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Cruzadas: o que foram e

como são vistas?

Representação de um cavaleiro das Cruzadas. (Foto: Visual Hunt)

Você já ouviu falar de um movimento que levou milhares de


cavaleiros e plebeus a seguirem seus reis por grandes distâncias
para lutar contra um inimigo que, na visão deles, colocava em
risco toda a estrutura de seu mundo? Não estamos falando da
luta contra os   white walkers , da ficção   Game of Thrones , mas
das   Cruzadas , uma série de expedições militares reais que
partiram da Europa   nos séculos XI e XII da era comum, com o
objetivo de reconquistar territórios, sobretudo na região
da   Palestina , tida como Terra Santa para os cristãos na época.
Mesmo não se tratando da história escrita por George Martin, e,
definitivamente, não envolvendo três dragões, o movimento das
Cruzadas também envolveu uma série de disputas políticas,
interesses diversos, massacres impiedosos e acontecimentos
inesperados   e pode ser enxergado sobre uma série de
perspectivas   diferentes. Nesse texto, nós do   Politize ! trazemos
alguns elementos que tornam as Cruzadas um dos
acontecimentos mais enigmáticos da história.

O que foram as Cruzadas?


Essa história começa no dia 27 de novembro do ano de   1.095 ,
na cidade francesa de   Clermont . Ali, o então Papa Urbano II,
autoridade máxima da Igreja Católica – uma das instituições
mais poderosas da época –   lançou um chamado para os cristãos
ocidentais. O chamado para abandonar familiares e partir em
uma missão na qual muitos pereceriam, em prol de um objetivo
muito pouco provável de ser alcançado, em um lugar no qual a
grande maioria deles nunca tinha estado. O que você faria em
uma situação assim?
A convocação se materializou no chamado   Discurso de Clermont .
Marcado por   fortes elementos religiosos , uma constante
tentativa de desumanização do inimigo contra o qual tentava
mover multidões e em busca de uma união que superasse as
divergências das disputas políticas entre os reinos, o discurso
teve forte impacto sobre os cristãos europeus. Que tal dar uma
olhada em alguns de seus trechos?
Dos confins de Jerusalém e da cidade de Constantinopla,
uma estória horrível tem se propagado e muito
frequentemente chega aos nossos ouvidos. A estória de uma
raça do reino dos Persas, uma raça amaldiçoada, uma raça
profundamente alienada de Deus, uma geração que não
dirigiu seu coração e não confiou seu espírito a
Deus ,   invadiu as terras daqueles cristãos e as despovoou por
espada, fogo e pilhagem. Eles levaram alguns dos cativos
para dentro de seu próprio país e alguns foram mortos por
torturas cruéis. […] Quando eles querem torturar pessoas
até a morte, eles perfuram seus umbigos e arrancam seus
intestinos […] outros são pregados em postos e perfurados
com flechas […]
De quem é o trabalho de vingar esses erros e recuperar esse
território, se não de vocês? […] Se vocês se sentem presos
pelo amor de seus filhos, pais e esposas, lembrem o que
Deus diz no Evangelho “aquele que ama seu pai e sua mãe
mais do que a mim, não é digno de mim”   […]
Quando um ataque armado for feito ao inimigo, deixe esse
grito ser levantado por todos os soldados de Deus: “Esta é a
vontade de Deus! Esta é a vontade de Deus!” […]    (Discurso
do Papa Urbano II – Tradução do autor)

O contexto da Primeira Cruzada


É interessante pensarmos em qual o contexto no qual o   Papa
Urbano II   proclamou esse discurso inflamado que deu início a
primeira de muitas Cruzadas.
Quando Urbano II se tornou papa, a cristandade estava dividida
entre a   Igreja Católica Apostólica Ortodoxa   (também
chamada Igreja Grega ou Igreja de Constantinopla) e a   Igreja
Católica Apostólica Romana,   fruto do cisma que aconteceu no
ano de 1053, no qual os líderes da Igreja de Constantinopla e da
Igreja Romana excomungaram (baniram) um ao outro.
O próprio papado de Urbano também estava ameaçado, em meia
a longa rivalidade com o Império da Alemanha, no momento,
Sacro Império Romano – Germânico   (não sem razão seu discurso
foi feito na França). Dessa forma, a convocação de uma Cruzada
era extremamente conveniente para restabelecer a autoridade
papal e tentar crescer como autoridade máxima da Igreja.
Ao mesmo tempo, o   Império Bizantino , no qual se localizava
Constantinopla e a Igreja Ortodoxa vinha sofrendo derrotas para
tribos turcas (Seljuks)   que avançavam sobre seu território. Um
chamado de apoio de exércitos europeus era mais que bem-
vindo, sobretudo por serem esses mesmos   Seljuks   os detentores
do controle em   Jerusalém   naquele momento. Uma Cruzada bem
sucedida preservaria o próprio Império Bizantino. Vale lembrar
que   Jerusalém em si, o principal alvo da expedição, estava sob o
controle do Islã há cerca de 400 anos.
Mesmo em meio a todos os custos, aos que seguissem na
Cruzada, o papa prometia a   salvação eterna   e a redenção dos
pecados. Aos que recusassem o “chamado de Deus”, o inferno
era uma grande possibilidade. Muitos buscaram essa salvação,
muitos outros foram obrigados a ir por conta de obrigações para
com seus barões. Outros tantos buscavam pagamentos de
dívidas, o perdão de sua excomunhão ou mesmo construir
prestígio em batalha. E outros ainda tiveram seus próprios
motivos.
De uma forma ou de outra, entre cavaleiros, plebeus, homens,
mulheres e crianças, por mais que não tenhamos como averiguar
os números exatos, estima-se que cerca de 30.000 a
150.000   pessoas marcharam para Jerusalém.

Vejamos um pouco mais sobre as características desses


movimentos, do primeiro ao oitavo.   Vale lembrar que o
termo   Cruzadas   tem origem na palavra “Cruz” e passou a ser
utilizado apenas no século XVII.

As Cruzadas
Representação de um cavaleiro das Cruzadas. (Imagem de Brigitte Werner/ Pixabay)

Do século XI ao século XIII aconteceram cerca de   oito grandes


Cruzadas , diferentes em datas, em personagens e mesmo em
objetivos, mas que partilhavam a característica com a qual essa
história foi iniciada: a crença na unidade da cristandade em torno
de um inimigo comum (ao menos na perspectiva dessa mesma
cristandade).
Com o tempo também foram sendo estabelecidas rotas mercantis
simultâneas às Cruzadas e o comércio em torno do Mediterrâneo
–   que seria um grande trunfo posterior, sobretudo para as
cidades italianas – foi sendo construído. Deixemos os
detalhamentos dessa história, contudo, para uma outra
oportunidade e lancemos nosso foco às multidões em movimento
na Europa.
Até lá, se quiser, você pode acompanhar nosso texto sobre a
classe que surgiu a partir dessas rotas comerciais: a   Burguesia !

A primeira Cruzada (1095 – 1099)


Uma vez que Urbano II lançou o chamado e este se propagou
pela Europa, as multidões partiram rumo a Constantinopla. O
então imperador do império Bizantino,   Alexius   I, ofereceu apoio
aos Cruzados em troca de que as terras retomadas por eles
fossem devolvidas ao Império Bizantino, o que nem sempre
ocorreu.
Até a chegada em Jerusalém, foram três as conquistas mais
significativas de cidades obtidas pelos Cruzados no caminho: a
cidade de   Nicaea   (então capital do sultão Seljuk), em 1097, que
retornou ao controle do Império Bizantino; a cidade de   Edessa ,
em 1098, que, diferente da primeira, se tornou o primeiro reino
latino nas terras sagradas para os cristãos, sob o comando de
Baldwin of Boulogne; e a cidade de   Antioch , também em 1098,
que se tornou o segundo reino latino.
Em 7 de junho de 1099, um exército liderado por nomes
como   Godfrey de Bouillon   (Duque de Lower
Lorraine);   Raymond   (Conde de   Toulouse);   Robert   (Duke da
Normandia) e   Robert   (Conde de   Flanders) iniciou um cerco à
Jerusalém, que durou cinco semanas e resultou em escassez de
recursos e uma série de ataques reprimidos às bem defendidas
muralhas de   Jerusalém .
Apenas no dia 13 de julho de 1099, um grupo liderado por
Godfrey de Bouillon conseguiu adentrar as muralhas e permitir a
entrada do exército Cruzado. Grande parte da má reputação que
as Cruzadas possuem hoje resulta dos massacres e torturas
de   muçulmanos   e judeus que se seguiram.   No dia 22, quando as
lutas terminaram, Godfrey foi eleito o governante de Jerusalém,
tendo morrido no ano seguinte, sendo sucedido por seu Irmão
Baldwin I.
No dia 12, com uma nova vitória em Ascalon, a conquista estava
assegurada. Muitos dos combatentes, após esse acontecimento,
retornaram para seus lares na Europa. É interessante notar que o
próprio Urbano II morreu em julho de 1099, sem nunca ter
conhecido a vitória da Cruzada que incentivou.

A segunda Cruzada (1145 – 1148)


Em meio as baixas defesas nas cidades recém conquistadas,
muito por conta do retorno para a Europa de boa parte dos
combatentes, em dezembro de 1144 se iniciaram novas ofensivas
turcas.   Edessa   foi a primeira a ser cercada e seus habitantes
foram assassinados.
Essa foi a deixa para a autorização de uma nova Cruzada pelo
Papa Eugênio III. Contudo, mais do que o Papa, o grande nome
na construção dessa Cruzada é o de   Bernard de Clairvaux , um
grande nome da igreja na época. Estima-se que 50.000
voluntários formaram grandes exércitos, liderados por   Luís
VII   da França e   Conrado III   da Alemanha (que não se davam
bem entre si).
Com grandes derrotas, sobretudo em Dorylaeum, em 1147 e em
Damasco, em 1148, a Segunda Cruzada é considerada um grande
fracasso.

A terceira Cruzada (1187 – 1192)


Esse não era o melhor dos momentos para os cristãos da Europa.
Se, por um lado, crescia no Egito o nome de   Saladino , que viria
a se tornar um dos maiores algozes   dos Cruzados, na própria
Europa França e Inglaterra estavam mais preocupadas em lutar
entre si do que eu recuperar a “Terra Santa”.
Em outubro de 1187, Saladino cercou e tomou   Jerusalém .
Segundo a maioria dos relatos, apesar de atitudes provocativas,
Saladino teria permitido que a grande maioria dos então
habitantes da cidade fosse resgatada com vida. Suas conquistas,
contudo, não pararam por aí e outros tantos castelos Cruzados
foram tomados.
O Papa Gregório VIII realizou então o chamado por uma nova
Cruzada e três das figuras mais importantes da época
responderam:   Ricardo Coração de Leão , da
Inglaterra;   Philip   (Augustus) II, da França e   Frederick
Barbarossa , da Alemanha.
Frederick morreu afogado no caminho para a Terra Santa, em
1190.   Ricardo e Philip conquistaram a cidade de Acre em 1191.
Em seguida, foram conquistadas as cidades Arsuf e Jaffa, em 7 e
19 de setembro daquele mesmo ano.
Em meio ao cerco de Jerusalém, contudo, Ricardo recebeu a
notícia de que seu irmão John estaria tramando com Philip da
França contra ele. Ricardo então assinou uma trégua de 3 anos
com Saladino e partiu para tentar recuperar o controle de seu
país. Acabou morto em batalha, contudo, na França, em 1194. Já
Saladino morreu em 1193, seis meses após a assinatura do
acordo com Ricardo.

A quarta Cruzada (1202 – 1204)


A quarta Cruzada não resultou em ganhos nas terras santas, mas
apenas na captura de uma pequena cidade grega no Mar
Adriático e saques ao próprio Império Bizantino, na cidade
de   Constantinopla.
Ela surgiu do chamado do Papa Inocêncio III, em 1198, sob as
mesmas promessas já relatadas de “salvação eterna”. O próprio
papa, contudo, não teve poder para definir onde se dariam ou
não os ataques e a Cruzada acabou fazendo parte de uma guerra
pela coroa do Império Bizantino.

A quinta Cruzada (1217 – 1221)


Em 1217, o papa Honório III lançou o pedido por uma nova
Cruzada, com o apoio do Rei da Hungria e do Duque da Áustria.
O foco dessa Cruzada era atacar o centro de poder muçulmano
no Egito, para, uma vez desmontada a capacidade de contra-
ataque muçulmano, recuperar Jerusalém.
Cerca de 300 navios partiram ao Egito e conquistaram a cidade
de Damietta, em 1218. Em 1221 tentaram avançar pelo Rio Nilo,
mas o sultão inimigo conseguiu forçar um recuo e recuperar
Damietta ainda naquele ano.
Francisco de Assis   foi capturado durante essa Cruzada, mas o
sultão permitiu que ele retornasse aos Cruzados.

A sexta Cruzada (1228 – 1229)


Incrivelmente, após uma série de fracassos, a sexta Cruzada
pode ser vista como   uma das mais vitoriosas . Dessa vez,
contudo, não teve origem no pedido de um papa, mas no Sacro
Imperador Romano Frederick II, que havia sido excomungado
pelo Papa Gregório IX por não ter se juntado à Quinta Cruzada.
Apesar disso, viajou com um exército para as Terras Santas em
1228 e negociou com o Sultão do Egito, conseguindo as cidades
de   Jerusalém, Jaffa, Belém e Nazaré . (Tratado de Jaffa de
1229). Com isso, Frederick se proclamou Rei de Jerusalém.   A
cidade foi mantida até 1244, quando um grupo de Turcos Khwa-
razmian a reconquistou. Os Cruzados não voltaram a ter o
controle de Jerusalém após esse episódio.

A sétima Cruzada (1248 – 1250)


Assim como a oitava Cruzada, foi liderada por   Luis IX , após um
pedido do Papa Inocêncio IV, no Conselho de Lyon, em 1243.
Luís atendeu o chamado em 1244 e passou quatro anos
planejando sua Cruzada.
A estratégia seguida foi a mesma da quinta:   o ataque ao Egito.
Em 1249 foi realizado o ataque à Damietta, que foi capturada. O
exército seguiu então, pelo Nilo, em direção a   Cairo. Em 1250
foram derrotados na Batalha de Mansura e cercados. O resgate
foi uma elevada quantia em ouro e a devolução de Damietta.
Embora a maior parte dos europeus houvesse retornado à   Europa
após essa derrota, Luis permaneceu em sua Cruzada, ajudando a
reconstruir uma fortaleza cristã na Síria, até 1254, quando na
ocasião da morte de sua mãe, retornou à França.

A oitava Cruzada (1267 – 1272)


Em 1260, os Mamelucos, um grupo altamente treinado de
soldados turcos, liderados por Bairbars, cresceram em meio as
terras Palestinas. Em 1268 eles haviam conquistado territórios
consideráveis, como Antioch e Jaffa, com o massacre dos
habitantes.
Luis IX novamente lançou seu exército em Cruzada, mas os
esforços tiveram logo um fim em agosto de 1270, em meio a
doenças que resultaram na morte de grande parte do exército,
incluindo Luis.
Após essa derrota, o espírito Cruzado não conseguiu retomar
força na Europa e em 1291, o último grande bastão dos Cruzados
em sua Terra Santa, o castelo de Acre, caiu. A isso se seguiu
uma debandada nos castelos restantes menores e o fim das
grandes Cruzadas na Europa.
As Cruzadas nas perspectivas dos
Muçulmanos
Criança muçulmana em oração (Imagem de Samer Chidiac por Pixabay).

Se por um lado até aqui trouxemos a visão das Cruzadas sob o


olhar dos cristãos da Europa, não podemos deixar de comentar
também as visões do conflito por parte do outro lado,
os   Muçulmanos , que acabaram sendo os grandes vitoriosos ao
final.
Saiba mais sobre o   Islamismo , a religião muçulmana.
Para isso, trazemos os pontos principais da   entrevista   realizada
pelo canal History Channel aos acadêmicos   Paul M. Cobb ,
professor de História Islâmica na Universidade da   Pennsylvania, e
autor do livro   Race for Paradise: An Islamic History of the
Crusades , e   Suleiman A. Mourad , professor de religião
no   Smith College e autor do livro   The Mosaic of Islam .

Perspectivas Cronológicas e Geográficas


De acordo com Paul Cobb, cronologicamente, os registros das
Cruzadas por parte dos muçulmanos não são os mesmos dos
europeus pois eles não reconhecem as Cruzadas. Assim,
momentos como o início em 1095, com o Discurso de Clermont
ou o final com a queda de Acre em 1291 não são tão relevantes.  
Para eles, o início dos conflitos é anterior, por volta de 1060, e o
final é apenas com a conquista de Constantinopla pelo Império
Otomano, no século XV.
Geograficamente, o evento é percebido como um assalto aos
principais centros muçulmanos no Mar Mediterrâneo: Espanha,
Norte da África, Sicília e a atual região da Turquia, que
permaneceu por centenas de anos.

A civilização medieval islâmica e a


comparação com a Europa
Para   Suleiman, a Civilização Islâmica viveu, dos séculos IX ao
XIV, seus anos de ouro, de Bagdá a Damasco a Cairo. Houveram
grandes avanços na matemática, astronomia e medicina. Um
exemplo é o físico   Ibm al-Nafis que foi o primeiro a
descrever a circulação sanguínea pulmonar .
As próprias ideias da filosofia grego romana também estavam
sendo resgatadas e repensadas.
Na visão de Paulo Cobb, a civilização muçulmana era maior, mais
urbanizada, mais saudável e com maior riqueza cultural que a
cristã. Bagdá possuia centenas de milhares de habitantes
enquanto cidades como Paris e Londres tinham cerca de 20.000
cada. A perspectiva dos ataques, então, é de um povo de uma
região marginal e subdesenvolvida (Europa cristã)   atacando a
região de maior patrimônio cultural do mundo naquele momento
(mundo muçulmano).

A importância de Jerusalém
Conforme nós já dissemos para você em nosso texto
sobre   Jerusalém   , ela também é uma cidade sagrada dos
muçulmanos. Mais precisamente, uma das três, ao lado de Meca
e Medina. Na visão de Suleiman, contudo, nos momentos de
controle muçulmano, era permitido a outros grupos conviver nas
cidades sagradas.

O legado das Cruzadas para os Muçulmanos


Nas exatas palavras de Suleiman
O legado das Cruzadas no mundo é que os muçulmanos
pensam onde estão hoje em termos da invasão ocidental.
Para alguns, as Cruzadas são vistas não somente como uma
ameaça medieval, mas presente. Uma tentativa constante de
sobrepor o Islã

As ordens de cavaleiros
Por fim, em meio a tantos acontecimentos, não podemos deixar
de mencionar as três ordens de cavaleiros em torno das quais
muitos mitos e lendas foram construídos ao longo dos séculos. Os
Templários, os Teutônicos e os Hospitaleiros.

o A Ordem dos Cavaleiros Templários : fundada em
1118 para proteger os peregrinos que viajam à Terra
Santa, se tornou uma das figuras centrais nas
Cruzadas, com cerca de 20.000 cavaleiros mortos. Os
Templários respondiam apenas às ordens do Papa em
pessoa. A ordem cresceu muito, até que nos anos 1300
foram acusados pela Igreja, em meio a uma série de
dívidas que as coroas tinham para com eles, de
negarem a Cristo e cultuarem outros deuses. No
Concílio de Viena de 1312 a ordem foi oficialmente
dissolvida e as dívidas que existiam para com ela,
anuladas.
o A Ordem dos Cavaleiros Teutônicos:   Formada
sobretudo por nobres alemães, ela foi fundada em Acre
em 1190. Em 1198 se tornaram uma ordem militar, com
as famosas túnicas brancas e cruzes pretas.
o A Ordem dos Cavaleiros Hospitaleiros :  formada
em 1110 por monges guerreiros. Foram responsáveis
por grandes avanços na enfermagem, mas também
foram uma ordem militar.   Começaram em Jerusalém,
mas logo se moveram para   Acre (1187), Cyprus (1291),
Rhodes (1310) e Malta (1530). Em   1798 foram expulsos
de Malta por Napoleão, mas ainda existem hoje como os
Cavaleiros de Malta.

Uma história de múltiplas


perspectivas
Como você pode ver, a história das Cruzadas e uma história
centenária, com milhares de atores, relações e perspectivas.
Tentamos trazer para você os principais elementos para um
entendimento inicial, mas a história em si é bem mais complexa
do que isso e é acompanhada de centenas de lendas e mitos que
foram sendo construídos ao longo dos séculos.
Como você deve ter notado, de ambos os lados do conflito
faltava   conhecimento a respeito do outro lado e os discursos de
desumanização, de “nós e eles” foram alguns dos principais
elementos responsáveis pelos grandes massacres perpetrados
pelos dois lados.
Em tempos de nova polarização entre o Ocidente e o mundo
muçulmano, aprender com o passado e buscar ouvir e
compreender os dois lados da história antes de tirar conclusões
precipitadas e recorrer a extremismos é um dos principais
legados que um estudo das Cruzadas pode nos deixar.
Conseguiu entender o que foram as Cruzadas? Conta para
nós, nos comentários, sua opinião sobre esse movimento!
Referências:
BBC   (Documentário sobre as Cruzadas) –   Ancient History   (As
Cruzadas: Causas e Objetivos) –   History   (Visão dos Muçulmanos)
–   Discurso de Urbano II   –   Britannica   (Resumo das Cruzadas)

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