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A TROMPA

Aspecto Histórico e Técnicas Estendidas

Douglas Feliciano
INTRODUÇÃO A TROMPA

A trompa é um instrumento de sopro, ou seja, um aerofone, da família dos


metais (ou instrumentos de bocal), metálico e curvo, maior que o trompete,
considerado essencial na orquestra sinfônica moderna.
Consiste em um tubo metálico de 3,7 metros de comprimento, ligeiramente
cônico, com um bocal em uma de suas extremidades e uma campana, na
outra, enrolado várias vezes sobre si mesmo, e munido de três, quatro ou
até cinco válvulas, de acordo com o modelo e marca.
A HISTÓRIA DA TROMPA

A história da trompa começa há milhares de anos, quando o homem


aprendeu a usar chifres de animais como instrumento, geralmente esses
instrumentos eram feitos de ossos e madeira e fizeram parte das culturas
antigas.
Quando se passou a forjar metais, o instrumento deixou de ser feito de
chifre, e passou a ser feito de metal. O tubo ganhou extensão, ficando
enrolado para ser mais compacto.
Na idade média, a trompa de caça (Corno di Caccia) era usada pelos
caçadores como uma forma de comunicação e sinalização dentro das
florestas. O instrumento não passava de um tubo metálico enrolado, com
campana de um lado e bocal do outro.
Mais tarde, descobriu-se por acaso que, ao colocar-se a mão dentro da
campana, todos os sons baixavam meio tom, ampliando a gama de sons
possíveis na época.
No século XIX o engenheiro alemão Heinrich Stoetzel teve a ideia de
adicionar válvulas que modificavam o caminho percorrido pelo ar dentro do
instrumento, alterando a nota emitida. Em um documento datado de 06 de
dezembro de 1814, Stoetzel solicita ao Rei da Prússia, Frederich William III,
permissão para o uso da trompa de válvulas nas bandas militares dos
regimentos da corte. Essa mudança demorou a ser acatada pelos
compositores, que preferiam a trompa de caça, de som mais puro.
TÉCNICAS ESTENDIDAS APLICADAS À TROMPA

Considerando que as técnicas tradicionais da trompa natural se baseiam na


prática instrumental até o século XVIII, elas podem ser classificadas como
estendidas quando são capazes de superar as fronteiras da prática comum
da performance desde período, desconectando-se do que é considerado
tradicional.
A popularização ao uso de réplicas da trompa natural, observada a partir do
século XX, promoveu a divulgação de suas características diferenciais,
tornando-se fonte de inspiração a compositores. Os trompistas, por
conhecerem suas técnicas na prática, iniciaram este processo em
composições próprias, inserindo conceitos estéticos contemporâneos, e
demonstrando na prática as possibilidades sonoras do instrumento. Esta
mescla do novo sem detrimento das características tradicionais incentivou
alguns compositores de diferentes áreas a se aventurarem neste campo,
utilizando cada vez mais técnicas diferenciadas como microtonalismo,
vocalizes e efeitos sonoros. Da mesma forma, aparelhos e mídias
eletrônicas, assim como gravadores, também trouxeram inovação ao
processo de criação e execução, possibilitando novas ideias na
performance. A criação destes ambientes pouco explorados proporcionou
aos músicos desafios de performance e a necessidade de desenvolver
adaptações em suas práticas, criando novas relações com seus
instrumentos.
TÉCNINCAS ESTENDIDAS

Bouchè
Está técnica, quando tocada corretamente, altera a afinação da nota da
trompa em meio tom acima. Por isso, quando executa o bouchè na
trompa moderna, deve se transpor meio tom abaixo a nota escrita.

BEND OU DIP
Tendo como tradução curvatura, esta técnica consiste em rebaixar
levemente a afinação da nota retornando à afinação em seguida. O efeito
pode ser realizado tanto com o movimento de abertura do maxilar e
garganta ou por um leve fechamento da campana com a mão direita.

DOINK OU DOIT
Constitui um curto efeito de subida na afinação da nota. Seu nome é dado
pelo efeito onomatopéico produzido, “doink”, sendo produzido pela
movimentação ágil do maxilar e língua

FALL-OFF OU DROP
Traduzido por efeito de caída, consiste em uma rápida e curta descida da
nota, provocado pelo relaxamento repentino da abertura labial.

PLOP
Este efeito consiste em uma rápida caída à nota escrita, partindo de uma
nota não preparada.
STACCATO IRREGULAR
O Staccato irregular ou irregular tonguing, consiste em misturar as
articulações simples, duplas e triplas de forma irregular, apropriadamente
ao contexto musical, produzindo geralmente um efeito nervoso e
agressivo.
ACELERANDO LIVRE
Esta técnica é constituída pela combinação de diferentes velocidades
durante a execução de uma Figura.

FRULATO REGULAR
O frulato regular é caracterizado pela constante vibração de lábios e
língua durante o trecho.

FRULATO IREGULAR
Esta técnica é realizada de maneira inconstante. A articulação deve ter
inícios e paradas de modo aleatório, sem que se perca a ideia do contexto
da obra.

FRULATO COM ALTERAÇÕES DE VELOCIDADE


Os frulatos também podem apresentar diferentes velocidades, que devem
ser descritas pelo compositor. Pode ser executado gradualmente, mais
rápido ou mais lento, de acordo com a intenção do compositor.

ROSNADO
Esta técnica caracteriza-se por um som sujo, imitando um rosnado,
produzido pela constrição da parte superior da garganta produzindo um
rosnado. É o mesmo princípio utilizado para fazer gargarejos.
KISSING SOUNDS
Traduzido como “som de beijo”, esta técnica consiste em sugar o ar
dentro do interior da trompa, e a passagem do ar pelos lábios provoca
uma vibração de afinação indefinida, como se fosse um beijo amplificado
pela trompa.
TÉCNICA MULTIFÔNICA
Para a produção de acordes, o trompista deve tocar uma nota e cantar a
outra nota acima ou abaixo em relação à nota tocada.

HAND POPS
Traduzido como efeito de mão ou “pop”, é uma técnica comum, onde o
trompista bate a mão no bocal produzindo um som característico
denominado “pop”. O trompista deve ter cautela ao bater no bocal para
que este não seja forçado contra o tudel, ficando preso.

MUTED MOUTHPIECE
Traduzido para o português como bocal tapado, para este efeito ser
realizado, o trompista deve segurar o bocal com uma mão, e, enquanto
produz a vibração labial nele, ritmicamente abre e fecha a saída do bocal
com o dedo da outra mão.
ASSOBIO
Conhecido por seu nome em inglês, whistle, esta técnica consiste em
tampar a saída maior do bocal com o dedo e soprar na abertura da haste
como se fosse uma flauta, produzindo um som agudo e forte.

EFEITO UÔOCH
Segurando o bocal, soprar de forma agressiva com a garganta aberta
produzindo um som como “uôoch”. Esta técnica, possui melhores efeitos
quando aplicada em conjunto com outros instrumentos. Também pode
ser feita com o bocal na trompa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A inserção das técnicas estendidas no estudo diário do instrumento
moderno sem dúvidas é muito positiva, trabalha-se muito a consciência
auditiva e sonora através de suas técnicas, ao elaborar a sistematização
das técnicas estendidas, pude perceber que este, sem dúvidas, é um
assunto ilimitado. houve algumas dificuldades em encontrar materiais
escritos, principalmente traduzidos.
Acredita-se que o amadurecimento da linguagem contemporânea seja
conquistado gradativamente, de acordo com a dedicação e a evolução
técnica do instrumentista.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALPERT, Michael. A trompa natural para o trompista moderno. 2010.
AUSTIN, Paul. A Modern Valve Horn Player’s Guide to the Natural Horn.
BAUMANN, Hermann. Willi Aebi: The man who told me I didn´t know much
about horn playing, 2014.
DAUPRAT, L. François. Méthode de Cor Alto et Cor Basse. Tradução Viola
Roth, vol. 1. Indiana: Birdalone Music, 1994.
DEMPF, Linda; SERAPHINOFF, Richard. Guide to the Solo Horn Repertoire.
Boomington: Indiana University Press, 2016.
FRANZ, Oscar. Complete Method for the French Horn. 2ªed. New York: Carl
Fischer, 1906.
A LINGUAGEM DA MÚSICA CONTEMPORÂNEA PARA A TROMPA NATURAL
- Tese apresentada ao Instituto de Artes da Universidade Estadual de
Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de
Doutora em Música, na área de Música: Teoria, Criação e Prática. -
JAQUELINE DE PAULA THEORO

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