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DISCIPLINA: América Portuguesa PROFESSOR: Marcos Paulo Mendes

Araújo
DATA DA ENTREGA: 26/11/2020.
ALUNO (a): Diego Ribeiro Cardoso

WEHLING, Arno, WEHLING, Maria José C. de M. FORMAÇÃO DO BRASIL


COLONIAL. Rio de Janeiro. Ed. Nova Fronteira, 1994.

Cap. V

“O século XVII representou, para o Brasil, a época da consolidação


colonial. A descoberta do ouro e dos diamantes no Centro do país articulou
internamente a colonização portuguesa, transformando um arquipélago de
colônias isoladas em continente, ainda que apenas relativamente integrado.”
(Pág.147)

“A economia mundial até 1730 manteve as características de século


XVII, isto é, não conseguiu recuperar-se da crise mais que secular iniciada em
torno de 1590. Não obstante, os primeiros indícios das transformações
revolucionarias que mudariam a face da história começavam a aparecer.”
(Pág.147)

“Também o aperfeiçoamento do sistema financeiro contribuiu para as


mudanças, pois a multiplicidade de moedas, taxas de juros e estoques de
capital, que se confundiam anarquicamente desde a Idade Média, passou a ser
mais disciplinada, quer pelo melhor conhecimento do mecanismo das finanças,
quer pela ação do Estado mercantilista.” (Pág.147)

“Em Portugal, porém, só no final do século foi possível cogitar seriamente


da fundação de um banco com tais características. O incremento do comercio
marítimo foi fator igualmente significativo. Para isso contribuiu o aumento dos
estoques de prata e ouro, com a retomada da produção espanhola, no primeiro
caso, e as descobertas do Brasil, no segundo.” (Pág.148)

“A Inglaterra foi a que mais lucrou com a recuperação comercial, com


seus navios substituindo a preeminência holandesa no Índico e no Atlântico. A
expansão comercial, porém, sobretudo na segunda metade do século, acabou
beneficiando a todos os países que dispunham de frotas oceânicas.” (Pág.148)

“Assinado em 1703, foi o mais importante dos tratados que vincularam a


economia portuguesa à inglesa, preço do apoio a Portugal na agitada política
europeia do século. Pelo tratado, os tecidos da Inglaterra receberiam
tratamento preferencial em Portugal, em troca de idêntico favor aos vinhos
portugueses, contra os interesses dos exportadores franceses e italianos.”
(Pág.149)

“O ouro brasileiro, aliás, acabou prejudicando as manufaturas


portuguesas. Expandidas no final do século XVII, pelo conde da Ericeira,
inspirado na política mercantilista do ministro francês Colbert, foram
abandonadas à própria sorte no século XVIII, com a abundancia de ouro e os
lucros decorrentes das exportações de vinho e azeite.” (Pág.149)

“Até cerca de 1760, as boas condições do comercio refletiam-se


positivamente nas rendas públicas, desestimulando maior intervenção do
Estado. Depois, porém, a crise econômica brasileira foi a principal
condicionante das medidas econômicas, fortemente mercantilistas, decretadas
pelo governo do Marques de Pombal.” (Pág.149)

“O Alto clero, por sua vez, continuou quase privativo da nobreza. Ocorreu
alguma renovação na burocracia estatal, com funcionários profissionais em
alguns setores. Faltou, entretanto, ao Portugal desta época, uma autentica
burguesia nacional que dotasse o país de atividade empresarial
verdadeiramente moderna, isto é, semelhante à quase se desenvolvia na
Inglaterra.” (Pág.150)

“Apresentando-se como continuador da tradição racionalista iniciada com


o Renascimento e desdobrada por Descartes, Galileu e Newton, o Iluminismo
teve caráter fortemente anti-religioso e, sobretudo, anticlerical: “arrasai e
infame”, dizia Voltaire, referindo-se à igreja.” (Pág.150)

“Tais concepções foram aplicadas à pedagogia e à filosofia política. As


obras de D’Alembert, Rousseau, Herbart e Pestalozzi preocuparam-se em
conhecer o universo infantil, do ponto de vista psicológico, e em desenvolver o
ensino popular e técnico, do ponto de vista social.” (Pág.150)

“As ideias iluministas estavam intimamente ligadas às novas condições


sociais e econômicas dos séculos XIX e XX. Embora seja uma explicação
simplista considerar o iluminismo um movimento burguês-até porque houve
nobres e clérigos iluministas e manifestações ilustradas em países onde era
fraca a burguesia, como Portugal e Espanha.” (Pág.151)

“Em Portugal desde o início do século XVIII, existiam os “estrangeirados”,


denominação dada na Península Ibérica aos políticos e intelectuais adeptos ou
simpáticos à cultura cientifica norte-europeia, às inovações técnicas e aos
modelos estéticos na literatura e na música.” (Pág.151)

“Com Pombal, as novas tendências culturais, ante dispersas, foram


cristalizadas num movimento único, dirigido pelo Estado, nos moldes do
despotismo esclarecido. Expulsos os jesuítas e fechada a Universidade de
Évora em 1759, Pombal dedicou-se à reforma do ensino primário, secundário e
universitário.” (Pág.152)

“As reformas pombalinas na área da educação e da cultura-assim como


as tentativas, mais tímidas, de dom João V- tiveram dificuldade de encontrar
um ponto de equilíbrio entre o que era desejável e o que era indesejável nas
ideias modernas, do ponto de vista do despotismo esclarecido.” (Pág.152)

“Politicamente, esse século caracterizou-se pelo apogeu do absolutismo,


em geral sob a forma de “despotismo esclarecido”, com uma política de
centralização mais eficaz que as anteriormente utilizadas pelos monarcas
absolutistas, a adoção de medidas e processos racionalizadores e o
aperfeiçoamento da máquina burocrática.” (Pág.152)

“Na Espanha, a modernização administrativa deu-se a partir da instalação


da nova monarquia dos Bourbons, que introduziu procedimentos trazidos da
França. Em Portugal ocorreu o mesmo, especialmente na segunda metade do
século, com o governo do Marques de pombal, ministro de dom José I (1777).”
(Pág.153)
“Durante o século XVIII, constata-se que também em Portugal o
absolutismo anterior, no qual se admitia algum tipo de limitação ao poder real,
ditado pelas leis naturais e pelos costumes, cedeu lugar ao absolutismo pleno,
no chamado despotismo esclarecido. Neste, as leis e os costumes tradicionais
eram interpretados pelos juristas reais e só tinham vigência se aprovada pelo
rei.” (Pág.153)

“No governo de Pombal (1750-1777), foram fomentados os monopólios


comerciais e a manufaturas, tudo em boa técnica mercantilista. No plano
jurídico, foi promulgada, em 1769, a “lei da boa razão”, que visava desmontar a
ordem jurídica existente, submetendo todas as leis e costumes vigentes no
país ao crivo da “boa razão”, naturalmente interpretada pelos juristas leais ao
regime.” (Pág.153)

“Toda esta política evidenciou-se mais claramente, de forma quase


obsessiva, na campanha de Pombal contra os jesuítas. Para ele, como para
Voltaire e a maioria dos políticos e intelectuais do Iluminismo, os jesuítas eram
o principal símbolo do atraso medieval ainda existente no século XVIII.”
(Pág.154)

“mas nem todos atribuíam aos jesuítas tanto poder. Referindo-se à


campanha desencadeada junto aos governos europeus pelo ministro
português, o duque de Choiseul, primeiro ministro de Luís XV, comentou
causticamente que Pombal “tinha sempre um jesuíta a cavalo no nariz”
(Pág.154)

“A escolha do Rio de Janeiro -e não Salvador ou Recife- como alvo do


ataque francês justifica -se pela maior fragilidade da defesa e pela expectativa
de encontrar ouro trazido das minas há pouco descobertas. Em 1710, uma
primeira expedição, chefiada por Duclerc, fracassou.” (Pág.154)

“As invasões de 1710-1711 foram, portanto, mera represália às posições


portuguesas na politica europeia. Não tiveram o significado daquelas dos
séculos XVI e XVII. Em meados do século XVIII deu-se a grande “troca das
alianças”. Em lugar do tradicional conflito Habsburgo-Bourbon ocorreu o
alinhamento das antigas potencias rivais ante as novas potencias emergentes.”
(Pág.154)

“A descoberta de metais preciosos no Brasil, velha aspiração portuguesa,


finalmente aconteceu nos últimos anos do século XVII. A decepção com o ouro
da lavagem, encontrado em pequenas quantidades no sul da colônia, inclusive
no litoral, não fez desanimar os reis portugueses, e o incentivo aos
bandeirantes paulistas para prosseguir nas buscas foi recompensada com
sucessivas descobertas até 1730.” (Pág.155)

“Em pouco anos foram fundados povoados e vilas, como os de Ribeirão


do Carmo, Vila Rica, São João, São José e etc. em 1729 acrescentaram-se as
descobertas de diamantes no arraial do Tijuco.” (Pág.156)

“Nos primeiros anos de mineração ocorreu violenta alta de preços nas


regiões auríferas, dada a escassez de produtos, inclusive comestíveis. Por
volta de 1710, pagava-se por uma rês oitenta oitavas de ouro nos povoados
mineiros, enquanto saia por cinco vezes menos em Salvador ou no Rio de
Janeiro e dez vezes menos nos pastos do sertão.” (Pág.156)

“Em primeiro lugar, administrou-se a mina. Descoberto o veio, deveria ser


registrado pelo garimpeiro, que assim garantia as suas duas “datas”, ou quotas,
da mina. Outras duas datas pertenceriam ao Estado, que através dos
funcionários reais fazia o arrendamento. As demais eram distribuídas àqueles
que chegassem, pela ordem de registro, ou dividas entre os descobridores, se
fossem numerosos.” (Pág.157)

“Ao Estado Português cabia, além do arrendamento de suas datas, o


quinto da produção, cobrado por diferentes meios ao longo do século XVIII.
Havia a “capitação”, uma quantia arrecada sobre cada escravo possuído pelo
minerador, a cobrança direta após a fundição do ouro nas Casas de fundição
do governo ou o estabelecimento de uma importância fixa anual que deveria
corresponder aproximadamente 20% devidos” (Pág.157)

“Em 1733, quatro anos após os primeiros descobrimentos, foi demarcado


o distrito diamantino, com saídas militarmente controladas. Logo instaurou-se o
sistema de arrendadores, pelo qual um particular arrematava periodicamente o
direito de explorar as jazidas.” (Pág.158)

“A técnica de exploração evoluiu. No começo, utilizavam-se as bateias,


com o fim de separar, do cascalho, o ouro e os diamantes. Passou-se em
seguida às peneiras, quando já não se encontravam as pedras com tanta
facilidade, e finalmente para um sistema mais sofisticado, que envolvia a
canalização da água, a construção de reservatórios e o uso de madeiramento e
cordas.” (Pág.158)

“Ocorreram transformações significativas na vida político-administrativo


da colônia com este segundo grande deslocamento para o interior, produzido
pela descoberta do ouro e dos diamantes. Ao contrario do primeiro, com a
pecuária, que provocou escasso povoamento, a interiorização nas regiões
mineradoras caracterizou-se pelo adensamento da população.” (Pág.158)

“Em poucos anos desenvolveu-se um padrão de vida municipal muito


diverso daquele que havia existido nas zonas rurais do Brasil e mesmo nas
cidades portuárias. Ainda alguns contemporâneos exagerassem, comparando
nos primeiros anos de mineração Vila Rica à cidade do México ou a Lima, era
inegável a sua importância como centro econômico e social.” (Pág.159)

“A rivalidade entre bandeirantes e paulistas, responsáveis pela


descoberta da maioria das minas dos rios das Mortes e das Velhas, e os
“emboabas” terminou em verdadeira guerra.” (Pág.160)

“A tensão entre esses dois grupos agravou-se na medida em que


aumentava o afluxo de não paulistas às minas. Sob liderança hábil e energética
de Manuel Nunes Viana, antigo comerciante e fazendeiro de gado na Bahia, os
emboabas tiveram diversos choques com os paulistas, eliminando com o
massacre do Capão da Traição, cometido pelos primeiros.” (Pág.160)

“No século XVIII, Portugal e Espanha continuaram seu tradicional conflito.


Mesmo quando se restabeleceram a relações diplomáticas em caráter
permanente, os contatos entre as duas cortes foram geralmente tensos. As
desconfianças e o temos mútuos não eram provocados por problemas
europeus, mas pelas rivalidades coloniais.” (Pág.181)

“Nos últimos anos do reinado de dom João V (1706-1750), houve sensível


melhora nas relações entre as duas cortes. Aproveitando a situação, Alexandre
de Gusmão, um dos principais auxiliadores do monarca, sugeriu que fossem
definitivamente resolvidas as questões de limites na América.” (Pág.182)

“A situação de Portugal, após a morte de dom José I e a saída de Pombal


do Ministério, nesse mesmo ano, as dívidas públicas e o lamentável estado do
exército não permitiram uma posição mais firme ante a Espanha. A isso
somava-se ainda a falta de apoio inglês a Portugal, pois a Inglaterra iniciara no
ano anterior a Guerra de Independência dos Estados Unidos, que se
estenderia até 1783.” (Pág.184)

“A sanção diplomática bem-sucedida que Portugal conseguiu para sua


expansão territorial na América deveu-se à conjugação de fatores como o
povoamento espontâneo, a ação bandeirante, a pecuária, as missões
religiosas, a fortificações, e o frequente apoio da diplomacia inglesa.” (Pág.185)

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