Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
XIX SIMPEP Art 727
XIX SIMPEP Art 727
14
XIX SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Sustentabilidade Na Cadeia De Suprimentos
Bauru, SP, Brasil, 5 a 7 de novembro de 2012
1. Introdução
O modelo Toyota utilizou-se da filosofia do lean manufacture para aprimorar
processos de sistemas produtivos a partir da redução do desperdício e a consequente
eliminação de custos, agregando competitividade ao negócio a partir da operação produtiva.
Dentre muitas técnicas agregadas ao Lean destaca-se o Single Minute Exchange of Die
(SMED), metodologia criada para redução do tempo nas trocas de ferramentas (setup).
O propósito desse trabalho é a utilização do SMED em manutenções preventivas
buscando a redução do desperdício e o aprimoramento de um processo produtivo para a
maximização do desempenho operacional e a consequente eliminação de custos. O SMED foi
criado por Shingeo Shingo para a redução do tempo na troca de matrizes (moldes) visando
aumentar a versatilidade produtiva ao mesmo tempo em que proporciona aumento de
capacidade através da eliminação do tempo ocioso (SHINGO, 2000).
O objetivo desse trabalho é demonstrar que as técnicas criadas para a metodologia
SMED podem ser empregadas na atividade de manutenção preventiva e produzir resultados
semelhantes aos obtidos nas trocas de ferramentas.
Segundo Fogliatto (2003), o objetivo do SMED, é a redução e a simplificação do
setup, por meio da redução ou eliminação das perdas relacionadas à operação de setup, assim
sendo, a forma de empregar as técnicas de Single Minut Exchenge of Die (SMED) nas tarefas
de manutenção preventiva para obter ganhos de produtividade será: estudar as atividades da
manutenção, separar em conjunto com a equipe de manutenção da empresa, as tarefas internas
(realizadas com máquina parada) e externas (realizadas com a máquina em funcionamento),
transformar tarefas internas em tarefas externas e padronizar as ações com o objetivo de
redução de ajustes.
2. Revisão bibliográfica
2.1 Produção empurrada e produção puxada
De acordo com Iucksch (2005), a lógica da produção empurrada requer que se produza o
máximo de um mesmo produto em determinado intervalo de tempo. Para isso é necessária a
especialização de máquinas e mão-de-obra. Tenta-se produzir lotes com o maior tamanho
possível reduzindo as perdas e paradas de linha oriundas das trocas de ferramentas (setups).
Segundo Godinho Filho e Fernandes (2004), a produção em pequenos lotes e a
redução de estoques foram impulsionadores de ações no sentido da redução dos setups, que
por sua vez auxiliou na implementação da produção puxada. A produção em pequenos lotes
possibilita a redução dos estoques criando linhas de produção que podem responder à
demanda na medida em que ela se apresenta. A existência de uma ferramenta que possibilite a
redução do tempo de preparação viabilizou o conceito conhecido como produção puxada.
Esse conceito agregado a outras técnicas ajudou a moldar o conceito de produção enxuta o
qual Womac (1990), dentre outros pontos, destaca o seguinte: é um sistema produtivo
integrado, com enfoque no fluxo de produção, produção em pequenos lotes segundo a
filosofia just-in-time e um nível reduzido de estoques.
15
XIX SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Sustentabilidade Na Cadeia De Suprimentos
Bauru, SP, Brasil, 5 a 7 de novembro de 2012
O SMED é a sigla para Single Minut Exchange of Die, expressão em inglês que
significa, numa tradução livre, Troca de Molde em Tempo menor que 10 minutos. É também
conhecida como Troca Rápida de Ferramenta (TRF) e, de acordo com seu criador Shingo
(2000, p. 25), “... o sistema TRF é muito mais que uma questão técnica; é uma forma
inteiramente nova de pensar a produção”.
Shingo desenvolveu o SMED ao logo das décadas de 1950 e 1960 em experimentos
conduzidos na planta Mazda da ToyoKogyo, no estaleiro da Mitsubishi Heavy Industry,
ambos em Hiroshima, e na fábrica de carrocerias da Toyota Motor Company. Ele estabeleceu
quatro passos ou estágios para a aplicação do SMED em uma atividade de troca de
ferramentas:
1. Estágio inicial – as condições de setup interno e externo não se distinguem;
2. Estágio 1 – separando setup interno e externo;
3. Estágio 2 - convertendo setup interno em externo; e
4. Estágio 3 – racionalizando todos os aspectos das operações de setup.
A figura 1 representa esquematicamente a implementação do SMED identificando em
cada estágio o conceito, as ferramentas empregadas e de que forma o setup interno vai sendo
convertido em setup externo e o tempo efetivo de parada vai se reduzindo:
16
XIX SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Sustentabilidade Na Cadeia De Suprimentos
Bauru, SP, Brasil, 5 a 7 de novembro de 2012
3 Metodologia da pesquisa
O método utilizado nesse trabalho é do tipo dedutivo. Para Andrade (2001), o método
da dedução parte do geral para o particular, utilizando-se de leis e teorias gerais para
determinar ou prever fenômenos ou fatos particulares. O objetivo do método dedutivo é
explicar fenômenos utilizando-se de premissas já testadas, ou seja, se as premissas são
verdadeiras então (deduz-se que) [grifo do autor], as conclusões também serão verdadeiras
(MARCONI e LAKATOS, 2003).
A pesquisa, de acordo com Gil (apud MEDEIROS, 2007), é o desenvolvimento do
método científico e é através dela, com o uso de procedimentos científicos, que se descobre a
solução para os problemas estudados. Este trabalho se utilizou dos seguintes tipos de
pesquisa: bibliográfica, exploratória e estudo de caso. Por se tratar de uma pesquisa cujos
resultados serão empregados de forma prática para solucionar um problema real, Andrade
(2001) nos instrui a classifica-la, quanto à finalidade, como uma pesquisa aplicada.
17
XIX SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Sustentabilidade Na Cadeia De Suprimentos
Bauru, SP, Brasil, 5 a 7 de novembro de 2012
No gráfico 1, os tempos de parada possuem durações que vão de 4:00 h a 10:21 h, essa
é a amplitude com a qual o tempo de parada varia na forma como é executada a manutenção
atualmente. É visto que existe uma variação significativa uma vez que se trata de uma rotina e
deveria ter tempos de execução mais uniformes. Em seguida os dados foram estudados
através de um histograma, conforme gráfico 2.
18
XIX SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Sustentabilidade Na Cadeia De Suprimentos
Bauru, SP, Brasil, 5 a 7 de novembro de 2012
19
XIX SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Sustentabilidade Na Cadeia De Suprimentos
Bauru, SP, Brasil, 5 a 7 de novembro de 2012
1
Benchmarking é a busca e a implantação das melhores práticas. CAMP (apud OLIVEIRA, 2010, p. 42)
20
XIX SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Sustentabilidade Na Cadeia De Suprimentos
Bauru, SP, Brasil, 5 a 7 de novembro de 2012
Foi definido pela equipe que as injetoras utilizadas seriam as máquinas enumeradas de
1 a 3, pois são de mesmo modelo e seus planos de manutenção são idênticos. Dentro do plano
de manutenção das injetoras, a atividade escolhida pelo grupo foi a manutenção quinzenal,
essa é a intervenção com maior frequência de execução de forma que os ganhos conquistados
com essa atividade serão repetidos duas vezes ao mês em cada uma das injetoras.
21
XIX SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Sustentabilidade Na Cadeia De Suprimentos
Bauru, SP, Brasil, 5 a 7 de novembro de 2012
Foi feita a instalação de um segundo filtro ligado em paralelo com o inicial, dessa
forma, é possível “isolar” um dos filtros de cada vez e realizar a remoção do elemento
filtrante e a limpeza sem a necessidade de interromper o circuito de refrigeração mantendo a
máquina em funcionamento.
22
XIX SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Sustentabilidade Na Cadeia De Suprimentos
Bauru, SP, Brasil, 5 a 7 de novembro de 2012
Foi realizada modificação da base da tremonha (vide figura 4), substituindo-se a base
reta por uma base cônica que não permite a retenção de resíduos de outros lotes. Essa
alteração reduziu o tempo empregado nessa operação.
O tempo de execução da manutenção nessa última rodada foi de 0:36 h. A redução
comparado com a execução anterior foi de 0,78 h e em relação a média histórica foi de 5,57 h.
23
XIX SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Sustentabilidade Na Cadeia De Suprimentos
Bauru, SP, Brasil, 5 a 7 de novembro de 2012
minutos e o resultado obtido tenha sido superior a esse patamar, considera-se de extrema
importância a melhoria obtida e o novo tempo estabelecido para a realização da tarefa.
Sugai (2007, p. 327) afirma que as técnicas do SMED não podem ser aplicadas em
todas as indústrias com o mesmo êxito e que Shingo direcionou seu livro “Sistema de Troca
Rápida de Ferramenta” para o setor metal-mecânico.
O gráfico 3 mostra a evolução na redução dos tempos de parada obtidos a cada rodada.
A proporção do tempo gasto na 3ª rodada em relação à média histórica é de 1/10, ou seja, o
tempo de parada estabelecido após a 3ª rodada é 10 vezes menor que o tempo gasto na média
das intervenções antes da implantação do SMED.
O gráfico 4 apresenta os percentuais de redução de tempo obtidos em cada uma das
rodadas realizadas. O maior percentual do ganho foi obtido na primeira rodada, responsável
por 49% da redução de tempo total, e o menor percentual foi da terceira rodada com 14% da
redução de tempo total.
24
XIX SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Sustentabilidade Na Cadeia De Suprimentos
Bauru, SP, Brasil, 5 a 7 de novembro de 2012
É possível notar no gráfico 5 que cada etapa reduziu em quase a metade o tempo de
parada de máquina em relação ao tempo que se tinha no início daquela rodada. Sob esse
aspecto, o percentual de redução do tempo na terceira rodada foi de 56,5% ao passo que na
primeira rodada foi de 44,5%, como se pode observar no gráfico 6.
Pelo gráfico 6, observa-se que a rodada que conseguiu a maior redução percentual foi
a segunda rodada e a que apresentou a menor redução foi a primeira rodada. Com isso, é
possível observar que a leitura do gráfico 4 é bastante diferente dessa, de forma que não é
possível fazer uma avaliação das ferramentas ou das etapas do SMED simplesmente pelas
reduções absolutas de tempo obtidas em cada etapa.
Em se tratando do tempo total disponibilizado, são 5,6 h de cada máquina a cada
evento de manutenção. São dois eventos de manutenção quinzenal ao mês ou 24 eventos ao
ano. A produção horária média é de 40.000 unidades por máquina. Considerando os ganhos
para as três máquinas envolvidas nesse trabalho, são 16.128.000 unidades ao ano adicionadas
à capacidade atual. Se for considerado que os ganhos serão os mesmo com as outras duas
linhas de produção, o resultado de produção adicional ao ano seria de 26.880.000 unidades
6. Conclusões
Ficou demonstrado nesse trabalho que a metodologia criada por Shigeo Shingo para a
redução de setup pode ser utilizada em intervenções rotineiras como as manutenções
preventivas com resultados semelhantes de redução do tempo de máquina parada. A obtenção
do tempo de parada inferior a 10 minutos, que Shingo descreve como Single Minute, requer
25
XIX SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Sustentabilidade Na Cadeia De Suprimentos
Bauru, SP, Brasil, 5 a 7 de novembro de 2012
Referências
ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho científico: elaboração de trabalhos na
graduação. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2001.
CABRAL, Antonio. A eficiência global dos equipamentos (OEE) no sistema embalagens. reportagem. Revista
EMBANEWS, p. 64, set. 2011.
FOGLIATTO, Flávio Sanson; FAGUNDES, Paulo Ricardo Motta. Troca rápida de ferramentas: proposta
metodológica e estudo de caso. Porto Alegre: UFRGS, 2003. Artigo científico.
GODINHO FILHO, M.; FERNANDES, F. C. F. Manufatura enxuta: uma revisão que classifica e analisa os
trabalho apontando perspectivas de pesquisas futuras. Gestão & Produção, v. 11, 2004.
IUCKSCH, Alan Martin. Simulação de sistemas de gestão de produção em manufatura sazonal. Porto Alegre:
UFRGS, 2005. Dissertação de Mestrado Profissionalizante em Engenharia.
LAFRAIA, João Ricardo Barusso. Manual de confiabilidade, mantenabilidade e disponibilidade. Rio de Janeiro:
Qualitymark, Petrobrás, 2001.
MARCONI, Maria de A.; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. São Paulo:
Atlas 2003.
MEDEIROS, Francisco de Asis da Silva. Guia para elaboração de monografias. 3. ed . Manaus: FUCAPI, 2007.
OLIVEIRA, Régia Cristina Chagas de. Estabelecimento de benchmarking em Distribuidoras de Energia Elétrica.
São Paulo: UFRS, 2010. Dissertação de Mestrado em Engenharia de Produção.
POSSAMAI, Roberto José. A implantação da metodologia TPM num equipamento piloto na Adria Alimentos do
Brasil LTDA. Porto Alegre: UFRGS, 2002. Dissertação de Mestrado Profissionalizante em Engenharia.
SHINGO, Shigeo. Sistema de troca rápida de ferramenta: uma revolução nos sistemas produtivos. Porto Alegre:
Bookman, 2000.
SUGAI, Miguel; McIntosh, Richard Ian; Novaski, Olívio. Metodologia de Shingeo Shigo (SMED): analise
crítica e estudo de caso. Florianópolis: UFSC, 2007. Artigo Científico.
WOMACK, J.P., JONES, D.T.; ROSS, D. The machine that changed the world. New York, NY: Rawson
Associates, 1990.
26
XIX SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Sustentabilidade Na Cadeia De Suprimentos
Bauru, SP, Brasil, 5 a 7 de novembro de 2012
ZAGONEL, Evaldo. Implantação do fluxo unitário e peças numa célula de usinagem: estudo de caso por meio
de simulação. Curitiba: UFP, 2006. Dissertação de Mestrado em Engenharia Mecânica.
27