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EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

AULA 2

Prof. Paulo Seixas


CONVERSA INICIAL

Nesta aula, trataremos sobre a matriz energética mundial, suas mudanças


durante os anos, com acréscimos e decréscimos de demanda e geração, e sua
contextualização, falando de como é composta a matriz energética brasileira, de
suas similaridades e diferenças no âmbito mundial.
Abordaremos o balanço energético nacional, mostrando os principais
avanços de nossa tecnologia, a composição do nosso sistema elétrico atual e o
consumo médio de energia em cada um dos setores brasileiros.

TEMA 1 – MATRIZ ENERGÉTICA MUNDIAL

O livro-base que adotamos, Energias renováveis, geração distribuída e


eficiência energética (Moreira, 2018), nos mostra que, para uma melhor
compreensão dos fundamentos da matriz energética, devemos fazer uma
análise com cenários que se compõem por meio da matriz energética utilizada
ao longo do tempo, tais como alto crescimento, baixo crescimento etc. Quando
tratamos da matriz energética mundial, a oferta, a transformação e o uso final
formam os trabalhos desse balanço consolidado.
A problemática energética engloba: estrutura de demanda; conteúdo
energético da produção; reservas naturais; recursos naturais energéticos;
tecnologias de exploração; importação e exportação de energéticos; produção
de energia primária; produção dos centros de transformação; consumo de
energia pelos setores da sociedade; consumo de energia útil por setor e por fonte
de destino da energia útil, por setor e por serviço; preços e tarifas do setor
energético; e custos de produção, transporte e armazenamento.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (Ocde)
nos mostra um aumento no consumo energético mundial, com a evolução da
oferta e do consumo bastante acentuados nos países não membros daquela
organização e discretos, nos países-membros.
A BP Statistical Review of World Energy (2019) nos revela que o consumo
global de energia aumentou 2,9%, em 2018. O crescimento foi o mais forte desde
2010 e quase o dobro da média dos últimos dez anos. A demanda por todos os
combustíveis aumentou, mas o crescimento foi particularmente forte no caso do
gás (168 milhões de toneladas equivalentes de petróleo – mtoe, representando
43% do aumento global) e das energias renováveis (71 mtoe, 18% do aumento
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global). Na Ocde, a demanda de energia aumentou 82 mtoe, apoiada no forte
crescimento da demanda de gás (70 mtoe). Fora do âmbito da Ocde, o
crescimento da demanda de energia (308 mtoe) foi distribuído uniformemente
em gás (98 mtoe), carvão (85 mtoe) e petróleo (47 mtoe), responsáveis pela
maior parte do crescimento. O que pode ser visto na Figura 1.

Figura 1 – Crescimento da demanda de óleo, entre os anos de 1993 e 2018

Carvão
Renováveis
Hidroeletricidade
Energia nuclear
Gás natural

Fonte: BP Statistical Review of World Energy, 2019.

O consumo de energia primária cresceu a uma taxa de 2,9%, em 2018,


quase o dobro de sua média dos últimos dez anos, que era de 1,5 % ao ano, e
a mais alta desde 2010.
Nos combustíveis, o crescimento do consumo de energia foi impulsionado
pelo gás natural, que contribuiu com mais de 40% desse aumento. O consumo
dos combustíveis cresceu mais rápido que suas médias em dez anos, além das
fontes renováveis, embora estas ainda sejam responsáveis pelo segundo maior
incremento no crescimento energético.
China, EUA e Índia representam, juntos, mais de dois terços do aumento
global da procura de energia; nos EUA, a expansão do consumo alcançou a sua
maior taxa dos últimos 30 anos.
As emissões de carbono cresceram 2%, o crescimento mais rápido em
sete anos.
O preço médio anual do petróleo (chamado dated brent) subiu para US$
71,31 por barril, acima dos US$ 54,19/barril de 2017. O consumo cresceu acima

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da média de 1,4 milhão de barris por dia (b/d), ou seja 1,5%. A China e os EUA
foram os maiores contribuintes para o crescimento. A produção global de
petróleo aumentou em 2,2 milhões de b/d. Quase todo o aumento líquido foi
contabilizado pelos EUA, com seu crescimento na produção de 2,2 milhões b/d,
um recorde para qualquer país, em qualquer ano. Em outros lugares, o
crescimento da produção no Canadá (410.000 b/d) e na Arábia Saudita (390.000
b/d) foi superado pelos declínios na Venezuela (-580.000 b/d) e no Irã (-310.000
b/d).
O consumo de gás natural aumentou 195 bilhões de metros cúbicos
(bcm), ou 5,3%, uma das maiores taxas de crescimento desde 1984. O
crescimento no consumo de gás foi impulsionado principalmente pelos EUA (78
bcm), China (43 bcm), Rússia (23 bcm) e Irã (16 bcm).
A produção global de gás natural aumentou em 190 bcm, ou 5,2%. Quase
a metade disso veio dos EUA (86 bcm), que, assim como na produção de
petróleo, registraram o maior crescimento anual visto por qualquer país da
história. Rússia (34 bcm), Irã (19 bcm) e Austrália (17 bcm) foram as maiores
contribuições para o crescimento. O crescimento no comércio inter-regional de
gás natural foi de 39 bcm ou 4,3%, mais que o dobro da média de dez anos,
impulsionado em grande parte pela contínua expansão rápida do gás natural
liquefeito (GNL). O crescimento da oferta de GNL veio principalmente da
Austrália (15 bcm), EUA (11 bcm) e Rússia (9 bcm). A China foi a responsável
por cerca de metade do aumento das importações (21 bcm).
O consumo de carvão cresceu 1,4%, o dobro do crescimento médio de
dez anos. O crescimento do consumo foi liderado pela Índia (36 mt) e pela China
(16 mt). A demanda dos países da Ocde caiu para o nível mais baixo desde
1975. A participação do carvão na energia primária caiu para 27,2%, a menor
em 15 anos. A produção global de carvão aumentou em 162 mt, ou 4,3%. China
(82 mtep) e Indonésia (51 mtp) forneceram os maiores incrementos.
A energia renovável cresceu 14,5%, ligeiramente abaixo da sua média
histórica, embora seu aumento em termos de energia (71 mtd) esteja próximo do
aumento recorde de 2017.
A geração solar cresceu em 30 milhões de toneladas, um pouco abaixo
do aumento da energia eólica (32 milhões de toneladas) e forneceu mais de 40%
de crescimento de renováveis. A China foi novamente o maior contribuinte para

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o crescimento de renováveis (32 mtp), superando o crescimento em toda a Ocde
(26 mtp).
A geração hidrelétrica aumentou 3,1% acima da média, com a geração
europeia se recuperando em 9,8% (12,9 milhões de tep), quase compensando o
forte declínio registrado no ano anterior.
A geração nuclear cresceu 2,4%, seu crescimento mais rápido desde
2010. A China (10 milhões de toneladas) contribuiu com quase três quartos do
crescimento global, sendo no Japão (5 milhões de toneladas) encontrado o
segundo maior aumento.
A geração de eletricidade aumentou em 3,7%, acima da média,
impulsionada pela China (que representou mais da metade do crescimento), pela
Índia e pelos EUA.
As energias renováveis representaram um terço do aumento líquido na
geração de energia, seguidas de perto pelo carvão (31%) e depois pelo gás
natural (25%). A participação das renováveis na geração de energia aumentou
de 8,4% para 9,3%. O carvão ainda foi responsável pela maior parte da geração
de energia, em 38%.
A produção de cobalto e lítio subiu 13,9% e 17,6%, respectivamente,
ambos bem acima de suas taxas médias de crescimento de dez anos. Os preços
do cobalto subiram 30%, para os níveis mais altos desde 2008, enquanto os
preços do carbonato de lítio aumentaram 21%, para novos máximos.
De maneira mais didática, a matriz energética pode ser vista em forma de
gráfico, por fontes não renováveis, como o carvão, petróleo e gás natural (Figura
2).

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Figura 2 – Composição da matriz energética mundial em 2016, por suas fontes

Fonte: IEA, 2018, citado por EPE, [201-].

O estudo da matriz energética é um instrumento importante no


planejamento do desenvolvimento e, por conseguinte, nas pretensões de
desenvolvimento sustentável. Quando falamos em sustentabilidade, é relevante
observarmos a participação das fontes renováveis, por exemplo.
O balanço energético mundial nos dá uma noção da ordem de grandeza,
de sua distribuição de oferta e dos usos da energia.

TEMA 2 – MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA

A matriz energética do Brasil é muito diferente da mundial. Por aqui,


apesar do consumo de energia de fontes não renováveis ser maior do que o de
renováveis, usamos mais fontes renováveis que no resto do mundo.
O Brasil dispõe de uma matriz elétrica de origem predominantemente
renovável, sendo que lenha e carvão vegetal, hidráulica, derivados de cana,
lixívia e outras renováveis totalizam 42,9%, quase metade da nossa matriz
energética (Figura 3).

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Figura 3 – Composição da matriz energética brasileira em 2017, por suas fontes

Fonte: BEN, 2018, citado por EPE, [201-].

O balanço energético de um dado país ou região é um conjunto de dados


registrados das diversas fontes utilizadas, além de apresentar dados sobre o
setor energético em questão.
Ao compararmos o consumo de energia proveniente de fontes renováveis
e não renováveis no Brasil e no mundo percebemos, pela Figura 4, que a matriz
energética brasileira é mais renovável do que a mundial.

Figura 4 – Comparação de uso de fontes renováveis e não renováveis, no Brasil


e no mundo, em 2016

Fonte: EPE, [201-].

Essa característica da nossa matriz é muito importante. As fontes não


renováveis de energia são as maiores responsáveis pela emissão de gases de

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efeito estufa (GEE). Como consumimos mais energia das fontes renováveis que
em outros países, e dividindo a emissão de gases de efeito estufa pelo número
total de habitantes no Brasil, veremos que nosso país emite menos GEE por
habitante que a maioria dos outros países.
A matriz elétrica é formada pelo conjunto de fontes disponíveis apenas
para a geração de energia elétrica em um país, estado ou no mundo. Precisamos
da energia elétrica, por exemplo, para assistir à televisão, ouvir músicas no rádio,
acender a luz, ligar nossa geladeira, carregar nosso celular, entre tantas outras
coisas.
A geração de energia elétrica no mundo é baseada, principalmente, em
combustíveis fósseis como carvão, óleo e gás natural, em termelétricas (Figura
5).

Figura 5 – Matriz elétrica mundial, em 2016

Fonte: IEA, 2018, citado por EPE, [201-].

A matriz elétrica brasileira é ainda mais renovável do que a energética,


isso porque grande parte da energia elétrica gerada no Brasil vem de usinas
hidrelétricas. A energia eólica também vem crescendo bastante, contribuindo
para que a nossa matriz elétrica continue sendo, em sua maior parte, renovável
(Figura 6).

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Figura 6 – Matriz elétrica brasileira, em 2017

Fonte: IEA, 2018, citado por EPE, [201-].

Figura 7 – Comparação de uso de fontes renováveis e não renováveis, no Brasil


e no mundo, em 2016

Fonte: EPE, [201-].

Observamos, na Figura 7, que a matriz elétrica brasileira é baseada em


fontes renováveis de energia, ao contrário da matriz elétrica mundial. Isso é
ótimo para o Brasil, pois, além de possuírem menores custos de operação, as
usinas que geram energia com base em fontes renováveis em geral emitem bem
menos GEE.

TEMA 3 – BALANÇO ENERGÉTICO NACIONAL

Na Administração Pública brasileira, o Ministério de Minas e Energia


(MME) é a instituição responsável por formular os princípios básicos e definir as
diretrizes da política energética nacional. Com subsídios, o MME promove, por

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meio de seus órgãos e empresas vinculadas, diversos estudos e análises
orientadas para o planejamento do setor energético. Na sequência das
mudanças institucionais ocorridas no setor energético ao longo dos últimos 15
anos, foi criada, em 2004, a Empresa de Pesquisa Energética – EPE, vinculada
ao MME.
A EPE é uma empresa pública, instituída nos termos da Lei n.
10.847/2004 e do Decreto n. 5.184, de 16 de agosto de 2004 (Brasil, 2004a,
2004b). Sua finalidade é prestar serviços na área de estudos e pesquisas
destinados a subsidiar o planejamento do setor energético, tais como sobre
energia elétrica, petróleo e gás natural e seus derivados, carvão mineral, fontes
energéticas renováveis e eficiência energética, entre outras áreas. A Lei n.
10.847/2004, em seu art. 4º, inciso II, estabelece entre as competências da EPE
a de elaborar e publicar o Balanço Energético Nacional – bem (Brasil, 2004b).
O relatório consolidado do BEN documenta e divulga, anualmente,
extensa pesquisa e a contabilidade relativas à oferta e consumo de energia no
Brasil, contemplando as atividades de extração de recursos energéticos
primários, sua conversão em formas secundárias, a importação e a exportação,
a distribuição e o uso final da energia.
Em adição, a EPE publica o Relatório Síntese, no primeiro semestre
posterior a cada ano-base, que apresenta um resumo dos dados acerca da
contabilização da oferta, transformação e consumo final de produtos energéticos
no Brasil.
Em 2018, a oferta interna de energia (total de energia disponibilizada no
país) atingiu 288,4 Mtep, registrando um decréscimo de 1,7% em relação ao ano
anterior. O incremento das fontes hídrica e eólica na geração de energia elétrica
(perda zero), associado ao recuo do consumo de energia nos setores de
alimentos e bebidas (-17,4%), não ferrosos e outros da metalurgia (-20,2%) e
rodoviário (-1,2%) puxaram para baixo as ofertas internas de gás natural (-5,4%)
e de petróleo e derivados, no período (-6,5%).
No caso da energia elétrica, verificou-se um avanço na oferta interna de
10,7 TWh (1,7%), em relação a 2017. Devido às condições hidrológicas
favoráveis, houve aumento de 4,1% da energia hidráulica disponibilizada, em
relação ao ano anterior. A participação de renováveis na matriz elétrica atingiu
83,3%, em 2018.

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A geração eólica atingiu 48,5 TWh – um crescimento de 14,4%. A potência
eólica alcançou 14.390 MW, expansão de 17,2%. Até julho de 2019, houve uma
geração de 15.071 MW, o que denota uma expansão de 4,7% em relação ao
ano anterior.

Figura 8 – Potencial energético brasileiro, em 2019

1%

1%

Biomassa
5% 9%
Eólica
9%
Fóssil

Hídrica

14% Nuclear

Solar

Undi-Elétrica
61% Importação

Fonte: Aneel, 2019.

TEMA 4 – SISTEMA ELÉTRICO ATUAL

Ao avaliarmos a matriz energética brasileira, vemos que, por mais que


tenhamos uma forte geração de energia por parte das hidrelétricas (61%), há um
crescimento um tanto modesto na geração mais limpa, na qual contamos com a
energia eólica (9%) e a geração pela radiação solar (1%).
Toda essa geração, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica
(Aneel), em julho de 2019 corresponde à capacidade instalada de 173 TW.

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Tabela 1 – Geração elétrica, incluindo geração distribuída, em GWh, em 2019

Fonte 2017 2018 ∆ 2018/2017


Hidrelétrica 370.906 388.971 4,9%
Gás Natural 65.593 54.622 -16,7%
Biomassa1 51.023 52.267 2,4%
Derivados do Petróleo2 12.458 9.293 -25,4%
Nuclear 15.739 15.674 -0,4%
Carvão a Vapor 16.257 14.204 -12,6%
Eólica 42.373 48.475 14,4%
Solar Fotovoltaica 832 3.461 316,1%
Outras3 14.146 14.429 2%
Geração Total 589.327 601.396 2%
1 Inclui lenha, bagaço de cana, biodiesel e lixívia.
2 Inclui óleo diesel e óleo combustível.
3 Inclui outras fontes primárias, gás de coqueria e outras secundárias.

O gráfico com a variação numérica de geração em GWh, de 2017/2018,


positivamente ou negativamente, fica da seguinte maneira, conforme Figura 9.

Figura 9 – Gráfico com a variação numérica da geração de energia no Brasil,


entre 2017 e 2018, em GWh

-15.000 -10.000 -5.000 0 5.000 10.000 15.000 20.000

18.065 Hidrelétrica
-10.971 Gás Natural
1.244 Biomassa
-3.165 Derivados do Petróleo
-65 Nuclear
-2.053 Carvão Vapor
6.102 Eólica
2.629 Solar Fotovoltaica
283 Outras

Em 2018, o incremento da geração por meio das fontes hídrica, eólica e


solar, com a consequente redução da geração termelétrica, reduziu as perdas
nos centros de transformação (Figura 10).

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Figura 10 – Relação entre evolução das perdas com energia no Brasil e
participação das térmicas na geração de energia, em 2018

A participação de fontes renováveis na matriz energética gera as


seguintes consequências:

• incremento da geração hidráulica e eólica;


• aumento da oferta de lixívia e biodiesel;
• redução da oferta de petróleo e derivados;
• redução da oferta de gás natural.

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Figura 11 – Relação percentual entre uso de fontes renováveis e não renováveis,
no Brasil, em 2017 e 2018; no mundo, em 2016; e pelos membros da Ocde, em
2016

Brasil (2018) 45,30%

Brasil (2017) 43,00%

Mundo (2016) 13,70%

OCDE (2016) 9,70%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Renováveis Não renováveis

Figura 12 – Percentual de fontes renováveis na oferta interna de energia (OIE),


2009-2018

Fonte: EPE, 2019.

TEMA 5 – CONSUMO MÉDIO DE ENERGIA POR SETOR E POR USO FINAL

O consumo de energia é composto por energias renováveis e não


renováveis. As energias renováveis compõem 45,3% dessa energia gerada,
enquanto que as não renováveis, 54,7%.
Dentre as energias renováveis, as principais são:
• biomassa da cana;
• hidráulica;
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• lenha e carvão vegetal;
• lixívia e outras renováveis.

Dentre as energias não renováveis, as principais são:

• petróleo e derivados;
• gás natural;
• carvão mineral;
• urânio;
• outras não renováveis.

Esquematicamente, temos o que se apresenta na Figura 13.

Figura 13 – Composição das fontes não renováveis e renováveis no consumo de


energia brasileiro

Seguindo a tendência verificada na oferta, o consumo final, energético e


não energético, recuou 1% em relação ao ano anterior.
O consumo da energia no Brasil variou da maneira descrita na Figura 14.

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Figura 14 – Variação do consumo de energia no Brasil

12,00%

10,00%

8,00%

6,00%

4,00%

2,00%

0,00%
Setor PIB Serviços Residências Agropecuária Transportes Indústrias Uso não
-2,00% energético energético
-4,00%

-6,00%

-8,00%

Tabela 2 – Consumo energia no Brasil, no setor energético

Fonte (mil tep) 2017 2018 ∆ 2018/2017


Gás Natural 6.542 7.333 12,1%
Bagaço de Cana 11.926 14.296 19,9%
Derivados de Petróleo 4.791 4.175 -12,9%
Eletricidade 2.548 2.698 5,9%
Gás de Coqueria 202 202 0,1%
Total 26.010 28.705 10,4%

Na Figura 15, apresentamos um balanço do consumo de energia no


Brasil.

16
Figura 15 – Balanço do consumo de energia no Brasil

5.1 O consumo de energia na indústria

No setor industrial, a retração de consumo de energia, em 2018, foi de


4,12 milhões de tep, em valores absolutos. Destaque para a queda de -23,1%
na produção de açúcar, impactando o consumo energético de bagaço de cana
em -23,4%, em relação a 2017. Outro setor que contribuiu para a redução do
consumo na indústria foi o de não ferrosos e outros da metalurgia. A queda
acentuada nas produções de alumínio (-17,8%) e alumina (-25%) fez com que a
demanda energética desse segmento caísse -20,2% em relação ao ano anterior.
O consumo de energia na indústria, atualmente, corresponde às seguintes
fontes de energia, conforme o relatório BEN 2019:

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• eletricidade;
• bagaço de cana;
• carvão mineral;
• gás natural;
• lenha;
• lixívia;
• carvão vegetal;
• óleo combustível;
• outras fontes

Na Figura 16 apresentamos os percentuais de utilização de cada uma


dessas fontes.

Figura 16 – Percentuais de utilização de cada fonte energética na indústria, no


Brasil, em 2018

5.2 O consumo de energia no setor de transporte

O setor de transporte teve seu consumo reduzido em 0,69 milhão de tep,


em 2018. Essa contração se deu em virtude da redução do consumo de gasolina
A de 13,1% (-3,3 milhões de tep) e, consequentemente, do anidro, que registrou
uma queda de 15,4% (-1 milhão de tep), no mercado de veículos leves. O
consumo de álcool hidratado, por sua vez, cresceu 38,6% (2,9 milhões de tep),
não compensando, portanto, o recuo do consumo da gasolina C. No caso do
transporte de carga, o biodiesel cresceu 25,7% (0,7 milhão de tep),
compensando assim a redução do consumo de diesel fóssil, de -1,4% (-0,5
milhão de tep) (Figura 18).

Figura 17 – Percentuais de utilização de cada fonte energética no setor de


transporte, no Brasil, em 2018

Outras
Querosene 1%
de aviação Gás Natural
4% 2%
Etanol
19% Óleo Diesel
44%

Gasolina
26% Biodiesel
4%

Óleo Diesel Biodiesel Gasolina Etanol Querosene de aviação Gás Natural Outras

Em termos de consumo por combustível, temos:


Etanol : + 13,5%
Produtos substitutos
Gasolina: - 13,1%
Óleo diesel: -1,1%
Biodiesel: + 2,7% (aumento do percentual na mistura – B10).
Os destaques ocorridos no último ano são a queda da produção e da
importação de gasolina; o aumento do consumo de etanol no mercado de
veículos leves; e a variação de consumo no transporte por veículos a diesel e de
serviços, conforme Figuras 18-20.

19
Figura 18 – Números da queda da produção e da importação de gasolina, no
Brasil, em 2018

Figura 19 – O aumento da participação do etanol (anidro mais hidratado) no


mercado de veículos leves, em relação à gasolina, no Brasil, em 2018

Figura 20 – Variação de consumo no transporte por veículos a diesel e de


serviços, no Brasil, em 2018

A produção industrial e o transporte de cargas/passageiros respondem


por aproximadamente 64% do consumo de energia do país.
O consumo final de eletricidade no país, em 2018, registrou uma
progressão de 1,4%. Os setores que mais contribuíram para esse aumento em
20
valores absolutos foram o residencial, que expandiu o seu consumo em 1,8 TWh
(+1,3%), seguido pelo energético, que cresceu 1,7 TWh (+5,4%), pelo industrial,
em 1,2 Twh (+0,6%) e pelo agropecuário, aumento de 1,1 Twh (+3,9%).
No consumo de energia no âmbito residencial destacam-se o consumo de
eletricidade, lenha e gás liquefeito de petróleo (GLP) (Figura 21).

Figura 21 – Medição do consumo de energia no âmbito residencial no Brasil, em


2018

2.018
Gás Natural Outras Fontes
1,6% 1,4%
GLP
25,9%
Eletricidade
46,4%

Lenha
24,7%

Na Figura 22, apresentamos uma análise das fontes de energia


participativas nas residências, do ano de 2009 a 2018. Nota-se o que foi dito
anteriormente, em relação à constância nas participações de consumo de
lenha/GLP e eletricidade, desde o ano de 2012/2013 até o ano atual, 2018/2019.

Figura 22 – Participação das fontes no consumo de energia residencial no Brasil,


em 2018

Nos anos de 2017/2018 houve uma expansão de 6,8% na rede de gás


natural, o que praticamente não influi no consumo geral dessa geração.

21
Figura 23 – Fluxo de consumo de energia com base na oferta interna bruta no
Brasil, em 2018

FINALIZANDO

No Tema 1, tratamos da matriz energética mundial, como os fundamentos


da matriz energética, com cenários como alto crescimento, baixo crescimento
etc. Houve aumento no consumo energético mundial, com a evolução da oferta
e do consumo bastante acentuada nos países não membros da Ocde e
discretos, nos seus países-membros. Também foi falado sobre o BP Statistical
Review of World Energy (2019), que nos mostrou que o consumo global de
energia teve crescimentos e decréscimos de demanda de energia entre os anos
de 1993 a 2018.
No Tema 2 apresentamos a riqueza brasileira, que conta com uma matriz
elétrica de origem predominantemente renovável, sendo que lenha e carvão
vegetal, hidráulica, derivados de cana, lixívia e outras renováveis totalizam
42,9% do consumo de energia, quase metade da nossa matriz energética. A
matriz energética brasileira é mais renovável do que a mundial.

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No Tema 3, vimos que o MME é a instituição responsável por formular os
princípios básicos e definir as diretrizes da política energética nacional. Na
sequência das mudanças institucionais ocorridas no setor energético foi criada
a EPE, vinculada ao MME. A EPE é uma empresa pública que tem a
competência de elaborar e publicar o BEN, que também abordamos.
No Tema 4 avaliamos a matriz energética brasileira, com a geração por
parte das hidrelétricas (61%) e um crescimento pequeno na geração mais limpa,
na qual contamos com a energia eólica (9%) e a geração pela radiação solar
(1%).
O Tema 5 mostrou o consumo de energia na indústria, por setores e por
uso final.

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REFERÊNCIAS

BP STATISTICAL REVIEW OF WORLD ENERGY. 68. ed. Uckfield, 2019.


Disponível em: <https://brazilenergyinsight.com/wp-content/uploads/2019/06/bp-
stats-review-2019-full-report.pdf>. Acesso em: 8 out. 2019.

BRASIL. Decreto n. 5.184, de 16 de agosto de 2004. Diário Oficial da União,


Brasília, p. 5, 17 ago. 2004a. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20042006/2004/Decreto/D5184.htm>.
Acesso em: 8 out. 2019.

_____. Lei n. 10.847, de 15 de março de 2004. Diário Oficial da União, Brasília,


p. 1, 16 mar. 2004b. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Lei/L10.847.htm>.
Acesso em: 8 out. 2019.

EPE – Empresa de Pesquisa Energética. Matriz energética e elétrica. Rio de


Janeiro, [201-]. Disponível em: <http://epe.gov.br/pt/abcdenergia/matriz-
energetica-e-eletrica>. Acesso em: 8 out. 2019.

_____. Relatório síntese do Balanço Energético Nacional 2019: ano base


2018. Rio de Janeiro, 2019. Disponível em:
<http://epe.gov.br/pt/imprensa/noticias/relatorio-sintese-do-balanco-energetico-
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