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Direitos Humanos
Fred Hilton Gonçalves da Silva
Florianópolis
2021
Minicurrículo Professor
FORMAÇÃO ACADÊMICA :
- Especialização MBA em: Gestão Estratégica do Conhecimento
Organizacional -Fie
- Especialização em: Segurança Pública - Curso de Aperfeiçoamento
de Oficias PMSC
FORMAÇÃO PROFISSIONAL :
- Curso de Mergulho Autônomo Internacional –Escola de Mergulho
Comandos
- Treinamento de Táticas em Policiamento Montado 8º BPM
- Curso de especialização para Oficiais em Tropa Montada no Polícia Militar
de São Paulo
- Treinamento do Uso Legal da Arma de Fogo na Perspectiva dos Direitos
Humanos PMSC
- Curso de Imobilizações Táticas – CATI (Center
for Advanced Tactical Imobilization)
- Curso de Gerenciamento de Crises
- Curso de Sistema e Gestão em Segurança Pública
- Treinamento de Nivelamento para instrutores em Técnica de Policiamento
Ostensivo
- Treinamento em Escolta Tática com Motocicletas
Sumário
1 - ÉTICA ..................................................................................................... 7
1.1Deontologia.......................................................................................... 8
2.3.2 Imprescritibilidade....................................................................... 24
2.3.3 Inalienabilidade........................................................................... 24
4.3 Uso da força pela Polícia Militar na Perspectiva dos Direitos Humanos
...................................................................................................................... 34
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4.4.1 Declaração Universal dos Direitos Humanos ............................. 36
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Prezado Aluno,
Bons Estudos!
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DIREITO HUMANOS
1 - ÉTICA
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Importante: “Mais do que nunca, necessita-se de um
elemento ou de um princípio que sirva de fundamento
para distinguir-se o agir correto do incorreto, o agir justo
do injusto. A investigação em torno desse critério ou
procedimento do agir moral é a tarefa da Ética como
disciplina filosófica”.
1.1Deontologia
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qualidade moral, mas a correção e padronização de suas
intenções e ações, em relação a direitos, deveres ou
princípios, nas relações entre a profissão e a sociedade.
http://leis.alesc.sc.gov.br/html/1983/6218_1983_lei.html
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2- DIREITOS HUMANOS - CONCEITO
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mais a frente entender um pouco mais sobre isso ao discorrer sobre a evolução
histórica dos direitos humanos.
Deixando essa questão para instigá-los, vamos retornar à um conceito
central referido no início do capítulo: a dignidade humana.
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“proprietária” e “digna” de direitos mínimos, sendo determinante para sua
aplicação apenas a condição de ser humano. Não é uma tarefa fácil, porém é o
ponto onde devemos lastrear este tema.
Nas palavras de Fábio Konder Comparato:
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seja em nível de direito consuetudinário ou mesmo por tratados e
convenções internacionais. (MORAES, 2011, pag. 21)
Apesar da gênese deste tema ter relação próxima dos abusos do Estado
contra o cidadão, tema da maioria dos autores, cabe ressaltar que os direitos
humanos também têm como objeto a proteção da sociedade contra o abuso de
particulares. Serão verificados alguns exemplos ao longo deste Caderno de
Estudos.
Para uma melhor compreensão é prudente fazermos uma síntese histórica
sobre direitos humano, tema do nosso próximo aula.
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A evolução deste novo contexto, no qual o homem deixa seu estado de
natureza, renunciando a suas individualidades, instituindo regras de convivência
em prol da manutenção de um grupo, estabelecendo representantes para
decisões ao bem comum, é o início da ideia do que conhecemos atualmente
como Estado.
O Estado é um contraste ao homem primitivo, no qual este abdica de seus
instintos naturais, subordinando-se as regras necessárias para a vida em
coletividade, enquanto aquele tem o dever de proporcionar sua segurança,
punindo a todos que transgridam normas de relações sociais, através de regras
claras e com limites bem definidos.
Ao longo do tempo, este agrupamento de pessoas (sociedade) foi criando e
evoluindo sua dinâmica. As interações entre as pessoas ficaram cada vez mais
complexas e o Estado precisou, e ainda precisa, acompanhar esta evolução,
através de práticas capazes de fornecer a segurança e paz propostas pela teoria
de sua implementação.
Infelizmente, este equilíbrio teórico de um sistema estatal mundial perfeito
está longe de se tornar realidade. Primeiro esta organização de Estado não é
única. No planeta possuímos vários “tipos” de Estados, estruturados de forma
diversa, que apesar de possuírem a mesma lógica acima mencionada,
apresentam profundas diferenças entre si.
Neste viés, verifica-se que as características culturais, o aumento
populacional, as fronteiras geográficas, as divergências religiosas e étnicas
fazem com que os seres humanos acabem se afastando e não reconheçam, nos
seus semelhantes (na sua própria espécie) as mesmas necessidades básicas e
o mesmo desejo de bem estar que também possui.
O indivíduo tende a atuar com alteridade quando reconhece um pouco de si
no outro, seja por uma afinidade familiar, cultural, religiosa, etc. Porém é muito
difícil esta mesma compaixão e entendimento quando não encontramos
reconhecimento pessoal no outro. Esta razão humana, comum e compreensível,
de não reconhecer humanidade no outro da mesma espécie, já foi responsável
por genocídios, originados por simples diferença religiosa, étnica, política ou
territorial.
Nesta nossa diversidade, em uma grande população mundial, é de suma
importância a lembrança de que convergimos para um aspecto muito importante
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que une a todos: somos seres humanos. Possuímos os mesmos desejos
básicos, o mesmo instinto de manutenção da vida, o mesmo medo da dor e do
sofrimento. E esta lembrança, que deve ser massificada no inconsciente coletivo
de todo o cidadão, é a principal importância do estudo dos direitos humanos.
As pessoas titulares de tais direitos não podem ser analisadas sob qualquer
juízo de valor no que tange a garantia de sua aplicação, tratando-se de direitos
irrenunciáveis.
Em razão da existência destes direitos, diversas normas infraconstitucionais
foram promulgadas, de forma a coibir situações que, ao longo da história, foram
consideradas normais. Cabe analisarmos que, na ausência de tais direitos, o
subjugo de um ser humano em face do outro, ou mesmo do Estado, ainda seria
tolerado pois vivemos em um Estado Democrático de Direito.
Esta percepção pode ser colocada em termos práticos, provocando a
reflexão proposta pela presente disciplina. Logo, verificando os fatos históricos,
as grandes tragédias da humanidade, percebemos a importância da solidificação
destes direitos, bem como sua difusão entre os povos.
É de conhecimento coletivo que a escravidão no país perdurou até o final do
século XIX e era considerada uma situação normal para muitos. Acreditava-se
que o ciclo normal de vida de um escravo era servir, com o melhor rendimento
possível, seu senhor. Não havia de uma forma geral, discussões ou reflexões
por grande parte da sociedade, sobre a dura vida, sem condições mínimas, sem
perspectivas ou aspirações que viviam os escravos no período.
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Pois bem, no século XXI, em função da massificação, estudo e
reconhecimento dos direitos humanos, situações de escravidão chocam a
sociedade presente e são recebidas com grande indignação, pois o inconsciente
coletivo considera inadmissível na atualidade, a existência, mesmo que de forma
isolada, deste tipo de ocorrência.
Porém segue abaixo, situação de trabalho escravo flagrada do estado do
Pará, no qual se verifica a violação de inúmeros direitos humanos. No caso em
tela, os trabalhadores foram enganados com a promessa da existência de
trabalho regular. Quando chegaram ao local foram surpreendidos com a
retenção das carteiras de trabalho. Estas pessoas, nossos semelhantes, eram
forçadas a jornadas diárias de 12 horas, sob coação armada, e sem recebimento
de salário. Não tinham acesso à alimentação ou assistência médica. As
condições sanitárias e de habitação eram precárias.
A denúncia ocorreu após a fuga de dois trabalhadores do local que
acionaram a Polícia Militar. O reconhecimento da existência de direitos mínimos
aplicáveis a qualquer pessoa é a garantia de que uma situação como a da foto
abaixo seja inaceitável, independente das características individuais e origem de
cada um destes trabalhadores.
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todos, o Estado deve atuar de forma a protegê-los da ação nociva de terceiros,
resguardando os cidadãos contra ações arbitrárias dos detentores de poder (seja
poder econômico ou imposto pela força como no exemplo acima).
Deve ser ressaltado também, que estes direitos atuam de forma a coibir
excessos do próprio Estado, garantido interferência mínima na liberdade do
indivíduo, frustrando ações ilegítimas e abusivas, que venham a extrapolar os
limites das determinações legais vigentes, bem como sua omissão e negligência
em fornecer condições mínimas de bem estar social.
Abaixo, foto recente da fome na Venezuela, provocada por má gestão e
corrupção do Estado.
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experimentos médicos cruéis e desumanos que culminaram na morte de
milhares de pessoas, com um nível de violência e sofrimento, sem precedentes.
Como exemplo da crueldade sem limites, podemos citar o ‘experimento do
martelo’, com o objetivo de verificar quantos golpes um crânio humano era capaz
de suportar. Os prisioneiros eram amarrados durante o experimento e só
poderiam aguardar a morte como fim do suplício ao qual eram submetidos.
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Entre outros métodos bárbaros, são utilizadas as
cruéis decapitações coletivas, que são transmitidas via internet ao mundo,
sendo uma ostensiva violação dos direitos humanos.
2.1.1 Iluminismo
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O Iluminismo é uma corrente filosófica que trouxe a lógica do pensamento
racional. Enaltece o homem, através de uma visão antropocêntrica e fortalece
sua importância. Esta escola iluminista afastou os dogmas religiosos, elucidando
temas através da racionalidade e valorizando o ser humano. Desta forma,
alavancou a ideia dos direitos inerentes ao ser humano como ser superior às
demais espécies, colocando-o em um elevado grau de importância. Este
movimento filosófico influenciou a concepção dos Direitos Humanos como
conhecemos na atualidade. As ideias defendidas pelo Iluminismo foram a
principal influência no texto da Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão de 1789, que defende o direito à vida e a qualidade de vida para todas
as nações.
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oferta de trabalhadores, bem como pela substituição do trabalho humano por
máquinas, resultou em uma gama de trabalhadores explorados, confinados em
ambientes insalubres e com uma carga horária de trabalho exaustiva onde se
busca o lucro sem limites. Esta situação gerou a necessidade de proteger a
dignidade e determinar regras visando coibir o abuso dos particulares.
Momento histórico, o qual se verifica o surgimento dos direitos
humanos chamados de ‘Segunda Geração’ que tratam basicamente dos
direitos sociais e econômicos.
Destaca-se aqui, a efetiva intervenção do Estado de forma a efetivar a
promoção dos Direitos Humanos, através de regras que vão regular as relações
de trabalho.
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íntegra, segue o endereço eletrônico
http://www.onu.org.br/img/2014/09/DUDH.pdf
Apesar das críticas constantes a ONU, por sua atuação seletiva frente aos
conflitos armados, e por falta de isenção frente a algumas nações, é necessário
perceber a importância da existência de um organismo internacional, o qual seja
possível exigir providências para atuação além das fronteiras dos Estados, em
zonas de conflito ou em nações que violem os direitos humanos de seus
cidadãos.
Inúmeros outros eventos ao longo da história e outros documentos legais em
diversos países contribuíram para a evolução da definição e proteção dos direitos
humanos. Porém, como forma de recapitulação para este curso de formação,
entendemos que o conhecimento dos fatos supramencionados sejam os mais
importantes para construir nossa disciplina.
2.3.1 Relatividade
2.3.2 Imprescritibilidade
São imprescritíveis, ou seja, não perdem sua validade pelo decurso de prazo.
2.3.3 Inalienabilidade
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2.3.4 Irrenunciabilidade
Por sua importância ao ser humano, não podem ser objeto de renúncia em
hipótese alguma (discussões: eutanásia, aborto e suicídio).
2.3.5 Inviolabilidade
São direitos não passíveis de não serem cumpridos, mesmo que haja
determinações infraconstitucionais ou ato das autoridades públicas. Neste caso,
pode haver responsabilização civil, administrativa e criminal.
2.3.6 Universalidade
2.3.7 Efetividade
2.3.8 Complementaridade
A análise dos direitos humanos não pode ser feita de forma isolada, sua
interpretação deve ter como foco os objetivos previstos pelo legislador
constituinte.
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3 DIREITOS FUNDAMENTAIS NA CRFB/88
I – […];
II – […];
O crime de abuso de autoridade pode ser cometido por qualquer pessoa que
exerça função pública. O artigo 2º da Lei 13869/19 expressa:
O bem jurídico principal que essa lei protege são os direitos e garantias
fundamentais, o que liga esta legislação diretamente aos direitos humanos.
4.2 Crime de Tortura
Em que pese à carta maior desde cedo trazer o termo tortura, somente nos
anos 90 tivemos uma legislação que tipificou um crime de tortura quando o
Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8069/90) em seu artigo 233 previu
como crime o ato de “submeter criança ou adolescente, sob sua autoridade,
guarda ou vigilância a tortura”.
No ano de 1997 tivemos a promulgação da Lei 9455/97 que tipifica então o
crime de tortura. Essa lei revogou expressamente o art. 233 do ECA que foi
citado acima em seu art. 4º . Vamos rememorar o que essa lei nos diz:
Logo, agindo a Polícia Militar dentro dos limites legais do uso da força, é
demasiadamente equivocado o senso comum que aponta a atuação policial
como atos de violência, que culminam na transgressão de direitos humanos e
liberdades individuais.
A Polícia Militar é uma instituição que preserva os direitos humanos, quando
garante segurança aos indivíduos para que estes possam viver livremente,
também sob a égide do ordenamento jurídico, sem serem importunados ou
tolhidos por terceiros.
Fonte: Site G1
Abaixo, foto que reflete a dinâmica que estamos argüindo. Policial Militar
auxiliando atendimento de criminoso ferido, mesmo após os mesmos efetuarem
disparos de arma de fogo contra a guarnição. Exemplo de atuação profissional,
respeito aos ditames legais, equilíbrio emocional e promoção dos direitos
humanos.
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. 9. ed. São Paulo: Campos, 2014.
BRASIL, Constituição da República Federativa do. 1988.
BUENO DE JESUS, José Lauri. Polícia Militar e Direitos Humanos. 1ed.
Curitiba: Juruá, 2009.
JESUS, José Lauri Bueno de. Polícia Militar e Direitos Humanos. 1ed.
Curitiba:Juruá, 2008.