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APLICAÇÕES DE GRAFOS À

ECONOMIA

UFF Renata R. Del-Vecchio


INTERAÇÃO UNIVERSIDADE-EMPRESA

Processo de inovação – principal motor da dinâmica


de desenvolvimento econômico:

utilização do conhecimento sobre novas formas de


produzir e comercializar bens e serviços,
novas maneiras de operacionalizar os processos
organizacionais da firma (Lastres e Ferraz, 1999).
Referencial teórico
A interação pode ocorrer entre:
diferentes fases do processo inovativo,

diferentes departamentos da mesma empresa

distintas organizações,

havendo a comunicação e a cooperação entre os


atores (Lundvall et. al., 2009).
O novo papel da informação e do conhecimento:

transformações sociais, políticas, econômicas e


científico-tecnológicas das últimas décadas,
inovações produtivas, organizacionais e sociais (Maciel
e Albagli, 2010).
A importância do conhecimento na estrutura industrial
traz novos desafios às políticas de ciência e tecnologia
(C&T).
Em uma economia “baseada no conhecimento” (Lastres
et alli, 2002) a esfera acadêmica é um agente motor
do desenvolvimento, oferecendo um suporte à difusão
do progresso técnico nos planos nacional e regional.
articulação
Novo padrão de relacionamento entre o mundo
acadêmico e a esfera industrial tem sido estimulado
pelos avanços em determinados campos do
conhecimento técnico-científico e pela crescente
sofisticação das atividades de P&D.
Entretanto, apesar da articulação cada vez mais
próxima entre as esferas científica e produtiva,
costuma-se argumentar que a comunidade acadêmica
e o setor empresarial operam como instâncias de
geração de conhecimentos que se movem segundo
lógicas distintas.
Mão-dupla: fluxos bidirecionais
Universidades e institutos de pesquisa produzem
conhecimentos absorvidos por empresas e setor
produtivo.
Klevorick et all (1995), Narin et all (1997), Cohen et all (2002).

Empresas acumulam conhecimento tecnológico que


fornece questões para a elaboração científica.
Rosenberg (1982).
papel das universidades nos sistemas de
inovação:

1. Formação de pessoal em geral;


2. Formação de pessoal capacitado para fundar novas empresas,
especialmente em novas áreas tecnológicas (“spin-offs”);
3. Fonte de conhecimento de caráter mais geral necessários para
as atividades de pesquisa básica e fonte de conhecimento
especializado relacionado à área tecnológica da firma;
4. Geração de conhecimento na forma de “spillovers”
5. Interação com firmas estabelecidas, favorecendo processos
inovativos;
6. Canal para absorção de conhecimento gerado nos centros mais
avançados.
Estudo de Brasil
30.377 empresas inovadoras do setor industrial
3.633 empresas (12%) consideravam as universidades
e institutos de pesquisa importantes para suas
atividades inovativas.
apenas 432 delas atribuíram uma alta importância à
cooperação com universidades e institutos de pesquisa.
Estas tendências reforçam a importância de avaliar-se
o padrão de interação universidade-empresa em um
país com um sistema de inovação caracterizado como
“imaturo”
dados
banco de dados da pesquisa Brazil Survey (325
empresas entrevistadas) :
pesquisa de campo, consistindo da aplicação de um
questionário junto às empresas e universidades.
base de dados do Diretório do Grupo de Pesquisas
do CNPq
As informações sobre interações e cooperações
entre as universidades e as empresas são do ano
de 2008
Pessoal em P&D por empresa e Pessoal em P&D com
Pós-Graduação por tipo de atividade

Pessoal em P&D % pessoal


Tamanho (no Pessoal em P&D com Pós por % Pessoal em P&D/Pós/ Pessoal
Classes U-E empregados) por empresa empresa P&D/ Total em P&D

Agropecuária e Silvicultura 1.512 50 11 3,3% 21,0%

Engenharia e P&D 226 61 20 26,9% 33,3%

Indústrias de Alta Tecnologia 322 23 6 7,2% 26,7%

Indústrias de Baixa Tecnologia 1.810 12 4 0,7% 31,0%

Indústrias de Média-Alta Tecnologia 2.575 43 12 1,7% 27,3%

Indústrias de Média-Baixa Tecnologia 1.354 17 5 1,3% 28,1%

Indústrias Extrativas 1.803 14 4 0,8% 26,6%

Informação e Comunicação 551 35 19 6,3% 55,2%

Outros Serviços 712 19 6 2,7% 31,7%

Serviços de Utilidade Pública 2.330 30 13 1,3% 43,1%

Total geral 1.422 29 9 2,0% 31,6%


Metodologia: Centralidades em grafos

montagem de um grafo, com todas as empresas do


banco de dados, correlacionando-as com as
universidades identificadas e as respectivas áreas
de conhecimento.

Para simplificação e melhor tratamento dos dados, as


empresas foram separadas segundo a sua intensidade
tecnológica, classificação esta em consonância com a
classificação (taxonomia) da OCDE (1995) quanto aos setores
industriais.
Grafos
Definição: Um grafo é um conjunto de pontos, chamados
vértices, conectados por linhas, chamadas de arestas.
Definição: Grau do vértice número de arestas incidentes

d(v1) = 3; d(v2) = 3; d(v3) = 1; d(v4) = 2; d(v5) = 3


Matriz de Adjacência

A(G) é uma matriz real simétrica. 1, se{vi ,vj}∈E;


aij =

0, casocontrário
.
• Os autovalores de A são todos reais.
• O maior desses autovalores é chamado de índice de G.

0 1 0 1 1
1 0 1 0 1 

A(G)= 0 1 0 0 0
 
1 0 0 0 1
 1 1 0 1 0 
Medidas de Centralidade
Importância de um vértice no grafo:
A centralidade mede a importância de um agente
em relação à sua posição na rede.
Existem diversas medidas de centralidade:
centralidade de grau (degree centrality),
centralidade de proximidade (closeness centrality),
centralidade de intermediação (betweeness centrality)
centralidade de autovetor (eigenvector centrality),
Centralidade de Grau
A centralidade de grau serve para mensurar a sua atividade
de comunicação direta com os outros vértices da rede em
questão. Cd(vi) = di

Cd(vi) = ∑a
j= 1
ij

Cd(v1) = 3; Cd(v2) = 3; Cd(v3) = 1; Cd(v4) = 2; Cd(v5) = 3


Centralidade de autovetor
Um exemplo intuitivo:
Sou popular se meus amigos são populares
1
3
2

5 6
4

7
8

p6 = p2 + p5 + p7 + p8
Medindo a Popularidade
1
1 1

1 1
1

1
1 2
1
4

3 4
2

3
3
Medindo a Popularidade
2
1
4

3 4
2

3
3 6
4
9

10 13
6

10
10
Uma aproximação melhor
1/8 2/22
1/8 4/22 1/22
1/8

1/8 3/22 4/22


1/8 2/22
1/8

1/8 3/22

1/8 3/22

2/8
4/8 1/8

3/8 4/8
2/8

3/8
3/8
Medindo a Popularidade
2/22 6/68
4/22 1/22 4/68
9/68

3/22 4/22 10/68


2/22 13/68
6/68

3/22 10/68
3/22 10/68

6/22
9/22 4/22

10/22 13/22
6/22

10/22
10/22
Converge? 1
3
2

15/206 5 6
9/206 4
29/206

8
33/206 39/206
15/206 7

33/206
1 1/8 2/22 6/68 15/206
33/206
1 .125 .091 .088 .073
2 1/8 4/22 9/68 29/206
2 .125 .182 .132 .141
5 1/8 3/22 10/68 33/206
5 .125 .136 .147 .160
6 1/8 4/22 13/68 39/206
6 .125 .182 .191 .189
Centralidade de Autovetor
A centralidade de autovetor mede a importância de um vértice
a partir das relações com outros vértices considerados
importantes na rede. Traduz o poder de propagação de um
vértice.
n
1
ceig(vk ) = xk xk =
ρ
∑a x kj j
j=1
Exemplo:

ρ = 2 , 641

x = [0,537 0,474 0,179 0,406 0,537] t

ceig(v1) =ceig(v5) =0,537 ceig (v2 ) = 0,474 ceig (v3 ) = 0,179 ceig(v4) =0,406
Grafo Bipartido

um grafo bipartido é um grafo cujos vértices podem ser divididos


em dois conjuntos disjuntos U e V tais que toda aresta conecta um
vértice de U a um vértice de V.

0
0
Centralidade de autovetor em grafos
bipartidos:
Se G é bipartido com conjunto de vértices
particionado em em U e V, tais que U = r e V = s,
o autovetor associado ao índice tem r + s
coordenadas:
,…, , …, .

,…, induz uma ordem entre os vértices de U e


…, uma ordem entre os vértices de V.
Aplicação Brasil
Maiores centralidades de grau
Setores Industriais
indústria de média-alta tecnologia (38),

média-baixa tecnologia (35),

baixa tecnologia (33)

alta tecnologia (27)


Maiores centralidades de grau
Universidades
1. UFMG (10)
2. USP (9)
3. UFRGS (8)
4. UFSC (7)
5. UFRJ (7)
6. UFPR (7)
7. UFPA (7)
8. UNICAMP (6)
9. UFV (6)
10. UFU (6)
Maiores centralidades de autovetor
Setores Industriais
indústria de média-alta tecnologia (0,323),

indústria de média-baixa tecnologia (0,310),

indústria de baixa tecnologia (0,292)

indústria de alta tecnologia (0,230)


Maiores centralidades de autovetor
Universidades
UFMG (0,203),
USP (0,189),
UFRGS (0,168),
UFRJ (0,163),
UFSC (0,159),
UFPR (0,154),
UFPA (0,138),
UNICAMP (0,138)
Comentários:
as 3 medidas (foi usada ainda a centralidade de
intermediação) apontam a mesma ordem de importância
para os setores industriais.

em relação às universidades, cada medida fornece uma


ordenação diferente, dependendo do aspecto mensurado.

Observa-se, no entanto, que nos três casos as principais


universidades são UFMG, USP, UFRGS e UFRJ, nesta
ordem.
Outras Aplicações:
Transferência de tecnologia entre países:

Os países são os vértices. Foram estudados 57


países.
Existe aresta entre os países se eles tem patente
conjunta. (Fonte: European Patent Office).
Período de 1978 a 2005.
Outras Aplicações:
As Centralidades Encontradas
Centr
Código Países grau Centr Autovetor
53 US 12 0.524
22 FR 7 0.354
17 DE 6 0.404
11 CH 4 0.226
18 DK 4 0.306
23 GB 4 0.323
32 JP 3 0.251
39 NL 3 0.138
10 CA 2 0.179
55 VG 2 0.100
2 AT 1 0.046
20 ES 1 0.072
46 SE 1 0.107
Demais países 0 0
Outras Aplicações: Mercado financeiro
Centralidades
Vérti Degr Betweenn Closen
Inst. Financeira Autovetor
ces ee ess ess
41.00
CA v1 39 5.651 0.166
0
47.00
CAIXAECONOMICA v2 33 0.000 0.147
0
44.00
CAM v3 36 0.091 0.160
0
42.00
COINVALORES v4 38 1.758 0.165
0
44.00
CREDITSUISSE v5 36 0.091 0.160
0
44.00
DYNAMO v6 36 1.000 0.158
0
42.00
ELLIT v7 38 4.900 0.163
0
40.00
FATOR v8 40 8.962 0.167
0
42.00
FIBRA v9 38 1.758 0.165
0
42.00
GERACAO v10 38 1.758 0.165
0
43.00
HSBC v11 37 2.791 0.161
0
42.00
ITAU v12 38 3.444 0.164
0
JMALUCELLI v13 36 0.091 44.000 0.160
MAGLIANO v14 38 1.758 42.000 0.165
MAXIMA v15 0 0.000 0.000 0.000
OPORTUNITY v16 35 0.000 45.000 0.156
PARAVINA_OPICE v17 39 5.651 41.000 0.166

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