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A Lei Maria da Penha foi sancionada em 7 de agosto de 2006 pelo então presidente Luiz

Inácio Lula da Silva; Possui 46 artigos distribuídos em sete títulos visando proteger a
mulher da violência doméstica e familiar, estando em concordância com a Constituição
Federal (art. 226, § 8°) e os tratados internacionais reafirmados pelo Estado brasileiro
(Convenção de Belém do Pará, Pacto de San José da Costa Rica, Declaração Americana
dos Direitos e Deveres do Homem e Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas
de Discriminação contra a Mulher).

Ganhou este nome devido a luta da farmacêutica Maria da Penha em ver seu agressor
condenado; Maria da Penha era natural do Ceará e sofria constantes agressões por parte
do marido e em 1983 a mesma levou um tiro de espingarda , vindo a ficar paraplégica,
quando retornou pra casa seu marido tentou matá-la novamente a eletrocutando, mas
não obteve sucesso na nova tentativa, então, Maria da Penha tomou coragem,
denunciando seu marido e ao fazer esta denúncia se deparou com situações vividas por
outras mulheres parecidas com a sua situação. Seu agressor sempre alegava
irregularidade no processo, ficando sempre em liberdade. Seu caso só foi solucionado
em 2002, quando o Estado brasileiro foi condenado por omissão e negligência pela
Corte Interamericana de Direitos Humanos, fazendo com que o Brasil se
comprometesse em reformular suas leis e políticas sobre a violência doméstica.

Esta lei abrange as pessoas que se identificam com o sexo feminino, as lésbicas,
travestis, transexuais e transgêneros, não precisando necessariamente o agressor ser seu
esposo ou companheiro, podendo ser um parente ou pessoa do seu convívio; O sujeito
passivo da violência doméstica objeto da Lei Maria da Penha é a mulher e o sujeito
ativo pode ser tanto o homem quanto a mulher, desde que fique caracterizado o
vínculo de relação doméstica, familiar ou de afetividade, além da convivência, residindo
ou não na mesma casa.

A Lei Maria da Penha abrange casos de:

Violência física: No Art. 7º da Lei 11.340/2006. I – A violência física é entendida


como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;
Violência psicológica: No Art. 7º da Lei 11.340/2006. II – Sendo compreendida por
qualquer ação que provoque dano emocional e diminuição da autoestima ou que
prejudique e vise controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante
ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante,
perseguição, insulto, chantagem, ridicularizarão, exploração e limitação do direito de ir
e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica;

Violência sexual: no Art. 7º da Lei 11.340/2006. III, é entendido por ato que venha a
constranger a vítima a participar, presenciar ou manter relação sexual não desejada
mediante ameaça e uso da força;

Violência patrimonial: no Art. 7º da Lei 11.340/2006. IV, compreendida por qualquer


conduta que demonstre subtração, destruição parcial ou total de seus objetos,
instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos
econômicos;

 Violência moral: Art. 7º da Lei 11.340/2006. V – Entendida como qualquer conduta


que configure calúnia, difamação ou injúria.

A Lei Maria da Penha – lei n°11.340 /2006, criou mecanismos para coibir a violência
doméstica e familiar contra a mulher, citando sobre a criação dos Juizados de Violência
Doméstica e Familiar contra a Mulher nestes termos abaixo:
"Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos da
Justiça Ordinária com competência cível e criminal, poderão ser criados pela União, no
Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a
execução das causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a
mulher”;
Complementando em seu "Art. 33: Enquanto não estruturados os Juizados de Violência
Doméstica e Familiar contra a Mulher, as varas criminais acumularão as competências
cível e criminal para conhecer e julgar as causas decorrentes da prática de violência
doméstica e familiar contra a mulher, observadas as previsões do Título IV desta Lei,
subsidiada pela legislação processual pertinente.

Portanto, o processo, o julgamento e a execução das causas decorrentes da prática de


violência doméstica e familiar contra a mulher em todo o território brasileiro, são de
competência dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher e quando
ainda não existentes, são de competência da vara criminal que acumulará competências
cível e criminal para conhecer e julgar as causas decorrentes da prática de violência
doméstica e familiar contra a mulher.

Ticiana Carla Southier Mesquita, acadêmica de Ciências Sociais- Licenciatura. UFFS-


campus Laranjeiras do Sul- PR.

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