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Folha de S.

Paulo - Empresa ligada à CIA vai atuar no


Sivam
www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/12/07/brasil/10.html

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Empresa ligada à CIA vai atuar no Sivam

FERNANDO RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL

A Raytheon deve usar os serviços da E-Systems - uma empresa especializada em


trabalhar para agências de espionagem norte-americanas- na execução do Sistema de
Vigilância da Amazônia (Sivam).
A informação foi obtida pela agência de notícias "IPS", especializada em notícias do
Terceiro Mundo. O despacho da "IPS" entrou na Internet (leia texto nesta página) e
tornou-se público.
A Raytheon comprou a E-Systems em maio deste ano por US$ 2,3 bilhões. Esse tipo
de incorporação tem sido comum nos EUA, pois o mercado na área militar está
reduzido desde o final da União Soviética, em 91.
A E-Systems teve um faturamento bruto de US$ 2,1 bilhões no ano passado. Desse
total, 85% foram negócios reservados -operações secretas dos governos norte-
americano e de outros países.
Historicamente, a E-Systems sempre foi uma grande fornecedora de serviços para a
CIA (serviço secreto dos EUA) e outras agências similares.
Segundo a reportagem de Pratap Chatterjee, da "IPS", a E-Systems é considerada
"virtualmente indistinguível" da CIA.
A Folha telefonou para a Raytheon nos EUA na segunda-feira. A porta-voz Elizabeth
Allen disse não saber ainda qual parte do Sivam ficaria com a E-Systems.
Na E-Systems, o porta-voz da empresa, John Kumpf, disse às 19h25 de ontem à
Folha que "as pessoas na Raytheon pediram para que nada fosse dito" sobre o caso.
"Há muita política envolvida, você sabe", afirmou Kumpf.
A E-Systems, segundo a IPS, tem no seu currículo o fornecimento de um sistema de
acionamento de explosivos para a polícia da Argentina em 1977 -o auge da chamada
"guerra suja", quando teriam sido mortos cerca de 30 mil adversários do governo
argentino.
Especializada em operações de reconhecimento e comunicação digital, a Raytheon
teve sua tecnologia utilizada pelos EUA na Guerra do Golfo (1991).
O porta-voz da E-Systems não comentou as relações com a CIA. "Não divulgamos
todos os nossos clientes", declarou.
Entre os grandes negócios da E-Systems está a compra da Air Asia, em 1975. Essa
empresa aérea fornecia apoio para a Air America, que era usada pela CIA para
transportar armas durante a Guerra do Vietnã (1963-75).
Segundo John Kumpf, depois da venda da E-Systems para a Raytheon, "os negócios
continuaram a crescer".

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