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SUMÁRIO

1. Introdução...................................................................... 3
2. Mecanismos de ação do bloqueio
neuromuscular ................................................................. 6
3. Classificação...............................................................10
4. Efeitos dos bloqueadores neuromusculares..18
5. Indicações para uso de fármacos
bloqueadores neuromusculares ..............................24
6. Interação com outros fármacos...........................27
7. Reversão do bloqueio neuromuscular
não despolarizante ......................................................29
Referências Bibliográficas .........................................32
BLOQUEIO NEUROMUSCULAR 3

1. INTRODUÇÃO Existem pelo menos dois tipos adicio-


nais de receptores de acetilcolina que
A placa motora é caracterizada pela
são encontrados no aparelho neu-
junção neuromuscular de grande fi-
romuscular, um deles localiza-se no
bra nervosa mielinizada com uma fi-
terminal axônico motor pré-sináp-
bra muscular esquelética, sendo que,
tico e a ativação desses receptores
a fibra nervosa forma um complexo
mobiliza uma quantidade adicional
de terminais nervosos ramificados
de transmissor para liberação subse-
que se invaginam na superfície ex-
quente por meio da mobilização de
tracelular da fibra muscular. No ter-
grande número de vesículas de ace-
minal axonal há muitas mitocôndrias
tilcolina para a membrana sináptica.
que fornecem trifosfato de adenosina
(ATP), a fonte de energia que é usada O segundo tipo de receptor é encon-
para a síntese de transmissor excita- trado nas células extrajuncionais e
tório: a acetilcolina (ACh). normalmente não está envolvido na
transmissão neuromuscular. Toda-
O mecanismo de transmissão neuro-
via, em certas condições, como na
muscular na placa motora ocorre atra-
imobilização prolongada e queima-
vés da chegada de um potencial de
duras térmicas, esses receptores po-
ação no terminal nervoso motor que,
dem proliferar o suficiente a ponto de
por sua vez, causa um influxo de cál-
afetar a transmissão neuromuscular
cio e a liberação do neurotransmissor
subsequente.
acetilcolina. Em seguida, a acetilcolina
difunde-se através da fenda sináptica
para ativar os receptores nicotínicos SE LIGA! A proliferação de receptores
de acetilcolina extrajuncionais, pode ser
localizados na placa motora. clinicamente relevante quando se utili-
O receptor nicotínico da acetilcolina zam bloqueadores neuromusculares
despolarizantes e não despolarizan-
medeia a neurotransmissão pós-si-
tes. Podem ocorrer relaxamento e para-
náptica na junção neuromuscular e lisia do músculo esquelético devido à in-
nos gânglios autônomos periféricos. terrupção da função em vários locais ao
Recebe essa denominação porque longo da via que se estende do SNC até
os nervos somáticos mielinizados, ter-
sua estimulação ocorre tanto pelo al- minais nervosos motores não mieliniza-
caloide nicotina quanto pelo neuro- dos, receptores nicotínicos de acetilco-
transmissor acetilcolina. Sabe-se que lina, placa motora, membrana muscular
o receptor nicotínico no adulto é com- e do próprio aparelho contrátil muscular
intracelular.
posto por cinco peptídeos: dois peptí-
deos α, um peptídeo β, um peptídeo γ
e um peptídeo δ.
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ACh Na+

ACh
Exterior

Interior Figura 1. O receptor nicotínico de acetilcolina (nAChR)


do adulto é uma proteína intrínseca de membrana com
cinco subunidades distintas (α2, β, δ e γ). As extremida-
des terminais N de duas subunidades cooperam para
formar duas bolsas de ligação distintas para a acetil-
Na+ colina (ACh). Essas bolsas ocorrem nas interfaces das
subunidades α-β e δ-α. Fonte: Farmacologia básica e
clínica. Bertram G. Katzung ; Anthony J. 13. ed. Porto
Alegre (2017)

A ativação de receptor nicotínico cau- região da placa motora para o restan-


sa despolarização da célula nervosa te da membrana muscular. Entretan-
ou da membrana da placa terminal to, se o potencial da placa motora
neuromuscular, devido a ligação de for grande, a membrana muscular
duas moléculas de acetilcolina aos adjacente é despolarizada e ocorre
receptores nas subunidades α-δ e δ-α propagação de um potencial de ação
que determina a abertura do canal. O ao longo de toda a fibra muscular.
movimento subsequente de sódio e
de potássio através do canal está as- SE LIGA! A magnitude do potencial da
sociado a uma despolarização gradu- placa motora está diretamente relacio-
ada da membrana da placa motora, nada com a quantidade de acetilcolina
essa mudança de voltagem é deno- liberada.
minada potencial da placa motora.
Se o potencial for pequeno, a per-
meabilidade e o potencial da placa
motora normalizam-se, dessa forma,
não há propagação de um impulso da
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Nervo motor somático

Músculo esquelético

Placas terminais

Potencial
Colina Na+ de ação
Acetato

PEPS

Excitação Contração
Canal fechado Canal aberto

Figura 2. Transmissão nicotínica na junção neuromuscular esquelética. A ACh liberada do terminal nervoso motor
interage com subunidades do receptor nicotínico pentâmero para abri-lo, possibilitando que o influxo de Na+ produza
um potencial excitatório pós-sináptico (PEPS). O PEPS despolariza a membrana muscular, gerando um potencial de
ação e desencadeando a contração. Fonte: Farmacologia básica e clínica. Katzung. 13. ed. Porto Alegre (2017)

No músculo esquelético, a despola- pequena quantidade de acetilcolina


rização inicia um potencial de ação se difunde para fora do espaço si-
que se propaga através da membra- náptico e assim deixa de estar dis-
na muscular e causa contração, que ponível para agir sobre a membrana
é desencadeada através do processo da fibra muscular. O tempo reduzido
acoplamento de excitação-contração. em que a acetilcolina se mantem no
Após contração muscular, a acetilcoli- espaço sináptico é normalmente su-
na continua a ativar os receptores en- ficiente para excitar a fibra muscular.
quanto persistir nesse espaço. A rápida remoção da acetilcolina evita
Entretanto, ela é removida rapida- a reexcitação continuada do músculo,
mente por dois modos: a maior parte depois que a fibra muscular se recu-
da acetilcolina é destruída pela enzi- perou de seu potencial de ação inicial.
ma local acetilcolinesterase e uma
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2. MECANISMOS DE a acetilcolina. Esse efeito aparen-


AÇÃO DO BLOQUEIO temente paradoxal da acetilcolina
NEUROMUSCULAR ocorre pela ocupação prolongada
do receptor nicotínico que encerra a
O bloqueio da função da placa motora
resposta efetora, isto é, o neurônio
pode ser obtido por meio de dois me-
pós-ganglionar deixa de disparar e
canismos básicos: o primeiro bloqueio
a célula muscular esquelética relaxa.
farmacológico é através do agonista
Além disso, a presença contínua do
fisiológico acetilcolina, que é carac-
agonista nicotínico impede a recu-
terístico dos agentes bloqueadores
peração elétrica da membrana pós-
neuromusculares antagonistas, como
-juncional. O protótipo dos fármacos
os fármacos bloqueadores neuro-
bloqueadores despolarizantes é a
musculares não despolarizantes.
succinilcolina.
Esses fármacos impedem o acesso
do transmissor a seu receptor e, por-
tanto, a despolarização. O protótipo SE LIGA! Um bloqueio despolarizan-
te semelhante pode ser produzido pela
desse subgrupo não despolarizante é própria acetilcolina, quando são alcan-
a d-tubocurarina. çadas concentrações locais elevadas na
fenda sináptica, como na intoxicação por
O segundo tipo de bloqueio pode
inibidores da colinesterase, pela nicotina
ser produzido por um excesso de e por outros agonistas nicotínicos.
um agonista despolarizante, como
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Aceticolina
Bloqueador não despolarizante
Bloqueador despolarizante

Colina
Acetato

Placa motora

Canal fechado Abertura do canal


normal

Colina
Acetato

Placa motora

Canal fechado Abertura do canal


bloqueada
Figura 3. Parte superior: a ação do agonista normal, a acetilcolina, na abertura do canal. Parte inferior, à esquerda:
mostra um bloqueador não despolarizante, impedindo a abertura do canal quando se liga ao receptor. Parte inferior, à
direita: um bloqueador despolarizante, ocupando o receptor e bloqueando o canal. O fechamento normal da comporta
do canal é impedido, e o bloqueador pode deslocar-se rapidamente para dentro e para fora do poro. Os bloqueadores
despolarizantes podem dessensibilizar a placa motora ao ocuparem o receptor e ao causarem despolarização persis-
tente. Fonte: Farmacologia básica e clínica. Katzung. 13. ed. Porto Alegre (2017)
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Mecanismo não despolarizante Mecanismo despolarizante


Quando administrados em pequenas Esse mecanismo consiste de duas fa-
doses, os relaxantes musculares não ses: o bloqueio de fase I (despolari-
despolarizantes atuam predominan- zante) e o bloqueio de fase II (des-
temente no sítio receptor nicotínico, sensibilizante). Na primeira fase,
competindo com a acetilcolina. Em o bloqueador neuromuscular reage
doses mais altas, esses fármacos po- com o receptor nicotínico para abrir o
dem entrar no poro do canal iônico, canal e causar despolarização da pla-
produzindo um bloqueio motor mais ca motora, que, por sua vez, se pro-
intenso. Essa ação enfraquece ain- paga para as membranas adjacentes,
da mais a transmissão neuromuscu- causando contrações de unidades
lar e diminui a capacidade dos ini- motoras musculares.
bidores da acetilcolinesterase de Como o bloqueador não é metaboliza-
antagonizar o efeito dos relaxantes do efetivamente na sinapse, as mem-
musculares não despolarizantes. Os branas despolarizadas permanecem
relaxantes não despolarizantes tam- despolarizadas e não responsivas aos
bém podem bloquear os canais de impulsos subsequentes. Além disso,
sódio pré-juncionais, dessa forma, os como o acoplamento excitação-con-
relaxantes musculares interferem na tração exige a repolarização da placa
mobilização da acetilcolina na termi- motora e descargas repetidas para
nação nervosa e causam desapareci- se manter a tensão muscular, ocorre
mento gradual das contrações nervo- então a paralisia flácida.
sas evocadas.
Uma consequência da natureza supe- SE LIGA! Diferentemente dos fárma-
rável do bloqueio pós-sináptico pro- cos não despolarizantes, os inibidores
duzido pelos relaxantes musculares de colinesterase aumentam o bloqueio
não despolarizantes é o fato de que de fase I e não são capazes de reverter
neste período.
a estimulação tetânica libera grandes
quantidades de acetilcolina, seguida
de facilitação pós-tetânica transitória No segunda fase, com a exposição
da força de contração. prolongada ao bloqueador neu-
romuscular, a despolarização ini-
SE LIGA! Uma importante condição clí- cial da placa motora diminui e a
nica desse princípio consiste na remo- membrana torna-se repolarizada.
ção do bloqueio residual por inibidores Com a repolarização, a membrana
da colinesterase.
não pode ser novamente despolari-
zada com facilidade, visto que, está
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dessensibilizada. O mecanismo en- envolvido, os canais comportam-se


volvido nessa fase de dessensibili- como se estivessem em um estado
zação não está bem esclarecido, po- de fechamento prolongado. Nessa
rém algumas evidências indicam que fase, as características do bloqueio
o bloqueio do canal pode tornar-se são quase idênticas àquelas de um
mais importante do que a ação ago- bloqueio não despolarizante, com
nista no receptor durante a fase II da possível reversão por inibidores da
ação bloqueadora neuromuscular. acetilcolinesterase.
Independentemente do mecanismo

FLUXOGRAMA – MECANISMOS DE AÇÃO DO BLOQUEIO NEUROMUSCULAR

BLOQUEIO
NEUROMUSCULAR

Não despolarizante Despolarizante

Interferem na
mobilização
Agonista competitivo da acetilcolina
da acetilcolina na terminação Excesso de agonista
Bloqueio bifásico
no receptor nervosa e causam despolarizante
desaparecimento
gradual das contrações
nervosas

Reversão por inibidores Bloqueio de fase I:


da colinesterase Efeito prolongado da
acetilcolina
Não ocorre repolarização
Paralisia flácida

Bloqueio da fase II:


Exposição continuada
Repolarização
dificultada
Dessensibilização
Possível reversão
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3. CLASSIFICAÇÃO interferem na transmissão da placa


motora neuromuscular e carecem de
Os fármacos que atuam no bloqueio
atividade no sistema nervoso central.
neuromuscular são divididos em dois
São utilizados principalmente como
grupos de acordo com seu mecanis-
adjuvantes durante a anestesia geral
mo de ação, sendo eles: os bloque-
para otimizar as condições cirúrgicas
adores neuromusculares não des-
e facilitar a intubação endotraqueal,
polarizantes e os bloqueadores
de modo a garantir uma ventilação
despolarizantes.
adequada.
Esses compostos neuromusculares
são muito polares e inativos por via
oral, dessa forma, precisam ser ad- Fármacos não despolarizantes
ministrados por via parenteral. Eles

SAIBA MAIS!
Durante o século XVI, os exploradores europeus constataram que os nativos da Bacia Ama-
zônica na América do Sul utilizavam o curare, um veneno nas flechas que produzia paralisia
dos músculos esqueléticos para matar animais. O composto ativo d-tubocurarina e seus de-
rivados sintéticos modernos tiveram uma importante influência na prática da anestesia e ci-
rurgia, além de demonstrarem utilidade na compreensão dos mecanismos básicos envolvidos
na transmissão neuromuscular.

Quando administrados os relaxantes desencadeia uma atividade intrínse-


musculares não despolarizantes atu- ca, impedindo, assim, a abertura do
am predominantemente no sítio do re- canal nicotínico, a troca iônica, surgi-
ceptor nicotínico de acetilcolina. Esses mento do potencial de placa motora
fármacos se ligam a uma ou as duas e a consequente contração muscular,
subunidades alfa dos receptores ni- causando um relaxamento muscular.
cotínicos pós-sinápticos e competem
com a acetilcolina pelo receptor, o re- SE LIGA! O bloqueio se inicia quando
sultado desse mecanismo depende da 70-80% dos receptores estão ocupados
concentração e da afinidade de cada e para que se torne completa é necessá-
um ao receptor. Sabe-se que a ligação rio que seja ocupado mais de 90% dos
receptores.
é reversível e ocorre uma associação e
dissociação repetidamente.
Como em qualquer ação antago- Os bloqueadores não despolarizantes
nista, o bloqueador possui afinida- podem ser divididos pela sua estrutu-
de pelo receptor nicotínico, mas não ra química e pelo seu tempo de ação.
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Em relação a composição química despolarizantes está correlacionada


podem ser derivados de isoquinolina com a meia-vida de eliminação.
ou de esteroides, sendo chamados Os fármacos excretados pelos rins
de benzilisoquinolínicos e de ami- normalmente apresentam meias-vi-
noesteróides respectivamente. So- das mais longas, resultando em maior
bre o tempo de ação podem ser clas- duração (> 35 minutos), entretanto os
sificados em fármacos de ação curta, fármacos eliminados pelo fígado ten-
intermediária ou longa. dem a apresentar meias-vidas e ação
Esses bloqueadores são bastante io- mais curtas.
nizados, não atravessam facilmente
as membranas celulares e não estão SE LIGA! A taxa de desaparecimento
ligados com força aos tecidos peri- do agente bloqueador neuromuscular
féricos. Por conseguinte, seu volume não despolarizante do sangue carac-
de distribuição é apenas um pouco teriza-se por uma rápida fase inicial de
distribuição seguida de uma fase de eli-
maior do que o volume sanguíneo. minação mais lenta.
A duração do bloqueio neuromus-
cular produzido por relaxantes não

TEMPO APROXI- DOSAGEM


PROPRIEDADES
FÁRMACO MADO DE AÇÃO INICIAL VIAS DE ELIMINAÇÃO
FARMACOLÓGICAS
(MINUTOS) (MG/KG)
Derivados da
Isoquinolina
Degradação de Hofmann;
Duração intermediária;
Atracúrio 1,5 0,5 hidrólise pelas esterases plas-
competitivo
máticas; eliminação renal
Duração intermediária; Degradação de Hofmann e
Cisatracúrio 1,5 0,1-0,4
competitivo eliminação renal
Tubocurarina Duração longa; competitivo >50 0,6 Eliminação renal e hepática
Derivados de
esteroides
Pancurônio Duração longa; competitivo >35 0,08-0,1 Eliminação renal e hepática
Duração intermediária;
Rocurônio 20-35 0,6-1,2 Eliminação hepática
competitivo
Duração intermediária;
Vecurônio 20-35 0,1 Eliminação renal e hepática
competitivo
Outros agentes
Duração ultracurta; Hidrólise pelas colinesterases
Succinilcolina <8 0,5-1
despolarizante plasmáticas
Tabela 1. Propriedades farmacocinéticas e farmacodinâmicas dos fármacos bloqueadores neuromusculares. Farmaco-
logia básica e clínica. Bertram G. Katzung ; Anthony J. 13. ed. Porto Alegre (2017)
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CONCEITO! A eliminação pela via de SE LIGA! Para intubação, a dose reco-


Hofmann consiste na degradação es- mendada de tubocurarina é de 0,5 a 0,6
pontânea não enzimática em pH e tem- mg/kg; se a traqueia já está intubada, a
peraturas normais. A reação de Hofmann dose inicial é de 0,2 a 0,4 mg/kg.
é independente de qualquer órgão ou
sistema o que torna mais seguro o uso
de fármacos com essa via de eliminação Já o atracúrio possui tempo de ação
em doentes sofrendo de falências renais
ou hepáticas. intermediário e não é mais ampla-
mente usado na clínica atual. Além
de seu metabolismo hepático, o atra-
Compostos Benzilisoquinolínicos cúrio é inativado por uma forma de
Essas drogas consistem de dois grupa- degradação espontânea, conhecida
mentos amônios quaternários ligados como eliminação de Hofmann. Sen-
entre si por uma cadeia de grupos metil. do que, seus principais produtos de
São mais suscetíveis à hidrólise no plas- degradação são a laudanosina e um
ma e tem como característica causar ácido quaternário relacionado, ambos
a liberação de histamina, tem como sem qualquer propriedade bloquea-
exemplos a tubocurarina, o atracúrio, dora neuromuscular.
o cisatracúrio e o mivacúrio. Em relação a laudanosina, sua meta-
Entre os compostos benzilisoquinolíni- bolização hepática é lenta e apresenta
cos de ação longa, temos a tubocura- meia-vida de eliminação mais longa.
rina, que foi o primeiro bloqueador usa- Atravessa com facilidade a barreira
do na prática clínica. Possui esse nome hematencefálica e em concentrações
porque é obtida do extrato da planta sanguíneas elevadas, pode causar
chamada curare, que era utilizada por convulsões e aumento na necessidade
povos indígenas para a caça. Apresen- de anestésico volátil. Durante a anes-
ta efeitos colaterais como hipotensão e tesia cirúrgica, os níveis sanguíneos de
taquicardia, devido à liberação acentu- laudanosina normalmente variam de
ada de histamina. O bloqueio ganglio- 0,2 a 1 mcg/mL, entretanto, com infu-
nar pode ocorrer na administração de sões prolongadas de atracúrio na UTI,
grandes doses. A excreção é principal- os níveis sanguíneos de laudanosina
mente através na urina, mas também podem ultrapassar 5 mcg/mL. O uso
pode ocorrer na bile. Os seus efeitos desse fármaco ocasiona liberação de
são prolongados nos casos de insufi- histamina e não causa efeitos cardio-
ciência renal. Em geral, seu uso foi su- vasculares diretos.
plantado por agentes com melhor perfil Embora se assemelhe ao atracúrio,
de efeitos colaterais e pode não está o cisatracúrio depende menos da
mais disponível em alguns países. inativação hepática, produz menos
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laudanosina e tem menos tendência


FLUXOGRAMA – CLASSIFICAÇÃO DOS
a liberar histamina. Dentro de uma BLOQUEADORES NEUROMUSCULARES
perspectiva clínica, o cisatracúrio POR TEMPO DE AÇÃO
apresenta todas as vantagens do
atracúrio, com menos efeitos colate-
rais. É constituído por 15% do com- Succinilcolina
posto precursor e é quatro vezes
mais potente, com maior duração Mivacúrio
de ação. Por conseguinte, o fármaco
substituiu, em grande parte, o atracú-
Ação curta
rio na prática clínica.
Por fim, temos o mivacúrio que é uma
Classificação
droga de curta ação, aproximada- dos
mente 15 minutos, o que o torna po- bloqueadores
tencialmente útil para intubação em neuromusculares
por tempo
situações eletivas e para manutenção de ação
do relaxamento muscular em proce-
dimentos curtos (15 a 45 minutos). É
Ação longa Ação intermediária
associado a liberação histaminérgica
causando hipotensão significativa em
doses maiores que 0,2mg/kg. Tubocurarina Atracúrio

Pancurônio Cisatracúrio
SE LIGA! Assim como os derivados de
esteroides, sua duração de ação é au-
mentada em pacientes com colinestera- Rocurônio
se plasmática atípica.

Vecurônio

Compostos aminoesteróides
Já os compostos aminoesteróides
possuem pelo menos um grupamento
amônio quaternário ligado a um anel
esteroide. Eles tendem a não causar
liberação de histamina e a sua maio-
ria é metabolizada no órgão-alvo
BLOQUEIO NEUROMUSCULAR 14

antes da excreção. São exemplos de contudo tem início de ação discreta-


fármacos o pancurônio, vecurônio e mente mais rápido e não causa libe-
rocurônio. ração de histamina e é desprovido de
Todos os relaxantes musculares es- efeitos cardiovasculares. O metabo-
teroides são metabolizados a seus lismo hepático o converte em meta-
produtos 3-hidroxi, 17-hidroxi ou bólitos ativos que são excretados na
3,17-di-hidroxi no fígado. Em geral, urina e na bile.
os metabólitos 3-hidroxi apresentam O relaxante rocurônio apresenta o
40 a 80% da potência do fármaco início de ação mais rápido entre os
original. Em circunstâncias normais, fármacos não despolarizantes dis-
os metabólitos não são formados em poníveis clinicamente. As condições
quantidades suficientes para produ- para intubação traqueal podem ser
zir um grau significativo de bloqueio atingidas em 60-90 segundos após
neuromuscular durante ou após a uma dose de indução de 0,6mg/kg.
anestesia. Apresenta duração de ação interme-
diária, sendo metabolizado no fígado
SE LIGA! Se o composto original for ad-
e excretado na bile. O rocurônio exer-
ministrado durante vários dias no con- ce efeitos cardiovasculares mínimos
texto da UTI, pode haver acúmulo do e não libera histamina, contudo, tem
metabólito 3-hidroxi, causando paralisia maior incidência de reações anafi-
prolongada, em virtude de sua meia-vi-
da mais longa do que a do composto láticas do que os demais neuroblo-
original. queadores aminoesteróides.
Em síntese, os relaxantes muscula-
res esteroides de ação intermediá-
O pancurônio foi o primeiro bloque-
ria, como o vecurônio e o rocurônio,
ador aminoesteróides usado clini-
tendem a depender mais da excre-
camente e tem início de ação lento
ção biliar ou do metabolismo hepático
e longa duração de ação. Não causa
para a sua eliminação. Esses relaxan-
liberação de histamina e apresenta
tes musculares são mais comumen-
propriedades simpatomiméticas dis-
te utilizados na clínica do que os fár-
cretas, portanto causa taquicardia. É
macos à base de esteroides de ação
parcialmente desacetilado no fígado
prolongada.
a um metabólito ativo e excretado
inalterado na urina. Sua ação é pro-
longada em pacientes com disfunção SE LIGA! A duração de ação desses
renal ou hepática. fármacos pode estar significativamente
prolongada em pacientes com compro-
O composto vecurônio é estrutural- metimento da função hepática.
mente semelhante ao pancurônio,
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DOSAGEM DE INJEÇÃO INTERMITENTE INFUSÃO CONTÍNUA


FÁRMACO
MANUTENÇÃO (MG/KG) (ΜG/KG/MIN)
Succinilcolina 0,5-1 0,04-0,07 -
Tubocurarina 0,6 0,25-0,5 2-3
Atracúrio 0,5 0,08-0,1 5-10
Cisatracúrio 0,1-0,4 0,03 1-3
Mivacúrio 0,15-0,25 0,1 9-10
Pancurônio 0,08-0,1 0,01-0,015 1
Rocurônio 0,6-1,2 0,1-0,2 10-12
Vencurônio 0,1 0,01-0,015 0,8-1
Tabela 2. Dosagens dos fármacos bloqueadores neuromusculares. As bases farmacológicas da terapêutica de Good-
man & Gilman (2012)

Fármacos despolarizantes longo na junção mioneural. A duração


de ação é extremamente curta, devi-
Agentes despolarizantes, atuam por
do à sua rápida hidrólise pela butirilco-
um mecanismo diferente, cuja ação
linesterase e pseudocolinesterase no
inicial desses fármacos é despolari-
fígado e no plasma, respectivamente.
zar a membrana abrindo os canais da
mesma maneira que acontece com a O metabolismo pela colinesterase
acetilcolina. Entretanto, eles persis- plasmática constitui a via predomi-
tem por mais tempo na junção neu- nante de eliminação do composto.
romuscular, principalmente porque Como a colinesterase plasmática tem
são resistentes à acetilcolinestera- uma enorme capacidade de hidrolisar
se. Os fármacos despolarizantes pro- a succinilcolina, apenas uma peque-
duzem uma sequência de excitação na porcentagem da dose intravenosa
repetitiva seguida de bloqueio da original alcança a junção neuromus-
transmissão e de paralisia neuro- cular. Além disso, como existe pouca
muscular, contudo, essa sequência ou nenhuma colinesterase plasmática
é influenciada por fatores como o na placa motora, o bloqueio induzido
anestésico usado, o tipo de músculo pela succinilcolina termina com a sua
e a velocidade de administração do difusão da placa motora para o líqui-
fármaco. do extracelular.
A succinilcolina é o único fármaco Por conseguinte, os níveis plasmá-
bloqueador despolarizante clinica- ticos circulantes de colinesterase
mente útil, os efeitos neuromusculares influenciam a duração de ação da
são iguais aos da acetilcolina, exceto
pelo fato de produzir um efeito mais
BLOQUEIO NEUROMUSCULAR 16

succinilcolina ao determinar a quanti- identificadas muitas variantes genéti-


dade do fármaco que alcança a placa cas da colinesterase plasmática, em-
motora. bora as variantes relacionadas com a
dibucaína sejam as mais importantes.
SE LIGA! O bloqueio neuromuscular Tendo em vista a raridade dessas va-
produzido pela succinilcolina pode ser riantes genéticas, o teste da colines-
prolongado em pacientes com uma va-
terase plasmática não constitui um
riante genética anormal da colinesterase
plasmática. procedimento clínico de rotina, mas
pode estar indicado para pacientes
com história familiar de deficiência da
O número de dibucaína é uma me- colinesterase plasmática. Outra es-
dida da capacidade do indivíduo de tratégia razoável consiste em evitar
metabolizar a succinilcolina e pode o uso da succinilcolina em pacientes
ser utilizado para identificar pacien- com possível história familiar de de-
tes de alto risco. Nas condições pa- ficiência de colinesterase plasmática.
dronizadas do teste, a dibucaína inibe
em 80% a enzima normal e em ape-
nas 20% a enzima anormal. Foram
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FLUXOGRAMA – CLASSIFICAÇÃO DOS BLOQUEADORES NEUROMUSCULARES

BLOQUEADORES
NEUROMUSCULARES

Fármacos não
despolarizantes

Rápida distribuição e Agonista competitivo da


Benzilisoquinolínicos Aminoesteroides
lenta eliminação acetilcolina no receptor

De ação longa De ação intermediária De ação curta De ação longa De ação intermediária

Tubocurarina Atracúrio Mivacúrio Pancurônio Rocurônio

Cisatracúrio Vecurônio

Fármacos
despolarizantes

Rápida depuração Bloqueio bifásico Complicações Succinilcolina

Bloqueio da fase II: Bloqueio de fase I: Anafilaxia, hipertermia


Exposição continuada, Repolarização Efeito prolongado da acetilcolina maligna, bloqueio Ação curta
dificultada, Dessensibilização, Não ocorre repolarização prolongado
Possível reversão Paralisia flácida
BLOQUEIO NEUROMUSCULAR 18

4. EFEITOS DOS O monitoramento do efeito dos rela-


BLOQUEADORES xantes musculares durante a cirurgia
NEUROMUSCULARES envolve o uso de um dispositivo que
produz estimulação elétrica trans-
Sobre a paralisia do músculo esque-
dérmica de um dos nervos periféri-
lético, antes da introdução dos fárma-
cos para a mão ou para os músculos
cos bloqueadores neuromusculares, o
faciais, com registro das contrações
relaxamento profundo muscular para
produzidas. A abordagem padrão
operações intracavitárias só podia
para o monitoramento dos efeitos
ser obtido pela produção de níveis de
clínicos dos relaxantes musculares
anestesia volátil profundos o suficien-
durante a cirurgia utiliza a estimula-
te para provocar efeitos depressores
ção de nervos periféricos para de-
sobre os sistemas cardiovascular e
sencadear respostas motoras, que
respiratório.
são visualmente observadas pelo
anestesiologista.
SE LIGA! O uso adjuvante de fármacos
bloqueadores neuromusculares tornou
possível a obtenção de um relaxamento
muscular adequado para todos os tipos
de procedimentos cirúrgicos, sem os
efeitos depressores cardiorrespiratórios
produzidos pela anestesia profunda.

EFEITOS SOBRE OS RE- TENDÊNCIA A CAU-


EFEITO SOBRE OS GÂN-
FÁRMACO CEPTORES MUSCARÍNI- SAR LIBERAÇÃO DE
GLIOS AUTÔNOMOS
COS CARDÍACOS HISTAMINA
Derivados da Isoquinolina
Atracúrio Nenhum Nenhum Leve
Cisatracúrio Nenhum Nenhum Nenhum
Tubocurarina Bloqueio fraco Nenhum Moderada
Derivados de esteroides
Pancurônio Nenhum Bloqueio moderado Nenhum
Rocurônio Nenhum Leve Nenhum
Vecurônio Nenhum Nenhum Nenhum
Outros agentes
Succinilcolina Estimulação Estimulação Leve
Tabela 3. Efeitos dos fármacos bloqueadores neuromusculares sobre outros tecidos. Farmacologia básica e clínica.
Bertram G. Katzung ; Anthony J. 13. ed. Porto Alegre (2017)
BLOQUEIO NEUROMUSCULAR 19

Efeitos dos fármacos não Além da duração de ação, a proprie-


despolarizantes dade mais importante que diferencia
os relaxantes não despolarizantes é o
Durante a anestesia, a administração
tempo de início do efeito bloqueador,
de tubocurarina, 0,1 a 0,4 mg/kg por
que determina a rapidez com que se
via intravenosa, de início provoca fra-
pode intubar a traqueia do paciente.
queza motora e em seguida os mús-
Entre os fármacos não despolarizan-
culos esqueléticos tornam-se flácidos
tes atualmente disponíveis, o rocurô-
e não excitáveis à estimulação elétri-
nio é o que apresenta início de ação
ca. Em geral, os músculos mais vo-
mais rápido, com cerca de 60 a 120
lumosos, como os do abdome, do
segundos.
tronco e do diafragma, são mais re-
sistentes ao bloqueio neuromuscular Sobre os efeitos cardiovasculares
e recuperam-se com mais rapidez do o vecurônio, atracúrio e o cisatra-
que os músculos de menor volume, cúrio exercem efeitos mínimos ou
como os da face, dos pés e das mãos. nenhum efeito. Os outros relaxan-
O diafragma é habitualmente o último tes musculares não despolarizantes,
músculo a ser paralisado. Pressupon- como o pancurônio, produzem efeitos
do que a ventilação seja adequada- cardiovasculares mediados por re-
mente mantida, não ocorre nenhum ceptores autônomos ou de histamina.
efeito adverso com a paralisia dos A tubocurarina e, em menor grau, o
músculos esqueléticos. Quando a ad- atracúrio podem produzir hipoten-
ministração de relaxantes muscula- são em consequência da liberação
res é interrompida, a recuperação dos sistêmica de histamina e com a ad-
músculos ocorre na sequência inver- ministração de doses maiores, pode
sa, sendo o diafragma o primeiro a ocorrer bloqueio ganglionar com a tu-
recuperar a função. bocurarina. A pré-medicação com um
O efeito farmacológico da tubocura- agente anti-histamínico atenua a hi-
rina, em uma dose de 0,3 mg/kg in- potensão induzida pela tubocurarina.
travenosa, dura habitualmente de 45 Já o pancurônio provoca aumento
a 60 minutos. Entretanto, evidências moderado da frequência cardíaca e
sutis de paralisia muscular residual aumento sutil do débito cardíaco, com
detectada com monitor neuromus- pouca ou nenhuma alteração na resis-
cular podem persistir por mais uma tência vascular sistêmica. Embora a
hora, aumentando a probabilidade de taquicardia induzida pelo pancurônio
desfechos adversos, como aspiração seja causada principalmente por uma
e diminuição do impulso hipóxico. ação vagolítica, a liberação de nore-
pinefrina das terminações nervosas
BLOQUEIO NEUROMUSCULAR 20

adrenérgicas e o bloqueio da capta-


ção neuronal da norepinefrina podem HORA DA REVISÃO!
constituir mecanismos secundários. O halotano é um anestésico que esti-
mula os receptores colinérgicos autôno-
mos, inclusive os receptores nicotínicos
SE LIGA! O broncoespasmo pode ser nos gânglios tanto simpáticos quanto
produzido por bloqueadores neuromus- parassimpáticos e os receptores musca-
culares que liberam histamina, porém a rínicos no coração, por exemplo no nodo
inserção de um tubo endotraqueal cons- sinusal.
titui a causa mais comum de bronco-
espasmo após a indução da anestesia
geral.
As respostas inotrópicas e cronotrópi-
cas negativas a succinilcolina podem
Efeitos dos fármacos ser atenuadas pela administração de
despolarizantes um agente anticolinérgico. Com gran-
des doses de succinilcolina, podem
Após a administração da succinilco- ser observados efeitos inotrópicos e
lina, na dose de 0,75 a 1,5 mg/kg in- cronotrópicos positivos.
travenoso, são observadas fascicula-
ções musculares transitórias no tórax Os efeitos diretos sobre o miocárdio,
e no abdome em 30 segundos. Em- o aumento da estimulação muscarí-
bora a anestesia geral e a adminis- nica e a estimulação ganglionar con-
tração prévia de uma pequena dose tribuem para essa resposta de bradi-
de relaxante muscular não despolari- cardia. Por outro lado, a bradicardia
zante tenha tendência a atenuá-las. tem sido observada repetidamente
Com o rápido desenvolvimento da quando se administra uma segunda
paralisia, os músculos dos braços, do dose de succinilcolina em menos de
pescoço e das pernas são os primei- 5 minutos após a dose inicial.
ros a relaxar, seguidos dos músculos
respiratórios. Em consequência da SE LIGA! Essa bradicardia transitória
rápida hidrólise da succinilcolina pela pode ser evitada pela administração de
tiopental, atropina, bloqueadores gan-
colinesterase no plasma e no fígado, glionares e até mesmo pelo pré-trata-
a duração do bloqueio neuromuscu- mento com uma pequena dose de rela-
lar é normalmente de menos de 10 xante muscular não despolarizante.
minutos.
A succinilcolina pode provocar ar-
ritmias cardíacas, particularmen-
te quando administrado durante a
anestesia com halotano.
BLOQUEIO NEUROMUSCULAR 21

Efeitos colaterais dos fármacos


despolarizantes

FLUXOGRAMA – EFEITOS COLATERAIS DO BLOQUEIO DESPOLARIZANTE

Hipercalemia

Elevação da pressão
Mialgia intraocular e da pressão
EFEITOS intragástrica
COLATERAIS
DO BLOQUEIO
Bloqueio da fase II DESPOLARIZANTE
Bradicardias
e bloqueio prolongado

Hipertemia maligna Anafilaxia

Hipercalemia Sabe-se que o potássio sérico médio


aumenta em 0,5mmol/l após a admi-
Os pacientes com queimaduras, le-
nistração de succinilcolina.
são nervosa ou doença neuromus-
cular, traumatismo cranioencefáli- O risco máximo de hipercalemia em
co fechado e outros traumatismos pacientes queimados ocorre do 9º ao
podem apresentar proliferação dos 60º dia pós-queimadura. Dessa for-
receptores de acetilcolina extrajun- ma, a utilização de succinilcolina nos
cionais. Durante a administração do primeiros 2 a 3 dias após queimadu-
fármaco, ocorre liberação de potássio ras graves é considerado seguro.
dos músculos, provavelmente devi-
do a fasciculações. Se a proliferação SE LIGA! Pacientes com hipercalemia
dos receptores extrajuncionais for pré-existente estão sob risco de arrit-
grande o suficiente, uma quantidade mias cardíacas e morte.
suficiente de potássio pode ser libe-
rada, resultando em parada cardíaca.
BLOQUEIO NEUROMUSCULAR 22

Elevação da pressão intraocular Anafilaxia


A administração de succinilcolina A succinilcolina é o maior respon-
pode estar associada ao rápido início sável pelas reações anafiláticas
de aumento da pressão intraocular (< aos bloqueadores neuromuscula-
60 segundos), que alcança um máxi- res, totalizando cerca de 50% dos
mo dentro de 2 a 4 minutos, com de- casos. Os sinais e sintomas de uma
clínio depois de cinco minutos. O me- reação alérgica anafilática iniciam-se,
canismo pode envolver a contração em geral entre segundos até 20 a 30
tônica das miofibrilas ou a dilatação minutos após a administração venosa
transitória dos vasos sanguíneos co- da droga. Quanto mais precoce o co-
roidais oculares, devido ao risco teó- meço da reação alérgica, mais grave
rico de extravasamento de conteúdo é o caso.
vítreo em pacientes com lesão ocular
penetrante. Apesar da elevação da
pressão intraocular, o uso do fárma- Bloqueio prolongado devido
co para operações oftalmológicas não a atividade reduzida da
está contraindicado, a não ser que a colinesterase plasmática
câmara anterior esteja aberta devido Pode ser atribuído a causas congê-
a traumatismo. nitas ou adquiridas. Entre as causas
adquiridas temos a síntese enzimá-
tica diminuída, que pode ocorrer na
Bloqueio de fase II
presença de doença hepática, car-
Pode ocorrer após grandes ou repe- cinomatose, gestação ou jejum pro-
tidas doses de succinilcolina. Nes- longado, insuficiência cardíaca, in-
se bloqueio, à contração do bloqueio suficiência renal e queimaduras. A
despolarizante (fase II), a placa termi- coadministração de determinadas
nal repolariza-se e teoricamente es- drogas como etomidato, anestésicos
taria outra vez responsiva à acetilco- locais do tipo éster, metotrexate, re-
lina entretanto, o receptor pode sofrer mifentanil e esmolol pode resultar em
alterações transitórias que o tornam redução da atividade da colinesterase
insensível ao neurotransmissor, e por plasmática.
isso, o bloqueio também é chamado As causas hereditárias ocorrem devi-
de dessensibilzaçao. Esse bloqueio do à produção de colinesterase plas-
pode ocorrer também em casos de mática atípica. A duração do bloqueio
pseudocolinesterases atípicas. varia de 30 minutos (heterozigotos
para o gene atípico) a várias horas
(homozigotos para o gene silencioso).
BLOQUEIO NEUROMUSCULAR 23

HORA DA REVISÃO! SE LIGA! Pacientes com história familiar


A estrutura da enzima colinesterase de hipertermia maligna e os que apre-
é determinada geneticamente por um sentam contratura do músculo masseter
gene no cromossomo 3, que é descrito quando se utiliza o medicamento suc-
como o gene normal (94% da população cinilcolina têm maior chance de desen-
é homozigota). Existem três variantes volver o quadro. Nestes dois casos, se
desse gene que são denominadas va- o paciente realmente necessitar de uma
riante atípica, variante silenciosa e gene anestesia, a monitorização de tempera-
resistente a fluoretos. Indivíduos com tura deve ser precisa e o uso do fármaco
esses genes variantes têm colinestera- evitado.
se plasmática atípica, e apresentam blo-
queio neuromuscular prolongado após
administração do succinilcolina. O tratamento para esse quadro inclui
administração intravenosa de dan-
troleno, que bloqueia a liberação de
Hipertermia Maligna cálcio do retículo sarcoplasmático do
É um dos problemas mais importan- músculo liso. O rápido resfriamento,
te associado ao uso de succinilcolina. inalação de O2 a 100% e o controle
Caracterizada por uma complicação da acidose devem ser considerados
rara, mas que pode ser fatal e é de- tratamentos auxiliares na hiperter-
sencadeada pela administração do mia maligna. A redução das taxas de
fármaco em pacientes suscetíveis, fatalidade da hipertermia maligna se
principalmente precedida pelo uso relaciona com a conscientização dos
de uma agente inalatório. Os sinais anestesistas desta condição e da efi-
clínicos incluem contraturas, rigi- cácia do dantroleno.
dez e produção de calor pela mus-
culatura esquelética resultando em
Elevação da pressão intragástrica
grave hipertermia (aumentos de até
1ºC/5min), aceleração do metabolis- Em pacientes com massa muscular
mo muscular, acidose metabólica e muito desenvolvida, as fasciculações
taquicardia. associadas ao succinilcolina podem
A suscetibilidade a hipertermia malig- causar aumento da pressão intra-
na, que é desenvolvida por um traço gástrica, aumentando o risco de re-
autossômico dominante, está asso- gurgitação e aspiração do conteúdo
ciada a certas miopatias congênitas gástrico.
como a doença do núcleo central. Na
maioria dos casos, contudo, não há
sinais clínicos visíveis na ausência da
intervenção anestésica.
BLOQUEIO NEUROMUSCULAR 24

operação. Todavia, foi relatado que


SE LIGA! Essa complicação tende a a incidência de mialgias varia de
ocorrer em pacientes com esvaziamento menos de 1 a 20%. Ocorrem com
gástrico tardio, por exemplo pacientes
mais frequência em pacientes am-
com diabetes, lesão traumática, disfun-
ção esofágica e obesidade mórbida. bulatoriais do que em acamados.
Acredita-se que a dor seja secundária
às contrações dessincronizadas das
Dor muscular
fibras musculares adjacentes imedia-
As mialgias constituem uma queixa tamente antes do início da paralisia.
pós-operatória comum em pacientes Estratégias como pré-curarização
com massa muscular muito desen- existem para reduzir a sua incidência,
volvida, bem como naqueles que re- porém nenhuma estratégia é comple-
cebem grandes doses (> 1,5 mg/kg) tamente preventiva.
de succinilcolina. É difícil estabelecer
a verdadeira incidência das mialgias
relacionadas com fasciculações mus- 5. INDICAÇÕES PARA
culares, devido a fatores que pro- USO DE FÁRMACOS
duzem confusão, inclusive a técnica BLOQUEADORES
anestésica, o tipo de cirurgia e o po- NEUROMUSCULARES
sicionamento do paciente durante a

FLUXOGRAMA – INDICAÇÕES PARA O BLOQUEIO NEUROMUSCULAR

Relaxamento cirúrgico

INDICAÇÕES
Tratamento de convulsões PARA O BLOQUEIO Intubação orotraqueal
NEUROMUSCULAR

Otimizar ventilação

Farmacologia básica e clínica. Bertram G. Katzung ; Anthony J. 13. ed. Porto Alegre (2017)
BLOQUEIO NEUROMUSCULAR 25

Relaxamento cirúrgico inadequada. Caso contrário, o pa-


ciente pode desenvolver respostas
O principal uso clínico dos fárma-
reflexas aos estímulos dolorosos e re-
cos bloqueadores neuromuscula-
cuperar a consciência. O relaxamen-
res é como adjuvante da anestesia
to muscular também é útil em vários
cirúrgica para produzir relaxamento
procedimentos ortopédicos, como a
dos músculos esqueléticos, principal-
correção de luxações e o alinhamento
mente da parede abdominal e facilitar
de fraturas.
as manipulações cirúrgicas. Conside-
rando-se que o relaxamento muscu-
lar não é mais dependente da profun- Intubação traqueal
didade da anestesia geral, um nível
muito mais superficial de anestesia é Em geral se utilizam bloqueadores
suficiente. Assim, o risco de depres- neuromusculares de ação curta para
são respiratória e cardiovascular é re- facilitar a intubação endotraqueal e
duzido, e a recuperação pós-anesté- a laringoscopia, broncoscopia e eso-
sica é abreviada. fagoscopia em associação com um
anestésico geral. A colocação de um
Apesar dessas considerações, os tubo endotraqueal assegura uma via
bloqueadores neuromusculares não respiratória adequada e minimiza o
podem ser usados como substitutos risco de aspiração pulmonar durante
de uma anestesia de profundidade a anestesia geral.

Figura 4. Intubação endotraqueal. Fonte: https://www.abc.med.br/p/exames-e-procedimentos


BLOQUEIO NEUROMUSCULAR 26

SAIBA MAIS!
Tendo em vista a abordagem definitiva da via aérea para minimizar o esforço respiratório e a
exposição do COVID-19, na intubação orotraqueal é preconizada o bloqueio neuromuscular
com rocurônio 1,2mg/kg ou succinilcolina 1mg/kg.

Controle da ventilação troca gasosa adequada e impedir a


ocorrência de atelectasia. Na UTI, os
Em pacientes em estado crítico que
fármacos bloqueadores neuromus-
apresentam insuficiência ventilatória
culares são frequentemente adminis-
de várias causas, como no bronco-
trados para reduzir a resistência da
espasmo grave, pneumonia, doença
parede torácica, diminuir a utilização
obstrutiva crônica das vias respira-
de oxigênio e melhorar a sincronia da
tórias, pode ser necessário controlar
ventilação mecânica.
a ventilação para proporcionar uma

Tratamento das convulsões


Em certas ocasiões, são utilizados
fármacos bloqueadores neuromuscu-
lares para atenuar as manifestações
periféricas motoras das convulsões
associadas ao estado de mal epi-
léptico, à toxicidade dos anestésicos
locais ou à eletroconvulsoterapia.
Embora essa abordagem seja efe-
tiva na eliminação das manifesta-
ções musculares das crises convul-
sivas, não tem nenhum efeito sobre
os processos centrais, visto que os
fármacos bloqueadores neuromus-
culares não atravessam a barreira
hematencefálica.
BLOQUEIO NEUROMUSCULAR 27

6. INTERAÇÃO COM
OUTROS FÁRMACOS

FLUXOGRAMA – INTERAÇÃO COM OUTROS FÁRMACOS

Anestésicos inalatórios
potencializam o bloqueio
Anestésicos neuromuscular produzido por
bloqueadores não despolarizantes
de modo dose-dependente

Muitos antibióticos causam


Antibióticos depressão da liberação
induzida de acetilcolina
INTERAÇÃO
COM OUTROS
FÁRMACOS
Em grandes doses,
Agentes locais podem bloquear a
transmissão neuromuscular

Efeito despolarizante da
succinilcolina pode ser
Outros bloqueadores
antagonizado pela administração
neuromusculares
de uma pequena dose de
bloqueador não despolarizante

Farmacologia básica e clínica. Bertram G. Katzung ;


Anthony J. 13. ed. Porto Alegre (2017)

Anestésicos
SE LIGA! Entre os anestésicos gerais,
Os anestésicos inalatórios potencia-
os anestésicos inalatórios aumentam
lizam o bloqueio neuromuscular pro- os efeitos dos relaxantes musculares na
duzido por relaxantes musculares seguinte ordem: isoflurano (maior), se-
não despolarizantes de modo depen- voflurano, desflurano, halotano e óxido
nitroso.
dente da dose.
BLOQUEIO NEUROMUSCULAR 28

Os fatores mais importantes envolvi- Quando administrados em doses


dos nessa interação são depressão do mais altas, os anestésicos locais blo-
sistema nervoso em locais proximais queiam as contrações musculares
à junção neuromuscular, aumento do induzidas pela acetilcolina em decor-
fluxo sanguíneo muscular, diminuição rência do bloqueio dos canais iônicos
da sensibilidade da membrana pós- dos receptores nicotínicos. Experi-
-juncional à despolarização. Uma rara mentalmente, é possível demonstrar
interação da succinilcolina com anes- efeitos semelhantes com o uso de
tésicos voláteis resulta em hiperter- agentes antiarrítmicos bloqueadores
mia maligna, uma condição causada dos canais de sódio, como a quinidina.
pela liberação anormal de cálcio das
reservas no músculo esquelético. SE LIGA! Nas doses usadas para arrit-
mias cardíacas, essa interação tem pou-
co ou nenhum significado clínico. Doses
Antibióticos mais elevadas de bupivacaína têm sido
associadas a arritmias cardíacas, inde-
Inúmeros relatos descreveram um pendentemente do relaxante muscular
aumento do bloqueio neuromuscular administrado.
por antibióticos. Foi constatado que
muitos dos antibióticos causam
depressão da liberação induzida Outros fármacos bloqueadores
de acetilcolina, semelhante àque- neuromusculares
la produzida pela administração de O efeito despolarizante da succi-
magnésio. O mecanismo desse efei- nilcolina na placa motora pode ser
to pré-juncional parece consistir no antagonizado pela administração
bloqueio de canais de cálcio do tipo de uma pequena dose de bloquea-
P específicos na terminação nervosa dor não despolarizante. Para evitar
motora. as fasciculações associadas à admi-
nistração do fármaco, pode-se utilizar
uma pequena dose não paralisante de
Anestésicos locais e agentes
um fármaco não despolarizante antes
antiarrítmicos
da succinilcolina. Embora reduza as
Quando administrados em pequenas fasciculações e as mialgias pós-ope-
doses, os anestésicos locais podem ratórias, essa dose pode aumentar a
deprimir a potencialização pós-te- quantidade de succinilcolina neces-
tânica por meio de um efeito neural sária ao relaxamento em 50 a 90%,
pré-juncional. Em grandes doses, os e produzir uma sensação de fraqueza
anestésicos locais podem bloque- no paciente consciente. Por conse-
ar a transmissão neuromuscular. guinte, a “pré-curarização” antes da
BLOQUEIO NEUROMUSCULAR 29

administração de succinilcolina dei- 7. REVERSÃO


xou de ser amplamente praticada. DO BLOQUEIO
NEUROMUSCULAR NÃO
DESPOLARIZANTE
Efeitos da doença e do
envelhecimento sobre a resposta Os inibidores da colinesterase an-
neuromuscular tagonizam efetivamente o bloqueio
neuromuscular causado por agen-
Várias doenças podem diminuir ou
tes não despolarizantes. A neostig-
aumentar o bloqueio neuromuscular
mina e piridostigmina antagonizam o
produzido por relaxantes musculares
bloqueio neuromuscular não despo-
não despolarizantes. A miastenia gra-
larizante, visto que aumentam a dis-
vis aumenta o bloqueio neuromuscu-
ponibilidade de acetilcolina na placa
lar produzido por esses fármacos.
motora, principalmente pela inibição
da acetilcolinesterase. Esses inibi-
SE LIGA! A idade avançada está asso- dores da colinesterase também au-
ciada a uma duração de ação prolonga- mentam, em menor grau, a liberação
da dos relaxantes não despolarizantes
em consequência da depuração dimi- do transmissor do terminal nervoso
nuída dos fármacos pelo fígado e pelos motor.
rins. Em consequência, a dose dos fár-
macos bloqueadores neuromusculares Em contrapartida, o edrofônio an-
deve ser reduzida em pacientes idosos tagoniza o bloqueio neuromuscular
(> 70 anos). exclusivamente ao inibir a ativida-
de da acetilcolinesterase. O edrofô-
nio apresenta um início de ação mais
Por outro lado, os pacientes com
rápido, porém pode ser menos efetivo
queimaduras graves e aqueles com
do que a neostigmina na reversão dos
doença do neurônio motor supe-
efeitos dos bloqueadores não despo-
rior mostram-se resistentes aos
larizantes na presença de bloqueio
relaxantes musculares não despo-
neuromuscular de grau profundo.
larizantes. Essa dessensibilização
provavelmente é causada pela pro- Essas diferenças são importantes
liferação de receptores extrajuncio- para determinar a recuperação do
nais, que resulta na necessidade de bloqueio residual, isto é, o bloqueio
um aumento da dose do relaxante neuromuscular que permanece após
não despolarizante para bloqueio de o término da cirurgia e a transfe-
um número suficiente de receptores. rência do paciente para a sala de
recuperação.
BLOQUEIO NEUROMUSCULAR 30

e neostigmina. Atualmente, são reco-


SE LIGA! O bloqueio residual pode re- mendadas três faixas posológicas: 2
sultar em hipoventilação, levando à hi- mg/kg para reverter o bloqueio neu-
póxia e até mesmo à apneia, sobretudo
romuscular superficial, 4 mg/kg para
se o paciente tiver recebido medicações
depressoras centrais durante o período reverter o bloqueio profundo e 1 mg/
inicial de recuperação. kg para reversão imediata após a ad-
ministração de rocurônio.

O sugamadex é um novo agente de O complexo sugamadex-rocurônio


reversão aprovado na Europa. En- geralmente é excretado de modo
contra-se ainda em fase 3 nos en- inalterado na urina em 24 horas em
saios clínicos e ainda não teve seu pacientes com função renal normal.
uso aprovado em alguns países. Sua Nos pacientes com insuficiência re-
aprovação foi adiada devido a preo- nal, a eliminação urinária completa
cupações quanto à possibilidade do pode exigir muito mais tempo. Toda-
fármaco de induzir coagulopatia e re- via, devido à forte formação do com-
ações de hipersensibilidade. Por meio plexo com o rocurônio, não foi obser-
de sua ligação ao rocurônio plasmá- vado qualquer sinal de recorrência do
tico, o sugamadex diminui a concen- bloqueio neuromuscular no decorrer
tração plasmática de rocurônio livre e de até 48 horas após a sua adminis-
estabelece um gradiente de concen- tração a tais pacientes.
tração para a difusão do rocurônio da
junção neuromuscular de volta à cir-
culação, em que se liga rapida-
mente ao sugamadex livre.
O sugamadex liga-se a outros
bloqueadores neuromuscu-
lares esteroides, como o ve-
curônio e o pancurônio, po-
rém em menor grau, e pode
reverter os seus efeitos. En-
saios clínicos que estudaram a
segurança e a eficácia do suga-
madex empregaram doses de
0,5 a 16 mg/kg. Esses ensaios
não relataram qualquer diferen-
ça na prevalência de efeitos ad-
versos do sugamadex, placebo
BLOQUEIO NEUROMUSCULAR 31

FLUXOGRAMA – BLOQUEIO NEUROMUSCULAR

BLOQUEIO NEUROMUSCULAR

Mecanismos de Classificação
ação

Bloqueio da Pelo mecanismo


acetilcolina

Antagonismo não- Agonismo Agonista competitivo da


acetilcolina no receptor Bloqueio bifásico
despolarizante despolarizante
Bloqueio de fase I: Não Rápida distribuição
Efeito prolongado da Despolarizantes Complicações Rápida depuração
despolarizantes e lenta eliminação
acetilcolina
Lenta metabolização Succinilcolina Anafilaxia
Não ocorre repolarização Benzilisoquinolínicos Aminoesteroides
Paralisia flácida Hipertemia
Atracúrio Pancurônio maligna
Bloqueio de fase II:
Exposição continuada Bloqueio
Repolarização dificultada Mivacúrio Rocurônio prolongado
Dessensibilização
Possível reversão Bradiarritmia
Cisatracúrio Vecurônio

Interação com
Indicações outros fármacos

Pelo tempo de Intubação


duração orotraqueal Anestésicos

Relaxamento Antibióticos
Ação curta Ação intermediária Ação longa cirúrgico

Otimizar ventilação Agentes


Mivacúrio Atracúrio Pancurônio antiarrítmicos
Tratamento de Outros
Succinilcolina Cisatracúrio Tubocurarina convulsões bloqueadores
neuromusculares
Rocurônio

Vecurônio
BLOQUEIO NEUROMUSCULAR 32

REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
Farmacologia básica e clínica. Bertram G. Katzung ; Anthony J. 13. ed.. Porto Alegre (2017)
Tratado de fisiologia médica. HALL, John Edward; GUYTON, Arthur C. Guyton & Hall. 13. ed.
Rio de Janeiro. (2017)
Semiologia Médica - Celmo Celeno Porto - 7ª Edição. 2013
As bases farmacológicas da terapêutica de Goodman & Gilman. Laurence L. Brunton, Bruce
A. Chabner, Björn C. Knollmann. 12. Ed. Porto AlegrE. (2012)
ALENCAR, Ananda Ferreira Fialho et al. Adversidades do bloqueio e da reversão neuromus-
cular. Rev Med Minas Gerais, v. 26, n. Supl 1, p. S22-S33, 2016.
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