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EDUCAÇÃO FORMAL E NÃO FORMAL:DIREITOS E ATRIBUTOS

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa,
seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o
saber;
III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições
públicas e privadas de ensino;
IV – gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; V – valorização dos
profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com
ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes
públicas;
VI – gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
VII – garantia de padrão de qualidade;
VIII – piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar
pública, nos termos de lei federal (BRASIL, 1988)
A educação, segundo Gadotti (2005), tornou-se um dos requisitos fundamentais para
que os indivíduos possam acessar o conjunto de bens e serviços disponíveis na
sociedade. Confere-se a ela a condição de um direito comum a todo ser humano,
como categoria necessária para ele desfrutar de outros direitos estabelecidos em uma
sociedade democrática. Por tal fato, a educação é um direito reconhecido e
consagrado na legislação brasileira e de quase todos os países do mundo. Vale
salientar, no Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente como um documento
também de referência sobre os direitos educacionais e gerais de todos os indivíduos, e
a Convenção dos Direitos da Infância das Nações Unidas como um dos documentos
de referência sobre esta universalidade no mundo.

 Émile Durkheim (1858-1917), especialista nos estudos de educação e sociedade, ao


discutir a educação como forma de integrar um indivíduo na sociedade. Segundo a
perspectiva desse autor, podemos dizer que a educação ocorre desde o nascimento
de cada indivíduo até o último dia da sua vida (DURKHEIM, 1973). Este é um
processo de “adentramento” e pertencimento a uma determinada sociedade que
ocorre por meio do que chamamos de socialização. Esta socialização, para Durkheim
(1973), refere-se à maneira como um determinado indivíduo torna-se membro de um
grupo ou de uma sociedade e passa a cumprir e exercer os mesmos códigos e regras
que, por sua vez, são aprendidos por meio dos processos educativos. Poderíamos
pensar na seguinte analogia: ao nascer somos um livro em branco que vai sendo
escrito com nosso processo de socialização. O processo de socialização, por sua vez,
nos insere em uma dada cultura por meio da educação. Assim, o ser biológico, por
meio do processo educativo, vai se tornando um ser social, dotado de regras, normas
e conteúdos que fazem sentido a um grupo.
A educação coloca e formata o indivíduo em uma cultura, e também o forma para os
processos sociais, políticos e culturais que o acompanharão ao longo da vida. 2
maneiras:
● Aquela que consideramos formal por seu caráter regulamentar, planejado,
especializado e intencional.
● E aquela que chamamos de não formal por ocorrer fora do âmbito oficial/escolar,
porém de maneira organizada e sistemática.
Na sociedade atual, à medida que as relações sociais se tornam mais complexas, a
educação passa a ter uma importância cada vez maior, de tal modo que nenhuma
coletividade humana dos tempos modernos deixa de lhe reservar um papel importante
no rol de suas instituições.
Ademais, são as instituições educacionais, com suas ações efetivas, as responsáveis
pela constituição e regulamentação das estruturas de transferência cultural, das
formas de conhecimento social e dos domínios das técnicas de ação social, ou seja,
todo o universo cultural que constitui o conjunto de conhecimentos que o homem
moderno domina.

OS ESPAÇOS DE FORMAÇÃO E FORMAS DIFERENCIADAS DE APRENDIZAGEM


O tema da formação é importante nas discussões da questão educacional, pois se
refere ao conjunto de itens indispensáveis para a valorização do magistério e a
qualidade do ensino.
MELLO salienta que a formação pode ser compreendida na perspectiva
social,justamente para que se possa entende-la e defende-la como um direito do
professor. Isso significa dizer que se superam as iniciativas de aprimoramento
individuais para se estabelecer um rol de políticas públicas para a educação como um
todo. Neste prisma, a formação, a jornada de trabalho e a carreira devem vincular-se à
remuneração como elementos indispensáveis de uma política de valorização
profissional. Isso acontece porque, para o profissional da educação, a qualificação, a
atualização e a reciclagem são necessidades básicas. Especialmente por se tratar de
um consenso, as formações continuada e inicial devem responder aos desafios do dia
a dia escolar, da sociedade atual e das interações e/ou avanços tecnológicos. Por
isso, o: “direito é fundamental para o alcance da sua valorização profissional e
desempenho em patamares de competência exigidos pela sua própria função
social.” (MELLO)
A princípio podemos dizer, no que se refere às questões legais de formação docente,
que existem dois pontos importantes a serem destacados: o primeiro, de ordem
prescritiva, em que são cuidadosamente dadas as orientações e as exigências
mínimas de formação. E o segundo, também prescritivo, mas ainda indutor (WEBER,
2000). Neste sentido, no Brasil, a questão legal da promoção da educação formal de
professores está descrita na Lei de Diretrizes e Bases da Educação − LDB
(BRASIL, 2017), no art. 62, desta maneira:
“Art. 62.  A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível
superior, em curso de licenciatura plena, admitida, como formação mínima para o
exercício do magistério na educação infantil e nos cinco primeiros anos do ensino
fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal” (Redação dada pela
lei nº 13.415, de 2017).

No entanto, como bem sabemos, apenas a formação inicial (graduação) não é


suficiente na carreira de professor, dadas as inúmeras necessidades de reciclagem e
formação contínua que a profissão exige.

Para tanto existe, segundo o Ministério da Educação (MEC), um conjunto de


programas voltados à formação docente que visam qualificar o professor.

Segundo a proposta das Diretrizes para a Formação Inicial de Professores da


Educação Básica:
“[...] o desenvolvimento de competências profissionais é processual e a formação
inicial é, apenas, a primeira etapa do desenvolvimento profissional permanente. A
perspectiva de desenvolvimento de competências exige a compreensão de que o seu
trajeto de construção se estende ao processo de formação continuada, sendo,
portanto, um instrumento norteador do desenvolvimento profissional permanente” 
Então, com relação à educação formal, muitos são os espaços oferecidos pelo MEC
para a formação do professor direcionado, especialmente, às questões de
alfabetização, à pós-graduação ou às tecnologias. Mas cabe ressaltar, e este é nosso
ponto de discussão: existem outros lugares de formação, os quais, atrelados à
educação não formal, têm oferecido processo formativo por outras vias −
especialmente no que se refere à aprendizagem política dos direitos dos indivíduos; à
formação para o trabalho; à aprendizagem de habilidades e/ou potencialidades; ao
exercício de práticas para organização de objetivos comunitários voltados para a
solução de problemas coletivos; ao conhecimento de conteúdos que possibilitam a
leitura do mundo, entre tantas outras formas de aprendizagem (GOHN, 2006).
Esse conjunto de saberes acontece em espaços essencialmente de muita vivência
social, em territórios que acompanham as trajetórias de vida dos grupos e indivíduos
em lugares informais. Por exemplo, muitos educadores sociais têm oferecido
capacitação em vários setores para jovens adultos e, em alguns casos, crianças, por
meio de Pastorais de Igrejas. Geralmente, criam-se grupos de formação em questões
ligadas aos direitos do cidadão, questões técnicas para o trabalho, além de tantas
outras demandas apresentadas pela comunidade. Entre esses inúmeros espaços de
formação, vale destacar os movimentos sociais, os conselhos e as conferências
locais onde há possibilidades de formação e participação política. Trata-se de fato de
grande relevância, já que a dinâmica de formação política, específica para esses
ambientes, oferece formas de atuação qualificada dos participantes no processo
contínuo de luta social por direitos. Como exemplo efetivo dessa formação, citamos o
Movimento Negro Unificado, uma vez que através dele há a tomada de consciência de
questões étnico-raciais e prática de luta por políticas públicas voltadas aos princípios
de reconhecimento e de valorização do negro em nossa sociedade. Desde a década
de 1970, o Movimento Negro (MN) vem possibilitando a formação de lideranças
negras para desconstrução de ideias de inferioridade, racismo, embranquecimento e
discriminação. Como podemos ver, o processo de formação formal ou não formal é um
dos pilares essenciais para a profissão docente, especialmente devido à ocorrência de
inúmeros problemas e conflitos permanentes em sala de aula.

EDUCAÇÃO E POLÍTICA
Cultura: Conceito polissêmico. Aquilo que determina práticas, ações, princípios e
hábitos de determinado grupo
Uma vez transposta para as relações políticas, torna-se uma categoria constitutiva do
complexo dinâmico dos elementos políticos, no qual a cultura é uma constante. Assim,
teríamos que a cultura e a democracia estão imbricadas numa mesma trama de
relações, constituindo-se interdependentes no campo da política (SILVA; LUIZ, 2005) .
Uma vez transposta para as relações políticas, torna-se uma categoria constitutiva do
complexo dinâmico dos elementos políticos, no qual a cultura é uma constante. Assim,
teríamos que a cultura e a democracia estão imbricadas numa mesma trama de
relações, constituindo-se interdependentes no campo da política (SILVA; LUIZ, 2005) .
A cultura política possui relação direta com o processo de formação educacional dos
indivíduos e também com as experiências vivenciadas individualmente e coletivamente
− históricas. Sua acepção representa a influência de crenças, sentimentos e valores
políticos na sociedade como um todo. Como se vê, a cultura política de uma
determinada sociedade representa um vasto e complexo campo porque lida com uma
multiplicidade de variáveis ou fatores. Entre as variáveis ou fatores estão: o
comportamento de apatia, alienação dos cidadãos; os graus de confiança e de
tolerância; a adesão ou recusa a determinadas formas de ação política e instituições,
em detrimento de outras; as configurações das forças políticas atuantes; as
identidades partidárias; e os modos como os conflitos políticos que surgem no sistema
são percebidos e solucionados. Vale acrescentar, ainda, que a influência dos meios de
comunicação sobre a percepção política acrescenta um papel central na volatilidade
de certos aspectos da cultura política, contribuindo também para reforçar a influência
do nível cognitivo na determinação de atitudes e comportamentos, por exemplo,
relativos a concepções ideológicas partidárias. Embora a cultura política esteja hoje
muito mais sujeita a mudanças, alguns valores básicos permanecem inalterados
(ALMOND, 1990). Assim, não é possível falar em educação neutra em relação à
formação política, já que a própria noção de neutralidade carrega em si um
posicionamento político.
Então, EDUCAÇÃO é entendida aqui como: um princípio de formação crítica de
indivíduos para mudança da realidade, o que, de certa forma nos impõe uma
intermediação direta com a formação política do sujeito.
No entanto, cabe ressaltar que a proposta de uma educação crítica é uma conquista e
um caminho a ser conquistado. Isso é muito diferente do que encontramos
materializado em nossa sociedade, a qual preconiza uma educação carregada de
relações de poder que exercem constantemente violência simbólica sobre os
indivíduos, seja por meio de códigos institucionais, seja por meio de símbolos sociais.

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