica observa que o
sistema público e o subsistema privado brasi- modelo de atenção precisa atender às mudan-
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www.conass.org.br
ças na sociedade. “Os sistemas de saúde que tia do escopo das ações e dos serviços a serem
são orientados às necessidades da população ofertados nas Unidades Básicas de Saúde.
têm melhores resultados. A população viven- Para ela, se os serviços criam barreiras
do mais, e com menos utilização dos espaços de acesso ou não conseguem dar as respostas
da ‘rua’ (pela questão da insegurança), faz que aos problemas que levam as pessoas a procu-
a rede de serviços (de saúde e dos outros se- rarem os serviços de saúde, abre-se uma bre-
tores da determinação social da saúde) deva cha para que a população busque respostas
se preparar para apoiar as pessoas a lidar com inadequadas às suas doenças em serviços de
condições crônicas”. pronto-atendimentos ou especializados, sem
Categórica, afirma ainda que só será pos- longitudinalidade, sem estabelecer relação de
sível um modelo de atenção que responda às confiança com os profissionais do cuidado,
necessidades das pessoas quando os proble- submetendo-se a intervenções e tratamentos
mas prevalentes (80 a 90%) forem atendidos mais invasivos e que podem causar mais da-
e acompanhados na Atenção Primária à Saú- nos que benefícios.
de e o restante, com tempo correto e quali- “Dentro do ideário do que é ser ‘cuida-
dade na atenção especializada. Segundo ela, do’, isso atende ao senso comum de acesso ao
sempre que um problema de saúde prevalen- médico, aos exames e ao tratamento medica- Acesse o site
goo.gl/SRsTLA
te, agudo ou a agudização de um problema mentoso. Esse é o modelo que está em falên-
crônico é respondido na rede por serviços es- cia no mundo”, conclui.
pecializados focais, os recursos são gastos ina- Conheça melhor o CONASS Debate e
propriadamente e não dão a resposta adequa- acesse todo o material no site do projeto.
da. Além disso, ocupam o espaço dos serviços
especializados com questões que não são de
sua competência e dificultam o acesso aos
que realmente precisam estar nesses serviços.
No período em que esteve à frente do
DAB/MS, Claunara Schilling defendeu que o
Programa Saúde da Família – modelo brasilei-
ro de APS – fosse o serviço de referência para
todo brasileiro. “Esses serviços, de base terri-
torial, com população definida, integrariam a
rede de serviços assistenciais de saúde e tam-
bém se relacionariam com a rede interseto-
Luiz Facchini, professor da Universidade Federal de Pelotas e ex-
rial (escola, cultura, assistência social, justiça, presidente da Abrasco (E) e Frederico Guanais – PhD, especialista
saúde urbana e ambiente, desenvolvimento Líder em Saúde da Divisão de Proteção Social e Saúde do Banco
agrário etc.)” Interamericano de Desenvolvimento, também participarão, como
expositores, do seminário, juntamente com os entrevistados desta
No entanto, ela explica que faltaram na- matéria. Confira a programação no evento nas páginas 24 e 25.
quele momento, e ainda faltam até hoje, profis-
sionais com competência adequada e a garan-
Livro do 2o seminário
CONASS Debate - Caminhos da Saúde no Brasil
Baixe em
goo.gl/vD2kIy
Livro do 1o seminário
CONASS Debate
Saúde: para onde vai
a nova classe média
Baixe em
goo.gl/xUcg05
As Redes de Atenção à Saúde Baixe em
Eugênio Vilaça Mendes
goo.gl/7Hgro1
O livro traz subsídios e evidência de que as Redes de Atenção são o melhor arranjo para superar os
desafios de gestores no processo de implantação de redes no SUS e integrar os sistemas de saúde.
Trata-se de obra fundamental e relevante para os temas Redes de Atenção e APS, com conteúdo coeso,
baseado na melhor evidência disponível nessa área de conhecimento.
Baixe em
Coleção para Entender a Gestão do SUS 2011 goo.gl/xvLEVm
Composta por 12 livros que esmiuçam a complexidade do SUS: Sistema Único de Saúde; O financiamento da
Saúde; Atenção Primária e Promoção e Saúde; Vigilância em Saúde (Parte I e II); Assistência Farmacêutica no
SUS; A Gestão Administrativa e Financeira do SUS; Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde; Regula-
ção em Saúde; Ciência e Tecnologia em Saúde; Saúde Suplementar; e Legislação Estruturante do SUS.
1 2 3 4
Clique em Clique na opção Escolha a opção *Caso seu tablet ou smartphone da
“+ detalhes”. Boa Leitura! Apple não estiver instalado o iBooks,
“ebook”. “abrir em * ”.
você poderá instalá-lo gratuitamente
pela AppStore.
www.conass.org.br/biblioteca
relações internacionais
Cobertura e sistemas
universais de saúde são
tema de intercâmbio
internacional de
experiências no Brasil
Adriane Cruz
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consensus | primeiro trimestre 2014
A utilização de QR Codes é simples e fácil. Para fazer a leitura dos códigos é preciso
ter um smartphone ou tablet equipado com câmera e um aplicativo (app) leitor de QR
Code. Praticamente todos os modelos recentes de smartphones disponíveis no mercado
possuem um app pré-instalado. Caso o seu smatphone ou tablet não tenha, acessar a
loja de aplicativos pelo próprio celular (Google Play, Apple App Store, BlackBerry App
World etc.) e fazer o download do aplicativo leitor/scanner de código QR.
Abra o aplicativo leitor de QR Code, aponte a câmera do seu dispositivo móvel
para o código que deseja acessar e, por meio da digitalização, todas as informações
contidas no QR Code, como, por exemplo vídeos, fotos, áudios e websites irão abrir
em seu dispositivo.
Agora que você já sabe como utilizar, usufrua todos os benefícios do QR Code apro-
veite o conteúdo interativo da revista Consensus!
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de 28 a 31 de outubro de 2014
A experiência em Saúde Pública do seu estado ou município é um sucesso? Então registre como
vem sendo desenvolvida, descreva seus principais resultados e venha apresentá-la na 14ª EXPOEPI.
Até 08 de junho de 2014 você poderá enviar sua experiência bem-sucedida, na área da vigilância,
prevenção e controle de doenças ou agravos em Saúde Pública, pela internet. Seu município, ou
estado, concorrerá a prêmios de até R$ 50 mil.
Também serão premiados os autores de trabalhos nas categorias de especialização, mestrado e
doutorado, com prêmios de até R$ 6 mil, R$ 9 mil e 12 mil, respectivamente, e serão premiadas
experiências exitosas desenvolvidas pelos movimentos sociais, com prêmios de até R$ 5 mil.
Neste ano, todos os finalistas serão premiados!
Confira o edital da 14ª EXPOEPI na página da Secretaria de Vigilância em Saúde: www.saude.gov.br/svs
de 28 a 31 de outubro de 2014
Centro de Convenções Ulysses Guimarães
Brasília/DF
institucional
Pesquisa avalia o
desempenho das
Upas 24 horas
Adriane Cruz
Reforma no Sistema
de Saúde Americano
OBAMACARE
organiz aç ão: pa r c e r i a :
12
mai
V E N H A pA rt i c i pA r
d E s t E E N co N t r o.
2 014 VAG A s L I M I TA DA s!
i N f o r m Açõ E s E i N s c r i çõ E s :
w w w. h O s p I TA L s I R I O L I B A n E s . O R G . B R / E n s I n O
David Uip
Secretário estadual
de Saúde de São paulo
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institucional
Na semana em que se comemorou o Dia lização popular em prol da saúde pública. “Não
Ouvir o texto
Mundial da Saúde, a Câmara dos Deputados é todo dia que chega a essa Casa um projeto de
goo.gl/px6xVx realizou, no dia 8/4, uma Comissão Geral para iniciativa popular com mais de 2 milhões de as-
debater o Projeto de Lei de Iniciativa Popular sinaturas. A nossa luta agora é pela votação do
que prevê a destinação de 10% da Receita Cor- PLP n. 321/2013, na forma como ele foi apresen-
rente Bruta da União para a saúde. A comissão tado e não apensado a outro projeto”, afirmou.
foi proposta pelo presidente da Casa, deputa- Para Alecrim, a Comissão Geral represen-
do federal Henrique Alves (PMDB/RN), para ta a retomada do Movimento Popular em De-
atender ao pleito de diversas organizações que fesa da Saúde Pública – Saúde + 10. Ele advertiu
O presidente
compõem o Movimento Saúde+10. que agora é preciso ter capacidade operacional
e o secretário Henrique Alves declarou que a comissão e política de mobilização para que o projeto
executivo do vai viabilizar alternativas para que a proposta tramite o mais rápido possível.
CONASS, Wilson
Duarte Alecrim e seja votada mais rapidamente. O secretário observou ainda a importân-
Jurandi Frutuoso Wilson Duarte Alecrim, secretário de Es- cia de que seja votado o requerimento do de-
respectivamente,
representaram tado da Saúde do Amazonas e presidente do putado federal João Ananias (PCdoB/CE) que
o Conselho CONASS, ressaltou que o aumento de recursos requer que a tramitação do PLP n. 321/2013
durante a
comissão
para o SUS é fundamental para a sobrevivência ocorra da maneira como ele foi apresentado
do sistema e observou a grandiosidade da mobi- na Câmara e não apensado a outro projeto.
“Esse projeto tem início a partir de uma ini-
ciativa popular que coletou mais de 2 milhões
de assinaturas no país inteiro. As pessoas não
assinaram para que ele fosse apensado a ou-
tro projeto”, declarou.
Em breve entrevista à revista Consen-
sus ao fim da Comissão, o deputado fede-
ral e presidente da Frente Parlamentar da
Saúde Darcísio Perondi (pelo PMDB/RS)
afirmou que o Governo Federal não quer
priorizar a saúde. “A posição é cada vez
mais dura na área econômica do governo,
que prioriza subsídios para o setor elétrico
e para grandes empresas nacionais e inter-
nacionais”.
38 Fotos: CONASS
consensus | primeiro trimestre 2014
Eleita a diretoria
do CONASS para a
gestão 2014/2015
Assista o discurso
goo.gl/ReiPbd
39
opinião
1
2
3
4
VITALIDADE 5 FRAGILIDADE
6
7
8
9
10
Declínio Funcional
Independência Declínio Funcional Estabelecido
Iminente
Dependência em AVD
Dependência em AVD Básica
Avançada/Instrumental
Dependência Dependência Semi Dependência Dependência
Parcial Completa Dependência Incompleta Completa
IDOSO EM RISCO DE
IDOSO ROBUSTO
FRAGILIZAÇÃO IDOSO FRÁGILF
IDOSO FRÁGIL DE ALTA COMPLEXIDADE AC
IDOSO FRÁGIL EM FASE FINAL DE VIDA FFV
AUMENTO DE VULNERABILIDADE
Como vimos, a saúde do idoso frágil é ria e terciária, de forma integrada. A gestão
caracterizada pela presença de múltiplas da clínica é o processo de gestão da saúde
condições clínicas, poli-incapacidades, do indivíduo, englobando o cuidado inte-
polifarmácia, propedêutica complemen- gral (microgestão da clínica) e o cuidado
tar extensa e vários especialistas envolvi- integrado (macrogestão da clínica).
dos no cuidado. A resposta do sistema de O principal objetivo das intervenções
saúde é, usualmente, fragmentada, tanto propostas depende diretamente do estrato
no que se refere à integralidade quanto à clínico-funcional mostrado na figura aci-
continuidade do cuidado, o que não está de ma. Nos idosos classificados como robus-
acordo com os princípios do Sistema Úni- tos (estrato 1, 2 e 3), o objetivo é a manu-
co de Saúde e necessita ser objeto de inter- tenção da independência e da autonomia.
venção. Utilizamos o termo microgestão Representam a maior parte dos idosos (50
da clínica para descrever a integralidade a 60%). As intervenções promocionais,
do cuidado, cujo objetivo é a definição das preventivas e curativas são as mais im-
demandas biopsicossociais do paciente e portantes. Já entre os idosos em risco de
todas as intervenções preventivas, curati- fragilização, que representam de 10 a 20%
vas, paliativas e reabilitadoras propostas dos idosos, todo cuidado deve ser tomado
para manter ou recuperar a saúde. Por sua para identificar as condições preditoras de
vez, a macrogestão da clínica é o processo desfechos adversos e intervir rapidamen-
de coordenação e continuidade do cuidado te, para que o idoso não apresente declínio
prestado pela atenção primária, secundá- funcional e torne-se dependente. Esta po-
SISTEMA DE SAÚDE
CONDIÇÕES CRÔNICAS
DE SAÚDE
Fragilidade
CONDIÇÕES
AGUDAS DE Capacidade Funcional
SAÚDE
Doenças Crônicas
Não Transmissíveis
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Revista do Conselho Nacional de Secretários de Saúde
Secretário Executivo
Jurandi Frutuoso