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Capítulo 9

Materiais Magnéticos
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Capítulo 9

Materiais Magnéticos

9.1. Introdução
Materiais magnéticos são componentes vitais da maioria dos equipamentos
eletromecânicos, razão pela qual a compreensão do magnetismo e dos
materiais magnéticos é essencial a qualquer projeto a eles relacionados. Os
componentes magnéticos estão, usualmente, “escondidos” no interior das
montagens não sendo aparentes, diretamente, ao usuário final. Diferentes de
outras características dos materiais, as propriedades magnéticas não podem
ser sentidas, vistas, degustadas ou ouvidas, o que dificulta compreensão dos
conceitos associados às mesmas. O objetivo deste capítulo é funcionar como
um guia prático para:

Auxiliar no entendimento do magnetismo;


Apresentar os materiais magnéticos bem como procedimentos utilizados em
sua manufatura;
Mostrar aplicações dos materiais magnéticos nos diferentes projetos de
sistemas;
Fornecer uma visão da diversidade de aplicações envolvendo materiais
magnéticos.

Qualquer forma de energia – seja ela elétrica, térmica, química ou mecânica


– somente terá valor prático se puder ser utilizada, em nossas aplicações da
vida diária, para um processo de produção de trabalho. Para que possa
realizar trabalho, a energia deve ser convertida de uma forma para outra.
É possível, certamente, confeccionar motores com imãs permanentes obtidos
diretamente da magnetita ou mesmo transformadores com finas placas deste
mesmo material. Mas qual seria a eficiência destas máquinas, bem como
possibilitariam elas a utilização da imensa gama de equipamentos
eletromagnéticos utilizados em nossa vida diária e que já se tornaram
imprescindíveis? O entendimento da formação e utilização da energia é
extremamente importante, razão pela qual será também abordada no capítulo.

9.2. Entendendo e Utilizando Materiais


Magnéticos

Os gregos e os chineses, desde a Antigüidade, são considerados os


primeiros povos a descobrir e utilizar, de alguma forma, a ocorrência natural de
minério de ferro denominada magnetita, certamente pela propriedade de atrair
outros materiais contendo ferro. A primeira aplicação prática deste material
magnético foi nas bússolas náuticas, o que levou a magnetita a ser conhecida
como “pedra guia” (“lodestone”), que significava “pedra que guia os marinheiros
para um porto seguro”. Desde essa aplicação inicial até por volta de 1600,
163

quando Gilbert publicou resultados de suas observações sobre os fenômenos


magnéticos, os avanços em sua compreensão foram extremamente limitados.
Gilbert foi o primeiro a aplicar métodos científicos a estes estudos, sendo-lhe
creditada a descoberta que a terra é um gigantesco ímã. Seus trabalhos
sobre as diferenças entre cargas elétricas e magnéticas estabeleceram as
bases da ciência da eletricidade e do magnetismo. Acontecimento posterior
relevante ocorreu em 1785 quando Charles Coulomb publicou a lei do inverso
do quadrado da distância relativa à atração e repulsão entre cargas elétricas e
pólos magnéticos. Como essas contribuições iniciais tiveram origem em
conceitos relacionados às forças, as primeiras definições e unidades
basearam-se em forças entre pólos.

Em 1820 Hans Oersted descobriu que uma corrente elétrica causava a


deflexão de uma agulha magnética, permitindo que Ampère magnetizasse
agulhas de aço utilizando a passagem de corrente elétrica através de um
condutor. Por volta de 1830, Joseph Henry e Michael Faraday descobriram, de
forma independente, a indução eletromagnética - conversão do magnetismo
em eletricidade –, utilizada na construção dos primeiros transformadores. A
invenção do dínamo, em 1865, foi conseqüência natural e iniciou, de forma
definitiva, a era da eletricidade. James Maxwell formulou, e publicou, em
1873, as relações entre eletricidade e magnetismo, baseado nas descobertas
de Gauss, Ampère e Faraday. Estas relações, conhecidas como as equações
de Maxwell formam a espinha dorsal do eletromagnetismo moderno.

9.3. O que é o Magnetismo?

Magnetismo é o estudo dos fenômenos envolvendo campos magnéticos


e efeitos induzidos em outros materiais, quando a eles expostos. Pelos
trabalhos de Coulomb e Oersted sabe-se que campos decorrentes de ímãs
permanentes ou de eletroimãs geram os mesmos efeitos nos objetos a eles
expostos, razão pela qual são conhecidos pelo nome genérico de “campo
eletromagnético”. As forças geradas por um campo eletromagnético,
juntamente com a gravidade, as forças atômica fraca e forte constituem as
quatro forças fundamentais da natureza. A discussão sobre o magnetismo
envolverá, de certa forma, recordação dos sistemas de unidade utilizados ao
longo do capítulo. Um dos mais utilizados é o CGS (centímetro – grama -
segundo), que tem como principal vantagem o fato de suas unidades serem
“adaptadas” aos materiais magnéticos do mundo real, bem como o fato de
considerar a permeabilidade do vácuo como unitária (analisado em maiores
detalhes ao longo deste capítulo). Apesar dessas vantagens, o sistema CGS
tem recebido somente menções passageiras nos ensinamentos formais da
teoria eletromagnética, pois as comunidades científica e acadêmica utilizam
como padrão o sistema MKS (metro – quilograma - segundo) ou, como é
geralmente denominado, sistema SI (Sistema Internacional). As unidades
utilizadas nesses sistemas tendem a ser desajeitadas em suas dimensões,
com a permeabilidade do vácuo sendo um número exponencial. Por outro lado,
contudo, as operações matemáticas são extremamente mais simples nas
passagens entre as diferentes formas de energia (potência para densidade de
fluxo, por exemplo)
164

As forças magnéticas dos ímãs são decorrentes de dois fenômenos


atômicos: o “spin” e o movimento orbital dos elétrons. Esta afirmação já
permite uma explicação para o motivo pelo qual as características magnéticas
de um material podem ser alteradas em decorrências de ligas com outros
elementos. Um material não magnético como, por exemplo, o alumínio pode
se tornar magnético quando na composição de materiais como o alnico (ver
ítem 9.4.1.1) ou em liga de manganês - alumínio - carbono. De forma similar
pode-se constatar que essa alteração pode também ser decorrente de
trabalho mecânico ou de esforço sobre o reticulado cristalino do material.

Existe, dentro da terceira camada de elétrons do átomo de ferro (figura


9.1), um desbalanceo na direção do “spin” eletrônico, que causa um momento
magnético no átomo, mas que, isoladamente, é insuficiente para ocasionar o
ferromagnetismo. Adicionalmente, devem existir trocas de forças cooperativas
interatômicas que mantenham os átomos vizinhos paralelos que, de acordo
com o conhecimento teórico atual, formam áreas ou domínios no interior do
ferro que, quando submetidos à ação de campo externo, magnetizam-se até a
saturação, mas não necessariamente em direções paralelas. A
desmagnetização, por sua vez, ocorre somente sob a ótica do observador
externo, pois internamente os domínios mantêm a magnetização, mas em
direções opostas ocorrendo, como resultado, cancelamento mútuo. Assim, o
imã se torna magnetizado se exposto à um campo externo, com magnitude
suficiente para girar os domínios e alinha-los na direção do campo.

Camadas
Eletrônicas
Figure 9.1 – Camadas eletrônicas em
um átomo de ferro

Núcleo

Camada vazia

Ponto fundamental na teoria magnética é o aparecimento de um campo


magnético quando uma corrente flui através de um condutor, com direção e
intensidade relacionadas à direção e magnitude da corrente elétrica. O circuito
simples, mostrado na figura 9.2, ilustra a conversão da energia elétrica em
magnética. A fonte de corrente, no caso uma bateria, é conectada ao condutor
e como o circuito se encontra fechado, a corrente flui. Esta corrente é
denominada corrente de excitação e, quando usada com certa geometria da
bobina resulta na denominada Força Magnetizante, ou Força Magneto Motriz
(FMM) por Unidade de Comprimento, ou no H da bobina, cuja unidade de
medida é o Oersted, no sistema CGS e Ampère-espira por metro, com
símbolo A/m, no sistema SI, sendo válida a relação:

1 Ampère - espira por metro = 0,0125 OERSTED


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Figura 9.2 – Campo magnético


resultante de uma corrente em uma
bobina.

Campo
Magnético

O fluxo de corrente cria um “campo de força” concêntrico ao condutor,


arbitrariamente denominado “campo magnético” pelos pesquisadores do
século XIX, com magnitude em fluxo, ou linhas de fluxo, e representado pelo
símbolo Ø. Em outras palavras, uma corrente com determinada intensidade,
expressa em ampères, gera determinada quantidade de linhas de fluxo,
resultando em um campo magnético que é um “reservatório” de energia. As
unidades de fluxo são o Weber ou Volt-segundo no sistema SI e Maxwell no
CGS, sendo válidas as relações:

1 WEBER = 1 VOLT-SEGUNDO

1 WEBER = 108 MAXWELLS = 108 LINHAS DE CAMPO

Desde o início das pesquisas com o magnetismo, os cientistas tentaram


manipular este fenômeno numa tentativa de realizar trabalho de forma mais
eficiente. O laço simples de condutor da figura 9.2 foi transformado em bobina
com múltiplas espiras, resultando em aumento proporcional das linhas de fluxo
produzidas por determinada intensidade de corrente. Na maioria dos casos, a
única forma disponível de mensurar a quantidade de fluxo gerada por uma
configuração do circuito era a intensidade da força atrativa que determinada
bobina exibia. Foi questão de tempo para que surgisse a idéia de se inserir um
núcleo de ferro entre as bobinas do condutor (figura 9.3), o que aumentou
drasticamente a força gerada, quando comparada aos experimentos anteriores.
O grau de concentração de um campo magnético induzido é conhecido como
Indução Magnética ou Densidade de Fluxo por Unidade de Área normal à
direção do caminho magnético, sendo normalmente designada pelo símbolo
B. No sistema CGS a indução magnética é medida em maxwells (ou linhas)
por centímetro quadrado, ou gauss, e no sistema SI por Tesla ou Weber por
metro quadrado.

Figure 9.3 – Indução


magnética

Fluxo
Magnético Ø
166

Estas pesquisas iniciais consolidaram dois importantes conceitos. O


primeiro foi que a presença de um núcleo de ferro aumentava a concentração
das linhas de fluxo dentro da bobina, solidificando a noção de densidade de
fluxo, ou número de linhas de fluxo por unidade de área transversal, referida
geralmente como indução. São válidas, numericamente, as relações:

1 TESLA = 10.000 GAUSS

1 TESLA = 1 WEBER por METRO QUADRADO

1 GAUSS = 1 MAXWELL por CENTÍMETRO QUADRADO

A densidade de fluxo é uma das maneiras utilizadas para se quantificar a


energia magnética armazenada em determinada geometria. Outro
procedimento é a utilização da FMM, já descrita anteriormente.

Outro conceito que se tornou aparente foi que, em uma situação onde
um material magnético era inserido em uma bobina (figura 9.3), o fluxo (ou
densidade de fluxo) era, na realidade, o resultado de dois componentes: as
contribuições da bobina e do núcleo de ferro, que se somam resultando em
um fluxo final expresso por:

FLUXO Núcleo + FLUXO Bobina = FLUXO Total

O significado deste fenômeno será mais bem detalhado quando da


utilização das curvas de desmagnetização normal e intrínseca, abordadas
na seqüência.

9.3.1. Permeabilidade Magnética

Nem todos os materiais respondem igualmente à aplicação da força


magnetomotriz. Em outras palavras, diferentes materiais exibem diferentes
densidades de fluxo quando submetidos aos mesmos níveis de
magnetização. Para lidar com essa característica, os cientistas associaram
uma propriedade ao material, denominada permeabilidade, que quantifica a
relação entre a força magnetizante aplicada e a densidade de fluxo resultante,
ou seja, sua sensibilidade magnética. Cada material magnético possui um valor
de permeabilidade, numericamente superior ao valor da permeabilidade do
vácuo, o que significa, na prática, que esses materiais apresentam melhor
resposta às FMM aplicadas que o espaço vazio que ocupam (Tabela 1). Como
o valor da permeabilidade de um material magnético é expresso em relação à
permeabilidade do vácuo, ela será a mesma quer se utilize o sistema CGS ou
o sistema SI. O valor da permeabilidade do vácuo, contudo, é totalmente
diferente para os dois sistemas:

Permeabilidade absoluta do vácuo = 1 (CGS) = 4 x 10-7 (SI)


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Tabela 1 – Permeabilidade relativa de alguns materiais

Material/Liga Permeabilidade Relativa


Ferrite duro Ligeiramente superior à unidade
Neodímio - ferro Ligeiramente superior à unidade
Samário - cobalto Ligeiramente superior à unidade
Alnico 3-7
Pó de Molibdênio-Permalloy (MPP) 14 - 350
Limalha de ferro 8 - 75
Silectron até 30.000
Supermalloy até 300.000

A permeabilidade relativa dos materiais magnéticos, infelizmente, não é


constante e se altera de várias ordens de grandeza, se o nível da excitação
magnética é alterado. Adicionalmente, os materiais do mundo real são afetados
pelo ambiente e fatores como temperatura e choques mecânicos podem ter
profundo efeito nos valores reais de suas permeabilidades.

Os materiais podem ser classificados segundo seu comportamento


magnético, baseando-se nos valores da permeabilidade, de acordo com as
seguintes classes:

a) Diamagnéticos

Materiais diamagnéticos são aqueles que, em presença de um campo


magnético tornam-se fracamente magnetizados, na direção oposta à do
campo aplicado, resultando em material que possui força de repulsão em
relação à fonte de aplicação do campo. O valor da resposta é reduzido e o
material possui permeabilidade relativa ligeiramente menor que a unidade. A
causa desta reação está associada com a lei de Lenz, pela qual pequenas
correntes localizadas são geradas no interior do material, que cria suas
próprias forças magnéticas em oposição ao campo variável aplicado. Exemplos
destes materiais são o cobre e o hélio.

b) Paramagnéticos

Materiais paramagnéticos magnetizam-se na mesma direção do campo


magnético aplicado, com módulo da magnetização induzida proporcional ao
campo. Estes materiais possuem permeabilidade relativa ligeiramente
superior à unidade e seus efeitos não são praticamente detectáveis, exceto
em temperaturas extremamente baixas ou para campos magnéticos
extremamente elevados. Estes materiais, sob o ponto de vista magnético, são
considerados eqüivalentes ao ar para efeitos de projeto. Exemplos são o
sódio e o alumínio.
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c) Antiferromagnéticos

Materiais antiferromagnéticos são caracterizados por um estado natural


no qual os campos magnéticos atômicos, em seu interior, estão arranjados de
forma antiparalela, opostos e de mesmo módulo resultando na ausência de
efeitos magnéticos externos. Esse estado natural dificulta a magnetização do
material na direção do campo aplicado, mas permite a ocorrência de
permeabilidade relativa superior à unidade. Acima de uma temperatura crítica,
denominada Temperatura de Neel, o material torna-se paramagnético.
Exemplos são o óxido de manganês e o óxido de ferro (FeO).

d) Ferromagnéticos

Materiais ferromagnéticos possuem campos magnéticos atômicos que


se alinham paralelamente ao campo externo, criando um campo magnético
total, no interior do material, muito superior ao aplicado. Estes materiais podem
apresentar permeabilidade relativa muito superior à unidade. Acima de uma
temperatura crítica, denominada Temperatura de Curie, o material torna-se
paramagnético. Exemplos são o ferro, cobalto, níquel e muitos tipos de aços.

e) Ferrimagnéticos

Materiais ferrimagnéticos possuem campos magnéticos atômicos que se


alinham tanto paralelamente como anti-paralelamente ao campo externo
aplicado. Os componentes paralelos são mais fortes que os anti-paralelos,
resultando em campo magnético externo final que pode ser substancial.
Embora apresentem permeabilidade relativa superior à unidade, sua
estabilidade térmica não é tão consistente como a do material ferromagnético,
podendo gerar comportamentos inusitados. Exemplos destes materiais são o
óxido de ferro (Fe3 O4) e alguns ferrites.

9.3.2.Saturação Magnética

Embora os materiais magnéticos sejam mais susceptíveis à excitação


magnética que o ar, possuem a desvantagem de suportar capacidade limitada
de fluxo. Á medida que a excitação aplicada aumenta, o material alcança um
ponto onde sua permeabilidade tende à do vácuo e, como resultado, não mais
retém novas energias magnéticas. Este ponto é conhecido como saturação,
sendo caracterizado pela densidade de fluxo de saturação do material (figura
9.4). A saturação é, estritamente, uma propriedade do material, não
apresentando dependência à corrente de excitação, fato este que confunde
muitos engenheiros. A densidade de fluxo de saturação de um material é
resultado somente de suas características metalúrgicas e da temperatura
de operação (atentar, contudo, que o nível de excitação no qual a saturação
ocorre é função de fatores múltiplos), com o detalhe que muitos materiais não
apresentam densidade de fluxo de saturação bem definida. Se um engenheiro
especifica que um material deve apresentar uma densidade de fluxo de
saturação mínima, deve especificar também para qual nível de excitação a
densidade de fluxo deverá ser medida. Não existem regras claras, objetivas e
concretas de quando, por definição, um material está saturado.
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Figure 9.4 – Curva de


Saturação B – H – (Curva de
magnetização normal)

A relação entre os parâmetros B e H, para um material ferromagnético,


pode ser ilustrada por sua curva normal de magnetização (figura 9.4).

Se na configuração da bobina apresentada na figura 9.3 for efetuado o


envolvimento de um núcleo de aço, criando uma trajetória em malha fechada,
será criado um eletroimã, o que possibilita magnetizações extremamente
eficientes (figura 9.5):

Figure 9.5 – Eletroimã com núcleo de ferro

Bentreferro = Hentreferro

Se uma amostra magnética for inserida entre os pólos do eletroimã, com


espaçamento mínimo entre estes pólos e a amostra (figura 9.6), uma curva de
magnetização e um laço de histerese da amostra podem ser gerados, como
detalhado no parágrafo a seguir.

Figure 9.6 – Entreferro com amostra


magnética

Hentreferro Bamostra
170

9.3.3. Laço de Histerese (Laço B-H)

Para caracterizar mais facilmente as propriedades magnéticas dos


materiais, uma técnica de medição foi desenvolvida que mostra claramente os
fenômenos anteriormente descritos. Esta técnica foi denominada laço de
histerese ou laço BH. Como se trata de procedimento de extrema importância
para os projetistas, algumas explicações de suas características serão
abordadas. O laço BH é obtido excitando-se uma amostra de material
magnético, de forma controlada e variável, por uma FMM, registrando-se,
simultaneamente, a densidade de fluxo induzida nesta amostra (figura 9.7)

Curva
Normal

Curva Intrínseca

Figure 9.7 – Laço de Histerese

Em diretrizes gerais, a amostra é excitada até a saturação na direção


positiva; a excitação é então revertida instantaneamente e aplicada em direção
negativa até a ocorrência de nova saturação. O passo final consiste em
reverter novamente a excitação e retornar à direção positiva até que nova
saturação ocorra. A amostra pode, ou não, ser conduzida até a saturação
durante o ensaio; este ponto é de particular importância no estudo dos ímãs
permanentes onde o potencial total do material somente poderá ser avaliado se
ocorrer uma saturação magnética completa. Como uma informação prática,
pode-se mencionar que, no caso de todos os ímãs permanentes e de alguns
materiais magnéticos macios, a fonte de excitação é um eletroimã onde os
ampères – espira são aplicados indiretamente à amostra.

Para a obtenção de resultados precisos, a amostra de material


magnético deve estar totalmente desmagnetizada no início do ensaio,
correspondendo ao ponto (0,0) dos eixos cartesianos do laço BH (figura 9.7).
Neste ponto a corrente de excitação é zero e amostra não contém nenhum
171

fluxo. Quando um material não magnetizado é inserido no eletroimã e um


campo magnetizante H é aplicado, a indução B aumentará proporcionalmente
ao valor de H ao longo de uma linha que se inicia em zero e se estende até o
ponto +Bs. Nesse ponto a inclinação da curva se iguala à unidade e pode-se
afirmar que o imã se encontra saturado. A partir deste ponto +Bs, se a força
magnetizante H for gradualmente reduzida a zero, a magnetização resultante
no material decrescerá até um valor Br, conhecido como a indução residual ou
remanência. Se a força magnetizante for então revertida (através da reversão
da corrente na bobina do eletroimã) e aumentada na direção negativa, a
magnetização resultante no material será então reduzida a zero. Nesse ponto
o valor da força desmagnetizante é - Hc, sendo conhecida como força
coercitiva e expressa a medida da resistência do material à
desmagnetização. Este parâmetro diferencia os materiais de ímãs
permanentes ou magneticamente duros (“hard”) dos materiais
magneticamente doces ou macios (“soft”). Os materiais magneticamente
doces são desmagnetizados facilmente ao passo que os materiais
magneticamente duros são de desmagnetização difícil, o que significa que
podem reter melhor a energia magnética neles armazenada. Em qualquer
caso, a menos que alguma ação provoque a desmagnetização dos materiais, a
energia magnética será armazenada indefinidamente. Um aumento da força
de desmagnetização nessa direção oposta acarretará uma nova magnetização
do material, porém com polaridade oposta e saturação no ponto - Bs (ver o
diagrama – figura 9.7). A redução de H ao valor nulo é representada por -Br e
se novamente for revertida a corrente através da bobina o material será
novamente remagnetizado como em sua polaridade original, completando o
laço de histerese. O laço se desenvolve ao longo da indução B medida no
material e é chamado de curva normal.

Fato a ser observado, contudo, é que nem todos os fluxos


observados são gerados pelo imã. Se a amostra magnética não estivesse
presente, o eletroimã produziria um campo no ar: a força magnetizante H, de
um oersted, produziria uma indução B de um gauss (linha reta -Hem, O, +Ham).
O fluxo real observado (medido) é a soma do fluxo que seria produzido pelo
eletroimã sem o material magnético mais o produzido pelo material magnético,
curva esta denominada normal. A densidade de fluxo produzida somente pelo
material magnético é denominada indução intrínseca (curva J) e pode ser
obtida por simples operação aritmética ou procedimentos gráficos: no primeiro
quadrante pode-se utilizar J = B – Ham, e, no segundo, J = B - (-Hem) = B + Hem.
Notar que no primeiro quadrante a indução normal é sempre superior à
intrínseca enquanto no segundo - trecho desmagnetizante da curva - a
intrínseca é superior à normal, fato este decorrente de Hem ser negativo neste
quadrante. É também óbvio que -Hci (ponto no eixo H interceptado pela curva)
possui valor sempre superior a – Hc, como conseqüência de J = B + Hem no
segundo quadrante. O valor de Hci é muito próximo ao valor do campo H
requerido para desmagnetizar completamente o material.

O fluxo no espaço aéreo, dentro da bobina de excitação, contribui


efetivamente para o fluxo total, ou normal, observado ou medido no laço BH.
Alguns histeresegramas – instrumentos para traçado do laço de histerese – já
efetuam esta correção e mostram o laço BH intrínseco do material. Esta
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contribuição adicional de fluxo possui significado somente em situações onde


são necessários altos valores da FMM para magnetizar e desmagnetizar o
material (tal como o Arnox e Neo-Fe – ver itens 9.4.1.2 e 9.4.1.3) ou quando é
necessário elevada FMM para saturar o material, como nos núcleos
sinterizados de baixa permeabilidade. Esta situação é mais comum no caso
dos imãs permanentes – materiais duros – onde as curvas de
desmagnetização normal e intrínseca são utilizadas para os materiais de alta
coercitividade. Com laços BH intrínsecos utiliza-se “i” como subscrito; portanto
Hci representa a coercitividade intrínseca da amostra e Hc sua coercitividade.
Em projetos magnéticos, onde é necessário determinar o fluxo magnético
produzido por um imã, deve-se utilizar a curva normal de desmagnetização. A
curva intrínseca será de interesse quando estiver em análise a reação do imã
permanente à um campo magnético externo.

Entreferro

Figure 9.8 – Influência do entreferro (esquerda) e Bd x Entreferro (direita)

Considere novamente a amostra magnética inserida no eletroimã. Se,


após retornar o campo magnetizante a zero (a indução na amostra é igual a Br,
a remanência, ou magnetismo residual), for introduzido um entreferro entre o
polo magnético e a amostra magnetizada, esta sofrerá, de alguma forma, um
processo de desmagnetização e sua densidade de fluxo decrescerá abaixo de
Br, para algum valor Bd, como mostrado na figura 9.8.

A densidade do fluxo na amostra será reduzida, pois este não mais flui
diretamente através da mesma, mas “escapa” ao seu redor (figura 9.8,
esquerda), em direção oposta ao seu fluxo interno, influenciando sua
desmagnetização. Se o entreferro aumenta, a “fuga” se torna maior e, como
resultado, o fluxo magnético é mais reduzido. De forma semelhante ao que
ocorre na curva de desmagnetização, o deslocamento do fluxo magnético
dependerá da dimensão do entreferro e da geometria do imã magnetizado.

Removendo-se completamente a amostra do eletroimã a densidade de


fluxo cairá à valores de circuito aberto (figura 9.9), de acordo com a geometria
da amostra, que pode ser adequada à uma inclinação operacional B/H ou
coeficiente de permeância (B/H) específico.
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Figure 9.9 – Condições de


circuito aberto

Para dada geometria do imã a densidade de fluxo, Bd, cairá ao longo da


curva de operação B/H e seu valor real dependerá de onde a curva de
desmagnetização cruza a inclinação B/H.

Figure 9.10 – Coeficientes de


permeância, Pc ou B/H, para
cilindros magnetizados de imãs
de ferrite ou terras raras

Razão comprimento/ raio, L / D

As figuras 9.10, 9.11 e 9.12 relacionam dimensões magnéticas a valores


de B/H, para diferentes geometrias de imãs, sendo úteis para se determinar a
174

inclinação operacional de um circuito e densidades de fluxo, para estas


geometrias. As condições discutidas se aplicam a materiais que operam sob
condições estáticas: não estão sujeitos a campos externos desmagnetizantes e
sua inclinação operacional B/H permanece constante.

Figure 9.11 – Coeficientes de Permeância, Pc ou B/H ( imãs retangulares de Alnico)

= DE / DI

Figure 9.12 – Coeficientes de Permeância para ímãs tubulares com magnetização axial
175

Com um campo desmagnetizante externo aplicado à amostra, a


densidade de fluxo no imã decrescerá de acordo com as curvas da figura 9.13.

Figure 9.13 – Campo externo


aplicado Ha
F

A linha OC (figura 9.13) mostra a inclinação operacional de um imã


inserido em um circuito, com um entreferro, e Bc representa sua densidade de
fluxo. Aplicando-se um campo externo desmagnetizante de magnitude Ha à
este ímã, a densidade de fluxo no mesmo decrescerá para E. Notar que a nova
linha de inclinação operacional, LE, é paralela a OFC. Para materiais
magnéticos que exibem um “joelho” (“knee”) na curva de desmagnetização, o
fluxo não retorna ao ponto C quando o campo desmagnetizante externo for
removido, mas seguirá uma trajetória ao longo de uma linha com a inclinação
da permeabilidade de recuo (“recoil permeability”) representada por EF.

Notar que quando o campo externo é removido, a linha operacional do


ímã retorna ao valor original, ao longo da linha OFC, para uma nova densidade
de fluxo, Bf (a inclinação da linha EF refere-se à permeabilidade de recuo ou
reversível do ímã). Um perda de fluxo similar ocorrerá se o entreferro for
aumentado e a seguir diminuído, ou se o ímã for magnetizado fora do circuito,
ou seja, em condições de circuito aberto e então inserido no circuito.

Com materiais que apresentam uma linha reta para a curva de


desmagnetização (cerâmicas, samário-cobalto ou neodímio-ferro-boro), as
perdas de fluxo sofrem grande redução ou são eliminadas.
176

9.3.4. Energia Magnética

Os materiais magnéticos de alto desempenho são utilizados para


efetuar, de forma eficiente, a conversão, armazenagem e utilização da energia
magnética. Por definição, a energia magnética é o produto da densidade de
fluxo no circuito magnético pela força magnetizante necessária para excitar o
material até este nível de fluxo:

Energia = B x H

A unidade de energia no sistema SI é o joule e no sistema CGS o erg.


No projeto de imãs permanentes utiliza-se uma unidade especial de densidade
de energia, ou produto energético, para indicar propriedades energéticas e de
armazenagem, por unidade de volume. No sistema CGS esta unidade da
energia é o gauss-oersted enquanto no sistema SI é joule por metro3

1 joule = 107ergs

1 joule por metro3 = 125, 63 gauss-oersted

Deve ficar clara a diferença entre materiais para imãs permanentes e


para confecção de núcleos magnéticos. Estes últimos – materiais para núcleos,
ou magneticamente doces - possuem habilidade para armazenar energia
magnética a partir da conversão da energia elétrica, mas esta armazenagem é
de curta duração, pois são desmagnetizados facilmente. Esta característica é
desejável nos circuitos elétricos e eletrônicos, onde normalmente estes núcleos
são utilizados, pois permitem rápida reconversão da energia magnética em
elétrica e sua re-introdução no circuito elétrico.

Já os materiais magnéticos duros são, comparativamente, mais difíceis


de desmagnetizar e o tempo de armazenamento é muito maior. A parte do laço
BH que mostra o estado normal de armazenamento da energia é a porção da
curva de desmagnetização que vai dos pontos (+Br , 0) a (0, -Hc). Se os
materiais magnéticos duros dissipassem a energia magnética rapidamente de
volta para o circuito elétrico, como os materiais magnéticos doces, não teriam
validade prática alguma. Pelo contrário, eles utilizam esta energia para
estabelecer um campo magnético externo ao imã, que possuirá a capacidade
de realizar trabalho através de interação, por exemplo, com a corrente de um
condutor em um motor com imã permanente. Por hipótese, a menos que algum
fenômeno externo venha desmagnetiza-lo, o imã permanente manterá seu
campo externo indefinidamente.

Um das confusões mais comuns de projetistas neófitos, na área de


motores com imãs permanentes, é considerarem que, de alguma forma, a
energia armazenada no imã está sendo consumida quando o motor se
encontra em operação. Este fato não é verdadeiro, pois, como explicado, a
energia magnética armazenada no imã permanente é expressa pelo produto da
densidade de fluxo pela força magnetizante.
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9.3.5. Circuitos Magnéticos

É conveniente, neste ponto, traçar uma analogia entre um circuito


elétrico comum e “algo” que será denominado circuito magnético. Um circuito
magnético é, essencialmente, uma trajetória magnética em malha fechada
onde as FMMs (imãs permanentes e bobinas conduzindo corrente) e suas
quedas (áreas com baixa permeabilidade) estão representadas. Para completar
a analogia, “resistências” estão em oposição à FMM aplicada, ao contrário da
corrente aplicada, como é o caso nos circuitos elétricos (figura 9.14). Para
facilitar a análise do equipamento magnético, deve-se introduzir o conceito de
relutância, que constitui a “resistência” magnética referida anteriormente.

= Fluxo

Figure 9.14 – Circuito


magnético
Bobina (Fonte de
FMM) Entreferro (grande
queda de FMM)

Imã Permanente Ferro (pequena


(Fonte de FMM) queda de FMM)

Essa ferramenta matemática considera não somente a permeabilidade


da seção do circuito magnético, mas também suas dimensões e forma. A
trajetória das linhas de fluxo, em determinada geometria, é análoga à corrente
em um circuito elétrico, que busca o caminho de menor resistência: o fluxo
magnético também segue o percurso de resistência mínima
Alta Relutância Média Relutância Baixa Relutância

Figure 9.15 – Tipos de


entreferros em circuitos
magnéticos (os valores
assinalados referem-se às
permeabilidades dos materiais)

Trajeto de Média Trajeto de Alta Trajeto de Baixa


Relutância Relutância Relutância
178

Entreferro

Figure 9.16 – Entreferro discreto (esquerda) e distribuído (direita)

A relutância é inversamente proporcional à permeabilidade e


diretamente proporcional ao comprimento do circuito magnético; seu valor
mínimo será alcançado para altas permeabilidades do material, entreferros
mínimos no circuito e configurações em trajetórias fechadas (figura 9.15).

Entreferros podem ser introduzidos nos circuitos magnéticos de duas


maneiras: de forma discreta ou distribuida (figura 9.16). Entreferros discretos
são significativos tanto em circuitos com imãs permanentes ou com materiais
magnéticos macios; o entreferro distribuído é um caso específico dos núcleos
sinterizados. Um entreferro discreto, como utilizado em um núcleo tipo C ou
em motor com imã permanente, será melhor descrito por uma situação onde
poucos (geralmente um ou dois) entreferros de maior dimensão são
introduzidos em material de alta permeabilidade, constituindo parte do circuito.

Um entreferro distribuído se refere a grande número de pequenos


entreferros dispersos ao longo do núcleo. Exemplos deste caso são o pó de
Permalloy - Molibdênio (MPP) e os núcleos de ferro sinterizados. Pelo fato de
minimizarem os efeitos de segunda ordem como escapamentos e dispersão de
fluxos (“leakage” e “fringing”), a concepção distribuída possibilita a obtenção de
maiores entreferros nos caminhos magnéticos. Existem outros procedimentos
que permitem a obtenção de entreferros sem a necessidade de se introduzir
um espaço físico no circuito.

Uma ocorrência comum é o núcleo tipo C, onde o processo normal de


manufatura (mais especificamente, o sistema de impregnação) tende a baixar a
permeabilidade do material pela criação de um entreferro efetivo.
Adicionalmente, os efeitos dinâmicos, como perdas no núcleo, tendem a criar
entreferros efetivos pela redução da permeabilidade do material.
179

9.3.6. Propriedades Elétricas dos


Circuitos Magnéticos

Equipamentos manufaturados com materiais magnéticos operam,


geralmente, de forma conjunta com correntes elétricas, realizando trabalho e
desempenhando a função para a qual foram projetados. Este fato é sempre
verdadeiro para produtos que utilizam materiais magnéticos doces e quase
sempre verdadeiro para produtos com materiais magnéticos duros (como no
caso de motores com imãs permanentes). Sempre que um componente
magnético for conectado a um circuito onde circula uma corrente elétrica, ele
adicionará propriedades elétricas a este circuito.

A mais significativa destas propriedades é a indutância que, juntamente


com a resistência e a capacitância, constitui um dos três parâmetros básicos de
qualquer circuito elétrico, determinando a impedância que o componente
apresenta ao circuito elétrico e influenciando a corrente que flui pelo mesmo. A
unidade de indutância, tanto no sistema CGS como no sistema SI, é o henry
enquanto a unidade de impedância, em ambos os sistemas, é o ohm.
Matematicamente, a indutância é inversamente proporcional à relutância do
circuito magnético. Assim, um núcleo com um largo entreferro (um circuito
magnético de alta relutância) fornecerá baixa impedância ao circuito elétrico.
De forma similar, um motor de imã permanente projetado com grande abertura
entre o rotor e o arco magnético apresentará menor impedância ao circuito
elétrico que alimenta o sistema. Quando um material magnético se torna
saturado, sua permeabilidade diminui e a relutância cresce rapidamente.
Consequentemente, a impedância do equipamento tende a zero e a
conseqüência é que ele “desaparece” do circuito elétrico.

9.3.6.1. Perdas no Núcleo

As perdas no núcleo são de importância mínima para os materiais


magnéticos duros, utilizados para imãs permanentes, mas extremamente
importantes para os materiais magnéticos doces, pois representam
ineficiência do material, razão pela qual não são desprezadas pelos projetistas.

Força magnetizante
(Ampere-espira)

Correntes
Parasitas Figure 9.17 – Perdas em forma
de energia térmica

Campo
Magnético
180

Em muitas circunstâncias, as perdas no núcleo tornam um material


recomendável ou inadequado para uma aplicação específica. O exemplo mais
conhecido relaciona-se aos transformadores industriais para altas freqüências,
dominado pelos ferrites doces. A unidade de perdas no núcleo, tanto nos
sistemas CGS como no SI, é o watt, cujo valor é

1 watt = 1 joule por segundo

As perdas no núcleo derivam, basicamente, de dois componentes: o


laço de histerese e as correntes parasitas (“eddy current”). O primeiro
resulta do fato que nem toda a energia requerida para a magnetização do
material é recuperada, quando o mesmo é desmagnetizado. Quanto mais
largo e alto o laço de histerese, maior a perda resultante. As perdas devido às
correntes parasitas resultam da circulação de correntes induzidas no material
magnético quando a densidade de fluxo se altera (figura 9.17). A magnitude
destas correntes é altamente dependente da resistividade elétrica do
material. Como salientado, a armazenagem de energia constitui mecanismo
fundamental na teoria magnética. Nos materiais magnéticos doces isto resulta
na introdução de um “atraso temporal” nas correntes elétricas que pode, por
exemplo, ser utilizado para separar diferentes freqüências ou filtrar freqüências
indesejadas na corrente de excitação. Como regra, os núcleos utilizados para
estas aplicações requerem alterações em seu circuito magnético, melhorando a
capacidade de armazenagem de energia. O indutor - “choke” – utiliza,
explicitamente, este conceito de armazenagem da energia elétrica em forma de
energia magnética. O fluxo desenvolvido no núcleo é proporcional à corrente
aplicada e à permeabilidade efetiva do material do núcleo. A energia magnética
é re-convertida em energia elétrica quando a corrente de excitação é removida.

A energia armazenada no circuito magnético (ou núcleo) é proporcional


à corrente de excitação aplicada, multiplicada pelo fluxo resultante.
Consequentemente, para aumentar a energia armazenada em um dado núcleo
(assumindo que as dimensões básicas não se alterem) existem somente duas
alternativas possíveis: aumentar o fluxo ou os ampère - espiras aplicados.
Como todos os materiais possuem um fluxo de saturação inerente e imutável,
que limita a densidade de fluxo que se consegue obter, a única possibilidade
é, de alguma forma, aumentar a magnitude de corrente que leva o núcleo à
saturação: em outras palavras, tornar o núcleo “menos sensível” à corrente
de magnetização. Esse procedimento é relativamente fácil de ser alcançado:
basta reduzir, mecanicamente, a permeabilidade efetiva (aumentando a
relutância) do equipamento. Isso é efetuado, rotineiramente, através da
introdução de um entreferro no circuito magnético.

O fenômeno de transferência de energia apresenta conceito mais


complexo que o do armazenamento, sendo, na realidade, um caso especial
desta. A transferência energética pode ser representada, tipicamente, por um
transformador de dois enrolamentos, no qual a corrente de excitação flui em
uma bobina fazendo com que apareça, na outra, uma tensão induzida. Pode-
se, em uma análise preliminar, ser tentado a dizer que não está ocorrendo
armazenamento de energia no transformador, mas não é este o caso. Na
realidade, dois mecanismos de conversão/armazenamento estão ocorrendo. O
181

primeiro é o familiar “atraso temporal” do armazenamento da energia, já


descrito, e geralmente indesejável em transformadores, pois reduz sua
eficiência. As tentativas usuais são no sentido de se minimizar a corrente de
excitação. O usuário deseja a máxima permeabilidade possível no núcleo do
transformador e, para tal, minimiza o entreferro (real ou aparente). O
mecanismo desejável de conversão/armazenamento é quando a energia
magnética armazenada no núcleo é transferida, de forma quase instantânea,
para a bobina secundária e a respectiva carga, a ela conectada. O núcleo
nunca “vê”, realmente, esta energia magnética e o circuito magnético não tem
que suportar qualquer fluxo criado pela conversão. O consumo de energia da
carga conectada à bobina secundária é dita ser “refletida” no primário.

9.4. Classificação dos Materiais Magnéticos

O termo "materiais magnéticos" indica substâncias cuja aplicação requer


a existência de propriedades ferromagnéticas ou ferrimagnéticas, sendo
normatizada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, pela
norma NBR 6544, de março de 1981 – “Classificação dos Materiais
Magnéticos”, e baseia-se no reconhecimento geral da existência de dois grupos
principais de produtos:

a) materiais magnéticos doces (“soft”) cuja coercitividade < 1000 A/m;


b) materiais magnéticos duros (“hard”), cuja coercitividade > 1000 A/m.

sendo que esta classificação leva em conta as seguintes características:


composição química, modo de apresentação, propriedades físicas do material
e suas principais aplicações. Na aplicação da norma citada é necessário
consultar, de forma complementar, a norma NBR 5161 – “Produtos laminados
planos de aço para fins elétricos - Método de ensaio”.

9.4.1. Materiais Magnéticos Duros (Ímãs Permanentes)

Um imã pode ser definido como qualquer objeto que apresente um


campo magnético externo. Esta característica, entretanto, não faz com que
este material possa ser considerado um imã permanente, pois esta definição
inclui os eletroimãs, gerados com base em correntes elétricas. Um imã
permanente é um material que, quando inserido em forte campo magnético
não só desenvolve seu próprio campo magnético, mas também continua a
mantê-lo mesmo quando removido o campo externo original. Este campo
residual permite ao imã exercer força (habilidade de atrair ou repelir) outros
materiais magnéticos e não se enfraqueceria se o material não estivesse
sujeito às alterações ambientais (temperaturas e campos desmagnetizantes,
entre outros). Esta habilidade de manter o campo magnético, a despeito de
mudanças ambientais que possam ocorrer, ajuda a definir as características
dos imãs permanentes bem como aplicações nas quais podem ser utilizados.
Os chamados materiais magnéticos doces (“soft”) são similares aos imãs
permanentes no fato de apresentarem campo magnético próprio, quando na
presença de campo externo, mas não continuam a mantê-lo, se este campo
182

externo for retirado. Estes materiais são extremamente úteis para direcionar,
concentrar e formatar campos magnéticos, sendo de larga aplicação na
indústria eletro-eletrônica.

Os imãs permanentes modernos desempenham papel vital em largo


espectro de produtos industriais, de consumo e militares. Embora venham
sendo utilizados em máquinas elétricas por mais de um século, somente o
desenvolvimento tecnológico dos materiais, e de seus procedimentos de
manufatura, principalmente a partir de 1940, é que introduziram melhorias em
suas propriedades e tornaram seu uso extremamente rotineiro. Uma lista das
aplicações que utilizam ímãs permanentes incluem componentes como:

Sinalizadores
Área de comunicações - telefonia, tubos de microondas e filtragens
Acessórios automotivos - sistemas de partida, motor de arranque, travas
elétricas, vidros elétricos, limpadores de pára-brisas e sensores diversos
Periféricos de computadores e equipamentos de escritório incluindo
máquinas de fax, impressoras e copiadoras
Motores industriais, atuadores para robótica e sistemas de controle de vôo
Unidades de suspensão e propulsão para veículos que funcionam por
levitação magnética
Sistemas de reprodução sonora (ex., alto-falantes), relógios, sistemas de
pesagem, fornos de microondas
Pequenos motores e atuadores em câmaras e gravadores, tanto de voz
como de vídeo
Aceleradores de partículas e lasers eletrônicos utilizados em física, indústria
e área militar

Outras importantes características


- Campo necessário à magnetização
- Estabilidade térmica
- Propriedades mecânicas
- Resistência à corrosão
- Facilidade de manufatura
- Custo

Figura 9.18 – Evolução dos materiais magnéticos permanentes no século XX


(eixo da direita – BHmax = kJ/m3 )
183

Equipamentos de ressonância nuclear magnética nas áreas médica e


industrial
Eletrodomésticos como aspiradores de pó, máquinas de lavar e secadoras
Ferramentas: serras elétricas, lixadeira e furadeiras
Itens promocionais e brinquedos

A primeira teoria moderna dos ímãs permanentes foi formulada em


1907 por Pierre Weiss, que a baseou na existência dos diminutos domínios
magnéticos individuais. Há de se ressaltar que, no período de um século,
decorrido entre a descoberta de Oersted, em 1820, até aproximadamente,
1920, os avanços na compreensão do magnetismo foram essencialmente
teóricos, com grande avanço tecnológico a partir de então (figura 9.18).

O desenvolvimento dos materiais magnéticos, com aplicações mais


elaboradas que agulhas imantadas de aço, teve início em 1921 com a
introdução dos aços de cromo- cobalto. Trabalhos subseqüentes envolvendo
ligas com níquel, alumínio, cobre e platina conduziram à introdução, em 1935,
do alnico endurecido por precipitação (alumínio –níquel - cobalto) e do
cunife (cobre –níquel - ferro) e, em 1936, à platina - cobalto. Os ímãs de
alnico tiveram melhorias, em 1940, com a introdução do alnico V de domínio
orientado, em uso freqüente ainda hoje. A família dos ímãs de alnico, com
propriedades bem superiores às do aço, ampliou o espaço para novas
aplicações. Auto falantes de alnico, por exemplo, permitiram a disseminação
mundial do rádio e televisão ao final da Segunda Guerra.

Os primeiros ímãs não metálicos foram produzidos pela Philips


Corporation por volta de 1950. Estes ímãs cerâmicos (ferrites) foram
confeccionados a partir de compostos de estrôncio ou bário juntamente com o
óxido de ferro. As propriedades dos ímãs de ferrite, juntamente com o baixo
custo da matéria prima, conduziram ao desenvolvimento de ímãs de excelente
qualidade e baixo custo que hoje dominam os mercados comercial, industrial e
de entretenimento.

Estimativas recentes indicam que ímãs de ferrite representam 80% do


consumo mundial, em peso. Ímãs mais poderosos, conhecidos como “ímãs
da família dos terra raras” confeccionados a partir de samário e neodímio,
dois elementos terras raras da série lantanídios da tabela periódica, foram
introduzidos nas décadas de 1970 e 1980. Estes ímãs tornaram possível a
confecção de componentes magnéticos mais poderosos e, ao mesmo tempo,
de menores dimensões. Embora o termo “terras raras” sugira uma escassez
destes materiais, a realidade é que não existem problemas para sua obtenção
e são largamente utilizados.

Os campos magnéticos “artificiais” externos – ou seja, criados pelo


homem – atuam somente como uma ferramenta que possibilita o controle das
alterações do balanço energético, interno ao ímã. Esta teoria é ainda a base
de nosso atual e sofisticado conhecimento que explica, de forma satisfatória, as
propriedades observadas dos materiais magnéticos e fornece as diretrizes
básicas para a continuidade de seu desenvolvimento.
184

Figura 9.19 – Ilustração das


relações existentes entre
átomos, domínios, cristais e
volume do material

1 cm3 = 102 cristais

Cristal unitário = 106 domínios

Domínio = 1015 atomos

Átomo

A existência de um momento magnético atômico inerente é uma


condição necessária, porém não suficiente, para o aparecimento do
ferromagnetismo. Devem existir, adicionalmente, forças interatômicas
cooperativas responsáveis pela manutenção dos átomos vizinhos paralelos,
constituindo os domínios. Pouco se sabe sobre a natureza exata ou magnitude
destas forças, mas observações sugerem que as mesmas sejam eletrostáticas.
Já foi observado que, em materiais ferromagnéticos, a relação entre a distância
interatômica e o diâmetro da camada externado do átomo, nas quais existe
desbalanceio, é excepcionalmente grande, se comparada às mesmas relações
para materiais que não apresentam o ferromagnetismo. Pode-se entender o
domínio magnético como uma região (figura 9.19) na qual os momentos
atômicos atuam de forma cooperativa possibilitando um momento magnético
comum, que pode girar pela ação do campo externo aplicado. A dimensão do
domínio - que não é um dado físico fundamental - apresenta grandes
variações, dependendo da composição, pureza e estado de tensões do
material, bem como de relações energéticas do mesmo.

A fronteira entre domínios, bem como sua significância, foi inicialmente


proposta por Bloch. A barreira de Bloch (“Bloch wall”) é uma região de
transição contendo grande número de planos atômicos (figura 9.20). A
alteração de 1800 na magnetização deve ocorrer sobre uma distância
considerável, de forma a minimizar o potencial energético desta barreira.
Contudo, esta largura da barreira tem restrições decorrentes de influências
restritivas da anisotropia cristalina (dependência direcional das propriedades
magnéticas em relação aos eixos cristalinos). A figura 9.21 ilustra uma relação
energética adicional que influencia a dimensão do domínio e envolve a energia
do campo ao redor de um volume magnetizado. Sabe-se que volumes
magnetizados podem se dividir, sendo possível, energeticamente, que esta
subdivisão ocorra como mostrado na figura 9.21, até o ponto no qual o
decréscimo na energia magnetostática seja inferior ao potencial energético
associado ao estabelecimento da barreira de Bloch.
185

Barreira de Bloch

Figura 9.20 – Barreira de Bloch entre


domínios ferromagnéticos

Pode-se afirmar que, neste ponto,


arranjo dos vetores de magnetização,
associados com os volumes dos
domínios magnéticos em um material
ferromagnético, resulta de balanço
energético complexo, que minimiza a
energia potencial do sistema. Campos
externos aplicados somente
perturbam o balanço da energia potencial e curvas de histerese podem ser
consideradas registros destas alterações, em relação às influências externas.

Figura 9.21 – Sub-divisão dos domínios ferromagnéticos

Pode-se analisar então a relação entre o processo de magnetização de


um material e o comportamento dos domínios magnéticos.

A condição desmagnetizada (A) – figura 9.22 - resulta de arranjo interno


inicial, com cancelamento mútuo das direções do vetores magnetizantes. Na
região (B), com baixos valores do campo externo aplicado, a ação primária é
um reforço dos contornos dos domínios, usualmente ao redor de imperfeições
existentes. Este é um processo reversível (os vetores de magnetização
retornam à sua posição original após remoção do campo H). À medida que o
campo aumenta, os contornos dos domínios da região (C) separam-se,
movendo-se através do material. As regiões orientadas mais favoravelmente
crescem, em detrimento de domínios vizinhos, orientados de forma menos
favorável e, como resultado, ocorre grande aumento na indução magnética.
Este processo é irreversível pois o vetor de magnetização tende a manter sua
nova posição, após a retirada do campo (H) aplicado. Na região (D), com
aumento do campo magnetizante, os vetores de magnetização são girados
anulando as forças ocasionadas por tensões e pela anisotropia cristalina,
orientando-se paralelamente à direção do campo, ocorrendo então a
saturação do material. A remoção da força magnetizante acarreta um
186

processo de relaxação: os domínios retornam à direção de magnetização mais


fácil (processo reversível); esta relaxação pode ser minimizada se a direção
preferencial de magnetização coincide com a direção do campo aplicado.

A - Desmagnetizado

B - Magnetização Parcial

C – Joelho da curva - completa

D - Saturação

Figura 9.22 – Processo de magnetização e sua relação com os domínios

Submetendo-se agora o ímã à uma força desmagnetizante os contornos dos


domínios retornam à condição similar à sua posição original em (A), ocorrendo
desmagnetização. Em condições normais de uso, ímãs permanentes operam
no segundo quadrante do laço de histerese, em algum ponto (d) como, por
exemplo, o assinalado na figura 9.22, onde o potencial magnético por unidade
de comprimento (-H) e a unidade de indução por área (+B), serão estabilizadas.
Quanto maior a energia externa necessária à magnetização do material, mais
difícil será sua desmagnetização e, portanto, melhores as características do
ímã permanente. A figure 9.22 mostra processo de magnetização para
materiais magnéticos com força coercitiva na faixa de 300 oersteds.

As forças interatômicas produzem também os chamados efeitos


magnetostrictivos, associados à estrutura cristalina do material magnético de
maneira tal que os mesmos exibem anisotropia – ou dependência direcional –
em relação aos eixos cristalinos. O resultado concreto é que existem direções
cristalinas que conduzem melhor um campo magnético, ou seja, direções em
que as perdas são menores do que em outras direções, denominadas Eixo
Preferencial de Magnetização – EPM. Como a redução das perdas é uma
preocupação sempre presente, torna-se justificável o interesse em se
determinar, em cada conjunto de cristais que formam um núcleo magnético, em
qual direção deve-se aplicar o campo magnético, ou seja, o sentido preferencial
de magnetização. A figura 9.23 mostra a dependência direcional para o o ferro,
cujo EPM é a direção (100) do cubo.
187

Figura 9.23 – Eixo


Preferencial de Magnetização
– EPM, para o ferro – direção
preferencial (100), direção de
média magnetização (110) e
de difícil magnetização (111)

Outro fenômeno a ser assinalado é a magnetostricção, que consiste na


variação das dimensões físicas do cristal, quando sujeito à ação de um
campo magnético. A grandeza de variação das dimensões é função do eixo
cristalino sobre o qual incide a campo magnético. Assim, por exemplo, se o
campo for aplicado na direção da aresta do cubo representativo do material
ferromagnético, o cristal se alonga. Se, ao contrário, a magnetização for
dirigida no sentido de uma das diagonais do cristal cúbico, então o cristal se
torna mais curto. Este fenômeno é observado tanto em materiais
ferromagnéticos monocristalinos como em materiais policristalinos. Materiais
com magnetostricção submetidos a esforços de tração sofrem redução de sua
permeabilidade, alterando, com isto, o circuito magnético associado. Esta
propriedade é utilizada em sistemas de controle de pressões, como, por
exemplo, em prensas automáticas

9.4.1.1. Ímãs de Alnico

Um dos mais antigos ímãs produzidos, utilizado desde a década de 30, que
permanece como o carro-chefe dos ímãs permanentes industriais, por
desenvolver altas densidades de fluxo, a um preço econômico. Produzidos
mediante métodos tradicionais de fundição, os ímãs de Alnico são ligas
complexas de alumínio, níquel, cobalto (al – ni - co), cobre e ferro. São
utilizados em aplicações variadas, como motores CC, medidores elétricos,
instrumentação de veículos, alto-falantes, separadores e sensores.

Embora as gerações recentes de ímãs permanentes ofereçam altos níveis


energéticos, o alnico ainda oferece a melhor estabilidade térmica dentre os
188

materiais magnéticos disponíveis, que, aliada à sua alta densidade de fluxo


assegura-o como a melhor escolha para a grande maioria das aplicações. O
alnico possui o menor coeficiente de temperatura de qualquer ímã comercial
(0,02% / 0C), com excelente estabilidade em larga faixa de temperatura. Este
material vêm recebendo recentemente, atenção especial para aplicações
sensíveis à temperatura, como o efeito Hall e sensores de sistemas
automotivos e eletrônicos, em adição aos tradicionais magnetrômetros,
amplificadores TWT, atuadores, motores e aplicações em instrumentação já
tradicionalmente baseadas em alnico.

Configurações
de Ímãs de alnico

Figura 9.24 – Configurações diversas de ímãs permanentes

Como ímãs de alnico apresentam granulometria grosseira, são duros e


frágeis, razão pela qual não podem ser esmerilhados ou usinados por
procedimentos convencionais. Devido à estas características mecânicas, os
ímãs de alnico não devem possuir funções estruturais e são utilizados,
sempre que possível, em formas mais simples, sendo evitadas seções
transversais com espessuras inferiores a 3,18 mm (0,125 polegadas).
Superfícies com acabamento fino podem ser obtidas por polimento, mas seu
desempenho, mesmo com uma superfície áspera, sem acabamento, como
fundido (“as cast”) ou sinterizado (“as sintered”), é satisfatório e de baixo custo,
embora sua aparência possa ser melhorada pela aplicação de resinas ou
pinturas especiais. Para facilitar a montagem e fornecer proteção adequada ao
ímã, montagens especiais, como para rotores e magnetrômetros, podem ser
fornecidas, encapsuladas em invólucros de alumínio. Adicionalmente, partes
magnéticas, em aços de baixo carbono, podem ser agregadas ao ímã através
de colas especiais, pinos ou parafusos.
189

Para uso mais eficiente do alnico o mesmo deve ser magnetizado após a
montagem, com os pólos magnéticos já inseridos na configuração final do
circuito. A saturação magnética no local de uso final requer a aplicação de uma
força magnetizante 4 a 5 vezes superior à força coercitiva do material. Para o
alnico V, uma força magnetizante de 3.000 oersteds (240 kA/m) é
recomendada. Para o alnico VIII, a forca magnetizante deve ser, no mínimo, de
7.000 oersteds (560 kA/m). A força magnetizante necessita ser aplicada
somente de forma momentânea, razão pela qual magnetizadores impulsivos,
utilizando descargas capacitivas, são geralmente utilizados. Magnetizadores de
corrente contínua são também efetivos.

Os ímãs de alnico, como dito, oferecem excelente estabilidade térmica,


com valores de 0,02% de alteração, reversível, por grau centígrado, embora o
aquecimento possa produzir perda irreversível da magnetização. Esta perda
depende das dimensões do ímã e da composição do material, mas é,
geralmente, da ordem de, no máximo, 5% e pode ser recuperada através de
nova magnetização. Para temperaturas superiores a 5380 C, mudanças
metalúrgicas podem ocorrer, com redução brusca da magnetização,
ocasionando perdas que não serão recuperadas, mesmo com re-
magnetização. Campos magnéticos externos também podem induzir
desmagnetização parcial. Em aplicações críticas é recomendável estabilizar o
ímã reduzindo, intencionalmente, o nível de magnetização de 5% a 10%. Esta
estabilização pode reduzir, ou mesmo eliminar, o efeito de campos externos

9.4.1.2. Ímãs de Ferrite Duro

Ímãs de ferrite duro (cerâmicos) foram desenvolvidos nos anos 60 como


alternativa de baixo custo aos ímãs metálicos. Embora armazenem baixa
energia, quando comparados à outros materiais magnéticos permanentes, e
sejam relativamente frágeis e mecanicamente duros, os ímãs de ferrite
apresentam larga aceitação devido à sua boa resistência à desmagnetização,
excelente resistência à corrosão e baixo custo por unidade de massa. De
fato, em termos de massa utilizada, os ferrites representam mais de 75% do
consumo mundial de ímãs, sendo a primeira e mais natural escolha para a
maioria dos motores DC, separadores magnéticos, aparelhos de ressonância
magnética e sensores automotivos.

Um dos mais utilizados ímãs de ferrite duro é o arnox, fabricado pelo


Grupo Arnold. A composição básica deste ímã é de SrO6.(Fe2O3), o
hexaferrite de estrôncio. As matérias-primas utilizadas em sua manufatura
são carbonato de estrôncio e óxido de ferro, materiais estes abundantes e de
baixo custo. Como resultado, o arnox é um dos materiais magnéticos de mais
baixo custo, para uma diversidade de aplicações. São fabricados por
prensagem, em moldes dedicados, sendo a seguir sinterizados em altas
temperaturas, o que gera material duro e frágil, cujas tolerâncias dimensionais
só são obtidas por cortes com discos diamantados. Ímãs de ferrite duro não
devem ser utilizados com finalidade estrutural em nenhuma montagem.

Variações térmicas podem ocasionar mudanças reversíveis, ou


irreversíveis, na magnetização. Uma mudança reversível ocorre à taxas
190

aproximadas de – 0,2% por grau centígrado, ou seja, se a temperatura


ambiente aumenta, a indução (Br) decresce. A coercitividade, medida de
resistência à desmagnetização, se altera numa taxa de aproximadamente
0,27% por grau centígrado e, portanto, à medida que a temperatura aumenta, a
coercitividade do ímã de ferrite também aumenta.

Mudanças irreversíveis podem resultar de exposição à temperaturas


muito baixas, com as propriedades magnéticas sendo restauradas somente
mediante nova re-magnetização. Mudanças irreversíveis podem ser
minimizadas por seleção adequada de coeficientes de permeância (Ítem 9.3.3).

9.4.1.3. Ímãs de Neodímio – Ferro – Boro

Os ímãs sinterizados de neodímio – ferro – boro (NdFeB), também


conhecidos como “ímãs neo”, começaram a ser disponibilizados,
comercialmente, a partir de novembro de 1984. Eles fornecem a mais alta
energia magnética dentre os materiais magnéticos atualmente disponíveis,
sendo comercializados em grande variedade de formas, tamanhos e graus.

Sua utilização inicial foi nos VCMs ( “Voice Coil Motors”), em “hard disks”
(“HDs”), aplicação que ainda responde por 55% do total de vendas. Outras
aplicações incluem motores de alto desempenho, motores DC sem escovas,
separação magnética, sensores de ressonância magnética e alto-falantes.

Os primeiros materiais produzidos conseguiram armazenar cerca de


metade da energia teórica possível, igual a 64 Mgoe (509 kJ/m3).
Refinamentos nos últimos anos possibilitaram a fabricação de ímãs comerciais
que alcançam 50 Mgoe (398 kJ/m3). Composições para altas temperaturas
(>1800C) foram desenvolvidas, com coercitividade intrínseca superior a 25.000
oersteds (1.990 kA/m). Materiais para aplicações em temperaturas superiores
tendem a apresentar capacidades energéticas inferiores.

Embora a temperatura de Curie para os materiais NdFeB varie de


3100C, para uma liga com 0% de Co, a valores superiores a 3700C, para um
conteúdo de 5% de Co, perdas irreversíveis podem ser esperadas para estes
materiais, mesmo em temperaturas moderadas. Ímãs neo apresentam
coeficiente indutivo de temperatura reverso, reduzindo a magnetização à
medida que a temperatura aumenta. A seleção de um ímã neo, em detrimento
de imãs SmCo (Ítem 9.4.1.4), por exemplo, será função da máxima
temperatura da aplicação, magnetização requerida na temperatura típica de
operação e custo total do sistema.

Os ímãs neo apresentam limitações de utilização por sua baixa


resistência à corrosão. Em lugares úmidos é altamente recomendável a
utilização de revestimento protetor, sendo os mais comuns o “revestimento E”
(“E-coat”) - uma imersão em epoxe líquido -, spray de epoxe com secagem
eletrostática, niquelagem ou combinação destes procedimentos. Alterações na
composição e processamento do material nos últimos anos melhoraram
significativamente a resistência à corrosão e a estabilidade térmica.
191

Muitos dos elementos terras raras (neodímio, disprósio, samário),


utilizados em sua composição, absorvem hidrogênio ocasionando expansão
e rachaduras (“cracking”) do material, o que é conhecido como decripitação
(“decrepitation”), fato este que não recomenda sua utilização para aplicações
em atmosferas contendo altos teores de hidrogênio.

Os ímãs neo são produzidos, tipicamente, mediante processo


metalúrgico baseado em pós (“powder metallurgy”), onde a liga é fundida a
partir dos materiais de partida, britada, transformada em um pó fino mediante
moagem, compactada por pressão, sinterizada e recebendo, finalmente,
procedimentos de acabamento.

9.4.1.4. Ímãs de Samário – Cobalto

Os ímãs sinterizados de samário – cobalto (SmCo), disponíveis desde o


início dos anos 70, oferecem ao projetista uma combinação de excelentes
propriedades magnéticas, aliadas à estabilidade térmica e excelente
resistência à corrosão. Esta combinação recomenda-o como o material ideal
para servomotores, acoplamento de bombas e sensores, particularmente onde
é necessário operar em altas temperaturas ou onde as mesmas variam em
faixas extremamente largas ou, ainda, em ambientes corrosivos.

A primeira composição da liga foi SmCo5, com magnetização máxima de


18 Mgoe (140 kJ/m3). Logo a seguir uma liga adicional, a Sm2Co17,
desenvolvida por Karl Strnat, apresentou magnetização de 30 Mgoe (240
kJ/m3). O processamento da composição 2 -17 é mais complexo, mas ela
apresenta a vantagem de conteúdo de Co inferior à composição 1- 5, maior
estabilidade térmica, em altas temperaturas, e melhor resistência à
corrosão.

Embora a temperatura de Curie para os ímãs SmCo esteja entre 7000C


a 8000C, as composições atuais desta liga devem ser utilizadas em
temperaturas máximas de 2500C a 3000C, mas existem atualmente pesquisas
tentando elevar este valor para 4000C. Vale lembrar que as temperaturas
máximas para os ímãs de NdFeB estão entre 1500C e 2000C. Outras
vantagens dos ímãs SmCo sobre os ímãs NdFeB incluem melhor resistência
à corrosão e maior capacidade de magnetização em temperaturas
superiores a 1500C. Aplicações de sensores que requeiram um campo
magnético estável podem utilizar esta liga em virtude de seu baixo coeficiente
térmico: - 0,030% / 0C para o Sm2Co17. Os melhores ímãs de NdFeB variam
mais que o dobro deste valor. O material mais comumente utilizado, que
apresenta coeficiente térmico inferior a este valor é o alnico, mas sua
capacidade de magnetização é bem inferior.

9.4.1.5. Ímãs Ligados

Os ímãs ligados (“bonded magnets”) são produtos cujas propriedades


podem ser ajustadas de maneira a preencher uma variedade de requerimentos
dos usuários. Estes ímãs, resultante da ligação de materiais magnéticos
192

com materiais poliméricos aglutinantes, abriram uma gama enorme de


novas aplicações comerciais. Alguns exemplos dessas aplicações são:

- Ímãs moldados por injeção: combinam uma excelente capacidade


de magnetização com ótima resistência mecânica, sendo esta
última bastante superior à dos ímãs laminados, o que facilita
sobremaneira seu manuseio e montagens das peças acabadas. Sua
produção pode ocorrer em formas geométricas simples ou mesmo
complexas, sendo que os ligantes e ligas magnéticas utilizadas em
sua confecção permitem a utilização em temperaturas que variam de
– 400 C a valores superiores a 1800 C. Os materiais magnéticos
utilizados podem ser ferrites, neodímio – ferro – boro, samário –
cobalto, alnico ou uma combinação dos mesmos, denominados
“ímãs híbridos”. Os ligantes são, geralmente, diferentes tipos de
náilon ou de polímeros de propileno.

- Ímãs de compressão: apresentam resistência mecânica superior


aos ímãs moldados por injeção devido à maior fração em volume
do pó magnético, mas são obtidos em formas mais simples devido
à limitações no processo de compressão; sua temperatura de
utilização varia de – 400 C a valores superiores a 1650 C. Os
materiais magnéticos utilizados podem ser neodímio – ferro – boro,
samário – cobalto ou uma combinação destes materiais, que são
denominados “ímãs híbridos”, enquanto o ligante é à base de epoxe,
resistente à maioria dos solventes industriais e fluídos automotivos.

- Ímãs flexíveis: podem ser utilizados em ampla gama de aplicações,


com requisitos de magnetização que variam de 0,5 Mgoe a valores
superiores a 1,6 Mgoe. Os materiais magnéticos utilizados podem ser
ferrites, neodímio – ferro – boro ou uma combinação destes
materiais, denominados “ímãs híbridos”. Os materiais de ligação são,
geralmente, borrachas nitrílicas, Nordel, natsyn, polietileno ou
outros, de acordo com especificações dos usuários. Podem ser
disponibilizados na forma de fitas e folhas, com pólos magnéticos de
tamanhos e modelos diferentes.

9.4.1.6. Classificação do Materiais Magnéticos Duros


(norma NBR 6544)

De acordo com a normatização efetuada pela Associação Brasileira de


Normas Técnicas – ABNT, através da norma NBR 6544 – “Classificação dos
Materiais Magnéticos”, os produtos magneticamente duros podem ser
classificados como:

a) Ligas de alumínio – níquel - cobalto – ferro -titânio


b) Ligas platina - cobalto
c) Cerâmicas magnéticas duras ( ferrites duros )

No tocante à composição química a norma considera que as ligas de


alumínio-níquel-cobalto-ferro-titânio são ligas com teores entre 6% e 13% de
193

alumínio, 13% e 28% de níquel, 0% e 42% de cobalto, 0% e 10% de titânio, 2%


e 6% de cobre e o restante de ferro. Podem ainda ter pequenas adições de
elementos como silício e nióbio. São obtidas por fundição ou metalurgia do pó
(a este respeito ver ítem 9.4.2.2.3 e seguintes). Podem ter suas propriedades
magnéticas melhoradas, em certas ligas, com aplicação de campo magnético
durante o tratamento térmico, produzindo-se anisotropia magnética (ver ítem
9.4.1). As melhores características em ímãs fundidos são obtidas em ligas de
estrutura colunar ou monocristalinas e quando o campo magnético é paralelo
ao eixo colunar. Produzem-se também ímãs permanentes pela aglomeração de
pós metálicos com aglutinantes.

No tocante à estrutura química a norma considera que as ligas de


platina-cobalto são constituídas de uma liga equi-atômica de platina e cobalto;
as cerâmicas magnéticas duras são descritas pela fórmula: Me.On (Fe2.O3),
sendo Me um elemento como o Ba, Sr, Pb etc., com n variando de 4.5 a 6.5.
Estes materiais cerâmicos têm estrutura hexagonal plana e possuem
anisotropia cristalina e magnética. A mistura é compactada com ou sem
aplicação de um campo magnético - determinando se o material será
anisotrópico ou não - sendo em seguida sinterizadas. Os ímãs podem ser
fabricados com pó de ferrite com um aglomerante orgânico, e os processos
utilizados são calandragem, extrusão ou modelagem sob pressão.

A norma recomenda a adoção de uma subclassificação, utilizando-se,


para as ligas de alumínio-níquel-cobalto-ferro-titânio e para as cerâmicas
magnéticas duras, seu grau de anisotropia e método de fabricação do material;
para as ligas de de platina-cobalto esta subclassificação ainda não foi
determinada.

No tocante ao modo de apresentação a NBR 6544 apresenta as


seguintes possibilidades:

a) Ligas de alumínio-níquel-cobalto-ferro-titânio: cilindros, prismáticos,


toroidais, segmentos de anéis e ferradura;
b) Ligas de platina-cobalto: fios, tiras e pequenas peças estampadas;
c) Cerâmicas magnéticas duras: anéis, cubos, cilindros e segmentos de
anéis;

As características físicas destas ligas são também abordadas na norma


NBR 6544. A tabela 2 mostra as características magnéticas das ligas, para as
opções de ligas isotrópicas e anisotrópicas, ímãs aglomerados, ligas platina-
cobalto, além dos ferrites duros isotrópicos, anisotrópicos e aglomerados. Já a
tabela 3 apresenta os valores para as características físicas destes materiais,
mais especificamente a massa específica, comportamento mecânico, estado
metalúrgico e dimensões. As características constantes da tabela 2 possuem a
seguinte legenda: (BH)max: produto máximo de energia; Br: remanência; Hcs:
coercitividade; Hci: coercitividade intrínseca; µr: permeabilidade relativa; TC (Js):
coeficiente de temperatura da imantação de saturação;TC(Hci): coeficiente de
temperatura da coercitividade intrínseca e TC: temperatura do Ponto de Curie.
194

Tabela 2 – Características Magnéticas segundo a NBR 6544

( BH )máx Br Hcs Hci µr TC( Js) TC ( Hci ) TC


Características ( KJ/m³) (mT) (KA/m) (KA/m) (% / K) (%/K) (K)
1 2 3 4 5 6 7 8 9

Ligas
9 - 20 550 - 990 40 - 85 47 - 90 4-7
Isotrópicas

+ 0.03 1030
Ligas 35 - 65 1100-1300 45 - 75 47 - 62 – 0.02
1.5- 5 a – a
Anisotrópicas 30 - 80 700 - 900 100 - 140 105- 150 0.07 1180

Ímãs
5-7 300 - 400 45 - 75 55 - 85 2-3
Aglomerados

Ligas 1.1a1. -
60 - 70 600 - 700 350- 450 400- 450 – 0.35 800
Platina-Cobalto 2 0.01a0.02

Ferrites Duros
6.5 a 9 190 a 220 125 a 145 210a270 1.2
Isotrópicos

Ferrites Duros 25 a 30 360 a 380 125a145 130a150 1.1 + 0.2


– 0.2 a
723
Anisotrópicos 20 a 30 320 a 390 215a 250 230a300 1.05 – 0.5

Ferrites Duros
0.8 a 11 60 a 240 50a 160 175a240 1.1
Aglomerados

NOTA: Os valores dos materiais aglomerados com aglomerante orgânico, são em função da parte do
volume total ocupado pelo pó magnético e do processo de fabricação.

Tabela 3 - Características Mecânicas segundo a NBR 6544

Estado
Massa Específica Mecânica Dimensão
Metalúrgico
Ímãs fundidos e Ligas quebradiças e Fundido, sinterizado Forma alongada e
aglomerados : 6 a duras, usináveis ou aglomerado com massas
Ligas de alumínio- 7.3g/cm³ apenas por retífica tratamento térmico normalmente entre
níquel-cobalto-ferro- Ímãs aglomerados : 5.2 1g e alguns
titânio a 5.5 g/cm³ quilogramas.

Material usinável, Recozido após o De acordo com as


laminável e tratamento aplicações
Ligas de platina- trefilável mecânico para
15.5 g/cm³
cobalto recuperar as
propriedades
magnéticas.
Ímãs sinterizados 4.6 a Sinterizados : Sinterizados : (1 a
5.0 g/cm³ frágeis e usinados 2000) g ou mais.
Ímãs aglomerados 2.3 por retífica. Geralmente de
Ferrites duros ---------
a 3.0 g/cm³ Aglomerados : seção grande em
podem ser flexíveis. relação ao
comprimento.
195

Estes materiais possuem uma diversidade de aplicações, conforme


também normatizado na NBR 6544, discriminadas para os três tipos de
materiais considerados. São elas:

a) Ligas de alumínio-níquel-cobalto-ferro-titânio: alto falantes, pequenos


motores, instrumentos de medição, equipamento magnético para fixação ou
atração e guias de microondas.
b) Ligas de platina-cobalto: pequenos aparelhos de medição, relógios e
guias de ondas.
c) Ferrites duros: fabricação de máquinas girantes, alto falantes, placas
magnéticas e brinquedos.

9.4.2. Materiais Magnéticos Doces

Serão apresentados, nesta seção, os materiais magnéticos


denominados materiais doces (“soft”), em suas diversas variedades, tanto em
suas aplicações de núcleos sinterizados como núcleos laminados. Apresenta-
se ainda, como complemento, a divisão destes materiais e especificações
recomendadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT,
através da norma NBR 6544 – “Classificação dos Materiais Magnéticos”,
conforme já apresentada para o caso dos materiais magnéticos duros.

9.4.2.1. Descrições e Aplicações

Equipamentos baseados em materiais magnéticos doces são utilizados


extensivamente tanto nas indústrias eletrônica como na eletricidade de
potência. Dada esta grande diversidade, a seleção de material apropriado, bem
como do tipo de núcleo para uma dada aplicação, pode ser difícil e confusa.
Por isto, com o intuito de efetuar esclarecimento geral das diversas aplicações,
será apresentado uma introdução sumária ao tema.

De forma semelhante ao que ocorre com os materiais, onde a


diversidade é extremamente elevada, pois muitos deles são desenvolvidos
para aplicações específicas, também as geometrias existentes para os
núcleos são diversificadas e se adaptam às aplicações específicas, de acordo
com os materiais utilizados e exigências mecânicas colocadas para as
condições de serviço. Um indutor sintonizável de alto Q impõe a necessidade
de determinada geometria, que será diferente, por exemplo, daquela utilizada
para um transformador de saída de um aparelho de TV.

As diferentes geometrias mostradas a seguir são as mais comuns, em


uso na atualidade, apresentando grande diversidade de parâmetros técnicos de
projetos e custos de manufatura associados também bastante variável. A
nomenclatura utilizada é a denominação de mercado, utilizada pelos diversos
fabricantes.
196

Dada a diversidade de geometrias existentes, a Associação Brasileira de


Normas Técnicas efetuou sua padronização através da NBR 6545 – “Ferrites:
Terminologia”, de março de 1983, que contempla as principais geometrias
utilizadas.

Núcleo tipo Pote Núcleo tipo RM Núcleo tipo RM com eixo


(“Pot Core”) sólido central

Núcleo tipo U

Núcleo tipo PQ
Núcleo tipo EC

Núcleo tipo E
Núcleo tipo ETD Núcleo tipo U

Núcleo tipo Tubo

Núcleo tipo Bastão


Núcleo tipo Barra

Considera-se “toróide” a peça cilíndrica circular, cuja relação nominal


entre a espessura da parede lateral e a altura seja igual a 2/3; caso esta
relação seja maior que 2/3 a peça é dita ser um “anel” ; caso esta relação seja
inferior a 2/3 a peça é dita ser um “tubo” (ver pag. seguinte). Um “bastão” é a
peça de seção circular cujo comprimento excede 20 mm e a relação entre o
comprimento e o diâmetro é maior ou igual a quatro; se o comprimento não
excede 20 mm e a relação entre o comprimento e o diâmetro é maior ou igual a
quatro tem-se um “pino”; se a relação entre a altura e o diâmetro é maior que
0,5 e menor que quatro tem-se um “cilindro”.
197

Núcleo com 06 aberturas


Núcleo tipo EP Núcleo tipo Toróide
Núcleo tipo Balum

Formas mais recentes


Núcleos para supressão EMI

Planar de
Núcleo para Baixo Custo
supressão
em cabos

Núcleo para
supressão em cabos
chatos (tipo fita) Núcleo EFD -
EPC

Os custos de desenvolvimento e produção são fatores que limitam o


número de materiais que os fabricantes podem ofertar. Cada novo produto que
chega ao mercado foi projetado como um compromisso entre estes fatores
buscando satisfazer as crescentes demandas tecnológicas. O desenvolvimento
de um novo material leva, no mínimo, entre dois e três anos. A logística de
fabricação e aspectos econômicos também limitam as combinações de
tamanhos e geometrias, bem como as aplicações.

Novas geometrias evoluem rapidamente. A produção mediante


usinagem é geralmente cara, mas utilizar moldes para baixos volumes de
produção também não é econômico ou eficiente. Para aplicações especiais,
protótipos e aplicações de baixo volume, a usinagem, total ou parcial, pode se
revelar mais econômica que a construção de moldes para fundição. Uma
análise conjunta dos fornecedores e consumidores, no tocante à quantidades
realistas, auxilia a definir custos efetivos para os procedimentos de fabricação.
As tendências atuais no desenvolvimento de novas formas estão relacionadas
ao baixo custo e aplicação com montagem em superfície (“Surface Mounting
Devices’).
198

9.4. 2.1. 1. Núcleos para Transformadores

O propósito primário de um transformador é converter energia alternada, em


determinada combinação de tensão e corrente, para outra combinação e,
simultaneamente, fornecer isolamento elétrico entre as bobinas do primário e
do secundário. A maioria dos transformadores ditos “de potência” cai em duas
categorias: os transformadores de baixa freqüência, para a região de
freqüências abaixo de 1.000 hertz, e os transformadores de alta freqüência,
para valores superiores a 1.000 hertz. Estas definições não são universais e
1.000 hertz pode ser considerado como uma referência quase arbitrária.
Variações destes transformadores podem incluir ainda:

Transformadores de Banda Larga (em freqüência)


Transformadores de Casamento de Impedância
Transformadores de Pulso

9.4. 2.1. 2. Transformadores de RF

Transformadores de RF (radio freqüência) operam, usualmente, em


baixos níveis de potência e acima de 500 KHz. Estes componentes possuem
uma estrutura que é, essencialmente, a mesma dos transformadores de
potência, exceto pelo fato que sua função primária é efetuar o acoplamento de
sinais CA de um estágio de saída de um amplificador à entrada do próximo
estágio, ao mesmo tempo em que, eletricamente, desacopla componentes de
corrente continua – componentes CC – do sinal. Aplicação típica são os
transformadores “Balums”, que efetuam o casamento de impedância nos
circuitos elétricos.

9.4. 2.1.3. Transformadores de Precisão

Transformadores de precisão são componentes especiais, utilizados


como “sensores” e na área de instrumentação. Tipo comum de transformador
de precisão é o transformador de corrente, ou TC, que, usualmente, possui
um enrolamento de alta corrente no primário e um sinal de baixa corrente no
secundário, e são largamente utilizados, tanto na eletrônica de potência como
pelas operadoras de distribuição de energia elétrica. Outro transformador de
precisão é o denominado magnetrômetro de fluxo, utilizado na detecção de
campos magnéticos extremamente débeis ou de pequenas alterações em
campos magnéticos, e sua principal aplicação é em sistemas de navegação.
Como os magnetrômetros podem detectar distorções no campo magnético
terrestre causado por veículos militares ou navios, são utilizados como
elemento de disparo para minas e outros armamentos. Um terceiro tipo de
transformador de precisão é o transdutor de efeito Hall, o qual possui um
entreferro no caminho magnético do núcleo, que abriga o sensor de efeito Hall.
O fluxo gerado no núcleo pela corrente no enrolamento (geralmente uma
espira) faz com que o sensor Hall gere uma tensão de saída proporcional ao
nível do fluxo.
199

9.4. 2.1.4. Reatores Saturáveis

Reatores saturáveis são utilizados para controle de tensão e corrente,


sendo muito efetivos em altas potências. Um núcleo especial é colocado no
reator saturável e uma corrente contínua, fluindo através desse enrolamento,
faz com que o material entre ou saia da saturação, alterando a relação de
transferência do fluxo e, consequentemente, controlando a potência de saída
do transformador. Grandes fornos industriais, máquinas de solda e
reguladores de tensão de alta potência utilizam, geralmente, reatores
saturáveis.

Variação do reator saturável são os denominados magamps (“magnetic


amplifiers”), o qual operam segundo o mesmo princípio do reator saturável, e
são utilizados como impedâncias série variáveis em aplicações de ondas
quadradas e pulsos, entrando e saindo da saturação dentro de um único ciclo.
Magamps são extensivamente utilizados nas técnicas de regulação dos
estágios de saída das fontes de potência chaveadas. Para operarem
efetivamente, os reatores saturáveis e magamps exigem materiais
magnéticos com laços de histerese com formato bem quadrado, permitindo
transição brusca entre a entrada e saída da saturação.

9.4. 2.1.5. Indutores Puros

Indutores puros são utilizados em todas as faixas de freqüências com a


finalidade de gerar, nos circuitos eletrônicos, uma reatância indutiva como,
por exemplo, no caso dos equipamentos de comunicação. Nesta aplicação, a
combinação de reatâncias indutivas e capacitivas é utilizada como uma
ferramenta para sintonizar freqüências estáveis em estágios de osciladores ou
para fornecer filtragem seletiva em filtros passa banda. Indutores puros de
maior dimensão, denominados bobinas de carga (“loading coils”), compensam
os efeitos de capacitâncias derivadas de condutores de grande extensão, como
antenas ou linhas telefônicas.

9.4. 2.1.6. Filtros EMI

A interferência eletromagnética (EMI) é fenômeno produzido por grande


diversidade de equipamentos elétricos e eletrônicos incluindo motores,
“dimmers”, sistemas de computação digital, fontes chaveadas e sistemas de
controle de velocidade. As EMI podem ser irradiadas através do ar ou
transmitida através de condutores metálicos, interferem nas comunicações –
sinais de rádio e televisão, por exemplo - e podem afetar equipamentos
computacionais que lidam com a transmissão, em alta freqüência, de baixas
potências. Os filtros EMI operam segundo uma combinação de modos: podem
ser projetados em associação com capacitores formando filtros passa - banda
seletivos de alta eficiência ou filtros corta – banda, que eliminam ruídos
indesejáveis convertendo-os em calor (perdas no núcleo). Estes equipamentos
operam eficientemente quando o ruído possui componentes de freqüência
muito superiores ao sinal desejado. Um tipo de filtro EMI muito utilizado é o
filtro de modo comum, bobinado com ambos os condutores da fonte de
200

potência, permitindo que o ruído comum aos mesmos seja filtrado enquanto o
sinal desejado passa através do modo comum do filtro,

9.4. 2.1.7. Indutores de Armazenamento de Energia

Os Indutores de armazenamento de energia são componentes que


armazenam e liberam energia mediante chaveamento da tensão aplicada aos
mesmos. São encontrados, geralmente, nos estágios de saída das fontes de
potência chaveadas onde, em associação com capacitores de filtragem,
utilizam a energia armazenada para suavizar a corrente de “ripple” superposta
à saída de corrente contínua do conversor, bem como fornecem, usualmente,
filtragem EMI do ruído inerente causado pelo chaveamento de alta freqüência.
Esses componentes operam com grandes valores de corrente contínua e
devem manter indutância constante razoável (ou permeabilidade do núcleo),
mesmo em condições de altos níveis de fluxo. O transformador “Flyback” é
um tipo especial de armazenador de energia pois, adicionalmente à esta
função, realiza também a transferência da mesma. Sua utilização é como um
componente de baixo custo para conversão de potência em alta
freqüência. O tipo de núcleo utilizado neste componente deve apresentar
permeabilidade moderadamente alta, para boa transferência de fluxo e, ao
mesmo tempo, altas densidades de fluxos de saturação, para melhor
capacidade de armazenamento de energia.

9.4.2.2. Tipos de Materiais: Núcleos Compactados

Serão vistos, neste tópico, os materiais para as aplicações descritas,


bem como as formas mais comuns em que são encontrados e utilizados nos
circuitos. Este parágrafo trata dos núcleos compactados; os núcleos
laminados serão vistos na seqüência.

9.4.2.2.1. Ferrites Doces

Ferrites doces são derivados do óxido de ferro, ao qual são


adicionados metais como o níquel, zinco e manganês, dentre outros. O
material do ferrite é então prensado e aquecido, de forma a gerar uma estrutura
cristalina, que fornece aos núcleos as suas propriedades. Um polimento
subsequente, com eventual aplicação de material de recobrimento, é
geralmente utilizado antes do núcleo ser disponibilizado para operação.

Os ferrites doces de manganês - zinco possuem, tipicamente, altas


permeabilidades e baixas correntes parasitas; os ferrites de níquel - zinco
possuem permeabilidades mais baixas e correntes parasitas
extremamente reduzidas. Dispõe-se atualmente de grande variedade de
materiais, cobrindo a faixa de freqüências de 10 kHz a 1 GHz, chegando
mesmo a ultrapassar este valor. Os ferrites doces possuem baixa densidade
de fluxo de saturação, na faixa de 2.500 a 4.000 gauss, mas estão
disponíveis em configurações que permitem inserção de entreferros,
possibilitando maior capacidade de FMM, com conseqüente sacrifício da
permeabilidade. Em razão de suas baixas perdas em altas freqüências, os
201

ferrites são extremamente utilizados em fontes chaveadas como componentes


dos transformadores de potência, indutores de filtragem, transformadores
de correntes e magamps.
GROUP ARNOL
Ferrites estão disponíveis em grande variedade de formas e volumes,
com dimensões lineares que alcançam até 500 cm. Outras aplicações comuns
para os ferrites são antenas de barras, filtros de modo comum,
transformadores de RF e indutores puros.

Os ferrites foram criticados, durante muito tempo, por apresentarem


largas tolerâncias físicas e magnéticas e serem, adicionalmente, altamente
dependentes da temperatura. Pesquisas extensivas e desenvolvimentos
subseqüentes, contudo, minimizaram, sem eliminar completamente, esses
aspectos negativos. Em virtude de sua extensa disponibilidade, bem como das
literaturas técnicas correlatas, os ferrites doces constituem, na atualidade, os
mais utilizados materiais magnéticos na região de altas freqüências.

9.4.2.2.2. Pó de Ferro

Núcleos de pó de ferro são compostos, basicamente, de 99% de ferro


puro, finamente granulado, e são encontrados em diferentes configurações,
variando desde materiais baratos, impuros e esponjosos até materiais
relativamente caros como o “carbonyl”. A matéria-prima é utilizada na forma
de pó, ao qual são adicionados agregantes e isolantes, sendo a seguir
prensados em matrizes convenientes, à altas pressões, obtendo-se sua forma
final. Após esta operação de prensagem efetua-se a “cura” dos agregantes,
com os devidos cuidados para que os núcleos não sejam recozidos. A intenção
é evitar que partículas individuais se fundam ou, eletricamente, não gerem
pontos de curto circuito. Deve-se destacar que núcleos de pó de ferro não
são, simplesmente, pedaços de ferro sinterizados, concepção esta muito
difundida (figura 9.25). Como as partículas, idealmente, são separadas por
interstícios, ocupados por agentes de isolamento e ligação, como o ar, cria-se
um “sistema com entreferro distribuído” (ver ítem 9.3.5). Embora o ferro
usado para material de partida tenha permeabilidade bastante elevada, núcleos
de pó de ferro possuem permeabilidades máximas na faixa de 90.

Núcleos de pós de ferro de baixa permeabilidade, na faixa de 7 a 20,


são utilizados quase exclusivamente na região de RF. Aplicações típicas são
os transformadores de RF e indutores puros, em um espectro de freqüências
que varia de 2 MHz a 500 MHz, embora aplicações na área dos radares
operem em freqüências superiores a 1 GHz.

As características de altos valores de fluxo, associadas ao baixo


custo e boa estabilidade térmica, aliadas à versatilidade das técnicas de
prensagem, que permitem obtenção de grande variedade de formas e
tamanhos, fazem destes núcleos material extremamente popular na indústria
de comunicações. Sua principal limitação, na atualidade, é representada pelo
estágio de desenvolvimento tecnológico dos procedimentos de prensagem de
pós metálicos. Muitos materiais à base de pó de ferro podem sofrer ligeiro
202

processo de usinagem permitindo a obtenção de formas e protótipos especiais.


Como o material de partida é de baixo custo (ferro), estes núcleos são
freqüentemente utilizados em aplicações de consumo geral.

Matéria Misturador

Prima (mistura com


isolante)

Lavagem e Secagem

Altas Pressões
(30-35 TSI)

Cura térmica
Pintura e Cura Teste Final
Desbaste e
Acabamento

Figura 9.25 – Processo de fabricação dos núcleos de pó de ferro

No tocante aos valores da permeabilidade, núcleos de pós de ferro são


divididos em três categorias: permeabilidades alta, média e baixa. A categoria
de alta permeabilidade, na faixa de 60 a 90, é utilizada, primariamente, para
EMI e filtros de armazenagem de energia e sua faixa de freqüência operacional
efetiva situa-se em torno de 75 kHz. Os núcleos de permeabilidade média,
que variam na faixa de 20 a 50, são utilizados como transformadores de RF,
indutores puros e indutores para armazenamento de energia, na faixa de
freqüência de 50 KHz a 2 MHz, com capacidade de lidar com densidades de
fluxo mais elevadas e maiores níveis de potência, sem entrar em saturação, o
que ocorreria no caso dos ferrites. Esta família de núcleos de pós de ferro pode
ser opção extremamente atraente para fabricantes de fontes chaveadas, se as
freqüências de operação alcançarem a região de 250 kHz a 1 MHz.
ROUPRNOLDDROUP ARNOLD
Como núcleos de pó de ferro são utilizados, normalmente, em indutores,
o ensaio elétrico básico aplicável é a determinação da permeabilidade efetiva.
Testes adicionais são executados, ocasionalmente, para determinar
características de saturação (“DC bias”) e de perda no núcleo (“Teste Q”).
203

Tabela 4 – Vantagens e Desvantagens dos Pós de Ferro

Desvantagens dos pós de ferro Vantagens dos pós de ferro

1. As permeabilidades disponíveis são 1. Armazenamento de energia a baixo


limitadas custo

2. Perdas relativamente elevadas no 2. Alta capacidade de armazenamento de


núcleo energia por unidade de volume

3. A permeabilidade varia com a 3. Térmicamente estáveis


densidade de fluxo AC
4. Custo relativamente baixo de
ferramentaria

5. Variedade de formas disponíveis

9.4.2.2.3. Pó de Molibdênio Permalloy - MPP

Outro núcleo comumente utilizado é baseado em pó de Molibdênio –


Permalloy (“Molybdenum Permalloy Powder – MPP”), prensado a partir de pó
constituído de 81% de níquel, 2% de molibdênio, e 17% de ferro. Estes
materiais são fundidos, moldados e laminados à quente na forma de chapas
frágeis, que são então moídas, possibilitando obtenção de um pó fino. Antes da
prensagem dos núcleos, em altas pressões, o pó de MPP recebe adição de
materiais isolantes específicos. A etapa seguinte envolve alívio das tensões por
recozimento (figura 9.26), do que resulta material com valores de
permeabilidade na faixa de 14 a 350. A obtenção destas baixas
permeabilidades, a partir de material que é, inerentemente, de alta
permeabilidade, torna-se possível através da adição de grande quantidade de
entreferro distribuído, ocasionando “afinamento” do laço de histerese e
tornando os núcleos MPP de alta estabilidade, no tocante às densidades de
fluxo, temperaturas e componentes de correntes contínuas, razão pela
qual são utilizados, geralmente, como indutores ou outros componentes para
armazenamento de energia. Estes núcleos são comercializados, normalmente,
com tolerâncias pré-determinadas nos valores das permeabilidades, o que os
torna ideais para indutores puros, pois uma indutância exata, sendo
conhecida a “priori”, anteriormente ao bobinamento, permitirá ajuste do
número de espiras da bobina. Núcleos MPP são, também, largamente
utilizados como indutores para armazenamento de energia devido à baixa
oscilação de sua indutância, em presença de componentes de corrente
contínua. Sua faixa preferencial de utilização abrange permeabilidades entre 60
a 173, permite sua utilização em valores de freqüências superiores a 500 kHz.
Outro aspecto positivo do MPP é o fato de apresentar permeabilidade
constante para densidades de fluxos de até 3.500 gauss, decrescendo
somente a partir deste valor Núcleos prensados de outros materiais, como pó
de ferro, apresentam permeabilidade que varia com o fluxo, introduzindo
instabilidades no equipamento
204

O principal teste para núcleos MPP é avaliação de sua


permeabilidade, com procedimento adicional, que é a determinação de sua
taxa de variação. Outros testes, como perdas no núcleo, saturação e
dependência térmica são efetuados rotineiramente.

81% Ni, 2% Mo, Moagem das Recozi –


chapas e
17% Fe conversão para mento do pó
Fusão

Trefilação

Isolamento das
partículas com
filme dielétrico
de alta tempera-
tura Desbaste/Acabamento

Separação
granulométrica Compressão

Inspeção Final
Decapagem
e Embalagem

Recozimento
Pintura/Cura

Figura 9.26 – Processo de fabricação de núcleos MMP

Tabela 5 – Vantagens e Desvantagens dos Núcleos MPP

Desvantagens dos núcleos MPP Vantagens dos núcleos MPP

1. Custos de fabricação superiores 1. Permeabilidades ultra-estáveis com a


à do pó de ferro, decorrente do preço temperatura
da liga de alto desempenho de niquel – 2. Alta capacidade de armazenamento de
ferro – molibdênio e do isolamento tipo energia por unidade de volume
cerâmica utilizado, que suporta altas 3. Disponibilizados em larga faixa de
temperaturas valores de permeabilidade, escalonada
em pequenos incrementos
2. As altas pressões utilizadas 4. A menor perda dentre todos os materiais
permitem suas fabricação somente na em forma de pó
forma de toróides 5. Permeabilidade estável, para variações
na densidade de fluxo AC
6. O mais baixo coeficiente de
magnetostricção dentre todos os núcleos
de materiais à base de pó
205

9.4.2.2.4. Núcleos HI-FLUX

Núcleos denominados HI-FLUX são variações de núcleos MPP


padrão; sua composição engloba 50% de Níquel / 50% de Ferro (ao invés da
composição tradicional de 81% Ni / 2% Mo / 17 % Fe), com procedimentos de
manufatura praticamente idênticos ao do MPP. Núcleos HI-FLUX são
produzidos com permeabilidades de 14 a 160, diâmetros de até 132 mm e
projetados para operação até 6.500 gauss, em oposição aos 3.500 gauss
máximos do núcleo MPP padrão. Este fluxo elevado impõe a necessidade de
permeabilidade reduzida, obtida por pequena distribuição do entreferro, o que
aumenta a instabilidade do material. As perdas no núcleo são também
superiores às existentes nos núcleos MPP. Outro detalhe: em razão dos seus
altos fluxos e de sua capacidade de operar em níveis mais elevados de
potência, núcleos HI-FLUX são utilizados como indutores para armazenamento
de energia e transformadores ”flybacks”, em fontes de alimentação chaveadas.

Estes núcleos são especialmente recomendados para sistemas com


componentes contínuas e indutores para os filtros de freqüência em linha
(como os “chokes” de modo diferencial em fontes chaveadas). Sua alta
densidade do fluxo de saturação pode ser considerada vantajosa, pois as
perdas no núcleo tornam-se negligíveis em baixas freqüências. O custo de um
HI-FLUX é aproximadamente o mesmo de um MPP.

Tabela 6 – Vantagens e Desvantagens dos Núcleos HI-FLUX

Desvantagens dos HI-FLUX Vantagens dos HI-FLUX

1. Maiores perdas no núcleo que as 1. Estabilidade térmica


apresentadas pelos MPP
2. Alta capacidade de armazenamento
2. Possuem os mais altos custos de de energia por unidade de volume
fabricação dentre os materiais a base de
pó, em razão da liga de alto desempenho 3. Disponível com valores nominais
níquel/ferro e dos material de isolamento finamente escalonados de
tipo cerâmica permeabilidade.

3. As altas pressões utilizadas em sua 4. Maior valor de Bmax que os MPP


fabricação limitam sua forma
exclusivamente a toróides 5.Valores de permeabilidades até 160
comparado ao valor inferior a 100 para os
núcleos de pó de ferro

Os ensaios elétricos aplicáveis são os mesmos utilizados para o MPP.


ROUP ARNOLD
206

9.4.2.2.5. Núcleos SUPER-MSS

Núcleos SUPER-MSS constituem outra variação do MPP básico. Os


materiais utilizados são o alumínio / silício / ferro, liga esta por vezes
denominada Alsifer (alumínio / silício / ferro), sendo fabricados por
procedimentos similares aos MPP, e disponíveis nos valores de
permeabilidades 26, 60, 75, 90 e 125. Os atributos mais destacados do
SUPER-MSS são a baixa perda, quando comparados aos núcleos de pós de
ferro, o baixo custo, comparado aos HI-FLUX e MPP, e um coeficiente de
magnetostricção extremamente baixo, se comparado aos pós de ferro. Este
baixo coeficiente permite que o mesmo, quando excitado, opere com níveis de
ruído mecânico extremamente reduzidos, tornando-o extremamente popular
em indutores EMI para filtragem de baixas freqüências em correntes
alternadas.

As perdas no núcleo são superiores às do MPP, inferiores às do HI-


FLUX e substancialmente inferiores às dos núcleos de pó de ferro. Como
outros núcleos à base de pó, o SUPER-MSS apresenta baixa permeabilidade,
sendo recomendado para aplicações como indutores para armazenamento de
energia. Como é obtido a partir de materiais de baixo custo, o SUPER-MSS é
mais barato que os MPP e HI-FLUX.

Os ensaios utilizados para os núcleos SUPER-MSS são os mesmos


aplicáveis aos núcleos HI-FLUX.

Tabela 7 – Vantagens e Desvantagens dos Núcleos SUPER-MSS

Desvantagens do SUPER-MSS Vantagens do SUPER-MSS

1. Valores limitados de permeabilidade, 1. Perdas significativamente inferiores às


se comparados aos MPP dos núcleos de pó de ferro, para um
custo adicional mínimo
2. Perdas no núcleo superiores à dos
MPP 2. Baixo custo de armazenamento de
energia
3. Disponíveis somente na forma toroidal
3. Alta capacidade de armazenamento
de energia por unidade de volume

4. Termicamente estável

5. Baixa magnetostricção, com reduzido


nível de ruído mecânico

9.4.2.2.6. Núcleo Toroidal de Fita

Núcleo em formato toroidal, fabricado a partir de “fitas” constituídas de


finas ligas de material ferroso e conformadas à larguras pré - determinadas. Os
207

materiais utilizados dependem da combinação desejada de permeabilidade,


fluxo de saturação, perdas no núcleo e forma do laço de histerese.

Tabela 8 – Núcleos Toroidais de Fitas

Designação Comercial Composição / Característica


Deltamax 50% Ni / 50% Fe
4750 47% Ni/ 53% Fe
4-79 Mo-Permalloy 80% Ni / 4% Mo /16% Fe
Permalloy Quadrado 80% Ni / 4% Mo / 16% Fe
Supermalloy 80 % Ni / 4% Mo / 16% Fe
Supermendur 49% Co / 2% V / 49% Fe
2V Permendur 49% Co / 2% V / 49% Fe
Namglass I Amorfo, laço quadrado, baseado em ferro
Namglass II Amorfo, linear, baseado em ferro
Namglass III Amorfo, laço ultra-quadrado, baseado em cobalto

Conformação
Laminação dos núcleos ao Recozimento
Adequar largura Filme isolante redor do
mandril

Teste Pré - Teste Final


invólucro
Amortecimento

Recozimento
Impregnação
Corte dos núcleos Controle
Dimensional

Teste Final

Figura 9.27 – Fabricação dos núcleos toroidais de fitas


208

Os procedimentos de manufatura dos núcleos são bastante similares, e


independentes do material (figura 9.27). As fitas são enroladas, de forma
espiralada, ao redor de um mandril, que definirá o diâmetro interno do toróide
e, como norma geral, aplica-se camada isolante à superfície da fita para
eliminar possibilidades de curto-circuito entre as mesmas. O alívio de tensões
do enrolamento, com melhoria das propriedades, ocorre através de tratamento
térmico, efetuado pela aplicação de corrente contínua ao núcleo. Como núcleos
toroidais são extremamente sensíveis à esforços mecânicos, o toróide, após
ser recozido, é inserido em invólucro, com meio amortecedor de oscilações.

9.4.2.2.7. Características do modelos comerciais


de núcleos toroidais de fitas

Os diversos modelos de núcleos toroidais de fita, constantes da tabela 8


serão analisados em suas principais características.

Núcleos Deltamax são materiais com laço de histerese bastante


quadrado, o que indica valores de BR próximos aos de BSAT. Este tipo de
resposta é desejável em transformadores e indutores especiais, como os
magamps e transformadores inversores. Os materiais de partida são de alto
custo e, adicionalmente, as exigências para o seu processamento, bem como
de outros tipos de núcleos, os torna relativamente caros. Suas aplicações estão
mais localizadas nas áreas militar e industrial. Núcleos Deltamax disponíveis
no mercado utilizam fitas com espessuras de 4, 2, 1 and 1/2 mil (milésimo de
polegada).

Tabela 9 – Características dos núcleos Deltamax

Desvantagens do Deltamax Vantagens do Deltamax

1. Requerem cuidados especiais em seu 1. Laço de histerese bastante quadrado


manuseio
2. Perdas no núcleo superiores às dos
2. Saturação na faixa de 15.000 gauss
materiais baseados em Permalloy
3. Alto custo
3. Resposta em freqüência limitada,
devido às perdas no núcleo

Os ensaios dos núcleos Deltamax são, quase sempre, ensaios padrão


CCFR (corrente constante / fluxo “reset”), que mensura a resposta dinâmica do
laço de histerese quadrado e identifica importantes parâmetros do material.
GRO
O modelo 4750 é bastante similar, metalurgicamente, ao Deltamax.
Contudo, ao invés de possuir laço de histerese de forma quadrada, o 4750
possui laço mais arredondado, com permeabilidade máxima superior à do
Deltamax. O 4750 é também material caro, de forma que suas aplicações
tendem a ser mais especializadas, tais como transformadores de potência e
209

de corrente. Comercialmente, núcleos com fitas de espessura 4, 2 e 1 mil


podem ser encontradas.

Tabela 10 – Características dos núcleos 4750

Desvantagens do 4750 Vantagens do 4750

1. Requerem o uso de invólucro para 1. Alta permeabilidade


garantir as máximas propriedades
2. Valor de saturação na faixa de 15.000
2. Maiores perdas no núcleo que os gauss
materiais tipo Permalloyl
3. Alto custo
4. Resposta em freqüência limitada,
devida às perdas no núcleo

Como a característica principal destes núcleos é sua alta


permeabilidade, os ensaios são focados especialmente sobre este parâmetro e
seu valor inicial, para baixas densidades de fluxo, é adotado como o nominal.

O material 4-79 Mo – Permalloy – mais comumente conhecido como


Permalloy - possui permeabilidade extremamente alta e baixas perdas no
núcleo e exibe, normalmente, laço de histerese arredondado. De forma
semelhante aos outros núcleos de fita, o Permalloy é mais utilizado em
aplicações especializadas, como transformadores de corrente e de
potência, para altas freqüências. Os núcleos de 4-79 Mo - Permalloy podem
ser encontrados no mercado com fitas de dimensões 4, 2, 1 e 1/2 mil.

Tabela 11 – Características dos núcleos 4- 79 Mo – Permalloy

Desvantagens do Vantagens do 4- 79 Mo – Permalloy


4- 79 Mo – Permalloy

1. Requerem o uso de invólucro para


1. Alta permeabilidade
garantir as máximas propriedades
2. Baixas perdas no núcleo
2. Alto custo
3. Baixa coercitividade
3. Bmax reduzido (8.000 gauss)

Como a característica principal destes núcleos é sua alta


permeabilidade, os ensaios são focados especialmente sobre este parâmetro e
seu valor inicial, para baixas densidades de fluxo, é adotado como o nominal.

O Permalloy Quadrado (“Square Permalloy”) é uma variação do


Permalloy básico, com alterações no procedimento de recozimento visando à
obtenção de um laço de histerese quadrado que, apesar de não ser tão
210

quadrado como o Deltamax, garante operações satisfatórias em magamps e


transformadores inversores, especialmente para freqüências de até 80 kHz
(para fitas com espessura de 1 mil). Suas aplicações são de natureza militar e
industrial, sendo disponível em fitas com espessura de 4, 2, 1 e 1/2 mil.

Tabela 12 – Características dos núcleos Permalloy Quadrado

Desvantagens do Permalloy Vantagens do Permalloy Quadrado


Quadrado

1. Requerem o uso de invólucro para


garantir as máximas propriedades
1. Laço de Histerese quadrado
2. Alto custo
2. Baixas perdas no núcleo
3. Resposta em freqüência limitada pelas
perdas moderadas no núcleo
4. Bmax limitado (8.000 gauss)

Os ensaios aplicáveis aos Permalloy Quadrados são os padrão CCFR


(corrente constante / fluxo “reset”), que mensura a resposta dinâmica do laço
BH quadrado e permite identificação de importantes parâmetros do material.

O Supermalloy é outra variação das ligas tipo Permalloy, com alto


conteúdo de níquel sendo considerado, dentre os materiais de alta
permeabilidade, o estado-da-arte em núcleos à base de fita. Aplicações
como, por exemplo, transformadores de corrente, exploram estas propriedades.
O Supermalloy, de forma similar às outras aplicações deste tipo de núcleo, é
mais utilizado em setores especializados dos mercados militar, industrial e de
pesquisa. São encontrados em fitas nas dimensões de 4, 2, 1 e 1/2 mil.

Tabela 13 – Características dos núcleos Supermalloy

Desvantagens do Supermalloy Vantagens do Supermalloy

1. Altíssima permeabilidade
1. Requerem o uso de invólucro para
garantir as máximas propriedades 2. Baixas perdas no núcleo
2. Alto custo
3. Coercitividade extremamente baixa
3. Bmax limitado (8.000 gauss)

Como a característica principal destes núcleos é sua alta


permeabilidade, os ensaios são focados especialmente sobre este parâmetro e
seu valor inicial, para baixas densidades de fluxo, é adotado como o nominal.
211

O Supermendur é uma liga de ferro – cobalto, cujo processo de


recozimento inclui o uso de corrente contínua buscando-se conseguir um laço
BH quadrado, com a característica mais notável de apresentar um Bmax na
faixa de 23 a 24 kgauss. Apesar de seu laço BH não ser tão quadrado como o
do Deltamax, é suficiente para garantir operações em magamps e
transformadores inversores. Sendo disponíbilizado somente em fitas com
espessura 4 mil, sua utilização está usualmente limitada a 400 Hz e suas
aplicações são geralmente direcionadas para a área militar.

Os ensaios dos núcleos Supermendur toroidal são quase sempre os


ensaios padrão de CCFR (corrente constante / fluxo “reset”). Este método
mensura a resposta dinâmica do laço de histerese quadrado e permite
identificação de importantes parâmetros do material

.Tabela 14 – Características dos núcleos Supermendur

Desvantagens do Supermendur Vantagens do Supermendur

1. Laço de histerese quadrado


1. Requerem o uso de invólucro para garantir
as máximas propriedades 2. Bmax na faixa de 23 a 24 kgauss
2. Custo extremamente elevado
2. Resposta em freqüência limitada, em
virtude das altas perdas no núcleo
4. Disponível somente em fitas de 4 mil

O núcleo 2V Permendur é, basicamente, a mesma liga do


Supermendur, mas com a diferença de possuir um laço BH arredondado, com
permeabilidade máxima superior à do Supermendur, e elevado coeficiente de
magnetostricção.

Tabela 15 – Características dos núcleos 2V Permendur

Desvantagens do 2V Permendur Vantagens do 2V Permendur

1. Alta magnetostricção
1. Requerem o uso de invólucro para garantir as
máximas propriedades 2. Bmax na faixa de 21 a 22 kgauss
2. Custo elevado
3. Resposta em freqüência limitada em virtude
das altas perdas no núcleo
4. Maiores perdas no núcleo que os materiais do
tipo Permalloy
212

O valor de seu Bmax é ligeiramente inferior ao do Supermendur, sendo


da ordem de 21 a 22 kgauss.

Estes núcleos são disponíbilizados nas espessuras de 2 e 4 mil, com


aplicações direcionadas para as áreas militar e industrialComo os núcleos são
utilizados em função de sua alta permeabilidade, os testes executados
possuem como base este parâmetro. A permeabilidade inicial (medida em
baixas densidades de fluxo) é usualmente especificada como nominal. O 2V
Permendur é também testado para valores de Bmax e, ocasionalmente, para
perdas no núcleo.

O núcleo Namglass I se inclui entre as chamadas ligas amorfas. A


matéria prima é fornecida com 1 mil de espessura e então “fatiada” (“slit”) para
se conseguir as dimensões apropriadas, pois os materiais amorfos não podem
ser laminados até a espessura necessária. O Namglass I é um material com
laço de histerese quadrado, destinado a aplicações específicas na área de
transformadores como, por exemplo, transformadores de pulso. O custo da
matéria prima é alto, razão pela qual este material é destinado a segmentos
especializados da área industrial como, por exemplo, aplicações médicas.

Tabela 16 – Características dos núcleos Namglass I

Desvantagens do Namglass I Vantagens do Namglass I

1. Baixa magnetostricção
1. Requerem o uso de invólucro para garantir
as máximas propriedades 2. Saturação na faixa de 14.000
gauss
2. Custo elevado
3. Resposta em freqüência limitada em virtude 3. Alta resistividade volumétrica
das altas perdas no núcleo
4. Maiores perdas no núcleo que os materiais
do tipo Permalloy

Os núcleos Namglass I são testados para valores de Bmax e de perdas


no núcleo.

O núcleo Namglass II é outra liga amorfa, similar em composição ao


Namglass I, mas com permeabilidade linear e utilizado em componentes
especializados como transformadores de pulso e indutores de modo
comum.
213

Tabela 17 – Características dos núcleos Namglass II

Desvantagens do Namglass II Vantagens do Namglass II

1. Baixa magnetostricção
1. Requerem o uso de invólucro para garantir
as máximas propriedades 2. Saturação na faixa de 14.000
gauss
2. Custo muito elevado
3. Permeabilidade moderada 3. Alta resistividade volumétrica
(aproximadamente 5.000)
4. Baixa perda no núcleo, em altas
freqüências

Os núcleos Namglass II são testados para valores de Bmax, de perdas


no núcleo e de permeabilidade.

O núcleo Namglass III é também outra liga amorfa, com laço de


histerese ultra-quadrado, com aplicabilidade exclusivamente nos magamps de
alta freqüência. Apresenta variação em sua composição metalúrgica, em
comparação com os outros dois materiais amorfos citados, pois recebe adição
de cobalto. A liga Namglass III vem sendo utilizada de forma crescente nos
projetos de fontes de alimentação militares e industriais.

Tabela 18 – Características dos núcleos Namglass III

Desvantagens do Namglass III Vantagens do Namglass III

1. Baixíssima magnetostricção
1. Requerem o uso de invólucro para garantir as
máximas propriedades 2. Laço de histerese ultra quadrado
2. Custo muito elevado
3. Baixíssima coercitividade
3. Bmax baixo (aproximadamente 5.500)
4. Alta resistividade volumétrica

5. Baixíssimas perdas no núcleo,


em altas freqüências

Os ensaios dos núcleos Namglass III são quase sempre os padrão


CCFR (corrente constante / fluxo “reset”), que mensura a resposta dinâmica do
laço de histerese quadrado, e permite identificação de importantes parâmetros
do material. Ocasionalmente, o Namglass III é testado para perdas no núcleo.
214

9.4.2.2.8. Núcleos de Fita Cortados

O termo núcleo de fita (“tape core”) pode se referir não somente aos
núcleos toroidais convencionais, mas também ao núcleos C e E, denominação
esta justificada pelo fato destes núcleos serem enrolados e recozidos de forma
similar às versões toroidais. Os núcleos C e E utilizam os mesmos materiais
dos toróides, à exceção do material amorfo, para o qual não é disponível a
versão de fitas cortadas (“cut tapes”). O processo de fabricação é similar ao
do núcleo de fita, mas, ao invés de serem encapsulados, os núcleos são
impregnados com epoxi e cortados ao meio. Esta técnica permite a produção
de núcleos tri-fásicos – algo que seria impossível com um toróide. Em razão
desta flexibilidade pode-se afirmar que praticamente não existe limite para a
dimensão de um “núcleo de fita cortado”, mas na prática eles estão limitados a
uma largura de fita de 2,00 polegadas.

Núcleos cortados não possuem invólucros especiais, como os núcleos


de fita, pois a impregnação já assegura boa rigidez mecânica. A impregnação
com epoxi, contudo, tende a re-introduzir estresses no material, já frágil por
natureza, reduzindo a permeabilidade e aumentando as perdas no núcleo.
Como diretriz geral pode-se considerar o desempenho dos núcleos cortados
como substancialmente inferior aos toroidais. Esta degradação não é,
geralmente, previsível, mas pode aumentar as perdas em 30% e reduzir a
permeabilidade em 50%. As compensações, contudo, repousam no fato dos
núcleos cortados serem de mais fácil bobinamento, além da possibilidade de
inserção de entreferros adicionais. Este último ponto significa que este tipo de
núcleo pode ser utilizado não somente para transformadores, mas também
para indutores. O núcleo cortado geralmente é considerado uma alternativa de
alto desempenho aos Silectron C. Um aspecto que os núcleos de fita cortados
possuem, em comum com os núcleos toroidais, é o fator custo: ambos são
caros, razão pela qual as aplicações tendem a ser mais especializadas.

Tabela 19 – Características dos Núcleos de Fita Cortados

Desvantagens dos Núcleos de Fita Vantagens dos Núcleos de Fita


Cortados Cortados

1. Alto custo 1. Entreferros discretos podem ser


inseridos
2. Perdas no núcleo superiores às dos
toróides 2. Podem ser enrolados com fitas e fios
de maiores diâmetros
3. Permeabilidade mais baixa que os
toróides 3. Mais fáceis de bobinar que os toróides
4. Núcleos de fita fina são de confecção 4. Menores perdas que os núcleos
difícil Silectron C
5. Núcleos Supermendur permitem
máxima capacidade energética
215

Os ensaios dos núcleos cortados avaliam as perdas no núcleo e as de


excitação. Ocasionalmente, Bmax pode ser também avaliado.

9.4.2.2.9. Núcleos de Fita Bobinados

Variação especial dos núcleos de fita, o núcleo bobinado é similar ao


núcleo toroidal padrão, exceto pelo seguinte fato: por ser manufaturado com
fitas extremamente finas, o material é enrolado ao redor de uma bobina de aço
inoxidável. A espessura destas fitas é limitada a ½ mil, mas núcleos bobinados
podem ser manufaturados com bobinas extremamente finas, com espessura de
até 1/8 mil. O processo de manufatura é similar ao do núcleo toroidal de fita
padrão, exceto pelo fato que a bobina define o diâmetro interno (ID) do núcleo,
ao invés do mandril. Materiais comumente utilizados são o Deltamax e o
Permalloy (figura 9.28). Núcleos bobinados são caracterizados por
permeabilidade extremamente elevada em baixos níveis de fluxo, resposta
em laço quadrado e coercitividade extremamente baixa. Estes núcleos
foram concebidos, originalmente, para aplicações como “núcleos de
memória”. Desnecessário dizer que este segmento industrial está totalmente
extinto, e as aplicações residuais utilizam ferrites doces. A mais popular
aplicação, na atualidade, está nos vários projetos de magnetômetros, o que
inclui bússolas, detonadores militares, bóias sinalizadoras, etc., que utilizam
a elevada permeabilidade do material do núcleo. Outra aplicação crescente
para os núcleos bobinados são os transformadores inversores em
pequenos conversores CC – CC, geralmente “on-board”. Pelos altos custos
associados à sua confecção (materiais e mão-de-obra), núcleos bobinados
possuem custos extremamente elevados, numa comparação por peso.

Bobinamento
Laminação Recozimento

Adequar largura Filme isolante

Teste pré- Pintura


Teste Final
embalagem
Embalagem em meio
amortecedor

Figura 9.28 – Processo de fabricação dos núcleos de fita bobinados


216

Tabela 9.20 – Características dos Núcleos de Fita Bobinados

Desvantagens dos Núcleos de Fita Vantagens dos Núcleos de Fita


Bobinados Bobinados

1. Alto custo 1. Podem ser bobinados a partir de fitas


de espessuras ultra-finas
2. Utilização ineficiente do espaço pela
presença da bobina 2. Podem ser confeccionados com
OD/ID/HT extremamente reduzidos
3. As bobinas devem ser confeccionadas
nos tamanhos corretos 3. Permeabilidade extremamente
elevada
4. Sua manufatura é complexa
4. Imune a choques mecânicos, pois as
fitas são agregadas à bobina

Os testes aplicáveis aos núcleos bobinados seguem normalmente uma


seqüência especial de pulsos de testes, projetados em função de sua aplicação
como “núcleos de memórias”. Estes testes apresentam semelhança com os
testes CCFR e conseguem informações sobre importantes parâmetros do
núcleo. Núcleos bobinados customizados passam por testes altamente
especializados, orientados às aplicações dos compradores.

9.4.2.2.10. Toróides Silectron

O Silectron é uma liga de grão orientado, contendo 3.25% Si / 96% Fe.


Uma configuração popular de núcleo, fabricada com este material, é a forma
toroidal, não muito diferente do toroidal de fita. Este tipo de núcleo é
disponibilizado em invólucros, como os núcleos de fitas, bem como impregnado
com epoxi, ou impregnado e recoberto com epoxi. De forma similar ao que
ocorre com os núcleos de fita cortados, a impregnação degrada as
propriedades do material. O Silectron possui permeabilidade
moderadamente alta e alta densidade de fluxo. Aplicações para os toróides
Silectron são transformadores de corrente, de potência de baixa
freqüência e magamps de baixa freqüência. Toróides Silectron são
disponíveis em fitas com espessuras de 11, 9, 4, 2 e 1 mil. Em função da alta
densidade de fluxo e baixo custo do Silectron, suas aplicações são mais gerais
que as dos toróides de ferro – níquel, ferro- cobalto ou material amorfo.

Tabela 21 – Características dos toróides Silectron

Desvantagens dos toróides Silectron Vantagens dos toróides Silectron

1. Perdas no núcleo superiores às dos 1. Relativamente baratos


núcleos de fita
2. Bmax elevado
2. Bobinamento difícil pela forma toroidal.
217

Os testes aplicáveis aos toróides Silectron avaliam geralmente as perdas


no núcleo e por excitação. Ocasionalmente, testes de Bmax ou do laço BH
podem ser efetuados.

9.4.2.2.11. Núcleos Silectron C e E

Núcleos cortados, confeccionados em Silectron, são manufaturados de


forma idêntica aos núcleos de fita cortados, existindo somente pequenas
diferenças no tocante ao tipo de isolamento utilizado na fita e no método de
recozimento. Vale ressaltar, contudo, o fato do Silectron não estar sujeito à
restrição de 2 polegadas existente para a largura das fitas, que se aplica aos
outros núcleos. De forma similar aos Silectron, os núcleos Silectron C possuem
uma permeabilidade moderadamente alta e, sem a adição de entreferro,
encontram suas aplicações básicas em transformadores de potência de
baixa freqüência e transformadores de pulso. Com a adição dos entreferros,
podem ser utilizados como indutores. Um aspecto a ser destacado como o
principal fator limitante dos núcleos Silectron C são as perdas no núcleo. De
resto, pode-se constatar que o Silectron é um material de baixo custo e suas
aplicações cobrem um amplo espectro do mercado.

Os testes dos núcleos Silectron C são focados, principalmente, nas


perdas, existentes no núcleo e por excitação. A verificação da permeabilidade
de núcleos C de 1 e 2 mil constituem testes rotineiros, executados através de
ensaios de pulso, que também fornecem informações sobre as perdas no
núcleo e da energia de excitação. Testes especiais de permeabilidade,
similares aos realizados nos núcleos de pó, são ocasionalmente realizados.

Tabela 22 – Características dos Núcleos Silectron C e E

Desvantagens dos Núcleos Vantagens dos Núcleos Silectron C e E


Silectron C e E

1. Altas perdas no núcleo 1. Disponível em configuração tri-fásica

2. Permeabilidade moderada 2. Fácil bobinamento

3. Entreferro diminui a permeabilidade 3. Bobinas podem utilizar lâminas delgadas e


condutores de maior dimensão

4. A inserção de entreferro pode ser variada

5. Baixo custo

6. Alta capacidade de fluxo


218

9.4.2.2.12. Núcleos “Take Apart”

Núcleos com entreferros distribuídos (“DG - Distributed Gap”), por


vezes também denominados “Take Apart”, constituem uma variação especial
do Silectron C, ao qual é similar na forma, mas apresentam a característica de
um entreferro “distribuído” ao longo do trajeto magnético e exigem máquinas
especiais para seu bobinamento. O processo de recozimento é semelhante aos
outros núcleos Silectron, mas um material mais espesso (9 a 12 mil) é utilizado
e o núcleo não recebe impregnação, sendo inserido na bobina pelo próprio
usuário. Este tipo de núcleo é utilizado quase que exclusivamente para
transformadores de distribuição em 60 Hz. Os testes são focados nas
perdas do núcleo e na excitação.

9.4.2.2.13. Classificação do Materiais Magnéticos Doces


(norma NBR 6544)

De acordo com a normatização efetuada pela Associação Brasileira de


Normas Técnicas – ABNT, através da norma NBR 6544 – “Classificação dos
Materiais Magnéticos”, os produtos magnéticos doces são classificados como:

1. Ferros :

a) Composição química: o constituinte básico é o ferro, também chamado


como "ferro comercialmente puro" ou "ferro doce magnético". Os elementos
que exercem efeitos adversos sobre a indução de saturação, a remanência, a
coercitividade e estabilidade são controlados de modo a produzir as
propriedades magnéticas requeridas. Outros elementos importantes, além do
ferro, presentes na composição destes materiais, são indicados na Tabela 23.

Tabela 23 - Composição química (%)

C Si Mn P S Al Ti
1 2 3 4 5 6 7
0,005 0,02 0,03 0,005 0,010 0,002 0,002
a a a a a a a
0,030 0,10 0,20 0,015(A) 0,030(A) 0,08 0,10
(A)
Para melhor usinagem, os limites de P e S podem ser ultrapassados, mediante acordo
entre fabricante e consumidor.

Pode ser adotada uma subclassificação, para o que se recomenda tomar


como base os valores de coercitividade.

b) Modo de apresentação: este material é encontrado em larga variedade de


formas, podendo ser fornecido em:
219

a) placas, tarugos, lingotes e peças forjadas;


b) barras laminadas, a quentes ou a frio, de seção retangular, quadrada,
hexagonal, octogonal ou circular;
c) fios, chapas e fitas.

c) Características físicas: em adição aos valores da coercitividade, uma


definição mais completa desses materiais pode ser baseada nas seguintes
características:

magnéticas: indução de saturação, induções para diversas intensidades de


campo, campo coercitivo, estabilidade das características no tempo;
mecânica: dureza, capacidade de corte por estampagem, usinabilidade,
estampabilidade e propriedades mecânicas à tração;
estado metalúrgico: estado subsequente às laminações a frio ou a quente,
ao forjamento e à trefilação. Observar que, no caso de materiais submetidos
à transformações mecânicas, as características magnéticas utilizadas como
base de subclassificação devem ser alcançadas após tratamento térmico
em conformidade com as recomendações do fabricante.

d) Aplicações principais: As principais aplicações são relés de corrente


contínua, alto-falantes, eletroimãs, embreagens, freios, elementos de
circuitos magnéticos de instrumentos de medida e controle e pólos e peças
diversas para motores e geradores de corrente contínua.

2. Aços doces com baixo teor de carbono (produtos planos)

a) Composição química: o constituinte básico é o ferro. Contém impurezas


inevitáveis, em conjunto com baixo teor de elementos estranhos que provêm de
adições necessárias ao processo de fabricação. Estes materiais usualmente
requerem um tratamento térmico final, após o corte, a fim de desenvolver todas
as suas propriedades magnéticas

A subclassificação recomendada é baseada sobre as perdas totais


específicas, as quais são funções da espessura, habitualmente medidas para
induções de 1,0 T ou 1,5 T, nas freqüências comerciais (tabela 24)

b) Modo de apresentação: este material é encontrado na forma de bobinas ou


chapas.

c) Características físicas:

Em adição aos valores específicos das perdas, uma melhor definição


deste material pode ser baseada nas seguintes propriedades:

- magnéticas: indução para diversos valores do campo magnético;


- mecânicas: capacidade de corte por estampagem, estado de superfície, fator
de empilhamento e dureza;
- estado metalúrgico: laminado a frio, recozido e encruado com recozimento
final. Observação: para materiais fornecidos no estado encruado, a
220

subclassificação é baseada nas perdas específicas totais medidas após o


tratamento térmico, de acordo com as recomendações do fabricante:
- dimensões: espessura, largura e, se necessário, comprimento. Os valores de
espessura nominal recomendados são (0,50; 0,60; 0,65; 1,00; 1,60 e 3,20)mm

As faixas de valores de perdas totais, após o recozimento final, para dois


valores correntes de espessura, figuram na tabela 24.

d) Aplicações principais: As principais aplicações são para a fabricação de


núcleos laminados, destinados a aparelhos elétricos, e particularmente a
pequenas máquinas girantes.

Tabela 24 - Perdas específicas totais (W/kg)

Espessura 50 Hz 60 Hz
nominal (mm) 1,0 T 1,5 T 1,0 T 1,5 T
0,50 2,6 a 4,3 5,8 a 10,5 3,3 a 5,6 7,3 a 13,3
0,65 2,8 a 5,0 7,0 a 12,0 3,6 a 6,3 8,2 a 15,5

3. Aços siliciosos (produtos não planos)

a) Composição química: o constituinte básico é o ferro. O elemento principal


de liga é o silício, cujo teor máximo é de até 5%. Contém impurezas
inevitáveis, em conjunto com baixo teor de elementos estranhos que provêm de
adições necessárias ao processo de fabricação.

A subclassificação recomendada é baseada na resistividade elétrica,


que neste caso é função do silício (ver figura 9.29)

b) Modo de apresentação: este material é comercializado na forma de barras


laminadas a quente ou trefiladas, fios, barras retificadas e tarugos para
forjamento. Requerem tratamento térmico após as conformações mecânicas a
fim de desenvolverem as características magnéticas requeridas.

c) Características físicas:

Em adição à resistividade elétrica, cujas faixas típicas de variação são


indicadas na figura 9.29, uma melhor definição destes materiais pode ser
baseada nas seguintes propriedades:

- magnéticas: indução de saturação, remanência e coercitividade;


- mecânicas:; usinabilidade, ductilidade e dureza
- estado metalúrgico: trabalho a quente ou a frio, e recozido para desenvolver
as características térmica requeridas

d) Aplicações principais: As principais aplicações são para circuitos


magnéticos de relés, embreagens magnéticas, blindagem de giroscópicos e
peças polares e motores de passo (step-by-step).
221

Figura 9.29 : Resistividade do aço silicioso em função do teor de silício

4. Aços siliciosos de grão não orientado para uso em freqüências


comerciais (produtos planos)

a) Composição química: Trata-se de material tipicamente isotrópico,


processado deliberadamente como tal. O elemento constituinte básico é o
ferro, tendo como elemento principal de liga o silício, cujo teor está
compreendido entre (0,4 e 5)%. Contém ainda impurezas inevitáveis e baixo
teor de outros elementos, que provém de adições necessárias ao processo de
fabricação. A sub-classificação recomendada é baseada nas perdas totais
específicas, função da espessura, e normalmente medidas nos valores de
indução de 1,0 T ou 1,5 T, nas freqüências comerciais. Quando a finalidade
assim o exigir (tais como relés), é mais conveniente relacionar a
subclassificação na coercitividade.

b) Modo de apresentação: este material é comercializado na forma de


bobinas e chapas.

c) Características físicas: em adição aos valores das perdas específicas


totais, uma melhor definição desses materiais pode ser baseada nas seguintes
propriedades:

- magnéticas: indução para diferentes valores de intensidade de campo


magnético, anisotropia;
- elétricas: resistividade do isolamento superficial e resistividade do aço;
- mecânicas: capacidade de corte por estampagem, ductilidade (determinada
de conformidade com os ensaios de dobramento), características mecânicas à
tração, estado de superfície e acabamento, fator de empilhamento,
aplainamento e empeno lateral;
222

- estado metalúrgico: laminado a frio, recozido e encruado, com recozimento


final. Para materiais fornecidos no estado encruado, a subclassificação é
baseada nas perdas totais, medidas após o tratamento térmico de acordo com
as recomendações do fabricante.
- dimensões: espessura, largura e, eventualmente, comprimento. Os valores
normais de espessura nominal recomendados são (0,35; 0,50; 0,60 e 0,65)mm.

As faixas de valores de perdas totais, após o recozimento final, para três


valores correntes de espessura, estão indicados na tabela 25.

Tabela 25 - Perdas específicas totais (W/kg)

Espessura 50 Hz 60 Hz
nominal (mm) 1,0 T 1,5 T 1,0 T 1,5 T
0,35 0,8 a 1,5 2,0 a 3,6 1,0 a 1,9 2,5 a 4,6
0,50 2,6 a 4,3 5,8 a 10,5 3,3 a 5,6 7,3 a 13,3
0,65 2,8 a 5,0 7,0 a 12,0 3,6 a 6,3 8,2 a 15,5

d) Aplicações principais: As principais aplicações são em circuitos


magnéticos, particularmente máquinas girantes, nas quais o fluxo não é
unidirecional e em relés eletromagnéticos.

5. Aços siliciosos de grão orientado para uso em freqüências comerciais


(produtos planos)

a) Composição química: Trata-se de material tipicamente anisotrópico,


processado deliberadamente como tal. O elemento constituinte básico é o
ferro, tendo como elemento principal de liga o silício, com teor na faixa de 3%.
Contém ainda impurezas inevitáveis e baixo teor de outros elementos, que
provém de adições necessárias ao processo de fabricação. Estes materiais
possuem propriedades anisotrópicas (orientação cristalina) tais que, na direção
paralela ao eixo de laminação, apresentam os mais fracos valores de perdas
específicas totais, e valores mais altos de permeabilidade. Estas propriedades
são afetadas pelo tratamento mecânico, e um recozimento para alívio de
tensões poderá otimizar as propriedades inerentes. A subclassificação
recomendada é baseada nas perdas específicas totais, as quais são função
da espessura e da anisotropia e são normalmente medidas nos valores de
indução de 1,5 T ou 1,7 T, em freqüências comerciais.

b) Modo de apresentação: este material é comercializado na forma de


bobinas ou chapas laminadas.

c) Características físicas: Em adição aos valores de perdas específicas totais,


uma melhor definição destes materiais pode ser baseadas nas seguintes
características:
223

- magnéticas: indução para diferentes valores de intensidade de campo


magnético;
- elétricas: resistividade do isolamento superficial, resistividade do aço;
- mecânicas: fator de empilhamento, ductilidade, empeno lateral;
- estado metalúrgico: recozido e inteiramente cristalizado;
- dimensões: espessura, largura e, eventualmente, comprimento.

Os valores da espessura nominal normalmente recomendado são: (0,27;


0,30 0,35)mm. As faixas típicas de perdas totais específicas, após recozimento,
para três espessuras comumente usadas, estão indicadas na tabela 26.

Tabela 26 - Perdas específicas totais (W/kg)

Espessura 50 Hz 60 Hz
nominal (mm) 1,0 T 1,5 T 1,0 T 1,5 T
0,27 0,78 a 0,92 1,15 a 1,40 1,03 a 1,21 1,51 a 1,85
0,30 0,85 a 1,07 1,25 a 1,60 1,12 a 1,41 1,65 a 2,00
0,35 0,97 a 1,23 1,43 a 1,85 1,25 a 1,61 1,81 a 2,45

As medidas magnéticas devem ser avaliadas conforme a NBR 5161. A


massa específica adotada para as medidas magnéticas é de 7650 kg/m3 e as
amostras devem ser tomadas paralelamentes ao eixo da laminação e
submetidas antes das medições a um recozimento para alívio de tensões
conforme recomendações do fabricante.

d) Aplicações principais: As principais aplicações são na fabricação de


circuitos magnéticos, nos quais os fluxos são essencialmente unidirecional,
como por exemplo, núcleos de transformadores.

6. Aços siliciosos extrafinos para uso em alta freqüência (produtos


planos)

a) Composição química: O elemento constituinte básico é o ferro, tendo como


elemento principal de liga o silício, com teores situados entre 2% a 4%.
Contém ainda impurezas inevitáveis e baixo teor de outros elementos, que
provém de adições necessárias ao processo de fabricação. A subclassificação
recomendada é baseada na anisotropia e nas perdas específicas totais, que
são função da espessura, da indução e da freqüência.

c) Modo de apresentação: este material é comercializado na forma de


bobinas ou chapas laminadas.

c) Características físicas: Em adição à anisotropia e aos valores de perdas


específicas totais, uma melhor definição destes materiais pode ser baseadas
nas seguintes características:
- magnéticas: indução para diferentes valores de intensidade de campo
magnético;
- elétricas: resistividade do isolamento superficial e resistividade do aço;
224

- mecânicas: fator de empilhamento;


- estado metalúrgico: recozido e inteiramente recristalizado;
- dimensões: espessura, largura e, eventualmente, comprimento.

As espessuras recomendadas e as condições de medida estão


indicadas na tabela 27.

Tabela 27 - Condições para medição

Espessura Indução Freqüência


Tipo
(mm) (Tesla) (Hz)
0,025 0,2 3000
Anisotrópico 0,050 1,5 400
(orientado) 0,100 1,5 400
0,150 1,5 400
0,125 1,0 400
Isotrópico
0,175 1,0 400
(não orientado)
0,200 1,0 400

d) Aplicações principais: As principais aplicações são para circuitos


magnéticos de transformadores e máquinas girantes operando em freqüência
superior a 100 Hz.

6. Outros Aços (Produtos Fundidos, Produtos Forjados, Produtos Planos)

a) Composição química: constituem-se basicamente de ferro, com o elemento


principal de liga sendo o carbono. Diferenciam-se na quantidade de carbono
utilizado para liga sendo: produtos fundidos até 0.3%; produtos planos de (0.1 a
0.4)% e produtos forjados de (0.15 a 0.5)%, podendo este último conter
também outros elementos, tais como: níquel até 4%, cromo até 1.8%,
molibdênio até 0.5%, vanádio até 0.12% e manganês até 0.19%. Todos contém
impurezas inevitáveis e outros elementos que provém de adições necessárias
às características desejadas, sendo que para os produtos fundidos estes
materiais são o manganês, molibdênio, vanádio e silício; para os produtos
forjados o silício e o alumínio e para os produtos planos o silício.

As bases utilizadas para classificação destes materiais são:

- Produtos fundidos: propriedades mecânicas, sendo a principal a resistência à


tração, função da composição química e do tratamento térmico.
- Produtos forjados: limite de escoamento a 0.2% de alongamento, função da
composição química e dos tratamentos térmicos.
- Produtos planos: limite de escoamento a 0.2% ou 0.1% de alongamento.

b) Modo de apresentação: estes materiais são disponibilizados nas seguintes


condições:
225

- Produtos fundidos: peças fundidas com tratamento térmico final ou peças


parcialmente usinadas conforme solicitação da usuário.
- Produtos forjados: peças forjadas com tratamento térmico final ou peças
parcialmente usinadas conforme solicitação do usuário.
- Produtos planos: bobinas ou em chapas.

c) Características físicas: adicionando-se às bases de classificação de cada


produto (fundido, forjado ou plano) as seguintes características obtém-se
uma melhor classificação:

Tabela 28 – Características Físicas

Estado
Magnéticas Elétricas Mecânicas Dimensões
metalúrgico
Indução para Limite de escoamento, Normalizado
Produtos diferentes valores alongamento e e revenido ou
Resistividade ----
Fundidos de intensidade de resiliência temperado e
campo magnético revenido
Indução para Limite de resistência à Normalizado Conforme
Produtos diferentes valores tração, alongamento, e revenido ou solicitação do
Resistividade
Forjados de intensidade de resiliência e resistência temperado e comprador
campo magnético à flexão revenido
Limite de resistência à Laminado a Espessura,
tração, alongamento, quente ou a largura e
Indução para
estado de superfície, frio comprimento
Produtos diferentes valores
Resistividade capacidade de corte (eventual)
Planos de intensidade de
por estampagem, fator ( 0.5 a 3.0mm
campo magnético
de aplainamento e sugerido)
empeno lateral.

Os valores típicos das características são:

Tabela 29 – Valores Nominais das Características

Produtos Fundidos Produtos forjados Produtos Planos


Limite de
resistência à 300 a 700 N/m² 300 a 1000 N/m² 300 a 700 N/m²
tração
Limite de
200 a 450 N/m² * 200 a 800 N/m² * 150 a 525 N/m²
escoamento

Alongamento 25 a 12% ** 20 a 12% ** 25 a 8% ***

Resistência ao
40 a 16 J 136 a 16 J --------------
impacto
2500 A/m - 1.45 a 1.30T 5000 A/m - 1.65 a
5000 A/m - 1.60 a 1.50T 1.45T
Indução --------------
10000A/m - 1.80 a 15000A/m -1.82 a
1.65T 1.75T
* a 0.2% de alongamento ** Lo = 5,65vSo *** Lo = 80 mm
226

d) Aplicações principais:

- Produtos fundidos: circuitos magnéticos de máquinas girantes como por


exemplo, rotores, pólos, placas de pressão e armaduras de ímãs.
- Produtos forjados: circuitos magnéticos submetidos a solicitação mecânica
tais como eixo de máquinas girantes e peças polares.
- Produtos planos: circuitos magnéticos de máquinas girantes de corrente
contínua, submetidos a solicitação mecânica, como coroas e peças polares.

9.4.2.3. Perdas nos Núcleos Magnéticos

9.4.2.3.1. Introdução

Muitas aplicações magnéticas operam com materiais que não são


compactados, ou prensados, a partir de pós magnéticos, mas com chapas e
peças de materiais apropriados. Serão abordadas, neste parágrafo, algumas
características destas aplicações e os procedimentos necessários à redução de
perdas e aumento da eficiência do processo. Muitas das informações
constantes desta seção complementam as diretrizes traçadas pela norma NBR
6544 – “Classificação dos Materiais Magnéticos”, destacando porém
informações dos produtores e fornecedores destes materiais, bem como
condições de processamento dos mesmos. As informações comerciais são dos
produtos da Acesita, único fabricante no país do aço magnético silicioso de
grão orientado e não orientado.

9.4.2.3.2. Redução das perdas pela laminação

Como visto no item 9.3.6.1. correntes parasitas são induzidas nos


núcleos magnéticos e, se estes núcleos apresentarem baixa resistividade
elétrica, estas correntes serão de maior magnitude e, consequentemente,
também as perdas no circuito, reduzindo a eficiência do equipamento. A
redução destas correntes, portanto, é efetuada através do aumento da
resistência elétrica do material magnético. Este aumento é conseguido,
fundamentalmente, de duas maneiras: no caso dos núcleos compactados,
como anteriormente descrito, o próprio processo de fabricação, utilizando pós
sinterizados, com a adição de isolantes, já constitui elemento de aumento
dessa resistência.
Se os núcleos não são compactados, uma técnica possível é sua
construção a partir não de corpos maciços
fundidos, mas sim laminados, com estas lâminas
isoladas entre si e reconstruindo a seção
magnética necessária. Estes materiais utilizados
são denominados, geralmente, de aços elétricos
ou aços-silíciosos (item 9.4.2.3.3). Esta
configuração aumenta a resistência elétrica às
correntes induzidas que circulariam com mais
facilidade se a seção do material fosse contínua.
227

Tabela 30 – Revestimentos de aços elétricos

Revestimentos

Produto Tipo Características

Isolamento orgânico de base fosfórica aplicado sobre uma


camada de filme de vidro (AISI C5 sobre AISI C2). Confere ao
GO C5 material alta resistência interlaminar, boa aderência,
resistência à temperatura de alívio de tensões, resistência à
corrosão e alto fator de empilhamento.

Isolamento inorgânico produzido por combinação de


tratamentos superfíciais termoquímicos. Confere ao material
alta resistência interlaminar, boa aderência, resistência à
AC-5 temperatura de alívio de tensões, resistência à corrosão, alto
fator de empilhamento, fácil manuseio das lâminas devido ao
seu acabamento superficial e baixo coeficiente de atrito.
Utilizado em transformadores de força e distribuição.

Isolamento inorgânico que consiste em película de óxidos


naturais formada durante o processo de recozimento final e
C0 após a laminação a frio. Este revestimento possui baixa
resistência elétrica e resiste às temperaturas de alívio de
tensões.

Isolamento orgânico formado de um verniz aplicado à


superfície do material após o recozimento final. Este
revestimento possui excelente resistência elétrica e aumenta a
puncionabilidade do material. Não se deteriora nas
C3
temperaturas normais de operação das máquinas elétricas,
porém, não resiste ao recozimento de alívio de tensões.
Máquinas rotativas de elevada eficiência, medidores de
energia e pequenos transformadores.
GNO
Isolamento inorgânico formado por tratamento químico
aplicado ao material após o recozimento final. Possui
moderada resistência elétrica e resiste às temperaturas de
alívio de tensões. Utilizado em motores de média potência,
C4
transformadores para máquinas de solda, medidores de
energia. Muito utilizado em pequenos transformadores que
necessitam de resistência interlaminar maior que a fornecida
pelo revestimento CO.

Isolamento formado por composto de resina orgânica


adicionado à base inorgânica. Possui excelente
puncionabilidade e elevada resistência elétrica, boa resistência
C6
à corrosão e resiste às temperaturas de alívio de tensões.
Pode ser utilizado com vantagens nas mesmas aplicações dos
revestimentos C3 e C4.

Os aços elétricos são usualmente revestidos com material isolante


objetivando minimizar a ocorrência de correntes parasitas nos núcleos das
228

máquinas elétricas e reduzir o consumo de energia. As correntes parasitas


fluem dentro de cada lâmina que compõe o núcleo e dentro do núcleo como
uma unidade através das superfícies das lâminas. O revestimento superficial
das lâminas com filmes com alta rigidez dielétrica minimiza as correntes
parasitas que circulam entre lâminas. Em alguns casos os revestimentos são
utilizados para melhorar a estampabilidade do aço, aumentando a vida útil do
ferramental e reduzindo o custo de estampagem das lâminas. A Acesita, um
dos fabricantes deste material, fabrica quatro tipos de revestimento para os
aços de grão não orientado – GNO (ver item 9.4.2.3.5), diferenciados quanto
a composição química, resistividade elétrica, estampabilidade, resistência
térmica e soldabilidade. A composição do revestimento determina a maior parte
das suas propriedades. A composição orgânica privilegia resistividade e
estampabilidade e a composição inorgânica privilegia resistência térmica e
soldabilidade.

A redução das perdas é função da espessura da lâmina: quanto mais


fina, menores as correntes parasitas, pois maior será a resistência à sua
passagem. A espessura ótima, contudo, será determinada a partir de uma
análise envolvendo aspectos elétricos, mecânicos e econômicos. Na prática,
estas lâminas são fornecidas com espessuras que variam entre 0,3 a 2 mm de
espessura.

9.4.2.3.3. Redução das perdas pela composição

Um dos materiais magnéticos não compactados extensamente utilizado


é o ferro – silício, ou aço –silício contêm teores deste último elemento que
variam entre 1,8 % e 3,5 %, dependendo do tipo de aço (ver ítem 9.4.2.2.14 -
Classificação do Materiais Magnéticos Doces segundo a norma NBR 6544)
Esta adição do silício eleva a resistividade do material, reduzindo assim as
correntes parasitas. O silício, porém, endurece extremamente o material,
dureza esta tanto maior quanto maior o teor deste elemento. Portanto, para
efeitos do processamento mecânico necessário à conformação da chapa, é
interessante manter a porcentagem de silício a mais baixa possível. Também
neste caso o percentual ótimo de silício será determinado a partir de uma
análise envolvendo aspectos elétricos, mecânicos e econômicos (ver ítem
citado).

9.4.2.3.4. Redução das perdas pelo tipo de laminação

As chapas laminadas a frio apresentam anisotropia cristalina bem mais


acentuada do que as laminadas a quente. Levada em consideração, essa
anisotropia das chapas laminadas a frio leva a valores mais baixos de perdas
do que as perdas de chapas laminadas a quente. Deve-se, porém, cuidar para
se usar a chapa de aço no sentido preferencial de laminação, onde o valor de B
é máximo.

Por essa razão, em todos os casos em que o campo magnético tem


direção constante, ou seja, em que o núcleo é fixo e o elemento indutor
229

também (transformadores, por exemplo) e onde as perdas devem ser baixas


deve-se utilizar chapas laminadas a frio.

9.4.2.3.5. Redução das perdas pela orientação do grão

Os aços elétricos denominados semi-processados são produzidos sem


tratamento térmico para desenvolvimento das propriedades magnéticas finais.
Tais propriedades magnéticas são obtidas após tratamento térmico a ser
realizado pelo usuário final. Já nos aços elétricos totalmente processados
as propriedades magnéticas são totalmente desenvolvidas pela usina
siderúrgica. Tais aços apresentam algum tipo de revestimento isolante, sendo
fornecidos prontos para serem utilizados pelos usuários, sem a necessidade da
realização de qualquer tratamento térmico adicional para o desenvolvimento
das propriedades magnéticas.
Os aços silício podem ser classificados como de grão orientado (GO)
ou de grão não orientado (GN0). A principal diferença entre os aços GO e
GNO está na estrutura cristalográfica de ambos.
O aço silício GO apresenta uma textura pronunciada, chamada textura
de Goss, cujos cristais apresentam a direção de mais fácil magnetização
(direção [001] - aresta do cubo) paralela à direção de laminação e o plano
diagonal do cubo (110) paralelo ao plano da chapa. Esta característica do GO
lhe confere excelentes propriedades magnéticas na direção de laminação da
chapa e o torna adequado para uso em núcleos estáticos onde o fluxo
magnético coincide com a direção de laminação, como no caso dos
transformadores. O GNO não apresenta uma textura pronunciada e apresenta
valores de propriedades magnéticas parecidos em todas as direções do plano
da chapa, o que o faz adequado para uso em máquinas onde o fluxo magnético
muda de direção, tais como motores elétricos e geradores de energia.
Os aços ao silício GO e GNO devem ser especificados pela sua principal
característica, que é a perda magnética, expressa em Watts por quilograma
(W/kg), medida a uma determinada frequência e densidade de fluxo. Ao
escolher um aço ao silício o usuário deve especificar a perda magnética
máxima, na indução magnética (B) e frequência (f) determinadas. As condições
de testes padronizadas para os aços ao silício são:
Tabela 31 – Critérios para escolha dos tipo de aço silício

Parâmetro GNO GO

Indução magnética (B) 1,0 ou 1,5 Tesla 1,5 ou 1,7 Tesla

Frequência (f) 50 ou 60 Hz 50 ou 60 Hz

Ao fazer a especificação, o usuário deve escolher a combinação entre


uma indução e uma frequência, tendo assim a perda magnética equivalente.
Por exemplo, para o aço silício GNO, perda magnética máxima para B = 1,0 T
230

e f = 60 Hz (P10/60); para o aço silício GO, perda magnética máxima para B =


1,5 T e f = 60 Hz (P15/60).

Tabela 32 – Principais aplicações de aços silício GO e GNO

GO GNO
Aplicações
E 004 E 005 E 006 E 105 E 110 E 115 E 125 E 137 E 145 E 157 E 170 E 185 E 230

Transformadores
de Força

Transformadores
de Distribuição

Hidrogeradores /
Turbogeradores

Transformadores
p/ Industria
Eletro-Eletrônica

Transformadores
p/ Máquinas de
Solda

Transformadores
Reguladores de
Tensão

Reatores de
Potência /
Amplificadores

Grandes Motores
de CC e CA

Médios Motores
de CC e CA

Pequenos
Motores de CC e
CA

Medidores de
Energia

Reatores p/
Sistemas de
Iluminação

Compressores
Herméticos

9.4.2.3.6. Redução das perdas pelo recozimento

Deformações mecânicas durante a fabricação das chapas magnéticas


induz tensões nos materiais degradando suas propriedades magnéticas.
231

Adicionalmente, o corte das chapas deforma os cristais na seção de corte. Para


o caso do material GO, essas deformações significam ainda mudança do eixo
preferencial de magnetização em relação ao resto do material. Assim, se
for aplicado um campo magnético coincidente com a orientação dos grãos, de
modo a fazer coincidir os dois eixos com o de maior permeabilidade, a seção
de corte não estará operando nas melhores condições e, consequentemente,
apresentará perdas elevadas.

Para resolver esse problema procede-se a um tratamento térmico, a


algumas centenas de graus centígrados, capaz de eliminar as tensões internas
decorrentes da deformação e reconduzir os cristais à sua posição original, ou o
mais próximo desta. Para os aços ao silício GO, a temperatura de recozimento
deve estar na faixa de 7500 a 8200 C. No caso dos aços ao silício GNO a
temperatura não poderá ultrapassar 8000 C. Em ambos os produtos, o tempo
de forno deverá ser suficiente para atingir a temperatura especificada para o
tratamento térmico. Devem ser evitados aquecimento e resfriamentos bruscos
que podem introduzir tensões no material. A atmosfera do forno deve ser
neutra e seca para prevenir a oxidação e carbonetação do material. Esta
situação evita a degradação do revestimento e das propriedades magnéticas
do produto. Recomenda-se uma atmosfera de nitrogênio com 3 a 10% de
hidrogênio. Para prevenção da carbonetação é necessário, antes do tratamento
térmico, remover óleos, graxas e outros compostos orgânicos das lâminas.
Para evitar que o mesmo readquira tensões, recomenda-se manusear o
material tratado com o máximo de cuidado. A decisão da utilização, ou não, de
um recozimento de alívio de tensões, para restituição das propriedades
magnéticas aos seus valores originais, deve ser baseada nos requisitos de
cada aplicação.

9.4.2.3.7. Redução das perdas pelo corte a 450

Os núcleos magnéticos podem possuir perfis de diversas configurações,


tais como I, E, U e L. Se o núcleos forem montados com perfis do tipo L,
somente parte das linhas magnéticas terá orientação coincidente com o Eixo
Preferencial de Magnetização (EPM), gerando perdas elevadas nas linhas não
coincidentes com o eixo de magnetização preferencial. O problema se repete,
com magnitude de perdas diferenciadas, na montagem de núcleos com perfis
em E ou em E e L e de perfis em U ou em U e I. Somente não acontecerá
quando o núcleo for montado com perfis em I, pois nesse caso a própria
posição do I acompanhará a direção do fluxo magnético. É necessário
entretanto, estampar esses perfis de tal modo que o seu eixo maior seja
coincidente em direção com o eixo preferencial de magnetização.

O único problema que persiste é o da orientação das chapas e a direção


do campo na região das diagonais, pois nesse ponto ainda persiste a
discrepância entre o eixo preferencial de magnetização e a direção do campo
magnético. Uma solução para esse caso é o corte da chapa, nas extremidades,
a 450 e não a 900. Nessas condições, a diferença entre a orientação do campo
e o EPM é sensivelmente reduzida, com a conseqüente redução das perdas.
232

Um aspecto a ser observado, contudo, é a questão da anisotropia


cristalina. As chapas laminadas a frio apresentam anisotropia cristalina bem
mais acentuada do que as laminadas a quente. Levada em consideração, essa
anisotropia das chapas laminadas a frio leva a valores mais baixos de perdas
do que as chapas laminadas a quente. Deve-se, porém, cuidar para se usar a
chapa no sentido preferencial da magnetização, onde o valor de B é máximo
(caso do corte a 450).
EPM

Perfil U + Perfil I
ou
Perfil U + Perfil U

EPM
EPM

Perfil L + Perfil L

EPM

Perfil E + Perfil E
ou
Perfil E + Perfil I

EPM EPM EPM

EPM

EPM EPM

0
Figura 9.30 – Corte a 45
233

Por essa razão, em todos os casos em que o campo magnético tem


direção constante, ou seja, em que o núcleo é fixo e o elemento indutor
também (transformadores, por exemplo) e onde as perdas devem ser baixas,
utiliza-se a a chapa laminada a frio. Atentar para o fato que existem diversas
situações onde a direção do campo não é constante, o que significa que o
material deve apresentar magnetização a mais constante possível,
independente da direção do campo aplicado.

A figura 9.30 mostra algumas opções de corte para núcleos de


transformadores e sua influência sobre a indução final, a partir do campo
aplicado.

9.5. Aplicações Industriais

As aplicações dos materiais magnéticos resultam, em geral, de uma


análise custo - benefício entre a densidade de fluxo de saturação, perdas de
energia e custo. Atentar que a descrição está centrada em uma função
elétrica e não em um equipamento específico. No tocante aos aços silício
GO e GNO a tabela 32 contém as informações de aplicações destes materiais,
para os produtos da Acesita Aços Especiais. As informações referentes às
chapas ( E XXX) contemplam as características dos materiais disponibilizados
para o mercado.

a) Conversão de potência de baixa freqüência

Transformadores de Potência em Distribuição


Núcleos Silectron C e E
Toróides Silectron
Núcleos Supermendur C e E (400 HZ)
Núcleos com entreferro distribuído

Transformadores de Soldagem
Núcleos Silectron C

Transformadores Retificadores
Núcleos Silectron C e E
Núcleos Supermendur C e E
234

Mag Amps e Reatores Saturáveis


Núcleos Silectron C
Toróides Silectron
Toróides de fita Supermendur
Deltamax
Toróides de fita Permalloy Quadrado

Transformadores de Pulso
Núcleos Silectron C
Núcleos cortados Permalloy, Supermalloy, Deltamax e Supermendur
Permalloy, Supermalloy, Deltamax, Namglass I, Namglass II e
Supermendur
Toróides Silectron

Instrumentação (transformadores de corrente e potencial)


Núcleos Silectron C
Toróides Silectron
Núcleos cortados Permalloy, Supermalloy e Deltamax
Permalloy, Supermalloy, Namglass I e Namglass II
MPP, SUPER-MSS, HI-FLUX

Indutores de Potência
Permalloy, Supermalloy e Deltamax
MPP, SUPER-MSS, HI-FLUX

Indutores EMI
Núcleos Silectron C
Permalloy, Supermalloy e Deltamax
Namglass I e Namglass
MPP, SUPER-MSS, HI-FLUX
235

b) Aplicações em altas freqüências

Filtros de Corrente Contínua


MPP, SUPER-MSS, HI-FLUX
Núcleos Silectron C
Permalloy, Supermalloy e Deltamax

Filtros de Corrente Alternada

MPP, SUPER-MSS, HI-FLUX

Permalloy, Supermalloy e Deltamax

Filtros de Alto Q

MPP

Mag Amp e Reatores Saturáveis

Toróides de fita Permalloy Quadrado e Namglass III

Transformadores de Potência
Toróides de fita Namglass II, Permalloy e Supermalloy
Núcleos cortados Permalloy, Supermalloy e Deltamax
Núcleos Bobinados

Transformadores Flyback

MPP, HI-FLUX e SUPER-MSS


GROUP ARNOLD

Instrumentação (transformadores de corrente, magnetômetros)


Toróides de fita Permalloy e Supermalloy
Núcleos Bobinados Permalloy

c) Aplicações em por áreas temáticas

Sob a ótica do mercado, tem-se as seguintes aplicações industriais:


236

1) Potência

Conversão de potência de alta freqüência


Aplicações de altas freqüências

Conversão de potência em baixas freqüências


Todas as conversões de potência anteriormente listadas, exceto as de
transformadores de soldagem, transformadores de pulso e aplicações
magnéticas em instrumentação

Estruturas Silectron especiais


Partes de motores laminadas de alto desempenho

2) Aplicações Automotivas

Altas freqüências
Núcleos bobinados Permalloy para magnetômetros utilizados em
bússolas
MPP, HI-FLUX, SUPER-MSS e Silectron para aplicações magnéticas
nos sistemas especiais de ignição

Baixas freqüências
Transformadores de soldagem
Estruturas especiais de Silectron para sistemas de injeção de
combustível

3) Controle de velocidade de motores/Controle de luminosidade

Núcleos C para EMI e filtros CA


SUPER-MSS para EMI e filtros CA
Toróides Silectron para transformadores de corrente
Núcleos toroidais de fita para transformadores de corrente
SUPER-MSS para transformadores de corrente
Toróides Silectron para mag amps
Núcleos de fita toroidais para mag amps

4) Instrumentação

Toróides Silectron com entreferro para sensor de corrente de efeito Hall


Núcleos de fita toroidais com entreferro para sensor de corrente de efeito Hall
Núcleos bobinados Permalloy para magnetômetros
Toróides Silectron para transformadores de corrente
Núcleos toroidais de fita para transformadores de corrente
MPP, HI-FLUX, SUPER-MSS para filtros CC./CA
Núcleos Silectron C para transformadores de corrente

5) Utilitários elétricos

Núcleos com entreferro distribuído para transformadores de distribuição


Núcleos Silectron C para indutores de ajuste de fator de potência
237

Núcleos Silectron C e toróides para transformadores de corrente e de potencial

6) Equipamentos médicos

Núcleos C para transformadores de Alta Tensão


Núcleos C para filtros EMI
MPP, HI-FLUX e SUPER-MSS para filtros EMI

Conversão de potência em altas freqüências


Ver aplicações em altas freqüências

Núcleos C para transformadores de potência de alta eficiência em 60 HZ

7) Soldagem e processamento metalúrgico

Núcleos C para fornos de indução de altas freqüências


Núcleos C para transformadores abaixadores para soldagem
Toróides Silectron para transformadores de corrente
Toróides Silectron para controle de magamp
Toróides de fita para transformadores de corrente
Toróides de fita para controle de magamp

8) Telecomunicações

MPP para bobinas de carga


Conversão de potência em altas freqüências
Ver aplicações em altas freqüências

Conversão de potência em baixas freqüências


Ver aplicações em baixas freqüências

9) Equipamentos militares

Conversão de potência em altas freqüências


Ver aplicações em altas freqüências

Conversão de potência em baixas freqüências


Ver aplicações em baixas freqüências

10) Displays de iluminação e plasmas

Conversão de potência em altas freqüências


Ver aplicações em altas freqüências

Conversão de potência em baixas freqüências

Ver aplicações em baixas freqüências RN OL D GROU P


A RN OL D
238

GLOSSÁRIO DE TERMOS
PARA A INDÚSTRIA MAGNÉTICA
Amorfo Material magnético que não possui estrutura cristalina.
Ampere-espira por Unidade de força magnetizante no sistema MKSA, H, e definida pela
metro Lei de Ampère. Os ampere-espiras são por metro de trajeto
magnético.
Amplificador Magnético Equipamento que utiliza material com núcleo de histerese quadrado
– “magamp” para fornecer uma impedância série. Esta impedância é “desligada”
em um tempo pré-determinado durante um pulso de tensão.
Anisotrópico Possuindo propriedades que são dependentes da direção
considerada no material. Ver também, “isotrópico” e “grão orientado”.
Armadura Pedaço de ferro magnético macio colocado entre – ou nas – faces
dos pólos de um ímã permanente para reduzir a relutância do
entreferro e portanto reduzir o fluxo de escapamento do material.
Torna também o ímã menos susceptível às influências
desmagnetizantes.
Auto Indutância O mesmo que indutância.
AWG “American Wire Gauge”. Um sistema de unidades utilizado como
bitola para condutores magnéticos.
Banda de Corte Faixa de frequência na qual um indutor ou capacitor apresenta alta
impedância.
Banda de Passagem Faixa de frequência na qual um indutor ou capacitor apresenta baixa
impedância.
Bases Tubulares para Para núcleos maiores, onde as bobinas para injeção em moldes não
bobinas ("Coil Form" ou são disponíveis, bases tubulares são utilizados para se bobinar as
“Coil base tubes”) fitas magnéticas.
Blindagem Folhas de material de fina espessura que protegem componentes
sensíveis da EMI (Interferência eletromagnética) irradiada.
Bm Indução Máxima.
Bobina Molde para injeção no qual os enrolamentos são bobinados, em
muitos dos núcleos tipo C, tipo pote ( “pot cores) e laminados.
Bobina Bifilar Duas tiras de material magnético enroladas conjuntamente.
Bobina de Busca Bobina condutora, usualmente com área e número de espiras
conhecidos, utilizada como fluxímetro para medir alterações de
fluxos, concatenados com a bobina.
Bobina de Controle Bobina de um “magamp” ou de um reator saturável utilizado para
controlar a quantidade de energia magnética que o núcleo absorverá
antes de entrar em saturação.
Bobina Multifilar Técnica de bobinamento onde uma espira simples consiste de dois
ou mais fios magnéticos operando em paralelo. Isto reduz alguns dos
efeitos de segunda ordem típicos associados com um único
condutor. Tipicamente, são bobinas bifilares, trifilares, etc..
Bobina Primária Bobina de transformador que fornece a FMM de excitação para o
núcleo.
Bobina Secundária A bobina de um transformador que fornece, para a carga, energia
elétrica obtida a partir da energia magnética induzida no núcleo.
Bobinas de Carga Indutores utilizados para compensar a capacitância de linhas de
transmissão longas.
Calibragem (de um ímã Processo de reduzir a saída magnética de um ímã permanente
permanente) saturado a um valor preciso, usualmente conseguido pela aplicação
de um campo magnético permanente reverso, em incrementos
discretos, até que a saída desejada seja alcançada. Também
denominado, por vezes, de “sintonia” do ímã.
Caminho Magnético Trajeto que o fluxo magnético segue em um circuito magnético.
Campo de Escape Campo associado à divergência do fluxo, a partir do trajeto mais
(‘Fringing Fields”); Fluxo curto entre os pólos de um circuito magnético. Quando o fluxo passa
239

de Escape (“Fringing de um material de alta permeabilidade para um de baixa


Flux”) permeabilidade ocorre sua redistribuição. Ver Fluxo de Dispersão
Capacitor Componente que armazena energia elétrica, de forma similar à
maneira como um indutor armazena energia magnética. A unidade
de capacitância é o farad.
Capacitor de filtragem Capacitor, geralmente utilizado em conjunto com um indutor, que
filtra freqüências indesejadas, pela armazenagem de energia
eletrostática.
Carga Parte de um circuito elétrico que recebe energia.
Case Invólucro envolvendo um núcleo toroidal de fita, que o protege de
tensões do ambiente de trabalho. Também denominado, por vezes,
de caixa (“box”). Os materiais mais utilizados são nylon, vidro-nylon,
e alumínio.
Choke Indutor.
Ciclo de carga (“Duty Percentual máximo de utilização recomendado (ciclos) por unidade
Cycle”) de tempo. Alternativamente, fração percentual de tempo “ligado”,
entre 0 e 1 ou 0 a 100%.
Circuito Magnético A combinação de um ímã, condutor permeável para o fluxo e
entreferros através - ou ao redor – do qual o fluxo magnético passa.
Coeficiente de Também conhecido como “linha de carga” ou ponto de operação do
Permeância (Pc) ímã. O Pc é afetado pelas dimensões do ímã e do circuito magnético
associado. Podem ser efetuados cálculos para determinação do Pc
de ímãs no vácuo ou então utilizados gráficos e tabelas.
Coeficiente de Fator que descreve mudanças reversíveis nas propriedades
Temperatura magnéticas com alterações da temperatura. As propriedades
magnéticas retornam espontaneamente quando a temperatura volta
ao valor original, desde que uma condição limite não tenha sido
excedida. Usualmente expressa como mudança percentual por
unidade de temperatura, em uma faixa pré-determinada desta. Nota:
acima (ou abaixo) da temperatura crítica, que varia para cada
material, em função de suas características magnéticas, bem como
do circuito magnético associado, perdas irreversíveis podem ocorrer,
que serão recuperadas somente se o ímã for novamente saturado.
Ver Coeficiente Reversível de Temperatura.
Coeficiente Reversível Alteração no fluxo devido à mudanças de temperatura,
de Temperatura desaparecendo se esta retorna ao valor original. Existem dois
valores: Coeficiente Reversível de Temperatura da Indutância (Br) e
da Coercitividade (Hci). A faixa de temperatura na qual estas
alterações foram medidas deve ser especificada. Muitos materiais
exibem uma resposta não linear com variações da temperatura.
Coercitividade O mesmo que Hci. Indica a resistência de um material à
Intrínseca desmagnetização. É igual à força desmagnetizante que reduz a
indução intrínseca no material, Bi, a zero; medida em oersteds (ou
kA/m). Similar à coercitividade, o valor máximo da coercitividade
intrínseca é obtido após o material entrar em saturação
(completamente magnetizado).
Coercitividade, Hci ou Resistência de um material magnético à desmagnetização. É igual
iHc ao valor de H, onde a curva intrínseca intercepta o eixo H, no
segundo quadrante do laço de histerese. Expressa em oersteds ou
kiloAmperes por metro (kA/m).
Composto de Entreferro Adesivo aplicado à superfície do entreferro dos núcleos C e E para
(“Gap Compound”) reduzir os níveis de ruídos mecânicos. Em núcleos pequenos, pode
ter a finalidade de manter juntas as duas metades substituindo as
braçadeiras convencionais.
Comprimento do Comprimento da trajetória da linha central de fluxo no entreferro;
Entreferro– Lg medida em centímetros.
Comprimento do ímã – Comprimento total do material magnético percorrida em uma
Lm revolução completa da linha central do circuito magnético; medida
em centímetros.
Comprimento do Trajeto Comprimento da trajetória fechada que o fluxo magnético segue ao
240

Magnético longo de um circuito magnético. Determinado pela Lei de Ampère.


Para um núcleo sinterizado toroidal, o comprimento de trajetória
efetivo é definido levando-se em conta o decréscimo na densidade
de fluxo a partir do diâmetro interno para o externo, sendo
aproximadamente igual à circunferência média do anel.
Comprimento Médio da Caminho médio percorrido pelo fluxo em uma estrutura magnética.
Trajetória Magnética Em um toróide, é aproximadamente igual à circunferência média
Condição de Circuito Situação na qual um ímã magnetizado se encontra isolado, sem
Aberto existência de uma condição externa que permita uma trajetória do
fluxo em material permeável, ou seja, permeabilidade maior que 1.
Condição de Circuito Situação onde a trajetória do fluxo externo de um ímã permanente é
Fechado confinado no interior de um material de alta permeabilidade.
Condutor (fio) Condutor de cobre ou alumínio, com isolamento elétrico aplicado à
magnético sua superfície, para evitar continuidade elétrica entre espiras
adjacentes em uma bobina.
Conversor “Booster” Fonte de potência chaveada ((“switch-mode power supply –SMPS”)
que “chaveia” a tensão de entrada para valores mais elevados na
saída. Também denominada “up switcher.”
Conversor “Buck” Fonte de potência chaveada (“switch-mode power supply –SMPS”)
que “chaveia” a tensão de entrada para valores menores na saída.
Também denominada “down switcher”
Corrente de Excitação Corrente que produz energia magnética (ou fluxo) em um indutor.
Curva de Parte do laço de histerese situada entre o ponto de indução residual,
Desmagnetização Br, e o ponto da força coercitiva, Hc (curva normal ) ou Hci (curva
intrínseca). Pontos na curva normal são designados pelas
coordenadas Bd and Hd.
Curva de O laço de histerese correspondente a B versus H, onde B é a
Desmagnetização magnetização resultante somente do material magnético. Para a
Intrínseca curva normal, B corresponde à soma do campo externo aplicado
com o do material magnético.
Curva de Indução Gráfico que mostra a relação entre o indução normal e a força
Normal magnetizante.
Decapagem Química Processo utilizado para se efetuar laminações a partir de chapas de
fina espessura. O desenho desejado é traçado no material, utilizando
“silk-screen”, e produtos químicos sensíveis à luz são utilizados para
decapar o excesso. Este processo é popular para laminações de
baixo volume, onde os custos de ferramentaria seriam proibitivos
Densidade de Corrente Ampères por unidade de seção transversal do condutor
Densidade de Fluxo de Densidade de fluxo na qual o material satura.
Saturação
Densidade de Fluxo Densidade de fluxo gerada em um núcleo (ou em um material
Induzida magneticamente macio) pela FMM aplicada.
Densidade Magnética O campo de força magnética fundamental. “Fluxo” significa fluir (ao
de Fluxo (B) longo de um condutor que carrega uma corrente, por exemplo) e
“densidade” se refere ao seu uso em uma área fechada, com
determinação da tensão induzida pela Lei de Farady. Também
denominado “campo induzido”. Pela lei de Faraday, a unidades de
densidade de fluxo no sistema MKSA é o volt-segundo por metro
quadrado por espira ou “Tesla.” (No sistema CGS a unidade de
densidade de fluxo magnético é o Gauss. Existem 10,000 Gauss por
Tesla).
Fluxo Remanente ou residual ~ – A densidade de fluxo que
permanece em um material magnético após o campo magnético
aplicado ( a força magnetizante) ser removida.
Fluxo de Saturação – Densidade de fluxo que fornece a máxima
magnetização do material. A magnetização (M) é a contribuição do
material magnético à densidade total de fluxo.

B = µ0 (H + M), em unidades MKSA.


241

B=H+ M, em unidades CGS.

A magnetização de saturação é o máximo valor de magnetização. O


termo “saturação” é por vezes, utilizado como referência para o
decréscimo da permeabilidade com o aumento da força
magnetizante. Em um indutor, isto corresponde a um decréscimo da
indutância com a corrente.
Desacoplamento Circuito magnético onde a maior parte do fluxo gerado pela FMM
margeia ao redor do material magnético, sem penetrá-lo.
Desmagnetizado Condição do material onde um campo AC “em anel” reduziu a
indução remanescente a zero ou a valores desprezíveis. Um campo
AC em anel é um campo senoidal continuamente decrescente. Um
campo DC pulsado pode ser utilizado para se conseguir a
desmagnetização, mas demandará maior esforço e gerará
magnetização residual local.
Distorção Qualquer desvio da onda real em relação ao modelo matemático
ideal, expresso como percentual do sinal desejado. Distorção pode
ser expressa matematicamente em termos das harmônicas da
freqüência fundamental, parâmetro este de importância considerável
em transformadores para instrumentação.
Eletroimã Ímã formado por um fluxo de corrente fluindo através de um
condutor. O condutor elétrico pode ser um fio ou placa de cobre, ou
mesmo tiras de lâminas delgadas, acoplada à um material como o
aço, para conduzir o campo à áreas desejadas. O campo magnético
permanece somente enquanto existe corrente fluindo no condutor.
Energia Magnética Produto da densidade de fluxo (B) em um circuito magnético pela
força (des)magnetizante (H) necessária para alcançar aquela
densidade de fluxo. Ver Produto Energético.
Entreferro (“Air Gap”) Descontinuidade não-magnética em um circuito ferromagnético. Por
exemplo, o espaço entre os pólos de um ímã , embora preenchido
com latão, madeira ou qualquer outro material não magnético, é
denominado um entreferro.
Entreferro Discreto Entreferro mecânico criado por pequeno número de interrupções no
caminho magnético. Em um núcleo padrão tipo C este número é
geralmente igual a 2.
Entreferro Distribuído Característica principal dos núcleos sinterizados. É o efeito
cumulativo de pequenas inclusões gasosas distribuídas
aleatoriamente ao longo do núcleo. Em um núcleo MPP típico, as
inclusões gasosas resultam da utilização de material granulado
utilizado na confecção do núcleo e seu número é da ordem de
milhões. O resultado é um espalhamento mínimo do fluxo, se
comparado aos núcleos com um ou dois entreferros no caminho
magnético. (O fluxo que passa ao redor de um entreferro discreto e
pelos lados do núcleo é considerado como “espalhado”. Este fluxo
“espalhado” interage com os enrolamentos adjacentes e ocasiona
grandes perdas por correntes parasitas.
Equação de Legg’s Expressão para a perda total do núcleo em baixas densidades de
fluxo. É a soma das perdas por histerese, perdas residuais e por
correntes parasitas. A equação é :
Rac / µL = a f + cf + ef 2
onde
Rac = resistência efetiva devida às perdas no núcleo
µ = permeabilidade do núcleo
L = indutância, em henries
a = coeficiente de perda por histerese
Bmax = máxima densidade de fluxo, Gauss
f = freqüência
c = coeficiente de perda residual
e = coeficiente de perdas por correntes parasitas
Espira de Comprimento Comprimento médio de uma espira simples na bobina de um
242

Médio equipamento.
Estabilização Tratamento de um material magnético com a finalidade de aumentar
a permanência (estabilidade) de suas propriedades magnéticas em
determinadas aplicações, causando o aparecimento das perdas
anteriormente ou durante a instalação ou montagem, mas
anteriormente à aplicação dos testes e de seu uso.
Fator de Indutância (AL) Constante do núcleo utilizada para calcular a indutância, baseada no
número de espiras ao quadrado. O valor é dado em milihenries por
1000 espiras quadrado, o que é o mesmo que nanohenries por
espira quadrado.
L = AL N2 nanohenries
Ferrites Material magnético doce com baixa permeabilidade e perdas por
correntes parasitas extremamente reduzidas. Os mais comuns são
de níquel-zinco, manganês-zinco e magnésio-zinco.
Ferrites de Manganês- Material magnético doce utilizado em núcleos sinterizados e
Zinco caracterizado por baixas correntes parasitas. Usado para núcleos de
transformadores e indutores. Comparados aos ferrites de níquel-
zinco, apresentam maiores valores de densidade de fluxo de
saturação, mas maiores perdas em correntes de altas freqüências.
Ferrites de Níquel - Material para ferrite doce que apresenta baixa permeabilidade e
Zinco baixíssimas perdas por correntes parasitas. Outros ferrites comuns
são de manganês – zinco e magnésio – zinco.
Ferro Sinterizado Ferro particulado, submetido a altas pressões e sinterizado para
adquirir forma estrutural. Este tipo de material, ocasionalmente, é
utilizado em aplicações magnéticas, mas normalmente exibe perdas
excessivas no núcleo.
Ferro Carbonyl Pó de ferro magnético, de alto custo, utilizado em núcleos de ferro
sinterizados de baixa permeabilidade.
Ferro Esponjoso Ferro particulado de baixo custo utilizado para confecção de núcleos
sinterizados de alta permeabilidade. Este mesmo material é
largamente utilizado para sinterização na indústria metalúrgica.
Ferromagnetismo Materiais ferromagnéticos possuem campos atômicos que se alinha
paralelamente com os campos externos aplicados criando um campo
magnético total muito superior ao campo aplicado. Materiais
ferromagnéticos possuem permeabilidades muito superior à unidade.
Acima da Temperatura de Curie, os materiais ferromagnéticos
tornam-se paramagnéticos.
Filtro AC Circuito de filtragem que remove freqüências indesejadas
(harmônicas) da maioria das correntes AC. A definição inclui alguns
filtros EMI.
Filtro de Modo Comum Filtro para interferências eletromagnéticas – “EMI filter”-, o qual é
bobinado com ambos os condutores da fonte de potência, de forma
que o ruído, que não é comum a ambos os condutores, é filtrado. O
sinal desejado passa através do filtro de modo comum sem
obstrução.
Filtros DC Circuito de filtragem que remove o “ripple AC” de correntes
contínuas.
Filtros de Alto Q Circuito de filtragem (indutor e/ou capacitor) que possui alto Q. É
muito sensível à frequência e corta ou permite a passagem somente
das frequência situadas dentro de uma faixa estreita.
Filtros EMI Filtram ruídos indesejáveis (“EMI = electromagnetic interference”)
Fio de Litz Tipo especial de fio consistindo de muitos filamentos ( algumas
vezes, centenas) de material magnético enrolado de forma conjunta
para formar um condutor simples. Este tipo de fio oferece vantagens
sobre um fio monopolar em altas freqüências.
Flux 1 Na situação de testes pulsados especiais utilizados para avaliar
núcleos bobinados. Corresponde a Bm + Br.
Fluxímetro Instrumento que mensura a alteração do fluxo, utilizando uma bobina
de busca (“search coil”). A corrente na bobina de busca causada
pelo movimento relativo em relação ao ímã é integrada. Utilizando-se
243

uma bobina calibrada é possível calcular-se o campo presente, bem


como as propriedades magnéticas..
Fluxo No magnetismo, o campo magnético. Fluxo implica vazão, o que não
é o caso no magnetismo. Ou seja, nunca se mediu uma “vazão”
magnética. Fluxo é representado conceitualmente como “linhas
magnéticas de força” e sua densidade é medida em gauss ou tesla.
Fluxo 0 Na situação de testes pulsados especiais utilizados para avaliar
núcleos de fita bobinados. Corresponde a Bm – Br.
Fluxo de Escapamento, Parte do fluxo que não passa através do entreferro, ou parte útil do
Campo de circuito magnético decorrente de desvio para o polo oposto.
Escapamento
Fluxo Magnético Um conceito “ideal”, porém mensurável, desenvolvido como
tentativa para descrever a “vazão” de um campo magnético.
Diferente da corrente elétrica, onde existe realmente uma “vazão” de
elétrons, um campo magnético é o resultado do estado energético de
uma série de domínios magnético. Conceitualmente, pode-se
imaginar que a mudança seqüencial do estado energético que
resulta da aplicação do campo aplicado representa uma “vazão”.
FMM Força magnetomotriz
Fonte de Potência de Técnica de conversão de potência que envolve o chaveamento da
Modo Chaveado potência de entrada em pulsos de alta freqüência (através de
chaveamento) e recombinando-o (filtrando) no estágio de saída. Isto
facilita a regulação pois o ciclo do chaveamento (a quantidade de
volts-segundos de energia) pode ser controlada eletronicamente.A
potência de saída é geralmente monitorada e o tempo de
chaveamento é ajustado em resposta à carga. Em fontes chaveadas
com múltiplas saídas, o controle é baseado nas características de
uma das saídas, embora técnicas de regulação secundárias possam
ser utilizadas nas saídas “não controladas”. Abrevia-se geralmente
como SMPS
Força Coercitiva - Hc Igual à força desmagnetizante requerida para reduzir a indução
residual, Br, a zero; medida em oersteds (ou kA/m). A característica
de coercitividade do material é tomada a partir da máxima
coercitividade – o valor de H necessário para reduzir a indução
residual a zero após o material entrar em saturação (completamente
magnetizado).
Força Coercitiva Indica a resistência do material à desmagnetização. É igual à força
Intrínseca – Hci desmagnetizante que reduz a indução intrínseca, Bi, no material a
zero; medida em oersteds (ou kA/m). Como para a coercitividade, o
valor máximo da coercitividade intrínseca é obtido após o material
estar completamente saturado (completamente magnetizado).
Força Coercitiva, Hc Valor da força desmagnetizante que reduz a indução residual a zero.
A força coercitiva máxima, como medida em um ímã saturado, é
proporcional à densidade de fluxo remanescente. Ver “densidade de
fluxo”. Expressa em oersteds ou kiloAmperess por metro (kA/m).
Força Magnetizante Força magnetizante requerida no material para magnetiza-lo até a
Efetiva Líquida – Hs saturação; medida em oersteds (ou kA/m).
Força magnetizante ou Medida da quantidade magnética vetorial que determina a
desmagnetizante - H habilidade de um corrente elétrica, ou um corpo magnético, induzir
um campo magnético em um dado ponto; medida em oersteds (ou
kA/m).
Força Magnetomotriz Produzida geralmente por uma corrente elétrica fluindo através de
um bobina, com sua magnitude sendo proporcional à corrente, e ao
número de espiras. A unidade CGS da força magnetomotriz é
chamada Gilbert e definida pela equação :
F = 0.4 NI
onde I é em ampères e N o número de espiras. A unidade
racionalizada é o ampére-espira (ni). A força magnetomotriz pode
resultar também de um corpo magnetizado.
Força ou Campo Um campo magnético aplicado utilizado para conduzir outro material
244

Magnetizante (H) à condição de magnetizado. Pode ser induzido pela utilização de


corrente elétrica através de uma bobina ou de ímãs permanentes.
Pela lei de Ampère, a unidade de campo magnético (força
magnetizante) no sistema MKSA é o ampere-espira por metro; no
sistema CGS é o oersted. Um oersted é equivalente a 1000/( ) ou
79,58 ampere-espira por metro; um kOe = 0.0796 kA/m
Gauss Unidade de indução magnética, B, no sistema eletromagnético CGS.
Um gauss é igual a um maxwell por centímetro quadrado ou 10-4
tesla.
Gaussímetro Instrumento que mede o valor instantâneo da indução magnética, B.
(“Gaussmeter”) Opera baseado no efeito Hall, ressonância nuclear magnética (RNM)
ou princípio da bobina girante.
Gauss-Oersted Ver produto energético e máximo produto energético (BHmax).
GHz 1,000,000,000 Hz (gigaHertz).
Gilbert Unidade de força magnetomotriz, F, no sistema CGS.
Grão Orientado Aço silício ou outro material magnético granular que possui direção
preferencial de magnetização.
Hd O valor de H correspondente à indução remanescente, Bd; medido
em oersteds (ou kA/m). Ver também Bd Hd.
Henry Unidade de indutância.
Histerese e Perdas por Histerese é a tendência de um material magnético manter sua
Histerese magnetização. A histerese causa o gráfico da densidade de fluxo
magnético versus força magnetizante formar um laço, e não uma
linha. A área do laço representa a diferença entre a energia
armazenada e a energia liberada por unidade de volume do material,
em cada ciclo. Esta diferença é denominada a perda por histerese. É
um dos dois maiores responsáveis pelo mecanismo de perda em
núcleos de indutores; o outro mecanismo de perda é a corrente
parasita. As perdas por histerese são medidas em baixas
freqüências para distingui-las das perdas por correntes parasitas.
Histerese Magnética Propriedade de um material magnético que ocasiona que a indução
magnética para determinada força magnetizante dependa das
condições de magnetização anteriores.
Histeresegráfico Instrumento que desenha laços de histerese. Também chamado de
(“Hysteresisgraph”) permeâmetro.
Hm Símbolo comum para a máxima força magnetizante aplicada.
Impregnação com Epoxi Núcleos cortados são impregnados com epoxi para lhes conferir
rigidez mecânica. A impregnação não possui finalidade isolante.
Inclinação da linha de Relação entre a indução remanescente, Bd, e a força
operação– Bd/Hd desmagnetizante, Hd. É também conhecida como coeficiente de
permeância, linha de corte, linha de carga e permeância unitária.
Inclinação do Laço Quando um entreferro é adicionado ao caminho magnético, o laço de
(“Skewing Of The Loop”) histerese se inclina ( a permeabilidade é reduzida) ; diz-se que o
mesmo está inclinado (“skewed”) ou “retorcido” (“sheared”).
Indicador de Falta à Equipamento que detecta correntes de baixa intensidade no
Terra condutor neutro de uma linha elétrica. Isto requer núcleos de alta
permeabilidade; são utilizados, geralmente ligas de Ni-Fe.
Indução (B) Indução magnética, B, é o campo magnético induzido pela aplicação
de um campo aplicado, H. Medido como o fluxo por unidade de área
normal à direção do caminho magnético.
Indução Intrínseca – Bi Contribuição do material magnético à indução magnética total, B. É
(ou J) uma diferença vetorial entre a indução magnética no material e a
indução magnética que existiria no vácuo sob a mesma condição de
força magnetizante, H. Expressa pela equação Bi = B – Hem onde Bi
= indução intrínseca em gauss (ou tesla); B = indução magnética em
gauss (ou tesla); Hem = força magnetizante em oersteds (ou kA/m).
Indução Intrínseca de A máxima indução intrínseca possível em um material.
Saturação – Bis (ou Js)
Indução Magnética –B O campo magnético induzido pela força magnetizante H. É uma
245

soma vetorial, em cada ponto dentro da material, da força


magnetizante e da indução intrínseca resultante. A indução
magnética é o fluxo por unidade de área normal à direção do
caminho magnético.
Indução Magnética do O valor médio da indução magnética sobre a área do entreferro, Ag;
Entreferro – Bg também pode ser considerada como a indução magnética medida
em um ponto específico dentro do entreferro; expressa em Gauss.
Indução Remanescente Qualquer indução magnética que permanece em um material
– Bd magnético após retirada do campo magnético de saturação, Hs ( Bd
é a indução magnética de qualquer ponto da curva de
desmagnetização, expressa em gauss ou tesla).
Indução Residual (ou Indução magnética correspondente à força magnetizante nula em um
Densidade de Fluxo) material magnético após saturação, em circuito fechado; medida em
gauss ou tesla.
Indutância Indutância é a relação entre a tensão e a taxa de variação da
corrente Por definição, suas dimensões são volt-segundos por
ampère. Um volt-segundo por ampère é chamado um “Henry.”
Indutância de Indutância associada com o fluxo de escapamento da bobina do
escapamento (Leakage) núcleo.
Indutor Bobina com auto-indutância significante, tipicamente muitas espiras
e núcleo com permeabilidade. É um componente que armazena e
libera energia eletromagnética. Ver Indutância
Indutor de Balanço Tipo especial de indutor que apresenta alta indutância em baixas
(“Swinging”) FMM e indutâncias moderadas em altas FMM. Existem dois
procedimentos para se conseguir este comportamento: colocar uma
bobina comum a núcleos de alta e baixa permeabilidades ou inserir
entreferros “por estágios” em núcleos de alta permeabilidade.
Indutor puro Utilizado em todas as freqüências para fornecer aos circuitos
eletrônicos uma reat6ancia indutiva Q..
Indutores para Indutores utilizados com a finalidade básica de conversão de
Armazenar Energia potência e não para filtragem ou sintonia.
Interferência Irradiada EMI irradiada através do ar.
Isolante, Isolamento Oposto à condutor, ou seja, que não conduz corrente elétrica. Em
materiais magnéticos macios, refere-se ao isolamento entre
laminações adjacentes, camadas de lâminas delgadas ou partículas
sinterizadas. Associado também aos materiais de acabamento, com
capacidade dielétrica, aplicado aos núcleos.
Isotrópico Possuindo propriedades magnéticas que são independentes da
orientação magnética. A maioria dos materiais magnéticos é
anisotrópica, em sua forma fundida ou em pó: cada grão possui sua
direção preferencial de magnetização. Se as partículas não são
fisicamente orientadas durante a confecção do ímã, isto resulta em
um arranjo randômico das partículas e domínios magnéticos
produzindo propriedades magnéticas isotrópicas. Inversamente,
orientando o material durante o processamento produz um ímã
anisotrópico..
J Ver Bi - Indução Intrínseca
Joelho (da curva de Nos segundo e quarto quadrantes do laço de histerese, alguns
desmagnetização) materiais, como ferrites e ímãs de terras raras apresentam um
“joelho” ou mudança rápida na inclinação de sua curva intrínseca. A
localização deste joelho é de interesse para os projetistas. Se o ímã
opera abaixo do “joelho”, perdas irreversíveis de desmagnetização
na saída do ímã podem ocorrer.
Joule Unidade de energia para o SI
Js Ver Bis – Indução Intrínseca de Saturação
Laço BH Laço de histerese de quatro quadrantes. Na prática, somente o
primeiro e segundo quadrantes, ou, mais tipicamente, só o segundo,
é utilizado.
Laço de Histerese Curva fechada obtida para um material pela plotagem (usualmente
em coordenadas retangulares) dos valores correspondentes da
246

indução magnética, B, no eixo das ordenadas e a força


magnetizante, H, para abscissa quando o material é submetido a um
ciclo completo, entre limites definidos, da força magnetizante H ou da
indução magnética B. Se o material não chega à saturação, diz-se
que o mesmo está em um “laço menor”.
Laço Quadrado Laço de Histerese onde a diferença enter Bm e Br do material é
pequena, resultando em uma curva intrínseca com aparência
retangular.
Laço redondo Refere-se a um laço de histerese onde a diferença entre Bm e Br do
material é grande, resultando em uma aparência arredondada.
Laço Retangular Ver laço quadrado.
Lei de Faraday Lei que define a relação entre a tensão induzida ao longo da bobina
de um núcleo e a densidade de fluxo em seu interior.
Linha de Carga Representação gráfica da permeância
Linha de Operação A linha de operação para um dado circuito com ímã permanente é
uma linha reta passando através da origem da curva de
desmagnetização, com uma inclinação igual ao negativo de Bd / Hd.
Embora a inclinação seja negativa, por convenção os valores são
usualmente referidos ao módulo da inclinação ( ver também linha de
coeficiente de permeância).
Linhas de Força Linha imaginária representando o campo magnético, que em todos
Magnética os pontos possui a direção do fluxo magnético naquele ponto. O
fluxo é uma quantidade vetorial possuindo direção e magnitude.
Magnetômetro Sensores para atuadores baseados em propriedades magnéticas
Magnetostricção Expansão e contração mecânica de um material magnético
decorrente de alterações na densidade de fluxo magnético. O
coeficiente de saturação magnetostricitiva possui o símbolo s. É a
alteração de comprimento dividido pelo comprimento original (um
número adimensional) sendo medido na densidade de fluxo de
saturação. A magnetostricção causa ruído audível se a mesma for
suficientemente forte e o campo aplicado AC estiver também na
faixa de freqüência audível, isto é, 50 ou 60 Hz.
Mandril Peça que define a forma e tamanho da abertura em um núcleo de
fita bobinado quando de sua manufatura. Inclui núcleos de fita e
Silectron
Material Linear Material magnético que exibe permeabilidade aproximadamente
constante em uma larga faixa da FMM
Material Magnético Peças de material ferromagnético que, uma vez magnetizados, são
Doce facilmente desmagnetizados, ou seja, requerem pequena força
coercitiva para remoção do magnetismo residual. Classificação
aceita, geralmente, para materiais com coercitividade menor que 300
oersteds (24 kA/m), embora materiais magnéticos macios utilizados
em indutores possuam coercitividade inferior a 10 oersteds
Material Magnético Duro Material magnético "permanente" que possui uma coercitividade
superior ou igual à cerca de 300 oersteds (24 kA/m).
Material Magnético Peças de material ferromagnético conformadas que, após
Permanente magnetizadas, mostram resistência definitiva à desmagnetização
externa, ou seja, requerem alta força de desmagnetização para
remoção do magnetismo residual.
Material Não Linear Material magnético que apresenta mudanças drásticas na
permeabilidade quando a FMM é variada.
Máxima Temperatura de Máxima temperatura à qual o ímã pode ser exposto, sem alterações
Serviço – Tmax significativas em sua estabilidade à longo prazo ou mudanças
estruturais. Uma definição magnética proposta é que a curva de
histerese normal é, basicamente, no segundo quadrante, uma linha
reta até a temperatura Tmax tornando-se curva a partir deste ponto.
Máximo Produto O valor do máximo produto (Bd x Hd) que pode ser obtido na curva
Energético – BHmax de desmagnetização, ou seja, no segundo quadrante do laço de
histerese.
247

Maxwell Unidade de fluxo magnético no sistema eletromagnético cgs. Um


maxwell é uma linha de fluxo magnético
Mil 0.001 polegada. Um milésimo de uma polegada: 0.0254 mm
MKSA Sistema Metro-Kilograma-Segundo-Ampere. Em 1960, a 11a
Conferência Geral de Pesos e Medidas redefiniu algumas unidades
métricas originais e expandiu o sistema para inclui outras unidades
físicas e de engenharia. O sistema expandido é denominado “Le
Système Internationale d’Unités”, abreviado SI. É um dos dois
sistemas de unidades mais comumente utilizados para medir
quantidades eletromagnéticas. O outro é o sistema CGS, que é mais
antigo. A vantagem do sistema MKSA (SI) é que as unidades prática
para medir correntes e tensões são as mesmas utilizadas nas
equações de Faraday e Ampère. Em contraste, por exemplo, o
sistema CGS utiliza “statvolts” e “abamperes”, que não são as
mesmas como o volt e o ampère medidos normalmente pelos
equipamentos normais de testes e ensaios.
Mumetal Expressão utilizada por vezes para descrever o Permalloy
(especialmente na Europa); estritamente falando, liga com 65% de
níquel.
Núcleo “Slug” Núcleo com formato de bastão, com o enrolamento colocado ao
redor de seu diâmetro. Desnecessário dizer que o fluxo de escape é
o grande problema.
Núcleo cruciforme Núcleo cuja seção transversal é arredondada - “stepped”- para se
aproximar de um círculo. Desejável em equipamentos de alta tensão,
pois permite o uso de bobinas de seção circular sem perdas de
acoplamentos, que seriam inevitáveis se o núcleo tivesse seção
transversal quadrada. Uma bobina circular é preferível devido ao
efeito corona.
Núcleo de Fita Cortado Núcleos que são impregnados para garantir rigidez mecânica.
("Cut Tape Core")
Núcleos Bobinados Núcleos manufaturados a partir de chapas de liga de ferro, de fina
(“Tape Cores”) espessura, cortadas previamente em fitas de larguras pré-
determinadas.
Núcleos Cilíndricos tipo Configuração de núcleo com forma de pote ou cilindro, com uma
pote (“Pot Core”) “coluna” central, consistindo de duas metades colocadas ao redor da
bobina. Por este motivo, o núcleo é considerado como possuindo
auto-blindagem contra extravios do fluxo (EMI). Este tipo de núcleo
é geralmente utilizado somente para ferrites macias.
Núcleos com Gradação Núcleos MPP e HF possuem variações incrementais de
(‘Graded Cores”) permeabilidade, dentro de suas tolerâncias normais de ± 8%. São
expressas como desvios percentuais de seu valor nominal.
Núcleos MPP Núcleos sinterizados de molibdênio – permalloy (“Molybdenium
Permalloy Powder”), sinterizados a partir de pó confeccionado com
81% níquel, 2% molibdênio e 17% ferro.
Oersted Unidade de intensidade de campo magnético, H, no sistema
eletromagnético cgs. Um oersted é igual à força magnetomotriz de
um gilbert por centímetro de trajetória do fluxo. Um oersted x 0.0796
= um kA/m
Onda Quadrada Excitação que consiste ciclos abruptos de tensão, geralmente
alternado nas direções positiva e negativa. Uma onda quadrada
somente positiva seria tipicamente uma excitação pulsada.
Perdas Irreversíveis Definida como a desmagnetização parcial de um ímã, causada pela
exposição à altas ou baixas temperaturas, campos
desmagnetizantes externos ou outros fatores. Estas perdas podem
ser recuperadas através de um re-magnetização. Os ímãs podem
ser estabilizados contra estas perdas irreversíveis por
desmagnetização parcial, induzidas por ciclos térmicos ou campos
externos aplicados. A estabilização resulta em um perda
anteriormente à colocação do ímã em serviço, sendo que as
condições de projetos já utilizam um valor de saída igual à do ímã
248

estabilizado.
Perdas no núcleo Potência dissipada em um material magnético que a densidade de
fluxo se altera. Também denominada “perdas no ferro” ou “perdas
por excitação”.
Perdas por Corrente Perdas no núcleo associadas à resistividade elétrica do material
Parasita (“Eddy Current magnético e tensões induzidas no interior do material. As correntes
Loss”) parasitas são inversamente proporcionais à resistividade do material
e proporcionais à taxa de variação da densidade de fluxo. As
correntes parasitas e as perdas por histerese são os dois mais
importantes fatores de perdas no núcleo. As perdas por correntes
parasitas tornam-se dominantes em núcleos sinterizados à medida
que a freqüência aumenta.
Perdas pulsadas As perdas no núcleo excitados por sinais pulsados são bastante
diferentes das perdas com sinais senoidais ou em forma de onda
quadrada. São necessárias, geralmente, curvas especiais para se
determinar, precisamente, as perdas no núcleo. Existem, por outro
lado, métodos para se estimar as perdas pulsadas a partir das
curvas de perdas convencionais.
Permalloy – 4 - 79 Liga composta por 4% molibdênio, 79% níquel, 17% ferro utilizada
Molibdênio - Permalloy para confecção de núcleos de fita e laminados.
Permeabilidade Habilidade de um material carregar o fluxo magnético, em
comparação ao ar ou vácuo, que possuem, por definição,
permeabilidade unitária.
Permeabilidade Inicial Limite da permeabilidade incremental quando a força magnetizante
variante, sem polarização, tende a zero. Em razão do entreferro
distribuído dos núcleos sinterizados, a permeabilidade inicial e a
incremental, sem polarização, são essencialmente iguais
Permeabilidade Normal Razão entre a indução normal para a força magnetizante
-µ correspondente. No sistema cgs, a densidade de fluxo no vácuo é
numericamente igual à força magnetizante e, consequentemente, a
permeabilidade magnética é numericamente igual à relação entre a
densidade de fluxo e a força magnetizante. Portanto,:
µ=B/H
Nota: Em um meio anisotrópico a permeabilidade é função da
orientação do meio pois, em geral, a força magnetizante o fluxo
magnético não são paralelos.
Permeabilidade A permeabilidade de um material magnético expressa em unidades
Absoluta físicas efetivas, e não relativa à permeabilidade do vácuo. A
permeabilidade dos materiais magnéticos é raramente expressa em
termos da permeabilidade absoluta. A prática mais usual é a
utilização da permeabilidade relativa.
Permeabilidade de Relação entre a alteração na densidade de fluxo e mudanças
Recuo ( “Recoil” ) incrementais no campo aplicado (H), nas imediações de H = 0.
Adimensional, em qualquer sistema.
µ0 µr = B/H em unidades MKSA.
µr = B/H em unidades CGS
Permeabilidade do A permeabilidade de um volume ocupado pelo vácuo. Algumas
Vácuo - o vezes denominada constante magnética. A permeabilidade do vácuo
é uma constante arbitrária utilizada com a permeabilidade relativa
para definir o campo magnético (força magnetizante), H, sendo
responsável pela contribuição do material magnético à densidade
total de fluxo. No sistema MKSA, possui magnitude de x 10-7, com
dimensão de Henries por metro. No sistema CGS, a permeabilidade
do vácuo possui magnitude igual a 1 (adimensional). No sistema
MKSA foi escolhida de forma que as unidades práticas para
medições elétricas de tensão e corrente fossem consistentes com
as quantidades magnéticas correspondentes.
Permeabilidade Razão entre a mudança na densidade de fluxo magnético em
Incremental relação à alterações ocorridas no campo magnético (força
249

magnetizante)
µ = (1/µo) B/ H em unidades MKSA
µ = B/ H em unidades CGS
As variações no campo magnético são pequenas ou “incrementais”,
podendo decorrer da adição de um campo polarizador estacionário
(DC). Para núcleos sinterizados, os dados sobre permeabilidade são
considerados incrementais, a menos que haja observação em
contrário. Em razão do entreferro distribuído dos núcleos
sinterizados, a permeabilidade inicial e a incremental, sem
polarização, são essencialmente iguais.
Permeabilidade Inicial Permeabilidade relativa de um material magnético para níveis de
fluxos extremamente reduzidos.
Permeabilidade Líquida Permeabilidade de um circuito magnético quando todos os materiais,
entreferros e FMMs são levados em consideração. O mesmo que
permeabilidade efetiva.
Permeabilidade Pulsada Permeabilidade de um material magnético quando a excitação é na
forma de um pulso unipolar de curta duração.
Permeabilidade Relativa Permeabilidade de um material comparada com a permeabilidade do
vácuo. Isto é o que normalmente se especifica como a
permeabilidade do material.
Permeâmetro Instrumento utilizado para verificar a permeabilidade de núcleos de
baixa permeabilidade como o MPP e ferro sinterizado. Este tipo de
instrumento é preferível à ponte de indutância, pois é melhor
adaptado a testes de alta velocidade. Em materiais magnéticos
permanentes, o instrumento é utilizado para medir, e por vezes
registrar, as características magnéticas de um corpo de teste.
Também denominado “histeresegrama”.
Permeância Recíproco da relutância, R, medida em maxwells por Gilbert
Pó de ferro Material utilizado na fabricação de núcleos magnéticos macios
sinterizados, na forma de partículas finamente granuladas,
misturadas com materiais ligantes e isolantes. Esta mistura é
prensada e curada termicamente para gerar os núcleos de indutores.
Polarização DC Corrente contínua aplicada à bobina de um núcleo, adicionalmente à
qualquer corrente alternada. Indutância com polarização DC é uma
especificação comum para núcleos sinterizados. A indutância
decresce gradualmente, de forma calculada, com o aumento da
polarização DC.
Pólos Magnéticos Norte O polo norte de um ímã (ou bússola) é atraído para o polo norte
e Sul geográfico da terra (que é, por definição, o polo sul magnético) e o
polo sul magnético de um ímã é atraído para o polo sul geográfico da
terra. O polo norte de um ímã ou bússola é designado pela letra “N”,
o o outro polo pela letra “S”. O polo norte (N) de um ímã atrairá o
polo sul (S ) de outro ímã: pólos diferentes se atraem.
Ponte Ver Ponte de Indutância.
Ponte de Indutância Instrumento utilizado para medir diretamente a indutância de um
equipamento.
Ponto de Operação Ponto na curva de desmagnetização definido pelas coordenadas (Bd
/ Hd ) ou o ponto dentro da curva de desmagnetização definido pelas
coordenadas (Bm ,Hm ).
Produto Energético Energia que um material magnético pode fornecer para um circuito
magnético externo quando operando em um ponto de sua curva de
desmagnetização; expressa em megaGauss-Oersteds (MGOe). Ver
também BHmax.
Produto Energético – Bd Indica a energia que um material magnético pode fornecer a um
x Hd circuito magnético externo quando operando no ponto Bd, Hd de sua
curva de desmagnetização; medida em megaGauss-Oersteds
(MGOe) ou kiloJoules por metro cúbico (kJ/m3).
Produto Energético Produto de Bd e Hd que fornece o valor máximo. Ver também
Máximo (BHmax) “BHmax”
250

Q Qé vezes a relação da energia de pico armazenada pela energia


dissipada durante um período de fluxo de corrente elétrica através de
um indutor. Valores mais altos de Q podem ser conseguidos
reduzindo-se a energia dissipada no material do núcleo (diminuindo
as perdas no núcleo ). Perdas por correntes parasitas são as
grandes responsáveis pela queda de Q com o aumento da
freqüência, como mostrado pelas curvas MMP x Q.
Queda da FMM Parte de um circuito magnético que “consome” a FMM aplicada.
Razão Dimensional Razão entre o comprimento de um ímã para seu diâmetros, ou o
Lm/D – diâmetro de um círculo com área da seção transversal equivalente.
Para geometrias simples, com barras e bastões, a razão dimensional
está relacionada à inclinação da linha de operação do ímã, Bd /Hd.
Reatância “Resistência” aparente que um capacitor ou indutor fornece ao
circuito.
Reator Saturável Descreve o principal elemento de um amplificador magnético
utilizado para controle de potência elétrica, tal como para controle de
elementos resistivos para aquecimento de fornos.
Recozimento Condicionamento, em alta temperatura, dos materiais magnéticos
para aliviar tensões internas originadas durante o processamento
mecânico do material. Para prevenir oxidação, o recozimento é
geralmente efetuado em atmosfera de gás inerte ou vácuo.
Regulação No projeto de um transformador, o percentual da potência total
nominal que é decorrente de perdas no núcleo. Isto é significante
pois indica quanto a tensão de saída será alterada quando o
transformador variar da condição de “a vazio” até “plena carga”.
Regulação Posterior Técnica baseada na utilização de núcleos para regular as saídas
“desreguladas” de uma fonte chaveada de saídas múltiplas. Podem
ser utilizados transistores ou magamps.
Relação de Ver relação de quadratura.
Retangularidade
Relação de Relação numérica entre a quantidade de fluxo interceptado pela
transferência de fluxo bobina secundária e o fluxo total criado pelos ampére-espiras
aplicados.
Relutância De alguma forma análoga à resistência elétrica, é a quantidade
determina o fluxo magnético, ø, resultante de uma força
magnetomotriz F,
R=F/ø
Onde:
R = relutância, em gilberts por maxwell
F = força magnetomotriz, em gilberts
ø = fluxo, em maxwells
Remanência Indução magnética remanescente em um material quando a força
magnetizante foi reduzida a zero. Também chamada “indução
remanescente”.
Residual Flux Fluxo que permanece em um núcleo quando a FMM aplicada é
levada a zero
Resistividade Elétrica Resistência elétrica ao fluxo de corrente em ohms por unidade de
comprimento do material sob avaliação.
Saturação Situação onde um aumento na força magnetizante, H, não causa um
aumento correspondente na indução magnética intrínseca, B, do
material.
Seção Neutra Definida por um plano passando através de um ímã perpendicular à
sua linha central de fluxo, no ponto de fluxo máximo.
Sendust Liga contendo 9% silício, 6% alumínio, 85% ferro na forma
particulada. As partículas são cobertas por um filme dielétrico,
compactadas e curadas para formar partes magnéticas como
núcleos de indutores.
Sensibilidade à Tensão Refere-se ao fato que as propriedades dos materiais magnéticos
podem ser alteradas se o mesmo for submetido a estresses
251

mecânicos.
Sistema CGS Sistema Centimetro-Grama-Segundo, o mais antigo sistema de
unidade e ainda utilizado na especificação das características dos
núcleos sinterizados. Utilizam-se as unidades para força
magnetizante, densidade de fluxo magnético, comprimento, massa e
tempo.
Temperatura de Curie – Temperatura de transição acima da qual um material perde suas
Tc propriedades (ferro)magnéticas. Muitas referências consideram que
o material ferromagnético torna-se paramagnético (fracamente
magnético).
Temperatura de Curie:, Temperatura acima da qual os materiais ferromagnéticos se tornam
Tc paramagnéticos, perdendo substancialmente todas suas
propriedades magnéticas permanentes. Algumas referências
colocam que os materiais se tornam não magnéticos acima da
temperatura de Curie.
Temperatura de Após manufaturados, muitos tipos de materiais magnéticos (duros e
Estabilização macios) podem passar por ciclos térmicos para torná-los menos
sensíveis a extremos subseqüentes de temperatura
Tempo de Parâmetro mensurado nos núcleos bobinados como parte do teste
Chaveamento especial de pulso geralmente aplicado. É uma indicação direta da
permeabilidade do material magnético e das perdas no núcleo.
Tensão DC Recozimento de um material magnético em presença de um campo
magnético DC, para melhorar suas propriedades magnéticas.
Tesla Unidade dos sistema MKSA (SI) para densidade de fluxo magnético
definida pela Lei de Faraday. Uma tesla representa um volt-segundo
por metro quadrado por espira. Uma tesla eqüivale a 10.000 Gauss
Teste de Malha EI Método para observação das propriedades dinâmicas de um laço de
histerese de um núcleo magneticamente macio. Este teste é
freqüentemente utilizado quando os núcleos devem ser combinados
para utilização em pares..
Teste Epstein Método padrão de avaliar lâminas delgadas de ligas magnéticas para
verificação de permeabilidade e perdas no núcleo.
Testes Pré-embalagem Núcleos de fita normalmente são testados após o recozimento, mas
antes de serem encapsulados ou imersos em epoxi. Isto permite
novo recozimento se o núcleo falha no teste, recuperando núcleos
que seriam sucateados.
Trajetória de Retorno Um ímã constitui, tipicamente, somente uma parte de um circuito
magnético. Materiais magnéticos macios, como o aço, são utilizados
para conduzir o fluxo magnético até o entreferro ou até a região de
trabalho para interação com os outros componentes. Este condutor
para o circuito magnético é referido como a “trajetória de retorno”,
sendo usualmente projetado para minimizar fluxos de escape e
dispersão.
Transdutor de Efeito Equipamento que produz uma tensão de saída dependente de uma
Hall tensão DC aplicada e um campo magnético incidente. A magnitude
da saída é uma função da intensidade de campo e do ângulo de
incidência existente com o equipamento Hall.
Transformador Equipamento que funciona com indutor e transformador.
"Flyback"
Transformador de Casa- Transformadores que isolam eletricamente dois circuitos, mas que
mento de Impedância são projetados de maneira a otimizar a transferência de energia
Transformador de O transformador que está imediatamente “acima” de nossa parede
Distribuição externa.
Transformador de Transformador de baixa potência, com função de isolamento,
isolamento (“Drive utilizado em eletrônica para controle de circuitos integrados.
Transformer”)
Transformador Inversor Transformador projetado de tal forma que uma potência DC aplicada
é convertida em potência AD (aproximada à uma onde quadrada).
Geralmente, o núcleo é levado à saturação para melhor rendimento.
Transformador Transformador projetado para produzir uma tensão contínua, se
252

Retificador utilizado com um circuito retificador (muda a tensão AC para DC).


Dependendo do tipo de retificador, pode ser necessário para o
núcleo acomodar uma polarização DC.
Transformador RF Transformador para rádio - freqüências
Transformadores de Transformadores projetados para serem excitados por pulsos de
Pulso curta duração periódicos.
Weber Unidade prática de fluxo magnético. É a quantidade de fluxo
magnético que, quando associado, à uma taxa uniforme, com um
circuito elétrico constituído por uma espira simples, durante o
intervalo de 1 segundo, induzirá neste circuito um força eletromotriz
de 1 volt. 1 Weber = 108 Maxwells
253

Lista de exercícios sobre Materiais Magnéticos - Capítulo 9

1) O que é a permeabilidade de um material magnético? O que esta


propriedade caracteriza no material ?
2) Como se classificam os materiais, no tocante à sua permeabilidade ? (5
categorias)
3) O que é o fenômeno de saturação magnética ? Que fatores influenciam a
saturação magnética?
4) Qual a diferença entre curva normal e curva intrínseca, em um laço de
histerese?
5) Quando se utiliza a curva intrínseca e quando se utiliza a curva normal?
6) Que informações contém os parâmetros magnetismo residual (ou
remanência), representado por Br, e coercitividade, ou Hc ?
7) O que é o coeficiente de permeância?
8) Qual o significado, e qual a utilidade, da permeabilidade de recuo, ou
reversível de um ímã?
9) O que é, e de que depende, a relutância de um circuito magnético?
10) Qual a diferença entre um entreferro discreto e um entreferro distribuído?
11) Qual a relação entre a relutância magnética e a impedância elétrica em um
circuito elétrico? Como estes parâmetros se interrelacionam?
12) Explique a diferença entre os materiais magnéticos doces e os materiais
magnéticos duros, no tocante ao seu comportamento e aplicações.
13) Quando um material se encontra submetido à magnetização, como se
comportam seus domínios magnéticos no primeiro quadrante do laço de
histerese?
14) Quais as características básicas dos ímãs de Alnico? Quais suas
aplicações?
15) Quais as características básicas dos ímãs de Ferrite Duro? Quais suas
aplicações?
16) Quais as características básicas dos ímãs de Neodímio - Ferro - Boro,
também conhecidos como ímãs "neo"? Quais suas aplicações?
254

17) Quais as características básicas dos ímãs de Samário - cobalto? Quais


suas aplicações?
18) O que são ímãs ligados? Quais os principais tipos existentes?
19) Os materiais magnéticos doces são utilizados em grande escala como
materiais para núcleos magnéticos em componentes para circuitos
eletroeletrônicos. Nesta aplicação, diferencie entre Transformadores de RF,
Transformadores de Precisão, Reatores Saturáveis, Indutores Puros, Filtros
EMI e Indutores de Armazenamento de Energia.
20) Quais as principais características dos ferrites doces?
21) Quais as principais características dos pós de ferro?
22) Quais as principais características dos núcleos MPP (Pó de Molibdênio
Permalloy)?
23) Quais as principais características dos núcleos Hi - Flux ?
24) Quais as principais características dos núcleos Super - MSS ?
25) O que são núcleos toroidais de fitas ? Dê exemplos de alguns destes
materiais, com as características dos mesmos.
26) O que são núcleos de fita cortados? Quais suas diferenças em relação aos
núcleos de fita bobinados? Cite algumas características destes materiais.
27) O que são núcleos e toróides Silectron?
28) Quais são as principais aplicações magnéticas do ferro, também chamado
como "ferro comercialmente puro" ou "ferro doce magnético", de acordo com a
NBR 6544?
29) Quais as diferenças entre as aplicações dos aços siliciosos de grão não
orientado para uso em freqüências comerciais (produtos planos), os aços
siliciosos de grão orientado para uso em freqüências comerciais (produtos
planos) e os aços siliciosos extrafinos para uso em alta freqüência (produtos
planos), de acordo com a NBR 6544?
30) Explique como as perdas no equipamentos magnéticos pode ser reduzida
através da laminação dos materiais.
31) Fale sobre os principais tipos de revestimento para os aços elétricos, com
as características básicas de cada.
32) Como a composição de um aço elétrico pode influenciar nas perdas
existentes para este material?
255

33) Explique como as perdas podem ser reduzidas pelo corte a 450 das chapas
para núcleos de transformadores.
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