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IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO FINANCEIRA PARA AS FAMÍLIAS


BRASILEIRAS
Adson Ramonny Silva de Medeiros 11
Gabriella Medeiros de Araújo 22
Jeffeson Arthur Melo de Souza 33
Robson Luiz Machado da Silva Filho 44
RESUMO

Este artigo tem como objetivo trazer uma discussão sobre o endividamento das
famílias no Brasil, e como a educação financeira surge como uma forma de solucionar o
problema a longo prazo. Questões culturais e históricas contribuíram para o aumento do uso
de crédito como ferramenta de consumo e com isso causando um enorme endividamento das
famílias brasileiras. Conseguimos observar através de dados elaborados pelo Programa
Internacional de Avaliação de Estudantes-PISA, onde mostrou que 61% dos jovens brasileiros
têm mostrado interesse em aprender sobre finanças no país. Com isso percebemos a
importância urgente de uma implantação de educação financeira entre os jovens e adultos com
a finalidade de mudar o atual cenário do país.

Palavras-chave: Endividamento das famílias. Educação financeira. Pesquisa do Pisa.

1 INTRODUÇÃO
Com a implantação do capitalismo no final dos anos 80 quem soubesse administrar
melhor seu dinheiro sairia ganhando, isso deveria ter sido posto em prática até os dias atuais.
Mas na busca por riqueza, o povo brasileiro aderiu a um perfil de consumista imediatista. Boa
parte disso se deve ao fato de termos uma população de baixa renda e cem por cento dessa
renda sempre foi direcionada a custos básicos, como moradia e alimentação.
Uma má gestão das próprias finanças além de afetar a economia do país como um
todo, também tem efeitos nocivos à saúde mental das pessoas, uma incerteza financeira para
um pai de família afeta diretamente como ele vai administrar seu dinheiro. Mesmo que sobre
muito pouco de seu salário ele não pensa em guardar, pensa apenas em agradar a família. É

1 Graduando(a) em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte


adson.medeiros.430@ufrn.edu.br
2 Graduando(a) em...Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte
gabriella.medeiros.103@ufrn.br
3 Graduando(a) em… Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte
arthur.melo.707@ufrn.edu.br
4 Graduando(a) em… Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte
robson.filho.700@ufrn.edu.br
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nesse contexto que enfatizamos a importância da educação financeira para as famílias
brasileiras, em especial as de baixa renda.
Pessoas e famílias que vivem em situação de miséria acabam apresentando tamanhas necessidades
urgentes – tais como alimentação, saneamento básico, habitação, mínimo de infraestrutura – que as
suas necessidades de inclusão financeira ficam em segundo plano. Nesse caso, é possível, até mesmo,
que haja receio e sensação de insegurança em entrar no sistema financeiro formal, por falta de
conhecimento e de confiança em um sistema no qual, muitas vezes, não há contato físico com o
dinheiro. Neste cenário, educação financeira é absolutamente indispensável (BADER e SAVÓIA,
2013, p. 212).
Portanto para a elaboração desse estudo, partindo dos pressupostos já apresentados,
utilizamos de dados da instituição Serasa, reportagens da emissora CNN Brasil e o Programa
Internacional de Avaliação de Estudantes, conhecido como PISA que é um levantamento
realizado a cada 3 anos pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (OCDE). O
objetivo é avaliar anos de 15 anos de idade para saber se estão aptos para o mercado de
trabalho. Assim, esse artigo tem como objetivo fundamentar a importância de uma boa
educação financeira, o que causa a ausência dela em grande parte dos brasileiros e quais serão
seus efeitos a curto, médio e longo prazo.

2 ASPECTOS COMPORTAMENTAIS, CULTURAIS E HISTÓRICOS


O povo brasileiro se diverge dos demais em vários fatores e aspectos. Quando
paramos para observar como um brasileiro lida com dinheiro, percebemos características
semelhantes na grande maioria das pessoas. Em geral não existe a preocupação de poupar
para o futuro ou a construção de um patrimônio sólido, o que prevalece é o imediatismo e
consumismo. Podemos analisar este tipo de comportamento quando olhamos para a história
do país e como ela foi sendo construída ao longo do tempo tanto seu caráter social,
econômico. Um fato histórico que influenciou bastante na maneira como o brasileiro se
comporta em relação a como gastar seu dinheiro foi o Brasil da hiperinflação. Este período se
deu dos anos de 1980 a 1990 onde a inflação chegou a superar os 80% ao mês. Segundo os
dados da Fundação institutos de pesquisas econômicas (FIPE) a inflação média nos anos de
1980 a 1989 chegou a 233,5% ao ano. Existem diversos fatores que contribuíram para que o
país chegasse nesse estado, mas o que importa para nós é saber que essa alta inflação corroía
de maneira extremamente rápida o poder de compra do consumidor na época. A situação era
precária e o futuro era incerto, ninguém sabia quando o valor dos produtos iriam aumentar e
se seria possível reverter esta situação. Era comum na época jornalistas publicarem matérias
com títulos como “Deu a louca nos preços” e, dada a realidade, isto não era exagero. Um pai
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de família podia comprar um fogão de brinquedo pelo mesmo preço de um de verdade. Uma
mulher poderia escolher entre um carro zero ou 42 conjuntos de calcinha e sutiã. Este cenário
obrigou todos os brasileiro a tomarem medidas para lidar com a situação e foi a partir daí
onde surgiu alguns costumes comuns no brasil. Uma das coisas que se tornou parte do
cotidiano foi a efetuar a compra de comida para o mês inteiro, como a inflação fazia os preços
subirem com o passar do tempo passou-se a adotar o hábito de todo dia de pagamento, em
geral dia 1°, ir até o mercado e comprar tudo que fosse necessário da alimentação daquele
mês para evitar o máximo possível a perda de poder de compra. Não somente em relação a
compra de alimentos, mas o gasto como um todo passou a ser mais imediatista, se não
gastasse hoje amanhã o dinheiro poderia não ser mais suficiente. Então poupar O dinheiro foi
sendo uma visão distante e ineficiente e com o passar do tempo cada vez mais consumir o
mais rápido possível foi sendo normalizado no cotidiano do brasileiro. Além de ser muito
imediatista em relação ao gasto da sua renda, o povo brasileiro não costuma investir seu
dinheiro em ações ou fundos de investimentos e a parcela que o faz na maioria dos casos opta
pela poupança mesmo que esta não seja a opção mais vantajosa. Claro que nem todos têm
uma bagagem de conhecimento suficientemente necessária para optarem por investimentos
mais arriscados, mas este não é o principal motivo, pois existem investimentos com a mesma
facilidade e comodidade que a poupança e com uma rentabilidade maior. Então o que explica
esta preferência pela poupança ou em muitos casos a falta de qualquer tipo de investimento
por parte dos brasileiros? De maneira bem óbvia pode-se afirmar que um dos fatores
principais é a falta de educação financeira para a população em geral, mas este não é o único
motivo. A situação econômica da maioria da população é muito precária onde mal conseguem
sobreviver com a renda que tem e isto inviabiliza qualquer chance de investir. A parcela da
população que possui uma situação mais favorável que permita o investimento muitas vezes
não o faz por medo de perder seu capital. Este medo é enraizado devido a um fato histórico
que ficou marcado na cabeça do investidor brasileiro. Em 1990 do então presidente do brasil
Fernando Collor de Mello anunciou uma série de medidas que tinham como objetivo driblar a
situação de hiperinflação que o brasil vinha passando e dentre estas medidas foi anunciado
que as poupanças de todos os brasileiros seriam confiscadas. Na prática seria possível sacar
50 mil cruzados novos que estivessem investidos e qualquer valor acima disso ficaria retido
por aproximadamente 18 meses e teria correção monetária de e juros de 6% ao ano e quando
fosse liberado o valor em cruzados novos seria convertido em cruzeiros. Isto gerou uma
revolta imensa por parte da população e um pânico maior ainda, filas enormes foram feitas
nas agências bancárias todos queriam sacar o que fosse possível da caderneta de poupança e
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isto acabou gerando um problema de liquidez para os bancos que não tinham dinheiro
suficiente para suprir a quantidade gigantesca de saques. Esta situação teve impactos
catastróficos na vida da maior parcela da população na época que perduram até os dias de
hoje e muitos até hoje não conseguiram ser ressarcidos pelas perdas que tiveram. Então pode-
se concluir que existe uma série de fatores não apenas sociais, mas também históricos e
econômicos que regem o perfil investidor/consumidor do brasileiro. O cenário vinha mudando
com o passar dos anos, como mostra a pesquisa Raio X do investidor apoiada pelo Data Folha
onde foi feito um levantamento com 3.443 pessoas em 149 municípios diferentes que
representam mais de 96 milhões de brasileiros todos a partir de 16 anos economicamente
ativos percentis as classes A, B ou C. E foi possível observar um aumento da parcela da
população que tinham um saldo aplicado em produto de investimento, em 2019 o percentual
era de 44% e nos dois anos anteriores era de 42%. Esses estudos foram feitos antes da
pandemia então não abrangem o impacto causado pelo coronavírus, mas o novo levantamento
feito pela B3(Brasil,Bolsa,balcão) que é a bolsa de valores oficial do brasil sediada em são
Paulo mostra que o perfil investidor do brasileiro vem se tornando cada vez mais jovem e
mesmo durante a pandemia em outubro de 2020 a B3 ultrapassou a marca de 3,2 milhões de
contas abertas.
Tabela 1 - Dados dos investidores na B3

Faixa Etária Números de investidores


18 a 24 anos 26%

25 a 34 anos 42%
35 a 44 anos 22%

45 a 54 anos 7%
56 a 65 anos 3%
Fonte: B3 Investimentos, 2020.

Como podemos ver na tabela acima feita com os dados levantados pela B3, o número
de investidores acima de 45 anos representa somente 10% do total de investidores. Uma
possível explicação disso seria porque a população mais jovem não viveu de maneira tão
brutal o brasil da hiperinflação e nem sentiu na pele e no bolso o confisco das poupanças no
cover Color, claro que isto é uma explicação bem superficial e se formos analisar mais
profundamente é uma série de fatores mais complexos que reflete este perfil investidor mais
jovem da população brasileira. Apesar dessa visível melhora os dados ainda são bem tímidos
se compararmos com a população total do brasil e isto só irá se reverter para um cenário
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verdadeiramente promissor se houver um apoio por parte do governo com incentivos a
educação financeira já no ensino fundamental nas escolas sejam elas públicas ou privadas.

2.1 Imprudência financeira e suas consequências


A educação financeira no Brasil é algo muito preocupante atualmente no Brasil,
nota-se nos dias de hoje uma irresponsabilidade financeira pela maioria da população
brasileira. Segundo o PISA, o Brasil é o 4° pior país em competência financeira de jovens.
Essa irresponsabilidade financeira dos jovens tem um efeito muito prejudicial a curto, médio e
longo prazo. Como consequência disso, temos um número absurdo de pessoas inadimplentes,
segundo o Serasa em reportagem divulgada pela CNN quase 62 milhões de brasileiros estão
inadimplentes, segundo o Serasa, e metade tem a renda inteira comprometida. Contas
atrasadas e boletos se multiplicando fazem parte da realidade de 62 milhões de brasileiros que
estão inadimplentes. Além disso, a educação financeira possui uma série de benefícios como:
educação para o consumo, ciência e tecnologia, educação em direitos humanos, direitos das
crianças e adolescentes e etc. Uma pessoa que possui uma boa relação com o dinheiro tende
também a ser mais saudável em virtude de que muitas pessoas hoje em dia adquirem
problemas psicológicos por terem dívidas e se frustram a partir da mesma. Segundo Maria
Alice Fontes, psicóloga e diretora da Clínica Plenamente, a crise financeira está associada
com o medo de não ser capaz de sustentar as necessidades financeiras básicas, a
impossibilidade de ter o mesmo padrão de vida e a baixa autoestima devido ao distanciamento
social. Outrossim, De acordo com a especialista, os principais problemas psicológicos que
acometem as pessoas durante as crises financeiras são o aumento da ansiedade, de sintomas
depressivos, de estresse, uso de álcool, e até o suicídio. Ou seja, além dos benefícios
financeiros, a educação financeira também está diretamente ligada a diminuição de problemas
psicológicos.
Partindo da premissa que a conscientização financeira é extremamente importante
para resolução de diversos problemas recorrentes da sociedade, vê-se muita pouca atenção em
relação a ela, mesmo com números tão preocupantes como o número de pessoas que estão
inadimplentes segundo o Serasa e também pessoas que tendem a desenvolver problemas
psicológicos em crises financeiras. A partir desta ótica, é inegável que a irresponsabilidade
financeira é um grande contribuinte para muitos problemas que temos hoje, como já foi
mencionado anteriormente. Sendo assim, é de suma importância que os brasileiros passem a
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adquirir e ser conscientizados financeiramente. No entanto, há uma grande barreira que
necessita ser quebrada antes da população antes mesmo de se iniciar o processo em si. A falta
de informação pode atrapalhar o acesso a produtos financeiros. Grande parte da classe C e D
são pessoas que geralmente não possuem toda informação e acabam sendo enganadas no
final. Com isso, é necessário que as instituições financeiras deixem claro os direitos dos
consumidores e os riscos de produtos e serviços oferecidos a comunidades vulneráveis. Para
que isso seja realizado são precisas políticas públicas a fim de conscientizar essas classes que
são em sua maioria, desinformadas. Apesar de todos os problemas, a inclusão financeira
obteve um crescimento em relação à educação financeira. Segundo a Associação Nacional das
Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias (Ancord,
2017), o Brasil ficou em segundo lugar no ranking da inclusão financeira e digital.

2.1.1 Dados da pesquisa do PISA

O que mostram os dados do PISA? Criado pela OCDE-Organização para a Cooperação e


Desenvolvimento Econômico, o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes-PISA é
um estudo feito de 3 em 3 anos que realiza comparações globais entre diversos países,
membros e não membros da OCDE. O estudo é feito com jovens na faixa etária de 15 anos,
pois entende-se como sendo a idade que, na maioria dos países, já tenham concluído o ensino
básico obrigatório. Esse estudo mostra as competências dos alunos com temas relacionados a
literatura, matemática, ciência, competências globais, pensamento criativo e resolução de
problemas. Tem como objetivo a construção de indicadores que viabilizem uma análise ampla
e minuciosa dos resultados de aprendizagem dos seus alunos, ajudando assim os formuladores
de políticas públicas a tomarem decisões que favoreçam o melhor nível de educação para as
nações correspondentes. A OCDE explica a educação financeira como sendo o conhecimento
e o entendimento de conceitos financeiros e riscos, e as habilidades, motivações e confiança
para aplicar esse conhecimento. Esse estudo mostrou que o interesse dos alunos brasileiros em
aprender sobre finanças no país é de 61%, 1% acima da média da OCDE.
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Figura 01 – Finanças

Finanças
N é SI
um Finanças
N é um
SI
assunto
 M assunto relevante
 M
O
relevante para
6 O
para mim?- 6
39 1 40 OCDE 0
mim?-Brasil Média
% % % %

Fonte: adaptado PISA 2018 resultado do volume IV.

Com o passar do tempo, em um mundo cada vez mais globalizado, os jovens estão tendo
contato cada vez mais rápido com o universo financeiro. Sabendo disso, quais são as 3
principais fontes de informação que os jovens buscam ao tentarem sanar dúvidas de assuntos
relacionados a dinheiro?

Figura 02 – gráfico finanças

Fonte: adaptado PISA 2018 resultado do volume IV

Os principais fatores que influenciam no nível de alfabetização financeira estão relacionados,


principalmente, ao nível socioeconômico. Questões como renda per capita, PIB e imigração
acabam sendo fatores que influenciam em grande escala no ranking de competência
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financeira. De acordo com os dados mais recentes do PISA, em todos os países analisados
existem grandes diferenças no nível de conhecimento financeiro entre os indivíduos mais
ricos em comparação aos mais pobres, porém o Brasil ficou com uma diferença de 98 pontos,
sendo então o 5° colocado no ranking de países com maior diferença entre elas. Brasil ficou
em 17° no ranking de competências financeiras do PISA 2018.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O presente artigo optou pela metodologia de pesquisa descritiva e quantitativa, as
informações nele presente foram de fontes secundárias, junto ao site do INEP para coletar
dados da pesquisa do PISA.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

REFERÊNCIAS
BADER, M.; SAVOIA, J. R. F. Logística da distribuição bancária: tendências,
oportunidades e fatores para inclusão financeira. RAE-Revista de Administração de
Empresas, v. 53, n. 2, mar./abr. 2013.
https://www.onze.com.br/blog/educacao-financeira-no-brasil/
http://portal.inep.gov.br/artigo/-/asset_publisher/B4AQV9zFY7Bv/content/pisa-2018-revela-
baixo-desempenho-escolar-em-leitura-matematica-e-ciencias-no-brasil/21206
 https://superaparaescolas.com.br/conheca-os-beneficios-da-educacao-financeira-
nas-escolas/
 https://www.suno.com.br/artigos/educacao-financeira-no-brasil/
://financeone.com.br/barreiras-inclusao-financeira/
 https://www.google.com/url?
sa=t&source=web&rct=j&url=https://urbe.me/lab/investimentos-financeiros-por-que-
vale-a-pena-e-como-comecar-a-
investir/&ved=2ahUKEwjY58fCpq_yAhWVHLkGHZQaCyMQFnoECCMQBQ&usg=A
OvVaw1B0ML3Y5C9GmtkKOr0C7h7
 https://www.brainlatam.com/blog/porque-paises-tem-investido-na-educacao-
financeira-para-criancas-e-como-isso-ajudara-no-comportamento-humano-para-o-
desenvolvimento-do-pais-1449?email=tassia.nunes@brainsupport.co#:~:text=A
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