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Resumo
Este artigo apresenta um método que possibilita avaliar de forma quantitativa as
condições de segurança oferecida aos usuários do sistema de tráfego pela infra-
estrutura de vias arteriais e coletoras urbanas a partir de uma avaliação da
influência das diferentes características das vias na segurança das mesmas.
1. INTRODUÇÃO
Embora o homem seja indicado como o principal responsável na ocorrência de acidentes, novas
abordagens para o tratamento da segurança viária estão embasadas no gerenciamento dos riscos e
na implantação de estratégias preventivas que enfatizam nas ações destinadas a redução dos
riscos associados aos componentes viário e veicular, visando ambientes viários que propiciem
uma redução das falhas humanas. Dentre estas técnicas destaca-se a Auditoria de Segurança
Viária (ASV).
Porém, a introdução das ASV em muitos países, incluído o Brasil, é ainda limitada. Deve ser
levado em conta que a ASV é uma técnica surgida em países desenvolvidos, embasada nos
padrões e particularidades do tráfego desses países e direcionada a avaliar e resolver problemas
próprios da sua infra-estrutura viária.
A escolha das características viárias a serem avaliadas foi realizada a partir dos checklists
desenvolvidos por diversas instituições para a aplicação das ASV, especificamente, a partir do
resumo desses checklists realizado por NODARI [1]
Desta análise foram selecionadas 46 características da infra-estrutura viária que mais afetam a
segurança da circulação em vias arteriais e coletoras urbanas. Para facilitar sua análise e o
desenvolvimento, esses 46 elementos foram agrupados em 11 categorias relacionadas com
aspectos específicos das vias apresentado na tabela 1
A formulação do índice tem como base a obtenção de pesos para cada uma das características e
das categorias que são analisadas por um grupo de especialistas da área de engenharia e
segurança de tráfego gerando uma expressão quantitativa para avaliar as condições de segurança
que a infra-estrutura de uma via, ou trecho desta, oferece aos diferentes usuários da mesma. O
método para formulação do índice NS compreende inicialmente as seguintes etapas
Esta primeira etapa visa estimar a importância do efeito das diferentes características viárias
escolhidas sobre a segurança do tráfego em vias arteriais e coletoras urbanas em cada categoria.
A estimativa geral dos pesos relativos das características se realiza empregando a técnica de
ponderação chamada de classificação ou ordenamento [2].
No inicio, solicita-se a cada especialista para definir a importância relativa de cada característica
viária dentro de cada categoria. Para isto, na primeira parte do questionário, os especialistas
devem avaliar a influência negativa dos parâmetros considerados sobre a segurança viária,
atribuindo o maior valor ao que estimar com maior influência dentro da categoria, e valores
decrescentes sucessivamente até chegar ao elemento que estimar menos importante, que deve
ficar com o valor 1. Assim, o parâmetro de maior influência na categoria recebe o valor
correspondente ao número de parâmetros de cada categoria. No exemplo da Fig. 1, a
característica de maior influência recebe o valor 5.
Após o processamento de todas as respostas, calcula-se o peso de cada característica por meio do
Método de Ponderação citado anteriormente empregando a Eq. 1. Essa operação é realizada para
cada uma das 11 categorias consideradas.
m
∑I i ,k
Pij = k =1
n m
[Eq. 1]
∑∑ I
i =1 k =1
i ,k
onde:
Pij = peso relativo da característica i dentro da categoria j
Ii,k = nota atribuída à característica i na resposta k
i = característica considerada
k = número da resposta
m = total de respostas (especialistas)
n = número de características dentro da categoria j
Esta etapa corresponde à segunda parte da entrevista e tem o intuito de avaliar a importância da
influência das 11 categorias escolhidas sobre a segurança do tráfego, considerando os elementos
viários que as compõem. Assim, na segunda parte, pede-se aos especialistas que avaliem a
importância de cada categoria considerada, atribuindo um valor segundo a escala de valores
apresentada a seguir.
∑T j ,k
Sj = k =1
n m
[Eq. 2]
∑∑ T
j =1 k =1
j ,k
onde:
Sj = importância relativa da categoria j,
Tj,k = nota atribuída à categoria j na resposta k
j = categoria considerada
k = número da resposta
m = total de respostas
n = número de categorias
O objetivo desta última etapa é formular o modelo para determinar o Nível de Segurança. O
valor de NS vai depender das condições em que se encontra cada uma das características viárias
consideradas e, portanto, das notas (N) recebidas na inspeção da via (segunda fase do
procedimento), e dos pesos relativos determinados para cada característica e cada categoria.
NS j = ∑ (Pij × N i ) [Eq. 3]
onde:
NSj = nível de segurança da categoria j no segmento analisado
Pij = peso relativo da característica i dentro da categoria j
Ni = nota atribuída na inspeção no campo à característica i,
NS d = ∑ (S j × NS j )
t
[Eq. 4]
j =1
onde:
NSd= nível de segurança global no segmento d analisado
Sj = importância relativa da categoria j
NSj = nível de segurança da categoria j no segmento analisado
j = categoria analisada
t = número de categorias consideradas
Por meio do cálculo dos NSd, é possível determinar a situação de segurança apresentada em cada
um dos segmentos em que foi dividido o trecho ou a via escolhidos. Isto é importante para
verificar qual, ou quais, dos segmentos avaliados oferecem as piores condições de segurança aos
usuários e, portanto, onde deve ser priorizado o emprego dos recursos disponíveis.
Por fim, determina-se o NSv geral da via ou do trecho analisado, que leva em conta o nível de
segurança oferecido por cada um dos segmentos. O NSv é determinado a partir do cálculo da
média geométrica de todos os NSd já calculados, utilizando a Eq. 5.
n
NS v = n ∏ NS
1
d [Eq. 5]
onde:
NSv = nível de segurança geral do trecho ou da via escolhidos
NSd= nível de segurança global no segmento d analisado
n = número de segmentos em que foi dividido o trecho ou via escolhida
O uso da média geométrica para verificar o nível de segurança geral do trecho ou via é sugerido
por NODARI [1] neste tipo de análise. Segundo este autor, consegue-se, assim, favorecer os
trechos ou vias com condições de segurança mais uniformes, e conseqüentemente, minimizar o
efeito negativo que sobre os usuários produz a circulação por vias e trechos que apresentam
diferenças notáveis no que tange a suas condições de segurança.
4. CONCLUSÕES
Considera-se que o método desenvolvido é uma ferramenta válida para a avaliação da influência
das características das vias sobre a segurança dos diferentes usuários do sistema de vário urbano,
sobretudo em países onde as estatísticas dos acidentes não são confiáveis e com poucos recursos.
Sua aplicação é simples, conforme se observou numa aplicação realizada com um grupo de
especialistas, e permite a consolidação dos efeitos de cada um dos elementos em um único valor,
considerando a importância relativa destes. A essência do método possibilita, ainda, que sejam
minimizadas as possíveis inconsistências ou diferenças encontradas na avaliação realizada pelos
diferentes especialistas, aumentando a precisão dos resultados.
5. REFERÊNCIAS
[1] C. Nodari. Método de avaliação da segurança potencial de segmentos rodoviários rurais de
pista simples. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) Universidade Federal de Rio Grande do Sul, Porto Alegre,
2003.
[2] V.B. Gouvêa, Contribuição ao estudo de implantação de terminais urbanos de passageiros, Tese
(Mestrado em Engenharia de Transportes) Instituto Militar de Engenharia, Rio de Janeiro, 1980.