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23/08/2021

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA

UFRA –Capitão Poço

EFCPP132
PATOLOGIA DE SEMENTES FLORESTAIS

Prof. Sérgio Heitor

2021

Tratamento de Sementes Florestais

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23/08/2021

Controle de Doenças em Espécies Arbóreas


O controle de doenças no campo é difícil e, em muitas situações, inviável,
principalmente em grandes áreas quando as árvores alcançam médio ou
grande porte.
Seringueira

Imagem: https://www.pulverizadoresadventure.com.br/atomizador-
pulverizador-de-600-litros-para-seringueira-eucalipto/
Atomizador/
Pulverizador
Fênix 600 LTS
para aplicações
de até 25 m de
altura ou mais.

Objetivo:
❑ Controlar os fitopatógenos das sementes florestais (proteção do potencial
genético);
❑ Garantir a emergência de plântulas.
Patógeno
(microrganismos do solo)

Sementes em
germinação
ou
Plantas nos seus
primeiros estágios de
desenvolvimento

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Principais patógenos do solo que causam tombamento de plântulas


Cilindrocladium, Fusarium, Phytoppthora, Pythium e Rhizoctonia solani.
Região do Colo

Melo et al., 2014.


Lesões de aspecto encharcado > coloração escura > tombamento > morte da plântula.

Rotineiramente, não são feitos tratamentos das sementes florestais!!!

I. Poucas pesquisas com patologia de sementes;


II. Falta de produtos químicos ou biológicos registrados.

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Tipos de tratamentos
Tratamento físico (termoterapia)
❑ Imersão em água quente
❑ Ar quente ou calor seco
❑ Vapor arejado
❑ Energia solar
Tratamento biológico
Tratamento bioquímico
Tratamento químico

Tipos de tratamentos
Tratamento físico (termoterapia)
❑Imersão em água quente
❑Ar quente ou calor seco
❑Vapor arejado
❑Energia solar
Tratamento biológico
Tratamento bioquímico
Tratamento químico

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Tratamento físico (termoterapia)

Esse método consiste em colocar as sementes em contato com o


calor para que os patógenos presentes sejam eliminados sem
perda da germinação e vigor.

✓ Grau de umidade das sementes


Quanto maior a umidade das sementes, maior a sensibilidade...

✓ Dormência
Tegumentar são consideradas mais resistentes...

✓ Idade e Vigor
Quanto mais nova e vigorosa for a semente, menor a sensibilidade...

✓ Presença de injúrias
Quanto maior as injúrias no tegumento, maior a sensibilidade...

✓ Local
Quanto mais quente for o local de produção, maior a resistência...

✓ Genótipo
Variações de sensibilidade ao nível genético/ adaptativo (variabilidade
genética)...

Tolerância das sementes ao calor é o grande “gargalo” para


aplicação do método!

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❑ Imersão em água quente

1. Pré-aquecimento 2. Tratamento 3. Resfriamento 4. Secagem

15 a 30 min.
49 e 52 °C abaixo do tratamento 37 e 38 °C
Água fria
Ou
Ambiente natural
10 min. (sombra com 21 a 25 °C)
5 e 8 °C abaixo do tratamento

❑ Ar quente ou calor seco


1. Pré-aquecimento entre 60 e 65 °C por 24 horas.
2. As sementes são colocadas
em secadores ou estufas com
temperatura entre 95 e 100 °C
por 12 horas.
❖ O tratamento por calor seco
pode ser de longa duração:
55 °C por 80 a 120 dias.
Menor eficiência à imersão em
água quente.
Patógenos apresentam menor
sensibilidade

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❑ Vapor arejado
É um procedimento intermediário entre a água quente e o ar quente!
Sementes pré-hidratadas em câmaras com elevada UR são submetidas ao
vapor de água em temperatura variando entre 50 e 57 °C por 30 minutos,
seguido de resfriamento.
Necessidade de adaptação de equipamentos para aplicação do método!

?
Máquina de vapor
(100 °C) elimina
microrganismos do
solo...

❑ Energia solar
Colocar as sementes ao sol em estruturas apropriadas, onde as sementes
podem atingir temperaturas entre 40 e 54 °C.

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Curiosidade no tratamento de biojóias


❑Radiação ultravioleta: efeito germicida
Laboratório de Sementes Florestais –
Embrapa Amazônia Oriental

Tipos de tratamentos
Tratamento físico (termoterapia)
❑Imersão em água quente
❑Ar quente ou calor seco
❑Vapor arejado
❑Energia solar
Tratamento biológico
Tratamento bioquímico
Tratamento químico

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Tratamento biológico
“a redução de inóculo de doenças ou das atividades determinantes da
doença provocadas por um patógeno, realizada por ou através de um ou
mais organismos que não o homem” (Cook e Baker, 1983).
“destruição parcial ou total de populações de patógenos por outros
organismos frequentemente encontrados na natureza” (Agrios, 2005)

Organismo Controle Organismo


não
patogênico
patogênico
Interferência negativa:
• Crescimento;
• Infectividade;
• Virulência;
• Agressividade; ou
• Outros atributos.

Tratamento biológico

Fungo Trichoderma - micoparasita


Microrganismo não patogênico

Rhizoctonia sp que causa


podridão nas raízes.
Microrganismo patogênico

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Tratamento biológico
Microrganismos envolvidos no controle biológico (Antagonista)

Características para seleção e obtenção de um agente de controle biológico:

I. Geneticamente estáveis (não sofrer variação em suas atividades


antagônicas entre as gerações);
II. De fácil produção em biofábricas;
III. Efetivos a baixas concentrações;
IV. Compatíveis com outros métodos de controle (Químico e cultural);
V. Não serem patogênicos ao homem nem às plantas.
Controle biológico

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Tratamento biológico
Principais microrganismos envolvidos no controle biológico:
• Agentes fúngicos
❖Trichoderma: estudado no controle biológico de plantas desde a década
de 1930.

Trichoderma stromaticum + vassoura-de-bruxa

Tratamento biológico
Principais microrganismos envolvidos no controle biológico:
• Agentes fúngicos
❖Clonostachys rosea: atua como entomopatogênico, endofítico e promotor de
crescimento de planta.
https://bioexampreparation.blogspot.com/2017/10/fungi-as-
biocontrol-agents.html

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Tratamento biológico Bacillus


amyloliquefaciens Bacillus subtilis Controle
Principais microrganismos envolvidos
no controle biológico:
❖Agentes bacterianos
- Gênero Bacillus: um dos mais
estudados e aplicados no controle
biológico, tanto na parte aérea quanto
no solo;
Patossistema - Phytophthora sojae x Bacillus amyloliquefaciens; Bacillus subtilis.
- Tem como alvo fungos, bactérias e
nematoides;

Fonte: Liu et al., 2019.


- De fácil produção em biofábricas;

Principais microrganismos envolvidos no controle biológico:


❖Agentes bacterianos
- Gênero Pseudomonas spp.: auxiliam na supressão de muitas doenças de
solo como Ralstonia.

Colonização de raízes de tomate por Pseudomonas fluorescentes (Haas e Défago, 2005).

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Tratamento biológico
Outros microrganismos envolvidos no controle biológico:

❖Vírus: estirpes fracas de vírus podem ser utilizadas para a proteção cruzada
ou premunização.

- Os vírus usados no controle biológico tem estar em alta densidade;


- Ter acessibilidade ao microrganismo alvo;
- Capacidade de infectar e replicar nas condições ambientais.

Ex: Controle de fungos fitopatogênicos por vírus micoparasitas.

Estudos indicam:

Controle biológico de doenças causadas por Aspergillus, Penicillium,


Alternaria, Rhizopus, Mucor, Fusarium, Botrytis.

Agentes utilizados para controle:


Pichia, Candida oleophila, Saccharomyces cerevisiae, Bacillus e
Pseudomonas.

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Uso de Trichoderma na soja:


❑ Fungos de solo T. harzianum e T. asperellum

Trichoderma deve ser aplicado no momento da semeadura...

Tipos de tratamentos
Tratamento físico (termoterapia)
❑Imersão em água quente
❑Ar quente ou calor seco
❑Vapor arejado
❑Energia solar
Tratamento biológico
Tratamento bioquímico
Tratamento químico

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Tratamento bioquímico
Esse método consiste em submeter as sementes a uma fermentação
anaeróbica (sem a presença de oxigênio), por tempo determinado;
Método limitado a poucas espécies cultivadas e de baixo valor comercial, mas
de baixa ação residual.
Pode ser testado para espécies florestais.

Fermentação → acidificação
❖Sementes do tomateiro Ação de substâncias ácidas atuam inibindo os patógenos

I. Extraídas com polpa;


II. Fermentação: 21 °C durante 96 horas;
III. Controle do cancro (agente causal Clavibacter michiganensis);
IV. Lavagem e secagem à sombra, por 4 ou 5 dias.

Tipos de tratamentos
Tratamento físico (termoterapia)
❑Imersão em água quente
❑Ar quente ou calor seco
❑Vapor arejado
❑Energia solar
Tratamento biológico
Tratamento bioquímico
Tratamento químico

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Tratamento químico

É o método mais comum de se tratar as sementes. Envolve a aplicação de:

Fungicidas, Bactericidas e nematicidas Inseticidas

Alternaria sp. em soja Meloidogyne sp. em cenoura Spodoptera frugiperda em milho

Os fungos são os principais organismos alvos por existir mais informações e conhecimento...

Os produtos químicos devem apresentar as seguintes características:


a) Eficiência contra patógenos alvos;
b) Baixa fitotoxicidade (toxicidade às plantas) e pouca toxidez ao homem e
meio ambiente;
c) Boa persistência, aderência, cobertura nas sementes;
d) Compatibilidade com outros produtos
e) Capaz de sofrer armazenamento sem deteriorar-se.
f) Menor custo possível;

Proteção
• Associados às sementes;
contra
• No solo
Semente Patógenos
• No armazenamento
Tratada • Fases iniciais de emergência

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Classificação quanto à classe toxicológica

Considera a nocividade do defensivo e seu princípio ativo a organismos não


alvo, normalmente realizada com base em testes toxicológicos agudos e
crônicos em mamíferos.

No Brasil, é o Ministério da Saúde, por meio da ANVISA, que determina a


classe toxicológica de cada produto.

Existem quatro classes toxicológicas, que são diferenciadas por cores em


função de sua toxicidade.

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Rótulo

Ex: Classe III, medianamente tóxico.

Formulações dos produtos químicos


❑ Via úmida (Formulações para diluição em água)
Pós molháveis
Formulações sólidas, na forma de pó, para aplicação sob a forma de
suspensão, normalmente de baixa concentração, após a dispersão em água.

Pós solúveis
Formulações sólidas constituídas de pó, para aplicação após a mistura do
ingrediente ativo em água, sob a forma de solução.

Soluções e concentrados emulsionáveis


Formulações líquidas homogêneas para aplicação após diluição em água, do
que resulta emulsão, geralmente de aspecto leitoso.

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Vantagem:
Penetração do produto na semente.

Desvantagem:
Maior tempo para preparo da suspenção produto-água e na mistura do
fungicida-semente.

Agente Umectante
O agente umectante auxilia na
incorporação de pó molhável na fase
aquosa no momento da diluição e
funciona na interface sólido/liquido.
Os agentes umectantes reduzem a
tensão superficial entre a superfície
sólida de pó e a superfície aquosa.

Formulações dos produtos químicos


❑ Via seca (Formulações para aplicação direta)
Pó seco
Formulação sólida, uniforme, sob a forma de pó, para aplicação direta,
através de polvilhamento. Nesta formulação, o ingrediente ativo é
misturado a um pó inerte, como talco ou argila, na concentração em que
será aplicado.

Vantagem:
Fácil e rápida cobertura da superfície da semente.
Desvantagem:
Não penetração do produto no interior da semente;
Elevado perigo de intoxicação durante o preparo, através do contato ou
inalação, devendo ser realizado em local ventilado.

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Modo de ação dos produtos químicos


Protetores ou residuais (Contato)
Modo ação: inibem a germinação de esporos ou a multiplicação de bactérias,
impedindo a infecção dos tecidos da planta.
Características: atuam na fase de pré-penetração e formando uma camada
superficial e protetora antes da deposição do inóculo.

❑ Os fungicidas protetores protegem as


sementes por períodos relativamente
curtos após o plantio, em comparação com
os sistêmicos.

Ex: Captana, Thiran


Grupo da Captana - Dicarboximidas: são produtos de natureza química
orgânica, apresentam capacidade de translocação limitada na planta.
Exemplos são o captana
Grupo químico da Thiran - Ditiocarbamatos e similares: são produtos de
natureza química orgânica, apresentam ação sobre fungos e bactérias.

Multi-sítios com atividade protetora

Esses fungicidas interferem com muitos processos metabólicos de um fungo e


são normalmente fungicidas protetores;

Geralmente inibem a germinação de esporos e devem ser aplicados antes que


a infecção ocorra.

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Sistêmicos ou móveis: penetração e translocação na planta pelo sistema


vascular, agindo de forma curativa sobre o patógeno e atuando sobre os
princípios de proteção, terapia, imunização e erradicação.

I. “Imunizante”: confere resistência ao tecido vegetal


II. Protetora: maior parte do fungicida permanece na superfície planta
III. Curativa: atua sobre o patógeno presente no interior do tecido
IV. Erradicante: age direta/e sobre o patógeno presente na semente
Quando usado como erradicante, confere proteção aos tecidos jovens
provenientes da germinação da semente

Além de erradicar e evitar a transmissão do patógeno para a parte aérea das plantas pode
oferecer proteção contra o ataque de fungos de parte aérea.

Sistêmicos ou
móveis

Além de erradicar e evitar a transmissão do patógeno para a parte aérea das plantas pode
oferecer proteção contra o ataque de fungos de parte aérea.

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Ex: Carboxin, Thiabendazol

Modo de ação Carboxin - Inibidores da enzima succinato desidrogenase


(SDHI): são produtos de natureza química orgânica.

O produto penetra no interior das sementes e transloca-se para a região


do hipocótilo e cotilédones dando proteção às plantas.

Complexo II da respiração
Atuante no Complexo II da cadeia de transporte de elétrons na
mitocôndria do fungo, impedindo a oxidação de Succinato para
Fumarato

Modo de ação Tiabendazol - Metil benzimidazol carbamato (MBC): são


produtos de natureza química orgânica, apresentam amplo espectro de
ação.

Mitose e divisão celular

Interfere inibindo a síntese de DNA bem como o processo de mitose nos


organismos sensíveis.

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Erradicantes
Modo ação: atuam diretamente sobre o patógeno, interferindo na sua fase
de sobrevivência.
Características: são eficientes no tratamento de solo, de sementes e no
tratamento de inverno de plantas de clima temperado que entram em
repouso vegetativo.

Ex: Iprodione/ Iprodiona

Ex: Iprodione/ Iprodiona


Grupo da Iprodiona - Dicarboximidas: são produtos de natureza química
orgânica, apresentam capacidade de translocação limitada na planta.

Multi-sítios com atividade protetora

Esses fungicidas interferem com muitos processos metabólicos de um fungo


e são normalmente fungicidas protetores;

Geralmente inibem a germinação de esporos e devem ser aplicados antes


que a infecção ocorra.

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Aplicação do produto
O tratamento de sementes pode ser realizado de maneira simples ou através
de equipamentos como tambor rotativo, câmara de nebulização ou então
através de máquinas mais sofisticadas.
As espécies florestais em pequenas quantidades
podem ser tratadas através de sacos plásticos em
locais protegidos, evitando risco de intoxicação do
manipulador.

Tratamento de Sementes Industrial


Tecnologia: aplicação realizada através
(TSI)
de modernas máquinas que garantem a Aplicada a partir de 1998
precisão da dose aplicada e a distribuição
uniforme do produto na semente.
Segurança: processo em conformidade
com leis trabalhistas, prevenindo
qualquer contato dos trabalhadores nas
fazendas com os produtos químicos.
Conveniência: o produtor não precisará
investir seu tempo e seus recursos para
este fim, já que a semente já chegará
pronta para ser semeada.

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O que não fazer!!!!!

Considerações gerais do tratamento de sementes:

a) Deve-se tratar as sementes puras, pois impurezas dificultam a cobertura e


a aderência do produto;
b) O tratamento é uma ferramenta a mais para melhorar a qualidade
sanitária das sementes; As demais também são importantes...
c) Os produtos e as respectivas doses para os tratamentos devem estar
registrados no MAPA (não há produtos registrados para espécies
florestais);
d) Os produtos devem ser utilizados baseado na análise de sanidade do lote;
e) Optar pelo uso de produtos com diferentes espectros de ação;
f) Não deixar as sementes tratadas ao sol;
g) Não utilizar sementes tratadas para o consumo.

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Medidas preventivas de controle

I. Colher os frutos diretamente na árvore;


II. Transportar o mais breve possível até o local de beneficiamento
III. Durante o transporte, tomar cuidados para não danificar as sementes
(colisões podem causar quebra no tegumento e em outras partes da
semente);
IV. Fazer desinfestações periódicas das câmaras de armazenamento de
sementes;

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Obrigado pela atenção!

Prof. Sérgio Heitor


sergio.h.s.felipe@gmail.com

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