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Legitimidade no processo de execução civil

 
 DIREITO PROCESSUAL CIVIL
 PROCESSO DE EXECUÇÃO CIVIL

Este é um artigo acadêmico que tem por fim apresentar alguns


conceitos de grande importância ao tema referente aos
pressupostos necessários como legitimidade, para um
processo de execução civil segundo normas do novo código
de processo civil brasileiro.
I. Introdução

Na tutela jurisdicional executiva deverão estar presentes


os pressupostos processuais para a existência e
desenvolvimento válido da relação processual. Um dos
requisitos de suma importância é a legitimidade das partes na
ação.  A atividade de execução é a satisfativa, uma vez que é
parte de um título que representa uma obrigação, tendo por fim
efetivar o direito do credor, entregando-lhe o bem jurídico
tutelado.  As partes no processo de execução precisam ter
capacidade de ser parte, e estar em juízo.  São denominadas
pelo código como “credor” e “devedor”, também conhecidos
como “exequente” e “executado”.  Como a tutela executiva só
pode ser promovida pelo credor ou pelas pessoas legítimas,
por outro lado só pode figurar como executado o devedor ou
quem tenha responsabilidade executiva. As partes na execução
são os sujeitos que figuram nos polos ativo e passivo do
processo autônomo ou do cumprimento de sentença, podendo
ser pessoa física ou pessoa jurídica.  É possível a ampliação da
legitimação ativa, permitindo que terceiro também tenha
legitimidade para defender, em juízo, direito alheio.

1. LEGITIMIDADE

       A legitimidade pode ser entendida como o aceite por


parte de autoridade jurisdicional para que um sujeito possa
fazer parte de uma relação processual, estando ele obrigado a
satisfazer plenamente os preceitos legais.

       A noção de legitimidade das partes tem implicações


práticas relevantes na contextualização do processualismo
civil.  Deste estágio é que se retira a qualidade de quem pode
ou deve pleitear num determinado processo.
       Fato é que não se pode dizer que qualquer pessoa
que instaura uma ação contra outra, a define como parte, neste
caso iremos além de autor e réu, exigindo-se para tanto o
preenchimento de certos requisitos legais, pois as partes
deverão ser legitimadas.

       Segundo Araken de Assis (1998):

“... a noção aqui encampada de


legitimidade é de toda estranha ao
mérito. Cinge-se à teórica
identificação, in statu assertionis, das
pessoas legalmente tituladas à
demanda executória, ou seja,
examina-se o tema no terreno dos
esquemas abstratos, traçados pela
lei, para habilitar alguém ao processo
(situações legitimadoras)”. (ASSIS,
Araken de. Manual do Processo de
Execução. 5. ed. rev., e atual.. São
Paulo: RT, 1998).

       Segundo Veras (2015),

Legitimidade (ou “legitimatio ad


causam “) é a "pertinência subjetiva
da ação, pois esta só pode ser
proposta por quem tiver a titularidade
do interesse subordinante, ou
prevalecente, da pretensão, em face
daquele cujo interesse, de
consequência, esteja subordinado ao
do autor. É, no plano material, a
titularidade ativa ou passiva na
relação  jurídica litigiosa, e, no plano
processual, a capacidade processual
de estar em juízo".(VERAS, Ney Alves
(Coord.).Dicionário jurídico:
expressões correntes do uso
cotidiano - de acordo com o Novo
CPC/2015-Campo Grande-MS: Editora
Contemplar, 2015, p. 291)
       Somente poderá litigar a respeito dela, quem tiver a
titularidade legítima do interesse pretendido, tanto no polo
ativo quanto no polo passivo.

1.1 Legitimidade no polo ativo

       É o credor, a quem a lei confere título executivo.  O


sujeito litigará em nome próprio na defesa de interesse próprio
ou alheio, como no caso do Ministério Público nas ações civis
públicas.

       A legitimidade ativa, na execução, pode ser ordinária


ou extraordinária, originária ou sucessiva, pertinente aos que
podem prosseguir em execução já intentada. 

       A legitimidade ativa ocorre quando em nome próprio,


o sujeito pleiteia direito próprio.

       Usa-se o termo exequente para aquele que é o ativo


da execução, visto que nem todo credor poderá ser o
exequente.

1.1.1 Ministério público

       O Ministério Público pode figurar no polo ativo da


execução com legitimidade ordinária primária, desde que não
tenha figurado como parte no processo de conhecimento
pleiteando em nome próprio, o direito alheio.

       São exemplos práticos de legitimidade do Ministério


Público conforme o novo código de processo civil

1. A legitimidade para executar a sentença condenatória


proferida em ação civil pública que tenha como objeto
direito difuso ou coletivo (Lei 7,347/85, art. 3º);
2. Para executar a sentença de ação de improbidade
administrativa, em situações de enriquecimento ilícito no
exercício do mandato, cargo, emprego ou função na
administração pública (Lei 8.429/92, art. 17);
3. Execução da sentença penal condenatória quando for
credor pessoa pobre (CPP, art. 68);
4. Nas ações coletivas para as quais o Ministério Público
tem legitimidade ativa, sua legitimidade para executar não
depende de sua participação como autor, pois tem dever
funcional de executar a sentença na hipótese do outro
autor legitimado não o fizer no prazo legal;
5. Em caso de ação civil pública fundada em direito
individual homogêneo com relevância social somente
poderá executar a sentença se no prazo de um ano do
trânsito em julgado não se habilitarem interessados a
executar a sentença individualmente em número
compatível com a gravidade do dano (CDC, art. 100:
legitimação extraordinária condicionada a evento futuro e
incerto, que é o desinteresse de grande parte dos titulares
do direito).
6. Executar sentença proferida em ação popular caso o
autor ou qualquer outro cidadão não o faça em 60 dias da
decisão de segundo grau de jurisdição (Lei 4.717/65, art.
16).

1.1.2 Espólio, herdeiros e sucessores

       Atribui-se legitimidade ao espólio, herdeiros e


sucessores para iniciar a execução ou assumir o polo ativo na
sucessão processual em lugar do falecido.  Trata-se de
legitimação ordinária superveniente em virtude de sucessão
“causa mortis”.

       Muito embora não tenha personalidade jurídica, o


espólio tem capacidade processual para demandar e ser
demandado.  A legitimidade do espólio dura até a partilha de
bens, ao final do inventário ou do procedimento extrajudicial
cabível.

       O herdeiro com direito à totalidade da herança ou a


sua parte é o sucessor a título universal.

1.1.3 Sub-rogado

       Haverá também legitimidade superveniente no caso


de sub-rogação legal.

       Sub-rogado é o sujeito que quita a dívida alheia e


assume todos os direitos anteriormente atribuídos ao credor
primitivo.   
1.2 Legitimidade no polo passivo

       É legitimado passivo para a execução o devedor,


assim reconhecido no título executivo. A referência a devedor
abrange tanto o principal quanto o garante, fiador ou avalista,
desde que assim tenha sido reconhecido no título executivo.

       A legitimidade para a execução pode ser ainda


ordinária ou extraordinária.

1.3 Legitimidade ordinária

       A Legitimidade ordinária subdivide-se em primária e


secundária, superveniente ou derivada.

       A legitimidade ordinária primária abrange a quem


figurou como parte no processo que originou o título executivo
ou que participou da constituição do título extrajudicial.  Neste
caso a parte constitui como credor ou devedor. Em leigas
palavras, legitimado ordinário é aquele que defende em juízo
interesse próprio.

1.4 Legitimidade secundária

       A legitimidade secundária, também intitulada como


derivada ou superveniente, trata de circunstâncias
legitimadoras posteriores é criação do título ou independentes
deste. Nesse caso, a lei confere essa legitimidade tendo em
conta que, em determinadas situações, o interesse para a
execução surge fora do título ou posteriormente à constituição
deste.

1.5 Legitimidade extraordinária

       A legitimidade extraordinária caracteriza-se quando


alguém, autorizado por lei, pode vir a juízo postular, em nome
próprio, direito alheio. Ocorre neste caso o que foi designado
como “substituição processual”. 

       A legitimidade extraordinária, deverá ser


compreendida como pressuposto processual de validade, cuja
ausência leva à extinção sem resolução do mérito.  O pedido é
juridicamente possível quando, em tese, é tutelado pelo
ordenamento jurídico, não havendo vedação para que o
judiciário aprecie a pretensão posta em juízo.  A possibilidade
jurídica do pedido não é mais uma condição da ação segundo
o novo CPC. Desse modo, se o pedido é juridicamente
impossível, a parte não terá interesse processual, devendo o
Juiz extinguir o processo sem resolução do mérito.  Por outro
lado o pedido juridicamente impossível deve ser julgado
improcedente, pois não é tutelado pelo direito. 

       Compreende a legitimidade extraordinária, autônoma


e a subordinada, sendo a autônoma podendo ser exclusiva ou
concorrente.

1.6 Legitimidade extraordinária autônoma

       O Novo CPC exige processo autônomo, no


cumprimento de sentença que surge com o trânsito em julgado
de sentença ou acórdão, ou mesmo com a concessão de tutela
provisória.

       Ocorre o chamado sincretismo processual que é a


junção das fases de conhecimento e execução num mesmo
processo.

       Na autônoma, a parte tem plenos poderes para agir,


figurando como parte principal na relação processual com toda
independência.

              Na esfera da legitimidade extraordinária


autônoma concorrente, concebe-se no processo do trabalho a
atuação do Ministério Público nos casos do artigo 91 e 100,
caput, da Lei 8.078/90, quando há a inércia do legitimado.

1.7 Legitimidade extraordinária subordinária

       Na subordinada o legitimado extraordinário se


apresenta como coadjuvante ou parte secundária, sem os
poderes principais da parte principal.

       Segundo Humberto Theodoro Junior (1998),

“O interesse processual, a um
só tempo, haverá de traduzir-se numa
relação de necessidade e também
numa relação de adequação do
provimento postulado, diante do
conflito de direito material trazido à
solução judicial”.

“Mesmo que a parte esteja na


iminência de sofrer um dano em seu
interesse material, não se pode dizer
que exista o interesse processual, se
aquilo que se reclama do órgão
jurisdicional não será útil
juridicamente para evitar a temida
lesão. É preciso sempre que o pedido
apresentado do juiz traduza
formulação adequada à satisfação do
interesse contrariado, não atendido,
ou tornado incerto.”(THEODORO
JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito
Processual Civil. 25. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 1998, v. 2 )

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

       Vários são os conceituadores que nos trazem à luz


do entendimento que não basta ser parte em um processo de
execução.  A legitimidade das partes não se determina de uma
forma linear, é pertinente que se determinem regras sejam elas
legais ou convencionais ou que a própria natureza da relação
obrigue.

       Do acima exposto, conclui-se que em processo de


execução, a legitimidade tem um aspecto formal, ou seja, a lei
determina claramente quem são as partes legítimas.

        Por fim, ressaltamos que a execução deste trabalho


enriqueceu bastante a nossa mente e nos abriu mais para
avançarmos em novas pesquisas de conhecimento no âmbito
do processualismo civil.

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