Você está na página 1de 30

A T R A N S F O R M A DA D E

LAPLACE
E D S O N R O D R I G U E S C A R VA L H O * 1

CONTEÚDO

1 Introdução 3
2 Existência da Transformada de Laplace 4
3 Definição e Exemplos da Transformada de Laplace 4
4 Exercicios 8
5 Propriedades da Transformada 9
6 A Transformada Inversa de Laplace 14
7 Convolução 18
8 Equações Diferenciais Utilizando a Transformada de Laplace 21
8.1 Solução dos Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
9 Exercícios 29

L I S TA D E F I G U R A S

Figura 1 Entrada f(x) e saída F(s)=L(f(x)) . . . . . . . . . . 3


Figura 2 Entrada F(s)=L(f(x)) e saída f(x) . . . . . . . . . . 3
Figura 3 Função de Heaviside, para c=0 . . . . . . . . . . 11

L I S TA D E TA B E L A S

Tabela 1 Transformadas de Laplace . . . . . . . . . . . . . 15

* Instituto de Matemática, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande,


MS

1
L I S TA D E TA B E L A S 2

RESUMO

Neste trabalho, a Transformada de Laplace é utilizada para resol-


ver Equações Diferenciais Ordinárias (EDO) lineares com coeficientes
constantes, convertendo uma EDO em um problema algébrico. Tam-
bém, será utilizada para equações diferenciais não homogêneas, prin-
cipalmente aquelas em que o lado direito é uma função contínua por
partes ou uma função impulso.
INTRODUÇÃO 3

1 INTRODUÇÃO

A transformada de Laplace é uma técnica importante para a so-


lução de problemas na teoria de equações diferenciais. A técnica
consiste em resolver equações diferenciais como se fossem equa-
ções algébricas.

A Transformada de Laplace pode ser vista como uma "caixa preta",


em que do lado esquerdo temos a função que entra na caixa e do
lado direito a função correspondente que sai da caixa.

Notação: F(s) = L(f(x)) ou G(s) = L(g(x)) denotam as Transforma-


das de Laplace das funções f(x) e g(x), respectivamente.

O sistema composto pela entrada f(x), processada na caixa preta,


com saída L(f(x)) = F(s), possui propriedades importantes [2]:

O SISTEMA É LINEAR , ou seja, L(af(x) + bg(x)) = aL(f(x)) +


bL(g(x)).

O S I S T E M A D E S T R Ó I D E R I VA D A S , ou seja, se f 0 (x) entra na caixa,


ela sai como sF(s) − f(0).

O SISTEMA É INVERTÍVEL , ou seja, existe uma outra caixa preta,


denotada por L−1 ,
que recebe como entrada a função saída
F(s) e retorna como saída a função original f(x).

A Figura 1 mostra o formato de um sistema do tipo entrada-saída.

f(x) Processador: L(f(x)) F(s)=L(f(x))

Figura 1: Entrada f(x) e saída F(s)=L(f(x))

A Figura 2 mostra a Transformada Inversa do sistema acima.

f(x) Processador: L−1 (f(x)) F(s)=L(f(x))

Figura 2: Entrada F(s)=L(f(x)) e saída f(x)


E X I S T Ê N C I A DA T R A N S F O R M A DA D E L A P L AC E 4

2 E X I S T Ê N C I A DA T R A N S F O R M A DA D E L A -
PLACE

A Transformada de Laplace não necessariamente existe para qual-


quer função f. De fato, para que a transformada exista é suficiente
que a função f satisfaça basicamente duas condições:

1. f tem que ser, pelo menos, contínua por partes em qualquer


intervalo finito contido em [0, ∞).

2. f não cresça mais rapidamente do que a função exponencial


ekx , quando x → ∞. Assim, vamos supor que f satisfaça:

|f(x)| 6 Mekx , 0 6 x < ∞,

em que M e k são constantes positivas. Neste caso, dizemos


que f(x) é de ordem exponencial.

A propriedade de continuidade
Ra −sx de f(x) garante a existência de inte-
grais finitas, do tipo 0 e f(x)dx. Por outro lado, a propriedade
de f(x) ser de ordem exponencial garante a convergência no infinito
[4].

Neste trabalho, utilizaremos apenas funções que são admissíveis,


isto é, satisfazem às condições acima.

3 D E F I N I Ç ÃO E E X E M P L O S DA T R A N S F O R -
M A DA D E L A P L AC E

Definição 1. Dada uma função f(x) com domínio no intervalo [0, ∞),
definimos sua Transformada de Laplace, F(s), por:
Z∞
F(s) = e−sx f(x)dx = L(f(x)) (s = complexo), (1)
0

admitindo que a integral imprópria convirja, pelo menos para al-


gum valor de s.

Observação 1. Em muitas aplicações, a variável s pode estar restrita


a valores reais.
D E F I N I Ç ÃO E E X E M P L O S DA T R A N S F O R M A DA D E L A P L AC E 5

Exemplo 1. Calcule: Transformada de Laplace de f(x) = k [5].


Solução 1.
Z∞ Za
−sx
L(f(x)) = kdx = k lim
e e−sx dx
0 a→∞ 0
 −sx a
e 1 k
= k lim = k = , s > 0.
a→∞ −s 0 s s

Untitled1 Logout

File Edit View Insert Cell Kernel Widgets Help Trusted Python 3 !

" + # $ % & ' ( Run ) * + Code ,

In [31]: import sympy


import matplotlib.pyplot as plt

k = sympy.symbols('k', real=True, positive=True)


x, s = sympy.symbols('x, s')
f = k
def F(s):
return sympy.laplace_transform(f,x,s,noconds=True)
F(s)

Out[31]: 𝑘
𝑠

Exemplo 2. Calcule a transformada de Laplace de f(x) = kx.


Solução 2.
Z∞ Za
−sx
L(kx) = kxdx = k lim
e xe−sx dx
0 a→∞ 0
1 h −sx 1 −sx ia h 1 1 i k
= k lim (− ) xe + e = k (− )(− ) = 2 .
a→∞ s s 0 s s s

Untitled1 Logout

File Edit View Insert Cell Kernel Widgets Help Trusted Python 3 !

" + # $ % & ' ( Run ) * + Code ,

In [30]: import sympy


import matplotlib.pyplot as plt

k = sympy.symbols('k', real=True, positive=True)


x, s = sympy.symbols('x, s')
f = k*x
def F(s):
return sympy.laplace_transform(f,x,s,noconds=True)
F(s)

Out[30]: 𝑘
𝑠2
D E F I N I Ç ÃO E E X E M P L O S DA T R A N S F O R M A DA D E L A P L AC E 6

Exemplo 3. Calcule a transformada de Laplace da função f(x) =


ekx [3].
Solução 3.
Z∞ Za
kx −sx kx
L(e ) = e e dx = lim e−(s−k)x dx
0 a→∞ 0

e−(s−k)a − 1 1
= lim = , s > k.
a→∞ −(s − k) s−k

Untitled1 Logout

File Edit View Insert Cell Kernel Widgets Help Trusted Python 3 !

" + # $ % & ' ( Run ) * + Code ,

In [10]: import sympy


import matplotlib.pyplot as plt
k = sympy.symbols('k', real=True, positive=True)
x, s = sympy.symbols('x, s')
f = sympy.exp(k*x)
def F(s):
return sympy.laplace_transform(f,x,s,noconds=True)
F(s)

Out[10]: 1
−𝑘 + 𝑠

No exemplo 2, fizemos uma integração por partes (u = x e dv =


e−sx dx). No Exemplo 4, faremos 2 integrações por partes, definindo,
inicialmente u = e−sx e dv = cos kxdx.

Exemplo 4. Calcule a transformada de Laplace da função f(x) =


cos kx [5].
Solução 4.
Z∞ Za
−sx
L(cos kx) = cos kxdx = lim
e e−sx cos kxdx
a→∞
0
 a Z a 0
−sx sin kx −sx sin kx
= lim e − (−se ) dx
a→∞ k k
Za 0 0
s
= lim e−sx sin kxdx
k a→∞ 0
D E F I N I Ç ÃO E E X E M P L O S DA T R A N S F O R M A DA D E L A P L AC E 7

Integrando novamente por partes, temos:


 a Z a
s −sx cos kx −sx cos kx
L(cos kx) = lim −e − (−se )(− )dx
k a→∞ k k
Za 0 0
s s2
= 2 − 2 lim e−sx cos kxdx
k k a→∞ 0
s s2
= 2 − 2 L(cos kx).
k k
Portanto,
s2 s
L(cos kx) + L(cos kx) = 2
k 2 k
s k2 s
L(cos kx) = 2 · 2 = 2 .
k k +s 2 k + s2

Untitled1 Logout

File Edit View Insert Cell Kernel Widgets Help Trusted " Python 3 !

# + $ % & ' ( ) Run * + , Code -

In [11]: import sympy


import matplotlib.pyplot as plt
k = sympy.symbols('k', real=True, positive=True)
x, s = sympy.symbols('x, s')
f = sympy.cos(k*x)
def F(s):
return sympy.laplace_transform(f,x,s,noconds=True)
F(s)

Out[11]: 𝑠
𝑘2 + 𝑠2

Exemplo 5. Calcule a transformada de Laplace da função [6]



x, if 0 < x < 4
f(x) = (2)
5, if x > 4

Solução 5.
Z∞
L(f(x)) = e−sx f(x)dx
Z04 Z∞
−sx
= e xdx + e−sx 5dx.
0 4
EXERCICIOS 8

Utilizando integração por partes na penúltima integral, obtemos


para s > 0:
h x 1 i4 h 5 i∞
L(f(x)) = − e−sx − 2 e−sx + − e−sx
s s 0 s 4
4e −4s e −4s 1 5e−4s
= − − 2 +0+ 2 −0+
s s s s
1 e −4s e −4s
= 2+ − 2 .
s s s

Untitled1 Logout

File Edit View Insert Cell Kernel Widgets Help Trusted Python 3 !

" + # $ % & ' ( Run ) * + Code ,

In [19]: import sympy


import matplotlib.pyplot as plt
import math
import numpy as np

k = sympy.symbols('k', real=True, positive=True)


k = 4
x, s = sympy.symbols('x, s')
uH = sympy.Heaviside(x-k)
def f(x):
if 0 <= x < k:
return x
elif x >= k:
return 5
g = x - (x-5)*uH
def F(s):
return sympy.laplace_transform(g,x,s,noconds=True)
F(s)

(𝑠 + 𝑒 − 1) 𝑒−4𝑠
Out[19]: 4𝑠

𝑠2

4 EXERCICIOS

1. Considere f(x) = xn , para n = 0, 1, 2, 3, · · · . Calcule transfor-


madas de f, para n = 0, 1, 2, 3, 4 e tente concluir, a partir destas
transformadas, qual é a Transformada de Laplace de f(x) = xn ,
n > 0.

2. Calcule a Transformada de Laplace de f(x) = sin kx.

3. Seja g(x) = sinh kx. Considerando que g 0 (x) = cosh kx e g 00 (x) =


sinh kx, calcule a Transformada de Laplace de g(x).

4. Calcule a Transformada de Laplace de f(x) = x2 + 4x − 5. Con-


sidere a linearidade da transformada, isto é, L(af(x) + bg(x)) =
aL(f(x)) + bL(g(x)).
P RO P R I E DA D E S DA T R A N S F O R M A DA 9

5 P RO P R I E DA D E S DA T R A N S F O R M A DA

1. Propriedade Linear
Suponha que f1 (x) e f2 (x) possuam transformadas de Laplace e
que α e β sejam constantes. Então,

L(αf1 (x) + βf2 (x)) = αL(f1 (x)) + βL(f2 (x)).

Demonstração. Usando a definição de Transformada de Laplace,


temos:
Z∞
L(αf1 (x) + β(f2 (x)) = e−sx (αf1 (x) + βf2 (x)) dx
Z0∞ Z∞
−sx
= e αf1 (x)dx + e−sx βf2 (x)dx
0
Z∞ 0
Z∞
−sx
= α e f1 (x)dx + β e−sx f2 (x)dx
0 0
= αL(f1 (x)) + βL(f2 (x)).

2. Propriedade da Derivada
a) Derivada Primeira
Suponha que f possua uma Transformada de Laplace. Se
a derivada f 0 de f é contínua (ou pelo menos contínua por
partes), então

L(f 0 (x)) = sL(f(x)) − f(0).

Demonstração.
Z∞
0
L(f (x)) = e−sx f 0 (x)dx
0
Z∞
 −sx ∞
= e f(x) 0 − (−se−sx f(x)dx
Z∞ 0
= −f(0) + s e−sx f(x)dx
0
= sL(f(x)) − f(0).

b) Derivada Segunda
Suponha que f possua Transformada de Laplace. Se f 00 de f
é contínua (ou pelo menos contínua por partes), então

L(f 00 (x)) = −f 0 (0) + sf(0) + s2 L(f(x)).


P RO P R I E DA D E S DA T R A N S F O R M A DA 10

Demonstração.
Z∞
00
L(f (x)) = e−sx f 00 (x)dx
0
Z∞
 −sx 0 ∞
= e f (x) 0 − (−se−sx )f 0 (x)dx
Z∞ 0
= −f 0 (0) + s e−sx f 0 (x)dx
0 Z∞
0
 −sx ∞ −sx
= −f (0) + s e f(x) 0 + s e f(x)dx
0
= −f 0 (0) − sf(0) + s2 L(f(x)).

c) Derivada de Ordem n
Se f possui transformada de Laplace e se f(n) de f são contí-
nuas, ao menos por partes, até a ordem (n − 1), então

L(f(n) (x)) = sn L(f(x)) − sn−1 f(0) − sn−2 f 0 (0)


− sn−3 f 00 (0) − · · · − f(n−1) (0). (3)

3. Propriedade de Translação
Se L(f(x)) existe, então para qualquer constante k

L(ekx f(x)) = F(s − k)


R∞
Demonstração. Sabemos que F(s) = L(f(x)) = 0 e−sx f(x)dx. En-
tão, temos:
Z∞
kx
L(e f(x)) = e−sx ekx f(x)dx
Z0∞
= e−(s−k)x f(x)dx = F(s − k).
0

4. A Função de Heaviside
Definição 2 (Heaviside). A função definida por

0, if x < c
Θc (x) = Θ(x − c) = (4)
1, if x > c

é chamada de função de Heaviside ou função degrau.


P RO P R I E DA D E S DA T R A N S F O R M A DA 11

3.0

f(x)
2.5

2.0

1.5

1.0

0.5

0.0
3 2 1 0 1 2 3
x

Figura 3: Função de Heaviside, para c=0

5. A Transformada da Função de Heaviside


Z∞
L(Θ(x − c)) = e−sx Θ(x − c)dx
Z0c Z∞
−sx
= e (0)dx + e−sx (1)dx
c
0 −sx ∞ −sc
e e
= =
−s c s

6. Propriedade da Transformada da Função de Heaviside

Teorema 1 (Translação em x). Se F(s) = L(f(x)) existe, para


s > k, então

L(Θ(x − c)f(x − c)) = e−cs L(f(x)) = e−cs F(s), c > 0.

Inversamente, se f(x) = L−1 (F(s)), então

Θ(x − c)f(x − c) = L−1 (e−cs F(s)).

De fato, se a transformada de Laplace F(s) = L(f(x)) existe para


s > c e se c > 0, então
Z∞
L(Θ(x − c)f(x − c)) = e−sx Θ(x − c)f(x − c)dx
Z0∞
= e−sx f(x − c)dx.
c
Definindo u = x − c, obtemos
Z∞ Z∞
−s(u+c) −sc
L(Θ(x − c)f(x − c)) = e f(u)du = e e−su f(u)du = e−sc F(s).
0 0
P RO P R I E DA D E S DA T R A N S F O R M A DA 12

Exemplo 6. Calcule, utilizando o Teorema 1, L(g(x)) da fun-


ção 
0, if 0 6 x < 5
g(x) =
x − 4, if x > 5

Solução 6. Vamos reescrever g(x) na forma:



0, if 0 6 x < 5
g(x) =
(x − 5) + 1, if x > 5

de modo que possamos aplicar o Teorema 1. Então, temos:



0, if 0 6 x < 5
g(x) = Θ5 (x)f(x − 5) =
f(x − 5) + 1, if x > 5

em que f(x) = x + 1. Portanto,

L(Θ5 (x)f(x − 5)) = e−5s L(f(x)) = e−5s L(x + 1)


= e−5s L(x) + e−5s L(1)
1 1 1+s
= e−5s 2 + e−5s = e−5s 2
s s s

Untitled1 Logout

File Edit View Insert Cell Kernel Widgets Help Trusted Python 3 !

" + # $ % & ' ( Run ) * + Code ,

In [34]: import sympy as sym


x = sym.Symbol('x')
uH = sym.Heaviside(x-5)
g = uH*(x-4)
s = sym.Symbol('s')
us = sym.laplace_transform(g,x,s)
print('\n f(x) = Transformada de g: \n')
sym.pprint(us)

f(x) = Transformada de g:

⎛ -5⋅s ⎞
⎜(s + 1)⋅ℯ ⎟
⎜─────────────, 0, True⎟
⎜ 2 ⎟
⎝ s ⎠
P RO P R I E DA D E S DA T R A N S F O R M A DA 13

Untitled1 Logout

File Edit View Insert Cell Kernel Widgets Help Trusted Python 3 !

" + # $ % & ' ( Run ) * + Code ,

In [35]: p = sym.plot(g, xlim=(0, 8), ylim=(0, 5), show=False)


p.line_color = 'red'
p.save('Figura03.pdf')
p.show()

7. A Função Delta de Dirac


Funções fortemente concentradas em um ponto, denominadas
pulsos ou impulsos foram definidas por Dirac (1930), como sendo:

Definição 3.

0, se x 6= x0
δ(x − x0 ) = (5)
∞, se x = x0

satisfazendo a propriedade
Z∞
δ(x − x0 )dx = 1.
−∞

A função delta não satisfaz as condições necessárias para a exis-


tência de sua Transformada de Laplace. No entanto, podemos
definí-la como:
Definição 4.
Z∞
L(δ(x − x0 )) = e−sx δ(x − x0 )dx
0
−sx0
= e , para x0 > 0. (6)
A T R A N S F O R M A DA I N V E R S A D E L A P L AC E 14

6 A T R A N S F O R M A DA I N V E R S A D E L A P L AC E

A Equação 1
Z∞
F(s) = e−sx f(x)dx = L(f(x)) (s = complexo),
0

define a Transformada de Laplace

F(s) = L(f(x)),

de uma função f(x).


Suponha, entretanto, que conhecemos a Transformada F(s) e quere-
mos saber qual foi a função f(x) que deu origem a ela. Duas questões
podem surgir:

1. Como inverter este processo?


2. Para cada F(s) existe apenas uma f(x)?

Já mencionamos, na introdução deste texto, que o sistema composto


por uma entrada f(x) e uma saída F(s) é invertível e o processo de
inversão é denotado por

f(x) = L−1 (F(s)), (7)

de modo que
F(s) = L(f(x)). (8)
Sabemos, também, que nem toda função f(x) possui uma Transfor-
mada de Laplace, ou seja, nem sempre a Transformada Inversa de La-
place existe. O seguinte Teorema (dado sem demonstração) garante
que, duas funções contínuas que possuem a mesma transformada, são
iguais [5].

Teorema 2. Se f e g forem duas funções contínuas que possuem a mesma


Transformada de Laplace F(s), então necessariamente,

f(x) = g(x), para todo x > 0.

Exemplo 7. Considere a função F(s) = 1s . Vimos no Exemplo 1, que


L(1) = 1s . Portanto, f(x) = 1 possui como transformada F(s) = 1s ,
ou seja,
1
L−1 ( ) = 1.
s
Solução 7. Assim, f(x) = 1 é a única transformada inversa de La-
place contínua associada a F(s) = 1s . Entretanto, existem funções
A T R A N S F O R M A DA I N V E R S A D E L A P L AC E 15

g(x) descontínuas que possuem como transformada F(s) = 1s . Por


exemplo ([5]:


1, se 0<x<2
g(x) = 5, se x=2


1, (se) x>2
possui como transformada de Laplace F(s) = 1s , ou seja, f(x) e g(x)
possuem a mesma Transformada de Laplace. Portanto, F(s) pode
ter transformada inversa idêntica a outras funções descontínuas.
A Tabela, a seguir, apresenta algumas funções f(x) e suas respec-
tivas Transformadas de Laplace. Para encontrar a Transformada In-
versa de Laplace, procuraremos nesta Tabela.

Tabela 1: Transformadas de Laplace


N f(x) F(s) = L(f(x))
1
1 1 s
1
2 x s2
2
3 x2 s3
6
4 x3 s4
2 2
a s −2as+2
5 (x − a)2 s3
6 e−ax 0!
a+s
7 xe−ax 1!
(a+s)2
8 x2 e−ax 2!
(a+s)3
n!
9 xn e−ax (a+s)n+1
ω
10 sin(ωx) ω2 +s2
s
11 cos(ωx) ω2 +s2
ω
12 sinh(ωx) s2 −ω2
s
13 cosh(ωx) s2 −ω2
a
14 1 − e−ax s(a+s)
ω
15 e−ax sin(ωx) ω2 +(a+s)2
a+s
16 e−ax cos(ωx) ω2 +(a+s)2
e−as
17 Θa (x) s
18 Θa (x)f(x − a) e−as L(f(x))

Exemplo 8. Calcule L−1 ( 2s + s32 − s21−1 ) [5].


Solução 8. Considerando que L−1 também é linear, temos:
2 3 1
L−1 (F(s)) = L−1 ( ) + L−1 ( 2 ) − L−1 ( 2 )
s s s −1
= 2 + 3x − sinh(x),

em que utilizamos os itens 1, 2 e 11 da Tabela 1, com a = 1.


A T R A N S F O R M A DA I N V E R S A D E L A P L AC E 16

Untitled1 Logout

File Edit View Insert Cell Kernel Widgets Help Trusted Python 3 !

" + # $ % & ' ( Run ) * + Code ,

In [24]: import sympy


import matplotlib.pyplot as plt

x, s = sympy.symbols('x, s')
exp = sympy.exp
F = 2/s+3/s**2-1/(s**2-1)

def invL(F):
return sympy.inverse_laplace_transform(F, s, x)
invL(F)

Out[24]: (6𝑥𝑒𝑥 − 𝑒2𝑥 + 4𝑒𝑥 + 1) 𝑒−𝑥 𝜃 (𝑥)


2

s
Exemplo 9. Calcule L−1 ( s2 +2s+2 ) [5].
Solução 9. Para encontrar na Tabela a expressão dada, precisamos
reorganizá-la algebricamente.
s s+1−1
=
s2 + 2s + 2 s2 + 2s + 1 + 1
s+1−1 s+1 1
= = − .
(s + 1)2 + 1 (s + 1)2 + 1 (s + 1)2 + 1

As duas últimas expressões do lado direito da equação acima po-


dem ser encontradas na Tabela 1, nos itens 14 e 15, considerando
a = w = 1. Assim, temos:
s+1 1
L−1 (F(s)) = L−1 ( ) − L−1 ( )
(s + 1) + 1
2 (s + 1)2 + 1
= e−x cos(x) − e−x sin(x).

Untitled1 (autosaved) Logout

File Edit View Insert Cell Kernel Widgets Help Trusted Python 3 !

" + # $ % & ' ( Run ) * + Code ,

In [25]: import sympy


import matplotlib.pyplot as plt

x, s = sympy.symbols('x, s')
exp = sympy.exp
F = s/(s**2+2*s+2)

def invL(F):
return sympy.inverse_laplace_transform(F, s, x)
invL(F)

Out[25]: (− sin (𝑥) + cos (𝑥)) 𝑒−𝑥 𝜃 (𝑥)


A T R A N S F O R M A DA I N V E R S A D E L A P L AC E 17

−s
Exemplo 10. Calcule L−1 ( s+2e
s2 ) [5].
Solução 10. Vamos analisar o argumento de L−1 separando a fração
em duas.
s + 2e−s s 2e−s
= 2+ 2 .
s2 s s
A Transformada Inversa de Laplace da primeira fração à direita da
equação acima é conhecida, isto é,
s 1
L−1 ( ) = L−1 ( ) = 1. (ver Tabela 1, item 1) (9)
s 2 s
Resta determinar a Transformada Inversa de Laplace da segunda
fração (Lembre-se do Teorema 1).

2e−s 1
L−1 ( ) = 2L−1 (e−s 2 ) = 2L−1 (e−s L(f(x)))
s 2 s
= 2L−1 (e−s F(s)) = 2Θ1 (x)f(x − 1), (10)

em que no item 17 da Tabela 1, identificamos a = 1.


Mas, f(x − 1) = x − 1, pois f(x) = x (ver Tabela 1, item 2). Assim,
reunindo as Equações 6 e 7, temos:

s + 2e−s −1 s −1 2e
−s
L−1 ( ) = L ( ) + L ( )
s2 s2 s2
= 1 + 2Θ1 (x)(x − 1) = 1 + (2x − 2) Θ1 (x),

ou

s + 2e−s 1, se x < 1
L−1 ( )=
s2 2x − 1, se x>1

Untitled1 Logout

File Edit View Insert Cell Kernel Widgets Help Trusted Python 3 !

" + # $ % & ' ( Run ) * + Code ,

In [26]: import sympy


import matplotlib.pyplot as plt

x, s = sympy.symbols('x, s')
exp = sympy.exp
F = (s+2*exp(-s))/s**2

def invL(F):
return sympy.inverse_laplace_transform(F, s, x)
invL(F)

Out[26]: 2 (𝑥 − 1) 𝜃 (𝑥 − 1) + 𝜃 (𝑥)
C O N VO L U Ç ÃO 18

s+1
Exemplo 11. Calcule L−1 ( s3 +s 2 −6s ) [1].

Solução 11. Nessitamos, inicialmente, decompor o argumento da


Transformada Inversa em frações parciais.

s+1 s+1 A B C
= = + − .
s3 + s2 − 6s s(s − 2)(s + 3) s s−2 s+3
3
Tente mostrar que A = − 61 , B = 10
2
e C = − 15 . Então, temos:

s+1 A B C
L−1 ( ) = L−1 ( ) + L−1 ( ) − L−1 ( )
s3 + s − 6s
2 s s−2 s+3
1 3 2
= A + Be2x − Ce−3x = − + e2x − e−3x ,
6 10 15

em que utilizamos os itens 1 e 6, com a = −2 e a = 3.

Laplace (autosaved) Logout

File Edit View Insert Cell Kernel Widgets Help Not Trusted Python 3 !

" + # $ % & ' ( Run ) * + Code ,

In [14]: import sympy as sym


import matplotlib.pyplot as plt
import math
x, s = sympy.symbols('x, s')
a = sympy.symbols('a', real=True, positive=True)
exp = sympy.exp
F = (s+1)/(s**3+s**2-6*s)
def invL(F):
return sympy.inverse_laplace_transform(F, s, x)
invL(F)
f = invL(F)
sympy.expand(f)

Out[14]: 3𝑒2𝑥 𝜃 (𝑥) 𝜃 (𝑥) 2𝑒−3𝑥 𝜃 (𝑥)


− −
10 6 15

Observe que a função Θ(x) que aparece multiplicando a solução


do problema, não afeta o resultado. De fato, Θ(x) = 0, se x < 0
e Θ(x) = 1, se x > 0. Como o domínio da solução é todo x > 0,
θ(x) = 1.

7 C O N VO L U Ç ÃO

Definição 5. Dadas as funções f e g, contínuas, pelo menos por


partes, a função
Zx
f(x)g(x)) = f(τ)g(x − τ)dτ (11)
0
C O N VO L U Ç ÃO 19

é chamada de convolução de f e g.

Algumas propriedades importantes relacionadas à Definição 5:

O P RO D U TO é comutativo, isto é,

f(x)g(x) = g(x)f(x). (12)

A T R A N S F O R M A DA D E L A P L AC E de f(x)g(x) é:

L(f(x)g(x)) = L(f(x))L(g(x)) (13)

A T R A N S F O R M A DA I N V E R S A D E L A P L AC E é:

L−1 (F(s)G(s)) = L−1 (L(f(x))L(g(x)))


Zx
= f(x)g(x) = f(τ)g(x − τ)dτ. (14)
0

OU, COMO f(x)g(x) = g(x)f(x) ,

L−1 (F(s)G(s)) = L−1 (L(g(x))L(f(x)))


Zx
= g(x)f(x) = g(τ)f(x − τ)dτ. (15)
0

As Equações (14) e (15) são muito importantes na resolução de


equações diferenciais.

Exemplo 12. Calcule L−1 ( s(s21−1) ) [5].


Solução 12. Podemos separar o argumento de L−1 no produto de
duas funções, isto é,
1
F(s) =
s
1
G(s) = ,
s2 −1
cujas transformadas são:
1
L−1 ( ) = f(x) = 1
s
1
L−1 ( 2 ) = g(x) = sinh x.
s −1
C O N VO L U Ç ÃO 20

Agora, vamos utilizar uma das duas Equações (14) ou (15). É mais
fácil utilizar a Equação (15) (Verifique!).
Zx
−1 1
L ( 2 ) = g(x)f(x) = sinh τ(1)dτ
s(s − 1) 0
= [cosh τ]x0 = cosh x − 1.

Laplace (autosaved) Logout

File Edit View Insert Cell Kernel Widgets Help Not Trusted Python 3 !

" + # $ % & ' ( Run ) * + Code ,

In [16]: import sympy as sym


import matplotlib.pyplot as plt
import math
x, s = sympy.symbols('x, s')
a = sympy.symbols('a', real=True, positive=True)
exp = sympy.exp
F = 1/(s*(s**2-1))
def invL(F):
return sympy.inverse_laplace_transform(F, s, x)
invL(F)
f = invL(F)
sympy.expand(f)

Out[16]: 𝑒𝑥 𝜃 (𝑥) 𝑒−𝑥 𝜃 (𝑥)


− 𝜃 (𝑥) +
2 2

ex +e−x
Observe que, por definição, cosh x = 2 . Portanto,
1
L−1 ( ) = cosh x − 1
s(s2 − 1)
ex + e−x ex + e−x − 2
= −1 =
2 2
ex e−x
= + − 1.
2 2
A função de Heaviside Θ(x) que multiplica a solução dada pelo
Python não interfere neste resultado, pois, ela é igual 1, para todo
x > 0.
E QUAÇ Õ E S D I F E R E N C I A I S U T I L I Z A N D O A T R A N S F O R M A DA D E L A P L AC E 21

8 E QUAÇ Õ E S D I F E R E N C I A I S U T I L I Z A N D O
A T R A N S F O R M A DA D E L A P L AC E

Podemos resolver equações diferenciais lineares com coeficientes


constantes, sujeitas a condições iniciais, utilizando a Transformada
de Laplace, bem como suas propriedades.

Uma equação diferencial linear de ordem n, com coeficientes cons-


tantes e sujeita a n condições iniciais é dada por:

dn y dn−1 y dy
a0 n
+ a 1 n−1
+ · · · + an−1 + an y = b(x), (16)
dx dx dx
sujeita às condições iniciais

y(0) = y0
y 0 (0) = y1
..
.
yn−1 (0) = yn−1 .

Exemplo 13. Resolva, por Transformada de Laplace, o problema de


valor inicial
dy 1
= e2x , y(0) = .
dx 2
Solução 13.

L(y 0 (x)) = L(e2x )


1
sL(y(x)) − y(0) =
s−2
1 1
sL(y(x)) − =
2 s−2
s
sL(y(x)) = , s>2
s(s − 2)
1 1
L(y(x)) = · , s > 2.
2 s−2
Portanto, a Transformada Inversa é dada por
1
y(x) = e2x (Ver item 6 da Tabela 1).
2

Exercício 1. Resolva o Exemplo 13 para y(0) = y0 .


E QUAÇ Õ E S D I F E R E N C I A I S U T I L I Z A N D O A T R A N S F O R M A DA D E L A P L AC E 22

Exemplo 14. Resolva, por Transformada de Laplace, o problema de


valor inicial
d2 y
+ y = 1, y(0) = 2, y 0 (0) = 0.
dx2
Solução 14.

L(y 00 (x) + y) = L(1)


L(y 00 (x)) + L(y) = L(1)
1
s2 L(y(x)) − sy(0) − y 0 (0) + L(y(x)) = ,s > 0
s
1
(s2 + 1)L(y(x)) − sy(0) − y 0 (0) = ,s > 0
s
1
(s2 + 1)L(y(x)) − 2s = ,s > 0
s
2s2 + 1
(s2 + 1)L(y(x)) = ,s > 0
s
2s2 + 1
L(y(x)) =
s(s2 + 1)
1 s
= + 2
s s +1
Portanto, a Transformada Inversa é dada por

y(x) = 1 + cos(x) (Ver itens 1 e 10 da Tabela 1).

Observe que tivemos que calcular a decomposição em frações par-


2s2 +1
ciais da expressão s(s 2 +1) .

Exercício 2. Resolva o Exemplo 14 para y(0) = α, y 0 (0) = β.

Exemplo 15. Resolva, por Transformada de Laplace, o problema de


valor inicial

y 00 (x) + 2y 0 (x) + y(x) = 3xe−x , y(0) = 4, y 0 (0) = 2.


E QUAÇ Õ E S D I F E R E N C I A I S U T I L I Z A N D O A T R A N S F O R M A DA D E L A P L AC E 23

Solução 15.
L(y 00 (x) + 2y 0 (x) + y(x)) = L(3xe−x )
L(y 00 (x)) + 2L(y 0 (x)) + L(y(x)) = 3L(xe−x )
3
(s2 + 2s + 1)L(y(x)) − 4(s + 2) − 2y 0 (o) =
(s + 1)2
3
(s + 1)2 L(y(x)) = + 4s + 10
(s + 1)2
3 + (s + 1)2 (4s + 10)
(s + 1)2 L(y(x)) =
(s + 1)2
4s + 10 3
L(y(x)) = +
(s + 1)2 (s + 1)4
4 6 3
L(y(x)) = + + .
s + 1 (s + 1) 2 (s + 1)4

Portanto, a Transformada Inversa é dada por


1
y(x) = 4e−x + 6xe−x + x3 e−x (Ver itens 6, 7 e 8 da Tabela 1).
2
Observe que tivemos que calcular a decomposição em frações par-
4s+10
ciais da expressão (s+1) 2.

Exercício 3. Resolva o Exemplo 15 para y(0) = α, y 0 (0) = β.

Exemplo 16. Resolva, por Transformada de Laplace, o problema de


valor inicial

y 00 (x) + y(x) = δ(x − π), y(0) = 0, y 0 (0) = 0.

Solução 16.
L(y 00 (x) + y(x)) = L(δ(x − π))
00
L(y (x)) + L(y(x)) = L(δ(x − π))
0
2
s L(y(x)) − sy(0) − s (0) + L(y(x)) = e−Πs
(s2 + 1)L(f(x)) = e−Πs
e−πs s e−πs
L(f(x)) = = 2 · .
s +1
2 s +1 s
E QUAÇ Õ E S D I F E R E N C I A I S U T I L I Z A N D O A T R A N S F O R M A DA D E L A P L AC E 24

−πs
Para obtermos a Transformada Inversa da expressão s2s+1 · e s ,
temos que utilizar a Equação (14) ou (15). Sejam F(s) = s2s+1 e
−πs
G(s) = e s . Assim,
L−1 (G(s)F(s)) = L−1 (L(f(x))L(g(x))
Zx
= g(x)f(x) = g(τ)f(x − τ)dτ
Zx 0

= Θπ (τ) cos(x − τ)dτ (Equações 10 e 16 da Tabela 1)


Zx
0

= Θπ (τ) cos(τ − x)dτ


Z0x
= cos(τ − x)dτ
π
= − sin(π − x).

Portanto, a Transformada Inversa é dada por

y(x) = − sin(π − x)Θ(x − π),

ou 
− sin(π − x), se x>π
y(x) =
0, (se) x<π

Exemplo 13 Exemplo 14
f(x)

f(x)

2.00
25 1.75
20 1.50
1.25
15
1.00
10 0.75
0.50
5
0.25
0 0.00
0.00 0.25 0.50 0.75 1.00 1.25 1.50 1.75 2.00 0 1 2 3 4 5 6
x x

(a) y(x) = 21 e2x (b) y(x) = 1 + cos x

Exemplo 15 Exemplo 16
f(x)

f(x)

1.00
4.2
0.75
4.0
0.50
3.8
0.25
3.6
0.00
3.40.00 0.25 0.50 0.75 1.00 1.25 1.50 1.75 2.00 0 2 4 6 8
x 0.25 x
3.2
0.50
3.0
0.75
2.8
1.00

(c) (4 + 6x + 12 x3 )e−x (d) y(x) = − sin(π − x)Θ(x − π)

Figura 4: Soluções de Equações Diferenciais pela Transformada de Laplace


E QUAÇ Õ E S D I F E R E N C I A I S U T I L I Z A N D O A T R A N S F O R M A DA D E L A P L AC E 25

Exercício 4. Considere a equação diferencial

y 00 (x) + 4y = h(x),

sujeita às condições iniciais y(0) = 1 e y 0 (0) = 0. A função h(x) é


uma função forçante descontínua e definida por


0, if 0 6 x < π
h(x) = 1, if π 6 x < 2π (17)


0, if x > 2π.

Este problema descreve, entre outros, a carga em um condensador


em circuitos elétricos simples, sem resistência e com uma voltagem
imposta pela função forçante h(x). A solução y(x) também pode
representar a resposta de um oscilador harmônico não amortecido,
sujeito à força h(x) nele aplicada. Determine y(x), utilizando a
transformada de Laplace.

8.1 Solução dos Exercícios

1. Resolva o Exemplo 13 para y(0) = y0, isto é,

dy
= e2x , y(0) = y0 .
dx
Solução:

L(y 0 (x)) = L(e2x )


1
sL(y(x)) − y(0) =
s−2
1
sL(y(x)) − y0 =
s−2
1
sL(y(x)) = + y0
s−2
1 + y0 s − 2y0
sL(y(x)) = , s>2
s−2
1 + y0 s − 2y0
L(y(x)) = , s>2
s(s − 2)
1 −2 1 −2
L(y(x)) = (− + y0 + y0 s > 2.
2 s(s − 2) s−2 s(s − 2)

Portanto, a Transformada Inversa é dada por


1
y(x) = − (1 − e2x ) + y0 e2x + y0 (1 − e2x )
2
1 1
= − + y0 + e2x .
2 2
E QUAÇ Õ E S D I F E R E N C I A I S U T I L I Z A N D O A T R A N S F O R M A DA D E L A P L AC E 26

2. Resolva, por Transformada de Laplace, o problema de valor ini-


cial
d2 y
+ y = 1, y(0) = α, y 0 (0) = β.
dx2
Solução:

L(y 00 (x) + y) = L(1)


L(y 00 (x)) + L(y) = L(1)
1
s2 L(y(x)) − sy(0) − y 0 (0) + L(y(x)) = ,s > 0
s
1
(s2 + 1)L(y(x)) − αs − β = ,s > 0
s
1
(s2 + 1)L(y(x)) = + αs + β, s > 0
s
2 1 + αs2 + βs
(s + 1)L(y(x)) = ,s > 0
s
1 + αs2 + βs
L(y(x)) =
s(s2 + 1)
1 αs β
= + 2 + 2
s(s + 1) s + 1 s + 1
2
 
1 s αs β
= − 2 + 2 + 2 .
s s +1 s +1 s +1
Portanto, a Transformada Inversa é dada por

y(x) = 1 − cos(x) + α cos(x) + β sin(x) (Ver itens 1, 9 e 10 da Tabela 1).

3. Resolva, por Transformada de Laplace, o problema de valor ini-


cial

y 00 (x) + 2y 0 (x) + y(x) = 3xe−x , y(0) = α, y 0 (0) = β.

Solução:

L(y 00 (x) + 2y 0 (x) + y(x)) = L(3xe−x )


L(y 00 (x)) + 2L(y 0 (x)) + L(y(x)) = 3L(xe−x )
s2 L(y(x)) − sy(0) − y 0 (0) + 2(sL(y(x)) − y(0)) + L(y(x))= 3L(xe−x )
3
(s2 + 2s + 1)L(y(x)) − sα − β − 2α =
(s + 1)2
3
(s + 1)2 L(y(x)) = + α(s + 2) + β
(s + 1)2
3 + α(s + 2)(s + 1)2 + β(s + 1)2
(s + 1)2 L(y(x)) =
(s + 1)2
3 + α(s + 2)(s + 1)2 + β(s + 1)2
L(y(x)) =
(s + 1)4
3 α(s + 2) + β
L(y(x)) = +
(s + 1)4 (s + 1)2
 
3 α α+β
L(y(x)) = + + .
(s + 1)4 s + 1 (s + 1)2
E QUAÇ Õ E S D I F E R E N C I A I S U T I L I Z A N D O A T R A N S F O R M A DA D E L A P L AC E 27

Portanto, a Transformada Inversa é dada por


1 3 −x
y(x) = x e + αe−x + (α + β)xe−x
h21 i
= x3 + (α + β)x + α e−x (Ver itens 6, 7 e 8 da Tabela 1).
2

4. Considere a equação diferencial

y 00 (x) + 4y = h(x),

sujeita às condições iniciais y(0) = α e y 0 (0) = β. A função h(x)


é uma função forçante descontínua e definida por


0, if 0 6 x < π
h(x) = 1, if π 6 x < 2π (18)


0, if x > 2π.

Solução:

L(y 00 (x) + 4y(x)) = L(h(x))


L(y 00 (x)) + 4L(y(x)) = L(h(x))
s2 L(y(x)) − sy(0) − y 0 (0) + 4L(y(x)) = L(h(x))
(s2 + 4)L(y(x)) = L(h(x)) + sy0 + y 0 (0)
L(h(x)) sy0 y 0 (0)
L(y(x)) = + +
s2 + 4 s2 + 4 s2 + 4
L(h(x)) αs β
L(y(x)) = + 2 + 2
s +4
2 s +4 s +4

Antes de calcular a transformada de Laplace de h(x), vamos


reescrevê-la na forma:

h(x) = Θπ (x) − Θ2π (x). (19)

Então, a transformada de Laplace de h(x) é:

e−πs e−2πs
L(h(x)) = − . (20)
s s
Assim,
L(h(x)) αs β
L(y(x)) = + 2 + 2
s +4
2 s +4 s +4
e −πs e−2πs αs + β
= − + 2 . (21)
s(s + 4) s(s + 4)
2 2 s +4

Vamos analisar cada parcela que aparece em (21):


E QUAÇ Õ E S D I F E R E N C I A I S U T I L I Z A N D O A T R A N S F O R M A DA D E L A P L AC E 28

 
e−πs
a) L−1 s(s2 +4)

e−πs
 
L−1 = L−1 (e−πs F(s)) = Θπ (x)g(x − π) (T eorema 1),
s(s2 + 4)
em que g(x) = L−1 ( s(s12 +4 ). Mas, a inversa de g(x) pode ser
calculada fazendo a decomposição em frações parciais de
1
s(s2 +4) , isto é,

1 A Bs + C
= + 2
s(s2 + 4) s s +4
(A + B)s2 + Cs + 4A
= .
s(s2 + 4
Comparando os denominadores, concluímos que
A+B = 0
C = 0
4A = 1.
Portanto, podemos escrever que:
 
−1 1 −1 1 1 1 s
L ( 2 ) = L · − ·
s(s + 4) 4 s 4 s(s2 + 4)
   
−1 1 1 −1 1 s
= L · −L ·
4 s 4 s(s2 + 4)
1 1
= − cos 2x.
4 4
Logo,
e−πs
   
−1 1
L = Θπ (x) (1 − cos 2(x − π)) .
s(s2 + 4)
4
 −2πs 
e
b) Por um procedimento semelhante, L−1 s(s 2 +4) , é dada
por:

e−2πs
   
−1 1
L = Θ2π (x) (1 − cos 2(x − 2π)) .
s(s2 + 4) 4
αs+β
c) s2 +4

 
−1 αs + β s 1
L = α
+β 2
s2 + 4 +4 s +4 s2
β
= α cos 2x + sin 2x (berT abela1)
2
Retomando à equação (21), podemos escrever a solução do
problema de valor inicial:
1 1 β
y(x) = Θπ (x) [1 − cos 2(x − π)] − Θ2π (x) [1 − cos 2(x − 2π)] + α cos 2x + sin 2x.
4 4 2
EXERCÍCIOS 29

9 EXERCÍCIOS

1. Calcule a Transformada de Laplace das funções:


a) f(x) = 21 x2 e−3x
b) g(x) = e−x cosh x
c) h(x) = ex (a + bx)

2. Calcule f(x) se L(f(x)) é dada por:


3
a) (s+1)2
s+1−2w
b) s2 +2s+w2 +1

3. Resolva os problemas de valor inicial.


a) y 0 − 4y 0 + 4y = 0, y(0) = 0 e y 0 (0) = 2
b) y 0 + 4y 0 + 4y = 0, y(0) = 2 e y 0 (0) = −3
c) y 0 + y 0 + 1.25y = 0, y(0) = 1 e y 0 (0) = −0.5

4. Esboce o gráfico das funções:


a) Θ(x − π) cos x
b) e−2x Θ(x − 1)
e−2s
5. Seja L(f(x)) = s−2 . Calcule f(x) e esboce o gráfico.

6. Resolva o problema de valor inicial


a) y 00 + 2y = r(x), y(0) = 0 e y 0 (0) = 0, em que r(x) = 1, se
0 < x < 1 e r(x) = 0, se x > 1.
b) y 00 + 2y 0 + 2y = δ(x − π), y(0) = 0, y 0 (0) = 0.
c) y 00 + 3y 0 + 2y = δ(x − a), y(0) = 0, y 0 (0) = 0.

REFERENCES

[1] Leslie Copley. Mathematics for the Physical Sciences. De Gruyter


Open Ltd, Warsaw/Berlin, Berlin, Alemanha, 2014.

[2] Djairo Guedes de Figueiredo e Aloisio Freiria Neves. Equações


Diferenciais Aplicadas. Instituto Nacional de Matemática Pura e
Aplicada., Rio de Janeiro, Brasil, 2002.

[3] William E. Boyce e Richard C. DIPrima. Equações Diferenciais Ele-


mentares e Problemas de Valores de Contorno. Editora Guanabara
Dois S. A., Rio de Janeiro, Brasil, 1979.
REFERENCES 30

[4] Rodney Carlos Bassanezi e Wilson Castro Ferreira Jr. Equações


Diferenciais com Aplicações. Editora Harbra ltda., São Paulo, Brasil,
1988.

[5] Cleber Daum Machado. Equações Diferenciais Aplicadas à Física. Edi-


tora UEPG., Ponta Grossa, Brasil, 2004.

[6] Earl D. Rainville y Phillip E. Bedient. Ecuaciones Diferenciales. Nu-


eva Editorial Interamericana, S. A. De C. V., México, México, 1977.

Você também pode gostar