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Sumário

1. INTRODUÇÃO................................................................................................................. 3
2. BREVE HISTÓRIA DA LOUCURA...................................................................................4
3. REFORMA PSIQUIÁTRICA.............................................................................................5
4. ALTERNATIVAS PARA O TRATAMENTO DAS PSICOPATOLOGIAS...........................7
4.1. Caps (Centro de Atenção Psicossocial)........................................................................7
4.1.1. CAPS I....................................................................................................................... 8
4.1.2. CAPS II...................................................................................................................... 8
4.1.3. CAPS III..................................................................................................................... 9
4.1.4. CAPS i II.................................................................................................................... 9
4.1.5. CAPS ad II.................................................................................................................9
4.1.6. CAPS ad III.............................................................................................................. 10
4.2. Raps (Rede de Atenção Psicossocial)........................................................................11
4.3. Hospital Dia................................................................................................................ 12
4.4. Residências e Comunidades Terapêuticas.................................................................13
5. MAPEAMENTO DOS CENTROS DE TRATAMENTO................................................14
6. DISCUSSÃO.............................................................................................................. 15
REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 17
1. INTRODUÇÃO

O enfoque da loucura como doença e da psiquiatria como especialidade


médica é recente na história da humanidade – aproximadamente 200 anos. A partir
do século XVIII é que o homem inventou uma nova maneira de se perceber, uma
nova maneira de vivenciar a condição humana (BEZERRA Jr., 1995). Entendemos
que a Reforma Psiquiátrica, desencadeada no final dos anos 70, se apoiou em
modos de interpretação e em informações críticas que instrumentalizaram o
processo de transformação social e política, que se configurou através da ação dos
profissionais de saúde mental e, posteriormente, dos próprios usuários dos serviços.

Em 1975, verificava-se que 13% das consultas resultavam em internações,


enquanto a Organização Mundial de Saúde estimava o limite em 3%. Outro fato
relevante é que tampouco se evitava a cronificação e o hospitalismo, já que em 1980
a porcentagem de internações recorrentes chegava a 65% (SANTOS, 1994).
Segundo o Ministério da Saúde, em 2003, 3% da população (5 milhões de pessoas)
sofria com transtornos mentais severos e persistentes, necessitando assim de
cuidados contínuos, enquanto 6% a 8% apresentavam transtornos psiquiátricos
graves decorrentes do uso de álcool e outras drogas, 9% necessitavam de algum
atendimento em saúde mental, seja ele contínuo ou eventual, levando nesse ano a
um gasto de 2,3% do orçamento anual do SUS destinados para a Saúde Mental
(BRASIL, 2003).

Neste cenário de grande magnitude do problema, a Reforma Psiquiátrica


superou com êxito incontestável sua primeira etapa: O país já se acostumou à idéia
de que a profunda mudança assistencial, recomendada pela Lei n° 10.216 de 2001,
é sensata, factível e racional. Certamente, ainda temos muitos problemas, mas o
caminho está sendo trilhado (BRASIL, 2005). A área da saúde mental é uma área
vítima de estereótipos, por sua história envolver pacientes considerados “violentos”.
A questão portanto, precisa permanecer na pauta de prioridades e no cenário de
debates entre profissionais e usuários, para que possamos avançar nas próximas
etapas da Reforma.

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2. BREVE HISTÓRIA DA LOUCURA
A humanidade convive com a loucara há séculos, e a loucura, antes de se
tornar um tema essencialmente médico, foi alvo de preconceitos, do misticismo e da
estereotipia. O louco habitou marginais de diversas formas como sendo motivo de
chacota, de escárnio, possuído por demônios, marginalizado por não se enquadrar
nos preceitos morais vigentes. Então o louco era visto como um enigma para a
sociedade que ameaçava os saberes constituídos sobre o homem. Em toda a
história da loucura, pode-se notar que na Grécia antiga respeitava-se o louco como
um profeta, monge, lugar este onde a loucura era visto como uma manifestação
divina e que as palavras do louco eram o importante saber que podia até mesmo
interferir no destino das pessoas.

Foucault (1993), um famoso filósofo francês do século XX, que explica a


história da loucura em seu livro, diz que para se estudar a loucura era preciso fazer
uma restrospectiva dessa história e explicar o processo de como era feito a exclusão
social e também a criação dos leprosários. Leprosários foram criados com o intuito
de alocar os leprosos, não para tratamento médico e sim para exclusão social. Com
o tempo os leprosários foram gradativamente desaparecendo, e logo após foram
“preenchidos” por pessoas que “não contribuíam para a sociedade”, ou seja, os
feiticieiros, portadores de doenças venéreas, doente mentais, dentre outros. Com a
lotação desses centros de confinamento de pessoas, os excluídos eram colocados
em navios em direção de desembarque, (Nau dos insensatos) e para a cultura da
sociedade naquela época a exclusão era um sinal de salvação.

Logo com o desaparecimento da lepra foram surgindo as doenças venéras,


mas não ficaram por muito tempo, pois a ciência logo trouxe a explicação para sua
causa e tratamento. O espaço deixado pela lepra foi sendo substituído a cada dia
por um fenômeno bastante complexo chamado loucura, o qual a ciência não tinha
explicação para sua causa e tratamento. Neste período os loucos começaram a ser
associados a demônios e a seres possuídos, passando a viver acorrentados e
expostos a todos os tipos de maus tratos e humilhações como: sede, fome, frio.
Muitos foram queimados em fogueiras com o intuito de serem purificados e
purgados.

No período do Renascimento a loucura perde a posição de natureza divina e


recebe o status de desrazão. O louco passa ser visto como o que transgride e ignora

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a lei e a moral, sendo inserido em um conjunto dos perigosos, pessoas essas que
não controlam os seus atos ou não são responsáveis pelas suas ações, e sendo
classificado como uma ameaça, vivenciando a partir desse momento o paradigma
entre a loucura e a razão com a origem do interior do homem. Alimentando pelas
angústias, ilusões e sonhos, onde esses sonhos só podiam ser realizados no mundo
irreal, o verdadeiro mundo de fantasias.

No século XVIII com o parecimento do mercantilismo, que tinha como


pressuposto a visão de que a população era um bem maior de qualquer nação,
pensamento esse que detinha uma visão lucrativa, ou seja, todo aquele que não
produzia para o crescimento da nação, era inserido no conjunto dos mendingos dos
malucos e dentre outros, promovendo, desta forma, a exclusão do portador da
loucura. Aliás, este contexto é um momento propulsor para autores que
relacionariam a loucura e transtornos mentais como a esquizofrênia com o
desenvolvimento do capitalismo, como o próprio Foucault e Gilles Deleuze.

A loucura sempre existiu, bem como o lugar para se tratar dos loucos:
templos, domicílios e instituições, mas a instituição psiquiátrica, propriamente dita, é
uma construção do século XVIII (FOUCAULT, 1978). A partir dessa nova forma de
vivenciar a condição humana, estabeleceu-se “o diferente”, aquele que não segue o
padrão de comportamento que a sociedade define. O doente mental, o excluído do
convívio dos iguais, dos ditos normais, foi então afastado dos donos da razão, dos
produtivos e dos que não ameaçavam a sociedade. Tratar do doente mental foi
então sinal de exclusão, de reclusão e asilamento. Hoje, esta realidade ainda existe,
porém de forma mais consciente e menos exclusiva. Por não se admitir a exclusão,
corre-se o risco de não se admitir a diferença. Esta não pode ser negada, é
necessário reconhecê-la e conviver com ela sem ter que excluir, conforme a grande
aspiração da reforma psiquiátrica (FOUCAULT, 1978).

3. REFORMA PSIQUIÁTRICA
No século XVIII Philippe Pinel considerado como pai da psiquiátria, propôs
uma nova forma de tratamento aos loucos, libertando das correntes e transferindo
aos manicômios que eram destinados somente a princípio aos doentes mentais,
onde várias experiências e procedimentos foram desenvolvidos e difundidos pela
Europa. O tratamento nos manicômios defendido por Pinel baseava-se
principalmente na reeducação dos alienados no respeito às normas e no

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desencorajamento de condutas inconvenientes e que para ele a função
disciplinadora do médico e do manicômio devia ser exercida com firmeza, indicando
um caráter essencialmente moral no qual a loucura passou a ser revestida.

Com o passar do tempo esse tratamento moral de Pinel vai se modificando e


se esvaziando das ideias originais do método e permanecendo apenas as ideias
corretivas do comportamento e dos hábitos dos doentes. Mas como recursos de
imposição da ordem e de disciplina institucional que se estende ao século XIX, onde
o tratamento do doente mental é incluir medidas físicas, como ducha de água fria,
terapia de dor, sangrias, máquinas giratórias, afogamento. Aos poucos com a
evolução das teorias organicistas o que era considerado como doença mental passa
a ser considerado também como uma doença orgânica, no entanto as técnicas
empregadas pelos organicistas eram as mesmas técnicas empregadas pelos
adeptos ao tratamento mental. Só que com uma concepção diferente sobre a
loucura decorrente as descobertas experimentais da neurofisiologia e da
neuroanatomia, onde a medicina justificava que essa estratégia de tratamento era
necessária e importante para o processo terapêutico.

O Brasil ocupa o modelo hospitalocêntrico das experiências do século XIX


onde os hospitais eram administrados pelas santas casas de misericórdia, que
tinham como gestores a Igreja Católica, a dententora do poder e da influência. O
primeiro hospício no Brasil foi inaugurado no ano de 1852, no Rio de Janeiro
chamado de Pedro II, que surgiu como resposta a loucura e ao longo do feriado
devido ao crescente número de pessoas livres, ociosas e alienadas que circulavam
pelas grandes cidades da capital. Esse hospital tinha como objetivo implícito limpar a
cidade dessas pessoas que eram denominadas improdutivas.

Podemos ver que a loucura estava lado a lado com o mercantilismo,


propulsor do capitalismo moderno, momento esse onde foram criadas as primeiras
indústrias farmacêuticas e os psicotrópicos que tinham como objetivo propiciar a
cura para a doença mental. Porém o seu segundo plano era lucrativo e mais uma
vez a repressão, o descaso ao portador de transtornos mentais e a submissão do
louco permaneceu e adentrou o século XX.

A partir do século XX Franco Basaglia um psiquiátrica italiano inicia uma


radical crítica e transformação do saber, do tramento e das instituições psiquiátricas.

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Esse movimento teve origem no Hospital Gorizia na Itália, mas teve repercussões
em todo o mundo e muito particularmente no Brasil. É nesse sentido que se inicia o
movimento da Luta Antimanicomial, essa luta nasce profundamente marcada pela
ideia de defesa dos direitos humanos e do resgate da cidadania dos que carregam
transtornos mentais. Aliado em paralelo a essa luta, nasce então o movimento da
Reforma Psiquiátrica que busca denunciar os manicômios como instituições de
violência e propõe a construção de uma rede de serviços, estratégias territoriais e
comunitárias.

4. ALTERNATIVAS PARA O TRATAMENTO DAS PSICOPATOLOGIAS


Ao considerarmos outros modelos de tratamento das psicopatologias,
devemos considerar que a questão fundamental a ser abordada é o fim da dinâmica
segregacionista e excludente presente dentro dos manicômios tradicionais. Ainda
que estas instituições tenham sido as primeiras a serem erguidas com o propósito de
tratamento e investigação dos distúrbios psicológicos e psiquiátricos, bem como dos
déficits de desenvolvimento mental, visando o acolhimento de indivíduos que haviam
sido alvos da exclusão social, o caráter punitivo e as atrocidades praticadas em
manicômios não apenas situados no Brasil, mas em diversos outros países de
diferentes continentes, proporcionaram a rotulação dos mesmos a partir de um ponto
de vista negativo.
Neste sentido, surge a necessidade de alternativas para esta insituição, que
visem o tratamento das psicopatologias, sendo norteados por novos princípios como:
territorialidade, reeinclusão social e abordagem biopsicossoial. Segue-se a seguir,
alguns exemplos de intituições que têm apresentado estes princípios, visando
promover a melhoria da qualidade do atendimento a indivíduos portadores de
psicopatologias, bem como romper com o passado manchado pelo sofrimento e
formas repudiáveis e ineficientes de tratamento, em sua maioria.

4.1. Caps (Centro de Atenção Psicossocial)


Como portas de entrada para o atendimento na área de Saúde Mental, com
relação ao setor público, foram instituídos os Centros de Atenção Psicossocial
(CAPS), constituídos de serviço ambulatorial de atenção diária que funcione
segundo a lógica do território, independente de qualquer instituição hospitalar. Estes
centros possuem o horário de funcionamento de 8 horas diárias, divididas em dois

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turnos, das 06h00 às 18h00, operando cinco dias por semana, salvo alguns subtipos
de CAPS.
Os CAPS operam a partir do tradicional procedimento de “portas-abertas”,
sem necessidade de agendamento prévio ou encaminhamento, sendo atendido e
assistenciado por equipes multi e interdisciplinares formadas principalmente por
psicólogos, terapeutas ocupacionais e enfermeiros.
Os CAPS podem ser divididos de acordo com a especialidade de atuação dos
profissionais que constituem as equipes de acompanhamento nestes centros:
4.1.1. CAPS I

Estas unidades atendem indivíduos de todas as faixas etárias que


apresentam de maneira prioritária intenso sofrimento psíquico oriundo de transtornos
mentais graves e persistentes. Usufrui-se de atendimento individual, seja
medicamentoso, psicoterápico ou de orientação; bem como atendimentos em grupo,
tais como psicoteparia, grupos operativos, atividades de suporte social, entre outras.
Ocorrem também oficinas terapêuticas executadas por profissionais de nível superior
ou de nivel médio, bem como atividades que visam a reinserção social e familiar,
desta forma também oferecendo atendimento familiar e visitas domiciliares. A equipe
básica exigida é a de um médico com formação em saúde mental, um enfermeiro,
três profissionais de nível superior que se enquandram nas seguintes formações:
psicólogo, assistente social, terapeuta ocupacional, pedagogo ou outro profissional
necessário ao projeto terapêutico. Também dever haver quatro profissionais de nível
médio: técnico ou auxiliar de enfermagem, técnico administrativo, técnico
educacional e artesão. OS CAPS I podem operar apenas em municípios que
possuem entre vinte mil e setenta mil habitantes.
4.1.2. CAPS II

Os CAPS II, diferentemente do anterior, podem operar em municipios entre


setenta mil a duzentos mil habitantes, possuindo o mesmo horário de
funcionamento, podendo comportar um terceiro turno de funcionamento até às
21h00. Difere-se a equipe básica que deve compor este centro, sendo composta por,
pelo menos: um médico psiquiatra; um enfermeiro especializado em Saúde Mental;
quatro profissionais com nível superior que se enquandram nas seguintes
formações: psicólogo, assistente social, terapeuta ocupacional, pedagogo ou outro
profissional necessário ao projeto terapêutico; e seis profissionais que possuem as

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seguintes competências: técnico ou auxiliar de enfermagem, técnico administrativo,
técnico educacional e artesão.
4.1.3. CAPS III

Este subtipo de Centro de Atenção Psicossocial opera em municípios com


população acima de duzentos mil habitantes, através de um funcionamento de
atenção contínua de 24 horas diárias, incluindo finais de semana e feriados,
possuindo as mesmas atividades dos subtipos citados anteriormente. Ademais, o
CAPS III possui acolhimento noturno com, no máximo, cinco leitos que podem ser
destinados à repouso ou observação do indivíduo. Estes pacientes podem ser
assistidos nos leitos por um período de até sete dias ininterruptos. A equipe básica
de um CAPS III é formada por dois médicos psiquiatras; um enfermeiro com
especialização em saúde mental; cinco profissionais de nivel superior que se
enquandram nas seguintes formações: psicólogo, assistente social, terapeuta
ocupacional, pedagogo ou outro profissional necessário ao projeto terapêutico; oito
profissionais de nível médio, dentre eles: técnico ou auxiliar de enfermagem, técnico
administrativo, técnico educacional e artesão;
4.1.4. CAPS i II

Os CAPS i II operam em municípios com população entre setenta mil e


duzentos mil habitantes, possuindo como finalidade o serviço ambulatorial de
atenção diária à crianças e adolescentes com transtornos mentais. As atividades
desenvolvidas e o horário de funcionamento seguem os padrões dos CAPS II,
contudo há atividades comunitárias enfocando a integração da criança e do
adolescente na família e em quaisquer outras instituições sociais da qual a criança
possui o direito de fazer parte. Por se tratar de uma faixa etária delimitada, a equipe
fundamental deste subtipo de CAPS conta com os seguintes integrantes: um médico
psiquiatra, neurologista ou pediatra com formação em saúde mental; um enfermeiro;
quatro profissionais de nivel superior que se enquandram nas seguintes formações:
psicólogo, assistente social, terapeuta ocupacional, pedagogo ou outro profissional
necessário ao projeto terapêutico; cinco profissionais de nível médio, dentre eles:
técnico ou auxiliar de enfermagem, técnico administrativo, técnico educacional e
artesão.
4.1.5. CAPS ad II
Operam nas mesmas condições do CAPS II, contudo através de serviços de

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atenção psicossocial especializados no atendimento de pacientes com transtornos
oriundos do uso de substâncias psicoativas. Como diferencial deste centro, há a
presença de dois a quatro leitos para desintoxicação e repouso. Além das atividades
exercidas nos demais centros, ocorre também o atendimento de desintoxicação, que
se estende desde o auxílio e o procedimento médico até à conscientização do
processo de intoxicação. A equipe necessária para o funcionamento de um CAPS ad
II constitui-se de, pelo menos: um médico psiquiatra, um enfermeiro com formação
em saúde mental; um médico clínico, responsável pela triagem, avaliação e
acompanhamento das intercorrências clínicas; quatro profissionais de níveis
superior, dentre os quais podem se encontrar: : psicólogo, assistente social,
terapeuta ocupacional, pedagogo ou outro profissional necessário ao projeto
terapêutico; e seis profissionais de nível médio, dentre eles: técnico e/ou auxiliar de
enfermagem, técnico administrativo, técnico educacional e artesão.
4.1.6. CAPS ad III
Diferentemente dos demais Centro de Atenção Psicossocial, os quais
possuíram sua aprovação de funcionamento pela portaria 336 de 2001, o CAPS ad
III foi inaugurado pela portaria 130, de 2012, sendo definido como:

o Ponto de Atenção do Componente da Atenção Especializada da Rede de


Atenção Psicossocial destinado a proporcionar a atenção integral e contínua
a pessoas com necessidades relacionadas ao consumo de álcool, crack e
outras drogas, com funcionamento nas 24 (vinte e quatro) horas do dia e em
todos os dias da semana, inclusive finais de semana e feriados. (BRASIL,
2012).

Este centro está previsto para operar em municípios de duzentos a trezentos


mil habitantes, podendo atender adultos, crianças e adolescentes, conjunta ou
separadamente, sendo que no atendimento destas duas últimas faixas etárias, seja
de maneira exclusiva ou não, deve-se seguir as delimitações do Estatuto da Criança
e do Adolescente (ECA). Ademais, este subtipo constitui-se como uma base
comunitária de serviço aberto, operando segundo os princípios territorias,
fornecendo ação contínua durante 24 horas diárias aos paciente e indivíduos aos
quais se enquadram no seu propósito de atuação.
Além do auxílio e tratamento prestado aos usuários de substâncias
psicoativas, ressalta-se também o cuidado, proteção e serviço psicológico oferecido

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aos familiares do paciente em situações de maior gravidade, caracterizadas por
crises, abstinência, recaídas ou ameças de violência física. Ademais, dentre as
atividades realizadas neste centro, destacam-se: atendimento individual para
consultas em geral, atendimento psicoterápico e de orienteção; oferta de medicação
adequada; atendimento em grupos para psicoterapia, atividades de suporte social;
oficinas terapêuticas; visitas e atendimentos domiciliares; atividades de reabilitação
social, tanto no que se refere às instituições fundamentais como a família, como
também a reinserção profissional, o manejo de medicação, readequação à vida
cultural e etc.
A equipe de atendimento do CAPS ad III deve ser formada por: um médico
clínico; um médico psiquiatra; um enfermeiro com experiência ou formação na área
de saúde mental; pelo menos cinco profissionais de nível universitário como:
psicólogos, assistente social, enfermeiro, terapeuta ocupacional, pedagogo e
educador físico; quatro técnicos de enfermagem; quatro profissionais de nível médio
e um profissional de nível médio para designado para atividade de administração.
Quanto à estrutura física mínima, o centro deve conter: espaço para
atendimento individual, espaço para atendimento em grupo, espaço para refeições,
espaço para conveniência, banheiros com chuveiro e de oito a doze leitos para
acolhimento noturno e posto de enfermagem.

4.2. Raps (Rede de Atenção Psicossocial)

A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) determina os sinais de cuidados


para o atendimento de pessoas que possuí doenças mentais, inserindo os efeitos
nefastos do uso de álcool, crack, e diferentes drogas. A Rede integra o Sistema
Único de Saúde (SUS). Formam parte da RAPS os equipamentos de Saúde que
integram o SUS, nos diversos níveis de complexidade, desde a atenção básica ao
nível alto de complexidade, como: Unidades Básicas de Saúde (UBS); Núcleo de
Apoio a Saúde da Família (NASF); Consultório na Rua; Centros de Atenção
Psicossocial (CAPS); os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT); Unidades de
Acolhimento (UAs); SAMU 192; Unidades hospitalares de atenção à urgência, entre
outros.

Os planos da RAPS encontram-se no crescimento do alcance dos cidadãos à


atenção psicossocial, ao progresso do acesso aos pontos de atenção da população

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indicada e de seus familiares, e a segurança da articulação e integração destes, com
a intenção de fornecer atenção especializada mediante o acolhimento, assistência
contínua e cautela às urgências, junto à ideia de mudança do padrão de exclusão
dos indivíduos com transtornos mentais, para uma forma de olhar humanizado, ouvir
e atender o sujeito em tormento psíquico/transtorno mental, restabelecendo o
desempenho do trabalho segurado no paradigma psicossocial.

A RAPS possuí Hospitais Gerais parceiros, que oferecem leitos para os


sujeitos que se encontram em sofrimento ou transtornos mentais e com
necessidades consequentes do uso de álcool, crack, e diversas drogas. Isso
assegura que o enfermo possua entrada a técnicas hospitalares, e ao mais correto
auxilio possível. Os serviços procurados devem ser os mais próximos possíveis. Os
sujeitos que passaram por um momento de internação não se encontram sem apoio
pela RAPS.

A Lei da Reforma Psiquiátrica (10.216 de 2001), as Estratégias de


institucionalização buscam elaborar formas de prometer os benefícios da pessoa
com sofrimento mental, em cooperação com a ascensão de autonomia e progressiva
inclusão social.

Empreendedorismos caritativos e colaborações sociais são escolhas para


obter rendas, trabalho, e lar altruísta desses pacientes, com o objetivo de
introduzindo-os crescentemente na sociedade. Os atos precisam estar estruturados
por redes de saúde e de comedimento solidário sobre os meios livres no território
para desenvolvimento da independência e integração social dos utilizadores da rede
e parentes.

4.3. Hospital Dia


Segundo o Ministério da Saúde, o Hospital Dia é destinado à internações e
atendimento ambulatoriais de grau médio para realização de procedimentos clínicos,
cirúrgicos e diagnósticos terapêuticos que requeiram a permanência do paciente por
até 24 horas. Após este período a pessoa em tratamento deverá ser direcionado ao
CAPS da região conforme a necessidade.
Para acesso ao Hospital Dia é necessário preencher alguns requisitos:
 Resolução CIB - Comissão Intergestores Bipartite;

 Ofício de solicitação do Gestor;

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 Relatório da Vigilância Sanitária Local;

 Declaração de cumprimento das exigências da Portaria GM/MS n°44/2001.

Os hospitais dia também se destinam ao atendimento de pacientes psiquiátricos


que estão sendo reintegrados ao convívio social, sendo que o atendimento é
intensivo, ou seja o paciente frequenta a unidade hospitalar diariamente durante o
período diurno, passando o restante do dia com a família e a comunidade onde
reside. Em termos previdenciários designa o hospital ou parte dele que oferece
serviços terapêuticos, que os pacientes geralmente frequentam todos os dias, mas
vão para casa ou para uma ala hospitalar na noite.

4.4. Residências e Comunidades Terapêuticas


As residências são moradias situadas em regiões da cidade, criadas no
sentido de atender às dificuldades de morada de indivíduos que possui transtornos
mentais delicados, institucionalizadas ou não. A quantidade de desfrutadores pode
ser a partir de um indivíduo até um grupo de oito pessoas, que irão contar com o
alicerce de profissionais receptíveis aos serviços procurados e necessidades de
cada sujeito.

As estruturas de índole multidisciplinar (ou o CAPS de menção, seja a


equipe da atenção básica, ou outros qualificados) são recomendadas a aceitar a
individualidade de cada morador, não só exclusivamente projetos e ações fundados
no grupal de residentes. A assistência do ocupante deve seguir, mesmo que ele se
mude de endereço ou casualmente seja hospitalizado. O modo de reabilitação
psicossocial tem de ser buscando de forma única a inclusão do usuário na rede de
serviços, organizações e relações sociais da comunidade. Isto é, a introdução em
um SRT é o começo de um imenso processo de reabilitação que precisará procurar
a gradual inserção social do morador.

Já as comunidades terapêuticas foram criadas para uma intervenção clinica


focada em dependentes químicos. As CTS amparam esses usuários com o intuito de
apoiá-los a suspender este vício, se estruturar e voltar a ter uma vida digna social.
Segundo pesquisas a administração das comunidades terapêuticas desde sempre
recebeu apoio de mobilidades religiosas, onde se disponibilizam igrejas católicas e
evangélicas. Os acolhidos por esse programa recebem alimentação, atendimento

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terapêutico e psicológico, laborterapia, aconselhamento espiritual, conselheiros para
falar sobre dependência química, reuniões e atividades de lazer em grupo. A
finalidade das comunidades terapêuticas é lutar contra libertação completamente do
consumo de álcool e diversas outras drogas que causam abstinência. Quando o
individuo decide entrar na CT é imposto que ele comprometa-se em relação à
abstinência em condição para o principio do tratamento.

5. MAPEAMENTO DOS CENTROS DE TRATAMENTO

1° Hospital Carlos Chagas – Hospital Guarulhos


Rua Cel. Portilho, 80 Centro, Guarulhos- SP Cep: 07012-050
Hospital reconhecido pela ONA – entidade que certifica a qualidade de serviços de
saúde.
2° Clinapsi Clínica de Orientação Psiquiátrica e Psicológica
Rua Otávio Forghieri, 72 – Jardim Gumercindo, Guarulhos – SP, 07090-070
Telefone (11) 2441-0292
3° Hospital e Maternidade Guarulhos
Av. Tiradentes, 1015 Centro Guarulhos – SP

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4° Hospital Municipal da Criança e Adolescente (HMCA)
RUA: José Mauricio, 191 – Centro, Guarulhos – SP Telefone (11) 2475-9688
5° Centro de Atenção Psicossocial III – Bom Clima
Rua Rafael Colaciopo, 80 – Jardim Bom Clima, Guarulhos – SP, 07196-230 Telefone
(11) 2408-5415
6° Hospital Geral de Guarulhos
Rua Alameda dos Lírios, 300 – Parque Cecap, Guarulhos – SP, 07190-012 Telefone
(11) 3466-1350.
7° Centro de Atenção Psicossocial – Caps Arco Iris II
Rua Nova Canaã, 539 – Pres. Dutra, Guarulhos – SP, 07171-440 Telefone (11)
2085-6596
8° CAPS III Alvorecer
Av. Santa Helena, 71 – Vila Paraiso, Guarulhos – SP, 07242-050 Telefone (11)
2486-1623
9° Hospital Municipal Pimentas Bonsucesso (HMPB)
Rua: São José do Paraiso, 100 – Jardim Imperial, Guarulhos – SP Telefone (11)
2489-6610

6. DISCUSSÃO
Em virtude dos fatos mencionados anteriormente, infere-se que,
indubitavelmente, através da Reforma Psiquiátrica e da Luta Antimanicomial, foram
obtidas diversas conquistas e direitos em relação ao tratamento de indivíduos com
transtornos mentais. O princípio da territorialização, que rege o SUS e,
consequentemente o RAPS e o CAPS, auxiliaram no processo de inclusão social
dos indivíduos portadores de psicopatologias, tanto pelo fato de estarem inseridos
em cidades nas quais os pacientes residem, como também por abrangerem o
aspecto biopsicossocial do ser humano, proporcionando a terapia ocupacional, a
escuta de familiares e a realização de oficinas profissionalizantes. Estas mudanças
são propulsoras para a desfixação da atenção apenas na patologia e a possibilidade
de se explorar as potencialidades do indivíduo.

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Contudo, ao vislumbrarmos na prática o funcionamento destes métodos
alternativos, verificamos que há uma incrogruência demasiada em comparação com
o projeto teórico. O número de CAPS têm se demonstrado como insuficiente para
atender grandes municípios, sendo que, aqueles que já estão em operação possuem
superlotação e má infraestrutura. A desumanização que antes estava presente nos
tratamentos e na segregação, agora se manifesta através do descaso da
consolidação do projeto real. Ainda assim não podemos deixar de ressaltar que a
mudança de perspectiva dos profissionais da área da saúde, para uma visão que
abrange as plenas capacidades e potencialidades do ser e que não se atenta
apenas à psicopatologia, reduzindo-se o indivíduo a mesma, apresenta-se como
revigorante, sendo capaz de promover a busca por métodos de tratamentos e
atendimentos mais humanitários e abrangentes.
Por fim, devemos ressaltar que a reforma em si é contínua e deve visar a
ampliação dos direitos aos portadores de transtornos e deficiências mentais sempre,
contrapondo-se também aos esteréotipos preconceituosos que envolvem estes, bem
como disseminando a conscientização acerca do funcionamento, causas e
tratamento destes transtornos.
Afinal de contas, em uma sociedade guiada pelo consumismo; ora pela
ansiedade, ora pela melancolia, que cedem seus lugares uma a outra
continuamente; pela liquidez do laços humanos e pelo anseio em não perder
nenhuma informação, talvez poucos sadios realmente restem, e pior ainda, talvez
não tenhamos nos atentado para a verdadeira doença contemporânea: a ignorância
e o preconceito, como manifestações neuróticas devido à falta de identidade e
segurança em si mesmo. Portanto, não nos esqueçamos do verdadeiro postulado
aristotélico de que “a felicidade coexiste com a contemplação” (ARISTÓTELES, p.
289) e sigamos em contemplar as conquistas alcançadas, para que, desenvolvendo-
as e expandindo-as, a justiça em prol dos que realmente necessitam de um
atendimento humanizado e de ótima qualidade seja estabelecida, alcançando-se o
bem comum.

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REFERÊNCIAS

ALEXANDER, F.; SELESNICK, S. HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA. SÃO


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