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Mecanica Dos Solos Saturados e Nao Saturados Unidade III
Mecanica Dos Solos Saturados e Nao Saturados Unidade III
E NÃO SATURADOS
UNIDADE III
TENSÕES ATUANTES NO SOLO
Elaboração
Daniela Toro Rojas
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO
UNIDADE III
TENSÕES ATUANTES NO SOLO........................................................................................................................................................ 5
CAPÍTULO 1
TENSÕES E DEFORMAÇÕES DEVIDAS A CARREGAMENTOS VERTICAIS................................................................. 6
CAPÍTULO 2
ADENSAMENTO........................................................................................................................................................................... 14
CAPÍTULO 3
ESTADO DE TENSÕES................................................................................................................................................................ 26
REFERÊNCIAS................................................................................................................................................33
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TENSÕES ATUANTES
NO SOLO
UNIDADE III
As forças aplicadas no solo são transmitidas de grão a grão e suportadas também pela
água nos vazios. Essa transmissão pode ser muito complexa e depende do tipo do mineral
constituinte. Se são consideradas partículas de grãos maiores em que as três dimensões
ortogonais são praticamente iguais, a transmissão é feita diretamente de mineral a
mineral e, no caso das argilas, pode ocorrer através da água adsorvida, porém, nos dois
casos essa transmissão se faz nos contatos que são áreas muito pequenas em relação
à área total. Como a quantidade de grãos pode ser extremamente grande, a ação das
forças é substituída pelo conceito de tensões.
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Capítulo 1
TENSÕES E DEFORMAÇÕES DEVIDAS A
CARREGAMENTOS VERTICAIS
Sendo:
σv � = Tensão vertical
Zn = Profundidade
Quando o solo tem mais de uma camada, a tensão vertical resultará da somatória do
efeito delas:
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Tensões Atuantes no Solo | UNIDADE III
Sendo:
u� � = Poropressão
Assim, entende-se que a pressão normal total num plano será a soma de duas parcelas:
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UNIDADE III | Tensões Atuantes no Solo
» Agora pensemos que a tensão total aumenta e a pressão da água não. Nesse caso,
as forças transmitidas entre as partículas, sim, podem ser alteradas e, portanto, a
tensão efetiva também.
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Tensões Atuantes no Solo | UNIDADE III
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UNIDADE III | Tensões Atuantes no Solo
Figura 28. Distribuição de tensões com a profundidade a) plano horizontal b) plano vertical.
Os pontos com acréscimo de tensão do mesmo valor podem se juntar, formando linhas
conhecidas como bulbos de tensões (Figura 29), que representam um percentual da
tensão aplicada na superfície.
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Tensões Atuantes no Solo | UNIDADE III
Para uma carga pontual aplicada num semiespaço infinito de superfície horizontal,
Boussinesq determinou as tensões, deformações e deslocamentos numa massa de solo.
Sua equação para o acréscimo de tensão considerando a Figura 30 é:
3𝑧𝑧 3
𝜎𝜎𝑣𝑣 = 5 𝑄𝑄
2𝜋𝜋(𝑟𝑟 2 + 𝑧𝑧 2 )2
ou
3
𝑄𝑄 2
𝜎𝜎𝑣𝑣 = 2 5
𝜋𝜋𝑧𝑧
𝑟𝑟 2 2
(1 + (𝑧𝑧) )
Para:
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0
2mn m2 n2 1 0,5 m2 n2 2
2mn m2 n2 1
0,5
v arctg 2
4 m2 n2 1 m2n2 (m2 n2 1)
m n2 1 m2n2
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Tensões Atuantes no Solo | UNIDADE III
A solução de Newmark também pode ser utilizada para calcular o acréscimo de tensão
num ponto fora e dentro da área retangular. Para isso, é necessário dividir a área carregada
em retângulos com uma das arestas na posição do ponto analisado. Os efeitos de cada
retângulo resultante são considerados separadamente.
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Capítulo 2
ADENSAMENTO
Neste capítulo serão apresentadas noções gerais sobre a deformação dos solos e sobre
a teoria de adensamento.
Para entender este comportamento são executados ensaios laboratoriais através dos
quais são obtidos os parâmetros necessários para fazer uma análise do solo, como o
ensaio de compressão axial e o ensaio de compressão edométrica.
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Como apresentado na Figura 33, as tensões e as deformações são registradas num gráfico
onde é possível observar que a relação entre essas duas variáveis não é constante nem
elástica.
» Deformação radial
r
r
r
» Módulo de elasticidade
E
l
» Coeficiente de Poisson
r
l
Esse módulo de elasticidade depende do nível de tensões a que o solo está confinado e
por isso sua determinação pode ser muito difícil. Em alguns casos, o módulo é expresso
em função do nível de tensão e, em problemas mais simples, é assumido como um valor
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UNIDADE III | Tensões Atuantes no Solo
Neste ensaio um corpo de prova é colocado num anel rígido ajustado numa célula de
compressão edométrica com duas pedras porosas acima e abaixo da amostra para
permitir a saída da água. Os anéis utilizados têm diâmetros de 5 a 12cm, três vezes sua
altura para diminuir o efeito do atrito lateral (Figura 35).
Os carregamentos são feitos por etapas e para cada uma delas é registrada a deformação
em diferentes tempos até elas cessarem. Dependendo do solo, o intervalo de tempo
pode ser de poucos minutos para areias, dezenas de minutos para siltes e horas para as
argilas. Quando as mudanças não são mais perceptíveis, as cargas são aumentadas e o
processo se repete.
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A altura da amostra e o índice de vazios (calculado a partir da redução dessa altura) pode
se representar em função das tensões verticais atuantes (em escala logarítmica), como
ilustrado na Figura 35, que apresenta um resultado típico de um ensaio edométrico.
» Coeficiente de compressibilidade:
de
av
d v
Sendo:
ε v � = Deformação volumétrica
de
d v
1 e0
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2.1.3. Recalques
Sendo:
E = Módulo de elasticidade.
υ = Coeficiente de Poisson.
Os problemas com esta teoria é que o solo não é elástico, nem linear nem homogêneo
e, portanto, não considera as variações dos módulos e dos tipos do solo com a
profundidade.
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Deformação:
e1 e2
H1 1 e1
Recalque:
H1 H
e1 e2 ou av 1 ou mvH1
1 e1 1 e1
2.1.4. Adensamento
Adensamento é um processo de deformação nas argilas gerado pela saída de água dos
seus vazios, especialmente lento devido à baixa permeabilidade destes solos. Para esse
caso, quando analisado no laboratório, o ensaio edométrico é conhecido como ensaio
de adensamento.
A Figura 37 mostra a curva e log' obtida a partir do ensaio. Nela é possível observar
que a partir de uma tensão σ 'a , o índice de vazios varia linearmente com o logaritmo
da tensão em uma reta conhecida como trecho virgem. O índice de compressão indica
a inclinação desta reta e é definido por:
e2 e1
cc
'
log 2
'1
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Esses índices podem ser utilizados para calcular os recalques, porém, é necessário
entender antes o conceito de tensão de pré-adensamento utilizado para se referir à
história e evolução do material, no sentido da tensão efetiva máxima para o qual o solo
já foi solicitado. Nesse sentido, as argilas podem se encontrar:
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Pelo ponto de maior curvatura se traçam uma horizontal, uma tangente à curva e a
bissetriz do ângulo formado pelas duas retas. A interseção da bissetriz com a horizontal
que prolonga a reta virgem é considerada o ponto da tensão de pré-adensamento.
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Tensões Atuantes no Solo | UNIDADE III
Esta transferência de pressão neutra para os sólidos do solo define a teoria de adensamento
unidimensional desenvolvida por Terzagui baseada nas seguintes hipóteses:
» A compressão é unidimensional.
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» A permeabilidade é constante.
Sendo:
Sendo:
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Sendo:
M 2m 1
2
Uz = Grau de adensamento
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Capítulo 3
ESTADO DE TENSÕES
Neste caso, também é importante explicar as tensões normais nos planos verticais que
dependem da constituição do solo e da história da tensão a que foi submetida no passado.
Sendo ϕ' o ângulo de atrito interno efetivo do solo. E para argilas sobreadensadas:
K 0 1 sen ' OCR
sen '
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Para solos com diferente origem, a determinação do K0 é muito difícil porque as tensões
horizontais dependem das tensões internas originais da rocha ou de seu processo de
evolução.
Estas duas tensões variam conforme os planos considerados, três deles ortogonais
entre si com tensão normal ao próprio plano sem componentes de cisalhamento. Estes
planos recebem o nome de planos principais, assim como as tensões atuantes neles são
chamadas de tensões principais. A maior delas, σ1 é a tensão principal maior, σ2 é a
tensão principal intermediária, e σ3 é a tensão principal menor.
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Estas equações definem o círculo de Mohr (Figura 46), facilmente desenhado quando são
conhecidas as tensões principais ou a tensão normal e de cisalhamento. Com o círculo
de Mohr, a determinação de tensões em qualquer plano é mais fácil.
Na Figura 46, o ângulo α é formado por um plano principal maior e um plano cujas
componentes de tensão são determinadas pela interseção da reta que passa pelo centro
do círculo e forma o ângulo 2α .
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iguais, mas possuem sinal oposto; nos planos que formam o mesmo ângulo com o plano
principal maior, de sentido contrário, as tensões normais e as tensões de cisalhamento
são iguais, mas com sentido oposto.
3.3. Resistência
A resistência ao cisalhamento do solo é entendida como a máxima tensão de cisalhamento
que o solo suporta sem atingir a ruptura, ou continuando com o conceito de planos, é a
tensão de cisalhamento do solo no plano em que a ruptura ocorre.
F N
𝜑𝜑
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Com ϕ sendo o ângulo de atrito formado pela resultante das duas forças. Nos solos,
o fenômeno envolve uma grande quantidade de grãos que podem se deslizar entre
si, acomodando-se nos vazios e, portanto, sua resistência ao cisalhamento depende
principalmente deste atrito.
Nas areias, as forças transmitidas entre os grãos são grandes o suficiente para expulsar
a água dos seus vazios e, portanto, os contatos ocorrem entre as partículas sólidas.
Porém, a transmissão das forças nas argilas é muito pequena devido ao tamanho de seus
grãos e a água adsorvida neles e, portanto, as forças de contato não são suficientes para
remover a água do material. Nas argilas, então, a resistência depende da velocidade de
carregamento a que são submetidas.
A atração química entre as partículas do solo provoca uma coesão real independente
da tensão normal, parecida com uma cola aplicada entre dois corpos. Alguns solos
apresentam parcelas de coesão muito baixas se comparadas à resistência devida ao
atrito. Em outros casos, o valor da coesão pode ser muito representativo.
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Em 1900, Mohr apresentou a teoria de que um material rompe por causa da combinação
da tensão cisalhante e da tensão normal e não de uma isoladamente. A tensão de
cisalhamento num plano de ruptura é função da tensão normal:
f f
Coulomb, em 1776, estabeleceu que o solo rompe porque a resistência pelo atrito entre
as partículas e a coesão é excedida pela tensão de cisalhamento aplicada na superfície
de ruptura. Isto pode ser expresso pela equação:
f c n tan
Sendo:
τf � = Resistência ao cisalhamento
c = Coesão
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REFERÊNCIAS
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Solos e Engenharia Geotécnica, 2015.
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PINTO, C. Curso básico de mecânica de solos em 16 aulas. 3. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2006.
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