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No cap´tulo 6 apresentaremos outros aspectos do problema da

classihcação da componentes irredut´veis. Na seção 6.1 enunciaremos


o problema do centro para folheações em RP2 e P2 e estabeleceremos
uma conexão entre o mesmo e o da classihcação das componentes
irredut´veis em dimensão maior que dois. Na seção 6.2 introduzire-
mos as seqüências de Godbillon-Vey associadas a uma folheação e
Prefácio provaremos o seguinte resultado : se uma folheação em Pn admite
uma seqüência de Godbillon-Vey hnita então ela é como em (1) ou
(2), ou seja, é um pull-back de uma folheação em P2 , ou admite uma
estrutura transversal projetiva, ahm ou por translações, fora de um
O problema da classihcação das folheações holomorfas em vari- sub-conjunto algébrico próprio. Motivados pelos resultados deste e
edades complexas, tem atra´do nas últimas décadas inúmeros matemá- dos cap´tulos anteriores, aproveitaremos para enunciar alguns pro-
ticos. Tal problema comporta diversos aspectos : topológicos, anal´ti- blemas e conjecturas.
cos, algébricos, entre outros. Neste texto, daremos particular ênfase O cap´tulo 1 será dedicado a apresentar o material básico necessário
aos aspectos algébricos. Mais especihcamente, estudaremos as com- para a leitura dos cap´tulos subseqüentes. Resumiremos alguns re-
ponentes irredut´veis dos espaços de folheações de codimensão um em sultados locais e globais clássicos das teorias de folheações e equações
espaços projetivos de dimensão maior ou igual a três. diferenciais, tais como o fenômeno de Kupka e os teoremas de formas
Prova-se que uma folheação singular holomorfa de codimensão um normais de Poincaré e Poincaré-Dulac para germes de campos de ve-
no espaço projetivo complexo Pn , pode ser dehnida em uma carta tores holomorfos, entre outros, que serão utilizados posteriormente.
ahm hxada, Cn 2 Pn , por uma equação diferencial do tipo  = 0, Quanto aos pré-requisitos, admitiremos que o leitor tem conheci-
onde  é uma 1-forma integrável com coehcientes polinomiais, isto é, mento básico de geometria algébrica (Teorema de Bézout, teoria da
tal que  + d = 0. Escrevendo interseção,...), álgebra multi-linear (formas diferenciais, produto exte-
n
3 rior e interior), geometria anal´tica local (anel de germes de funções),
= Aj (z) dzj , geometria anal´tica (propriedades elementares das variedades de Stein
j=1 e teoremas de extensão de Hartogs e Levi) e teoria do recobrimento
e grupo fundamental. De qualquer forma, daremos referências para
onde os Aj I s são polinômios em z ; Cn , a condição de integrabilidade, todos os resultados que serão utilizados ao longo do texto.
 + d = 0, é equivalente às seguintes Gostaria de agradecer a M. G. Soares por ter me estimulado a
w W w W w W escrever este texto e a H. Movasati por ter contribuido de forma
(Ak (Aj (Ai (Ak (Aj (Ai
Ai  + Aj  + Ak  =0 fundamental na elaboração da seção 6.1 do cap´tulo 6.
(zj (zk (zk (zi (zi (zj
para quaisquer ternos de ´ndices, com 1  i < j < k  n. Se hxar-
mos o grau máximo dos polinômios, vemos que os coehcientes dos
Aj I s satisfazem equações algébricas quadráticas, as quais dehnem um
Rio de Janeiro, 12 de abril de 2007.
sub-conjunto álgébrico do conjunto de todas as formas polinomiais
Alcides Lins Neto
com coehcientes de um dado grau. O nosso objetivo será o de ten-
tar classihcar as componentes irredut´veis deste conjunto algébrico,
dando uma descrição da folheação t´pica em cada uma.

A grosso modo, podemos classihcar as componentes conhecidas


em dois tipos :
(1). Componentes em que o elemento t´pico é um pull-back de uma
folheação em P2 por uma aplicação racional : Pn  P2 . Notações
(2). Componentes em que o elemento t´pico tem alguma estrutura 1. Op . Germes de funções holomorfas num ponto p.
transversal projetiva, ahm, ou por translações, fora de um sub-
conjunto álgébrico próprio. 2. Op . Germes de funções holomorfas num ponto p que não se
anulam em p.
As componentes do tipo pull-back serão estudadas no cap´tulo 2.
Na seção 2.2 veremos o caso em que tem grau um e na seção 2.3 3. On . Germes de funções holomorfas em 0 ; Cn .
o caso em que tem grau maior. As componentes como em (2), 4. O(U ). Funções holomorfas num aberto U .
incluem aquelas as folheações em que a forma dehnidora  possui
um fator integrante, isto é, existe uma função racional f tal que 5. O (U ). Funções holomorfas num aberto U que não se anulam
d(/f ) = 0. Em particular, veremos que existem componentes em em U .
que o elemento t´pico possui uma integral primeira racional (seção 6. k
p. Germes de k-formas holomorfas num ponto p.
3.2), ou seja, em que f = dg, onde g : Pn  P1 é racional. Outras
k
componentes deste tipo são as logar´tmicas, em que a folheação t´pica 7. n. Germes de k-formas holomorfas em 0 ; Cn .
r df
pode ser dehnida por uma forma do tipo j=1 j fjj , onde as fj I s
8. Xp . Germes de campos holomorfos num ponto p.
são polinômios (seção 3.3).
No cap´tulo 4 estudaremos as chamadas componentes excepcionais, 9. Xn . Germes de campos holomorfos em 0 ; Cn .
ou seja, aquelas em que a folheação t´pica contém n1 sub-folheações
10. (V, z = (z1 , ..., zn ) ; Cn ). Carta local num aberto V de uma
de dimensão um linearmente independentes num ponto genérico. Es-
variedade complexa. Substitui a notação z : V Cn .
tas componentes incluem, por exemplo, aquelas em que a folheação
t´pica é gerada por uma ação de um grupo de Lie de dimensão n1 em 11. [X, Y ]. Colchete de Lie de dois campos de vetores.
Pn . Observamos que, todos os exemplos conhecidos de componentes
12. LX . Derivada de Lie na direção do campo de vetores X.
excepcionais se enquadram nos casos (1) ou (2) acima, embora, em
princ´pio, possam existir algumas que não sejam como em (1) e (2). 13. + #. Produto exterior de duas formas.
No cap´tulo 5 classihcaremos as componentes irredut´veis dos espa-
ços de folheações de grau um e dois. Veremos que no caso de grau 14. iX . Produto interior do campo X pela forma .
um o espaço possui duas componentes, uma do tipo racional e outra 15. jpk (f ) = j k (f, p). Jato de ordem k de f em p.
do tipo logar´tmico (seção 5.1). Por outro lado, o espaço das fol-
heações de grau dois possui seis componentes irredut´veis, uma do 16. f : (M, p) (N, q). Germe de aplicação de uma vizinhança de
tipo pull-back, duas do tipo racional, duas do tipo logar´tmico e uma p em M numa vizinhança de q em N .
excepcional (seção 5.2). Observamos que, os únicos casos em que as 17. n : Cn+1 \ {0} Pn . Projeção da relação de equivalência que
componentes são todas conhecidas, são estes dois e o caso de grau dehne P . Se p ; Cn+1 \ {0} então n (p) = [p] = reta de Cn+1
n
zero, o qual possui uma única componente irredut´vel. O caso de que passa pela origem e por p.
grau zero será visto na proposição 1.2.3 do cap´tulo 1.
Observação 1.1.3. Uma folheação regular F de dimensão k numa
variedade complexa M de dimensão m, induz naturalmente um sub-
hbrado de posto k do hbrado tangente a M , T M . Este sub-hbrado,
denotado por T F , é dado por : se p ; M , a hbra Tp F , de T F por p,
é dehnida por

Cap´tulo 1 Tp F = espaço tangente no ponto p à folha de F que passa por p.

Vejamos alguns exemplos.


Exemplo 1.1.1. Folheações dadas por submersões. Sejam M e N
Introdução. variedades complexas e f : M N uma submersão. Se dim(M ) 
dim(N ) = k, onde 1  k < m, então as sub-variedades de dimensão
k da forma f 1 (z) W= !, onde z ; N , são folhas de uma folheação
F de dimensão k de M (veja [C-LN]). Neste caso, para todo p ; M
temos Tp F = ker(df (p) : Tp M Tf (p) N ).
1.1 Folheações holomorfas. No exemplo acima as folhas de F são sub-variedades mergulhadas
de M , mas em geral isto não ocorre, como mostra o exemplo abaixo.
1.1.1 Folheações regulares.
Exemplo 1.1.2. Folheações linears em toros complexos. Um toro
A grosso modo, uma folheação regular F de classe C r e dimensão real complexo de dimensão m pode ser identihcado com o quociente de
k numa variedade diferenciável M de dimensão m, onde 1  k < m Cm por um sub-grupo aditivo  de Cm dado por 2m j=1 Z.vj , sendo
e r  0, é uma decomposição de M em sub-variedades imersas de {v1 , ..., v2m } uma base de Cm , considerado como um espaço vetorial
classe C r e dimensão k disjuntas duas a duas, chamadas folhas de real. A relação de equivalência l é dehnida por : p l q hp
F . Por exemplo, se X é um campo de vetores de classe C r em M , p  q ; .
as suas trajetórias são folhas de uma folheação regular de dimensão Fixemos um toro complexo T = Cm /, onde m  2, e denotemos
um no aberto M \ sing(X), onde sing(X) := {p ; M | X(p) W= 0}. por $ : Cm T a projeção da relação de equivalência. Observamos
Remetemos o leitor não familiarizado com estes conceitos à referência que T herda de Cm uma estrutura de grupo abeliano com a operação
[C-LN]. No presente texto, lidaremos com folheações complexas holo- +: T × T T dehnida por $(x) + $(y) := $(x + y). A operação está
morfas em variedades complexas e quando falarmos de dimensão nos bem dehnida já que, se x l xI e y l y I então x + y l xI + yI .
referiremos à dimensão complexa dos objetos em questão. A cada sub-espaço complexo E de dimensão k de Cm , onde 1 
Dehnição 1.1.1. Uma folheação holomorfa regular F , de dimensão k < m, podemos associar uma folheação de dimensão k em T , F (E),
k, numa variedade variedade complexa M , de dimensão m, onde 1  dehnida da seguinte maneira : dado p = $(p) ; T , a folha de F (E)
k < m, é uma decomposição de M em sub-variedades holomorfas por p é por dehnição a sub-variedade imersa $(E + p), onde E + p
imersas conexas de dimensão k, chamadas folhas de folhas de F , com é o sub-espaço ahm E + p = {x + p | x ; E}. Note que $(E) é
as propriedades seguintes : um subgrupo abeliano conexo de dimensão real 2k de T , em geral
não fechado em T , isomorfo a um produto da forma (S 1 )f × Rn ,
(a). Para todo ponto p ; M existe uma única folha Lp de F pas- sendo f + n = 2k. As folhas de F (E) são transladados de $(E),
sando por p. Se q ; Lp então Lq = Lp . $(E+p) = $(E)+$(p). Portanto se $(E) é, por exemplo, denso em T ,

(b). Para todo p ; M , existe uma carta local holomorfa (U, *) de todas as folhas de F (E) são densas em T . Notamos que este caso pode
M , com p ; U , e tal que * : U Vk × Vmk , onde Vk e ocorrer em exemplos espec´hcos, assim como casos intermediários em
Vmk são abertos conexos de Ck e Cmk respectivamente. Para que o fecho das folhas são sub-toros de dimensão real estritamente
todo (x, y) ; Vk × Vmk a sub-variedade de dimensão k de U , menor que 2m e no m´nimo 2k. No caso em que as folhas são sub-
*1 (Vk × {y}), é um aberto de Lq , onde q = *1 (x, y). toros complexos de dimensão k, a folheação F (E) se enquadra no
exemplo 1.1.1. Alguns exemplos deste tipo de folheação podem ser
Diremos também que a folheação F tem codimensão m  k. encontrados em [Sc-LN].
Uma folheação de dimensão um, será também chamada de fol-
Exemplo 1.1.3. Folheações dehnidas por campos de vetores holo-
heação por curvas.
morfos. Seja X um campo de vetores holomorfo numa variedade
Chamaremos o sistema de coordenadas (U, *) de uma carta trivi- complexa M de dimensão m  2. As curvas complexas integrais de
alizadora de F . As sub-variedades *1 (Vk × {y}) serão chamadas de X dehnem uma folheação F (X) de dimensão um no aberto U :=
placas da carta (U, *). M \ sing(X), onde sing(X) = {p ; M | X(p) = 0}. Neste caso,
para todo p ; U temos Tp F (X) = C.X(p). Remetemos o leitor à
Observação 1.1.1. O seguinte fato decorre da dehnição : sejam
referência [Sc-LN] para mais detalhes.
(U1 , *1 ) e (U2 , *2 ) duas cartas trivializadoras de uma folheação de
dimensão k, onde *j : Uj Ck × Cmk , j = 1, 2. Se U1  U2 W= ! Mais geralmente, se F é uma folheação regular de dimensão k em
então a mudança de carta 21 := *1 H*1 2 : *2 (U1 U2 ) *1 (U1 U2 ) M , diremos que os campos Z1 , ..., Zk , holomorfos num dom´nio U 2
é da forma M , dehnem, ou geram F em U , se para todo q ; U temos Tq F =<
Z1 (q), ..., Zk (q) >, o sub-espaço de Tq M gerado por Z1 (q), ..., Zk (q).
21 (x, y) = (f (x, y), g(y)) .
Em particular, os campos Z1 , ..., Zk são linearmente independentes
Na verdade, em muitos textos de teoria das folheações, a dehnição em U .
é dada com a condição (b) da dehnição 1.1.1 mais esta condição de Toda folheação F de dimensão k em M pode ser dehnida numa
compatibilidade. A dehnição de folha é dada posteriormente. Para carta trivializadora (U, *) por k campos de vetores holomorfos inde-
mais detalhes veja [C-LN]. pendentes. Isto é feito da seguinte maneira : coloquemos * = (x, y),
onde x = (x1 , ..., xk ) : U Ck e y : U Cmk . As placas de F em
(
Observação 1.1.2. Uma dehnição equivalente, é com ”submersões U são dehnidas por (y = yo ), yo ; y(U ). Coloquemos Xj := (x j
,
locais”. Ao atlas de cartas trivializadoras {(Uj , *j )}j;J , associamos 1  j  k. Os campos X1 , ..., Xk geram F em U , como o leitor
coleções {j )}j;J e {gij }Uij W=! , onde j : Uj Vj 2 Cmk é uma pode verihcar. Além disto, se denotamos por z ) Xjz o 4uxo com-
submersão holomorfa, para todo j ; J, e gij : i (Uij ) j (Uij ) é um plexo local de Xj , a placa de F por q pode ser parametrizada numa
difeomormorhsmo satisfazendo gij H i = j , para quaisquer i, j ; J vizinhança de q por
tais que Ui  Uj := Uij W= !. Estas coleções são construidas à partir
do atlas de cartas trivializadoras : dada uma carta trivializadora (z1 , ..., zk ) ) X1z1 H X2z2 H ... H Xkzk (q) .
(Ui , *i ), onde *i := (f1 , f2 ) : Ui Ck × Cmk , dehne-se a submersão Notamos que [Xi , Xj ] = 0 para quaisquer i, j ; {1, ..., k}, onde [ , ]
i := f2 : Ui f2 (Ui ) 2 Cmk . Dados i, j tais que Uij W= !, a denota o colchete de Lie. Esta condição é equivalente a de que os
mudança de carta *ij := *j H *1 i : *i (Uij ) *j (Uij ) é da forma 4uxos Xizi e Xjzj comutam, isto é, Xizi H Xjzj = Xjzj H Xizi , sempre
*ij (x, y) = (g1 (x, y), g2 (y)) e portanto gij := g2 é um difeomorhsmo que ambos os membros são dehnidos (veja [C-LN]).
entre i (Uij ) e j (Uij ) tal que gij H i = j . Para mais detalhes veja Esta condição de comutatividade não ocorre em geral para um
[C-LN]. conjunto de campos gerador da folheação em U . Com efeito, dada
uma matriz F = (fij )1i,jk de funções holomorfas, fij ; O(U ), 1.1.2 Folheações singulares.
tal que det(F ) ; O (U ) (det(F )(q) W= 0, q), podemos tomar como
k Nem toda variedade complexa admite uma folheção regular. Por
geradores o conjunto de campos Yi := j=1 fij .Xj . Se as funções
exemplo, nos espaços projetivos complexos, Pn , n  2, não existem
fij não são constantes, não podemos ahrmar que Yi e Yj comutam
folheações holomorfas regulares de dimensão k, para 1  k < n.
para i W= j. Porém, o conjunto {Y1 , ..., Yk } é involutivo, no seguinte
Veremos a prova deste resultado nos casos k = 1, n = 2 (corolário
sentido : para todo q ; U temos [Yi , Yj ](q) ; Tq F .
1.3.1) e k = n  1, n  3 (seção 1.5). No entanto, todas as variedades
Dehnição 1.1.2. Seja E um sub-hbrado holomorfo de posto k  1 algébricas admitem folheações regulares de qualquer codimensão em
de T M . Dizemos que um campo de vetores holomorfo X num aberto abertos de Zariski, isto é, abertos que são complementos de sub-
U de M é tangente a E, se para todo p ; U vale que X(q) ; Eq , conjuntos algébricos de codimensão pelo menos um. Veremos em
onde Eq designa a hbra de E por q. Dizemos que E é involutivo, ou seguida a dehnição de folheação singular, nos casos de dimensão um e
integrável, se para quaisquer campos de vetores X e Y , tangentes a codimensão um. Não nos preocuparemos aqui com o caso de folheação
E num mesmo aberto conexo U 2 M , então [X, Y ] é tangente a E. singular com dimensão intermediária 1 < k < dim(M )  1.

Vimos que toda folheação de dimensão k em M dá origem a um Dehnição 1.1.3. Uma folheação de codimensão um numa variedade
sub-hbrado de posto k integrável. A rec´proca só é verdadeira, em complexa M é dada por uma cobertura (Uj )j;J de M por abertos
geral, no caso k = 1 : todo hbrado de posto um é integrável. Nem conexos e por coleções (j )j;J e (gij )Uij W=! , onde Uij = Ui  Uj , tais
todo hbrado de posto k  2 é integrável. que :
Exemplo 1.1.4. Consideremos o sub-hbrado E de posto dois em 1
(I). j ; (Uj ), j W# 0 e é integrável : j + dj = 0.
( ( (
C3 gerado pelos campos de vetores X = (x e Y = (y + x (z . No
(
caso, [X, Y ] = (z := Z, e como X(p), Y (p) e Z(p) são linearmente (II). Se Uij W= ! então gij ; O (Uij ) e i = gij .j em Uij .
independentes para todo p ; C3 , E não é integrável. Note que a condição (II) implica que, se Uij W= ! então sing(i )Uij =
Podemos também gerar a folheação F em certos abertos uti- sing(j )  Uij , isto é, os conjuntos singulares de i e j coincidem
lizando 1-formas diferenciais holomorfas. Diremos que uma 1-forma em Uij . Isto permite dehnir o conjunto singular de F por sing(F) =
 ; 1 (U ), U 2 M , é tangente a F , se para todo q ; U temos j sing(j ). O conjunto sing(F ) é um sub-conjunto anal´tico de M ,
Tq F 2 ker((q)). Diremos que a folheação F de dimensão k é ge- uma vez que é localmente dehnido por equações anal´ticas : dado
rada, ou dehnida, num aberto U pelas formas 1 , ..., mk ; 1 (U ), p ; Uj escolhemos uma carta m local (V, z = (z1 , ..., zm )) com p ; V .
se para todo q ; U temos Nesta carta temos j |V = i=1 fi (z) dzi e sing(F )  V = (f1 = ... =
fm = 0).
Tq F = {v ; Tq M | 1 (q).v = ... = mk (q).v = 0} = mk
j=1 ker(j (q))
Em outras palavras, a folheação é dehnida localmente por 1-
Notemos que num aberto trivializador (U, *) de F a folheação é sem- formas holomorfas integráveis com uma condição de compatibilidade.
pre gerada por formas. Se * = (x, y) : U Ck × Cmk , sendo Analogamente, uma folheação de dimensão um G em M é dehnida
y = (y1 , ..., ymk ), as formas j = dyj ; 1 (U ), 1  j  m  k, localmente por campos de vetores holomorfos não identicamente nulos
geram F em U . As formas j são todas fechadas, mas nem todo con- com uma condição de compatibilidade. Em lugar da coleção de 1-
junto de formas que geram F satisfaz esta propriedade. Por exemplo, formas, temos uma coleção de campos holomorfos (Xj )j;J , Xj ;
se F = (fij )1i,jmk é uma matriz de funções holomorfas em U tal X (Uj ), e a condição de compatibilidade : se Uij W= ! então Xi =
que det(F ) ; O (U ), podemos considerar o conjunto de geradores gij .Xj . De forma análoga, dehne-se o conjunto singular de G por

mk
1 , ..., mk , onde i = j=1 fij j . As formas j em geral não são sing(G) = j sing(Xj ). No caso de dimensão um, não há necessidade
fechadas, mas satisfazem à condição de integrabilidade de condição de integrabilidade, uma vez que todo hbrado de dimensão
um é integrável.
dj + 1 + ... + mk = 0 , 1  j  m  k. (1.1)
Deixamos a prova de (1.1) para o leitor. Observação 1.1.4. Uma folheação de codimensão um F , dada por
Sejam M uma variedade complexa de dimensão m e E um sub- ((Uj )j;J , (j )j;J , (gij )Uij W=! ), induz em M \ sing(F ) uma folheação
hbrado holomorfo de posto k de T M , onde 1  k < m. Dado um regular, digamos F I . O hiperplano tangente a F I num ponto p ; M
aberto U de M , diremos que uma coleção de 1-formas {1 , ..., mk } é dado por : Tp F I = ker(j (p)), onde p ; Uj . Devido à condição
gera E|U , se para todo p ; U temos (II) da dehnição 1.1.3, este hiperplano independe do ´ndice j ; J tal
que p ; Uj . As folhas de F são, por dehnição, as folhas de F I em
mk
< M \ sing(F ).
Ep = ker(j (p)) .
De forma análoga, uma folheação de dimensão um G em M induz
j=1
uma folheação regular de dimensão um G I em M \ sing(G). As folhas
Podemos agora enunciar o teorema de integrabilidade de Frobenius. de G são, por dehnição, as folhas de G I .
Teorema 1.1. (Teorema de Frobenius). Nas condições acima, as
Exemplo 1.1.6. Sejam N e M variedades complexas e F uma fol-
seguintes ahrmações são equivalentes :
heação de codimensão um em N . Dada uma aplicação holomorfa não
(a). Existe uma folheação regular F de dimensão k tal que T F = E. constante f : M N , podemos dehnir uma folheação de codimensão
um em M , que será denotada por f (F ), da seguinte maneira : se
(b). E é integrável no sentido da dehnição 1.1.2.
F é dehnida pelo terno ((Uj )j;J , (j )j;J , (gij )Uij W=! ), então f (F ) é
(c). Se {1 , ..., mk } é uma coleção de 1-formas holomorfas num dehnida por ((Vj )j;J , (j )j;J , (hij )Vij W=! ) onde Vj := f 1 (Uj ), j :=
aberto U 2 M que gera E|U então elas satisfazem às equações f (j ) e hij := gij H f . A folheação f (F ) será chamada de pull-back,
de integrabilidade (1.1). ou contra-imagem de F por f .
A prova do resultado acima pode ser encontrada na referência Dehnição 1.1.4. Dizemos que duas folheações de codimensão um
[C-LN]. F1 e F2 coincidem se sing(F1 ) = sing(F2 ) e as folheações que elas
O caso de folheações de codimensão um será de particular interesse induzem no complemento de sing(F1 ) também coincidem.
para nós. Neste caso, a folheação pode ser dehnida localmente por
uma única 1-forma, digamos , e a condição de integrabilidade pode Exemplo 1.1.7. Fixemos um sistema de coordenadas ahm (z1 , ..., zn )
ser escrita como de Cn , n  2. De acordo com a dehnição 1.1.4, as folheações F1 e F2 ,
 + d = 0 . (1.2) dehnidas pelas 1-formas 1 := d(z12 ) = 2z1 dz1 e 2 = d(z13 ) = 3z12 dz1
Exemplo 1.1.5. Seja P um polinômio em Cn sem pontos singulares, coincidem, já que sing(F1 ) = sing(F2 ) = (z1 = 0) e as folhas de am-
isto é, o conjunto sing(P ) := {z ; Cn | dP (z) = 0} é vazio. Neste bas são as hipersuperf´cies (z1 = c), onde c W= 0. Este exemplo é
caso, a forma diferencial  = dP dehne uma folheação de codimensão um tanto artihcial, mas ilustra o fato de que se o conjunto singular
em Cn , F (P ), cujas folhas são as hipersuperf´cies de n´vel P = cte. das folheações possuem componentes de codimensão um as suas for-
Note que esta situação é rara, pois um polinômio de grau maior ou mas dehnidoras não são necessáriamente múltiplas uma da outra e
vice-versa.
igual a dois em Cn , em geral tem pontos singulares. No caso em que
P tem singularidades, as curvas de n´vel de P dehnem uma folheação Quando os conjuntos singulares são de codimensão dois, temos o
regular no aberto U = Cn \ sing(P ). seguinte resultado :
Proposição 1.1.1. Sejam F1 = ((Uj )j;J , (j )j;J , (gij )Uij W=! ) e F2 = denotado por ||0 . Em particular, sing(F ()) pode ter componentes
((V ) ;A , ( ) ;A , (h # )V # W=! ) duas folheações de codimensão um de codimensão um.
numa variedade conexa M . Suponha que cod(sing(Fj ))  2, j = 1, 2.
As seguintes condições são equivalentes : Dehnição 1.2.1. Dizemos que uma folheação de codimensão um
(resp. dimensão um) F numa variedade M pode ser dehnida por
(a). F1 e F2 coincidem em M . 1-formas (resp. campos) meromorfas, se para todo p ; M existe
uma 1-forma meromorfa integrável  (resp. um campo de vetores
(b). F1 e F2 coincidem em algum aberto não vazio de M . meromorfo X) em M tal que p ; / || (resp. p ; / |X| ), e  (resp.
X) dehne F em M \ || (resp. M \ |X| ).
(c). Para todo p ; M , se p ; Uj  V , então existe um germe de
função f ; Op tal que f (p) W= 0 e jp = f. p , onde jp e  p n
Exemplo 1.2.1. Seja  = j=1 fj (z) dzj W# 0 uma 1-forma in-
designam os germes de j e de  em p, respectivamente. tegrável em Cn , n  2, onde f1 , ..., fn são polinômios. Vamos su-
por também que cod(sing())  2, o que corresponde ao fato de
Prova. É claro que (a) =p (b) e que (c) =p (a). Provemos f1 , ..., fn não terem fator comum em sua decomposição em fatores
que (b) =p (c). Seja U um aberto maximal de M tal que F1 |U
irredut´veis. Seja F a folheação dehnida por  em Cn . Podemos
coincide com F2 |U . Se U W= M , como M é conexa, existe p ; (U W= !.
estender F a Pn , como se segue. Consideremos Cn como a carta
Suponhamos que p ; Uj  V , de forma que F1 |Uj é dehnida por ahm E0 := {[z] := [z0 : ... : zn ] ; Pn | z0 = 1}. O hiperplano
j e F2 |V por  . Fixemos um sistema de coordenadas holomorfo
do inhnito desta carta é dado por H = {[z] ; Pn | z0 = 0}. Fixe-
(W, z = (z1 , ..., zm )) em ptal que W 2 Uj  V éconexo, onde
m m mos um ponto [zo ] ; H, digamos, tal que zon W= 0, ou seja, tal que
podemos escrever j |W = f=1 ff (z) dzf e  |W = f=1 gf (z) dzf . [zo ] ; En := {[x1 : ... : xn : 1] | xj ; C}. A mudança de carta
Seja W1 := W  U \ Z W= !, onde Z = sing(F1 )  sing(F2 ). Se q ; W1
* : En E0 é dada por [z] = *([x : 1]) = [x/x1 : 1/x1 ]. Portanto, a
temos j (q) W= 0,  (q) W= 0 e j (q) +  (q) = 0, já que F1 e F2 expressão de  na carta En é :
coincidem em W1 . Por outro lado, j +  é anal´tica e se anula num
aberto não vazio, logo j + # 0. Como j W# 0, existe f ; {1, ..., m} n1
3
tal que ff W# 0. Vamos
 supor sem perda de generalidade que f1 W# 0. * () = fn (x/x1 , 1/x1 ) d(1/x1 ) + fj (x/x1 , 1/x1 ) d(xj+1 /x1 )
Temos j + = r<s (fr .gs fs .gr )dzr +dzs = 0, de onde conclu´mos j=1
que f1 .gr = fr .g1 em W , para todo r = 2, ..., m, já que W é conexo.
Isto implica que g1 W# 0, pois caso contrário ter´amos gr # 0 para todo Como os fj I s são todos polinomios, a 1-forma acima é meromorfa,
r, ou seja  # 0 em W . Vemos também que fr W# 0 hp gr W# 0 sendo |* ()| = (x1 = 0). Observamos que a multiplicidade de
e que h := g1 /f1 # gr /fr , sempre que esta condição for verdadeira. x1 como polo de * () é k  2 (verihque). Podemos então escrever
Veremos em seguida que o germe de função meromorfa hp é de fato * () = 1 /xk1 , onde 1 tem coehcientes polinomiais. A forma 1
holomorfo e que hp (p) W= 0. é integrável, como o leitor pode verihcar, portanto ela dehne uma
Deixamos a prova para o leitor no caso em que fr (p) W= 0 para folheação que estende F a H  En . Procedendo de maneira análoga
algum r = 1, ..., m. Caso contrário, fr (p) = 0 para todo r = 1, ..., m, para os outros sistemas ahns Ej := {[z] | zj = 1}, obtemos formas in-
consideramos as decomposições das componentes fr em fatôres irre- tegráveis j , cujas folheações associadas, estendem F a uma folheação
dut´veis em Op : elas não podem ter fator comum, digamos k, pois G de Pn . A folheação G pode ser dehnida por 1-formas meromorfas.
caso contrário sing(F1 ) teria uma componente de codimensão um, Um argumento análogo, permite provar que folheações dehnidas
cujo germe em p é (k = 0). Sendo assim, a relação f1 .gr = fr .g1 por campos de vetores polinomiais em Cn se estendem a folheações
implica que f1p |g1p . De forma análoga g1p |f1p , o que implica que em Pn (veja [Sc-LN]).

hp ; Op e hp (p) W= 0. Utilizamos aqui que Op é um anel de fator- Observação 1.2.1. Expressão em coordenadas homogêneas. Seja
n
ização única (veja [S]) e que fr , gr W# 0 para algum r  2 (se não fosse G
an folheação de P dehnida pela -forma polinomial integrável  =
n
o caso, ter´amos f1 (p) W= 0). j=1 f j (z) dz j na carta ahm E0 l C , onde E0 é como no exemplo
O Resultado acima também é válido no caso de folheações de 1.2.1. Seja $ : Cn+1 \ {0} Pn a projeção da relação de equivalência
dimensão um, com as adaptações óbvias no enunciado. que dehne Pn : $(z) = [z]. Na carta E0 ela pode ser expressa como
De certa forma, podemos supor sempre que todas as componentes
irredut´veis de sing(F ) têm codimensão  2. $(z) = $(z0 , ..., zn ) = [1 : z1 /z0 : ... : zn /z0 ] := [1 : w/z0 ] .

Em particular,
Proposição 1.1.2. Seja F uma folheação de codimensão um na var-
n
iedade complexa M tal que sing(F ) possui componentes irredut´veis 1 3
de codimensão um. Então existe uma folheação G de codimensão um $ () = fj (w/z0 ) (z0 dzj  zj dz0 ) . (1.3)
z02 j=1
em M tal que cod(sing(G))  2 e G coincide com F em M \ sing(F ).
Como os fj I s são polinômios, multiplicando $ () por uma potência
A idéia da prova, é dividir as formas que localmente dehnem F ,
apropriada
n de z0 , obtemos uma 1-forma polinomial = z0k .$ () =
pela equação local das componentes de codimensão um de sing(F ).
F
j=0 j (z) dzj , satifazendo às seguintes propriedades :
Os detalhes podem ser encontrados na referência [Sc-LN]. A folheação
G obtida de F na proposição 1.1.2, será chamada de extensão maximal (1). é integrável e dehne a dehne a folheação $ (G).
de F . Pela proposição 1.1.1 ela não pode mais ser estendida em M .
Levando-se em conta a proposição 1.1.2, sempre que não men- (2). Os polinômios Fj são homogêneos do mesmo grau, digamos
cionado em contrário, suporemos que todas as componentes irre- k  1.
dut´veis do conjunto singular de uma folheação têm codimensão  2. (3). Os polinômios Fj não têm fator comum.
n
(4). A forma satisfaz à relação iR ( ) = 0, onde R = j=0 zj (/(zj
1.2 Folheações em espaços projetivos. é o campo radial de Cn+1 . Esta relação é equivalente a
n
3
O objetivo desta seção é provar que as folheações de codimensão um zj Fj (z) # 0 . (1.4)
(resp. dimensão um) nos espaços projetivos complexos, Pn , n  2, j=0
podem ser dehnidas por 1-formas integráveis (resp. campos de ve-
tores) meromorfas (resp. meromorfos). Veremos também como elas A relação em (4) é conseqüência de (1.3), já que iR (z0 dzj zj dz0 ) = 0
podem ser dehnidas em coordenadas homogêneas. Como aplicação, para todo j = 1, ..., n.
provaremos dois resultados clássicos, devidos a G. Darboux, sobre Observe que sing($ (G)) = (F0 = ... = Fn = 0) e portanto as
folheações de codimensão um que admitem integrais primeiras mero- componentes irredut´veis de sing($ (G)) têm codimensão  2, por
morfas. (3). A relação em (4) é equivalente ao fato de que uma reta f de
Seja M uma variedade complexa de dimensão m  2. Uma 1- Cn+1 que passa pela origem, ou está contida numa folha de $ (G),
forma meromorfa  em M é integrável se  + d = 0. Pelo teorema ou está contida em sing($ (G)). Em particular, as folhas de $ (G)
de Frobenius (Teor. 1.1),  dehne uma folheação de codimensão um são ”cones” com vértice na origem 0 ; Cn+1 .
F () em M \ || , onde || designa o conjunto de polos de . Notamos também que  = |(z0 =1) , ou seja restringindo ao
Note que sing(F ()) coincide com o conjunto de zeros de , que será hiperplano z0 = 1 recuperamos a 1-forma  original. De maneira
análoga, a restrição |(zj =1) dehne uma 1-forma polinomial integrável  é integrável, uma vez que dehne uma folheação. Consideremos a
na carta ahm Ej = (zj = 1), que coincide, a menos de um fator expansão de  em série de Taylor em torno da origem :
constante, com a forma j obtida no exemplo 1.2.1. 3
Diremos que a forma representa G em coordenadas homogêneas. = r , k W# 0 . (1.6)
Duas formas que representam G em coordenadas homogêneas diferem rk

por um fator costante não nulo. Este fato decorre de (3) (veja o Para todo r  k, o coehciente de dzs da 1-forma r é o polinômio ho-
exerc´cio 1.1). mogêneo de grau r, obtido da expansão do germe ks em série de Tay-
lor. A idéia é provar que a 1-forma k dehne G e satisfaz (1),...,(4).
Observação 1.2.2. Seja uma 1-forma em Cn+1 satisfazendo (1),...,(4
A forma k claramente satisfaz (2). Verihquemos que ela satisfaz (1)
da observação 1.2.1. Se os coehcientes Fj de são homogêneos de
e (4).
grau k então
Expandindo em série de Taylor a relação  + d = 0, obtemos
iR (d ) = (k + 1) (1.5)
3 3
Em particular obtemos o seguinte fato : d = 0 se, e somente se 0 =  + d = r + ds =p k + dk = 0 .
= 0. fk r+s=f

A relação (1.5) pode ser verihcada considerando-se a derivada de Em particular, k satisfaz (1). Análogamente, expandindo em série
Lie de na direção do campo radial : de Taylor a relalação iR () = 0, obtemos que iR (k ) = 0, já que os
n coehcientes de R são homogêneos de grau um, logo k satisfaz (4).
d d 3
LR ( ) = Rt ( )|(t=0) = Fj (et .z)d(et .zj )|(t=0) = Para verihcar que k dehne G e satisfaz (3), a idéia é provar que
dt dt j=0  = F.k , onde F ; O(Q) e F (0) = 1. Deixamos a prova deste fato
como exerc´cio para o leitor (veja o Ex. 1.2).
3n
d (k+1)t Consideremos agora uma folheação F em Pn e uma reta f l P1 ,
= (e )|t=0 . Fj (z) dzj = (k + 1) . mergulhada linearmente em Pn . Tomemos uma carta ahm E l Cn
dt j=0
de Pn tal que f é dehnida paramétricamente  por f(t) = (t, 0, ..., 0),
n
Estamos usando acima que o 4uxo Rt de R é dado por Rt (z) = et .z. t ; C. Se F é dehnida nesta carta por  = j=1 fj (z) dzj , então
Por outro lado, temos a relação LR ( ) = iR (d )+d(iR ( )) = iR (d ) $ () = f1 (t, 0, ..., 0).dt := P (t).dt. Note que P (t) é um polinômio.
(veja [Sc-LN]), que implica (1.5). Se P (t) # 0 a reta f está contida numa folha de F , ou em sing(F ).
Diremos então que a reta f é invariante por F .
Teorema 1.2. Toda folheação de codimensão um (resp. dimensão Caso P (t) W= 0, uma raiz to de P (t) corresponde a uma tangência
um) em Pn pode ser dehnida por 1-formas (resp. campos) polinomiais de F com f, isto é, o ponto p = (to , 0, ..., 0) é tal que Tp f 2 Tp F . A
em cartas ahns. multiplicidade de to como raiz de P (t) é, por dehnição, a multipli-
cidade de tangência de f e F em p. Estes conceitos independem da
Prova. Provaremos o resultado apenas no caso de codimensão um.
carta considerada, como o leitor pode verihcar. Esta multiplicidade
Seja F em Pn , dada pelo terno ((Uj )j;J , (j )j;J , (gij )Uij W=! ) e tal que
será denotada
 por T ang(F , f, p). O número total de tangências de f
cod(sing(F ))  2. A idéia é provar que F pode ser representada em
com F , p;f T ang(F , f, p), será denotado por T ang(F , f).
coordenadas homogêneas como na observação 1.2.1.
Seja  : Cn+1 \{0} Pn a projeção canônica : (z) = [z]. Proce- Proposição 1.2.1. Se f1 e f2 são duas retas não invariantes pela
dendo como no exemplo 1.1.6, obtemos uma folheação G :=  (F ) folheação de codimensão um F , então T ang(F , f1 ) = T ang(F , f2 ).
em Cn+1 \ {0}, dada pelo terno ((Vj )j , (j )j , (hij )Vij W=! ), onde Vj = O número T ang(F , f1 ) é, por dehnição, o grau de F .

1 (Uj ), j =  (j ) e hij = gij H . Vamos provar que G pode Deixamos a prova da proposição 1.2.1 como exerc´cio para o leitor
ser dehnida por uma 1-forma ; 1 (Cn+1 ) satisfazendo (1), (2), (3) (veja o Ex. 1.3).
e (4) da observação 1.2.1. A prova será dividida em duas etapas : O conjunto de folheações de codimensão um e de grau k em Pn
1a . Existe uma 1-forma , dehnida num polidisco Q, com centro na será denotado por Fol(n, k).
origem, tal que |Q\{0} dehne G|Q\{0} . 2a . G pode ser dehnida por
Observação 1.2.3. Uma folheação F ; Fol(n, k) é representada em
uma forma satisfazendo (1),...,(4) da observação 1.2.1.
 coordenadas homogêneas por uma 1-forma cujos coehcientes têm
1a etapa. Coloquemos j = nr=0 frj (z) dzj , onde frj ; O(Vj ). grau k + 1. Deixaremos a prova deste fato para o leitor (veja o Ex.
Ahrmamos que existe ro ; {0, ..., n} tal que frjo W# 0 para todo j ; J. 1.3). Em uma carta ahm (Cn , (x1 , ..., xn )) ela será representada por
Com efeito, a relação i = hij .j em Vij W= !, implica que fri = uma 1-forma polinomial  que pode ser escrita como
hij .frj em Vij , para todo r = 1, ..., n+1. Como hij ; O (Vij ), obtemos
que fri W# 0 hp frj W# 0, sempre que Vij W= !. A prova decorre então  = 0 + 1 + ... + k+1 , (1.7)
dos seguintes fatos : 1o . Cn+1 \ {0} é conexo. 2o . Dado jo ; J existe onde os coehcientes de j são polinômioshomogêneos de grau j, 0 
ro tal frjoo W# 0, pois jo W# 0. Deixamos os detalhes para o leitor. j  k + 1, e iRn (k+1 ) = 0, onde Rn = ni=1 xi (/(xi . Observamos
Sem perda de generalidade, vamos supor que f0j W# 0 para todo ainda que k+1 # 0 se, e somente se, o hiperplano do inhnito desta
j ; J. Dados j ; J e 1  r  n, considere a função meromorfa carta é invariante por F . Verihquemos estes fatos.
*jr := frj /f0j ; M(Vj ). Como fri = hij .frj e f0i = hij .f0j se Vij = Na carta E0 = (z0 = 1) a folheação é representada por  =
Vi  Vj W= !, obtemos que *ir = *jr em Vij , para todo r ; {1, ..., n}. |(z0 =1) . Coloquemos
n z = (z0 , Z), onde Z = (z1 , ..., zn ). Levando em
Logo existe uma função meromorfa *r ; M(Cn+1 \ {0}) tal que conta que = j=0 Fj (z)dzj onde Fj é homogêneo de grau k + 1,
n
*r |Vj = *jr , para todo j ; J. Vamos agora utilizar o teorema de Levi obtemos  = j=1 Fj (1, Z)dzj . Logo  pode ser escrita como em
(veja [Si]) : se n  1, a função meromorfa *r pode ser estendida a (1.7), já que Fj (1, Z) é um polinômio de grau  k + 1 em Z. A
uma função meromorfa em Cn+1 . Além disto, ela pode ser escrita relação iR ( ) = 0 é equivalente a :
como quociente de duas funções holomorfas : *r = gr /hr , gr , hr ; n n
O(Cn+1 ), hr W# 0. Denotemos os germes de gr e hr em On+1 por 3 3
zj .Fj (z) = 0 =p F0 (1, Z) + zj .Fj (1, Z) = 0 . (1.8)
gr0 e hr0 , respectivamente. Considerando as suas decomposições em
j=0 j=1
fatores irredut´veis, podemos supor, após simplihcação no quociente
gr0 /hr0 , que eles não têm fator comum. Utilizando ainda que On+1 Note que o coehciente, digamos Aj (Z), de dzj em k+1 é a parte
é um anel de fatoração única, podemos obter um m´nimo múltiplo homogênea de grau k + 1 de Fj (1, Z), 1 j  n. Como o leitor
n
comum de h10 , ..., hn 0 , digamos k0 ; On+1 : k0 é tal que hr0 |k0 pode verihcar, a relação (1.8) implica que j=1 zj .Aj (Z) = 0, que
para todo r = 1, ..., n, e se  é tal que hr0 | para todo r então é equivalente a iRn (k+1 ) = 0. Finalmente, o hiperplano do inhnito
k0 |. Colocando kr := gr0 .k0 /hr0 , consideramos o germe de 1-forma
 da carta E0 em coordenadas homogêneas é dado por (z0 = 0). Este
n
r=0 kr dzr . Um representante  deste germe dehnido num polidisco hiperplano é invariante por F se, e somente se,
Q, com centro na origem, dehne G em Q \ {0}, pois  + j = 0 para n
3
todo j ; J tal que Vj  Q W= !. |(z0 =0) = 0 hp Fj (0, Z)dzj = 0 hp Fj (0, Z) = 0 ,  j ,
2a etapa. Primeiramente observamos que iR () = 0. Com j=1
efeito, as hbras da aplicação  : Cn+1 \ {0} Pn são as retas que
passam pela origem. Isto obriga que iR (j ) = 0 para todo j ; J, ou hp Fj (z) = z0 .Gj (z) , gr(Gj ) = k hp k+1 # 0 ,
seja, 0 = iR ( + j ) = iR ().j , logo iR () = 0. Além disto, a forma ou seja, k+1 # 0 se, e somente se (z0 = 0) é invariante por F .
Observação 1.2.4. Levando-se em conta as observações 1.2.1 e 1.2.3, tem coehcientes constantes e d W= 0 pela observação 1.2.2. Por outro
podemos identihcar F(n, k) com um sub-conjunto algébrico de um lado,
certo espaço projetivo PN . Seja k+1 (n) o espaço vetorial das 1-
formas em Cn+1 , cujos coehcientes são polinômios homogêneos de d + d = d( + d ) = 0 =p d = +# , (1.10)
grau k+1. Colocando N +1 = dimC (k+1 (n)) obtemos P(k+1 (n)) l
onde e # são 1-formas em Cn+1 com coehcientes constantes. De
PN . Uma forma ; k+1 \ {0} representa uma folheação em Pn se,
fato, sejam u e v vetores constantes de Cn+1 tais que a := iu (iv (d )) W=
e somente se, satisfaz
0. Temos :
(I). iR ( ) = 0.
0 = iv (d + d ) = 2 iv (d ) + d =p 0 = iu (iv (d ) + ) =
(II). + d = 0.
= iu (iv (d )).d  iv (d ) + iu (d ) =p d = +# ,
As relações (I) e (II) impõem condições algébricas nos coehcientes
onde = a1 .iv (d ) e # = iu (d ). Como e # têm coehcientes
de , sendo que as relações em (I) são lineares e as em (II) são
constantes, existem polinômios de grau um L e M tais que = dL e
quadráticas. Portanto Fol(n, k) pode ser identihcado com o subcon-
# = dM . Utilizando agora a observação 1.2.2, temos
junto algébrico de P(k+1 (n)) cujos elementos satisfazem (I) e (II).
Um dos objetivos deste livro, será descrever de maneira ”geométrica” 2. = iR (d ) = iR (dL + dM ) =
as componentes irredut´veis de Fol(n, k). No exemplo 1.2.2, que
será visto mais adiante, descrevemos Fol(n, 0) para todo n  2. = iR (dL).dM  iR (dM ).dL = L.dM  M.dL ,
No cap´tulo 5 veremos a descrição das componentes irredut´veis de
Fol(n, 1) e de Fol(n, 2) para todo n  3. o que prova a ahrmação.
Note que a aderência das folhas da folheação acima são os hiper-
Veremos em seguida um critério para que uma hipersuperf´cie planos da forma a.L + b.M = 0, [a : b] ; P1 . Diremos então que a
algébrica seja invariante por uma folheação de codimensão um. Dize- folheação é dada por um pencil ou feixe de hiperplanos.
mos que um subconjunto algébrico irredut´vel X 2 Pn de dimensão
Baseados no exemplo 1.2.2, podemos enunciar o seguinte :
k, 1  k < n, é invariante pela folheação F de codimensão um, se
para todo p ; X \ (sing(F )  sing(X)), temos : Proposição 1.2.3. Para todo n  2, Fol(n, 0) tem uma única com-
ponente irredut´vel, a qual é parametrizada por
Tp X 2 Tp F (1.9)
(L, M ) ; P(n + 1, 1) × P(n + 1, 1) ) [L dM  M dL] ; P(1 (n)) ,
Quando X não é irredut´vel, diremos que ele é invariante, se todas
as suas componentes irredut´veis o são. Observemos que, quando X onde P(m, k) denota o conjunto de polinômios em homogêneos de
é de codimensão um e invariante, então ele é a união de folhas de grau k em Cm .
F com componentes de sing(F ). Neste caso, se X for irredut´vel,
diremos que ele é uma folha algébrica de F. Exemplo 1.2.3. Uma generalização natural do exemplo 1.2.2, é a
seguinte : sejam P, Q ; P(n + 1, k), sem fator comum. A forma
Proposição 1.2.2. Sejam F uma folheação e X um sub-conjunto = P dQ  Q dP satisfaz às condições (1), (2) e (4) da observação
algébrico de Pn , ambos de codimensão um. Suponhamos que F e X 1.2.1. Por exemplo, iR (P dQ  Q dP ) = 0, pois iR (dP ) = k.P e
são representados em coordenadas homogêneas pela 1-forma e por iR (dQ) = k.Q (relação de Euler). A aderência das folhas da folheação
F ; C[z0 , ..., zn ], respectivamente. Então X é invariante por F se, dehnida por ela são as componentes irredut´veis das hipersuperf´cies

2
e somente se, dF + = F., onde  ; (Cn+1 ), tem coehcientes de grau k dadas por L := (a.P + b.Q = 0), = [a : b] ; P1 . Em
homogêneos de grau gr(F ). muitos casos a codimensão do conjunto singular de tem codimensão
 2, mas em geral, não. Por exemplo, se a 2-forma dP + dQ não se
Prova. Suponhamos primeiramente que F é irredut´vel. Vamos
anula ao longo de (P = Q = 0) \ {0}, temos cod(sing( ))  2. Por
trabalhar em coordenadas homogêneas. Seja G = $ (F ), a qual é
outro lado, se existem a, b tais que a.P + b.Q tem um fator múltiplo
dehnida por em Cn+1 . Dado p ; Cn+1 tal que $(p) ; X\(sing(X)
na sua decomposição em fatôres irredut´vel, este fator divide e
sing(F )), a condição (1.9) é equivalente a Tp $ 1 (X) = Tp G, já que
portanto sing( ) tem ao menos uma componente de codimensão um.
ambos os sub-espaços têm codimensão um. Como Tp $ 1 (X) =
A folheação representada pela forma , após dividida pelo fator de
ker(dF (p)) e Tp G = ker( (p)), obtemos que dF (p) + (p) = 0.
grau maximo poss´vel, será denotada por F (P, Q) e será chamada de
Decorre da´ que a 2-forma dF + se anula identicamente em (F = 0).
pencil, ou feixe, gerado por P e Q. A hipersuperf´cie L = (a.P +
Este fato implica que todos os coehcientes de dF + são divis´veis por
b.Q = 0) será chamada de hbra de F (P, Q).
F , já que F é irredut´vel. Logo dF + = F., onde  ; 2 (Cn+1 ).
Suponhamos agora que a decomposição de F em fatôres irre- O resultado que veremos em seguida, devido a G. Darboux, de-
dF
dut´veis é F = F1r1 ...Fkrk . Pelo primeiro caso, a 2-forma j := Fjj + termina o fator de grau maximo que divide a forma P dQ  Q dP .
é holomorfa, para todo j = 1, ..., k. Por outro lado, Dada uma hbra L := (a.P +b.Q = 0), consideremos a decomposição
k k
em fatores irredut´veis a.P + b.Q = f r11 ...f rss , rj  1 . Neste caso,
d(F1r1 ...Fkrk ) 3 dFj 3 colocamos
+ = rj + = rj .j :=  .
F1r1 ...Fkrk j=1
Fj j=1
G := f r111 ...f rss1 . (1.11)

Portanto, dF + = F., onde  ; 2 (Cn+1 ). Consideremos agora os Proposição 1.2.4. Seja = P dQ  Q dP , como no exemplo 1.2.3.
coehcientes ij e Aij de dzi +dzj de  e dF + , respectivamente. Note Então = G., onde :
que Aij é homogêneo de grau gr(F ) + gr(F ). A relação dF + = F. (a). G =  ;P1 G , sendo G como em (1.11).
implica que Aij = F.ij , para todo i < j, logo ij é homogêneo de
grau gr(F ). Deixamos a prova da rec´proca para o leitor. (b). cod(sing())  2.

Exemplo 1.2.2. Folheações de grau zero. Sejam L e M dois polinômios Em particular, F (P, Q) tem grau 2 k  2  gr(G), onde k := gr(P ) =
homogêneos de grau um em Cn+1 , linearmente independentes. A gr(Q).
forma := L dM  M dL satisfaz (1),...,(4) da observação 1.2.1,
Prova. A prova é baseada no seguinte fato : sejam [a : b], [c :
como o leitor pode verihcar facilmente. Logo representa uma fol-
d] ; P1 tais que a.d  b.c W= 0. Coloquemos P1 := a.P + b.Q e
heação F de grau zero em Pn , já que seus coehcientes são de grau um.
Q1 := c.P + d.Q. Então
Isto também pode ser visto tomando a carta ahm (M = 1). Nesta
carta F é representada por  = df, onde f = L|(M =1) . Como L e P1 dQ1  Q1 dP1 = (a.d  b.c) (P dQ  Q dP ) . (1.12)
M são independentes, df é uma forma com coehcientes contantes em
Cn , logo as folhas de F nesta carta são os hipeplanos (f = cte), ou Deixamos a verihcação de (1.12) para o leitor. Esta relação implica
seja, uma reta não paralela ao plano (f = 0) é transversal a todas as que G divide para todo ; P1 , uma vez que, se = [a : b] então
folhas de F e não tem pontos de tangência com F . Ahrmamos que G divide tanto a.P + b.Q como d(a.P + b.Q).
toda folheação de codimensão um e grau zero em Pn é deste tipo. Suponhamos que P dQ  Q dP = F., onde cod(sing())  2 e
Com efeito, ela é representada por uma 1-forma com coehcientes  representa F (P, Q) em coordenadas homogêneas. Seja f um fator
homogêneos de grau um tal que + d = 0. Note que a 1-forma d irredut´vel de F . Vamos provar que, existe = [a : b] ; P1 tal
que (f = 0) 2 (a.P + b.Q = 0). Para isto é suhciente provar que (II). Se F tem N (gr(F )) soluções algébricas distintas então a forma
(f = 0) é invariante por F (P, Q), ou seja, que df +  = f., onde , que dehne F em coordenadas homogêneas, pode ser escrita
 ; 2 (Cn+1 ) (veja proposição 1.2.2). Vamos supor que f não é fator como
3 N
de P.Q. Podemos escrever F = f r .g, onde r é máximo, isto é, f não dfj
divide g. Como P dQ  Q dP = f r .g., temos = G. j := G. , (1.15)
j=1
fj
dQ dP f r .g f r .g dQ dP onde G é meromorfa e f1 , ..., fN são polinômios homogêneos.
 =  =p d( ) = d(  ) = 0 =p
Q P P.Q P.Q Q P
Levando em conta a relação de Euler, iR (dfj ) = gr(fj ).fj , obtemos
f r .g f r .g d(f r .g/P.Q) de iR ( ) = 0 e (1.15), que
d( )++ d = 0 =p +  = d .
P.Q P.Q f r .g/P.Q N
3
Desenvolvendo a última relação, obtemos que g.P.Q.df +  = f.1 , j .gr(fj ) =0. (1.16)
j=1
onde 1 = r 1 g.P.Q d + r1 (P.Q.dg  g.QdP  g.P.dQ) + , é
holomorfa. Como f não divide g.P.Q, f divide todos os coehcientes Note que a forma  é fechada : d = 0. Como conseqüência,
de df + , logo (f = 0) é invariante por F (P, Q), como quer´amos. tem um fator integrante meromorfo : d( G ) = 0.
Isto implica que f é fator de a.P + b.Q, para algum = [a : b]. Resta Gostar´amos ainda de observar que a relação (1.16) implica que
provar que r coicide com a multiplicidade de f em G , digamos r 1, existe uma 1-forma meromorfa fechada  em Pn tal que  =  ()
onde r é a multiplicidade de f em P1 = a.P +b.Q (veja (1.12)). Pela (veja o Ex. 1.5).
dehnição de r temos r  r  1. Por outro lado, se r > ra  1, por m
absurdo, obtemos de (1.12) que f divide Q1 = c.P + d.Q, para todo Dehnição 1.2.2. Diremos
N quedf uma 1-forma  num aberto U de C
(c, d) tal que a.d  b.c W= 0, o que só é poss´vel se f dividir P e Q é logar´tmica, se  = j=1 j fjj , onde 1 , ..., N ; C e f1 , ..., fN ;
simultâneamente, o que foi excluido na hipótese. O(U ). Diremos que uma folheação de codimensão um em Pn é
Veremos a seguir um outro resultado devido a G. Darboux, que logar´tmica se a forma , que a dehne em coordenadas homogêneas,
caracteriza as folheações do tipo F (P, Q), isto é, que possuem integral se escreve como = G., onde G é meromorfa e  é logar´tmica.
primeira meromorfa. Mais geralmente, diremos que uma folheação G numa variedade
complexa M é dehnida por uma forma meromorfa fechada  W= 0 em
Teorema 1.3. Se uma folheação de codimensão um em Pn possui M , se G é representada por  em M \ (||  ||0 ), onde || e ||0
uma inhnidade de folhas algébricas distintas então ela tem uma inte- denotam os conjuntos de polos e de zeros de , respectivamente.
gral primeira meromorfa.
Veremos em seguida a classihcação das formas fechadas mero-
Prova. Seja F uma folheação de codimensão um em Pn com uma morfas em Pn , n  1. Dada uma forma fechada meromorfa  em
inhnidade de folhas algébricas. Sejam f1 , f2 , ... equações homogêneas Pn , colocamos  =  :=  (). A forma  satisfaz iR () = 0 e
destas folhas e uma 1-forma representando F em coordenadas ho- iR (d) = 0 (veja o Ex. 1.5).
mogêneas. Vamos supor que gr(F ) = k, de forma que os coehcientes
Proposição 1.2.5. Sejam  W= 0 uma 1-forma meromorfa em Pn e
de são homogêneos de grau k + 1. Pela proposição 1.2.2, para todo
 =  (). Então podemos escrever  como
j ; N, podemos escrever
k
3 dfj D g i
dfj = j + d r1 1 rk 1 , (1.17)
+ = j , (1.13) fj f1 ...fk
fj j=1

onde j ; 2 (Cn+1 ) e tem coehcientes homogêneos de grau gr(F ) = onde :


k. Seja E o conjunto de todas as 2-formas em Cn+1 com coehcientes
(a). f1 , ..., fk , g são polinômios homogêneos.
homogêneos de grau k. Claramente, E é um espaço vetorial de di-
mensão hnita, digamos N  1. Qualquer conjunto em E com N ele- (b). f1 , ..., fk são irredut´veis e primos dois a dois.
mentos é linearmente dependente. Portanto, existe uma relação linear 
N (c). Se rj  2 então fj não divide g. Além disto, gr(g) = j (rj 
da forma j=1 j .j = 0, onde ( 1 , ..., N ) W= (0, ..., 0). Decorre da´
1).gr(fj ).
e de (1.13) que  + = 0, onde
k
(d). 1 , ..., k ; C e j=1 j .gr(fj ) = 0.
N
3 dfj
= j . (1.14) (e). Se j = 0 então rj  2, 1  j  k.
j=1
fj
Em particular  é logar´tmica se, e somente se, rj = 1, 1  j  k.
Em particular, a 1-forma  := f1 ...fN . é holomorfa com coehcientes No caso, || = j Sj , onde Sj := (fj = 0), rj é a multiplicidade
homogêneos e satisfaz  + = 0. Como cod(sing( ))  2, existe de Sj como polo de  e j é o res´duo de  ao longo de Sj , 1  j  k.
h ; C[z0 , ..., zn ] tal que  = h. (veja o Ex. 1.1). Podemos então A idéia da prova da proposição 1.2.5, é utilizar que H1 (Cn+1 \
escrever que  = G. , onde G = h/f1 ...fN . De forma análoga, || , R) l Rk , onde k é o número de componentes irredut´veis de
considerando
N +1 os df ´ndices 2, ..., N + 1, podemos construir uma 1-forma || . Esta prova pode ser encontrada em [SC-LN].
1 := j=2 j fjj , com as seguintes propriedades : Para encerrar a seção, resumiremos, sem demonstração, alguns
resultados sobre folheações por curvas que serão utilizados no futuro.
(i). Os vetores ( 1 , ..., N , 0) e (0, 1, 2 , ..., N +1 ) são linearmente Uma folheação F de dimensão um em Pn , pode ser representada
independentes. numa carta ahm (E l  Cn , (z1 , ..., zn )) de Pn por um campo de ve-
n
tores polinomial X = j=1 Pj (z)(/(zj (veja o teorema 1.2). Os
(ii). Existe uma função meromorfa G1 tal que 1 = G1 . .
polinômios P1 , ..., Pn são, em princ´pio quaisquer, uma vez que em
A relação (ii) juntamente com  = G. implica que 1 = G1 dimensão um não há condição de integrabilidade.
G . Como
 e 1 são fechadas, obtemos que Dado um hiperplano H 2 Pn , distinto do hiperplano do inhnito
de E, com equação (L = 0), onde L é um polinômio de grau um, o
d(G1 /G) +  = 0 =p d(G1 /G) + = 0 =p d(G1 /G) = *. , cojunto de tangências de F com H, denotado por T ang(F , H), é da
forma
onde * é meromorfa. Como G2 .d(G1 /G) = G.dG1  G1 .dG, para
T ang(F , H)E = {p ; H | X(p) = 0 , ou X(p) W= 0 e X(p) ; Tp H} =
terminar a prova, é suhciente ver que a função G1 /G é não constante.
Mas, este fato decorre de (i), como o leitor pode verihcar. = {p ; H | dL(p).X(p) = 0} = {p ; H | X(L)(p) = 0} .
n (L
Observação 1.2.5. Dehna N (k) := dim(E(k, n)) + 1, onde E(k, n) Note que X(L) := j=1 Pj . (z j
é um polinômio. Se X(L)|L # 0 o
é o conjunto de 2-formas em Cn+1 com coehcientes homogêneos de hipérplano H é invariante por F . Caso contrário, X(L)|L , pode ser
grau k. Da prova do teorema 1.3, podemos obter as seguintes con- considerado como um polinômio em H  E l Cn1 . Neste caso, o
seqüências : grau de X(L)|L é invariante, isto é, se H1 e H2 são dois hiperplanos
distintos não invariantes, então os graus são iguais. Dehnimos então
(I). Se F possui N (gr(F )) + 1 soluções algébricas distintas então F este número inteiro como o grau de F (veja [Sc-LN]). O conjunto de
tem integral primeira meromorfa. folheações de Pn de dimensão um e grau k será denotado por X (n, k).
Proposição 1.2.6. Uma folheação F ; X (n, k) é representada numa p ; sing(Y ), tomamos uma carta local * tal que *(p) = 0, exprimi-
carta ahm (E, (z1 , ..., zn )) de Pn por um campo polinomial do tipo mos Y nesta carta e calculamos o espectro de DY (0). Este espectro
k+1
X = X0 + ... + Xk+1 = j=0 Xj , onde os coehcientes de X são
será denotado por esp(Y, p). No caso de uma folheações por curvas
polinômios homogêneos de grau j, 1  j  k + 1. Além disto, F e p ; sing(F ), o campo que representa F numa vizinhança de p,
Xk+1 = está dehnido módulo multiplicação por uma função que não se anula
ngk .Rn , onde gk é um polinômio homogêneo
n
de grau k e
Rn = j=1 z j .(/(zj é o campo radial em C . O hiperplano do em p, digamos f . Como D(f.Y )(p) = f (p).DY (p), o espectro em si
inhnito de E é invariante por F se, e somente se, gk # 0. Neste não está bem dehnido, mas o seu projetivizado sim, no caso em que
caso, o campo Xk W= 0 não é da forma Xk = gk1 .Rn , onde gk1 é DY (p) tem ao menos um auto-valor não nulo. Neste caso, usaremos
homogêneo de grau k  1. a notação [esp(F, p)] para designar o projetivisado do espectro de
DY (p), onde Y representa F numa vizinhança de p.
Corolário 1.2.1. O espaço X (n, k), de folheações de dimensão um e
grau k  1 em Pn , é biholomorfo a um espaço projetivo de dimensão Notação 1.3.1. O conjunto de folheações em Pn de dimensão k,
w W w W cujas singularidades são todas não degeneradas, será denotado por
n+k n+k1 N D(n, k).
dim(X (n, k)) = n + 1 .
n n
Proposição 1.3.1. Para todo n  2 e todo k  0 o conjunto X (n, k)\
A prova do corolárioD 1.2.1i se baseia na proposição 1.2.6 e no fato N D(n, k) é algébrico e próprio. Em particular, N D(n, k) é conexo e
de que dim(P(m, f)) = m+f m
, onde P(m, f) é o espaço de polinômios denso em X (n, k).
de grau f em Cm .
A prova do resultado acima pode ser encontrada em [Sc-LN].
Exemplo 1.2.4. Uma folheação por curvas de grau zero em Pn é
Quanto ao número de singularidades de uma folheação por curvas,
representada numa carta ahm por X = X0 + g0 .Rn , onde X0 é um
temos o seguinte resultado :
vetor constante e g0 ; C. Se g0 = 0, a folheação é dehnida em E por
um campo constante e as suas folhas são as retas paralelas a X0 (nesta Proposição 1.3.2. Uma folheação por curvas F em X (n, k), com
carta). Se g0 W= 0, então sing(F )  E é um único ponto, p = X0 /g0 . singularidades isoladas, possui N (n, k) := k n + k n1 + ... + k + 1 =
Neste caso, se T é a transformação ahm T (z) = g01 .z + X0 /g0 de E k n+1 1
singularidades, contadas com multiplicidade. Em particular,
k1
, obtemos T (X) = Rn , ou seja, podemos dizer que F é representada se F ; N D(n, k) então ela possui exatamente N (n, k) singularidades.
em alguma carta ahm pelo campo radial.
A prova da proposição 1.3.2 pode ser feita utilizando o teorema
Observação 1.2.6. Seja X = X0 +...+Xk +gk .Rn como na proposição de Bézout (veja [Sc-LN] e o Ex. 1.8).
1.2.6. Quando efetuamos uma mudança de carta ahm, por exemplo Um aspecto importante da teoria local das singularidades é o de
* = (z1 = 1/x1 , z2 = x2 /x1 , ..., zn = xn /x1 ), no campo X, obtemos determinar formas normais, ou de fornecer critérios para que o campo
um campo da forma * (X) = Z/xk1 1 , onde Z é um campo poli- seja linearizável numa singularidade.
nomial do mesmo tipo de X : Z = Z0 + ... + hk .Rn . Isto signihca
que o campo X representa um campo meromorfo em Pn com polo de Dehnição 1.3.1. Dizemos que um campo holomorfo Y numa vari-
multiplicidade k  1 no hiperplano do inhnito de E. dade complexa M n é linearizável em p ; sing(Y ), se existe um germe
Em particular, se k = 1, o campo X se estende holomorhcamente de carta local * : (M, p) (Cn , 0) tal que * (Y ) é um campo linear
a Pn . Neste caso, X é completo, isto é, o seu 4uxo complexo Xt é em Cn . Dizemos que uma folheação por curvas F em M é linearizável
dehnido em C × Pn . Em particular, as folhas de F são órbitas de em p se ela pode ser representada numa vizinhança de p por um
uma ação de C em Pn . Elas são de dois tipos poss´veis : C ou C . campo linearizável em p. Mais geralmente, diremos que dois campos

Uma ação de C numa variedade complexa arbitrária pode ter três holomorfos X e Y , em variedades M e N , são equivalentes em p ; M
tipos de órbitas não constantes : C, C ou um toro complexo (veja e q ; N , se existe um germe de biholomorhsmo * : (M, p) (N, q) e
o exemplo 1.1.2). No caso de Pn prova-se no entanto que a terceira um germe f ; Op (f (p) W= 0), tais que * (Y ) = f.X.
possibilidade não ocorre (veja o Ex. 1.7).
Os resultados mais importantes de linearização de campos são os
teoremas de Poincaré e de Siegel-Brjuno. Em seguida, enunciaremos,
1.3 O conjunto singular : folheações por sem provar, o teorema de Poincaré. A prova deste resultado e o
enunciado do teorema de Siegel-Brjuno podem ser encontados nas
curvas. referências [Ar] e [C-S].
O objetivo desta seção, é estabelecer alguns resultados, locais ou Sejam Y um campo de vetores holomorfo na variedade complexa
globais, sobre os conjuntos singulares das folheações por curvas, que M n e p ; sing(M ) uma singularidade não degenerada de Y . Diremos
serão utilizados futuramente neste texto. que (Y, p) está no dom´nio de Poincaré se o fecho convexo de esp(Y, p)
Seja Y = n em C, não contém a origem 0 ; C. Caso contrário, diremos que (Y, p)
i=1 Pi (z) (/(zi um campo de vetores holomorfo,
dehnido num aberto U 2 Cn , tal que 0 ; U . Vamos supor que está no dom´nio de Siegel. Seja esp(Y, p) = { 1 , ..., n }. Diremos que
Y (0) = 0, ou seja, 0 ; sing(Y ). Neste caso, escrevemos a expansão Y tem uma ressonância em p, se existe uma relação da forma

de Y em série de Taylor em 0 ; Cn como Y = j1 Yj , onde os n
3 3
coehcientes de Yj são polinômios homogêneos de grau j. O campo i = mj . j , onde mj ; Z0 ,  j , e mj  2 . (1.18)
de vetores linear DY (0) := Y1 é chamado de parte linear de Y em 0. j=1 j
Ele pode ser identihcado, em coordenadas, com a matriz jacobiana
J := ( ((zPji (0))1i,jn . Dizemos que 0 é uma singularidade não de- Caso não existam relações como em (1.18), diremos que Y não possui
generada de Y , se a matriz jacobiana DY (0) é não singular. Neste ressonâncias em p. Convém notar o fato de que uma relação como
caso, 0 é um ponto isolado de sing(Y ). Mais geralmente, se 0 é um em (1.18) é um invariante de [esp(Y, p)].
ponto isolado de sing(Y ), dehnimos a multiplicidade de Y em 0 por
m(Y, 0) = [P1 , ..., Pn ]0 , onde [P1 , ..., Pn ]0 designa a multiplicidade de Teorema 1.4. (Teorema de Poincaré). Sejam Y um campo holo-
interseção das sub-variedades (Pj = 0), j = 1, ..., n, em 0. Esta mul- morfo na variedade complexa M e p ; sing(Y ). Suponha que Y não
tiplicidade pode ser dehnida de várias maneiras, mas talvez a mais tem ressonâncias em p. Então :
popular, seja (a). Y é formalmente linearizável em p.
[P1 , ..., Pn ]0 = dimC (On / < P1 , ..., Pn > |0 ) ,
(b). Se (Y, p) está no dom´nio de Poincaré então Y é linearizável
onde < P1 , ..., Pn > |0 designa o ideal de On gerado pelos germes de em p.
P1 , ..., Pn em 0. Em particular, vale que m(Y, 0)  1, sempre que
Y (0) = 0. Além disto, se 0 é singularidade não degenerada de Y , Para a dehnição de ”formalmente linearizável”, remetemos o leitor
temos m(Y, 0) = 1. à referência [C-S].
O espectro da parte linear DY (0) é invariante por mudanças de Um conceito que utilizaremos ao longo do texto é o de separatriz.
coordenadas : se * : (Cn , 0) (Cn , 0) é um germe de biholomorhsmo, Diremos que uma folheação por curvas F , numa variedade M de
então DY (0) e D(* (Y ))(0) são conjugados. Como conseqüência, dimensão n, admite uma separatriz num ponto p ; M , se existe um
estes conceitos podem ser extendidos a campos de vetores em var- germe de curva holomorfa S por p, o qual é invariante por F . Isto
iedades complexas : se Y é um campo holomorfo na variedade M n e signihca que, se  : (C, 0) (M, p) é uma parametrização de S e Y
é um campo que representa F numa vizinhança de p então  I (t) e Se #1 é outra 1-forma tal que d = #1 + , vale que # + d#  #1 +
Y H (t) são linearmente dependentes para todo t ; (C, 0). d#1 = d , para alguma 2-forma ; 2 (U \ {0}). Com efeito, como
No caso em que Y é não degenerado e linearizável em q, para cada (#1  #) +  = 0, existe g ; C (U \ {0}) tal que # = #1 + g.. O
auto-vetor de DY (q), a folheação admite exatamente uma separatriz leitor pode verihcar que # + d#  #1 + d#1 = d(g.). Em particular,
3
lisa (não singular) tangente ao sub-espaço gerado por este auto-vetor. # + d# dehne uma classe de cohomologia em HDR (U \ {0}). Verihca-
se também que esta classe de cohomologia é a mesma se calcularmos
Exemplo 1.3.1. O caso de dimensão dois será utilizado ao longo do com uma -forma 1 = f., onde f (p) W= 0, ou seja, ela só depende da
texto. Temos quatro possibilidades para uma singularidade q de Y , folheação numa vizinhança de p (verihque). O ´ndice de Baum-Bott
quando esp(Y, q) W= {0} : de F em p é dehnido por :
8
(1). esp(Y, q) = {0, 2 }, onde 2 W= 0. Neste caso, diremos que q é 1
uma sela-nó de Y . BB(F , p) = # + d# ,
(2$i)2 S
(2). esp(Y, q) = { 1 , 2 }, onde 1 , 2 W= 0 e 2 / 1 ; / R. Neste onde S = (B é de classe C e B 2 U é um aberto com fronteira
caso (Y, q) está no dom´nio de Poincaré e não tem ressonâncias. regular que contém p em seu interior.
Portanto Y é linearizável em q.
Observação 1.3.1. No caso em que a singularidade é não degene-
(3). esp(Y, q) = { 1 , 2 }, onde 1 , 2 W= 0 e 2 / 1 ; R+ . Neste caso, rada e [esp(F , p)] = { 1 , 2 } então o ´ndice de Baum-Bott é BB(F , p) =
(Y, q) está no dom´nio de Poincaré, mas pode ter ressonâncias ( 1 + 2 )2
1. 2
(veja [Br]).
: se 2 / 1 ; N2 ou 1 / 2 ; N2 .
Teorema 1.7. Seja F uma folheação por curvas numa superf´cie
(4). esp(Y, q) = { 1 , 2 }, onde 1 , 2 W= 0 e 2 / 1 ; R . Neste caso, complexa compacta M . Suponha que as singularidades de F são iso-
(Y, q) está no dom´nio de Siegel. O campo Y tem ressonância ladas. Então
em q se, e somente se, 2 / 1 ; Q . 3
BB(F ) := BB(F , p) = NF2 . (1.20)
Nos casos (2) e (4) o campo Y admite (exatamente) duas separa- p;sing(F)
trizes lisas, tangentes aos auto-espaços de 1 e 2 . No caso da sela-nó,
o campo admite uma forma normal formal do tipo Ŷ = xp+1 (/(x + Convém aqui esclarecer o signihcado do número NF2 . A folheação
p
2 (1 + .x )y (/(y, onde ; C. O número é um invariante formal F é dehnida por um terno ((Uj )j;J , (j )j;J , (gij )Uij W=! ) (veja dehnição
do campo. A multiplicidade de Y em q é m(Y, q) = m(Ŷ , 0) = p + 1. 1.1.3). A coleção (gij )Uij W=! é um cociclo multiplicativo :
O campo Y admite ao menos uma separatriz por q (tangente ao
auto-espaço de 2 ), podendo ou não admitir uma outra tangente gij .gjk .gki = 1
ao auto-espaço relativo ao auto-valor 0. Remetemos o leitor para
as referências [Ma-Ra 1] e [Ma-Ra 2], onde são dadas classihcações sempre que Uijk := Ui  Uj  Uk W= !. Este cociclo, por sua vez, dehne
anal´ticas dos casos (1) e (4) com ressonância, respectivamente. um elemento de H 1 (M, O ), o qual é chamado de hbrado normal de
No caso (3) com ressonância, o resultado mais importante é a F e é denotado por NF . Por outro lado, temos a seqüência exata
exp
forma normal de Dulac, a qual enunciamos abaixo : curta de feixes 0 Z O O 0 que induz a seqüencia longa
em cohomologia
Teorema 1.5. Seja Y um germe de campo de vetores holomorfo em
&
0 ; C2 tal que Y (0) = 0 e esp(Y, 0) = {1, n}, n ; N2 . Então Y é ... H 1 (M, Z) H 1 (M, O) H 1 (M, O ) H 2 (M, Z) ...

conjugado ao germe : Portanto, &(NF ) ; H 2 (M, Z). A classe &(NF ) pode também ser
considerada como uma classe em H 2 (M, R) l HDR 2
(M ) (Teorema
( (
Z=x + (n y + a xn ) (1.19) de De $Rham). Chamando esta classe de [NF ] temos (por dehnição)
(x (y NF2 = M [NF ] + [NF ]. A prova do teorema 1.7 pode ser encontrada
O campo Y é linearizável se, e somente se, a = 0. Se a W= 0 o campo na referência [Br].
admite apenas uma separatriz por 0 : (x = 0). Se a = 0 o campo No caso de folheações em P2 , temos a seguinte versão :
possui uma integral primeira meromorfa : f (x, y) = xn /y.
Corolário 1.3.1. Seja F uma folheação de grau k em P2 , com sin-
A prova do teorema de Dulac pode ser encontrada em [C-S]. Este gularidades isoladas. Então BB(F ) = (k + 2)2 . Em particular,
resultado admite uma generalização em n  3 variáveis, cujo enunci- sing(F ) W= !.
ado e prova podem ser encontrados em [Ar] ou [Ma].
No caso de folheações em P2 temos ainda o seguinte resultado A prova do corolário 1.3.1 é baseada no fato de que se F é uma
(veja [LN 2] e [Sc-LN]) : folheação de grau k em P2 então NF = (k + 2).H, onde H é a classe
de um hiperplano em H 1 (P2 , O ), ou seja H 2 = 1. Ela pode ser
Teorema 1.6. Para todo k  2, o espaço X(2, k) = Fol(2, k) contém encontrada em [Sc-LN].
um sub-conjunto aberto e denso S(2, k) 2 N D(2, k) com as seguintes
propriedades :
1.4 O conjunto singular : folheações de
(a). Se G ; S(2, k) então G não possui folha algébrica.
codimensão um.
(b). Se G ; S(2, k) e p ; sing(G) então esp(G, p) = { 1 , 2 }, onde
2/ 1 ;
/ R+ . Em particular, cada singularidade de G admite Nesta seção faremos um estudo local do conjunto singular, em que
exatamente duas separatrizes lisas transversais em p. introduziremos o ”fenômeno de Kupka” e as componentes de Kupka.
No hnal provaremos, como aplicação do teorema de Baum-Bott, que o
Veremos em seguida o teorema de Baum-Bott em superf´cies com- conjunto singular de uma folheação de codimensão um em Pn , n  3,
plexas compactas. Este resultado admite generalizações em dimensão possui ao menos uma componente irredut´vel de codimensão dois.
maior que dois (veja [B-B] e [Su]). Seja F uma folheação por cur-
vas numa superf´cie M . Se p ; M é uma singularidade isolada
de F , podemos representar F numa vizinhança de p por uma 1- 1.4.1 O fenômeno de Kupka.
forma holomorfa , a qual numa carta local (U, (x, y)) em p, tal
O resultado abaixo, devido a I. Kupka (cf. [K]), será bastante uti-
que x(p) = y(p) = 0, se escreve como  = P (x, y) dy  Q(x, y) dx. lizado.
Vamos supor que U  sing(U ) = {p}. Seja # uma (1,0)-forma
de classe C em U \ {p} tal que d = # + . Podemos tomar Teorema 1.8. Seja  um germe em 0 ; Cn de 1-forma integrável,
P +Qy
# = |P |x2 +|Q| 2 (P dx + Q dy), por exemplo, como o leitor pode veri- n  3. Suponha que 0 ; sing() e que d(0) W= 0. Então existe
hcar. A 3-forma # + d#, que é C em U \ {0}, é fechada : um sistema de coordenadas (x, y, z) ; C × C × Cn2 tal que  =
P (x, y) dy  Q(x, y) dx.
0 = d2 () = d# +   # + d =p d# +  = 0 =p d# = + ,
Prova. Diferenciando a relação  + d = 0 obtemos
onde é C em U \ {0}, já que  tem singularidade isolada. Logo
d(# + d#) = d# + d# = 0. d + d = 0 (1.21)
Utilizaremos (1.21) para demonstrar que existem coordenadas então d(p) = g(p).d(p)+dg(p)+(p) = g(p).d(p) W= 0. O conjunto
(x, y, z) ; C × C × Cn2 tal que d = dx + dy. Com isto, obte- dos pontos singulares de Kupka de F será denotado por K(F ).
remos do lema de Poincaré : Seja G um germe de folheação 0 ; C2 . Diremos que p ; K(F )
tem tipo transversal G, se F pode ser representada numa vizinhança
de p por uma 1-forma  = P (x, y) dy  Q(x, y) dx, como no teorema
d(  x dy) = 0 =p   x dy = df , f ; On =p de Kupka, tal que G coincide com a folheação gerada por P (x, y) dy 
0 =  + d = (x dy + df ) + dx + dy = df + dx + dy =p Q(x, y) dx.

(f Convém observar que, em geral, K(F ) não é um sub-conjunto


= 0 , j =p f = f (x, y) =p anal´tico de M , como mostra o exemplo abaixo.
(zj
(f
n dx
 = P (x, y) dy  Q(x, y) dx, onde P (x, y) = x + (y (x, y) e Q(x, y) = Exemplo 1.4.1. Considere a forma logar´tmica  := j=1 j xjj em
n
 (f (x, y).Em seguida provaremos a existência de um tal sistema C , onde n  3 e j W= 0 para todo j = 1, ..., n. A forma  = x1 ...xn .
(x
de coordenadas. Seja B uma bola com centro em 0 ; Cn na qual é integrável e dehne uma folheação F em Cn . No caso, temos :
 tem um representante, que denotaremos pela mesma letra. Como (a). sing(F ) = iW=j (xi = xj = 0). Em particular, cod(sing(F )) =
d(0) W= 0, diminuindo B, podemos supor que d(p) W= 0 para todo 2.
p ; B. Dado p ; B dehna : (b). Num ponto p ; Cn tal que xi (p) = xj (p) = xk (p) = 0,
i < j < k, temos d(p) = 0, ou seja p ; / K(F ). Denotemos por S o
Ep = {v ; Tp B l Cn | iv (d(p)) = 0} . conjunto anal´tico de codimensão três i<j<k (xi = xj = xk = 0).
(c). Se i W= j e p ; (xi = xj = 0) \ S então d(p) W= 0. Em
Lema 1.4.1. Para todo p ; B o subespaço Ep tem codimensão dois.
particular p ; K(F ). À partir da´ é poss´vel provar que
Além disto, o sub-hbrado E de T B, cuja hbra por p ; B é Ep , é
holomorfo e integrável. 
K(F ) = (xi = xj = 0) \ S , onde J = {(i, j) | i W= j } .
Prova. Deixamos as provas da primeira ahrmação e de que E é (i,j);J
holomorfo, como exerc´cio para o leitor (veja o Ex. 1.10). Verihque-
mos que E é um hbrado integrável numa vizinhança de 0. Como Portanto, se K(F) W= !, ele nunca é fechado, logo não é um sub-
d(0) W= 0, existem vetores u, v ; Cn tais que d(0)(u, v) W= 0. Fixe- conjunto anal´tico de Cn .
mos uma vizinhança U de 0 tal que f := d(p)(u, v) W= 0 para todo Como conseqüência da estrutura de produto local, temos o seguinte
p ; U . Considerando X := u e Y = f 1 .v como campos de vetores resultado :
holomorfos em U , temos
Proposição 1.4.1. Seja F uma folheação de codimensão um numa
0 = iY iX (d + d) = 2 iY (iX (d) + d) = variedade complexa M de dimensão n  3 tal que cod(sing(F ))  2.
Então K(F) é uma sub-variedade lisa de codimensão complexa dois.
= 2 (d(X, Y ).diX (d)+iY (d)) = 2 (d +#) =p d = +#
Seja K(F ) = j;J Kj a decomposição de K(F ) em componentes
onde = iX (d) e # = iY (d). Ahrmamos que e # satisfazem conexas. Dados p, q ; Kj então os tipos tranversais de F em p e
às equações de integrabilidade (1.1) do teorema de Frobenius. Com q coincidem.
efeito, diferenciando ambos os membros de d = + # obtemos
Dehnição 1.4.2. Seja F uma folheação de codimensão um numa
0=d +# + d# =p d + +# =0 , variedade M de dimensão n  3. Dizemos que um sub-conjunto

sendo que a última relação foi obtida tomando-se o produto exterior anal´tico S de M é uma componente de Kupka de F , se S é uma
da primeira por . Analogamente, fazendo o produto exterior da componente irredut´vel de sing(F) tal que S 2 K(F).
primeira relação por # obtemos d#+ +# = 0, o que prova o lema.
Pela proposição 1.4.1, uma componente de Kupka S de F é nesces-
Pelo lema 1.4.1, o hbrado E é tangente a uma folheação G de codi- sáriamente uma sub-variedade de codimensão dois de M . Vejamos
mensão dois. Consideremos uma carta trivializadora (x1 , x2 , ..., xn ) := alguns exemplos.
(x1 , x2 , z) de G numa vizinhança de 0, tal que as folhas de G são
da forma (x1 = c1 , x2 = c2 ), c1 , c2 ; C. Tendo-se em vista a Exemplo 1.4.2. Sejam G uma folheação por curvas numa superf´cie
dehnição de E, obtemos que d = g dx1 + dx2 (verihque). Como complexa X e N uma variedade complexa e conexa de dimensão n 
0 = d(g.dx1 + dx2 ) = dg + dx1 + dx2 , obtemos que g = g(x1 , x2 ), só 1. Sejam M := X × N e F = $1 (G), onde $1 : M X é a primeira
depende de x1 e x2 . Consideremos$ agora a aplicação H(x1 , x2 , z) = projeção. Suponha que existe p ; sing(X) tal que G é representada
x numa vizinhança de p por um campo de vetores equivalente a um
(x1 , h(x1 , x2 ), z), onde h(x1 , x2 ) = 0 2 g(x1 , t)dt. Como o leitor pode
verihcar, o determinante jacobiano de H em 0 vale g(0, 0) W= 0, germe de campo Y := P (x, y)(/(x + Q(x, y)(/(y em 0 ; C2 tal que
ou seja H dehne um biholomorhsmo entre vizinhanças de 0 ; Cn , Px (0) + Qy (0) W= 0. Neste caso, S := {p} × N é uma componente de
H(x1 , x2 , z) = (x, y, z). Nas coordenadas (x, y, z) a forma d se es- Kupka de F com tipo transversal Y .
creve como dx + dh = dx + dy, o que prova o teorema. Exemplo 1.4.3. Sejam f e g polinômios homogêneos e irredut´veis
Observação 1.4.1. O teorema de Kupka tem a seguinte interpretação em Cn+1 , onde gr(f )/gr(g) = p/q e mdc(p, q) = 1. Vamos deno-
geométrica : o germe de folheação F (), gerada por , tem uma es- tar por $ : Cn+1 \ {0} Pn a projeção canônica. Suponha que as
trutura produto : é o produto de um germe de folheação regular de hipersuperf´cies $(f = 0) e $(g = 0) são transversais. Esta última
codimensão dois por um germe de folheação singular de dimensão um condição é equivalente à seguinte :
em 0 ; C2 . z ; Cn+1 \ {0} , f (z) = g(z) = 0 =p df (z) + dg(z) W= 0 . (1.22)
Com efeito, a forma normal local  = P (x, y) dy  Q(x, y) dx, nos
diz que : Seja F a folheação de Pn dehnida em coordenadas homogêneas pela
(1). sing(F ()) = {(x, y, z) | P (x, y) = Q(x, y) = 0}. Em par- forma = q g df p f dg. Note que a função meromorfa h = (f q /g p )H
ticular, se 0 é ponto isolado de (P = Q = 0) 2 C2 , o germe de $ de Pn é uma integral primeira de F . A sub-variedade de codimensão
sing(F ()) em 0 é dado por (x = y = 0), logo é liso e de codimensão dois $(f = g = 0) é uma componente de Kupka de F . Isto decorre
dois. Caso contrário, podemos escrever P = f.P1 e Q = f.Q1 , onde de (1.22) e de d = (p + q)df + dg, como o leitor pode verihcar. Esta
os germes P1 e Q1 não têm fator comum e f (0) = 0. Neste caso, componente de Kupka tem o tipo transversal do campo de vetores
(f = 0) é uma componente de codimensão um de sing(F ()). li-near p x (/(x + q y (/(y (veja o Ex. 1.11). A folheação F será
(2). Se L é uma curva integral não constante do campo de vetores denotada por F (f, g). Observamos que o grau de F(f, g) é gr(f ) +
X = P (x, y)(/(x + Q(x, y)(/(y (em C2 ) então L × Cn2 é uma folha gr(g)  2.
de F () (note que X e P (x, y) dyQ(x, y) dx dehnem o mesmo germe Em seguida enunciaremos alguns resultados conhecidos sobre fo-
de folheação em 0 ; C2 ). lheações de Pn , n  3, que possuem uma componente de Kupka. Seja
Dehnição 1.4.1. Seja F uma folheação de codimensão um numa F uma folheação de codimensão um em Pn , n  3, que possui uma
componente de Kupka S.
variedade complexa M de dimensão n. Dizemos que p ; sing(F ) é
um ponto de Kupka se F pode ser representada numa vizinhança de Teorema 1.9. ([Ce-LN 1]). Nas condições acima, se S é uma in-
p por uma 1-forma  tal que d(p) W= 0. Esta condição independe da terseção completa então F possui uma integral primeira meromorfa
1-forma que representa F , uma vez que se  = g., onde g(p) W= 0, do tipo f q /g p , como no exemplo 1.4.3, ou seja F = F (f, g).
k
A prova do teorema acima pode ser encontrada em [Ce-LN 1]. (x, y) ; Ck × Cnk onde  = j=1 fj (x) dxj então o germe de 1-
Nesta referência, conjectura-se que toda folheação de codimensão um k k
forma  := j=1 fj (x) dxj em (C , 0) pode ser escrita com k  1
em Pn , n  3, que possui uma componente de Kupka é como no variáveis. Desta forma, iremos supor que k = n e todos os passos da
exemplo 1.4.2. Esta conjectura foi resolvida em alguns casos parti- indução serão similares a este caso.
culares, mas persiste ainda no caso geral. As tentativas de resolvê-la Para provar que  pode ser escrita com n  1 variáveis vamos con-
têm-se concentrado em tentar demonstrar que S é uma interseção struir um germe de campo de vetores holomorfo X tal que X(0) W= 0
completa. Em seguida enunciaremos alguns resultados nesta direção. e iX d = 0. Suponhamos por um instante que existe um tal campo.
Teorema 1.10. [CA-So]. Se S é uma componente de Kupka de uma Neste caso, como X(0) W= 0 existe um (germe de) sistema de co-
folheação em Pn , n  3, então S é numericamente equivalente uma ordenadas z = (x, y) ; Cn1 × C tal que X = (/(y (teorema do
interseção completa. Em particular, F tem tipo transversal em S 4uxo tubular, veja [Sc-LN]). Ahrmamos que  se escreve com n  1
equivalente a um campo linear da forma p x (/(x + q y (/(y, onde variáveis nesta carta local. Com efeito, utilizando a condição de in-
p, q ; N. tegrabilidade, temos

Um caso em que o problema foi resolvido é o seguinte : 0 = i( + d) = iX .d   + iX d = iX .d =p iX  = 0 .

Teorema 1.11. [CA 3]. Seja S uma componente de Kupka de uma Utilizamos acima que d W# 0, já que 0 é singularidade isolada de
folheação F em Pn , n  3. Suponha que o tipo transversal de F em d(|H ). Obtemos da´ que (veja [Sc-LN]) :
S não é equivalente ao do campo radial R2 := x(/(x + y(/(y. Então
S é uma interseção completa e F = F(f, g), como no exemplo 1.4.2. LX () = iX d + d(iX ) = 0 ,

onde LX denota a derivada de Lie na direção de X. Por outro lado,


1.4.2 Redução de variáveis. LX () = dt d
(Xt ())|t=0 (veja [Sc-LN]), onde Xt (x, y) = (x, y + t) é o
O fenômeno de Kupka sugere a seguinte dehnição : 4uxo de X = (/(y. Portanto LX () = 0 implica que os coehcientes

de  não dependem de y, ou seja,  = n1 j=1 fj (x)dxj +fn (x)dy, onde
Dehnição 1.4.3. Seja  um germe de p-forma holomorfa em qo ; f1 , ..., fn ; On1 . Finalmente, como iX  = 0 obtemos que fn = 0 e
Cn , 1  p  n. Diremos que  pode ser escrita com k < n variáveis que  pode ser escrita com n  1 variáveis. Provemos a existência do
se existe um sistema de coordenadas holomorfo
 (z, w) = (z1 , ..., zk , w) campo X.
em qo no qual podemos escrever  = J fJ (z) dz J . No somatório Consideremos um sistema de coordenadas z = (z1 , ..., zn ) tal que
adotamos a notação J = (j1 , ..., jp ), 1  j1 < ... < jp  k, e dz J = H = (z4 = ... = zn = 0). Vamos obter uma solução do problema
3
dzj1 + ... + dzjp . O posto de  em qo é o número m´nimo de variáveis da forma X = (/(z n + j=1 gj (z) (/(zj , onde gj ; On , 1  j  3.
com que podemos escrever . Usaremos a notação rkqo () para o Coloquemos d = 1i,jn ij dzi + dzj , rs = sr se r  s, e
posto de  em qo . n
iX d = j=1 Rj dzj . Um cálculo direto mostra que
O resultado seguinte é conseqüência imediata da dehnição.
Rj = g1 .1j + g2 .2j + g3 .3j + nj , 1  j  n . (1.23)
Proposição 1.4.2. Um germe  ; pn pode ser escrito com k < n
variáveis se, e somente se, existem um germe de submersão * : (Cn , 0) Portanto iX d = 0 é equivalente a Rj # 0, 1  j  n, em (1.23).
(Ck , 0) e um germe  ; pk tais que  = * (). Ahrmamos que as relações Rj # 0, j = 1, 2 =p Rj # 0, j  3.
Com efeito, suponhamos que R1 = R2 = 0. A relação de integra-
No caso de folheações de codimensão um, temos o seguinte : bilidade implica que d + d = 0. Fazendo o produto interior desta

Corolário 1.4.1. Seja F um germe de folheação de codimensão um relação com X, obtemos iX  + d = 0, relação que é verdadeira para
em 0 ; Cn , n  3. As seguintes ahrmações são equivalentes ; qualquer campo X. Por outro lado, o coehciente de dzj + dz1 + dz2
em iX d + d é
(a). F pode ser representada por um germe de 1-forma  com rk()0 =
k < n. Aj = Rj .12 + R1 .2j + R2 .j1 .
k
(b). Existem um germe de folheação de codimensão um G em 0 ; C Como Aj = R1 = R2 = 0 obtemos Rj .12 # 0. Por outro lado, a
e uma submersão * : (Cn , 0) (Ck , 0) tais que F = * (G). hipótese de que d(|H ) tem singularidade isolada em 0 implica que
Quando uma das duas condições do corolário 1.4.1 for verihcada, 12 W# 0, logo Rj # 0.
diremos que F é equivalente a um produto de uma folheação de codi- Explicitamente as relações Rj = 0, j = 1, 2, 3, podem ser escritas
mensão um em (Ck , 0) por uma folheação regular de codimensão k. como T
€
z g2 .12 + g3 .31 = 1n
Em seguida veremos um critério de redução a três variáveis. Seja
 um germe de 1-forma integrável em 0 ; Cn , n  4, tal que g1 .12  g3 .23 = 2n (1.24)
€
Z
(0) = 0, ou seja, 0 ; sing(F ()). Se d(0) W= 0 estamos na g1 .31 + g2 .23 = 3n
situação do teorema de Kupka. Vamos supor então que d(0) = 0. Vamos escrever estas relações de um outro modo, de forma a utilizar
Seja H = (C3 , 0), onde  : (C3 , 0) (Cn , 0) é um germe de mer- o teorema da divisão de De Rham (veja o Apêndice 1.6). Sejam
gulho. Consideremos a restrição  := |H . Como  é um mer- Y := 23 .(/(z1 + 31 .(/(z2 + 12 .(/(z3 , := 1n .dz1 + 2n .dz2 +
gulho, existe um (germe de) sistema de coordenadas(z1 , ..., zn ) = 3n .dz3 e  := g1 dz3 + dz2 + g2 dz1 + dz3 + g3 dz2 + dz1 . O leitor
z = (x, y) ; C3 × Cn3 tal que H = (y = 0). Se  = nj=1 fj (z) dzj pode verihcar diretamente que as relações (1.24) são equivalentes a
3
temos  = j=1 fj (x, 0) dxj . Neste caso, podemos escrever d = iY  = . Por outro lado, o coehciente de dz1 + dz2 + dz3 + dzn em
 (fj (fi
1i<j3 f ij (x)dx i + dxj , onde fij (x) = (xi (x, 0)  (xj (x, 0). Di- d + d é 23 .1n + 31 .2n + 12 .3n = iY e como d + d = 0
remos que d tem singularidade isolada em 0 ; H se {x | fij (x) = obtemos que iY = 0. Portanto a solução do problema se reduz a
0 , 1  i < j  3} = {0} 2 H. A dehnição independe do sistema um teorema de divisão : iY = 0 =p = iY .
de coordenadas. Além disto, se H̃ é um outro mergulho de (C3 , 0) Para aplicar o teorema de De Rham (versão paramétrica) deve-
em (Cn , 0) tal que os espaços tangentes T0 H e T0 H̃ coincidem então mos verihcar que cod(sing(Y ))  3. Este fato decorre da hipótese :
0 é singularidade isolada de d(|H ) se, e somente se é singularidade colocando z = (u, v) ; C3 × Cn3 , a hipótese de que 0 é singulari-
isolada de d(|H̃ ). Deixamos a verihcação destes fatos como exerc´cio dade isolada de d(|H ) é equivalente a sing(Y )  H = (12 (u, 0) =
para o leitor. Neste caso diremos que  tem uma singularidade sim- 31 (u, 0) = 23 (u, 0) = 0) = {0}. Isto implica que cod(sing(Y ))  3
ples em 0. : se sing(Y ) tivesse uma componente A de codimensão dois, por ex-
emplo, A  H teria codimensão dois em H, ou seja dimensão um, o
Teorema 1.12. [C-LN 1]. Se  tem uma singularidade simples em que é uma contradição, já que A  H 2 sing(Y )  H = {0}.
0 ; Cn , n  4 então rk(, 0)  3. Em particular, F () é equivalente O resultado seguinte é conseqüência do teorema 1.12 (veja o Ex.
ao produto de uma folheação de codimensão um em (C3 , 0) por uma 1.12).
folheação regular de codimensão três. 1
Corolário 1.4.2. Seja  ; n integrável (n  4) tal que (0) = 0 e
Prova. A idéia é provar que se  pode ser escrita com k variáveis, d(0) = 0. Seja  = j=k j a expansão de Taylor de  em 0 ; Cn .
onde 4  k  n, então ela pode ser escrita com k  1 variáveis. Mais Suponha que exista um 3-plano H 2 Cn , passando pela origem, tal
especihcamente, provaremos que se existe um sistema de coordenadas que d(k |H ) tem singularidade isolada. Então rk(, 0)  3.
Nos exemplos em seguida convencionamos que n  4 e H = {z ; G(n, k, F ) = C  D, basta provar que C e D são de Baire. O fato
Cn | zj = 0 , j  4}. de que C é de Baire, é conseqüência da teoria da transversalidade e
é deixada como exerc´cio para o leitor (veja o Ex. 1.14). Provemos
Exemplo 1.4.4. Consideremos um germe de 1-forma integrável em que D é de Baire. Fixemos uma carta ahm Cn 2 Pn e uma bola
0 ; Cn , cuja expansão de Taylor em 0 é do tipo  = j2 j , sendo
B 2 Cn \ sing(F), tal que F possui uma integral primeira holomorfa
2 |H = 1 .z2 z3 dz1 + 2 .z1 z3 dz2 + 3 .z1 z2 dz3 , j W= 0, 1  j  3.
não constante f : B C, sendo df (q) W= 0 para todo q ; B. Dado
Note que a folheação gerada por 2 |H em H é do tipo logar´tmica.
X 2 Pn \ sing(F ) dehna G(F, X) = {H ; Gr(n, k) | H satisfaz à
Como d(2 |H ) = ( 3  2 )z1 dz2 + dz3 + ( 1  3 )z2 dz3 + dz1 +
condição (b) da dehnição 1.4.4 em todos os pontos de X}.
( 2  1 )z3 dz1 + dz2 , obtemos que se i W= j , i W= j, então 
pode ser escrita com três variáveis. Neste caso é poss´vel provar Lema 1.4.2. Na situação acima, o conjunto G(F , B) é denso em
também que a folheação F () pode ser dehnida por um germe de ação Gr(n, k).
comutativa em (Cn , 0), isto é, existem germes de campos holomorfos
comutativos X1 , ..., Xn1 tais que  = iX1 ...iXn1 dz1 + ...dzn . O Prova. Fixado H ; Gr(n, k) tal que H B W= !, após uma rotação
sistema de coordenadas pode ser escolhido de tal forma que Xj = e uma translação em Cn , podemos supor que H  Cn = Ck × {0} 2
3 Ck × Cnk = Cn . Seja U a vizinhança de H em Gr(n, k) tal que
(/(zj+1 , se j  3, e Xi = j=1 fij (z1 , z2 , z3 )(/(zj se i = 1, 2.
todo k-plano em U é o gráhco de uma função ahm * : Ck Cnk ,
Supondo condições de não ressonância nos js é poss´vel ainda provar k
na decomposição considerada : U = {(C ) | (x) = (x, a + L(x))},
que os campos X1 e X2 podem ser simultâneamente linearizados. Isto
onde a ; Cnk e L ; L(k, n  k). Seja V = {(x, a, L) ; Ck × Cnk ×
signihca que existe um germe de biholomorhsmo * : (Cn , 0) (Cn , 0)
L(k, n  k) | (x, a + L(x)) ; B}. Dehna F : V Ck × Ck por
tal que  = * (2 |H ). Uma referência para este resultado é [Ce-LN
2]. w W
( (
F(a,L) (x) = F (x, a, L) = x, (f H (x)), ..., (f H (x)) ,
Exemplo 1.4.5. Como sabemos, uma folheação F em P2 pode ser (x1 (xk
dehnida em coordenadas homogêneas por uma 1-forma integrável
onde (x) = a + L(x). Então H(a, L) := graf (x ) a + L(x)) está
em C3 , cujos coehcientes são polinômios homogêneos de grau gr(F )+
em G(F , B) se, e somente se, F(a,L) corta transversalmente a seção
1 := k e que satisfaz iR = 0. Uma condição necessária para que
0 ; C3 seja singularidade simples de é que se p ; sing(F ) então nula = Ck × {0} (veja [Hi]). Vamos agora utilizar o seguinte lema
p é não degenerada e [esp(F , p)] = { 1 : 2 }, onde 2 / 1 W= 1 de transversalidade :
(veja o Ex. 1.13). Neste caso, podemos aplicar o corolário 1.4.2 : Lema 1.4.3. Seja F : W × P M , de classe C , onde W , P
se umgerme de 1-forma integrável  em 0 ; Cn , n  4, é tal que e M são variedades. Dado p ; P , dehna Fp := F |W ×{p} . Seja
 = jk j , e k satisfaz k |H = então rk() = 3. É poss´vel S 2 M uma sub-variedade. Suponha que F é transversal a S. Então
ainda provar que  é equivalente a , ou seja, que existe um germe o conjunto X = {p ; P | Fp é transversal a S} é de Baire. Em
de submersão * : (Cn , 0) (C3 , 0) tal que  = * ( ). Este último particular, X é denso em P .
resultado, cuja demonstração original foi dada em [C LN 1], será
provado no cap´tulo 2.3. A prova do lema 1.4.3 pode ser encontrada em [Hi]. Pelo lema
1.4.3 é suhciente provar que F é transversal a . Por outro lado, isto
é conseqüência do fato de que df (q) W= 0 para todo q ; B. Deixamos
1.4.3 O conjunto singular em Pn .
a prova como exerc´cio para o leitor (veja o Ex. 1.15).
O objetivo desta seção é provar que o conjunto singular de uma fol- Fixemos agora uma bola compacta B1 2 B. Utilizando que o con-
heação de codimensão um em Pn tem ao menos uma componente junto de funções dehnidas numa variedade compacta (com a topologia

irredut´vel de codimensão dois. A idéia da prova é aplicar o teorema C 2 -uniforme), cujas singularidades são todas de Morse, é um aberto
de Baum-Bott a uma restrição da folheação a um plano P2 l H 2 Pn (veja [Hi]), prova-se que G(F, B1 ) é aberto em Gr(n, k). Decorre da´
convenientemente escolhido. e do lema 1.4.2 que G(F , B1 ) é aberto e denso em Gr(n, k). Com
Vamos utilizar que um sub-conjunto anal´tico X de dimensão k isto podemos obter uma cobertura enumerável de Pn \ sing(F ) por
de uma variedade M pode ser estratihcado de maneira única em sub- compactos (Bm )m1 tal que G(F , Bm ) é aberto e denso em Gr(n, k)
conjuntos anal´ticos ! = X0 2 X1 2 ... 2 Xk = X tais que para todo para todo m  1. Como C = n1 G(F , Bn ), obtemos que C é de
j = 1, ..., k, temos que dim(Xj1 ) < dim(Xj ) e Xj \ Xj1 é uma Baire, o que prova a proposição.
sub-variedade lisa de M . Diremos que um outro conjunto anal´tico
Y , com estratihcação ! = Y0 2 Y1 2 ... 2 Yf = Y , é transversal a Teorema 1.13. O conjunto singular de uma folheação de codimensão
X em M , se as sub-variedades Xj \ Xj1 e Yi \ Yi1 são trasnversais um em Pn contém ao menos uma componente irredut´vel de codi-
duas a duas. Convém observar que a nomenclatura sub-variedade é mensão dois.
utilizada aqui no sentido da topologia diferencial, isto é, o conjunto Prova. Seja F uma folheação de codimensão um em Pn e supo-
Xj \ Xj1 não é necessáriamente fechado em M . nhamos por absurdo que todas as componentes irredut´veis de sing(F )
Dado k < n denotaremos por Gr(n, k) o conjunto de todos os tenham codimensão maior que dois. Seja H l P2 um 2-plano em
planos Pk l H 2 Pn mergulhados linearmente em Pn . Observa- posição geral com F . Como dim(sing(F )) + 2 < n, a condição de
mos que Gr(n, k) tem uma estrutura natural de variedade complexa transversalidade entre H e sing(F ) corresponde a sing(F )  H = !.
compacta de dimensão (k + 1)(n  k). Seja G a folheação de H obtida pela restrição de F a H, ou seja, dado
Dehnição 1.4.4. Seja F uma folheação de codimensão um de Pn , p ; H, se F é representada pela 1-forma integrável  numa vizin-
n  3. Dizemos que um k-plano H ; Gr(n, k) está em posição geral, hança U de p então G é representada em H  U por |HU . No caso,
ou é genérico com respeito a F se : p ; sing(G) se, e somente se, |H (p) = 0. Note que (p) W= 0, uma
vez que H  sing(F ) = !. Portanto p ; sing(G) se, e somente se, F é
(a). H é transversal a sing(F ). tangente a H em p. Por outro lado, as tangências de F com H são do
tipo Morse, ou seja, F tem uma integral primeira holomorfa f numa
(b). Se p ; H \ sing(F ) então F tem uma integral primeira numa vizinhança de p tal que f |H (x, y) = f (p) + x2 + y 2 em algum sistema
vizinhança U de p, digamos f ; O(U ). Neste caso, exigiremos de coordenadas holomorfo em p ; H. Neste sistema de coordenadas
que, ou bem df (p)|Tp H W= 0, ou seja, Tp F é transversal a Tp H, G é representada pelo campo dual de df , X = 2x(/(y 2y(/(x, cujos
ou bem p é uma singularidade de Morse de f |H . auto-valores são ±2i. Como conseqüência obtemos que BB(G, p) = 0
Esta última condição é equivalente a dizer que existe um
sistema (veja a observação 1.3.1).Como todas as singularidades de F são
de coordenadas (x1 , ..., xk ) em p ; H tal que f |H = f (p) + kj=1 x2j do tipo Morse, obtemos p;sing(G) BB(G, p) = 0. Por outro lado,

(veja [Hi]). Um resultado que será utilizado algumas vezes neste texto pelo teorema de Baum-Bott (corolário 1.3.1) temos p BB(G, p) =
é o seguinte : (gr(G) + 2)2 > 0, o que é uma contradição.

Proposição 1.4.3. Seja F uma folheação de codimensão um em Pn ,


n  2. Dado 1  k < n, o conjunto G(n, k, F ) = {H ; Gr(n, k) | H
está em posição geral com respeito a F } é denso em Gr(n, k).

Prova. Sejam C e D os conjuntos de k-planos H que satisfazem


às condições (a) e (b) da dehnição 1.4.4, respectivamente. Como
1.5 Folheações com estruturas transver- S, a submersão hkf H *f está dehnida em todo Vf . Portanto, a relação
pode ser interpretada como : hkf H *f : Vf S é uma continuação
sais. anal´tica de *k : Vk S a Vk  Vf . Com isto podemos estender
* := *k ao aberto Vkf W=! Vf , colocando *|Vf = hkf H *f . Dado q ;
1.5.1 Conceitos básicos. Vf  Vm , onde Vkfm W= !, o valor *(q) está bem dehnido uma vez que
Como vimos na observação 1.1.2, uma folheação regular F de codi- hkf H*f = hkm Hhmf H*f = hkm H*m . Isto implica que a submersão * =
mensão k numa variedade complexa M de dimensão m > k, pode ser *k : Vk S tem continuação anal´tica ao longo de qualquer caminho
dehnida por coleções {(Uj , j }j;J e {gij }Uij W=! , onde {Uj }j;J é uma  : [0, 1] M̂ tal que (0) = p ; Vk . Denotemos esta continuação
cobertura de M por abertos conexos, j : Uj Ck é uma submersão, anal´tica por * . Se 1 : [0, 1] M̂ é outro caminho com os mesmos
para todo j ; J, e gij : j (Uij ) i (Uij ) é um difeomorhsmo sat- extremos de , homotópico a  com extremos hxos, então * = *1 .
isfazendo gij H j = i , para todo par (i, j) tal que Uij W= !. Vamos Como M̂ é simplesmente conexa, dois caminhos quaisquer em M̂
supor que Uij := Ui  Uj e Uijk := Uij  Uk são conexos para quais- com os mesmos extremos são homotópicos com extremos hxos. Logo
quer i, j, k ; J. Observamos que se Ui  Uj  Uk := Uijk W= ! então a continuação anal´tica independe do caminho e portanto podemos
gij H gjk H gki é a aplicação identidade de i (Uijk ) (verihque). extender a submersão * a toda variedade M̂ .
Lembremos que uma ação de um grupo (G, ) numa variedade S é O par (F̂ , *) será chamado de desenvolvimento de F com respeito
uma aplicação : G×S S satisfazendo 1 = idS e g h = g H h , à estrutura transversal.
onde g (s) = (g, s) é um homeomorhsmo de S, para todo g ; G.
Estamos interessados no caso em que S é uma variedade complexa e
Observação 1.5.1. Duas estruturas transversais de F modeladas
G é um sub-grupo de Lie do conjunto Aut(S), dos biholomorhsmos
no mesmo grupo G 2 Aut(S), digamos T1 e T2 , dão origem a desen-
de S. Neste caso, usaremos a notação g (p) = g(p).
volvimentos diferentes (F̂ , *1 ) e (F̂ , *2 ). No entanto, se estas estru-
Dehnição 1.5.1. Sejam M e S variedades conexas complexas, M de turas são equivalentes, existe uma transformação h ; Aut(S) tal que
dimensão n, F uma folheação regular de codimensão k em M , S de *2 = h H *1 . Deixamos a prova deste fato como exerc´cio para o leitor
dimensão k e G 2 Aut(S) um sub-grupo de Lie de Aut(S). Dizemos (veja o Ex. 1.16).
que F tem estrutura transversal modelada em G se existem uma
cobertura {Uj }j;J de M por abertos e coleções {j }j;J e {gij }Uij W=! Utilizando o teorema 1.14, vamos dehnir em seguida a monodro-
tais que : mia da estrutura transversal. Sabemos da teoria do recobrimento que
existe um homomorhsmo injetivo natural de grupos H : 1 (M, p)
(a). Para todo j ; J, j : Uj j (Uj ) 2 S é uma submersão. Aut(M̂ ), onde 1 (M, p) denota o grupo fundamental de M com base
em p ; M (veja [EL]). A imagem H(1 (M, p)) := Aut($) é o grupo
(b). Se Ui  Uj := Uij W= ! então gij : i (Uij ) j (Uij ) é a restrição
de automorhsmos do recobrimento $ : M̂ M : Aut($) = {f ;
de uma transformação hij ; G a i (Uij ), tal que hij H i = j .
Aut(M̂ ) | f H $ = $}. Seja (F̂ , *) o desenvolvimento de F com
(c). Para todo j ; J, as folhas F |Uj são as variedades de n´vel respeito a uma estrutura transversal modelada em G 2 S. Dado
j1 (q), q ; j (Uj ).  ; 1 (M, p), como H() ; Aut(M̂ ), a aplicação * H H() : M̂ S
é uma submersão que também dehne a folheação F̂. O fato seguinte,
Observe que, se Uijk W= ! então que é deixado como exerc´cio para o leitor, decorre da construção de *
e de H() : existe um único h() ; G tal que *HH() = h()H* (veja
hij H hjk H hki = idS . (1.25) o Ex. 1.17). Isto dehne uma aplicação  ; 1 (M, p) ) h() ; G.

Dizemos então que a coleção {hjk }Ujk W=! é um cociclo em G. A Note que
dehnição 1.5.1 pode ser encontrada em [Go].
Suponha que F possui duas estruturas transversais modeladas h(1 2 )H* = *HH(1 2 ) = *HH(1 )HH(2 ) = h(1 )Hh(2 )H* =p
em G, dadas por coleções {Uj }j;J , {j }j;J , {gij }Uij W=! e {Vi }i;I ,
{*i }i;I , {hij }Vij W=! , respectivamente. Após considerarmos um reh- h(1 2 ) = h(1 )H h(2 ), já que * é submersão. Logo h : 1 (M, p)
namento das duas coberturas, podemos supor que elas coincidem : G é um homomorhsmo de grupos.
I = J e Uj = Vj , j. Diremos que as estruturas são equivalentes, Corolário 1.5.1. Seja F uma folheação em M com estrutura transver-
se para todo j ; J existe kj ; G tal j = kj H *j . Como o leitor sal modelada em G 2 Aut(S). Seja (F̂ , *) o desenvolvimento de F no
pode verihcar, isto corresponde a dizer que os cociclos {gij }Uij W=! e recobrimento universal $ : M̂ M , com respeito à estrutura. Então
{hij }Uij W=! são equivalentes, isto é, que hij = ki1 H gij H kj para todo existe uma submersão  : M S que dehne F e tal que  H $ = * se,
par (i, j) tal que Uij W= !. e somente se, a monodromia h : 1 (M, p) G da estrutura é trivial,
Seja F uma folheação em M com estrutura transversal mode- isto é, h() = idS para todo  ; 1 (M, p).
lada em G 2 Aut(S). Sejam $ : M̂ M o recobrimento universal
holomorfo de M e F̂ = $ (F). Prova. Decorre do seguinte fato bem conhecido : seja f : M̂ X
uma aplicação cont´nua, onde X é uma variedade. Então existe uma
Teorema 1.14. Nas condições acima, F̂ tem estrutura transversal aplicação cont´nua g : M X tal que g H $ = f se, e somente se,
modelada em G. Além disto, existe uma submersão * : M̂ S tal * H H() = g para todo  ; 1 (M, p), onde H : 1 (M, p) Aut($)
que as folhas de F̂ são as superf´cies de n´vel de * :  1 (s), s ; S. é o isomorhsmo natural (veja [EL]). Deixamos os detalhes para o
Em particular, se M é simplesmente conexa, então F̂ = F e existe leitor.
uma submersão * : M S tal que as folhas de F são as superf´cies
de n´vel de *.
1.5.2 Folheações com estrutura transversal proje-
Prova. Fixemos coleções {Uj }j;J , {j }j;J e {gij }Uij W=! que de- tiva.
hnem F , como na dehnição 1.5.1. Vamos supor que todo Uj é um
aberto trivializador de $, isto é, $ 1 (Uj ) = r;I Ujr , onde $|Ujr : Ujr No caso de uma folheação de codimensão um, com estrutura transver-
sal, S é uma superf´cie de Riemann, logo se S é simplesmente conexa,
Uj é um biholomorhsmo, para todo r, sendo Ujr  Ujs = ! se r W= s.
temos três possibilidades :
Dehnimos então as submersões jr := j H $|Ujr : Ujr S. Con-
siderando o conjunto de ´ndices K = J × I temos a cobertura {Vk := (I). S = P1 . Neste caso, tomando P1 = C  { }, temos Aut(P1 ) =
Ujr }k=(j,r);K de M̂ , por abertos conexos, e a coleção de submersões { a.z+b
c.z+d
| a.d  b.c = 1}.
{*k := jr }k=(j,r);K . Vamos agora dehnir o cociclo {hkf }Vkf W=! .
Tomando de in´cio os Uj I s suhcientemente pequenos, podemos su- (II). S = C. Como sabemos Aut(C) = {a.z + b | a W= 0}.
por que dados i W= j ; J tais que Uij W= !, então dado r ; I, existe
(III). S = H = {z ; C | Im(z) > 0}. Temos então Aut(H) =
um único s ; I tal que Ujr  Uis W= !. Fazendo k = (j, r) e f = (i, s)
{ a.z+b
c.z+d | a.d  b.c = 1 , a, b, c, d ; R}.
vemos que gij H *k = *f , logo colocamos hfk := gij . Desta forma, F̂
tem estrutura transversal modelada em G. Em todos os casos, Aut(S) pode ser considerado como sub-grupo
Vamos agora construir a submersão global * : M̂ S. Para isto de P SL(2, C) := Aut(P1 ). Diremos então que F tem estrutura
observamos o seguinte : dados k, f ; K tais que Vkf W= !, temos *k = transversal projetiva. No caso em que a folheação F tem estru-
hkf H *f . Como hkf ; Aut(S), ou seja, está globalmente dehnido em tura transversal modelada em Aut(C) diremos que ela tem estrura
transversal ahm. Diremos que F tem uma estrutura transversal por Corolário 1.5.2. Nas condições da proposição 1.5.2, se F tem duas
translações, se o grupo G é o grupo de translações de C : z ) z + a. estruturas transversais ahns não equivalentes no aberto U = M \
Vejamos um exemplo. ||  ||0 de M então F é dehnida por uma forma fechada  W# 0
em U \ ||0 , sendo o conjunto anal´tico ||0 uma união de folhas de
Proposição 1.5.1. Sejam M uma variedade complexa de dimensão F |U .
n  2 e F uma folheação regular de codimensão um em M . Então F
tem uma estrutura transversal por translações se, e somente se, ela Prova. Nestas condições podemos escrever d = 1 +  = 2 + ,
pode ser dehnida por uma 1-forma fechada holomorfa. onde 1 W= 2 e d1 = d2 = 0. Logo, se  := 2  1 W# 0 então
d = 0 e  +  = 0. Da´ concluimos que  = f., onde f ; O(U ) é
Prova. Suponha que existe uma 1-forma holomorfa fechada  ; não constante. Portanto, F pode ser dehnida em U \ ||0 pela forma
1
(M ) que dehne F . Como F é regular, temos (p) W= 0 para todo fechada . Por outro lado, temos 0 = df +  + f.d, o que implica
p ; M . Seja {Bj }j;J uma cobertura de M por abertos biholomorfos que (f = 0) é invariante por F |U (veja a proposição 1.2.2).
a uma bola de Cn , tais que Bi  Bj := Bij é conexo para quaisquer
Observação 1.5.3. Nas condições da proposição 1.5.2, se F tem
i, j ; J. Pelo lema de Poincaré, existe fj ; O(Bj ) tal que |Bj = dfj ,
uma estrutura transversal ahm em M \ ||  ||0 , então a estrutura
para todo j ; J. Note que fj : Bj C é uma submersão. Se Bij W= !
pode ser estendida a todas as componentes irredut´veis de || \ ||0
então
não invariantes por F . Deixamos a prova deste fato como exerc´cio
(dfj  dfi )|Bij # 0 =p fi = fj + bij , bij ; C . para o leitor (veja o Ex. 1.18).
Dehnição 1.5.2. Seja F uma folheação de codimensão numa var-
Colocando gij (z) = z + bij temos fi = gij H fi , logo F tem uma iedade algébrica M . Dizemos que F possui uma estrutura transversal
estrutura transversal por translações. ahm com polos, se :
Reciprocamente, se F tem uma estrutura transversal por translações
ela é dada por uma cobertura {Uj }j;J , uma coleção de submersões (a). F pode ser dehnida por uma 1-forma meromorfa  em M \
{fj }j;J e um cociclo {gij }Uij W=! de translações. Se gij (z) = z + bij ||  ||0 .
então fi = fj + bij em Bij W= !, ou seja dfi = dfj em Bij . Logo (b). d =  + , onde  é fechada e meromorfa em M .
podemos dehnir uma 1-forma holomorfa fechada  em M por |Bj =
dfj , para todo j ; J. A forma  dehne F . Neste caso, a estrutura ahm dehnida por  se estende a todas as
As folheções lineares de codimensão um dos toros complexos, componentes de || não invariantes por F .
fornecem exemplos como na proposição 1.5.1 (veja exemplo 1.1.2). Exemplo 1.5.1. Seja F a folheação de Pn dehnida em coordenadas
Outro exemplo são as folheações logar´tmicas em Pn (veja a dehnição homogêneas pela forma
1.2.2) , mas neste caso a estrutura só é dehnida num aberto próprio
k
de Pn . 3 dfj
= f1 ...fk j ,
fj
Observação 1.5.2. Se F for simultâneamente dehnida por duas j=1
formas fechadas não múltiplas por uma constante, digamos 1 e
onde os fj I s são polinômios homogêneosirredut´veis em Cn+1 , dois
2 , então ela tem uma integral primeira. Com efeito, neste caso
a dois relativamente primos, j ; C e j j .gr(fj ) = 0. Note que
temos 2 = f.1 , onde f ; O(M ) é não constante. Por outro lado,  df
0 = d2 = df + 1 , logo df também dehne F e f é uma integral d =  + , onde  = j fjj . Isto implica que F tem uma estrutura
primeira de F . tranversal ahm com polos em X = (f1 ...fk = 0).

Em particular, se F possui duas estruturas transversais por trans- Em seguida veremos um critério para que uma folheação de codi-
lações distintas então F tem uma integral primeira holomorfa. mensão um tenha uma estrutura transversal projetiva. Vamos supor
que a folheação F seja dehnida por uma 1-forma meromorfa  em
Em seguida veremos um critério para que uma folheação tenha M \ ||  ||0 , como na proposição 1.5.2. Suporemos também que
uma estrutura transversal ahm. existe uma 1-forma meromorfa 1 em M tal que d = 1 + . Ob-
Proposição 1.5.2. Seja F uma folheação de codimensão um numa servamos que esta última condição é sempre verdadeira se M é uma
variedade complexa M . Suponha que existe uma 1-forma meromorfa variedade algébrica. Seja U := M \ (||  ||0  |1 | ).
 em M que dehne F em U := M \ ||  ||0 . Então F |U tem
Teorema 1.15. Nas condições acima, F possui uma estrutura transver-
uma estrutura transversal ahm se, e somente se, existe uma 1-forma
sal projetiva em U se, e somente se, existe uma 1-forma 2 ; 1 (U )
fechada  ; 1 (U ) tal que d =  +  em U .
tal que : T
Prova. Suponhamos que F tem uma estrutura transversal ahm € d = 1 + 
z
em U . Seja ({Bj }j , {fj }j , {gjk }Bjk W=! ), que dehne a estrutura ahm de d1 =  + 2 (1.26)
F |U , onde gjk (z) = ajk .z +bjk ; Aut(C). No caso, fj : Bj C é uma €
Z
d2 = 2 + 1
submersão, dfj dehne F em Bj e fi = aij .fj + bij em Bij W= !. Como
|Bj também dehne F |Bj , temos |Bj = gj .dfj , onde gj ; O (Bj ). Não faremos a prova do teorema acima, já que ela é um tanto
Se Bij W= !, obtemos extensa. Ela pode ser encontrada nas referências [Sc] ou [Sc-LN].
gj
|Bij = gj .dfj = gi .dfi = gi .aij .dfj =p |B = aij ; C =p Dehnição 1.5.3. Um terno de 1-formas (, 1 , 2 ) satisfazendo às
gi ij relações (1.26) será chamado de um terno projetivo associado à fol-
dgi dg
j 1 dg heação F . Nas condições do teorema 1.15, diremos que a estrutura
gi = gj em Bij . Logo existe  ; (U ) tal que |Bj = gjj para
transversal tem polos em M , se a 1-forma 2 é a restrição a U de
todo j. A forma  é fechada e satisfaz d =  + , pois em Bj temos uma forma meromorfa em M .
dg
d = dgj + dfj = gjj + .
Reciprocamente, suponhamos que d =  + , onde d = 0. Con- Observação 1.5.4. Seja (, 1 , 2 ) um terno de 1-formas meromor-
sideremos uma cobertura {Bj }j de U por abertos convexos tal que fas em M , sendo  W# 0. Gostar´amos de observar aqui que elas satis-
Bjk é conexo para quaisquer j, k. Pelo lema de Poincaré |Bj = dhj , fazem às relações (1.26) se, e somente se a 1-forma , meromorfa em
onde hj ; O(Bj ). Dehna gj = exp(hj ) ; O (Bj ). Vemos então que C × M , dehnida por
dg dg
 = gjj em Bj . Logo, se Bij W= ! então gjj  dg i
gi = 0, ou seja, existe
gj z2
aij ; C tal que gi |Bij = aij . Por outro lado, = dz    z.1  2 (1.27)
2
w W
 1 dgj 1 é integrával (veja o Ex. 1.19). Isto signihca que existe uma folheação
d = (d  + ) = (d   + ) = 0 ,
gj gj gj gj de codimensão um G em C × M tal que (z = 0) 2 C × M não é
invariante por G e G|(z=0) = F , onde F é a folheação dehnida por .
logo pelo lema de Poincaré existe fj ; O(Bj ) tal que gj = dfj . Como
dfj não se anula em Bj , a aplicação fj : Bj C é uma submersão. Observação 1.5.5. Nas condições do teorema 1.15, se f ; O (U )
Finalmente, como dfi = aij .dfj em Bij W= !, existe bij ; C tal que então a 1-forma  := f. também representa F em U . Neste caso,
fi = aij .fj + bij em Bij . (f., 1 +df /f, f 1 .2 ) é um terno projetivo. Com efeito, seja : C×
n 
U C×U dada por (v, x) = (f (x)1 .v, x). Seja como em (1.27). Prova. Escrevamos  = j=1 aj (z, t)dzj e  = I bI (z, t)dzI .
Um cálculo direto mostra que Como (p, q) W= 0 existe r ; {1, ..., n} tal que ar (p, q) W= 0. Seja
A × B 2 U × V vizinhança de (p, q) tal que ar (z, t) W= 0 para todo
df v 2 2 (z, t) ; A × B. Seja Y := a1
r (/(zr . Então iY () = 1 e
I
:= f. ( ) = dv  f.  v(1 + ) ,
f 2 f
0 = iY ( + ) =    + iY () =p  =  + , = iY () .
o que prova que (f., 1 + df /f, f 1 2 ) é um terno projetivo, já que
I  f1
é integrável. Por outro lado, iY () = I a1
r .bI (z, t)i(/(zr (dzI ) ; B (A).
Em geral, é poss´vel provar que se f e g são meromorfas em M ,
1 :=  + df /f + 2g  e 2 := f 1 (2 + 2 dg + 2g 1 + 2g 2 ) então Prova no caso k = 1. Suponhamos que cod(sing())  2 e que
(, 1 , 2 ) é um terno projetivo que dehne a mesma estrutura tran-  ; 1V (U ) é tal que  +  = 0. Fixemos (p, q) ; U × V \ sing().
versal de F , fora do conjunto de polos de f e de g (veja [Sc], [Sc-LN] Pelo lema 1.6.1, existe uma vizinhança w := A × B 2 U × V \ sing()
e o Ex. 1.19). e w ; 0B (A) := O(W ) tais que  = w .. Se (w1 , w1 ) e (w2 , w2 )
são como acima e tais que w1  w2 W= ! e  = w1 . = w2 . em
Exemplo 1.5.2. Sejam S uma superf´cie de Riemann, W# 0 uma w1 w2 então w1 # w2 em w1  w2 . Isto implica que a função w se
1-forma meromorfa em S e a0 , a1 , a2 funções meromorfas em S. Seja estende a uma função ; O(U × V \ sing()). Como cod(sing()) 
 a 1-forma meromorfa em C × S dehnida por 2, a função se estende a uma função holomorfa em U × V , pelo
teorema de Hartogs.
 = dz  (a0 + z.a1 + z 2 .a2 ) (1.28) Prova no caso k = 2. Suponhamos que cod(sing())  3 e que
A forma  dehne uma folheação em C × S que possui uma estrutura  ; 1V (U ) é tal que  +  = 0. Utilizando o lema 1.6.1 podemos
transversal projetiva no aberto U := C × A, onde A = |a0 . |  obter uma cobertura {Wj }j;J de U × V \ sing() por abertos e uma
|a1 . |  |a2 . | . Com efeito, fazendo 1 := (a1 + 2za2 ) e 2 := coleção { j }j;J , com as seguintes propriedades :
2a2 temos d =  + 2 , d1 =  + 2 e d2 = 0 = 2 + 1 . Estamos
(i). Para todo j ; J, Wj = Aj × Bj onde Aj 2 U e Bj 2 V são
utilizando aqui que toda 1-forma meromorfa em S é fechada. Note
abertos.
que a folheação F se estende a P1 × S, pois se hzermos a mudança de
variáveis *(v, x) := (1/v, x) = (z, x) em , obtemos v 2 .* () = dv+ (ii). j ; 1
Bj (Aj ) e=+ j, para todo j ; J.
(a0 .v 2 + a1 .v + a2 ) . Este tipo de folheação é chamado de folheação
de Ricatti e corresponde à suspensão de um grupo de transformações Se Wij W= !, obtemos que  =  + j =  + i em Wij , ou seja,
projetivas por uma ação * : 1 (A) × P1 P1 (veja [Sc-LN], para a  + ( j  i ) = 0. Pelo caso k = 1, temos j  i = gij ., onde
dehnição de suspensão, e [LN] para o caso em que S = P1 ). gij ; O(Wij ), sempre que Wij W= !. A coleção {gij }Wij W=! é um cociclo
aditivo em U = {Wj }j;J . Logo, pelo teorema 1.16 existe uma coleção
{gj }j;J tal que gj ; O(Wj ) e gij = gj  gi em Wij W= !. Segue da´
1.6 Apêndice 1. que se Wij W= ! então
O objetivo deste Apêndice é provar o teorema de divisão a parâmetros j  i = gj .  gi . =p j  gj . = i  gi . =p
de De Rham nos casos especiais que nos interessam. Sejam U 2
Cn e V 2 Cm abertos de Stein. Usaremos a notação fV (U ) para existe ; 1 (U × V \ sing()) tal que |Wj = j  gj . para todo
designar
 o conjunto das f-formas diferenciais em U × V do tipo = j ; J. Note que  =  + , já que |Wj =  + j =  + ( j  gj .). A
I a I (z, t) dzI , onde I = (i1 < ... < if ), dzI = dzi1 + ... + dzif e aI ; forma se estende a uma 1-forma # em 1 (U ×V ), pelo teorema 1.17,

O(U ×V ). O aberto V será considerado como o espaço de parâmetros. já que as suas componentes se estendem. Por outro lado, # ; 1V (U ),
O fato fundamental que será utilizado sobre as variedades de Stein é como o leitor pode verihcar utilizando que para todo j ; J temos
o seguinte : #|Wj ; 1Bj (Aj ).
O teorema da divisão possui uma ”versão dual”, em termos de
Teorema 1.16. Seja M uma variedade de Stein. Se X 2 M é um
campos de vetores. Esta versão já foi utilizada na prova do teorema
sub-conjunto anal´tico tal que codM (X)  3 então H 1 (M \X, O) = 0.
1.12 da seção 1.4.2. Sejam U 2 Cn e V 2 Cm abertos de Stein.
Isto é equivalente a dizer que o primeiro problema de Cousin tem Designaremos por XV (U ) o conjunto dos campos holomorfos X em
solução em M \ X. Dada uma cobertura U := {Uj }j;J de M \ X U × V da forma X = nj=1 aj (z, t)(/(zj . Diremos que X ; XV (U )
por abertos, dizemos que a coleção {gij }Uij W=! é um cociclo aditivo tem a p.d.p.f (propriedade da divisão a parâmetros por f-formas),
em U se gij ; O(Uij ) e dado Uijk := Ui  Uj  Uk W= ! então (gij + se para toda f-forma  ; 1V (U ) tal que iX () = 0 então existe
gjk + gki )|Uijk = 0. O primeiro problema de Cousin tem solução ; f+1
V (U ) tal que  = iX ( ).
em M \ X se para todo cociclo aditivo {gij }Uij W=! em U existe uma
Corolário 1.6.1. Seja X ; XV (U ) tal que cod(sing(X))  k + 1.
coleção {gj }j;J tal que gj ; O(Uj ) e gij = (gj  gi )|Uij , se Uij W= !.
Então X tem a p.d.p. por f-formas, para n  k  f  n  1. Em
A demonstração do teorema 1.16 pode ser encontrada em [G-R].
particular, se n = 3 e k = 2 então X tem a p.d.p.f para f = 1, 2.
Outro resultado que utilizaremos é a seguinte conseqüencia do
teorema de Hartogs-Levi (veja [Si]) : Prova. Para isto utilizamos o operador estrela de Hodge :
f nf
Teorema 1.17. Sejam M uma variedade complexa e X 2 M um : V (U ) V (U ). Este é o único isomorhsmo linear que satisfaz
sub-conjunto de M com codM (X)  2. Então toda função holomorfa à seguinte propriedade : dado I = (1  i1 < ... < if  n), seja
(resp. meromorfa) em M \ X se estende a uma (única) função holo- J = (1  j1 < ... < jnf  n) tal que  := (i1 , ..., if , j1 , ..., jnf ) é
morfa (resp. meromorfa) em M . uma permutação de (1, ..., n). Dehna (a.dzI ) = sn().a.dzJ , onde
;n O(U ×V ) e sn() é o sinal da permutação
a . Dadoon campo X =
Dehnição 1.6.1. Dizemos que uma 1-forma  ; 1V (U ) satisfaz à 1
j=1 aj (/(zj ; XV (U ), dehna  ; V (U ) por  := j=1 aj dzj . Os
p.d.p.f (propriedade da divisão a parâmetros por f-formas), se para seguintes fatos podem ser verihcados diretamente pelo leitor :
toda f-forma  ; fV (U ) tal que  +  = 0 então existe ; f1V (U )
tal que  =  + . (i). ( ) = (1)f(nf) ., para toda  ; f
V (U ).
nf f
O teorema de De Rham a parâmetros, em geral, pode ser enunci- (ii). iX  = (1) ( + ) para toda  ; V (U ).
ado da seguinte maneira : A verihcação de (ii) pode ser feita provando que i(/(zr (dzI ) =
Teorema 1.18. Seja  ; 1V (U ) tal que codU ×V (sing())  k + 1. (1)nf . (dzr + (dzI )), se I = (i1 < ... < if ). Esta relação implica
Então  satisfaz à p.d.p.f, para 1  f  k. que X satisfaz à p.d.p.f se, e somente se,  satisfaz à p.d.p.(nf).
Os casos que nos interessarão são k = 1 e k = 2. No caso k = 1 não
é necessário supor que U seja de Stein, como veremos mais adiante. 1.7 Exerc´cios
A prova será baseada num lema, que enunciamos a seguir.
Ex. 1.1. Sejam F uma folheação de codimensão um em Pn com
Lema 1.6.1. Sejam  ; V (U ) e (p, q) ; U × V tal que (p, q) W= 0.
cod(sing(F))  2. Prove que :
Seja  ; fV (U ) tal que  +  = 0, 1  f  n  1. Então existem
vizinhanças A 2 U de p, B 2 V de q e ; f1
B (A) tal que e (a). Se e  são 1-formas que representam F em coordenadas
 =  + em A × B. homogêneas então = ., onde ; C .
(b). Se  ; 1 (Cn+1 ) satisfaz  + = 0 então  = F. , onde são lisos em p e transversais em p. Prove que, neste caso, o tipo
F ; O(Cn+1 ). transversal de F em p é o mesmo da folheação linear dehnida
por i w dz  j z dw.
Ex. 1.2. Prove a última ahrmação da prova do teorema 1.2 : =
F. k , onde F é holomorfa numa vizinhança da origem 0 ; Cn+1 e Ex. 1.12. Prove o corolário 1.4.2.
F (0) W= 0. Ex. 1.13. Seja uma 1-forma em C3 que representa em coordenadas
Sugestão. Prove que G é invariante por homotetias de Cn+1 : homogêneas uma folheação F em P2 com gr(F )  1. Prove que
se *t (z) = t.z, onde t ; C , então *t (G) = G. Deduza da´ que 0 ; C3 é singularidade isolada de d se, e somente se, todas as
*t ( ) = G(z, t). , onde G é holomorfa numa vizinhança de 0 ; Cn+2 . singularidades de F são não degeneradas e para todo p ; sing(F )
Ex. 1.3. Seja F uma folheação de codimensão um em Pn . temos [esp(F , p)] = { 1 : 2 } com 2 / 1 W= 1.
Ex. 1.14. Prove que o conjunto C dehnido na prova da proposição
(a). Prove a proposição 1.2.1 : se f1 e f2 são duas retas não invari-
1.4.3 é de Baire.
antes por F então T ang(F , f1 ) = T ang(F , f2 ).
Sugestão. Utilize o lema 1.4.3.
(b). Prove a observação 1.2.3 : se grau(F ) = k e F é representada
Ex. 1.15. Sejam B uma bola de Cn = Ck × Cnk e f : B C uma
em coordenadas homogêneas por então os coehcientes de
submersão holomorfa. Denote por Gr(n, k) o conjunto de k-planos
são polinômios homogêneos de grau k + 1.
de Cn , 1  k < n. Seja  : Ck × Cnk × L(k, n  k) Cn dada por
Ex. 1.4. Seja F uma folheação de codimensão um em Pn . Prove que (x, a, L) = (x, a+L(x)). Seja V =  1 (B) e dehna F : V Ck ×Ck
F pode ser dehnida por formas fechadas de duas maneiras distintas por
se, e somente se, F tem uma integral primeira meromorfa. w W
( (
F (x, a, L) := x, f H (x, a, L), ..., f H (x, a, L) .
Ex. 1.5. Seja  uma 1-forma meromorfa em Cn+1 , cujos coehcientes (x1 (xk
são funções racionais. Prove que existe uma 1-forma meromorfa 
Prove que F é transversal a = Ck × {0}.
em Pn tal que  =  () se, e somente se, iR () = 0 e iR (d) = 0.
Ex. 1.16. Suponha que uma folheação F tem duas estruturas transver-
Ex. 1.6. Verihque a ahrmação da observação 1.2.6. sais T1 e T2 , modeladas no mesmo grupo G 2 Aut(S). Sejam (F̂, *1 )
Ex. 1.7. Seja * : C × Pn Pn uma ação holomorfa de C. e (F̂ , *2 ) os desenvolvimentos associados a T1 e T2 . Prove que se as es-
truturas são equivalentes então existe h ; Aut(S) tal que *2 = hH *1 .
(a). Prove que as órbitas não constantes de * são biholomorfas a C
Ex. 1.17. Seja F uma folheção em M com uma estrutura transversal
ou a C .
modelada em G 2 Aut(S). Seja (F̂ , *) o desenvolvimento de F no
(b). Prove que * possui ao menos uma órbita constante. Dê exemplo recobrimento universal $ : M̂ M . Dado H ; Aut($) prove que
de uma ação que possui apenas uma órbita constante. existe um único h ; G tal que * H H = h H *.

(c). Dê exemplo de uma ação * de C em Pn que possua todas as Ex. 1.18. Seja F uma folheação de codimensão um numa variedade
órbitas não constantes biholomorfas a C . complexa M que possui uma estrutura transversal modelada em G 2
Aut(S), dehnida fora de um conjunto anal´tico de codimensão um
Ex. 1.8. Prove que uma folheação F em X (n, k), com singularidades X de M . Prove que a estrutura se estende a qualquer componente
isoladas, possui N (n, k) = k n + k n1 + ... + k + 1 singularidades irredut´vel de X não invariante por F .

contadas com multiplicidade. Em particular, se F ; N D(n, k) então Ex. 1.19. Sejam , 1 e 2 1-formas meromorfas numa variedade
F possui exatamente N (n, k) singularidades. complexa M .
Sugestão. Considere uma carta ahm (E l Cn , (z1 , ..., zn )) tal que 2
sing(F ) 2 E. Seja X um campo polinomial, como na proposição (a). Prove que a 1-forma meromorfa := dz    z.1  z2 2
1.2.6, que representa F em E. Aplique o teorema de Bézout para em C × M é integrável se e somente se, (, 1 , 2 ) é um terno
calcular o número de soluções do sistema X = 0, descontando as projetivo.
soluções no hiperplano inhnito, que não são singularidades de F .
(b). Sejam f e g funções meromorfas em M . Prove que se (, 1 , 2 )
Ex. 1.9. Seja F a folheação em Q := {(x, y) ; C2 | |x|, |y| < 1} é um terno projetivo então (f., 1 , 2 ) também é, onde 1 =
dehnida pelo campo X = (5 + x.y).(x (/(x  y (/(y). Prove que o 1 + df /f + 2g  e 2 = f 1 (2 + 2g 2  + 2g1 + 2dg).
campo X não é linearizável em 0 ; Q, embora F seja linearizável.
Sugestão para (b). Seja (v, x) = (v/(g(x).v + f (x)), x). Calcule
 I
:= f 1 .(g.v + f )2 . ( ).
Ex. 1.10. Seja  = i<j aij dxi +dxj W= 0 uma 2-forma em Cn , onde
aij ; C. Coloque j =  + ... +  (j-vezes). Seja A = (bij )1i,jn a
matriz anti-simétrica dehnida por : bij = aij , se i < j, bij = aji , se
i > j, bjj = 0. Prove que as seguintes ahrmações são equivalentes :
(a). m+1 = 0 e m W= 0.

(b). O posto de A é 2m.


(c). Existe um isomorhsmo linear T ; GL(n, C) tal que T () =
dy1 + dy2 + ... + dy2m1 + dy2m .

(d). O sub-espaço E = {v ; Cn | iv  = 0} tem codimensão 2m.


Ex. 1.11. Sejam f1 , ..., fm polinômios em Cn , irredut´veis e primos
entre si dois a dois, sendo m  3. Seja F a folheação em Cn , n  3,
dehnida pela 1-forma  = f1 ...fm ., onde
m
3 dfj
= j ,
j=1
fj

sendo j W= 0 para todo j = 1, ..., m e i W= j para todo i < j.


Seja F a folheação dehnida por . Sejam Z = i<j (fi = fj = 0) e
W = i<j<k (fi = fj = fk = 0). Prove que :
(a). K(F ) 2 Z \ W .
(b). Se p ; K(F )  (fi = fj = 0) para algum i < j então dfi (p) +
dfj (p) W= 0, ou seja os conjuntos anal´ticos (fi = 0) e (fj = 0)
Por um teorema conhecido de álgebra linear, podemos escrever T =
S + N onde S é semi-simples, N é nilpotente e [S, N ] = 0. Note que
tr(T ) = tr(S) e tr(N ) = 0.
Lema 2.1.1. A parte semi-simples S tem auto-valores racionais po-
sitivos. Além disto, tr(S) < 1.

Cap´tulo 2 Prova. Vamos aqui utilizar a forma normal formal de Brjuno para
germes de campos de vetores (veja [Ma]). Existe um difeomorhsmo
formal F̂ de (C3 , 0) tal que DF̂ (0) = I e Ŷ := F̂ (Y ) = S + Ŵ , sendo
Ŵ um campo formal tal que DŴ (0) = N e [S, Ŵ ] = 0. Além disto, o
Componentes do tipo campo Ŵ é nilpotente, no seguinte sentido : para todo k  1, o campo
formal Ŷ induz uma aplicação linear, Yk , no espaço de 2-formas em
C3 com coehcientes polinomiais de grau  k, Pk , que vai ser pensado
pull-back. como o espaço de jatos de ordem k de 2-formas, colocando

Yk ( k) := j k (LŶ ( k ), 0) ,
k
onde j (H, 0) indica o jato de ordem k de H (truncamento da série de
O objetivo principal deste cap´tulo é provar que para todo n  3 potências em ordem k). De forma análoga, S e Ŵ induzem aplicações
o espaço de folheações de grau k em Pn , Fol(n, k), possui compo- lineares Sk e Wk em Pk tais que Yk = Sk + Wk . O fato de que S
nentes irredut´veis nas quais todas as folheações são pull-back (ou é um campo linear semi-simples, implica que Sk é semi-simples e
contra-imagem) de folheações em P2 por aplicações racionais. Lem- Sk ( k ) = LS ( k ) para todo  k ; Pk . De fato, considere um sistema
bremos que uma aplicação racional f : Pn P2 de grau algébrico de coordenadas tal que S = j j xj (/(xj . Se x = x1 1 .x2 2 .x3 3 e
m  1, pode ser representada em coordenadas homogêneas por uma = x .dxi 
+dxj então Sk ( ) = LS ( ) = (< ,  > + i + j ). , onde
aplicação polinomial F = (A, B, C) : Cn+1 C3 , onde A, B, C são < ,  >= j j .j . Portanto, Sk é semi-simples pois o conjunto de
polinômios homogêneos de grau m := gr(f ). Distingüiremos dois monômios {x .dxi + dxj | ||  k , 1  i < j  3} é uma base de Pk
casos, o caso em gr(f ) = 1 (seção 2.2) e o caso em que gr(f ) > 1 de auto-vetores de Sk . No caso, Wk é a parte nilpotente de Yk , sendo
(seção 2.3). Na seção 2.1 veremos um resultado preliminar que será que [Sk , Wk ] = 0, para todo k  1.
utilizado em ambos os casos. Fixemos k  1 e coloquemos k = j k (F̂ (d), 0). A relação
LY (d) = d implica que LŶ (F (d)) = F (d), logo
2.1 Singularidades simples nilpotentes. (Sk + Wk )(k ) = Yk (k ) = k ,  k  1 .

Recordemos que um germe de 1-forma holomorfa integrável  em Portanto k é um auto-vetor de Yk . Como Sk e Wk são as partes semi-
0 ; C3 tem uma singularidade simples, se (0) = 0 e 0 é singular- simples e nilpotente de Yk , respectivamente, obtemos que Sk (k ) = k
idade isolada de d. A hm de simplihcar alguns enunciados, vamos e Wk (k ) = 0, para todo k  1. Vamos agora utilizar que d tem
considerar o germe de campo de vetores X := rot() (rotacional) que singularidade isolada em 0 ; C3 . Isto implica que existe k  1
é dehnido por iX (dz1 + dz2 + dz3 ) = d. Note que nesta dehnição, tal que j k (d, 0) tem singularidade isolada em 0. Decorre da´ que
estamos hxando um sistema de coordenadas (z1 , z2 , z3 ) numa vizi- k = j k (F (d), 0) tem singularidade isolada em 0. Escrevamos k =


nhança de 0 ; C3 . A forma  tem uma singularidade simples em 
,i<j aij x .dxi + dxj . Da relação LS (k ) = k obtemos que
0 ; C3 se, e somente se, 0 é singularidade isolada de rot(). aij (< ,  > + i + j ) = aij , para todo (, i, j), o que implica
Dehnição 2.1.1. Dizemos que 0 ; C3 é s.s.n. (singularidade simples < , > + + = 1 ,se aij W= 0 . (2.2)
i j
nilpotente) de  se D(rot())(0) é nilpotente. O conceito independe
do sistema de coordenadas utilizado para calcular rot() (verihque). Vamos provar que, sob as hipóteses do teorema, as soluções do sistema
A prova do próximo resultado foi feita originalmente em [LN 1]. (2.2) estão em Q+ e tr(S) < 1.
Ahrmamos que, dado i ; {1, 2, 3} existem 1  j < f  3, ki  1
Teorema 2.1. Suponha que 0 é s.s.n. do germe . Então existem e  tais que x = xki i e ajf W= 0. Com efeito, para i = 1, por
um sistema de coordenadas x := (x1 , x2 , x3 ) ; (C3 , 0) e germes de exemplo, se não existissem j < f com a propriedade acima, ter´amos
campos de vetores S, Z ; X3 tais que : k (x1 , 0, 0) # 0 e 0 não seria singularidade isolada de k (verihque).
(a).  = iS iZ (dx1 + dx2 + dx3 ), d = iZ (dx1 + dx2 + dx3 ) e Z = Utilizando o fato anterior e as relações (2.2) obtemos que 1 , 2 , 3
rot() no sistema de coordenadas z. satisfazem a um sistema de equações da forma

(b). S = 1q T , onde T = p1 .x1 (/(x1 + p2 .x2 (/(x2 + p3 .x3 (/(x3 , ki . i + j(i) + f(i) = 1 , onde j(i) < f(i) , ki  1 , i = 1, 2, 3 . (2.3)
onde q, p1 , p2 , p3 ; N e tr(S) < 1.
Decorre de (2.3) que existe j ; {1, 2, 3} tal que j W= 0. Além disto,
(c). LS () =  e [S, Z] = (1  tr(S)).Z. se i / j ; Q+ para todo i W= j então 1 , 2 , 3 ; Q+ (verihque).
Em particular, a forma  tem coehcientes polinomiais no sistema de Usaremos a notação [esp(S)] ; [Q+ ], neste caso.
coordenadas z, os quais são quase-homogêneos com respeito a T . Dehna r(i) = {1, 2, 3} \ {j(i), f(i)}. O sistema (2.3) pode ser
escrito também como :
Prova. Fixemos um sistema de coordenadas z = (z1 , z2 , z3 ) em
(C3 , 0). Vamos usar provisóriamente a notação dz1 + dz2 + dz3 := ". k1 . 1  r(1) = k2 . 2  r(2) = k3 . 3  r(3) = 1  tr(S) . (2.4)
Seja X = rot(). Da integrabilidade  + d = 0, obtemos iX  = 0.
Como 0 é singularidade isolada de X, existe um germe de 2-forma Suponhamos por absurdo que 1 + 2 + 3 = tr(S) = 1. Dividire-
 tal que  = iX , pelo teorema da divisão. Como estamos em mos a prova em dois casos : (a). kj  2 para j = 1, 2, 3. (b). kj = 1
dimensão três, podemos escrever  = iY ("), onde Y ; X3 . Logo, para algum j ; {1, 2, 3}.
 = iY iX " = iY d. Estas relações implicam que LY () = iY (d) + Caso (a). Este caso decorre do fato de que a matriz do sis-
d(iY ()) = . Decorre da´ que LY (d) = d e portanto tema kj . j  r(j) = 0, j = 1, 2, 3, tem determinante não nulo, se
k1 , k2 , k3 > 1, o que implicaria j = 0, j = 1, 2, 3. Deixamos a
iX (") = LY (iX (")) = i[Y,X] " + iX (LY (")) = i[Y,X] " + f.iX " =p verihcação para o leitor.
[X, Y ] = (1  f )X, onde f = div(Y ) := (Y (Y2 (Y3 Caso (b). Vamos utilizar aqui que DX(0) = j 1 (X, 0) é nilpotente.
(z1 + (z2 + (z3 , sendo
1

3 Suponha j 1 (X, 0) := N . Como X = rot() e DF̂ (0) = I, obtemos


Y = j=1 Yj (/(zj . Denotando por T = DY (0), a parte linear de 1 = j 1 (d, 0) = j 1 (iX ("), 0) = iN ", logo N W# 0, pela hipótese (b).
Y em 0, temos f (0) = tr(T ). Obtivemos então germes de campos Da relação LS (1 ) = 1 obtemos
X, Y ; X3 tais que
T iN " = LS (iN ") = i[S,N ] " + iN (LS (")) = i[S,N] " + tr(S).iN " .
€
z  = iY iX " , d = iX "
LY () =  , LY (d) = d (2.1) Logo, [S, N] = 0, já que tr(S) = 1. Em particular, S tem pelo menos
€
Z
[Y, X] = (1  f )X , f (0) = tr(T ) dois auto-valores iguais. Após uma mudança linear de coordenadas,
podemos supor que N está na forma canônica de ordan com respeito Seja W o uxo de W . Como f (0) = (0, 0) = 0, temos W |( 1 = 2 = )
a S, ou seja N = a.x1 (/(x2 + .x2 (/(x3 . Neste caso, 1 = iN " = 0. Logo, W (0, 0, x3 ) = (0, 0, x3 ), para todo x3 . Integrando a equação
$
a.x1 dx3 + dx1 + .x2 dx1 + dx2 , logo k3 > 1. Se 1 = 2 = 3 = 1/3, W ( ) = k obtemos (W (x)) = H(x, t), onde H(x, t) = k(W (x))ds.
as relações (2.4) implicam que kj = 1, 1  j  3, logo ao menos um Por outro lado, H(0, 0, x3 , t) # 0, já que k(0, 0, x3 ) # 0. Como (x) =
dos auto-valores é diferente dos outros dois. Podemos supor então H(W (x), t), temos hnalmente que (0, 0, x3 ) = H(0, 0, x3 , t) #
que 1 = 2 W= 3 . Neste caso, N = a.x1 .(/(x2 , 1 = a.x1 dx3 + dx1 0.
e k2 , k3 > 1. Utilizando as relações k2 . 1 = k2 . 2 = r(2) e k3 . 3 = Com isto terminamos a prova do teorema 2.1.
r(3) obtemos uma contradição com j W= 0 para algum j = 1, 2, 3
(verihque). Dehnição 2.1.2. Seja  uma 1-forma com s.s.n. em 0 ; C3 . Dize-
Portanto, tr(S) W= 1. Utilizando as relações (2.4) com 1tr(S) W= 0 mos que 0 é s.s.n. de tipo [p1 : p2 : p3 ] se  = iS iX ", onde
é poss´vel provar que [esp(S)] ; [Q+ ]. Isto pode ser feito, dividindo S = 1q (p1 z1 (/(z1 + p2 z2 (/(z2 + p3 z3 (/(z3 ) e [S, X] = (1  tr(S))X,
em três sub-casos para r : (1). r é constante. (2). r{1, 2, 3} = 2. como no teorema 2.1.
(3). r é bijeção. No caso (1), por exemplo, obtemos que k1 . 1 = Um caso particular importante que utilizaremos neste cap´tulo
k2 . 2 = k3 . 3 , logo [esp(S)] ; [Q+ ]. No caso (2), com 1 = r(1) = é quando j k+1 (, 0) = , onde é uma 1-forma com coehcientes
r(2) W= r(3), por exemplo, temos k1 . 1 = k2 . 2 e k3 . 3  2 = (k1  homogêneos do mesmo grau k + 1 tal que i = 0, sendo o campo
1). 1 W= 0, o que implica que k1 > 1 e que j ; 1 .Q+ para j = 2, 3. radial em C3 . Como vimos na observação 1.2.3, a forma representa
Deixamos os outros casos para o leitor (veja o Ex. 2.1). uma folheação em 2 de grau k. Por outro lado, o germe de
esta provar que tr(S) < 1. Para isto recorremos ao sistema na 3
em 0 ; C é simples se, e somente se, a folheação possui todas
forma (2.3). Somando as três equações em (2.3) obtemos 1 . 1 + as singularidades não degeneradas e para todo p ; si ( ) temos
2. 2 + 3 . 3 = 3, onde j  3 para j = 1, 2, 3. No caso, algum [esp( , p)] = { 1 : 2 }, onde 2 / 1 W= 1 (veja exemplo 1.4. ). Se
j > 3, pois caso contrário ter´amos tr(S) = 1. Isto implica que r( )  2 então a parte linear de rot() é nula, logo nilpotente e
tr(S) < 1, como quer´amos. 0 ; C3 é s.s.n. de tipo [1 : 1 : 1] de . ostar´amos ainda de observar
Vamos agora utilizar a forma normal de Poincaré-Dulac (veja que neste caso o campo linear S tal que iS d = é S = k+2 1
, onde
[Ma]) : como os auto-valores de L = DY (0) são racionais positivos, é o campo radial (veja a observação 1.2.2).
L está no dom´nio de Poincaré e o campo Y admite uma forma nor-
mal de Brjuno convergente, ou seja, podemos supor que Y = S + W , oro ario 2.1.1. a situacão acima, se r( )  2 então existe um
onde W é convergente e [S, W ] = 0. Suponhamos por exemplo que germe de biholomorhsmo * : (C3 , 0) (C3 , 0) tal que * () = .
esp(S) não tem ressonâncias. Neste caso, temos W = 0 e podemos Uma outra consequência diz respeito a estabilidade das s.s.n.. Va-
escrever  = iS iX ", onde " = dz1 + dz2 + dz3 e d = iX ". Neste mos considerar a seguinte situação : sejam = {z ; C3 | |z|  1},
caso, (2.1) implica que [S, X] = (1  tr(S))X, como desejado. Basta e = {t ; C | |t| < r}. Seja ( ) ; uma fam´lia holomorfa de
então provar o seguinte resultado : 1-formas integráveis dehnidas numa vizinhança de .
Lema 2.1.2. Em qualquer caso, temos W # 0. oro ario 2.1.2. a situacão acima, suponha que si (d ) = {0}
 
Prova. Sejam X = e que 0 é s.s.n. de tipo [p : q : r] de  . Então existem 6 > 0, 6  r,
j j (/(xj e W = j j (/(xj . Vamos
supor que 1  2  3 . Ahrmamos que a relação [S, W ] = 0 implica e uma funcão holomorfa z : (|t| < 6) tais que :
que podemos supor que 1 = 0, 2 (x) = f (x1 ) e 3 (x) = (x1 , x2 ). (a). si (d ) = {z(t)} para todo |t| < 6.
Com efeito, um monômio x .(/(xj , com coehciente não nulo na série
de a lor de W , implica uma relação da forma < , >= j . Além (b). z(t) é s.s.n. de tipo [p : q : r] de  para todo |t| < 6.

disto, j 1 (W ) não pode conter monômios da forma xj .(/(xj , pois Prova. Seja X = rot( ), de forma que d = iX ", " = dz1 +
[S, j 1 (W )] = 0 e j 1 (W ) é nilpotente. dz2 + dz3 . Seja ' = i f {|X (q)| q ; ( }. Como ' > 0 existe
No caso em que 1 < 2 < 3 as relações < , >= j e o 61 > 0 tal que se |t| < 61 então ' > 0, ou seja, X tem todas as
fato de que j 1 (W ) é nilpotente implicam que 1 = 0, 2 = f (x1 ) singularidades em contidas no interior de e estas são isoladas.
e 3 = (x1 , x2 ). Deixamos a verihcação para o leitor. No caso Se (X , q) denota a multiplicidade de q como singularidade de X ,
em que 1 = 2 = 3 , W é linear e a ahrmação decorre de que temos também que
podemos supor que W está na forma canônica de ordan, ou seja 3
W = a.x1 (/(x2 + .x2 .(/(x3 . Consideremos o caso 1 = 2 < 3 . (X , q) = (X , 0) ,  |t| < 61 . (2.6)
Neste caso, se ocorre um monômio da forma x .(/(x1 ou x .(/(x2 , q;
devemos ter 3 . 3  < , >= 1 = 2 , logo 3 = 0, ou seja 1 e 2
não dependem de x3 . Além disto, o campo Z := 1 (/(x1 + 2 (/(x2 Em particular, (si (X )  )  (X , 0) para todo |t| < 61 .
é linear, logo podemos supor que ele está na forma canônica de ordan Decorre da´ que o conjunto {(z, t) | X (z) = 0 , z ; , |t| < 61 }
: Z = a.x1 (/(x2 . Se ocorre um monômio da forma x .(/(x3 temos tem codimensão três. Podemos então aplicar o teorema da divisão a
3 . 3  < , >= 3 , o que implica 3 = 0, pois caso contrário parâmetros de De ham (veja o Apêndice 1) : como iX  = 0 existe
ter´amos  = (0, 0, 1) e j 1 (W ) não seria nilpotente. Logo 3 não uma 2-forma  = a1 (z, t)dz2 +dz3 +a2 (z, t)dz3 +dz1 +a3 (z, t)dz1 +dz2 ,
depende de x3 , 1 = 0 e 2 só depende de x1 , como quer´amos. tal que  = iX  . Por outro lado,  = iY ", Y =  j aj (/(zj ,
Deixamos o caso restante, 1 < 2 = 3 , para o leitor. logo  = iY iX ". Como 0 é s.s.n. de  , 0 é singularidade não dege-
Supondo que W = f (x1 )(/(x2 + (x1 , x3 )(/(x3 , vamos provar nerada de Y , pelo teorema 2.1, ou seja (Y , 0) = 1. Aplicando (2.6)
que se W W= 0 então X se anula identicamente no eixo (x1 = x2 = 0), ao campo Y , obtemos que existe 0 < 6  61 tal que se |t| < 6 então
o que contradiz o fato de X ter singularidade isolada. Vimos na prova Y possui uma única singularidade z(t) em , sendo (Y , z(t)) = 1.
do lema 2.1.1 que L (d) = 0. Decorre da´ que Como é bem conhecido, neste caso, a função z : (|t| < 6) é
holomorfa. Ahrmamos que si (X )  = {z(t)}, se |t| < 6.
0 = L (iX ") = i[ ,X] " + div(W ).iX " = i[ ,X] " =p Com efeito, de  = iY iX " = iY d obtemos LY (d ) = d .
Fixemos |t| < 6 e denotemos por * o uxo local de Y . Integrando
[W, X] = 0, pois div(W ) = ( (( 21 ) + ( (( 13, 2 ) = 0. A relação [W, X] = LY (d ) = d , obtemos que * (d ) = e .d . Esta última relação
0 é equivalente ao seguinte sistema de equações : implica que se d (q) = 0 então d (* (q)) = 0 para todo s tal que
T * (q) está dehnido. Como si (X ) = si (d ), obtemos que o uxo
€
€ W ( 1) = 0 * deixa invariante si (X ). Decorre da´ que si (X ) 2 si (Y ),
€
z
W ( 2 ) = f I (x1 ). 1 já que si (X ) é hnito. Logo, si (X ) = {z(t)}.
(2. )
€
€ ( ( Note que z(t) é singularidade simples de  , já que é singularidade
€
Z W ( 3) = . 1+ . 2
(x1 (x2 isolada de d . Sejam L e N as partes lineares de Y e de X em
z(t), respectivamente. ueremos provar que N é nilpotente e que
A prova então se reduz ao seguinte resultado : sejam , k ; 3 , [esp(L )] = {p : q : r}. Como já vimos na prova do teorema 2.1, a
germes tais que W ( ) = k. Se k|( 1 = 2 = ) = 0 então |( 1 = 2 = ) = relação LY (d ) = d implica que [Y , X ] = (1  div(Y ))X . A
0. Supondo o resultado provado, obtemos da primeira equação em relação anterior implica que [L , N ] = (1  tr(L ))N := (t).N .
(2. ) que 1 |( 1 = 2 = ) = 0. Utilizando este fato na segunda equação Como (0) = 1  tr(L ) > 0, se 6 > 0 for suhcientemente pequeno
obtemos que 2 |( 1 = 2 = ) = 0. Finalmente, como j |( 1 = 2 = ) = 0, então (t) W= 0 para |t| < 6. Desta forma reduzimos o problema a
j = 1, 2, a terceira equação implica que 3 |( 1 = 2 = ) = 0. provar que se L e N são operadores lineares em C tais que det(L) W=
0 e [L, N ] = .N , onde W= 0, então N é nilpotente. Deixamos a A forma  tem uma s.s.n. em 0 ; C3 de tipo [1 : 1 : 1] logo,
prova deste fato para o leitor (veja o Ex. 2.2). Da´ obtemos que existe um germe de biholomorhsmo H : (C3 , 0) (C3 , 0) tal que
N é nilpotente para |t| < 6, logo z(t) é s.s.n. de  . Decorre então := H ( ) = iS iZ (dz1 + dz2 + dz3 ), onde LS = . Como
do teorema 2.1 que os auto-valores de L estão em Q+ . Como a vimos na prova do corolário 2.1.2, o operador S é semi-simples e t )
1
aplicação t ) L é cont´nua obtemos que t ) esp(L ) é constante, esp(S ) é constante. Como S = k+2 3 (veja observação 1.2.2) temos
como quer´amos. 1
S = k+2 3 , para todo t. Logo, L 3 = (k + 2) e isto implica que
os coehcientes de são homogêneos de grau k+1 (verihque). Decorre
da´ que j k ( ) = 0 e portanto j k ( ) = 0. Logo  tem coehcientes
2.2 Pull-backs lineares. homogêneos de grau k + 1 e i 3  = 0, como quer´amos.
Denotemos por L( , k) o conjunto das folheações em o ( , k) Prova para > 3. A prova será baseada no teorema de redução
que são dehnidas em coordenadas homogêneas por formas do tipo de variáveis para singularidades simples ( eorema 1.12). Seja =
= F (), onde F : C +1 C3 é linear e  = .dx + .d + .dz F ( ); L( , k), onde ; (2, k) e F ; ( + 1, 3) tem posto
dehne uma folheação ; o (2, k). Note que se tem grau k então três. Como na prova do caso = 3, podemos supor que em coor-
r( ) = r( ) = r( ) = k + 1, logo os coehcientes de têm grau denadas homogêneas temos F (z1 , z2 , z3 , ..., z +1 ) = (z1 , z2 , z3 ). Se
k + 1, já que F é linear. Portanto, r( ( )) = k. O resultado  representa nas coordenadas homogêneas (z1 , ..., z3 ) então =
principal desta seção, cuja prova original foi dada em [C-LN 1], é o F () representa nas coordenadas (z1 , z2 , z +1 ). Como  só de-
seguinte : pende das variáveis (z1 , z2 , z3 ), a folheação será representada no
sistema de coordenadas ahm (z +1 = 1) l C pela forma |C = .
Teorema 1. con unto L( , k) é uma componente irredut´vel Em particular, se = {z ; C | zj = 0 , 4  j  } l C3 então |
de ol(n, ), para todo  3 e todo k  2. tem uma s.s.n. em 0 ; .
Prova. Utilizaremos o seguinte resultado bem conhecido de geome- Seja ( ) ;(C, ) um germe fam´lia holomorfa de folheações tal que
tria anal´tica : = . Suponhamos que é representada na carta ahm C =
(z +1 = 1) pela forma  com coehcientes polinomiais de grau  k+1.
Lema 2.2.1. Se am 2 sub-con untos anal´ticos irredut´veis de Como l C3 , existe uma translação em , F (z) = z  p(t), tal
uma variedade complexa . Suponha que existe um aberto W= ! de que F ( | ) tem uma s.s.n. de tipo [1 : 1 : 1] em 0 ; . Esta
tal que  = . Então = . translação se estende a um automorhsmo de , o qual denotamos por
Note que L( , k) é um sub-conjunto anal´tico irredut´vel de . Substituindo a fam´lia original por ( ( )) ;(C, ) , se necessário,
o ( , k). Com efeito, L( , k) = ( ( ( + 1, 3)) o (2, k)), podemos supor que  | tem uma s.s.n. de tipo [1 : 1 : 1] em 0 ; .
onde (F, ) = [F ( )]. Como ( ( + 1, 3)) e o (2, k) são espaços Fixando t ; (C, 0), reduzimos o problema ao seguinte : seja = 
projetivos e é algébrica, L( , k) é algébrico e irredut´vel. uma 1-forma integrável do tipo = + ... + k+1 , onde j tem
Seja (2, k) = { ; o (2, k) | todas as singularidades de são coehcientes homogêneos de grau j. Suponha que | = k+1 | tem
não degeneradas e se p ; si ( ) então [esp( , p)] = { 1 : 2 }, onde s.s.n. de tipo [1 : 1 : 1] em 0 ; . Então j = 0 para todo j = 1, ..., k.
Além disto, existe um 3 plano F de C transversal a tal que é
2 / 1 W= 1}. Note (2, k) é um conjunto aberto e denso de o (2, k).
Dado  3 seja H( + 1, 3) = {F ; ( + 1, 3) | F tem posto três o produto da folheação gerada por | pela folheação de codimensão
}. Como H( + 1, 3) é aberto e denso em ( + 1, 3), o conjunto três de C por planos paralelos a F .
:= ( (H( + 1, 3)) (2, k)) é aberto e denso em L( , k). Como | tem singularidade simples em 0 ; , pelo teorema
Provaremos então que se W é a componente irredut´vel de o ( , k) 1.12 (redução de variáveis) o germe de ( ) é equivalente ao produto

que contém então W  = . Para isto é suhciente provar que de um germe folheação regular de codimensão três por um germe
para todo ; existe uma vizinhança de tal que  W = singular de codimensão um em (C3 , 0). Em particular = (0) = 0.
. Verihcaremos este fato utilizando germes de fam´lias anal´ticas A folheação é gerada por f =  3 campos holomorfos X1 , ..., Xf
de folheações ( ) ;(C, ) , ou seja, germes de curvas no espaço de tais que Xj (0) W= 0, 1  j  f. Isto signihca que iX = 0, 1  r  f.
folheações, tais que = ; L( , k) e ; W para todo Seja vr = j (Xr ). Então F :=< v1 , ..., vf > é o sub-espaço tangente
t ; (C, 0). Provaremos que ; L( , k). Isto é suhciente, uma a em 0 ; C . Provemos por indução em i = 0, ..., k que i = 0.
vez que todo conjunto anal´tico irredut´vel é localmente conexo por á vimos que = 0. Suponhamos que i = 0 para i < k e
curvas holomorfas, isto é, dado ; W existe uma vizinhança de provemos que = 0. Neste caso, a relação + d = 0 implica
em W tal que se 1 , 2 ; então existe uma curva anal´tica que +d = 0, ou seja é integrável. Por outro lado, 0 =
: ( = {z ; C | |z| < 1}) tal que (0) = 1 e (1/2) = 2 j (iX ) = i , logo i = 0, 1  r  f. Como | = 0,
(veja [Se]). obtemos que = 0 (verihque). Obtivemos também que i k+1 = 0
A prova do teorema será feita em duas etapas : 1 etapa. = 3. para todo r = 1, ..., f. Logo a folheação por planos paralelos a F é
2 etapa. > 3. tangente a , como quer´amos.
Prova para = 3. Fixemos ; . Então = [F ( )], onde
er ação 2.2.1. O resultado do teorema também é válido para
F = (F1 , F2 , F3 ) ; H(4, 3) tem posto três e ; (2, k). Como o
k = 0 e k = 1, isto é, L( , 0) e L( , 1) são componentes
posto de F é três, existem sistemas de coordenadas lineares em C e
irredut´veis dos espaços de folheações correspondentes. No caso k = 0
C3 tais que F (z1 , z2 , z3 , z ) = (z1 , z2 , z3 ). A folheação é represen-
este fato foi essencialmente provado no exemplo 1.2.2. No caso k = 1
tada em coordenadas homogêneas por  = 1 .dz1 + 2 .dz2 + 3 .dz3 ,
o resultado é consequência do corolário 3.3.1 do teorema 4 que será
onde j = j (z1 , z2 , z3 ) é polinômio homogêneo de grau k + 1, 1 
provado no próximo cap´tulo.
j  3, e j zj . j = 0. Logo, := F ( ) é representada pela
forma = F (). Pela expressão de F nas coordenadas hxadas,
temos |z =1 = , ou seja, é representada nas coordenadas ahns 2.3 Pull-backs não lineares.
(z1 , z2 , z3 ) l [z1 : z2 : z3 : 1] por . Consideremos agora um germe
de fam´lia holomorfa ( ) ;(C, ) de formas integráveis em C com co- Nesta seção estudaremos as folheações do tipo F ( ), onde ;
ehcientes homogêneos de grau k + 1 tais que i ( ) = 0 para todo o (2, k), k  0, e F : 2
é uma aplicação de grau algébrico
t ; (C, 0) e = . Seja  = |(z =1) . Ahrmamos que existe um  2. A exposição será baseada no artigo [Ce-LN-Ed]. Usaremos a
germe de função holomorfa p : (C, 0) (z = 1) l C3 tal que, se notação
(z) = z  p(t) então ( ) tem coehcientes homogêneos de grau
2
k + 1 e i 3 ( ( )) = 0, onde 3 é o campo radial de C3 . Isto im- ( , , k) = {F ( ) | ; o (2, k) , F : e r(F ) =  1} .
plicará o teorema para = 3, já que ( ) representa uma folheação
; o (2, k). er ação 2. .1. ( , , k) 2 o ( , f( , k)), onde f( , k) =
Provemos a ahrmação. Como r( )  2,  tem uma s.s.n. de (k + 2)  2. Além disto, ( , , k) é um sub-conjunto algébrico
tipo [1 : 1 : 1] em 0 ; C3 . Pelo corolário 2.1.2, existe um germe irredut´vel de o ( , f( , k)). Deixamos a verihcação destes fatos
de aplicação holomorfa p : (C, 0) C3 tal que p(t) é s.s.n. de tipo para o leitor (veja o Ex. 2.3).
[1 : 1 : 1] de  . Consideremos a translação (z) = z  p(t). A forma O resultado principal desta seção é o seguinte :
 := ( ) tem uma singularidade em 0 ; C3 . Vamos provar que
j k ( ) = 0. Como  tem coehcientes polinomiais de grau  k + 1, Teorema 2. Para quaisquer  3,  2 e k  2, ( , , k) é
isto implicará que os coehcientes de  são homogêneos de grau k + 1. uma componente irredut´vel de o ( , f( , k)).
Prova. Utilizaremos o lema 2.2.1. Exibiremos um aberto denso Lema 2. .1. Se a =f ( ); , com si ( ) = {p1 , ..., pN (k) }.
em ( , , k) tal que para toda folheação racional ; e N (k)
Então ( ) = i=1 i onde i = f 1 (pi ). Além disto, i é lisa
todo germe de fam´lia holomorfa de folheações ( ) ;(C, ) com = conexa de codimensão dois e grau 2 , para todo i = 1, ..., N (k). Em
, então ; ( , , k) para todo t ; (C, 0). Iremos agora a particular, cada i é uma componente irredut´vel de ( ), I(f ) 2 i
descrever o aberto e alguns aspectos qualitativos das folheações e i é uma intersecão completa.
em .
Diremos que uma aplicação racional f :  2
de grau  Prova. O fecho q da hbra f 1 (q), q ; 2 , é dado em por
2 é genérica se a sua expressão em coordenadas homogêneas F = [F1 : F2 : F3 ] = q = [a1 : a2 : a3 ]. Se a3 W= 0, isto corresponde ao
(F1 , F2 , F3 ) : C +1 C3 satisfaz as seguintes propriedades : sub-conjunto algébrico q =  (a3 .F1  a1 .F3 = a3 .F2  a2 .F3 = 0).
Se q ;/ (f ) então q \ I(f ) é lisa de codimensão dois e é um sub-
(a). f tem posto genérico 2. Isto é equivalente a dizer que F tem conjunto algébrico de codimensão dois grau 2 e do tipo interseção
posto genérico 3. Em particular, o conjunto completa : q =  [(a3 .F1  a1 .F3 = 0)  (a3 .F2  a2 .F3 = 0)]. A
X := {p ; C +1
| dF1 (p) + dF2 (p) + dF3 (p) = 0} condição (b) da dehnição de e ( , ) implica então que q é lisa nos
pontos de I(f ). É conhecido também que uma interseção completa
+1
é um sub-conjunto algébrico próprio de C . de dimensão maior que um em é conexa (teorema de Lefshetz).
Portanto, se q ; / (f ) então q é irredut´vel. Provamos então que
(b). Se p ; (F1 = F2 = F3 = 0) \ {0} então p ;
/ X.
cada i é lisa irredut´vel, interseção completa e de grau 2 . Por outro
O conjunto das aplicações racionais genéricas de grau , f :  lado, se p ; i \ I(f ) então f é uma submersão de uma vizinhança
2
, será denotado por e ( , ). Observamos que e ( , ) é de p numa vizinhança de pi , na qual a folheação é representada
aberto e denso no conjunto de todas as aplicações de grau (veja o por uma forma holomorfa  tal que d W= 0, logo é representada
Ex. 2.4). por f (), onde d f () W= 0. Portanto, p é de up a para . Vemos
Uma aplicação f ; e ( , ), como acima, satisfaz a seguinte então que i i 2 ( ). Deixamos a prova de que ( ) 2 i i
propriedade : seja r : Cr+1 \ {0} r
a projeção canônica. O con- para o leitor (veja o Ex. 2.6).
junto I(f ) :=  (F1 = F2 = F3 = 0) é o conjunto de indehnicão de Fixemos = f ( ) ; e um germe de fam´lia holomorfa
f , isto é, o dom´nio de f é \ I(f ). A condição (b) da dehnição ( ) ;(C, ) de folheações tal que = . Sejam si ( ) = {p1 , ..., pN (k
implica que I(f ) é uma sub-variedade algébrica lisa de de codi- e ( ) = i i , i = f 1 (pi ).
mensão três e grau 3 . No caso = 3, I(f ) é um conjunto de 3
pontos em 3 . Lema 2. .2. Existe um germe de isotopia de classe , (I(t)) ;(C, ) ,
O conjunto será um sub-conjunto de ( e ( , ) (S(2, k)  com as seguintes propriedades :
(2, k))), onde (f, ) = f ( ). O conjunto S(2, k) é dado pelo
(a). I(0) = I(f ) e I(t) é algébrico e liso de codimensão três para
teorema 1.6. esumimos abaixo as propriedades de S(2, k) que uti-
todo t ; (C, 0).
lizaremos.
(c). Se ; S(2, k) então não possui folha algébrica e todas (b). Para todo p ; I(t), existe uma vi inhanca W (p, t) = W de p
as suas singularidades são não degeneradas. Em particular tal que | é equivalente ao produto de uma folheacão regular
(si ( )) = N (k) := k 2 + k + 1  7 (veja proposição 1.3.2). de codimensão três por uma folheacão singular de codimensão
um dehnida por uma -forma  , . Além disto,  , representa
(d). Se ; S(2, k) e p ; si ( ) então admite exatamente duas uma folheacão , ; S(2, k) e o germe de fam´lia ( , ) ;(C, )
separatrizes locais em p, as quais são lisas e transversais. é holomorfo.

Seja agora ; S(2, k) (2, k) := e suponhamos que é repre- Prova. No caso = 3 isto é consequência do corolário 2.1.2 do

sentada em coordenadas homogêneas pela forma  = 3j=1 j (z).dzj . teorema 2.1, já que I(f ) é hnito. No caso > 3 consideramos uma
Vamos descrever a folheação f ( ) numa vizinhança de um ponto p ; vizinhança tubular , $: W I(f ), de I(f ) com hbras z :=
I(f ). Consideremos primeiramente o caso = 3. Seja C3 l 2 C $ 1 (z) l 3 , onde 3 é uma bola de dimensão complexa 3. Isto é
um plano ahm (0 ; / ) tal que corta transversalmente a reta 1 3 (p)
poss´vel porque a variedade I(f ) é lisa de codimensão três (veja [ i]).
num ponto q ; . Como F (q) = 0 e dF1 (q) + dF2 (q) + dF3 (q) W= 0, A idéia é construir um germe de aplicação ,  : (C, 0) I(f ) W
pelo teorema da função inversa, existe um sistema de coordenadas tal que para todo t ; (C, 0) temos (t, z) ; z . Vamos trabalhar com
local em q ; , (W, x ; C3 ) tal que x(q) = 0 e F | (x) = (x1 , x2 , x3 ). um representante do germe ( ) , dehnido num disco D = (|t| < 6) 2
A forma que representa := f ( ) em coordenadas homogêneas é C.
:= F () e a que representa nas coordenadas ahns é | . Em Fixemos p ; I(f ) e uma carta local holomorfa em p, = (x, ) :
particular, nas coordenadas locais hxadas temos | = . Portanto C 3 C3 , tal que 1 :=  I(f ) = ( = 0), (p) = (0, 0) e 2 W .
tem uma s.s.n. de tipo [1 : 1 : 1] em q. De forma análoga, no caso Dado z = (x , 0) ;  I(f ), seja Fz = (x = x ) 2 {x } C3 .
= r + 3 > 3, a folheação será localmente equivalente numa viz- Para z = (x, 0) ; 1 hxo, sabemos que | tem uma s.s.n. do
inhança W de q a um produto de uma folheação regular de dimensão tipo [1 : 1 : 1] em z. Pelo corolário 2.1.2 existem 0 < 61  6 e uma
r pela folheação dehnida por  em C3 (verihque). aplicação holomorfa z : (|t| < 61 ) Fz tal que | tem uma s.s.n.
Vamos agora descrever o conjunto singular de nas coorde- de tipo [1 : 1 : 1] em z (t). Podemos escrever *z (t) = (x, Y (t, x)),
nadas locais hxadas. Como  representa em C3 , temos si () = onde t ) Y (t, x) ; C3 é holomorfa. A estrutura de produto lo-
1
3 (si ( )). Por outro lado, possui N (k) singularidades. Logo cal holomorfo para no ponto (x, Y (t, x)) implica que o germe
si ( )  W consiste de N (k) sub-variedades lisas de codimensão (t, x) ) Y (t, x) é holomorfo (verihque). Podemos dehnir Y como
dois que se cruzam ao longo de I(f )  W . Se a ; si ( ) então função holomorfa numa vizinhança de {0} . Para t hxado, o
[esp( , a)] = { 1 : 2 } onde 1 + 2 W= 0. Isto implica que, se gráhco rY da aplicação x ;  ({t} C 3 ) ) Y (t, x) é uma
S(a) é a componente de si ( ) correspondente a 1 3 (a) então
sub-variedade holomorfa W .
W S(a)\I(f ) está no conjunto de up a de e o seu tipo transver- Consideremos a hbração dada pela vizinhança tubular $ : W
sal tem parte linear com [esp] = { 1 : 2 }. I(f ). Como as hbras de $ são transversais a I(f ), para |t| pequeno,
Para dehnir o aberto 2 ( , , k) que usaremos na demon- a hbra corta rY no máximo em um ponto, digamos (t, ).
stração, precisamos de mais uma condição. Seja (f ) = {p ; Para t = 0, temos Y (0, x) = 0, logo, (0, ) = , ou seja  está
\ I(f ) | o posto de Df (p) : T T ( ) 2 é menor que dois}. dehnida numa vizinhança de {0} 1 . Note que a aplicação  é
(f ) é o conjunto de pontos cr´ticos de f . O conjunto (f ) := no seu dom´nio. Para terminar, observemos que a aplicação  não
f( (f )) é chamado de con unto de valores cr´ticos de f . No nosso depende da carta em p, ( , ), considerada, já que o ponto (t, )
caso, (f ) é uma curva algébrica em 2 (veja o Ex. 2. ). Se pode ser dehnido como a única s.s.n. em de . omando uma
; então si ( ) contém um número hnito N (k) de singular- cobertura de I(f ) por dom´nios de cartas locais como acima, podemos
idades. Em particular, hxada f ; e ( , ), o conjunto { ; estender  a um germe de aplicação  : (C, 0) I(f ) W tal que
| si ( )  (f ) = !} é aberto e denso em o (2, k). O conjunto (t, ) ; é a única s.s.n. de em , para todo t ; (C, 0).
1 := {(f, ) ; e ( , ) | (f )  si ( ) = !} é aberto e Como I(f ) é compacto, este germe tem um representante, denotado
denso em e ( , ) . Como consequência, := {f ( ) | (f, ) ; pela mesma letra,  : (|t| < &) I(f ) W , & > 0. Colocando
1 } é aberto e denso em ( , , k). Dada ; , denotaremos I(t) = ({t} I(f )), temos a isotopia desejada.
por ( ) fecho em do conjunto dos pontos de up a de . A ahrmação (b) é consequência do teorema de redução de variáveis
da seção 1.4.2. Este teorema implica também que I(t) é uma sub-
variedade holomorfa lisa de codimensão tres. Vamos agora utilizar a condição de compatibilidade. Como Si (0) =
i  z , para todo z ; i  z , Si (0) é transversal a Fz 2 z em
er ação 2. .2. No caso > 3 a variedade I(t) é conexa, já que z . Logo, existem uma vizinhança de z em Si (0) e 61 > 0 tais
I(f ) é conexa (teorema de Lefschetz). A estrutura de produto local que Si (t) é transversal a Fz para todo z ; e todo t ; D61 . Neste
em I(t) implica então que o tipo transversal de ao longo de I(t) é caso, hxado z ; , se |t| é suhcientemente pequeno, Si (t)Fz contém
constante. Em particular, (p, t) não depende de p ; I(t). No caso um único ponto (t, z) e o germe de função : (C , {o} ) z
= 3, no entanto, I(t) = {q1 (t), ..., q 3 ( ) } e não podemos garantir a é de classe . Observe que os germes * e coincidem ao longo de
priori que (qi (t)) = (qj (t)), se i W= j. {0} ( \ {z }), já que se z ; \ {z } e |t| é suhcientemente pequeno
então *(t, z) ; Fz e (t, z) ; Fz são singularidades de up a de e
Como no lema anterior vamos considerar um representante do
só existe uma tal singularidade em Fz . Como z ; I(f ) é arbitrário,
germe ( ) dehnido num disco D& := (|t| < &).
obtivemos uma extensão do germe * ao longo de {0} i , como
Lema 2. . . Existem 6 > 0 e isotopias de classe , * i : D6 i quer´amos.
, i = 1, ..., N (k), tais que se i (t) = *i ({t} i ) então : Em seguida, construiremos 6 > 0 e fam´lias holomorfas de aplicações
(a). racionais (f ) ; 6 e de folheações ( ) ; 6 , tais que = f ( ), para
i (t) é sub-variedade algébrica lisa de codimensão dois de e
todo |t| < 6. Como k  2 a folheação possui k 2 + k + 1 > 3 singu-
i (0) = i , para todo i = 1, ..., N (k) e todo t ; D6 .
laridades. Podemos então supor que p1 = [1 : 0 : 0], p2 = [0 : 1 : 0] e
(b). I(t) 2 i (t), para todo i = 1, ..., N (k) e todo t ; D6 . Além p3 = [0 : 0 : 1]. Isto signihca que se F = (F1 , F2 , F3 ), é a expressão
disto, se i W= j então i (t)  j (t) = I(t), para todo t ; D6 , homogênea de f , então 1 , 2 e 3 são as interseções completas
sendo a intersecão tranversal.  (F2 = F3 = 0),  (F1 = F3 = 0) e  (F1 = F2 = 0), respectiva-
mente. Vamos agora utilizar um resultado de geometria algébrica que
(c). i (t) \ I(t) está contido no con unto de pontos de up a de , garante que uma pequena deformação de uma interseção completa de
para todo i = 1, ..., N(k) e todo t ; D6 . Em particular, em codimensão dois lisa é uma interseção completa lisa (veja [Ca]). Mais
cada i (t) o tipo transversal de é constante e coincide com o precisamente, como 1 e 2 são interseções completas transversais,
tipo transversal de alguma singularidade de (p, t), para algum existe 6 > 0 tal que se |t| < 6 então 1 (t) e 2 (t) são interseções
p ; I(t). completas transversais 1 (t) =  (F2 (t) = F3 (t) = 0) e 2 (t) =
 (F1 (t) = F̂3 (t) = 0), sendo que as fam´lias de polinômios, de grau
Prova. Fixemos i ; {1, ..., N(k)}. Como i é lisa de codimensão
, F1 (t), F2 (t), F3 (t) e F̂3 (t), t ; D6 , são holomorfas e F1 (0) = F1 ,
dois, existe uma vizinhança tubular $1 : 1 i de classe de i
F2 (0) = F2 e F3 (0) = F̂3 (0) = F3 . Dehnimos então f (t) como o pro-
tal que a hbra Fz := $11 (z) é difeomorfa a uma bola 2 de dimensão
jetivizado de F (t) = (F1 (t), F2 (t), F3 (t)). Como e ( , ) é aberto,
complexa dois. Podemos supor que $1 é compat´vel com $, onde
existe 61 > 0 tal que se |t| < 61 então f (t) ; e ( , ). Ahrmamos
$ é como no lema 2.3.2, isto é, se z ; I(f ) e z ; i  z então
que i (t) é hbra de f (t) para todo t próximo de t = 0.
Fz 2 z (veja [ i]). O argumento é o mesmo do lema precedente :
vamos costruir um germe de aplicação , * : (C i , {0} i ) 1 Com efeito, seja (t) =  (F1 (t) = F2 (t) = F3 (t) = 0). Provemos
tal que *(t, z) ; Fz para todo t. Como i é compacta, * tem um primeiramente que (t) = I(t) se |t| < 61 . De fato, I(t) = 1 (t) 
representante * : D6 i 1 e tomamos i (t) = *({t} i ). 2 (t) =  (F1 (t) = F2 (t) = F3 (t) = F̂3 (t) = 0) 2 (t). No caso =
Fixemos z ; i \ I(f ). Ahrmamos que existe um germe de 3 tanto (t) quanto I(t) são conjuntos hnitos contendo 3 pontos,
aplicação *z : (C, 0) Fz tal que *z (t) é uma singularidade de logo I(t) = (t). No caso > 3, (t) é liso de codimensão três e
up a de , para todo t (onde está dehnida). Com efeito, seja conexo (teorema de Lefschetz). Neste caso, como I(t) tem a mesma

( ) ; & uma fam´lia holomorfa de 1-formas holomorfas integráveis dimensão temos I(t) = (t). Em particular, obtivemos que
tal que  representa numa vizinhança hxa Wz de z em .
Como d (z ) W= 0, tomamos Wz de forma que d (p) W= 0 para todo I(t) =  (F1 (t) = F2 (t) = F3 (t) = 0) 2 2 (t) 2  (F̂3 (t) = 0) .
p ; Wz . Seja 6(z ) > 0 tal que, se |t| < 6(z ) então d (p) W= 0
Vamos agora utilizar o teorema de Noether, o qual pode ser enun-
para todo p ; Wz . Com isto, se p ; si ( )  Wz então p é
ciado no caso em que estamos interessados, como se segue. Se-
de up a para , se |t| < 6(z ). Vamos agora utilizar a estrutura
jam 1 , ..., k ; C[z1 , ..., z ] onde 1  k  e  2. Seja
transversal local de produto para . Como Fz é transversal a i
X = ( 1 = ... = k = 0). Suponha que o conjunto Y := {p ;
e = tem uma singularidade de up a em z ,  | tem uma
X | d 1 (p) + ... + d k (p) = 0} é hnito. Se ; C[z1 , ..., z ] é tal que
singularidade de multiplicidade um em z ; Fz l 2 . Como es-
|X # 0 então ; < 1 , ..., k >, o ideal gerado por 1 , ..., k .
tas singularidades são estáveis por perturbações, existe um germe de
No nosso caso, tomamos k = 3, 1 = F1 (t), 2 = F2 (t) e 3 =
aplicação , *z : (C, 0) Fz , tal que *z (t) é uma singularidade
F3 (t). Neste caso Y = {0}. Logo, vale o teorema de Noether e temos
de multiplicidade um de  | , para todo t. O ponto *z (t) é uma
F̂3 (t) ; < F1 (t), F2 (t), F3 (t) >. Utilizando o fato de que todos os
singularidade de (verihque), para todo t tal que *z (t) ; Wz , logo
polinômios envolvidos são homogêneos de mesmo grau , obtemos
é de up a. Com isto construimos um germe de aplicação ,
que
F̂3 (t) = f1 (t).F1 (t) + f2 (t).F2 (t) + f3 (t).F3 (t) ,
* : (C ( i \ I(f )), {0} ( i \ I(f )) 1 ,
onde f1 (0) = f2 (0) = 0, f3 (0) = 1 e fi (t) ; C, 1  i  3. Isto
tal que *(t, z) ; Fz e *(t, z) é singularidade de up a de , para implica que 2 (t) é uma hbra de f (t), como o leitor pode veri-
todo t. hcar. Analogamente, se i (t) =  (H1i (t) = H2i (t) = 0), utilizando
Vamos agora estender o germe * aos pontos de {0} I(f ). Fi- que I(t) 2 i (t), prova-se, utilizando o teorema de Noether, que
xemos z ; I(f ). Como vimos, existem vizinhança Wz de z e H1i (t), H2i (t) ; < F1 (t), F2 (t), F3 (t) > e que i (t) é hbra de f (t), para
uma submersão : Wz C3 tal que | é representada por todo t suhcientemente pequeno. Deixamos os detalhes para o leitor.
 = ( ), onde representa a folheação ; S(2, k) de 2 em Obtivemos então uma fam´lia holomorfa de aplicações racionais
coordenadas homogêneas. emos | = (2 ( )) e i  Wz = (f (t)) ; 6 tal que i (t) é hbra de f (t) para todo t ; D6 e todo
1
(1
2 (p i )), com p i ; si ( ). Além disto, existe uma fam´lia holo- i ; {1, ..., N (k)}. Diminuindo 6 > 0, se necessário, vamos agora
morfa de 1-formas ( )| |<& tal que  =  e  representa | , dehnir uma fam´lia ( (t)) ; 6 , tal que (t) = f (t) ( (t)), para todo
para todo |t| < &. Pela construção do lema 2.3.2, (t, z ) é uma |t| < 6. No caso > 3, sabemos que I(t) é conexo e que (t) é
s.s.n. de tipo [1 : 1 : 1] de  | , para t ; D6 . A forma  | , em localmente equivalente ao longo de I(t) ao produto de um germe
algum um sistema de coordenadas local em (t, z ), representa uma de folheação regular de codimensão três por um germe de folheação
folheação 2 ( ), onde é folheação holomorfa de 2 e a fam´lia singular em (C3 , 0) do tipo 3 ( (t)), onde (t) ; o (2, k), sendo
( ) ; 6 é holomorfa, com = . Como S(2, k)  (2, k) é aberto t) (t) holomorfa. No caso = 3, tomamos (t) = (q1 (t)) (veja
em o (2, k), podemos supor que para |t| < 6, ; S(2, k)  (2, k) e a observação 2.3.2). Como S(2, k)  (2, k) é aberto podemos supor
tem uma singularidade pi (t) tal que a aplicação t ) pi (t) ; 2 é holo- que (t) ; S(2, k)  (2, k), se |t| < 6. Dehna ˆ (t) = f (t) ( (t)) ;
morfa e pi (0) = pi . Isto implica que si ( | ) possui uma com- ( , , k). O próximo resultado implica o teorema.
ponente irredut´vel Si (t) de codimensão dois e lisa que corresponde a Lema 2. . . Existe 61 > 0, 61  6, tal que ˆ (t) = (t), se |t| < 61 .
singularidade pi (t), sendo Si (0) = i  z . Como ; S(2, k), todo
ponto q ; Si (t) \ {(t, z )} é de up a para . A fam´lia (Si (t)) ; 6 Prova. Vamos considerar primeiramente o caso = 3. Sejam
é uma deformação anal´tica do germe de i  z em z . I(t) = {q1 (t), ..., q 3 (t)} e (t) a variedade racional obtida de 3
3
após blo ing-ups pontuais em q1 (t),...,q 3 (t). Seja $(t) : (t) estratos do conjunto singular, e em particular I(t) em 3 pontos.
a aplicação de blo ing-up. O divisor excepcional de $(t) consiste Isto implica que f (t)| tem posto dois para todo |t| < 6 (verihque).
de 3 sub-variedades j (t) = $(t)1 (qj (t)), 1  j  3 , biholo- Podemos então aplicar o argumento do caso = 3. Isto implica que
morfas a 2 . Denotemos 1 (t) = $(t) ( (t)) e ˆ1 (t) = $(t) ( ˆ (t)). (t) = ˆ (t) e termina a prova do lema e do teorema (veja o exerc´cio
ostar´amos de observar que a aplicação f (t)H$(t) : (t)\j j (t) Ex. 2. ).
2 2
se estende a uma aplicação holomorfa f1 (t) : (t) , se |t| é
er ação 2. . . O resultado do teorema 2 é ainda verdadeiro nos
suhcientemente pequeno. Isto é consequência de que dF1 (t)(qj (t)) +
casos k = 0, 1 e  2, isto é, ( , , k) é componente irredut´vel
dF2 (t)(qj (t)) + dF3 (t)(qj (t)) W= 0, 1  j  3 , se |t| é pequeno (veja o
de o ( , f( , k)), para k = 0, 1. Nestes casos, ( , , k) coincide
Ex. 2.7). A aplicação f (t) pode ser interpretada como se segue. Cada
com outras componentes que serão estudadas no próximo cap´tulo
hbra de f (t) passa por q1 (t) uma única vez, o que implica que cada
( eorema 3 e corolário 3.3.1 do teorema 4).
hbra de f1 (t) carta transversalmente 1 (t) uma única vez. Como
(t) \ j j (t) é biholomorfa a 3 \ I(t), identihcando 1 (t) com
2
, podemos imaginar que, se q ; (t) \ j j (t) então f (t)(q) = o 2.4 Exerc´cios.
ponto de interseção da hbra f1 (t)1 (f1 (t)(q)) com 1 (t). Com esta
interpretação em mente, temos . 2.1. Prove as soluções do sistema
(t) = 1 (t)| ( ) = ˆ1 (t)| ( ) .
1 1
k1 . 1  r(1) = k2 . 2  r(2) = k3 . 3  r(3) = 1( 1 + 2 + 3) W= 0
A primeira igualdade vem do fato de que (t) é representada numa
carta local por uma 1-forma (t), que representa (t) em coorde- são racionais positivas, se k1 , k2 , k3 ; N.
nadas homogêneas. A segunda decorre de que ˆ1 = f1 (t) ( (t)).
Como t ) p1 (t) ; 2 é holomorfa, existe uma fam´lia holomorfa . 2.2. Sejam L e N operadores lineares em C tais que det(L) W= 0
de automorhsmos de 2 , t ) (t) tal que (t)(0) = p1 (t). Sub- e [L, N ] = .N onde W= 0. Prove que N é nilpotente.
stituindo, se necessário, (t) por (t) ( (t)), podemos supor que . 2. . Prove que ( , , k) 2 o ( , (k + 2)  2).
p1 (t) = [0 : 0 : 1] ; 1 (t) l 2 . Seja 11 (t) o transformado es-
trito de 1 (t) por $(t). endo-se em vista as identicações anteriores, . 2. . Prove que o conjunto das aplicações racionais genéricas de
podemos supor que 11 (t) = f1 (t)1 [0 : 0 : 1]. No sistema de coorde- grau , e ( , ), é um aberto de aris i não vazio do conjunto de
nadas ahm = (x1 , x2 ) = [x1 , x2 , 1] de 2 temos p1 (t) = (0, 0). Seja todas as aplicações racionais de grau de em 2 .
X(t) = (x1 , x2 , t)(/(x1 + (x1 , x2 , t)(/(x2 um campo que repre- 2
senta (t) em , onde t ) X(t) é holomorfa. Existe uma fam´lia . 2. . Seja f :  uma aplicação racional não constante
holomorfa t ) (t) de rotações de l C2 , tal que os auto-espaços de grau  2. Prove que o conjunto de valores cr´ticos de f é uma
de D( (t) (X(t))(0) são os eixos x1 e x2 . Desta forma, substituindo curva algébrica de 2 .
se necessário (t) por (t) ( (t)), podemos supor que (t) tem uma . 2.6. Prove que a última ahrmação da prova do lema 2.3.1 :
separatriz 1 (t) tangente ao eixo x1 , para |t| pequeno. Correspon- ( ) 2 i i .
dente a 1 (t) temos uma folha L̂(t) de ˆ1 (t). A folha L̂(t) é aquela
que contém f1 (t)1 ((t)) (lembrar que ˆ1 (t) = f1 (t) ( (t))). Por . 2.7. Sejam f ; e (3, ) e a variedade obtida explodindo
outro lado, 11 (t) está contido no conjunto de up a de 1 (t), para os 3 pontos de 3 em I(f ). Seja $ : 3
a aplicação de blo ing-
|t| pequeno. Com efeito, fora de j j isto é claro. Em 1 (t) isto up. Prove que f H $ : \ $ 1 (I(f )) 2
se estende a uma aplicação
2
decorre de que se  = (( 1 + (( 2 então (0, 0, 0) W= 0. Com um holomorfa f1 : .

argumento análogo prova-se que 11 (t)  j (t) está no conjunto de . 2. . Seja 2 r(k, ) um conjunto denso de k-planos de ,
up a de 1 (t) para todo j = 2, ..., 3 . Utilizando agora a estru- k  2. Sejam e ˆ duas folheações tais que | = ˆ | para todo
tura produto local de 1 (t) ao longo de 11 (t) vemos que 1 (t) possui H ; . Prove que = ˆ .
uma folha L(t) tal que L(t)  1 (t) V 1 (t). Ahrmamos que L(t) e
L̂(t) coincidem para |t| pequeno, isto é, 1 (t) e ˆ1 (t) têm uma folha
não algébrica em comum. Como veremos no hnal, isto implicará que
(t) = ˆ (t).
De fato, hxemos uma bola 2 l C2 com centro em 0 tal que 0
é a única singularidade de (t) em para todo |t| < 6. Seja (t) :=
f1 (t)1 ( ) e coloquemos f1 (t) = ( (t), (t)), onde (t), (t) : (t)
C. Se S é uma curva holomorfa compacta contida em (t) então
S é necessáriamente uma hbra de f1 (t). Isto decorre do princ´pio
do máximo aplicado a função holomorfa f1 (t)|S : S . Como
(t) é tangente ao eixo x1 , ela é o gráhco de uma função * , isto é,
(t) = (x2  *(x1 , t) = 0), onde *(0, t) = ((*1 (0, t) = 0. Podemos
tomar o dom´nio da função * uniforme, isto é, existem r > 0 e 6 > 0
tais que se |t| < 6 e |x1 | < r então * : (|x1 | < r) C. Como 1 (0) =
ˆ1 (0), então L(0) = L̂(0). Portanto para |a| < r a folha L(0) = L̂(0)
corta transversalmente a superf´cie f11 (x1 = a) = (0)1 (a) na curva
( (0) = a, (0) = *(a, 0)) 2 (0). Por transversalidade, podemos
garantir que existe 0  r1 < r tal que se |a| < r1 então a folha L(t)
corta transversalmente a superf´cie (t)1 (a) numa curva holomorfa
contida em (t). Esta curva é uma hbra de f1 (t), logo é a hbra
que contém o ponto (a, *(a, t)) ; 1 (t). Decorre da´ que L(t) e L̂(t)
coincidem numa vizinhança de 11 (t). Logo L(t) = L̂(t), se |t| é
pequeno.
Conclu´mos acima que 1 (t) e ˆ1 (t) têm uma folha comum, L(t).
Isto implica que F (t) := $(t)(L(t)) é uma folha de ambas as fol-
heações (t) e ˆ (t). Seja T (t) := T a ( (t), ˆ (t)) o conjunto de
tangências entre (t) e ˆ (t). Este conjunto pode ser dehnido por
T (t) = 3 ({z ; C \ {0} | (t) + ˆ (t) = 0}), onde (t) e ˆ (t) dehnem
(t) e ˆ (t), respectivamente. Portanto é um conjunto algébrico.
Como ele contém uma superf´cie imersa não algébrica de dimensão
dois, L(t), temos necessáriamente T (t) = 3 . Isto prova o teorema
no caso = 3.
Suponhamos que  4. O argumento anterior implica que se H é
um 3-plano genérico de (veja a proposição 1.4.3) então (t)| =
ˆ (t)| . Com efeito, tais planos cortam transversalmente todos os
Seja S = si ( | ). Primeiramente, vamos provar que  se
estende a uma vizinhança de H \ (||  S). Fixemos p ; H \ (|| 
S). Como S V si ( )  H, p não é singularidade de . Além disto,
T é transversal a T H. Logo, existe um sistema de coordenadas
local (W, (x, , z) ; Ck1 C C k ) tal que p ; W , x(p) = 0 ; Ck1 ,
(p) = 0 ; C, z(p) = 0 ; C k , H  W = (z = 0) e | é dehnida
Cap´tulo 3 pela forma d , isto é, as suas folhas são as hipersuperf´cies ( = te).
Como  representa fora de ||  || , temos necessáriamente
|  = f.d , onde f ; (W  H). Logo, 0 = d = df + d , o que
implica que f = f ( ), ou seja só depende de . Em particular, a forma
Folheações dehnidas por f ( )d estende |  a W . Coloquemos
forma representa em W \ |
= f ( )d ; 1 (W ). A
| . Seja (Wj )j; uma cobertura
de H \ (||  S) por abertos de , onde em cada Wj está dehnida
formas fechadas. uma forma holomorfa fechada j que representa
e j |  = |  . Se Wi  Wj := Wij W= ! então j = i
em Wj \ | j |

em Wij . De fato, escrevendo as coordenadas (Wj , (x, , z)) como


anteriormente, obtemos que j = fj ( )d e que i = fi ( )d em Wij .
Neste cap´tulo veremos que, para todo  3 e todo k  0, existem Como 0 = ( j  i )| i  = (fj ( )  fi ( ))d , obtemos que j = i
componentes irredut´veis de o ( , k) em que todas as folheações são em Wij . Isto implica que  se estende a uma forma fechada holomorfa
dehnidas por formas fechadas. Na seção 3.2 serão vistas as compo- , como desejada, dehnida numa vizinhança de H \ (||  S).
nentes racionais, nas quais todas as folheações possuem uma integral A forma se estende meromorhcamente a uma vizinhança de um
primeira racional. Na seção 3.3 serão estudadas as componentes do ponto p ; || \S. Com efeito, em primeiro lugar, todas componentes
tipo logar´tmico. A seção 3.1 será dedicada a apresentar alguns re- irredut´veis de || são invariantes por | (veja a proposição 1.2.
sultados de extensão de estruturas tranversais projetivas e ahns, que e o Ex. 3.1). Como p ; / si ( | ) = S, || é liso em p. Neste caso,
serão utilizadas nas provas dos teoremas principais. existe um sistema de coordenadas (W, (x, , z) ; Ck1 C C k tal
que W  H = (z = 0), |  é dehnida por d e W  H  || =
( = 0). Como anteriormente, podemos escrever |  = f ( )d , só
3.1 Extensão de estruturas tranversais. que agora f tem um polo em ( = 0). A forma := f ( )d estende
meromorhcamente |  a W . Além disto, esta forma estende a
Lembremos que uma folheação em , dehnida por uma 1-forma uma vizinhança de p (verihque). Desta maneira, estendemos  a uma
meromorfa , admite uma estrutura transversal ahm com polos num forma meromorfa fechada , dehnida numa vizinhança 1 de H \ S.
aberto 2 se, e somente se, existe uma 1-forma meromorfa esta agora estender  a uma vizinhança de S. Para isto notamos
fechada em , , tal que d =  +  (veja a proposição 1. .2). que od (S)  2, ou seja, dado p ; S existe um 2-plano 2 H tal
Ela possui uma estrutura tranversal projetiva com polos em se, que p é um ponto isolado de S em . Seja (W, (x, ) ; C2 C 2 )
e somente se, existem 1-formas meromorfas em , 1 e 2 , tais que uma carta local em p tal que  W = ( = 0) e p = (x = = 0).
d = 1 + , d1 =  + 2 e d2 = 2 + 1 (veja o teorema 1.1 ). Como p é isolado em S, existe r > 0 tal que se r := ( = 0, |x| 
Portanto, a extensão de tais estruturas a , se reduz a estender as r) então S  r = {(0, 0)}. Logo, ( = 0, r/2  |x|  r) 2 H \ S e
formas meromorfas em a formas meromorfas em . O resultado existe 6 > 0 tal que 6 := (| | < 6, r/2 < |x| < r) 2 1 , o aberto onde

principal que utilizaremos é o seguinte : está dehnida. Observamos agora que 6 é um dom´nio de artogs,
cujo fêcho anal´tico é := (| | < 6, |x| < r) (veja [Sc-LN] ou [Si]). O
Teorema .1. Se am um hbrado vetorial holomorfo em e X teorema de extensão de Levi garante que se estende a uma forma
um sub-con unto algébrico de dehnido em coordenadas homogêneas meromorfa em , logo a uma vizinhança de p. Denotando esta forma
por k polinômios, onde 1  k  1. Se a uma vi inhanca conexa por , temos d |6 = 0, logo é fechada.
de X. Então toda secão meromorfa (resp. holomorfa) de em , Com isto, estendemos  a uma 1-forma meromorfa fechada ,
se estende a uma secão meromorfa (resp. holomorfa) de em . dehnida numa vizinhança conexa de H, que representa em .
A prova do teorema é baseada no teorema de extensão de Levi, Pelo teorema 3.1, se estende a uma 1-forma meromorfa  em .
no caso meromorfo, e no de artogs, no caso holomorfo. Como ela Esta forma é necessáriamente fechada, já que d| = 0. Se é a
é razoavelmente longa, não será feita aqui. ecomendamos ao leitor folheação dehnida por  em , então e coincidem num aberto
as referências [Sc-LN] e [Si]. Deste teorema, obtemos as seguintes não vazio de , logo = . Isto prova o resultado.
consequências :
oro ario .1.1. Se a X 2 um sub-con unto algébrico intersecão 3.2 Componentes racionais.
completa de codimensão um ou dois, onde  3. Se a uma vi in-
hanca conexa de X. Então toda k-forma meromorfa em se estende Nesta seção exibiremos algumas componentes de o ( , k),  3, em
a uma k-forma meromorfa em . que todas as folheações têm integral primeira racional. oda função
racional f de , pode ser escrita na forma f = / , onde e
Observamos que um sub-conjunto algébrico de , tipo interseção são polinômios homogêneos do mesmo grau, ou seja, f [z : ... : z ] =
completa e de dimensão  1, é conexo. Em particular X possui um (z , ..., z )/ (z , ..., z ). Vamos supor que e não têm fator
sistema fundamental de vizinhanças conexas. comum. Em qualquer caso, a forma := d  d , dehne uma
oro ario .1.2. Se am uma folheacão de codimensão um em , folheação em de codimensão um, (f ), em que f uma integral
 3, e X 2 um sub-con unto algébrico intersecão completa de primeira. Por exemplo, se = Ff e = f q , onde p, q ; N
codimensão um ou dois. Se a uma vi inhanca conexa de X. Se são relativamente primos e f > 1, então f = f , onde = F / q .
tem uma estrutura transversal ahm (resp. pro etiva) com polos numa Portanto, (f ) = ( ). A idéia, é hxar um grau k para a folheação
vi inhanca conexa de X, então esta estrutura se estende a uma e procurar, dentre as que possuem integral primeira, aquelas em que
estrutura transversal ahm (resp. pro etiva) com polos de em . qualquer deformação holomorfa em o ( , k) seja por folheações que
têm integral primeira.
Uma outra consequência, que será utilizada mais a frente, é a
seguinte : em o .2.1. Sejam F1 , ..., Fr polinômios homogêneosem C +1
não constantes. Sejam 1 , ..., r inteiros não nulos tais que rj=1 j . r(Fj
ro o ição .1.1. Se a uma folheacão em ,  3, tal que 0. Esta última condição implica que existe uma função racional f em
od(si ( ))  2. Se a 2  k < e suponha que existem um k-plano tal que f [z] = F1 1 (z)...Fr (z) para todo [z] ; . A forma
H, em posicão geral com , e uma -forma meromorfa fechada  em
H, tal | é dehnida por . Então  se estende a uma única forma 3r
df dFj
meromorfa fechada  em que dehne em . := F1 ...Fr = F1 ...Fr j
f j=1
Fj
Prova. Ahrmamos que  se estende meromorhcamente a uma 
1-forma numa vizinhança de H, que dehne em . dehne uma folheação em de grau j r(Fj )  2, já que i = 0.
Observe que se r  3, a forma admite a deformação não trivial As formas normais acima decorrem do teorema de linearização de
Poincaré e do teorema de Dulac (veja os teoremas 1.4 e 1. ). Vamos
r
3 dFj então considerar a situação geral de uma folheação de codimensão
:= F1 ...Fr j , := ( 1 , ..., r) ; (C )r .
Fj um em ,  3, com uma componente de up a com tipo
j=1
transversal como em (i), (ii) ou (iii).
r
onde j=1 j. r(Fj ) = 0. A forma não possui integral primeira
Lema .2.2. Se a uma folheacão de codimensão um em tal
se [ 1 : ... : r] / (Qr ).
; que o con unto singular possui uma componente de up a com
O exemplo 3.2.1 nos motiva a procurar componentes irredut´veis tipo transversal como em (i), (ii) ou (iii) e no dom´nio de Poincaré.
que contenham folheações com integrais primeiras da forma f = Então :
F / q , onde p = r( ) e q = r(F ), ou seja, dehnidas em coor- (a). o caso (i) temos 2/ 1 ; Q+ .
denadas homogêneas pela forma := p dF  q F d . A folheação
( ), dehnida por , tem grau k = r(F ) + r( )  2. Em princ´pio, (ii). os casos (ii) e (iii) temos a = 0.
si ( ) pode conter componentes de codimensão um. Diremos que
o par (F, ) é genérico, se F e são irredut´veis e se as hipersu- Prova. Vamos supor primeiramente que = 3. Neste caso,
perf´cies dehnidas em por (F = 0) e ( = 0) são transversais. 2 3 é uma curva algébrica lisa. Seja := (Wj )j; uma cober-
Estas condições implicam que tura de 3 por abertos, onde para cada j ; existe um sistema
de coordenadas (Wj , (xj , j , zj ) ; C C C) tal que  Wj =
+1 (xj = j = 0) e se j := Wj  W= ! então | é representada
F (z) = (z) = 0 , z ; C \ {0} =p dF (z) + d (z) W= 0 . (3.1)
por um campo Yj como em (i), (ii) ou (iii). As coordenadas são
Observamos que, se (F, ) é um par genérico então od(si ( ))  2 tomadas de tal forma que Yj = 1 xj (/(xj + ( 2 + a.xj )(/( j ,
(veja o Ex. 3.2). Além disto, se denotamos por P( , q, p) o conjunto  1. Supomos também que a cobertura é de Lera (veja [ - ]).
de todos os pares (F, ), de polinômios homogêneos em C +1 , onde Como  Wj = (xj = j = 0), se Wij := Wi  Wj W= ! então
r(F ) = q e r( ) = p, então o sub-conjunto de pares genéricos, Wj  (xi = i = 0) = Wi  (xj = j = 0), logo existem funções
( , q, p), é aberto e denso em P( , q, p) (veja o Ex. 3.3). aij , ij , ij , dij ; (Wij ) tais que
Usaremos a notação : ( p, q) = { ( ) ; o ( , p + q  2) | = l
q F d  p dF , r(F ) = q e r( ) = p}. A prova do próximo xi = ij .xj + #ij . j
resultado, pode ser encontrada em parte na referência [ M-LN]. A , (3.2)
i = ij .xj + &ij . j
demonstração que daremos é baseada numa idéia contida em [Sc].

Teorema . Se a (F, ) um par polinômios homogêneos genéricos onde ij := ij .&ij  #ij .ij ; (Wij ). Se ij é a matriz dada por
(3.2), então a coleção ( ij ) i W=! é um cociclo multiplicativo de ma-
em C +1 ,  3, onde r(F ) = q e r( ) = p. Se a ( ) ;(C, )
um germe de fam´lia holomorfa de folheacões de grau p + q  2 tal trizes que representa as transições do hbrado normal N de em 3 .
que é dehnida em coordenadas homogêneas por q F d  p dF . A sua segunda classe de Chern 2 (N ), considerada como elemento de
H ( 3 ), representa o grau de , isto é, se 1 (N 2
$ ) ; H ( ) rep-
3
Então ; ( , q, p) para todo t. Em particular, ( p, q) é uma
componente irredut´vel de o ( , p + q  2) para todo  3. resenta o hbrado normal de um 2-plano, então 3 1 (H) + 2 (N ) =
r( ) (veja [ - ]). Além disto, ij = det( ij ) e L := (ij ) i W=! é
Prova. Fixemos um germe de fam´lia holomorfa de folheações um cociclo multiplicativo em H 1 ( 3 , ). A primeira classe $ de Chern
( ) ;(C, ) , com = ( ), sendo := q F d  p dF e (F, ) de L, considerada como elemento de H 2 ( 3 ), satisfaz 1 (L) > 0

um par genérico, com r(F ) = q e r( ) = p. O conjunto singular (veja [ - ]). No caso em que é uma interseção completa de duas
de contém uma componente de up a :=  (F = = 0), de superf´cies$algébricas de graus p e q, temos r( ) = p.q (teorema de
tipo transversal X := q x(/(x + p (/( . Com efeito, (3.1) implica Bézout) e 1 (L) = p + q.
que se ; então existe um sistema de coordenadas local em , Consideremos o caso (i). Vamos nos restringir aos ´ndices j ;
(W, := (x, , z) ; C C C 2 ), tal que ( ) = 0 e f ( ) := tais que Wj  W= !. O campo Yj = 1 xj (/(xj + 2 j (/( j
( ) = . Como f é integral primeira de , esta folheação pode representa o tipo transversal de em . Ele possui duas separatrizes
ser representada em W pela forma  := q x d  p dx. Como d = lisas por 0 ; C2 , as curvas (xj = 0) e ( j = 0). Além disto, estas
(p + q)dx + d W= 0, é componente de up a com tipo transversal separatrizes são as únicas lisas, já que 1 / 2 , 2 / 1 ; / N. Como Yj
X, pois iX  = 0. está no dom´nio de Poincaré, temos também e( 2 / 1 ) > 0. Além
Vamos considerar um representante do germe ( ) ;(C, ) dehnido do mais, todas curvas integrais de Yj em C2 , são aderentes a origem,
em (|t| < &). logo ele não possui integral primeira holomorfa não constante. Isto
implica que, se é um aberto conexo qualquer tal que  W= !
Lema .2.1. Existem 0 < 6  &, e uma isotopia ,  : D6 então | não possui integral primeira holomorfa não constante.
tais que :
O fato de que (xj = 0) e ( j = 0) são as únicas separatrizes lisas
(a). := ({t} ) é componente de up a de , para todo de Yj implica que, se Wij W= ! então Wi (xj = 0) = Wj (xi = 0), ou
|t| < 6. Wi  (xj = 0) = Wj  ( i = 0). Como 1 W= 2 , vale que Wi  (xj =
0) = Wj  (xi = 0) (verihque). Analogamente, Wi  ( j = 0) =
(b). é de tipo transversal q x(/(x + p (/( , para todo |t| < 6. Wj  ( i = 0). Em particular, existem germes de hipersuperf´cies S1
e S2 ao longo de tais que S1  Wj = (xj = 0) e S2  Wj = ( j = 0).
Prova. A prova da parte (a) do lema é análoga a do lema 2.3.3 Além disto, temos #ij = ij # 0, xi = ij .xj e i = &ij . j em (3.2), se
da seção 2.3. Deixamos os detalhes para o leitor. Provemos a parte Wij W= !. Note que os cociclos multiplicativos L1 := ( ij | i ) i W=! e
(b). Denotemos por X um germe de campo holomorfo em (C2 , 0) L2 := (&ij | i ) i W=! em H 1 ( , ), representam os hbrados normais
que representa o tipo transversal de em . Podemos supor que a S1 e S2 , respectivamente. Vamos agora obter uma relação entre
X = (x, , t)(/(x + (x, , t)(/( , onde e são holomorfas eles.
em (x, , t), (x, , 0) = q x , (x, , 0) = p e X (0) = 0 (veja o A folheação | é representada pela 1-forma j = 1 xj d j 
Ex. 3.4). Como esp(X, 0) está no dom´nio de Poincaré, diminuindo 2 j dxj . Se Wij W= ! existe ij ; (Wij ) tal que i = ij .j . Da´
6 se necessário, podemos supor que esp(X , 0) está no dom´nio de obtemos :
Poincaré, para todo t ; D6 . Sendo assim, temos três possibilidades
(exclusivas) : d i dxi d j dxj
i := 1  2 = *ij ( 1  2 ) := *ij .j ,
i xi j xj
(i). X é linearizável e equivalente a 1 x(/(x + 2 (/( , onde
1 , 2 W= 0 e 2 / 1 , 1 / 2 ;
/ N  Q . i
onde *ij = i i
= i i &i é holomorfa em Wij . Como as formas
(ii). X é linearizável e equivalente a (x(/(x+( +a.x)(/( ), onde i e j são fechadas, temos d*ij + j = 0, o que implica que *ij é uma
W= 0 e a ; C. integral primeira holomorfa de em Wij , ou seja, *ij é constante.
De fato, *ij # 1, pois os res´duos de i e de j em S2  Wij são iguais
(iii). X é equivalente a (x(/(x + ( + a.x )(/( ), onde W= 0, a 1 W= 0. Portanto, i = j em Wij e existe uma forma meromorfa
 2 e a ; C. fechada , dehnida numa vizinhança de , tal que | = j para
todo j ; . Por outro lado, de i = j em Wij W= ! obtemos que (I).  = q x dy  p y dx, onde p/q = k/f, mdc(k, f) = 1 e k, f > 1.

d&ij d( i / j ) d(xi /xj ) d ij (II).  = x dy  f y dx, onde f = p/q > 1.


1 = 1 = 2 = 2 . (3.3)
&ij ( i/ j ) (xi /xj ) ij
(III).  = x dy  y dx.
De (3.3) obtemos que 1 . 1 (L2 ) = 2 . 1 (L1 ), onde 1 (Lr ) ; H 2 ( )
Lema 3.2.3. Existe uma vizinhança Vt de Kt tal que :
$é a primeira classe de Chern de Lr , r = 1, 2. Logo, se r :=
1 (Lr ), r = 1, 2, então
(a). No caso (I) existe uma forma fechada meromorfa t em Vt que
representa Ft |Vt .
1. 2 = 2. 1 (3.4)
(b). No caso (II), Ft possui uma estrutura transversal ahm com
Por outro lado, como ij = ij | i = ij .#ij | i , temos
polos em Vt .
d ij d ij d&ij
= + =p 1 (L) = 1 (L1 ) + 1 (L2 ) =p (c). No caso (III), Ft possui uma estrutura transversal projetiva em
ij ij &ij Vt \ Kt .
$
1 + 2 = 1 (L) > 0. Como 1, 2 ; (veja [ - ]), obte- Prova. O caso (I) corresponde a (i) do lema 3.2.1. Como vimos na
mos desta última relação e de (3.4) que 1 , 2 W= 0 e que 2 / 1 = prova do lema 3.2.2, existe uma 1-forma fechada meromorfa t numa
2 / 1 ; Q. Finalmente, como e( 2 / 1 ) > 0, temos 2 / 1 ; Q+ , vizinhança Vt de Kt que representa Ft |Vt . Ela é dada localmente por
como quer´amos. t = q dy dx
y p x .
Os casos (ii) e (iii) serão tratados simultaneamente. A folheação
No caso (II), em que o tipo transversal é  = x dy  f y dx, temos
tem o tipo normal da forma  = x d  ( + a.x )dx, onde ;
o fator integrante xf+1 , isto é, x1f . = d(y/xf ). Seja (Wj )j;J uma
N. Suponhamos que a W= 0. Neste caso, podemos supor a = 1 e
cobertura de Kt por abertos e (xj , yj , zj )j;J uma coleção de cartas
 = xd  ( + x )dx. A folheação dehnida por  em C2 possui
como na prova do lema 3.2.2. A folheação Ft é representada em Wj
apenas uma separatriz pela origem : a curva (x = 0). Além disto,
por j := xj dyj f yj dxj e j := xj1f .j é fechada. Como na prova
ela não possui integral primeira meromorfa não constante numa viz-
do lema 3.2.2, se Wij W= ! então i = *ij .j , onde *ij é constante.
inhança de 0 ; C2 (verihque). Observe também que x +1 é um fator
Aqui não podemos ahrmar que *ij = 1, já que a forma i tem residuo
integrante de , já que
zero ao longo de S  Wi . No entanto, i = *ij .j em Wij implica que
dx existe uma constante ij ; C tal que yi /xfi = *ij .(yj /xfj ) + ij e
x1 . = d( /x )  :=  . (3. ) isto fornece uma estrutura transversal ahm com polos. Deixamos os
x
detalhes para o leitor.
Portanto, | é representada por j := xj d j  ( j + xj )dxj , Consideremos o caso (III). O problema neste caso é que as sepa-
sendo (xj = 0) 2 Wj um germe de hipersuperf´cie invariante por ratrizes de  = 0 são as retas ax + by = 0 e elas são indistingüiveis,
| . Como no caso (i), isto implica que, se Wij W= ! então Wj (xi = no sentido de que não podemos ahrmar a priori que existe um germe
0) = Wi  (xj = 0) e existe um germe de hipersuperf´cie S ao longo de hipersuperf´cie invariante St ao longo de Kt , como nos casos (I) e
de tal que S  Wj = (xj = 0). Além disto, temos em (3.2) que (II). Sejam (Wj )j;J e (xj , yj , zj )j;J como anteriormente, de maneira
#ij # 0, xi = ij .xj e que ij = ij .&ij . O hbrado normal a S ao que Ft |Wj é representada por j := xj dyj  yj dxj . Seja (gij )Wij W=!
longo de é dehnido pelo cociclo L1 := ( ij | i ) i W=! . tal que i = gij .j , se Wij W= !. O que podemos ahrmar, neste

$
Seja ij tal que i = ij .j , Wij W= !, e coloquemos j := caso, é que se hij = gij (um ramo da raiz quadrada) então existem
1
x1 .j . Da´ obtemos que i = *ij .j , onde *ij = j .gij
=
gij ij , # ,  ,
ij ij ij& ; C tais que ij .&ij  #ij .ij = 1 e
n
j xn+1
i ij l
é holomorfa em Wij . Decorre de (3.5) que i e j são fechadas, logo xi = hij ( ij .xj + #ij .yj ) xi ij .xj + #ij .yj
d*ij + j = 0, ou seja, *ij é integral primeira holomorfa de F |Wij . =p = . (3.7)
yi = hij (ij .xj + &ij .yj ) yi ij .xj + &ij .yj
Portanto, *ij é constante. Como os res´duos de i e j em S  Wij
são iguais a 1, obtemos *ij # 1 e i = j em Wij . Da´ e de (3.5) Isto fornece a estrutura transversal projetiva fora de Kt , (lembrar
obtemos que Kt  Wj = (xj = yj = 0)). A prova de (3.7) é deixada como
d ij d(xi /xj ) yi yj
= = d( n  n ) . (3.6) exerc´cio para o leitor (veja o Ex. 3.5).
ij (xi /xj ) xi xj
A idéia agora é provar que é poss´vel estender as estruturas tran-
Lembremos agora que c1 (L1 ), considerado como uma classe em H 2 (W, C) versais em Vt a estruturas tranversais com polos em todo Pn . Isto
1 pode ser feito utilizando o teorema de Catanese (veja [Ca]), o qual já
é dado por um 2-cociclo (fijk )Vijk W=! , onde fijk = 2$i (lg( ij )+lg( jk )+
lg( ki ))|Wijk , sendo lg( ij ) uma determinação do logar´tmo de ij em mencionamos na prova do teorema 2, segundo o qual uma deformação
Wij . A relação (3.6) implica que, se lg( ij ) é uma tal determinação de uma interseção completa lisa de codimensão dois é uma interseção
então completa. Com isto, Kt é uma interseção completa para |t| pequeno
yi yj
lg( ij ) = n  n + 2$i.cij , e pelo corolário 3.1.2 podemos estender as estruturas dadas pelo lema
xi xj 3.2.3 a todo Pn . Outra forma de provar a extensão destas estruturas
onde cij ; C. Logo, se K Wijk W= ! então fijk = cij +c$jk +cki , ou seja transversais é utilizar o argumento de [Sc] :
f = &(c), e f é trivial em H 2 (K, C). Isto implica que K c1 (L1 ) = 0.
2 Lema 3.2.4. Existem uma vizinhança conexa V de K0 e 6 > 0 tais
Por outro lado, HDR (P3 ) l Z e é gerado pela classe do hbrado normal
que se |t| < 6 então :
de um $hiperplano c1 (NH ). Logo, c1 (L1 ) = m.c1 (NH ), onde m ; Z.
Como K c1 (NH ) = gr(K) > 0 (veja [G-H]), obtemos que m = 0, (a). Kt 2 V se |t| < 6.
2
logo c1 (L1 ) = 0 em HDR (P3 ). Utilizando agora que a matriz Aij é
triangular (bij = 0) podemos concluir que c2 (NK ) = c1 (L1 ) + c1 (L2 ), (b). (V é de classe C e Ft é transversal a (V para todo |t| < 6.
onde L2 é a classe obtida
$ do cociclo (&ij )Wij W=! . No entanto, isto (c). As estruturas transversais dadas pelo lema 3.2.3 em V  Vt , se
implica que gr(K) = P3 c1 (NH ) + c2 (NK ) = 0, um absurdo. Logo, estendem a V .
a = 0 e o lema está demonstrado no caso n = 3.
O caso em que n > 3 pode ser reduzido ao anterior, tomando um Como V é, a priori, uma interseção completa, as estruturas se
3-plano H 2 Pn em posição geral com F . Neste caso, a folheação estendem a Pn . Deixamos a prova do lema 3.2.4 como exerc´cio para
F |H satisfaz às propriedades requeridas na prova do caso n = 3 e o leitor (veja o Ex. 3.6).
obtemos o resultado. Deixamos os detalhes para o leitor. Consideremos o caso (I). Neste caso, Ft pode ser dehnida por uma
Para terminar a prova do lema 3.2.1, basta agora observar que a 1-forma fechada meromorfa t em Pn , que estende a forma t dehnida
aplicação t ) esp(Xt , 0) é cont´nua. Pelo lema 3.2.2, necessáriamente em Vt . Seja ( t ) o divisor de polos de t . Se X é uma componente
o quociente dos auto-valores 2 (t)/ 1 (t) ; Q+ , logo é constante. irredut´vel de () então X  Kt W= !, ou seja, X  Vt 2 (t ) .
Utilizando (b) do lema 3.2.2 obtemos que a forma normal de Xt é do Num ponto w ; X  Kt temos coordenadas (W, (x, y, z)) tais que
tipo Xt = (t).(q x(/(x + p y(/(y), o que prova o lema 3.2.1. t = t = p dy dx
y  q x e isto implica que X  W = (x = 0) ou
Voltando à demonstração do teorema 3, temos três possibilidades (y = 0). Decorre da´ que ( t ) possui apenas duas componentes
para o tipo transversal de Ft em Kt : irredut´veis que são polos de ordem um de t . Levando em conta os

res´duos de t , pela proposição 1.2.5 da seção 1.2, podemos escrever polinômios homogêneos e 1 , ..., são tais que j=1 j .gr( j ) = 0.
em coordenadas homogêneas, t = p d tt  q d tt , onde t e t são Vamos supor r  3, já que o caso r = 2 foi estudado na seção 3.2.
polinômios homogêneos. Portanto, Ft tem a integral primeira t / t
e está em (n p, q). eh a 3.3.1. Diremos que uma r-upla := ( 1 , ..., ) de polinô-
Vejamos o caso (II). Sejam t uma 1-forma meromorfa que repre- mios homogêneos em Cn+1 é enérica se as hipersuperf´cies em Pn
senta Ft em Pn e (Wj , (xj , yj , zj ))j;J uma coleção de cartas tais que dehnidas por ( j = 0) são lisas e estão em posição geral. Esta
Ft |Wj é representada por j := xj dyj  f yj dxj . Para todo ; condição é equivalente às seguintes :
existe uma função j , meromorfa em Wj , tal que t = j .j . Logo,
(I). Dados 1  f  min(r, n) e um multi-´ndice  = (1  1 < 2 <
f+1
t = j .xj .d(yj /xfj ) =p dt = j + j , ... < f  r), se p ; ( 1 = ... = f = 0) \ 0 então
dx d
onde j = (f + 1) xjj + jj . Ahrmamos que existe uma 1-forma d 1 (p) + ... + d f (p) W= 0 (3. )
meromorfa  em Vt tal que |Wj = j . Com efeito, se Wij W= !,
temos i .xf+1
i .d(yi /xfi ) = j .xf+1
j .d(yj /xfj ), o que implica, d(yi /xfi ) = (II). Se r > n, n < f  r e  = (1 , ..., f ) então ( 1 = ... = f =
f+1 f+1
j .xj j .xj 0) = 0 .
f+1 d(yj /xfj ). Portanto, f+1 = *ij é constante, como vimos na
i .xi i .xi
prova do lema 3.2.3. omando a derivada logar´tmica desta última Observamos que o conjunto de r-uplas genéricas de polinômios,
relação, obtemos que i = j em Wij . ( 1 , ..., ), com graus gr( j ) = pj , 1   r, é aberto e denso no
A estrutura transversal ahm de Ft é obtida extendendo a forma  conjunto de todas as r-uplas de polinômios de graus correspondentes
(veja o corolário 3.1.1). Podemos escolher t de forma que |t | é um (veja o Ex. 3. ).
hiperplano (H = 0), não invariante por Ft . Neste caso, | j | = (H =  d j
Vamos usar a notação ( , ) = 1 ... j+1 j j
. Note que,
0)  Wj W= (xj = 0), o que implica que ||  Wj V (xj = 0)  | j | .
se 1 , ..., ; C então os coehcientes de ( , ) são homogêneos de
Em particular, || possui duas componentes irredut´veis : (H = 0)
grau gr( 1 ) + ... + gr( )  1. Portanto, ( , ) dehne uma folheação
e uma outra, ( t = 0), tal que Wj  ( t = 0) = (xj = 0), para
F ( , ) em Pn de grau k = gr( 1 ) + ... + gr( )  2. Em geral
todo ; . Utilizando a proposição 1.2.5 da seção 1.2, obtemos que
sing( ( , )) contém componentes de codimensão um.
 = (f + 1) d tt  m dH H
, onde m = (f + 1).gr( t ). Em particular,
temos a 3.3.1. e = ( 1 , ..., ) é uma r upla enérica de
d( f+1
/H ) t polinomios
 homo eneos em Cn+1 , n  3, e 1 , ..., ; C são tais
t
dt =  + t = f+1
+ t =p d( f+1
)=0, que j=1 j .gr( j ) = 0 então c d(sing( ( , )))  2.
t /H t /H

ou seja t := Hf+1 .t é fechada. Ahrmamos que ( t ) = ( tf+1 ) Prova. Suponhamos por absurdo que todas as componentes de
t ( , ) são divis´veis por um polinômio homogêneo não constante.
e que os seus res´duos são todos nulos, ou seja, t = d t , onde t é Neste caso, como n  3, n (( = 0)  ( 1 = 2 = 0)) W= !. ixemos
racional. Com efeito, como p ; n (( = 0)  ( 1 = 2 = 0)) e seja = |1   r e
dxj dj d t dH p ; n ( j = 0) . eordenando os j I , se necessário, podemos
|Wj = (f + 1) + = (f + 1) m , supor que = 1, 2, ..., f , onde f  r. A condição (II) da dehnição
xj j t H
3.3.1 implica que f  n. ixemos um sistema de coordenadas ahm
existem gj , hj ; (Wj ) tais que xj = gj . t |Wj e j = hj .H  |Wj Cn 2 Pn tal que p = 0 ; Cn .

(verihque). Da´ obtemos, Lema 3.3.1. Nas hipóteses acima, existe um sistema de coordenadas
local (W, (x1 , ..., xf , y) ; Cf Cnf ) tal que o erme  de ( , )|W
H H . j
t |Wj = .t |Wj = .j = hj .gjf .d(yj /xfj ) . (3. ) em 0 ; Cn se escreve como
f+1 f+1
t t f
3 dxj
Logo, d(hj .gjf ) + d(yj /xfj ) = 0, o que implica que hj .gjf = cj é uma  = h.x1 ...xf j , (3.10)
j=1
xj
constante. Por outro lado, se X é uma componente irredut´vel de
| t | então X  Kt W= !, ou seja, X  Wj W= !, para algum ; . sendo h ; n.
Decorre da´ e de (3. ) que X  Wj = (xj = 0) = ( t = 0)  Wj ,
sendo a multiplicidade de ( t = 0) em ( t ) igual a f + 1, como Prova. Com efeito, como d 1 (p) + ... + d f (p) W= 0, a aplicação
quer´amos. A relação (3. ) implica também que os res´duos de t são g := ( 1 , ..., f )| n : Cn Cf é uma submersão em 0 ; Cn . Logo
nulos. Portanto, t = d t , onde t = t / tf e gr( t ) = f.gr( t ), ou existe um sistema de coordenadas local (W, (z1 , ..., zf , y) ; Cf Cnf )
seja, q.gr( t ) = q.f.gr( t ) = p.gr( t ). Em particular, a folheação Ft tal que j |W = zj , se 1   f, e i ; (W ), se i > f. azendo
 d
é dehnida em coordenadas homogêneas por t := q t d t p t d t e g := f+1 ... |W e  := j f j jj |W , obtemos
tem grau gr( t ) + gr( t ) 2 = gr( 0 )+ gr( 0 )  2. Da´ obtemos que f
gr( t ) = gr( 0 ) = q e gr( t ) = gr( 0 ) = q. Logo, Ft ; (n, p, q), 3 dzj
( , )|W = g.z1 ...zf ( j + )
como quer´amos. zj
j=1
Consideremos agora o caso (III). Neste caso, Ft tem uma estru-
tura transversal projetiva em Vt \ Kt . Esta estrutura se estende a Como j |W ; (W ) se > f, a forma  é holomorfa e fechada em
uma estrutura transversal projetiva em Pn \ sing(Ft ). Deixaremos a W . Logo, existe * ; (W ) tal que  = d*. Colocando  := e* 1 ,
prova deste fato como exerc´cio para o leitor (veja o Ex. 3.7). Como obtemos d* = 1 d/. Logo,
c d(sing(Ft ))  2, o grupo fundamental de Pn \ sing(F ) é trivial f
g 3 dzj d(.z1 )
(veja [EL]). Pelo teorema 1.14 da seção 1.5.1, existe uma submersão ( , )|W = .(.z1 )...zf ( + )
j 1
holomorfa ˜t : Pn \ sing(Ft ) P1 tal que as folhas Ft são as su-  j=2
zj .z1
perf´cies de n´vel de ˜t . Considerando ˜t como função meromorfa,
ela se estende a uma função racional t : Pn  P1 , pelo teorema azendo h := g/, x1 := .z1 e xj := zj , 2   f, obtemos
f dx
de Levi. Em coordenadas homogêneas temos t = t / t , onde t  = h.x1 ...xf j=1 j xjj e o resultado, já que a aplicação z )
e t são polinômios homogêneos do mesmo grau. Levando-se em (.z1 , z2 , ..., zn ) := (x1 , ..., xn ) é um biholomorhsmo em 0 ; Cn .
conta que t |Pn \ ing Ft é uma submersão, obtemos que Ft é rep- Voltando à demonstração da proposição, seja g o germe de | n
resentada em coordenadas homogêneas por t := t d t  t d t . em 0 ; Cn . Como g(0) = 0, obtemos de (3.10) que g | j x1 ...xf /xj ,
Logo, gr(Ft ) = gr( t ) + gr( t )  2 = gr( 0 ) + gr( 0 )  2, o que im- para todo = 1, ..., f. Como j W= 0 para todo = 1, ..., f, temos
plica gr( t ) = gr( t ) = gr( 0 ) = gr( 0 ). Portanto, Ft ; (n, p, p). g | x1 ...xf /xj , para todo = 1, ..., f. Isto implica que o germe (g = 0)
Isto termina a prova do teorema 3. está contido em X := 1i jf (xi = xj = 0), que é um germe de con-
junto de codimensão dois, um absurdo. Logo, c d(sing( ( , ))  2,
como quer´amos.
3.3 Componentes logar´tmicas.
eh a 3.3.2. Dados r  3 e 1  p1  ...  p , usaremos a
Lembremos que uma 1-formalogar´tmica  em Pn é dada em coorde- notação (n p1 , ..., p ) para o fecho do conjunto de folheações de codi-
d
nadas homogêneas por  = j=1 j jj , onde r  2, 1 , ..., são mensão um de Pn , de grau k := p1 + ...+p 2, que são representadas
em coordenadas homogêneas por uma 1-forma do tipo ( , ) W= 0, Pela condição (II) da dehnição 3.3.1, se f > n então K = !. Colo-
onde = ( 1 , ..., ) é uma r-upla de polinômios homogêneos com quemos também 
gr( j ) = pj , 1   r. Note que (n p1 , ..., p ) é um sub-conjunto K̂ := K \ K .
algébrico irredut´vel de l(n, k). V
W 

e a a 3.3.1. Como vimos na proposição 1.2.5 da seção 1.2, Ahrmamos que o conjunto de up a de F é
uma 1-forma fechada  em Pn , em geral se escreve como 
w W K̂(F ) = K̂ij .
3 d j
= +d , (3.11) i j
j
j=1 j
Com efeito, em primeiro lugar, se p ; sing(F ) \ i j K̂ij , então
 p; / j n ( j = 0), pela condição (I) da dehnição 3.3.1 (as j I são
onde 1 , ..., ; C, j=1 j .gr( j ) = 0, = 1 1 1 ... 1
, sj  1,
 lisas). Neste caso, F pode ser representada numa vizinhança de p
1   r, e gr( ) = j=1 (sj  1).gr( j ). No caso, j é o res´duo  d
de  em ( j = 0) e sj é a multiplicidade de j como polo de , pela forma | n , onde  = j j jj e Cn 2 Pn é um sistema ahm
n
1   r. A folheação dehnida por  em Pn , F (), é representada em tal que p ; C . Como d = 0, p não é singularidade de up a de
coordenadas homogêneas por F . Por outro lado, se p ; K̂ij , onde i < , pelo lema 3.3.1 existe um
 := 1 ... ., se c d(sing( ))  2,
1

e tem grau k = gr(F ()) = j=1 sj .gr( j )  2 (verihque). sistema de coordenadas (W, z = (xi , xj , y) ; C C Cn2 ) tal que
dxj
O que gostar´amos de observar é que z(p) = 0 e F |W é representada por  = h.xi .xj ( i dx xi + j xj ), com
i

h ; (W ). Como d(0) = h(0).( j  i )dxi + dxj W= 0, obtemos


F () ; (n gr( 1 ), ..., gr( ), p) ,
 que p é ponto de up a de F . Isto prova a ahrmação. Note que o
onde p = j=1 (sj 1)gr( j ). A idéia é provar que existe uma fam´lia tipo transversal de F em K̂ij é dado pelo campo de vetores Xij :=
holomorfa, (Ft )t;D6 , de folheações em (n gr( 1 ), ..., gr( ), p), tal i xj (/(xj  j xi (/(xi , ou pela forma ij := i xj dxi + j xi dxj .
que F0 = F (). Com efeito, coloquemos pj := gr( j ). Dehna Por questões técnicas, dividiremos a prova em duas etapas : n = 3
e n > 3.
3 d
= + t. .
j 1 e a a. n = 3. Neste caso, se i < < f então Kijf = n ( i =
t 1 ... j , t;C.
j=1 j j = f = 0) se reduz a um ponto. Vamos denotar este ponto por pijf .
emos também Kij = K̂ij  pijf | f W= i, . Seja (Ft )t; 0 um germe
Como c d(sing( ))  2, existe 6 > 0 tal que c d(sing( t ))  2, se de fam´lia holomorfa em l(n, k) tal que F0 = F . Consideremos
|t| < 6. Ahrmamos que t dehne uma folheação Ft em (n p1 , ..., p , p) um representante da fam´lia num disco & := (|t| < &) e hxemos uma
para 0 < |t| < 6. fam´lia holomorfa ( t )t;D& de 1-formas, tal que t representa Ft em
Com efeito, de (3.11) obtemos, coordenadas homogêneas, sendo 0 = .
3 d j
3 d j Lema 3.3.2. Para todo terno i < < f, existe 0 < 6  & e uma
= 1 ... . j + 1 ... .d  . 1 ... (sj  1) .
j j aplicação holomorfa ijf : 6 Pn , com as se uintes propriedades :
j=1
(a). ijf (t) é sin ularidade simples de Ft , se t ; 6, sendo ijf (0) =
Denotando H = 1 ... , vem que
pijf .
3 d j
3 d j
t = H( + t. ) j + H.d  .H (sj  1) = (b). Existe uma vizinhança Vijf de pijf tal que ijf (t) é a única
j=1 j j=1 j sin ularidade simples de Ft em Vijf .

3 d j 1 1 3 d j (c). Ft pode ser dehnida em Vijf por uma forma fechada mero
= H( +t. ) j + H d( +t. ) H( +t. ) (sj 1)
j t t j morfa.
j=1 j=1

3D Prova. Sem perda de generalidade, vamos supor que i = 1, = 2


sj  1 i d j 1
= H( + t. ) j  + H d( + t. ) . e f = 3. ixemos um sistema de coordenadas ahm C3 2 P3 tal que
j=1
t j t p123 = 0 ; C3 . Neste caso, Ft | 3 é representada por t = t | 3 . Pelo
1 lema 3.3.1, existe um sistema de coordenadas (W, x = (x1 , x2 , x3 ))
Em particular, se t := . t, temos
H. +t. tal que x(0) = 0 e 0 = h.x1 .x2 .x3 ( 1 dx dx dx3
x1 + 2 x + 3 x3 ), sendo
1

3D sj  1 i d 1 d( + t. ) h ; (W ). Coloquemos t := h1 .t , t ; . Note que d0 =


j
t = j  + . 1 .x1 dx2 + dx3 + 2 .x2 dx3 + dx1 + 3 .x3 dx1 +dx2 , onde 1 = 3  2 ,
t j t + t.
j=1 2 = 1  3 e 3 = 2  1 . Como i / j ; / para i W= , temos
j W= 0 se 1   3. Dehnindo t := r t(t ), por i t " = dt , " =
Portanto, t é integrável, já que t é fechada. Por outro lado,
dx1 +dx2 +dx3 , temos 0 = 1 .x1 (/(x1 + 2 .x2 (/(x2 + 3 .x3 (/(x3 ,
3D sj  1 i 1 logo p123 é uma singularidade simples de F0 e não degenerada de 0 .
j  .gr( j) + .gr( + t. ) = 0 Em particular, existem 61 > 0 e uma função holomorfa : (|t| <
t t
j=1 61 ) W tais que (0) = 0 e (t) é a única singularidade de t em
W , sendo esta não degenerada. Logo, podemos aplicar o teorema da
e portanto t dehne uma folheação em (n p1 , ..., p , p) se 0 < |t| < 6.
divisão a parâmetros de De ham a t : como i t t = 0, existe uma
O resultado principal desta seção, cuja prova original foi dada em fam´lia holomorfa de campos de vetores em W , (Xt )t;D61 , tal que
[CA 1] e [CA 2], é o seguinte : t = i t i t " = i t dt . Em particular, t ( (t)) = 0 e (t) é uma
singularidade simples de t . Como já vimos anteriormente, temos
e ema 4. e n  3 então para todo r  3 e toda r upla (p1 , ..., p ), também L t (t ) = t e L t (dt ) = dt . Esta última relação implica
onde pj ; e p1  ...  p , (n p1 , ..., p ) é uma componente que
irredut´vel de l(n, k), onde k = j=1 pj  2. [Xt , t ] = (1  di (Xt )) t := t . t , (3.12)
Prova. Diremos que = ( 1 , ..., ) ; (C ) é genérico, se onde di (Xt ) é dehnido por L t (") = di (Xt ).". Ela implica também
satisfaz às seguintes condições : (i). Se i W= então j / i ; / . que Xt ( (t)) = 0 (verihque). Ahrmamos que t ( (t)) = 0, se |t| <
(ii). Se i, , f são distintos dois a dois então 2 i W= j + f . Seja 61 .
2 (n p1 , ..., p ) dehnido por = F | F é representada em Cn+1 Com efeito, sejam At e t as partes lineares de Xt e t em (t),
 d j
por = j=1 j j , onde ( 1 , ..., ) e = ( 1 , ..., ) ; (C ) , respectivamente. Colocando a(t) = t ( (t)), a relação (3.12) implica
são genéricas . Note que é aberto e denso em (n p1 , ..., p ) que [At , t ] = a(t). t . Por outro lado, como det( t ) W= 0 existe
(verihque). A demonstração do teorema se reduz a provar que, se s ; C tal que det(At + s. t ) W= 0. azendo Ct := At + s. t , obte-
(Ft )t; 0 é um germe de fam´lia holomorfa em l(n, k), tal que mos [Ct , t ] = a(t). t . Se a(t) W= 0, esta última relação implicaria
F0 =; , então Ft ; (n p1 , ..., p ) para todo t. que t seria nilpotente (veja o exerc´cio 2.2 do cap´tulo 2), um ab-
Em seguida descreveremos o conjunto de up a de uma folheação surdo. Portanto, t ( (t)) = 0 para t ; 61 . Em particular, obtemos
 d
F ; , representada por = j=1 j jj . Dado um multi-´ndice [At , t ] = 0 e tr(At ) = 1, já que di (Xt )( (t)) = tr(At ).
 = (1  1 < ... < f  r), onde 1  f  r, coloquemos Observemos agora, que a condição 2 i W= j + f , se os ´ndices
são distintos, implica que i W= j , se 1  i <  3, ou seja, 0
K := n ( 1 = ... = f = 0) . tem auto-valores dois a dois diferentes. Logo, existe 0 < 62  61 tal
que se t ; 6 então t tem auto-valores dois a dois diferentes. Em Isto implicará que t |Wt = 1 (t) d 11 + 2 (t) d + 3 (t) d 33 .
particular, At e t são diagonalizáveis na mesma base. Como
 L t (t ) = t e L t (t ) = 0, temos L t (t ) = t . Seja
t = i ai .z .dzi a série de a lor de t em 0 = zt ( (t)). Da´
Lema 3.3.3. Existem uma bola V 2 W com centro em 0 ; C3 , obtemos
0 < 6  62 e funções holomorfas j : 6 V C com as se uintes 3 3 3
propriedades : ai .z  .dzi = L t ( ai .z  .dzi ) = ( i + < , >).ai .z  .dzi ,
i i i
(a). j (t, (t)) = 0 para t ; 6.
ou seja, i + < , >= 1 sempre que ai W= 0. Se i = 1, por exemplo,
(b). e jt (q) = j (t, q) então d 1t +d 2t +d 3t não se anula em V . temos (1 + 1 ) 1 + 2 . 2 + 3 . 3 = 1. Como i i = 1, obtemos
1 . 1 + 2 . 2 + 3 . 3 = 2 + 3 . Se 2  1, por exemplo, temos
1
(c). e t := 1t . t . 3t
.t então 3 = 1 . 1 + (2  1). 2 + 3 . 3 . Como esp(At + s . t ) não tem
ressonâncias, vem que 1 = 0 e 2 = 3 = 1. Analogamente, se 3 
d 1t d 2t d 3t 1, obtemos 1 = 0 e 2 = 3 = 1. Portanto, a única possibilidade
t = 1 (t) + 2 (t) + 3 (t) (3.13)
1t 2t 3t para que (1 , 2 , 3 ) W= (0, 1, 1) é 1 > 0 e 2 = 3 = 0. Isto implica
que o coehciente de dz1 em t é da forma d(g1 (z1 )) + 1 (t)z2 z3 dz1 .
Em particular, t é lo ar´tmica em V e dehne Ft |V .
Argumentando de maneira análoga com i = 2, 3, obtemos que
Prova. Observemos primeiramente que existe s ; C tal que t = dg + 1 (t).z2 .z3 dz1 + 2 (t).z1 .z3 dz2 + 3 (t).z1 .z2 dz3 := dg + # ,
esp(A0 + s . 0 ) está no dom´nio de Poincaré e não tem ressonâncias.
Deixamos a prova deste fato como exerc´cio para o leitor (veja o Ex. onde g(z1 , z2 , z3 ) = g1 (z1 ) + g2 (z2 ) + g3 (z3 ). Por sua vez, a inte-
3. ). Podemos supor também que os auto-valores de 0 := A0 +s . 0 grabilidade de t implica que dg + d# = 0. Como o leitor pode
são distintos dois a dois. Coloquemos t := Xt +s . t . A parte linear verihcar, utilizando que j (t)  i (t) W= 0, i W= , obtém-se que
de t em (t) é At + s . t . Como os auto-valores de 0 são distintos g1I (z1 ) = g2I (z2 ) = g3I (z3 ) = 0, ou seja, dg = 0.
dois a dois, diminuindo 62 , podemos supor que esp(At + s . t ) := Para terminar a demonstração do lema, é suhciente provar que
1 (t), 2 (t), 3 (t) , onde as aplicações t ; 6 ) j (t) ; C são podemos supor que j (t, q) := jt (q) é holomorfa em 6 V . Para
holomorfas, 1   3, e i (t) W= j (t) se 1  i <  3. Como 0 isto, é suhciente normalizar o sistema de coordenadas escolhido para
está no dom´nio de Poincaré, existem ; C, com | | = 1, e uma linearizar t em (t) : tomamos zt = (z1t , z2t , z3t ) de forma que
bola V com centro em 0, tal que V 2 W , 0 é transversal a (V e os a matriz jacobiana zt ( (t)) = , a matriz identidade. Com esta
auto-valores de . 0 têm parte real negativa. escolha, o sistema de coordenadas é único e (t, q) ) zt (q) é holomorfa
Denotemos por *t , |t| < 62 , s ; C, o uxo complexo de t . (verihque).
Colocando  t := *t . , s ; , vemos que  0 (V ) 2 V , para todo
s > 0, e lim  0 (q) = 0 para todo q ; V . A condição : ”estar no Lema 3.3.4. ixado 1  i <  r, existem 6 > 0, uma vizinhança
+ conexa Vij de Kij e isotopias de classe C , ij : Kij 6 V , com
dom´nio de Poincaré e não ter ressonâncias”, é uma condição aberta. as se uintes propriedades :
Portanto, existe 0 < 6 < 62 tal que se |t| < 6 então :
(a). e Kij (t) := ij ( t Kij ) então pijf (t) ; Kij (t), para todo
(i). esp(At + s . t) está no dom´nio de Poincaré e não tem res- t ; 6 e todo f W= i, .
sonâncias.
(b). e K̂ij (t) := Kij (t) \ pijf )(t) | f W= i, então K̂ij (t) está con
(ii). t é transversal a (V . tido no conjunto de up a de Ft .

(iii). Para todo s > 0 temos  t (V ) 2 V e lim  t (q) = (t) para (c). tipo transversal de Ft em K̂ij (t) é da forma i (t).x dy +
+
todo q ; V . onde a aplicação t ) ( i (t), j (t)) ; C2 é holomorfa
j (t).y dx,
e i (0) = i , j (0) = j .
Ahrmamos que para todo t ; 6 e todo = 1, 2, 3, existe jt : V C
holomorfa tal que (d). Existe uma forma lo ar´tmica ijt em Vij que dehne Ft .
t( jt ) = j (t). jt (3.14) Prova. A prova da existência da isotopia é análoga à demon-
Com efeito, hxemos t com |t| < 6. Como t é linearizável em (t), stração do lema 2.3.3 da seção 2.3. omamos uma vizinhança tubu-
existe um sistema de coordenadas (Wt , zt := (z1t , z2t , z3t )) tal que lar, $ : W Kij , de classe C , com hbra $ 1 (z) := l 2,
(t) ; Wt , zt ( (t)) = 0 e t = 1 (t).z1t (/(z1t + 2 (t).z2t (/(z2t + onde 2 é uma bola de C 2 . Dado z ; K̂ij , existe um sistema de
3 (t).z3t (/(z3t . Como t (zjt ) = j (t).zjt , tomamos jt |Wt = zjt , coordenadas (W, (xi , xj , y) ; C3 ), tal que F0 é representada numa
1   3. Utilizando (iii) vamos estender jt a V . vizinhança de z por  = i .xj dxi + j .xi dxj . Seja (t )t; uma
Integrando a relação (3.14) obtemos jt (*t (q)) = e j t . . jt (q), fam´lia holomorfa de 1-formas em W tal que t representa Ft |W e
que por sua vez, é equivalente a 0 = . Como 0 | tem uma singularidade não degenerada em
z=  Kij , existe um germe t ; (C, z) )  (t) ; tal que  (t)
t . t .
jt ( (q)) = e . jt (q) .
j
é a única singularidade de t | . O ponto  (t) é uma singularidade
de up a de Ft e sing(Ft )  =  (t) . Isto dehne um germe de
Dado q ; V existe s > 0 tal que  t (q) ; Wt , logo podemos dehnir isotopia  : (C, 0) K̂ij P3 com as propriedades desejadas. A ex-
tensão deste germe aos pontos pijf , f W= i, , é feita utilizando o lema
H(q, s) := e . j t .
.zjt ( t (q)) . (3.15) 3.3.3. Segundo este lema, hxado f W= i, , existem uma vizinhança
A função H independe de s > 0 tal que  t (q) ; Wt , uma vez que V = Vijf de p := pijf e it , jt , ft : V C tais que d it + d jt + d ft
não se anula em V e Ft |V é representada por it . jt . ft .ijft , onde
(H/(s t (zjt )
=  . j (t) + =0, d it d jt d ft
H zjt ijft = i (t) + j (t) + f (t) (3.16)
it jt ft
logo a expressão (3.15) estende jt a toda bola V .
No caso, escolhemos as submersões i , j , f de forma que V  Kij =
Coloquemos "t = d 1t + d 2t + d 3t . Como 1 (t) + 2 (t) + 3 (t) = 1,
( i0 = j0 = 0). Extendemos o germe ij ao ponto p, colocando
temos
ij (t, p) =  ( it = jt = 0), que está bem dehnido, porque
L t ("t ) = "t =p ( t ) ("t ) = e .
."t ,  s > 0 . a interseção de com ( it = jt = 0) é transversal, se |t| é pe-
queno. Como Kij é compacto, existe um representante de ij dehnido
Esta última relação implica que "t não se anula em V , já que não se em 6 Kij , 6 > 0, o qual denotamos pelo mesmo s´mbolo. Note
anula em Wt (verihque). que K̂ij (t) := Kij (t) \ pijf (t) | t ; 6 está contido no conjunto de
Ahrmamos que t := 1j . 1t . 3t .t é fechada. É suhciente provar up a de Ft , sendo que o tipo transversal de Ft ao longo de K̂ij (t)
que dt |Wt = 0. Para simplihcar a notação vamos colocar t |Wt = é i (t).y dx + j (t).x dy, já que Ft |Vijf é representada por t .
1 .z1 (/(z1 + 2 .z2 (/(z2 + 3 .z3 (/(z3 , uma vez que t está hxado.
Com isto, já provamos (a), (b) e (c). Para provar (d), utilizaremos
Vamos demonstrar que o seguinte fato, cuja prova deixamos como exerc´cio para o leitor (veja
o Ex. 3.10) : dado z ; K̂ij existem 6 > 0, uma vizinhança W de z
t = 1 (t).z2 .z3 dz1 + 2 (t).z1 .z3 dz2 + 3 (t).z1 .z2 dz3 . em P3 e aplicações holomorfas gi , gj : 6 W C tais que
(i). Colocando git (q) := gi (t, q) e gjt := gj (t, q), temos dgit (q) + 2 e a a. n > 3. Seja (Ft )t; uma fam´lia holomorfa de fo-
dgjt (q) W= 0 para todo q ; W . lheações em l(n, k), onde F0 ; 2 (n p1 , ..., p ) é dada por
 d j 3 n
= 1 ... j=1 j j . Seja P l H 2 P um 3-plano em posição
(ii). Kij (t)  W = (git = gjt = 0).
geral com F0 . Coloquemos t := Ft |H . A folheação 0 é dehnida em
(iii). Ft |W é representada por t = i (t).gjt dgit + j (t).git dgjt . coordenadas homogêneas em C l H0 := 1 n (H) por

Como t ) i (t), j (t) são holomorfas e j (0)/ i (0) ; / , vamos 3 d j


supor que j (t)/ i (t) ;/ , se |t| < 6. = j , j = j |H .
j
Utilizando a ahrmação acima, podemos obter um recobrimento j=1
(W ) ; de K̂ij (t) por abertos e coleções (git , gjt ) ; , tais que git , gjt ;
(W ) e dgit + dgjt não se anula em W e Ft |W é representada por Como H corta transversalmente todas as componentes de sing(F0 ),
t = i (t).gjt dgit + j (t).git dgjt , para todo ; A. Seja a r-upla ( 1 , ..., ) é genérica (verihque). Pelo caso n = 3, obtemos
que t é dehnida em H0 por
dgit dgjt
t := i (t) + j (t) . 3 d jt
git gjt t = j (t) , (3.1 )
j=1 jt

Ahrmamos que se W # := W  W# W= ! então t = t# em W # .


#
Para simplihcar a notação vamos colocar git = x, gjt = y, git = onde gr( jt ) = gr( j ) = pj , para todo = 1, ..., r. Em particular,
# # Ft |H é dehnida por uma forma meromorfa fechada. Pela proposição
e gjt = . Existe h ; (W # ) tal que t = h.t . Da´ obtemos
3.1.1, esta forma se estende a uma forma meromorfa fechada t em
dx dy h. . d d Pn que dehne Ft . Levando em conta a proposição 1.2.5 da seção 1.2
i (t) + j (t) = ( i (t) + j (t) ) (3.17) e (3.1 ), é poss´vel provar que
x y x.y
. . . . 3 d
Logo, d( x.y + t = 0, ou seja, x.y é uma integral primeira de t =
jt
j (t) ,
Ft em W # . Como j (t)/ i (t) ; / , Ft |W # não possui integral j=1 jt
. .
primeira meromorfa, x.y = c # é uma constante. Comparando
os res´duos nos dois membros de (3.17), obtemos c # = 1, o que onde jt |H = jt (verihque). Em particular, gr( jt ) = gr( jt ) = pj
prova a ahrmação. Com um argumento similar, prova-se que se para todo = 1, ..., r. Logo, Ft ; (n p1 , ..., p ). Isto termina a
W  Vijf W= ! então t = ijft em W  Vijf . Colocando Vij := prova do teorema 4.
( ; W )  (fW=i j Vijf ), podemos dehnir uma forma ijt em Vij Uma conseqüência interessante do teorema 4, é a seguinte :
por ijt |W = t , para todo ; A, e ijt |Vijf = ijft , para todo a 3.3.1. (n, m, 1) é uma componente irredut´vel de l(n,
f W= i, . 3m  2) para todo n  3 e todo m  1.
erminemos a prova do teorema no caso n = 3. Seja V = iW=j Vij ,
onde as Vij são dadas pelo lema 3.3.4. Por este lema, Ft pode ser Prova. Lembremos que (n, m, 1) = F | F = ( ) , onde é
representada em V por uma forma logar´tmica. Note que V é conexa. uma folheação de grau um em P2 e = ( 1 , 2 , 3 ) : Cn+1 C3 tem
Para provar este fato, é suhciente demonstrar que o conjunto K := componentes j homogênes de grau m. Por outro lado, uma folheação
i j Kij é conexo. De fato, decorre do teorema de Lefschetz, que de grau um em P2 com todas as singularidades não degeneradas, é
Kij é conexo, já que é uma interseção completa para todo i W= . Por dehnida em algum sistema ahm de coordenadas por um campo de

outro lado, se i < < k então pijk ; Kij  Kjk , logo Kij  Kjk é vetores linear do tipo X = 1 .x1 (/(x1 + 2 .x2 (/(x2 , ou seja, pela
conexo. Em particular, para todo hxo, iW=j Kij é conexo. Logo, K forma  = 1 .x1 dx2  2 .x2dx1 . Em coordenadas homogêneas,
dx
é conexo. é dehnida por = x1 .x2 .x3 3j=1 j xjj , 3 =  1  2 . Portanto,
Por outro lado, se 1  i <  r e k W= i, então Vij  Vik = Vijk F= ( ) é dehnida pela forma fechada
e ijt = ijkt = ikt em Vijk . Portanto, existe uma forma logar´tmica
3
3
t em V tal que t |Vij = ijt para todo i W= . Como Kij é interseção d j
= j ,
completa, a forma t |Vij \Kij se estende a P3 pelo corolário 3.1.1 da j
j=1
seção 3.1, para todo i < . Estas extensões coincidem, uma vez que
V é conexo. Portanto, t se estende a uma forma meromorfa fechada logo está em (n m, m, m). O corolário decorre então do teorema
em P3 , a qual denotaremos também por t . Pela proposição 1.2.5 da 4.
seção 1.2, podemos escrever
3 d jt 3.4 Exerc´cios.
t = 'j (t) + d(H/ t) ,
j=1 jt
. 3.1. Seja F uma folheação de codimensão um numa variedade
1 1 1 complexa . Suponha que existe uma 1-forma meromorfa fechada 
onde 'j (t) ; C e t = 1t ... t , sendo mi  1 a ordem em tal que  representa F em \ (||  ||0 ). Prove que todas
de it em (t ) . Levando em conta que ( it = 0)  Kjk (t) W= ! as componentes irredut´veis de ||  ||0 são invariantes por F .
e o fato de que t |Vjk é logar´tmica, podemos concluir que mi = 1
para todo i, ou seja, que a forma t é logar´tmica. Obtemos também . 3.2. Prove que se ( , ) é um par genérico de polinômios ho-
que iW=j ( it = jt = 0) = fW=k Kfk (t). Levando em conta as mogêneos em Cn+1 , onde n  2, gr( ) = q e gr( ) = p, então
componentes irredut´veis destes conjuntos, vemos que, se 1  i <  c d(sing(p d  q d ))  2.
s então existem 1  f < k  r tais que ( it = jt = 0) = Kfk (t). . 3.3. Prove que o conjunto de pares de polinômios genéricos é
Da´ conclu´mos que s = r e reordenando os iI podemos supor que aberto e denso no conjunto de todos os pares ( , ), de polinômios
( it = jt = 0) = Kij (t). Levando em conta a forma local de t em homogêneos em Cn+1 com gr( ) = q e gr( ) = p (veja a dehnição
dxi dxj dxj
ijk (t) ; Vijk dada em (3.13), t = i (t) xi + j (t) xj + k (t) xj , de par genérico antes do enunciado do teorema 3).
onde Kij (t)  Vijk = (xi = xj = 0), e comparando os res´duos,
. 3.4. Sejam F uma folheação de codimensão um numa variedade
obtemos 'j (t) = j (t), para todo . Por outro lado, como t )
complexa de dimensão  3 e (Ft )t; uma fam´lia holomorfa de
Kij (t) é uma isotopia para todo i W= , sendo Kij (0) = Kij = ( i =
folheações em tal que F0 = F . Suponha que sing(F ) possui
j = 0), obtemos que gr(Kij = gr(Kij (t), ou seja gr( it ).gr( jt ) =
uma componente de up a compacta K com tipo transversal X =
gr( i ).gr( j ), para todo i W= . Da´ conclu´mos que
1 x(/(x + 2 y(/(y, onde 1 + 2 W= 0. Prove que existem 6 > 0 e
gr( 1t ) gr( t)
uma isotopia  : 6 K tais que :
= ... = := a .
gr( 1) gr( ) (a). Kt := ( t K) é componente de up a de Ft para todo
  t ; 6 , sendo K0 = K.
inalmente, como gr(Ft ) = j=1 gr( jt )  2 = j=1 gr( j ) 
2 = gr(F0 ), obtemos a = 1 e gr( jt ) = gr( j ) = pj , para todo . (b). O tipo transversal de Kt é dado por Xt = (x, y, t)(/(x +
Portanto, Ft ; (3 p1 , ..., p ), se |t| < 6. Isto termina a prova no (x, y, t)(/(y, onde e são holomorfas em (x, y, t), (x, y, 0) =
caso n = 3. 1x e (x, y, 0) = 2 y.
. 3. . Sejam (x, y), ( , ) : (Cn , 0) (C2 , 0) germes de sub-
mersões tais que
x dy  y dx = g ( d  d ) ,
onde g ; n. Prove que existem , #, , & ; C tais que .&  #. = 1
e l $
x = g ( . + #. )
$
y = g (. + #. )
. Cap´tulo 4
. 3. . Sejam 0 = 1 x dy 2 y dx, onde 1 , 2 W= 0 e e( 2 / 1 ) >
0. Seja = z = (x, y) ; C2 | |z| < r . Considere uma fam´lia de
1-formas t = (x, y, t) dy  (x, y, t) dx, onde , ; ( 2 ).
Denote por Ft a folheação dehnida por t . Prove que existe 6 > 0 tal Componentes
que :
(a). t tem uma única singularidade não degenerada p(t) ; 1 com excepcionais.
esp(Ft , p(t)) = 1 (t), 2 (t) , sendo e( 2 (t)/ 1 (t)) > 0, para
todo |t| < 6.
(b). Ft é transversal a ( 1, para todo |t| < 6.
Neste cap´tulo estudaremos algumas componentes de l(n, k), n  3,
(c). Se 2 (t)/ 1 (t) ;
/  1/ então Ft pode ser dehnida em 1 por
nas quais a folheação t´pica possui n  1 folheações de dimensão um
uma única 1-forma meromorfa fechada tal que o seu divisor de
tangentes. Como veremos, algumas destas componentes são r´gidas,
polos contém exatamente duas componentes irredut´veis que se
no sentido de que duas folheações t´picas na componente são equiva-
cruzam em p(t) e têm res´duos 1 (t) e 2 (t).
lentes por um automorhsmo de Pn . Dentre estas, veremos as denomi-
(d). Se 2 (t)/ 1 (t) ; 2 e Ft tem duas separatrizes locais em p(t) nadas componentes de lein ie, nas quais a folheação t´pica é dada,
então Ft tem uma integral primeira meromorfa em 1 do tipo em algum sistema de coordenadas ahm, por uma ação do grupo ahm
/X n , onde X, : 1 C são submersões. Em particular, em que a órbita genérica tem codimensão um.
Ft | 1 tem uma estrutura transversal ahm em 1 \ (X = 0).
(e). Se 2 (t) = 1 (t) e Ft tem duas separatrizes locais em p(t) então
Ft tem uma integral primeira meromorfa em 1 do tipo /X,
onde X, : 1 C são submersões. Em particular, Ft | 1 tem
uma estrutura transversal projetiva em 1 \ p(t) . 4.1 Folheações com feixe tangente local-
Prove que as conclusões acima implicam o lema 3.2.4 da seção 3.2. mente livre.
. 3. . Seja F uma folheação de codimensão um em Pn , n  3, que
possui uma componente de up a K com tipo transversal x dy y dx. Nesta seção veremos alguns resultados sobre folheações com feixe de
Prove que, se K é interseção completa então F possui uma estrutura vetores tangentes localmente livre. O resultado principal é o teorema
transversal projetiva em Pn \ sing(F ). 5 (veja [C-P]).

. 3. . Prove que o conjunto de r-uplas genéricas, ( 1 , ..., ), 4.1.1 Resultados básicos.


de polinômios, é aberto e denso no conjunto de todas as r-uplas, de
Seja F uma folheação de codimensão um numa variedade complexa
polinômios homogêneos em Cn+1 com graus correspondentes.
M . O feixe de vetores tangentes a F é o feixe T F dehnido por
. 3. . Sejam A, ; L(3, C) tais que
Tp F = {v ; Xp | v é tangente a F } .
(a). [A, ] = 0 e tr(A) = 1.
O feixe T F é livre em p ; M se existem v1 , ..., vn1 ; Xp que geram
(b). det( ) W= 0, = diag( 1 , 2 , 3 ), numa certa base de C3 , Tp F , visto como módulo sobre Op . Em outras palavras, se T F é
sendo i W= j se i W= . Neste caso, A = diag(a1 , a2 , a3 ) na livre em p e Tp F =< v1 , ..., vn1> então para todo v ; Tp F existem
base . f1 , ..., fn1 ; Op tais que v = j fj .vj . Diremos que T F é local-
mente livre, se ele é livre em todos os pontos de M . Por exemplo, se
(c). Para i W= , seja ij = ai . j  aj . i . Suponha que ij / ik ;
/ p; / sing(F ) então T F é livre em p. Vejamos alguns exemplos.
se i, e k são distintos dois a dois.
Exemplo 4.1.1. Suponha que existem n  1 campos de vetores
Prove que existe s ; C tal que esp(A + s. (t)) está no dom´nio de meromorfos em M (conexa), X1 , ..., Xn1 , tangentes a F , e p ;
Poincaré e não tem ressonâncias. M \ j (Xj ) tal que X1 (p) + ... + Xn1 (p) W= 0, isto é, p ;
/ sing(F ) e
. 3.10. Seja (t )t; uma fam´lia holomorfa de 1-formas integráveis Tp F =< X1 (p), ..., Xn1 (p) >. Então T F é localmente livre. Deix-
numa vizinhança de 0 ; C3 . Suponha que 0 = 1 .x2 dx1 + amos a prova deste fato como exerc´cio para o leitor (veja o Ex. 4.1).
.x dx , onde / Observamos ainda que se dim(M ) = 2 então T F é localmente livre.
2 1 2 2 1 ;
/ . Prove que existem 6 > 0, uma vizin-
hança 0 ; W = 2 , onde 2 C2 é uma bola e 2 C Um exemplo espec´hco são as folheações do tipo pull-back linear,
é um disco, e aplicações holomorfas g1 , g2 : 6 W C tais que P BL(n, k), n  3, k  0 (veja o Ex. 4.2). Outro, que inclui este
dg1t (q) + dg2t (q) W= 0, para todo q ; W , e como caso particular, é o seguinte.
t |W = ht .( 1 (t).g2t dg1t + 2 (t).g1t dg2t ) , Exemplo 4.1.2. Sejam X1 , ..., Xn1 campos de vetores em Cn+1 ,
tais que :
sendo ht ; (W ) e t ) j (t) é holomorfa para = 1, 2.
u estão. Veja as demonstrações do teorema 1. e do lema 3.3.3. (a). O conjunto A := {p ; Cn+1 | R(p) + X1 (p) + ... + Xn1 (p) = 0}
tem codimensão  2, onde R é o campo radial em Cn+1 . Esta
condição implica que A tem codimensão dois.
(b). Os coehcientes de Xj são homogêneos do mesmo grau dj , 1 
j  n  1.
(c). O conjunto {R := X0 , X1 , ..., Xn1 } gera uma álgebra de Lie,
n1
ou seja, [Xi , Xj ] = k=0 aijk Xk , onde aijk ; C.
Notamos que [X0 , Xj ] = [R, Xj ] = (dj  1).Xj , 1  j  n  1. Neste
caso, a 1-forma

= iR iX1 ...iXn1 " , " = dz0 + dz1 + ... + dzn


é integrável e dehne uma folheação F de codimensão um em n de e o 4.1.4. Uma folheação de codimensão um F numa var-
grau d = d1 ... dn1 . No caso, sing(F ) = n (A). Nas componentes iedade M de dimensão n tem feixe tangente totalmente decompon´vel
que serão estudadas na seção 4.1.2, as folheações t´picas serão deste se, e somente se, existem n  1 folheações por curvas 1 , ..., n1 em
tipo. M , tais que se p ; M \ sing(F ), então p ;/ sing( j ), 1  j  n  1,
e Tp F = Tp 1  ...  Tp n1 . prova deste fato decorre direta-
Exemplo 4.1. . Seja F uma folheação de codimensão um em M , mente das dehnições e é deixada para o leitor. Neste caso, dire-
onde dim(M )  3. Suponha que sing(F ) tem uma componente mos que as folheações 1 , ..., n1 gera F e usaremos a notação
irredut´vel de codimensão  3. Se p ; é um ponto liso de F = F ( 1 , ..., n1 ).
então T F não é livre em p. Vamos provar este fato no caso em que
n
dim(M ) = 3 e deixar como exerc´cio o caso dim(M )  4 (veja o Ex. No caso de , temos o seguinte :
4.3). opo o 4.1.2. a fol ea ao de odi ensao F e n
Sem perda de generalidade, vamos supor que p = 0 ; C . Suponha n  2 te feixe tangente total ente de o onvel se e so ente
por absurdo que T0 F =< v1 , v >, onde v1 , v ; X0 . Sejam X1 se existe a os de vetores X1 , ..., Xn1 e Cn+1 tais e
e X representantes de v1 e v , respectivamente, dehnidos num po-
lidisco contendo 0. Podemos supor que sing(F )  = {0}. omo a Xj te oeh ientes o ogeneos de gra dj 1j n1
é sabido da teoria dos feixes, dado ; , os germes, X1 e X , F e dehnida e oordenadas o ogeneas ela for a
de X1 e X em , geram T F (veja [ - ]). Por outro lado, o con-
junto A := { ; | X1 ( ) + X ( ) = 0}, isto é, o conjunto onde = iR iX1 ...iXn1 " ,
X1 ( ) e X ( ) são linearmente dependentes, tem dimensão  1, ou
onde R e o a o radial e Cn+1 e " = dz0 + ... + dzn
seja, contém uma curva , onde 0 ;  (verihque). Logo, existe
; A \ {0} tal que T F =< X1 , X >. Porém, ; / sing(F ) e arti lar on nto A := {p ; Cn+1 | R(p)+X1 (p)+...+Xn1 (p) =
dimC (< X1 ( ), X ( ) >)  1, o que é um absurdo. 0} te odi ensao dois e o siste a {R, X1 , ..., Xn1 } e invol tivo
le disto g (F ) = d1 ... dn1
Exemplo 4.1.4. Se p ; sing(F ), é uma singularidade de upka,
então T F é livre em p. Este fato decorre do teorema de upka rova Suponhamos que T F é totalmente decompon´vel. Neste
(seção 1.4). Deixamos os detalhes para o leitor. caso, existem folheações por curvas em n , 1 , ..., n1 , que geram F
e tais que g ( j ) = dj , 1  j  n  1.
Exemplo 4.1. . Se p ; sing(F ) é uma singularidade simples então ixemos j ; {1, ..., n  1}. folheação j pode ser representada
T F é livre em p. Este fato decorre dos teoremas 1.12 da seção 1.4.2 no sistema de coordenadas ahm 0 = (z0 = 1) l Cn por um campo
e 2.1 da seção 2.1. Deixamos os detalhes para o leitor. polinomial j do tipo
n
3
omo consequência dos exemplos 4.1.4 e 4.1. , temos a seguinte :
j = (pji ( ) gj ( ).zi )(/(zi ,
opo o 4.1.1. e a F a fol ea ao de odi ensao n a i=1
variedade o lexa M dim(M )  3 on a e todas as sing lar
onde = (z1 , ..., zn ), g (pji )  dj e g j é homogêneo de grau dj .
idades de F sao de a o sao si les ntao T F e lo al ente
livre oloquemos Pij (z0 , ) = z0 .pji ( /z0 ), 1  i  n, e
n
3
No caso de n usaremos a notação : (n, k) = {F ; (n, k) Xj (z0 , ) := gj ( ) (/(z0 Pij (z0 , ) (/(zi .
todas as singularidades de F são de upka ou simples}. i=1

e o 4.1.1. (n, k) é aberto em (n, k) para todo n  3 e hrmamos que = iR iX1 ...iXn1 " dehne F em coordenadas ho-
todo k  0. Em particular, o seu fecho em (n, k), (n, k), é uma mogêneas.
união de componentes irredut´veis de (n, k). Não provaremos este om efeito, se ˜j := z0 .Xj (z0 , ) g j ( ).R então ˜j é tangente a
fato aqui, mas gostar´amos de mencionar que um problema em aberto ˜
0 e j| = j , como o leitor pode verihcar. Por outro lado,
é o de classihcar as componentes irredut´veis de (n, k) contidas em
(n, k). z0n1 . = iR i 1 ...i n1
" = (1)n1 i 1 ...i n1
(iR ") =

e o 4.1.2. lgumas das componentes estudadas nos cap´tulos = (1)n1 i 1 ...i (z0 "1  dz0 + ) ,
anteriores estão contidas em (n, k). Por exemplo (n 1, 1) = n1

(n, 0) = (n, 0), para todo n  3, e P BL(n, k) 2 (n, k), para onde "1 = dz1 + ...dzn e é holomorfa. sto implica que
n  3, k  0. ambém (n 1, 1, 1) 2 (n, 1), já que (n 1, 1, 1) =
P B(n, 1, 1) = P BL(n, 1). | = (z0n1 . )| = i 1 ...i n1 "1 :=  .
Por outro lado, (n p, ) W2 (n, p 2), se p > 2. De fato,
se F ; (n, p, ), p > 2, então F é representada por = p. d  omo 1 , ..., n1 geram F ,  representa F nas coordenadas ahns
. d , onde g ( ) = e g ( ) = p. Logo, d = (p ) d + d se 0, representa F em coordenadas homogêneas. Deixamos a prova
anula em X := (d + d = 0). omo p  2, X W= {0}. Por outro da rec´proca para o leitor.
lado, se ( , ) é um par genérico então X  ( = = 0) = {0} e
(d = 0) = (d = 0) = {0}. Logo, se p ; X \ {0} então n (p) é uma 4.1.2 Folheações com feixe tangente totalmente de-
singularidade de F que não é de upka nem simples. Vale também compon´vel.
que, se p1 ... p > 3 então (n p1 , ..., p ) W2 (n, p1 ... p  2)
(veja o Ex. 4.4). O resultado que enunciaremos em seguida é devido a . V. Pereira
e . ukierman (veja [ -P]). onsideraremos a seguinte situação :
e o 4.1. . Em geral, o conjunto L = {F ; (n, k) | T F é seja F uma folheação de codimensão um em n com feixe tangente
localmente livre} não é um aberto de (n, k). Vejamos um exemplo. totalmente decompon´vel, onde F = F (F1 , ..., Fn1 ), d := g (F ) =
Sejam ( , ) um para genérico de polinômios em C , com g ( ) = d1 ... dn1 , dj = g (Fj ), 1  j  n  1. Seja a forma que
e g ( ) = p, onde p > 2, e a folheação em , dehnida em representa F em coordenadas homogêneas.
coordenadas homogêneas por  = p. d  . d . Seja : n
uma aplicação de grau um e posto dois, n  3. Se F = ( ) então eo em . a sit a ao a i a se d(sing(d ))  3 entao
F ; P BL(n, p  2), logo T F é localmente livre. Por outro
a F e onto liso de (n, g (F )) enote os or (F) a
lado, F ; (n, p, ), pois ( p / ) H é integral primeira de F .
o onente irred tvel de (n, g (F )) e onte F e or
Logo, qualquer aberto de (n, p  2) que contém F , contém
fis( (F )) a s a arte lisa
também um ponto genérico F1 ; (n, p  2), para o qual T F1
não é localmente livre, pela observação anterior. e ; fis( (F )) entao = F( 1 , ..., n1 ) onde g ( j) =
dj 1  j  n  1
eh o 4.1.1. Seja F uma folheação de codimensão um numa
variedade complexa M de dimensão n  3. Diremos que T F é de o rova omo vimos na proposição 4.1.2, F é representada em
onvel, se T F = 1  , onde 1 e são subfeixes não triviais de coordenadas homogêneas por = iR iX1 ...iXn1 ", onde Xj é ho-
T F . Diremos que T F é total ente decompon´vel, se T F = n1j=1 j , mogêneo de grau dj = g (Fj ), 1  j  n  1. hm de unihcar a
onde j é um sub-feixe de posto um de T F , para todo j = 1, ..., n1. notação vamos colocar R := (1)n1 Xn , de modo que = iX1 ...iXn ".
em 4.1.1. e a a o de vetores o ogeneo e Cn+1 o Dado  = ( ) ; , considere os seguintes sub-espaços vetoriais
g ( ) = p on a e + X1 + ... + Xn # 0 ntao existe de :
olino ios o ogeneos 1 , ..., n tais e g ( j ) dj = p 1  j  n
e (i). T  = k ( ()).
n
3
= j .Xj . (4.1) (ii). T  = m( ( )).
j=1
omo  2 , temos H  = 0. Em particular, se  = ( ) ; 
arti lar se i < j entao existe olino ios o ogeneos a1ij , ..., ani
então () H ( ) = 0, ou seja, T  2 T .
tais e
n
3
[Xi , Xj ] = akij .Xk . (4.2) em 4.1. . e a  = ( ) ;  e s on a e d(sing())  3
k=1
ntao T  = T 

rova Vamos utili ar que d(sing( ))  2. Note que sing( ) = rova Vamos utili ar aqui o teorema 1.1 do pêndice 1 : como
{z ; Cn+1 | X1 (z) + ... + Xn (z) = 0}. Dado z; / sing( ), existem d(sing())  3, temos 1 (Cn+1 \ sing(), O) = 0. Seja =
1 (z), ..., n (z) ; C (únicos) tais que (z) = nj=1 j (z).Xj (z), já ( k )k; uma cobertura de Cn+1 \ sing(), por polidiscos de Cn+1 ,
que X1 (z), ..., Xn (z) são linearmente independentes e (z), X1 (z), ..., com a seguinte propriedade : para todo k ; existem campos de ve-
Xn (z) são dependentes. sto dehne funções holomorfas j : Cn+1 \ tores holomorfos nk , n+1k
em k tais que { 1 ( ), ..., n1 ( ), nk ( ),
k
sing( ) C, 1  j  n. omo d(sing( ))  2 estas funções se n+1 ( )} é uma base de T Cn+1 l Cn+1 , para todo ; k . Deixa-
estendem a funções holomorfas em Cn+1 , pelo teorema de artogs. mos para o leitor a verihcação de que existe uma tal cobertura.
Levando em conta que , X1 , .., Xn são homogêneos, concluimos que Seja ; T , isto é, tal que + = 0. ueremos provar que existe
1 , ..., n são homogêneos e g ( j ) g (Xj ) = g ( ). = ( 1 , ..., n1 ) ; X tal que = ( ). . Observemos em
omo é integrável, os campos X1 , ..., Xn são involutivos. sto primeiro lugar que i i = 0 para todo < s  n  1. om efeito,
acarreta que, se i < j então [Xi , Xj ] + X1 + ... + Xn = 0, logo de (4.1) como  = i 1 ...i n1 ", temos i  = 0, para todo j  n  1, logo
obtemos (4.2).
+  = 0 =p i ( ) +  = 0 =p i i ( ). = 0 =p .
em 4.1.2. xite a os o ogeneos j 1  j  n  1 tais e
i i = 0. Este fato implica que para todo k ; existe uma (n 
a d = (d 2) i 1 ...i "
n1
1)-upla de campos de vetores holomorfos em k , k = ( 1k , ..., n1 k
),
k
n1
j = Xj  j .R onde g ( j) 1 = g (Xj ) 1  j  n  1 tal que = ( ). = j=1 i 1 ...i 1 i i 1 ...i n1 ". Deixa-
j = 0 se g (Xj ) = 0 mos a verihcação deste fato como exerc´cio para o leitor (veja o Ex.
4. ).
rova Utili aremos a seguinte fórmula :
Dados k, f ; tais que kf := k  f W= !, colocamos jkf :=
3 f k
d(i 1 ...i ") = (1)i+j+1 i i 1 ...i/ ...i/ ...i "  . Se kf W
= !, temos
jn1 j
i j j=1 i 1 ...i 1 i f i 1 ...i n1 " = 0 =p
n1 kf
j=1 1 + ... + j1 + j + j+1 + ... + n1 = 0 =p
3
(1)j+1 div( j) i 1 ...i/ ...i " (4.3) kf
j=1 j + 1 + ... + n1 = 0 ,  j = 1, ..., n  1 , (4. )

Na fórmula (4.3) o s´mbolo i/ signihca que omitimos o termo i sendo que a relação (4. ) foi obtida fa endo o produto exterior da
no produto interior repetido. Ela é válida para qualquer -upla relação anterior por j . ixemos j ; {1, ..., n  1}. relação (4. )
( 1 , ..., ) de campos holomorfos em C . Deixamos a prova como implica que existem kf ji ; O( kf ), 1  i  n  1, tais que
exerc´cio para o leitor (veja o Ex. 4. ). omo o leitor pode verihcar,
n1
3
obtemos de (4.3) e (4.2) que f k kf kf
j  j = j = ji i (4. )
n
3 i=1
d = gj iX1 ...i/
X ...iXn " , (4.4)
j=1 O argumento é análogo ao da prova do lema 4.1.1 e é deixado para
o leitor. Sejam k, f, m ; tais que kf := kf  W= !.
onde gj é polinômio homogêneo de grau dj  1, 1  j  n. No caso, relação (4. ) implica que n1 kf f k
i=1 ( ji ji ji ) i = 0, uma ve
como iXn d = (1)n1 (d 2) , obtemos gn = d 2. olocando
1 que jkf j
f
j
k
= 0. Por outro lado, como 1 , ..., n1 são
j := Xj  j .R = Xj (1)n . j .Xn , onde j := 1+ gj , 1  j  linearmente independentes em todos os pontos de kf , obtemos que
n  1, temos kf f k kf 1
ji ji ji = 0, ou seja, ( ji ) f W=! é um cociclo em ( , O),
n1
3 para todo i = 1, ..., n  1. omo 1 (Cn+1 \ sing(), O) = 0, o cociclo
1 + ... + n1 = X1 + ... + Xn1 (1)j1 j
/j + ... + Xn =
X1 + ...X é trivial, isto é, para todo k ; e para todo i, j ; {1, ..., n  1},
k
j=1 existe gji ; O( k ) tal que se kf W= ! então kf f k
ji = gji  gji . Da
relação (4. ) obtemos que, se kf W= ! então
n
3
1 /j + ... + Xn ,
= gj X1 + ... + X n1
3 n1
3
d 2 f f k k
j=1 ( j  gji i) | f
=( j  gji i) | f
,
como o leitor pode verihcar. relação acima e (4.4) implicam (a). i=1 i=1
1
oloquemos  := + d , de forma que  = i 1 ...i n1 ".
ou seja, existe um campo holomorfo ˜ j em Cn+1 \ sing() tal que
condição de integrabilidade, + d = 0, implica que  +  = 0. 
˜ j | = k  n1 g k i , para todo k ; , 1  j  n  1. omo
Denotemos por o conjunto das -formas em Cn+1 , cujos co- j i=1 ji
ehcientes são polinômios homogêneos de grau s e por X o con- d(sing())  3, o campo ˜ j se estende a um campo holomorfo
junto dos campos polinomiais homogêneos de grau s em Cn+1 . Seja em Cn+1 , o qual será
denotado pelo mesmo s´mbolo, 1  j  n 
X := X 1 ... X n1 . Dehna : e : X 1. oloquemos ˜ := n1 j=1 i 1 ...i 1 i i 1 ...i n1 ". Um cálculo
n1 k
por () =  +  e ( 1 , ..., n1 ) = i 1 ...i n1 ". onsideremos os direto mostra que ˜ | = |  g k ., onde g k = j=1 gjj , para
seguintes sub-conjuntos algébricos de (n 1) : todo k ; . omo e ˜ não dependem de k ; , existe g ;
O(Cn+1 ) tal que g| = g k , para todo k ; , ou seja = ˜  g..
( ).  = { ; (n 1) | () = 0}.
olocando ˆ 1 = ˜ 1  g. 1 e ˆ j = ˜ j para j  2, obtemos que
( ).  = (X ).
n1
3
Note que  2 . Deixamos a prova deste fato como exerc´cio para = i 1 ...i 1 i i 1 ...i n1 " (4. )
o leitor (veja o Ex. 4. ). j=1
Dados , ; , temos (). = 2 +  (verihque). Por outro
lado, se = ( 1 , ..., n1 ) ; X e = ( 1 , ..., n1 ) então Para cada j ; {1, ..., n  1}, considere a expansão de ˆ j em série
n1 
( ). = j=1 ( 1 , ..., j1 , j , j+1 , ..., n1 ) (verihque). de a lor em 0 ; Cn+1 , ˆ j = 0 j , onde j é um campo
homogêneo de grau  0. Substituindo estas expressões em (4. ) e 4.2 Componentes excepcionais.
levando em conta que os coehcientes de são homogêneos de grau
d = d1 ... dn1 e que g ( i ) = di , 1  i  n  1, obtemos Nesta seção veremos alguns exemplos de componentes que satisfa em
que = (). , onde = ( 1 1 , ..., n1 n1 ), o que prova o as hipóteses do teorema . Na seção 4.2.1 descreveremos algumas
lema. componentes obtidas por algumas ações do grupo ahm em C . Na
seção 4.2.2 descreveremos outras componentes provenientes de ações
o ol o 4.1.1. e a  ;  tal e d(sing())  3 ntao  e em dimensão superior a três.
liso e  arti lar existe a vi in an a de  e  tal e
2
4.2.1 Componentes provenientes de ações do grupo
rova Utili aremos os seguintes fatos gerais : ahm em C3 .
( ). Sejam f : (C , a) (Ck , 0) um germe de aplicação holomorfa maior parte dos resultados que exporemos nesta seção, foram demon-
1
e X = f (0). Dehna T X := k ( f (a)) 2 T C l C . strados originalmente em [ -LN- - ]. onsideremos o campo lin-
Suponha que para todo v ; T X existe um germe de curva n
ear = j=1 pj zj (/(zj em Cn , onde 1  pj é inteiro, 1  j  n,
 : (C, 0) X tal que  I (0) = v. Então X é liso em a e e md (p1 , ..., pn ) = 1. Diremos que um campo holomorfo X em Cn é
dim(X) = dim(T (X)). ase o ogeneo com respeito a , se
( ). Sejam g : (Cf , ) (C , a) um germe de aplicação holomorfa
[ , X] = .X , ; . (4. )
e = g(Cf , ). Dehna T = m( g( )) 2 C . Então é
irredut´vel e dim( )  dim(T ). Por exemplo, se pj = 1, 1  j  n, então é o campo radial em Cn
prova de ( ) e ( ) é deixada como exerc´cio para o leitor (veja e (4. ) implica que X é homogêneo de grau 1.
os exerc´cios 4. e 4. ). Sejam  e  os germes de  e  em ,
respectivamente. É suhciente demonstrar que  =  e que  é n o 4.2.1. e a X W= 0 ase o ogeneo o res eito a
opo
= j=1 pj zj (/(zj o [ , X] = .X on a os e 1  p1 
liso. Provamos no lema 4.1.3 que T  = T . Dado ; T , existe p  ...  pn ntao
; X tal que = ( ). , onde  = ( ). O germe de curva
 : (C, 0)  2  dehnido por ( ) = ( . ) satisfa  I (0) = . a X e a o olino ial
Logo,  é liso e dim( ) = dim(T ), por ( ). Em particular, 
é irredut´vel. Por outro lado, como  = (X ), ( ) implica que ; e  pn
dim( )  dim(T ) = dim(T ) = dim( ). Portanto,  =  , já
on nto Ld( , X) := {z ; Cn | (z) e X(z) sao linear ente
que ambos os germes  e  são irredut´veis.
1 de endentes } e a niao de or itas da a ao ind ida or
O corolário 4.1.1 implica que  = + d é um ponto liso de 
(z) := p( . ).z
e que existe uma vi inhança de  em  tal que 2 . Seja
(F ) ; & uma fam´lia holomorfa de folheações em n , onde F é d e 0 ; Cn e sing laridade isolada de X entao
representada em coordenadas homogêneas por , sendo 0 =
e ) holomorfa. 2-forma  := + 1
d satisfa  +  = 0, nj=1 ( pj )
m(X, 0) = , (4. )
logo  ;  e existe 6 > 0 tal que se | | < 6 então  ; , ou nj=1 pj
seja,  = i 1 ...i n1 ", com j ; X , 1  j  n  1. Por outro
lado, = + 1
iR d = iR i 1 ...i n1 ", logo pela proposição 4.1.2, onde m(X, 0) e a lti li idade de X e 0 ve a a se ao

n

F é gerada por folheações F1 , ..., Fn1 de dimensão um em com rova Seja X = j  aj z  (/(zj a expansão em série de a lor
g (Fj ) = dj , 1  j  n  1. de X em 0 ; Cn . De [ , X] = .X obtemos
Em particular, o conjunto T (F ) := { ; fis( (F )) | o feixe aj (< P,  > pj  ) = 0 , 1  j  n ,  = (1 , ..., n ) , (4.10)
tangente de é totalmente decompon´vel} é aberto em (F ). Por 
onde < P,  >:= j pj .j , como o leitor pode verihcar. Logo, se
outro lado, a proposição 4.1.2 implica que o conjunto das folheações
aj W= 0, temos =< P,  > pj ; e  pn . Para ver que X é
= F ( 1 , ..., n1 ) onde g ( j ) = dj , 1  j  n1, pode ser para-
polinomial, basta observar que para todo j = 1, ..., n o conjunto Aj =
metri ado pelo sub-conjunto algébrico = { = ( 1 , ..., n1 ) ;
{ | < P,  >= pj } é hnito (verihque). Para provar (c), notemos
X | R, 1 , ..., n1 são involutivos} de X , pela aplicação ( ) =
que (4. ) implica que L ( + X) = [ , ] + X + [ , X] = . + X,
iR i 1 ...i n1 ". Lembremos que = ( ), representa F em coor-
o que acarreta ( + X) = . + X. Esta última relação implica
denadas homogêneas. Seja ( ) a componente irredut´vel de que
que (z) + X(z) = 0 hp ( (z)) + X( (z)) = 0, ; C, que é
contém . Então ( ( )) é um sub-conjunto algébrico irredut´vel
equivalente a (c). n
de (n, d). omo T (F )  ( ( )) é um aberto não va io de (F )
Provemos (d). oloquemos X = j=1 Xj (z)(/(zj . relação
obtemos que (F) = ( ( )), já que ambos são irredut´veis. sto
[ , X] = .X é equivalente a
termina a prova do teorema.
(Xj ) = ( pj ) Xj , 1  j  n , (4.11)
como o leitor pode verihcar. Por outro lado, m(X, 0) é o número
e o 4.1. . O conjunto { ; | d(sing())  3} é aberto de soluções do sistema de equações Xj (z) = j , onde j W= 0, 1 
em , o conjunto de 2-formas em Cn+1 com coehcientes homogêneos j  n. Denotaremos este sistema por (X = ). Dehna fj ( ) :=
de grau d. Deixamos a prova deste fato como exerc´cio para o leitor Xj ( p11 , ..., pnn ), 1  j  n. Vemos então que
(veja o Ex. 4.10). sto implica que o conjunto (n, d) := fecho
n
3
de {F ; (n, d) | F é representada em coordenadas homogêneas p (Xj p1 pn
R(fj )( ) = pi . i ( 1 , ..., n ) =( pj ) f j ( ) .
por , sendo d(sing(d )  3}, é uma união de componentes ir- (zj
i=1
redut´veis de (n, d). Uma pergunta natural é a seguinte : que
componentes irredut´veis de (n, d) estão contidas em (n, d) Em particular, fj é homogêneo de grau pj , 1  j  n. Pelo
teorema de é out, o sistema (f = (f1 , ..., fn ) = ), possui :=
Por exemplo, se sing(F) tem uma componente irredut´vel de nj=1 ( pj ) soluções, digamos = ( 1 , ..., n ), 1  
codimensão  3, então (F ), a componente irredut´vel de (n, d) (tomamos um valor regular de f ). ada solução dá origem
que contém F , não está contida em (n, d). Este fato decorre do a uma solução z = ( p11 , ..., pnn ) do sistema (X = ). Por outro
teorema da divisão de De ham. De fato, seja := 1
n ( ). Note lado, se & é uma pj -ésima rai da unidade, 1  j  n, temos
que d( )  3. condição de integrabilidade, + d = 0, implica ((& 1 . 1 )p1 , ..., (& n . n )pn ) = z , o que mostra que para cada solução
que se p ; \ {0} então existe um germe de 1-forma em p tal que z do sistem (X = ) obtemos p1 ...pn soluções do sistema (f = ).
d p = + p . sto implica que o germe de conjunto X := { ; | + Logo (X = ) possui /(p1 ...pn ) soluções, como quer´amos.
p = 0}p , contém  e tem dimensão  dim( ) 1 (verihque). No caso n = 3, podemos dehnir a 1-forma integrável  := i iX ",
Portanto, sing(d ) contém uma componente de codimensão  2. onde " = dz1 + dz + dz . omo consequência da proposição 4.2.1,
Um exemplo de componente contida em (n, d) é P BL(n, d), obtemos que  é polinomial e que sing() é uma união de órbitas de

n  3, d  0. Outro exemplo é (n p1 , ..., p ), onde  n 1 e . lém disto, se + = j=1 pj = ( ) então d = i ", onde
pj = 1 para todo j = 1, ..., (veja o Ex. 4.11). =( + ) X  div(X). , d(iX ") := div(X)." . (4.12)
relação (4.12) decorre de (4.3) da prova do lema 4.1.2. O campo podemos obter os auto-valores de T relativos a 1 ( ) e ( ),
satisfa também as relações [ , ] = . e i i " = ( + ) . Se digamos 1 ( ) e ( ), de tal forma que j ( ) ; j , j = 1, 4.
 W# 0 então  dehne uma folheação em , a qual será denotada por Neste caso, os germes ) 1( ) e ) ( ) são holomorfos.
F ( , X). Note que 1 (0) = (1, 0, 0, 0) e (0) = (0, 0, 0, 1) = p0 .
e o 4.2.1. Denotemos por a folheação por curvas de (ii). O auto-espaço invariante de T relativo aos auto-valores
dada em C por um campo polinomial . ostar´amos de observar
j ( ), j = 2, 3, tem dimensão dois, 0 = ( 1 = = 0) e
que, em geral, g (F ( , X)) W= 1 g ( X ). No caso em que = R, o ) é holomorfa.
radial, temos g ( R ) = 0 e g (F (R, X)) = g ( X ).
Suponhamos que W= R. Neste caso, g ( ) = 1. oloquemos Estes fatos implicam que existe um germe de fam´lia holomorfa
k+1
g ( X ) = k e g (F ( , X) = f. Podemos escrever X = j=0 Xj , de isomorhsmos de C , ( ) ; C 0 , tal que 1 ( ) = 0 = ( 1 =
onde Xj é campo homogêneo de grau j, sendo Xk+1 = g.R, onde = 0), 1 ( 1 ( )) = 1 (0) e 1 ( ( )) = (0) e d ( ) =
g é homogêneo de grau k, e se g # 0 então Xk W= .R, onde é 1. omando T = (T ) e = ( ) temos T ( 0 ) = 0 ,
k+1
homogêneo de grau k  1. Logo,  := i iX " = j=0 i iX " := T ( j (0)) = j ( ). j (0), j = 1, 4, e := ( ) = iR i i " , já
k+
 j , onde  j+1 = i i X ". Se g #
W 0 então  k+ = g.i iR " W# 0 e que (R) = R e d ( ) = 1. Podemos então supor, sem perda de
j=1
iR (k+ ) = 0, logo f = k 1. No caso em que g # 0, temos k+ # 0 generalidade, que T ( 0 ) = 0 , T ( 1 (0)) = 1 ( ). 1 (0) e T (p0 ) =
e k+1 = i iX ", logo g (F ( , X))  k 1, em geral. Poder´amos ( ).p0 . olocando := T  ( ).R, temos = iR i i " ,
ter, por exemplo, Xk = f. .R, onde f e g são homogêneos de 0 = T, 0| = , (p0 ) = 0 e ( 0) 2 0. omo o leitor
grau k  1 e f W# 0. Neste caso, f < k 1. pode verihcar, estes fatos implicam que é tangente a , isto é
Em geral, é poss´vel provar que existe um campo , da forma a componente de em (/( é identicamente nula. lém disto,
= X k. , tal que g ( ) = f  1, F( , ) = F ( , X) e [ , ] = não depende de , ou seja, se ( 1 , , , ) := ( 1 , z, ) então
. Deixamos a prova deste fato como exerc´cio para o leitor (veja ( 1 , z, ) = 1 ( ). 1 (/( 1 (z)(/( (z)(/( , onde

o Ex. 4.12). De agora em diante, vamos assumir que g (F ( , X)) = 1( ) = 1( )  ( ). olocando = j (/( j :=
˜
j=1
g ( X ) 1 e que W= R. (/( e R = R (/( , obtemos = . .# f .d ,
onde T
Lembremos que (3, k) = {F ; (3, k) | todas as singulari- = i i (d 1 + d + d )
€
z
dades de F são de simples ou de upka}.
# = iR i (d 1 + d + d ) . (4.13)
eo em 4.1. e a = p (/( (/( z(/(z W= R €
Z
f = iR i i (d 1 + d + d )
p, , ; md (p, , ) = 1 e X tais e [ , X] = X e g (F ( , X)) =
g ( X) 1 olo e F := F( , X) e F ; (3, d 1) entao Em particular, se (z) := ˜ (z, 1) (z, 1).R então  = | =
F ( , X) satisfa as i oteses do teore a e F e onto liso i i ", como o leitor pode verihcar. Por outro lado,  possui uma
de (3, d 1) enote os or (F ) a o onente irred tvel de s.s.n. s( ), de tipo [p : : ], tal que ) s( ) é holomorfa e s(0) = 0.
(3, d 1) e onte F e >0eF e onto liso de (F ) omo é linear nas coordenadas ( 1 , , ), esta singularidade só
entao F = * (F ( , )) onde * ; A ( ) e e a o e pode ser s( ) = 0, ou seja a função s( ) é constante. oloquemos
satisfa [ , ] = d = i ". hrmamos que i i " = a( ). , onde a ; O1 .
rova Vamos denotar por R o radial em C , por R o radial em om efeito, temos L ( ) = i (d ), já que i  = 0.
C , " = d 1 + d + d + d e " = d 1 + d + d . omo W= R , integrabilidade de  implica 0 = i (d + ) = i (d )+ , logo
vamos supor que p W= , . L ( )+ = 0. Do teorema da divisão, obtemos L ( ) = f . ,

Suponhamos X = P g .R , onde g é homogêneo de grau onde f é holomorfa em l C . Provemos que f é constante.


d e P = P1 (/( 1 P (/( P (/( é polinomial de grau d. mudança de coordenadas de 1 = {[1 : : : 1 ] | ; C } para
Vamos considerar C l := { = ( 1 , , , ) ; C | = é 1 = 1/ 1 , = / 1e = / 1. forma  tem um polo de
1} e colocar j := { ; C | j = 1}, 1  j  4. onsidere- ordem d 3 no plano ( 1 = 0), logo na carta 1 temos  = 1  ,
1
mos os campos homogêneos de C , T = p 1 (/( 1 (/( onde  é holomorfa. O campo se estende holomorhcamente a ,

(/( e = j=1 j ( )(/( j , onde ( ) = g ( 1 , , ) logo L ( ) = g . , onde g é holomorfa em 1 . sto acarreta que
e j( ) = .Pj ( 1 / , / , / ). Note que T | = e que
+ + +
( .  .R)| = X. sto implica que F é dehnida em coordenadas g . = L ( 1 . ) = (d 3) 1 ( 1 ). 1 L ( ) =
homogêneas por = iR i i " (verihque). oloquemos j := | .
omo F ; (3, d 1), obtemos que d (sing(dj ))  3, ou seja, ( 1)
= [(d 3) f ]  = [(d 3) 1( ) f ] =p
sing(dj ) é discreto em j , 1  j  4. omo sing(d )  j 2 1
sing(d | ) = sing(dj ), otemos que sing(d )  j é discreto. sto
f = g (d 3) 1 ( ). Logo f se estende holomorhcamente a
implica que sing(d ) é uma união hnita de retas de C que passam
 . omo
1 \ ( 1  ) tem codimensão dois, f se estende
pela origem. Logo d(sing(d ))  3 e F satisfa as hipóteses do
holomorhcamente a , logo é constante.
teorema . Por este teorema, F é um ponto liso de (3, d 1).
Para = 0 temos 0 = , 0 = () e i i " = ( + ), ou
lém disto, se F1 é um ponto liso de (F ) então F1 = F ( 1 , ),
seja, f0 = ( + ) W= 0, logo i i " = a( ). , onde a( ) = f ; O1 .
onde g ( 1 ) = 1 e g ( ) = d.
Em particular, temos
Suponhamos > 0. Neste caso, p0 := [0 : 0 : 0 : 1] é uma
singularidade simples nilpotente de F de tipo [p : : ]. om efeito, a( ) i "=L (i ") = i " ( ).i " =p
como [ , X] = X, > 0, temos X(p0 ) = X(0) = 0 (verihque). Se
L = X(0) então [ , L] = L e L é nilpotente, pelo exerc´cio 2.2 do [ , ] = ( ). , ( ) = a( )  ( ).
cap´tulo 2. Portanto X é nilpotente em 0 ; C e p0 é s.s.n. de tipo
[p : : ]. omo (0) = > 0, temos ( ) ; O1 . lém disto, se = (0)
Seja ( ) ; C 0 um germe de fam´lia holomorfa de 1-formas ho- então [ , ] = ( ). . omo ( ) W= 0, é nilpotente, pelo
mogêneas em C tal que 0 = e representa, em coordenadas exerc´cio 2.2, logo é nilpotente. O lema 2.1.2 da seção 2.1 implica
homogêneas, uma folheação F ; (3, d 1). oloquemos  = que é semi-simples. omo 0 é s.s.n. de tipo [p : : ] de  , temos
| , de maneira que  representa F em . sp( ) = { ( ).p, ( ). , ( ). }, onde (0) = 1. Logo existe um
Pelo corolário 2.1.2 do cap´tulo 2, existe um germe de função automorhsmo linear de C l , , tal que ) é holomorfa,
holomorfa ; (C, 0) s( ) ; C tal que s(0) = 0 e s( ) é s.s.n. de d ( ) = 1 e ( ) = ( ). . Da´ obtemos ( ) = i i ",
 de tipo [p : : ]. onde = a( )1 . ( ). ( ), sendo [ , ] = #( ). , #( ) =
O teorema implica que = iR i i " , onde T0 = T , 0 = , ( )1 . ( ). omo tem auto-valores p, , ; , #( ) ; para
T é homogêneo de grau um, de grau d e ) T , ) são todo , logo #( ) # e [ , ] = . . sto termina a prova do
holomorfas. omo sp(T0 ) = sp(T ) = {p, , , 0}, 0, p W= , , existe teorema 4.1.
& > 0 tal que se | | < & então os auto-valores 1 ( ), ..., ( ) de Veremos em seguida algumas condições necessárias para que F() ;
T satisfa em (0) = 0, 1 (0) = p, ( ) ; / { 1 ( ), ( ), ( )} e (3, d 1), ou seja, para que suas singularidades sejam todas de
1( ) ;/ { ( ), ( ), ( )}. sto implica que : upka ou simples e g (F ()) = d 1. nalisaremos apenas o caso
em que = p (/( (/( z(/(z, onde p > > . Não
(i). Os germes ) 1( )e ) ( ) são holomorfos. lém disto, estudaremos os casos p = > e p > = .
eo em 4.2. e a = p (/( (/( z(/(z onde p < < om um argumento análogo, obtemos ( )| = =0 = 0, ou seja,
e X tal e [ , X] = X e g (F ( , X) = g ( X ) 1 olo e os | = =0 = 0 e p não é singularidade isolada de . Portanto,
1 = p 1 = p 1 = p(d  1)  e (d) = d d d 1 a100 W= 0 e | = =0 = 1 . (/( , onde 1 = a100 W= 0 é auto-
on a e F ( , X) ; (3, d 1) onde d  1 ntao valor de L. De forma análoga, obtemos que | = =0 = .v(/(v
e | = =0 = . (/( , onde , W= 0. sto implica que L =
( p)(
)( ) diag( 1 , , ) e d (L) W= 0, como quer´amos. Provamos então que,
a m := ; 0
p. . ou bem (p ) W= 0, ou bem (p ) = 0 e neste caso, = (d  1)
( 1 p)( 1 1 )( 1 1) (4.14) e d ( (p )) W= 0. om um argumento análogo, na singulari-
m1 := ; 0 dade p , prova-se que, ou bem (p ) W= 0, ou bem = (d  1)
p. 1 . 1
(d)  1  m m1  (d) , se d  2 ed ( (p )) W= 0, onde = ( ), é análogo a .

em 4.2.1. xiste a fol ea ao de di ensao e tal e


rova Seja 0 := () = ( + ) X  div(X). , por (4.12).
sing( ) 2 {p0 , p1 , p , p } e m( , pj ) = m( j , pj ) 1  j  4
Para que as singularidades de F( , X) em C sejam todas de upka
ou simples, é necessário que, ou bem 0 seja singularidade isolada de
rova Vamos provar primeiramente que existem folheações por
0 , ou bem 0 (0) W= 0, já que sing(d) = sing( 0 ) é uma união
curvas 0 e 1 de grau d, com as seguintes propriedades : j = ,
de órbitas de . Se 0 (0) = 0, então esta singularidade é isolada e
onde j é campo polinomial em j com [ , j ] = j j ( 0 = ),
obtemos da proposição 4.2.1 que
pj é singularidade isolada de j e m( j , pj ) = mj (m0 = m), ou
( p)( )( ) pj ;/ sing( j ) e m( j , pj ) = mj = 0, j = 0, 1.
m = m( , 0) = ; . Suponhamos por um instante que existem tais folheações. Neste
p. .
caso, consideramos o pencil := 0 . 1 , que é dehnido da
Se 0 (0) W= 0, então o desenvolvimento de a lor de 0 em 0 contém seguinte maneira : na carta 0 , podemos escrever 1 = 11 ˜1 .
um monômio constante : (/( , (/( ou (/(z. Se ele contém o omamos := 0 . ˜1 , = ˜1 e = . Note que,
monômio (/( temos = p, já que [ , (/( ] = p (/( e neste ˜
[ , 1] = ˜1 , logo [ , ] = para todo ; C. Em par-
caso, m = 0. Nos outros casos, obtemos também m = 0, como o ticular, se m > 0, que corresponde a > 0, então (p0 ) = 0 e
leitor pode verihcar. Logo m ; 0 , o que prova (a). m( , p0 ) = m, desde que p0 seja singularidade isolada de . lém
Estudemos agora F ( , X) numa vi inhança do plano do inhnito. disto, o conjunto A := { ; C | p0 não é singularidade isolada de
Para isto consideramos C l 0 := {[ : : z : 1] | ( , , z) ; C }. } é algébrico e próprio, uma ve que 0 ; / A. nalogamente, se
om esta convenção, o campo , que se estende a um campo holo- 0 (p0 ) W= 0, o conjunto A := { ; C | p0 ; sing( )} é algébrico e
morfo de , possui quatro singularidades : p0 = [0 : 0 : 0 : 1], próprio. Da mesma forma, o conjunto B := { ; C | p1 não é sin-
p1 = [1 : 0 : 0 : 0], p = [0 : 1 : 0 : 0] e p = [0 : 0 : 1 : 0]. Note gularidade isolada de } (ou B := { ; C | p1 não é singularidade
que, se j = {[ 1 : : : 0 ] | j = 1}, então pj ; j , sendo isolada de }) é algébrico e próprio. Logo, se ; / A  B a folheação
sp( , p0 ) = {p, , }, sp( , p1 ) = {p,  p,  p} = {p, 1 , 1 }, = satisfa m( , p0 ) = m e m( , p1 ) = m1 . Levando em conta
sp( , p ) = {p  ,  ,  } e sp( , p ) = {p  ,  ,  }. a relação [ , ] = , conclu´mos que qualquer componente irre-
Destas singularidades, as únicas que podem ser simples nilpotentes dut´vel de sing( ) é uma órbita de . omo todas as órbitas de
para F ( , X) são p0 e p1 , já que (pj ) tem auto-valores com sinais são aderentes a {p0 , p1 } (verihque), conclu´mos que, se p ou p é
diferentes se j ; {2, 3} (veja o lema 2.1.1 da seção 2.1). mudança singularidade de então ela é isolada e vale m( , pj ) = m( j , pj ),
de carta da carta original para 1 , é = 1/ , = / , v = z/ , j = 2, 3.

logo = p (/(  1 v(/(v  1 (/( . O campo 1 =  tem s construções de 0 e 1 são análogas, logo iremos construir
auto-valores positivos e desempenha o papel de na carta 1 . apenas 0 .  +1
O campo X tem um polo de ordem d  1 no plano do inhnito, já oloquemos X = j=1 Xj , onde, ou bem X +1 = g.R com g W= 0
que g ( X ) = d. Logo, na carta 1 temos X = 11 .X1 ,onde X1 homogêneo de grau d, ou bem g # 0 e X W= .R, homogêneo de
é polinomial, e F ( , X) é dehnida pela forma 1 = i 1 iX1 "1 , onde grau d  1. omo 0 = () = ( + ) X  div(X) , obtemos
"1 = d + dv + d . Por outro lado, no segundo caso que 0 é polinomial de grau d e g ( ) = d, logo
podemos tomar 0 := . No primeiro caso, no entanto, g ( )=
1 1 1
[ 1 , X1 ] = [ , .X] = 1( ).X  .[ , X] = d 1, e a parte homogênea de grau d 1 de 0 é ( + )g R 
1 1 div(g.R) = g[( + )R  (d 3) ] := g(m R  n ). oloquemos
= p(d  1) .X  . .X = 1 X1 .
0 = P g(m R  n ), onde P = A(/( B(/( (/(z. Neste
Seja 1 = (1 ). Por argumento anterior, obtemos que [ 1 , 1 ] = caso, dehnimos
1 . 1 . Logo, se 1 (0) = 0 então m1 ; , onde m1 é como em (4.14).
Por outro lado, se 1 (0) W= 0 então m1 = 0, o que prova (b). A ( B ( (
0 = g.R
Provemos (c). Na singularidade p = [0 : 1 : 0 : 0], tomamos m  np #( mn #( mn # (z
as coordenadas ahns = {[ : 1 : v : ] | ( , v, ) ; C }. Nestas
onde # é escolhido de tal forma que os denominadores das frações
coordenadas temos = (p  ) (/( (  ) v(/(v  (/( e
sejam não nulos. Note que [ , 0 ] = 0 e que sing( 0 ) = sing( 0
X = 11 X , onde X é polinomial, e a folheação é representada por
#.g.R) (verihque). Por outro lado, como m( 0 , p0 ) = m, se |#| é
 = i iX d +dv +d . lém disto, [ , X ] = (  (d1)) X , o que
pequeno então 0 #.g.R tem singularidade isolada em p0 , ou não se
implica que := ( ) satisfa [ , ] = (  (d  1)) . omo
anula em p0 , conforme o caso. Logo, m( 0 , p0 ) = m, pois [ , 0 ] =
F ( , X) ; (3, d 1), temos duas hipóteses : ou bem (p ) W= 0,
0.
ou bem (p ) = 0 e p é singularidade isolada de . hrmamos
Obtivemos então que sing( ) 2 {p0 , p1 , p , p } e que m( , pj ) =
que se (p ) = 0 então = (d  1). om efeito, suponha por
m( j , pj ) := mj , 0  j  3. Pela proposição 1.3.2 da seção 1.3,
absurdo que (p ) = 0 e W= (d  1). Se L = (p ) então
o número de singularidades de , contadas com multiplicidade é
[ , L] = (  (d  1)) L. Pelo exerc´cio 2.2 do cap´tulo 2, obtemos
(d) = d d d 1 = m m1 m m . Se d  1, temos
que L é nilpotente. Logo é um campo nilpotente. Porém, o lema
m , m  1, logo (d)  2  m m1  (d). Por outro lado, ob-
2.1.1 da seção 2.1 implica que os auto-valores de em p têm o mesmo
tivemos que se (p ) = 0 (resp. (p ) = 0), então = (d  1)
sinal, o que não ocorre, já que p  > 0 >  . Portanto, = (d  1)
(resp. = (d  1)). Se d  2, temos (d  1) W= (d  1), logo
e [ , L] = 0, o que acarreta [ , ] = 0. hrmamos que d (L) W= 0.
se (p ) = 0 então (p ) W= 0, ou vice-versa. Portanto, neste caso
om efeito, podemos escrever,
 = ( )(/( (v)(/(v
i j k temos m m  1 e m m1  (d)  1.
( )(/( . Seja ( ) = ijk aijk . .v . . Vamos provar que
a100 W= 0. omo [ , ] = 0, temos ( ( )) = ( ( )) = (p  o ol o 4.2.1. e a = p (/( (/( z(/(z e X tais
) ( ). Suponhamos  por absurdo que a100 = 0. Neste caso, 1 := e p > > e [ , X] = X on a e F ( , X) ; (3, d 1)
( )| = =0 = i ai00 i e ( 1 ) = i i(p  )ai00 . i = (p  d  1 e e todas as sing laridades de F ( , X) e C sao do ti o
) 1 , logo 1 # 0. nalogamente, colocando := (v)| = =0 = a ntao
j
j1 j . , temos ( ) = (  ) , logo
3 3 3 a =1 = 1 =d 1ep=d d 1
j
(  ) j. = j. ( j) = j .(p  ). j
=p =0.
j1 j1 j1 xiste * ; A (C ) tal e * (F ( , X)) e dehnida or  =
i i (") onde Pelo lema 4.2.1 existe uma folheação de grau d tal que m( , pj ) =
m( j , pj ), 0  j  3. Sabemos que m( 0 , p0 ) = 0 e m( 1 , p1 ) = m1 .
( ( ( hrmamos que m( j , pj ) = 0, j = 2, 3. om efeito, na prova de
= z (f ( , z) ) ,
(z ( ( (c) de (4.14) demonstramos que se (p ) = 0 (resp. (p ) = 0)
então = (d  1)  0 (resp. = (d  1)  0). omo = 1,
sendo f ( , 0) # 0 e (f ) = (d d)f temos m( j , pj ) = 0 para j = 0, 2, 3. Logo, m1 = d d d 1.
F ( , X) ad ite a integral ra ional a al na arta do te Substituindo este valor em (4.1 ) e explicitando n, obtemos n = d e
se es reve o o p = d(d 1) 1 = d d 1, como o leitor pode verihcar. om isto
provamos (a).
(  z )p Obtivemos acima que 0 = a.(/(z .z (/( f ( , z) (/( , onde
( , , z) = , f ( , 0) = . , a, , W= 0. Logo, podemos escrever f ( , z) = g( , z)
(  *( , z))
. , onde W= 0 e g( , 0) = 0. omando *( , , z) = ( . , #. , .z),
sendo *( , z) olino io e satisfa X(*) = X( ) = f ( , z) com  = a, # = . 1 .a e = 1 .#  , vem que * ( 0 ) := ,
p onde é como em (b) (verihque).
Para obter a integral primeira, observamos primeiramente que o
d sing(F ( , X) = 1     onde 1 e a or ita de e C campo é completo, isto é, o seu uxo está dehnido em C C .
 e  sao or itas de ontidas no lano do inhnito de C ntegrando diretamente a EDO = ( ), temos ( , , z) = (
as oordenadas C = {[ : : z : 1] | ( , , z) ; C } elas sao * ( , , z), * ( , z), z ), onde * ( , z) = (z ) z e *1 ( , , z) =
ara etri adas o o 1 ( ) = [a. p : : : 1]  ( ) = [1 : : 0 : $1
0] e  ( ) = [1 : . +1 : . : ] o a, , W= 0 le disto 0 [f ( * (s, z), z s) ( * (s, z)) ]ds (veja o Ex. 4.13).
Por outro lado, calculando  = i i ", temos
elas sao tangentes e p1 = [1 : 0 : 0 : 0] e todos os ontos e
sing(F ( , X)) \ {p1 } sao de a  := | = (p  )d  d ,
=0

e i ro a ente dados a os de vetores o oe a eX o o


como o leitor pode verihcar. Um cálculo direto mostra que a função
e a fol ea ao F ( , X) esta e (3, d 1)
meromorfa ( , ) = p /( d1 ) é integral primeira de  (ver-
rova Sejam  = i iX " e 0 = () = ( + )X  div(X). . ihque). omo  ( , , z) = ( *1 (z, , z),  z , 0), a função
omo as singularidades de F ( , X) em C são de upka, temos ( , , z) = ( *1 (z, , z), z ) é integral primeira de F( , X).
sing( 0 ) = ! e ; {p,  ,  }. hrmamos que =  e 0 = omo o leitor pode constatar, sati fa (c) do corolário 4.2.1.
a.(/(z .z (/( f ( , z) (/( , onde a, W= 0, (f ) = (p  ) f e verihcação de (d) pode ser feita utili ando que F ( , X) é dehnida
f W= 0. em C por  = i i " e nas coordenadas 1 = {[1 : : v :
 +1 ] | ( , v, ) ; C } por i i 1 "1 , onde 1 = (/(v v (/( 
om efeito, podemos escrever 0 = j=1 Pj , onde P0 W= 0,
g ( ) ; {d, d 1} e Pj é homogêneo de grau j, 1  j  d 1, (f˜(v, ) )R. Deixamos os detalhes para o leitor.
já que g (F ( , X)) = d 1 e sing( 0 ) = !. Note que [ , Pj ] = .Pj , n
eh o 4.2.1. Diremos que uma folheação em , n  3, é de
1  j  d 1, já que é linear. sto implica que P0 = a.v, onde
lein-Lie, se = f (F ( , X)), onde f : n  tem grau um e
v ; {(/( , (/( , (/(z} e a W= 0. Se v = (/( , temos = p,
posto três e F ( , X) é como no corolário 4.2.1.
0 = a.(/( e g (F ( , X) = 1, como o leitor pode verihcar, o
que contradi g (F ( , X)) = d 1  2. Se P0 = a.(/( então Em seguida veremos uma classihcação no caso d = 1.
=  . nalisando os monômios não nulos de 0 , prova-se que

0 = a.(/( g( , z)(/(z, onde g W= 0, (g) = (p  )g e g (g) = d. o ol o 4.2.2. e a = p (/( (/( z(/(z onde
Deixamos a verihcação deste fato para o leitor. Efetuando a mudança p> > e X tais e [ , X] = X e g (F ( , X)) = 2 on a
de coordenadas ( , v, ) = (1/ , z/ , / ), obtemos que 0 = 11 1 , e F ( , X) ; (3, 2) ntao te os d as ossi ilidades
onde 1 = a. (/(  g̃(v, )R, sendo g̃(v, ) = .g( / , v/ ) e
a X = 1 (/( (/( z(/(z este aso F ( , X) ;
R o radial. Neste caso, g̃ é homogênea degrau d e se 1 = i 1 i 1 " e
(3 1, 1, 1, 1)
m1 = 1 + = p(d  1)  + > 0 então
xiste siste a de oordenadas ah ( , v, ) ; C 2
(1 ) = m1 . 1  div( 1 ). = m1 .a.  g̃(m1 R  (d 3) ) , onde F ( , X) e dada or i i (d +dv+d ) sendo = (/(
(/(v v(/( le disto (p, , ) = (3, 2, 1) = 1 e a
como já vimos anteriormente. Em particular, sing( (1 )) V ( =
f n ao ero orfa
g̃(v, ) = 0), logo tem componentes de dimensão um, o que contradi
F ( , X) ; (3, d 1). Portanto, P0 = a.(/(z e =  . (v  /2)
nalisando os monômios não nulos de 0 obtemos 0 = a.(/(z ( , v, ) =
( v /3)
.z (/( f ( , z) (/( , onde ( .z ) = (  ) .z e (f ) = (p 
)f . Note que neste caso, g ( 0 ) = d e P +1 = 0. Efetuando a e a integral ri eira de F ( , X)
mudança de coordenadas ( , v, ) = (1/ , z/ , / ), vem que 0 =
rova omo d = 1 temos 1 = p(d1) =  . Logo 1 =0
1
1 1 , onde 1 = a. (/(v .  .v (/(  f˜(v, ).R, onde
˜ e temos duas possibilidades : a = 1 = 0. > 0 e 1 < 0,
f (v, ) = .f ( / , v/ ). Logo, se 1 = i 1 i 1 " então (1 ) = ou vice-versa.
aso a Neste caso, temos [ , X] = 0 e um cálculo direto,
= m1 .a. (/(v m1 . . 
.v (/(  f˜(v, ).(m1 .R  (d 3) )
utili ando que g (F ( , X)) = 2 e p0 = 0 é singularidade isolada,
Para que (1 ) tenha singularidade isolada em 0 = p1 , devemos ter mostra que X = 1 (/( (/( z(/(z,  = 1 i iX " é
m = d, W= 0 e f˜(0, ) W# 0, ou seja, f˜(0, ) = . n , W= 0. Decorre logar´tmica e F ( , X) ; (3 1, 1, 1, 1). Deixamos os detalhes apra o
da´ que leitor.
0 = a.(/(z .z (/( f ( , z) (/( , aso Suponhamos por exemplo que < 0 e 1 > 0. Neste
caso, 0 (0) W= 0 e as singularidades de F ( , X) em C são todas de
onde f ( , 0) = . n e a, , W= 0. Utili ando que [ , 0] =  0, upka. Logo, o corolário 4.2.1 implica que (p, , ) = (d d 1, d
obtemos 1, 1) = (3, 2, 1), = 1 e 1 = 1. lém disto, existe * ; A (C )
l tal que X = (/( (/(v (f (v, ) v)(/( , sendo f (v, 0) = 0,
.d  =  =p = (d 1) g (f ) = 1 e (f ) = 2f . sto implica que f = 0 e X é como em (b).
(4.1 )
n.  p =  =p p = (n(d 1) 1) Para ver que é integral primeira de F ( , X) é suhciente verihcar
que ( ) = X( ) = 0, o que deixamos para o leitor.
omo md (p, , ) = 1, as relações em (4.1 ) implicam = 1, = d 1
e p = n. 1 = n(d 1) 1, n  1. Provemos que p = d d 1. eh o 4.2.2. Dada F ; (n, k) denotemos por (F ) a órbita
Vamos utili ar (b) de (4.14). No caso, 1 = p(d1) = n(d 1) d, de F pela ação do grupo de automorhsmos de n em (n, k), isto é,
1 = p  1 = n(d 1) e 1 = p  = n(d 1)  d. Logo, (F ) = {T (F ) | T ; A ( n )}. Di emos que F é rgida, se o fecho
de (F ) em (n, k) é uma componente irredut´vel de (n, k).
( 1 p)( 1 1 )( 1 1) d (d 1)(nd 1) Di emos que uma componente irredut´vel de (n, k) é rgida, se
m1 = = (4.1 ) = (F ) para alguma folheação F ; .
p 1 1 n(d 1)  d
omo consequência de (b) do corolário 4.2.2, temos o seguinte : Vamos indicar a prova da existência dos conjuntos algébricos j ,
j = 2, 3. aremos isto no caso (c), deixando o caso (d) para o leitor.
o ol o 4.2. . e e sao o o e do orolario entao Lembramos que as componentes irredut´veis de sing(F ( , )) são
F ( , ) e rgida órbitas de . Este campo possui quatro singularidades, sendo que
Vamos em seguida dar uma classihcação no caso em que = todas as órbitas se acumulam em duas delas : os pontos onde os
3 (/( 2 (/( z (/(z. auto-valores têm o mesmo sinal, isto é, p0 = [0 : 0 : 0 : 1] ; e
p1 = [1 : 0 : 0 : 0] ; 1 . Por exemplo, na carta , calculamos a
o ol o 4.2.4. e a = 3 (/( 2 (/( z (/(z e F ( , X) ; resultante das componentes de = ( ), que no caso de (4.1 )
(3, d 1) olo e os  = i iX " e := () = 1 (/( é f (a f d ) = 0, com a condição d 2f = 0. sto nos fornece
(/( (/(z ntao um sub-conjunto algébrico próprio j 2 j . Em seguida, fa endo
a mudança de coordenadas = 1/ , v = z/ , = / , na qual o
a d ; {1, 2, 3}
ponto p1 = (0, 0, 0), obtemos uma forma  que representa F ( , )
e d = 1 entao F ( , X) e o o e do arolario em 1 . alculamos := ( ), e calculamos a resultante das
componentes de , obtendo um conjunto algébrico j1 . O conjunto
e d = 2 entao = 1 1 = 2 o vi e versa e se [ , ] = j = j1 j satisfa as propriedades requeridas. No caso (c) prova-
entao T se que  1 = a(4f )(3f 2d)(4d 4 fa 3 a ). Deixamos
z 1 ( , , z) = a
€ z
os detalhes para o leitor.
( , , z) = d z , (4.1 ) ixado = p (/( (/( z(/(z, onde p, , ; , p > >
€
Z
( , , z) = fz e md (p, , ) = 1, dehna (p, , ) := {(d, ) | existe um campo X
em C tal que [ , X] = X e F ( , X) ; (3, d 1) }.
onde d 2f = 0
d e d = 3 entao = 1 = 3 e o ol o 4.2. . on nto (p, , ) e hnito
T
rova á vimos no corolário 4.2.2 o caso d = 1. Vimos também
z 1 ( , , z) = a
€ z 3 z
no corolário 4.2.1 que se < 0 (resp. 1 < 0) então =  = 1
( , , z) = d z f z z , (4.1 )
€
Z (resp. 1 =  1 = 1) e neste caso a folheação é do tipo lein-Lie,
( , , z) = g z i z z sendo = d 1 e p = d d 1 (resp. 1 = d 1). Vamos então
supor que d  2 e , 1  0. omo 1 = p(d  1)  3, temos
onde 2a d g= 2f 2i = 0 > 0 ou 1 > 0. Vamos supor que  0 e 1 > 0.
o aso olo e os  := ({(a, ..., f) | d 2f = 0}) e no idéia da prova é a seguinte : do teorema 4.2, temos m m1 
aso  := ({(a, ..., f) | 2a d g = 2f 2i = 0}) ado (d), sendo m = ( p)( )( )/p , m1 = ( 1 p)( 1
; j denote os or o a o as o onentes sao o o e 1 )( 1 1) e (d) = d d d 1. omo p, , são hxos, 1 = p ,
o onfor e o aso xiste s on ntos alge ri os 1 = p e 1 = p(d  1), podemos escrever m m1 = ( , 1 ),
ro rios j 2 j j = 2, 3 tais e se ; j \ j entao F( , ) ; onde é um polinômio de grau três, e (d) = p1 ( 1 ), sendo
(3, j 1) j = 2, 3 a os os asos F ( , ) oss i d as s s n () = 4p p 4p (verihque). Logo, o corolário será
de ti o [3 : 2 : 1] o aso j = 3 estas sao as ni as sing laridades provado, se demonstrarmos que a desigualdade p . ( , 1 )  (
si les o aso j = 2 F ( , ) oss i a o tra sing laridade 1 ) tem um número hnito de soluções inteiras tais que  0 e 1 > 0.
si les nao nil otente desigualdade é equivalente a seguinte : ( , 1 ) := ( , 1 ) 

rova Vamos supor que d  2, já que o caso d = 1 foi visto no 1 1 ( 1)  0, onde
corolário 4.2.2. omo (p, , ) = (3, 2, 1), temos (p, 1 , 1 ) = (3, p 
, p  ) = (3, 2, 1) e 1 = 3(d  1)  . olocando P ( ) = ( 3)( ( , 1) =p 1 1( p)( )( ) p ( 1 p)( 1 1 )( 1 1) .
2)( 1) temos m m1 = (P ( ) P ( 1 ))/ em (4.14) do teorema
4.2. Em particular, m m1 é função simétrica de ( , 1 ). olocando Escrevendo explicitamente a parte homogênea de grau três, , de
s= 2 e s1 = 1 2, temos P ( ) P ( 1 ) = P (s  2) P (s1  2) = , temos
s  s s1  s1 = (s s1 )(s  s.s1 s1  1). Da´ concluimos que
s s1 = 1 4 = 3d 1 divide P ( ) P ( 1 ). Por outro lado, ( , 1) =p 1 1 p 1  1 1( 1) .
pelo teorema 4.2, temos m m1 = (d) ou m m1 = (d)  1, onde
(d) = d d d 1. omo m m1 = (P ( ) P ( 1 ))/ , conclu´mos hrmamos que existe > 0 tal que se  0 e 1 > 0 então
que 3d 1 divide . (d) ou divide ( (d)  1). onsideremos cada ( , 1 ) > .( 1) . om efeito, colocando s := / 1 , podemos
um dos casos. escrever ( , 1 ) = 1 . (s, 1) := 1 .f (s), onde f (s) = p 1 1 s
3d 1 divide .( (d)  1) Neste caso, 3d 1 divide p  1 1 (s 1) . Utili ando que p > ma ( , 1 , , 1 ), não é
.( (d)  1) = 4d 4d 4d. O resto da divisão deste polinômio dif´cil ver que f (s) tem um ponto de m´nimo global para s > 0 e
por 3d 1 é 14, logo 3d 1 divide 14, 3d 1 ; {2, , 14} e d = 2. Logo, que im f (s) = . Estes fatos implicam que existem > 0 e
+
(s s1 )(s s.s1 s1 ) = .( (d)1) = 4, e como s s1 = 3d 1 = , # > 0 tais que f (s) > .s #. Portanto, ( , 1) > . #. 1 .
obtemos omo a função ( . #. 1 )/( 1 ) é limitada inferiormente em
A := (  0, 1 > 0), obtemos a ahrmação.
s  s(  s) (  s)  1 = 4/ = 12 =p s ; {3, 4} =p
omo L( 1 ) := ( , 1)  ( , 1 ) é de grau dois, existe
; {1, 2}. Portanto, = 1 e 1 = 2, ou vice-versa. Para obter uma constante > 0 tal que L( 1)  ( 1 ) em A. Logo
as componentes de como em (4.1 ), utili amos que g ( j )  3, ( , 1 )  .( 1)  ( 1 ) = .P (d  1)  .p (d  1) ,
( 1 ) = ( p) 1 = 4 1 , ( ) = 3 e ( ) = 2 . condição ou seja, ( , 1 ) > 0 se d é suhcientemente grande. sto prova o
d 2f = 0 vem do fato de que div( ) = 0. Deixamos os detalhes para corolário.
o leitor. Observamos ainda que neste caso, se F ( , ) ; (3, 3)
então F ( , ) possui três singularidades simples, já que m m1 = e o 4.2.2. Dados = p (/( (/( z(/(z, W= R,
(d)  1. p, , ; , md (p, , ) = 1, e X tais que [ , X] = X e F ( , X) ;
3d 1 divide . (d) Neste caso, 3d 1 divide . (d) = (3, d 1), vamos denotar por f (3 p, , d, ) a componente ir-
4d 4d 4d 4. O resto da divisão deste polinômio por 3d 1 redut´vel de (3, d 1) que contém F ( , X). O teorema 4.1 implica
é 40, logo 3d 1 divide 40 e 3d 1 ; {2, 4, , 10, 20, 40}. Da´ obtemos que f (3 p, , d, ) é o fecho em (3, d 1) do seguinte conjunto
d ; {1, 3}. omo d  2, temos d = 3 e s s1 = 10. Portanto
s é rai de s  s(10  s) (10  s)  1 = . (3)/10 = 24, ou { (F( , )) | [ , ] = , F( , ) ; (3, d 1)e ;A ( )} .
seja, s = e = s  2 = 3 = 1 . Para obter as componentes de
como em (4.1 ), utili amos que g ( j )  4, ( 1 ) = ( p) 1 = 1,
Por outro lado, os corolários do teorema 4.2, mostram que o exis-
( )= e ( ) = 4 . s condições 2a d g = 2f 2i = 0 tem várias componentes deste tipo : f (3 d d 1, d 1, 1 d, 1)
e os termos 3 z ,  z e z vêm do fato de que div( ) = 0 ( lein-Lie), f (3 3, 2, 1 2, 1) = f (3 3, 2, 1, 2) e f (3 3, 2, 1 3, 3)
e g (F ( , )) = 4. Deixamos os detalhes para o leitor. Observamos (corolário 4.2.4).
ainda que neste caso, se F( , ) ; (3, 4) então F ( , ) possui Particularmente, a componente de lein-Lie f (3 3, 2, 1 1, 1) 2
duas singularidades simples, já que m m1 = (d). (3, 2) será revisitada na seção .2.
4.2.2 Outras componentes provenientes de ações. 1  f  n  1. omo j = (/(zn+j , 1  j  m  n, obtemos
Nesta seção veremos algumas componentes de (n, d) que provêm d =i ...i i 1 ...i " . (4.20)
1 1 n
de ações em Cn , n  4. omeçaremos com uma consequência do n1

teorema . Seja uma componente irredut´vel de (n, k). Dado


n omo ˆf é polinomial homogêneo de grau df , podemos escrever
m > n dehna BL(m, ) = { (F ) | F ; e :  é
racional de grau um}. Note que BL(m, ) 2 (m, k). ˆf = zn+1 . ... z . , 1fn1 ,
f 1f n f

opo o 4.2.2. e a a o onente irred tvel de (n, k)


onde os coehcientes de f só dependem de (z0 , ..., zn ) e 1 f , ..., n f
o o no teore a isto e tal e a fol ea ao t i a e dehnida e
são polinomiais. Por outro lado, como d 1 só depende de (z0 , ..., zn ),
oordenadas o ogeneas or = iR iX1 ...iXn1 "n onde "n = dz0 +
a relação (4.20) implica que d 1 = i 1 ...i n i 1 ...i n1 " . Logo,
... + dzn e d(sing(d ))  3 ara todo m > n BL(m, ) e a
como na prova de (b), existem campos homogêneos 1 , ..., n1 em
o onente irred tvel de (m, k)
Cn+1 tais que g ( f ) = df , . f = f H  e d 1 = i 1 ...i n1 "n .
rova Seja 2 (n, k) uma componente irredut´vel como Deixamos os detalhes para o leitor.
acima, isto é, tal que se F é um ponto liso de então F é dehnida Voltemos a demonstração da proposição 4.2.2. Pelo lema 4.2.2, ex-
em coordenadas homogêneas por = iRn iX1 ...iXn1 "n , sendo Rn istem campos constantes v1 , ..., v n e campos homogêneos ˜1 , ..., ˜n1
o radial em Cn+1 e Xj campo homogêneo em Cn+1 de grau dj , tais que * (d ) = d = i 1 ...iv n i 1 ...i n1 " . Seja ( ) ; C 0
1  j  n  1. No caso, g (F ) = k = d1 ... dn1 . omo vi- um germe de fam´lia holomorfa de 1-formas tal que 0 = e rep-
mos no lema 4.1.2 da seção 4.1.2, existem campos homogêneos em resenta em coordenadas homogêneas uma folheação F ; (m, k).
Cn+1 , 1 , ..., n1 tais que d = i 1 ...i n1 "n e g ( j ) = dj . Se- Pelo teorema , existem germes de fam´lias holomorfas de campos
jam :  n
uma aplicação racional de grau um e posto n e homogêneos v1 , ..., v n , ˜1 , ..., ˜n1 , ; (C, 0), tais que vj é
* : C +1 Cn+1 tal que n H * = H  . folheação (F ) é campo constante em C +1 , 1  j  m  n, g ( ˜i ) = di , 1  i 
representada em coordenadas homogêneas pela forma := * ( ). n  1, e d = i 1 ...i n i 1 ...i n1 " . Pela rec´proca do lema
oloquemos " = dz0 + ... + dz . 4.2.2, existem germes de fam´lias holomorfa de campos homogêneos,
n+1
1 , ..., n1 , ; (C, 0), em C e um germe holomorfo de aplicação
em 4.2.2. a sit a ao a i a vale o seg inte de grau um * : C +1 Cn+1 , ; (C, 0), tais que = * ( ), onde
1
d = i 1 ...i n1 "n , ou seja = k+ iRn d ; . sto prova que
a d(sing(d ))  3 BL(m, ) é uma componente irredut´vel de (m, k)
xiste a os onstantes v1 , ..., v n e a os o ogeneos eh o 4.2. . Dados m > 3, p, , , d ; , com md (p, , ) = 1,
˜1 , ..., ˜n1 e C +1 tais e g ( ˜j ) = dj 1  j  n  1 e
e ; , tais que f (3 p, , d, ) W= !, dehna f (m p, , d, ) =
n
{* (F ) | F ; f (3 p, , d, ), * :  , g (*) = 1}.
d = i 1 ...i n
i 1 ...i n1
" (4.1 )
o ol o 4.2. . e f (m p, , d, ) W= ! entao e a o onente
arti lar (k 2) = iR i 1 ...i n i 1 ...i n1
" onde irred tvel de (m, d 1)
R e o radial e C +1
Em seguida veremos outras componentes que não são como no
e i ro a ente s on a os e 1 e a for a o ogenea e corolário 4.2. . Estas componentes são geradas por ações de grupos
re resenta a fol ea ao F1 ; (m, k) e oordenadas o ogeneas de Lie em Cn+1 .

e e d 1 = i 1 ...i n i 1 ...i n1 " onde 1 , ..., n sao a Exemplo 4.2.1. Seja uma sub-álgebra de Lie de (n 1, C).
os onstantes e ˜1 , ..., ˜n1 sao o ogeneos o g ( ˜j ) = dj 1  Suponha que é gerada por campos lineares X1 , ..., Xn1 tais que o
j  n  1 e d(sing(d 1 ))  3 ntao existe a os o ogeneos conjunto fd( ) := {p ; Cn+1 | X1 (p) + ... + Xn1 (p) = 0} tem codi-
1 , ..., n1 e Cn+1 o g ( j ) = dj 1  j  n1 e  : C +1 mensão  2. Neste caso, existe uma folheação F ( ) ; (n, n  1)
Cn+1 tais e 1 = * ( 1 ) onde 1 e integravel e (k 2) 1 = dehnida em coordenadas homogêneas por G := iR iX1 ...iXn1 "n .
iRn i 1 ...i n1 "n onsidere
 a aplicação p: A (Cn+1 ) dada por p(X) =
X
= j=0 j1 X j . O conjunto := p( ) é um sub-grupo imerso
rova omo tem posto n, * : C +1 Cn+1 tem posto n 1. em A (Cn+1 ), de dimensão n1, em geral não fechado. Por um teo-
Logo existem coordenadas homogêneas z = (z0 , ..., z ) ; C +1 e rema clássico de grupos de Lie, existem um grupo de Lie simplesmente
( 0 , ..., n ) ; Cn+1 tais que *(z0 , ..., z ) = (z0 , ..., zn ). oloquemos conexo , de dimensão n1, e um homomorhsmo : , o qual
n
f = j=0 ffj ( ) d j , onde ff0 , ..., ffn são homogêneos de grau df , é uma aplicação de recobrimento. sto permite dehnir uma ação de
1  f  n1. Dehnamos campos homogêneos ˜f de grau df em C +1 : Cn+1 Cn+1 por ( , z) = ( ).z. Esta ação indu uma
n
por f (z) = j=0 ffj (z0 , ..., zn ) dzj . Vemos então que *(z). ˜f (z) =
˜ outra  : n n
dada por ( , [z]) = [( , z)], onde [z] denota
f (*(z)), 1  f  n  1. olocando v1 := (/(zn+1 ,...,v n := a reta complexa de Cn+1 que contém z W= 0 e passa pela origem. Note
(/(z , temos que as órbitas de dimensão n  1 desta ação são as folhas de F ( ).

i 1 ...i i 1 ...i " = (1)n 1


i 1 ...i (dz0 + ... + dzn ) , opo o 4.2. . as ondi oes do exe lo s on a e
n n1 n1
F ( ) satisfa as i oteses do teore a e a (F ( )) a o onente
como o leitor pode verihcar diretamente. Por outro lado, se 1, ; irred tvel de (n, n  1) e onte F ( ) ntao ara todo onto
C +1 , temos liso ; (F ( )) existe a s alge ra de ie ( ) 2 (n 1, C)
de di ensao n  1 tal e = F ( ( ))
i 1
i i ...i (dz0 + ... + dzn ) =
1 n1 rova Seja uma 1-forma homogênea que representa em
=i i i ...i (d + ... + d coordenadas homogêneas. Pelo teorema , existem campos de grau
* 1 * 1 * n1 * 0 n) =
um 1 , ..., n1 tais que d = i 1 ...i n1 "n . O sistema 1 , ..., n1
=d * ( *( ), *( 1 )) = (* (d )) ( , 1) . é involutivo, logo
n 1 n1
Logo, * (d ) = (1) i 1 ...i n i 1 ...i n1 " . sto implica (b). 3
prova de (a) é deixada para o leitor. Provemos a rec´proca. [ i, j] = aij , 1  i < j  n  1.
Suponhamos que d 1 = i 1 ...i n 1 , onde 1 = i 1 ...i n1 " . =1

omo (k 2) 1 = iR d 1 e 1 W# 0, obtemos d 1 W# 0. Logo, omo os campos jI são lineares, os coehcientes aij são constantes,
1 , ..., n são linearmente independentes e, após uma mudança logo ( ) :=< 1 , ..., n1 > é uma álgebra de Lie.
de coordenadas linear em C +1 , podemos supor que 1 = (/(zn+1 ,
Exemplo 4.2.2. Para n  3, dehna
..., n = (/(z . omo i d 1 = 0, da integrabilidade, obtemos
n
3
que i 1 = 0 e L ( 1 ) = 0. sto  implica que 1 só depende ( 3
das variáveis (z0 , ..., zn ), isto é, 1 =
n Xn1 = i zi , i =0
j=0 fj (z0 , ..., zn ) dzj . Em (zi
i=0 i
particular, d 1 só depende de (z0 , ..., zn ). omando (z0 , ..., z ) = (4.21)
nk
3
(z0 , ..., zn ), temos 1 =  ( 1 ), onde 1 = nj=0 fj ( ) d j . oloque- (
 n Xk = zi+k , k = 1, ..., n  2
mos ˜f = j=0 gfj (z)(/(zj e dehnamos ˆf := j=0 gfj (z)(/(zj , i=0
(zi
Não é dif´cil ver que [Xi , Xj ] = 0 se 1  i < j  n  2 (verihque). Ex. 4. . Sejam g : (Cf , ) (C , a) um germe de aplicação holo-
nk
Por outro lado, [Xn1 , Xk ] = i=0 ( i+k  i ) zi+k (/(zi . Logo,
morfa e = g(Cf , ). Dehna T = m( g( )) 2 C . Prove que
se escolhermos i = i 0 , temos i+k  i = k e [Xn1 , Xk ] = é irredut´vel e que dim( )  dim(T ).
k Xk , 1  k  n  2. Nestecaso, :=< X1 , ..., Xn1 > é uma
Ex. 4.1 . Seja o conjunto de polinômios homogêneos de grau
álgebra de Lie e a condição i i = 0 implica que 0 = n/2.
em C . onsidere a norma ||.|| em dehnida por ||f || :=
Logo, := iR iX1 ...iXn1 " dehne em coordenadas homogêneas uma
s p{|f (z) |z|  1}. Dada = ( 1 , ..., k ), onde j ; , 1 
folheação F ( ) ; (n, n  1). Podemos calcular d utili ando a
fórmula (4.3). Ela nos fornece d = iX1 ...iXn i ", onde j  k, denote por X( ) o conjunto algébrico ( = 0). Suponha que
dC (X( ))  f, onde 1  f  m. Prove que existe 6 > 0 tal que se
(n  1)(n  2) = ( 1 , ..., k ) são tais que j ; e || j  j || < 6, 1  j  k,
= R (1)n+1 (n 1)Xn1 ,
2 então d(X( ))  f.
n
como o leitor pode verihcar. Note que = j=0 j zj (/(zj , onde Ex. 4.11. onsidere Cn+1 com as coordenadas (z1 , ..., zn+1 ). Seja

j W= 0, 0  j  n. Segue de (4.21) que, se (zn , zn1 , zn ) W= (0, 0, 0) = z1 ...z ,  n 1. Prove que, se i W= j para
j=1 j
então os vetores X1 (z), ..., Xn1 (z), (z) são linearmente indepen- i W= j então d(sing(d ))  3. onclua da´ que (n p1 , ..., p ) 2
dentes. Logo sing(d ) 2 ( n = n1 = n = 0) e satisfa as (n,  2), se  n 1 e pj = 1 para todo j = 1, ..., .
hipóteses do teorema .
Ex. 4.12. Sejam = p (/( (/( z(/(z e X tais que
e o 4.2. . Sejam a álgebra de Lie do exemplo 4.2.2 e
[ , X] = X e g (F ( , X)) = f. Prove que existe um polinômio g
F( ) ; (n, n  1). É poss´vel provar que é uma comonente
tal que (g) = .g e, se = X g. então g ( ) = f  1.
r´gida (veja [ -P]). No caso n = 3 esta componente coincide com
f (3 3, 2, 1 1, 1), ou seja a componente descrita em (b) do corolário Ex. 4.1 . Seja X um campo em C dehnido por
4.2.2. ostar´amos de observar que as componentes obtidas por pull-
back linear desta, ou seja, f (m 3, 2, 1 1, 1), m  4, são também ( ( (
X( , , z) = f( ) g( , ) .
r´gidas. sto é consequência do corolário 4.2.3 e da proposição 4.2.2. ( ( (z
ais precisamente, em [ -V] prova-se o seguinte resultado :
Prove que o uxo de X é polinomial em ( , , , z). onsidere a
eo em 4.2.1. e a F ( ) a fol ea ao de odi ensao ind ida equação diferencial X( ) = com condição de contôrno (0, , z) =
or a s alge ra de ie 2 (n 1, C) on a e F( ) ( , z), onde é um polinômio. Prove que esta EDP tem uma única
satisfa a i otese do teore a e 1( , (n 1, C)/ ) = 0 solução, a qual é polinomial.
entao F ( ) e rgida
Ex. 4.14. Sejam = 3 (/( 2 (/( z (/(z, X = (a
z)(/( ( d z)(/( ( f z )(/(z, ; {[a : ... : f ] ;
4.3 Exerc´cios. | d 2f = 0} := . oloque  = i iX ". Seja F ( ) a
folheação de que é representada na carta ahm C 2 por  .
Ex. 4.1. Seja F uma folheação de codimensão um numa variedade Prove que existe um conjunto algébrico B 2  tal que se ;
/ B
complexa M de dimensão n  3. Suponha que existem n  1 campos então F ( ) possui três singularidades simples, duas nilpotentes do
de vetores meromorfos em M , X1 , ..., Xn1 , tangentes a F , e p ; tipo [1 : 2 : 3] e a outra semi-simples. s outras singularidades de
M \ j (Xj ) tail que X1 (p) + ... + Xn1 (p) W= 0. Prove que T F é F ( ) são de upka.
localmente livre.

Ex. 4.2. Prove que se F ; P BL(n, k), n  3, k  0, então exis-


tem n  1 campos de vetores meromorfos em n , tangentes a F e
linearmente independentes num sub-conjunto aberto e denso de n .
Ex. 4. . Seja F uma folheação de codimensão um em M , onde
dim(M )  4. Suponha que sing(F ) tem uma componente irredut´vel
de codimensão  3. Prove que se p ; é um ponto liso de então
T F não é livre em p. Cap´tulo 5
Ex. 4.4. Prove que se p1 ... p > 3 então (n p1 , ..., p ) W2
(n, p1 ... p  2).
Ex. 4. . Prove por indução em  1 que se 1 , ..., são campos Folheações de graus um
de vetores holomorfos em C então

d(i 1 ...i ") =


3
(1)i+j+1 i i i 1 ...i/ ...i/ ...i "
e dois.
i j

3
(1)j+1 div( j) i 1 ...i/ ...i ", Neste cap´tulo classihcaremos as componentes irredut´veis de (n, 1)
j=1 e (n, 2), n  3. Veremos que para todo n  3, (n, 1) possui
onde " = dz1 + ...dz e div( ) é dehnido por d(i ") = div( )". duas componentes irredut´veis e (n, 2) seis.

Ex. 4. . Seja  = i 1 ...i ", onde 1 , ..., são campos de vetores


holomorfos em C + e " = dz1 + ... + dz + . Prove que  +  = 0. 5.1 Componentes de ol(n, 1).
Ex. 4. . Sejam 1 , ..., campos holomorfos num polidisco 2 O objetivo desta seção é provar o seguinte resultado, cuja prova orig-
C tais que para todo ; o conjunto { 1 ( ), ..., ( )} é uma inal foi dada por ouanolou em [ ].
base de C . Seja uma 2-forma em que satisfa i i = 0,
para 1  < s  m  2. Prove que existe uma (m  2)-upla de eo em . ara todo n  3 (n, 1) oss i d as o onentes
campos holomorfos em , = ( 1 , ...,  ), tal que irred tveis (n 1, 2) e (n 1, 1, 1)

3 rova Nos teoremas 3 e 4 provamos que (n 1, 2) e (n 1, 1, 1)
= i 1 ...i 1 i i 1 ...i  " , " = dz1 + ... + dz . são componentes irredut´veis de (n, 1). Para provar que (n, 1) =
j=1 (n 2, 2) (n 1, 1, 1), utili aremos a proposição 1.4.3 da seção 1.4.3.
Seja F ; (n, 1). Vamos supor que d(sing(F ))  2. Segundo a
Ex. 4. . Sejam f : (C , a) (Ck , 0) um germe de aplicação holo- n
1 proposição 1.4.3, existe um mergulho linear : em posição
morfa e X = f (0). Dehna T X := k ( f (a)) 2 T C l C .
geral com F . Seja := (F ) ; (2, 1).
Prove que dim(X, a)  dim(T X). Suponha que para todo v ; T X
existe um germe de curva holomorfa  : (C, 0) X tal que  I (0) = v. em .1.1. al er fol ea ao ; (2, 1) ode ser dehnida or
Prove que X é liso em a e dim(X, a) = dim(T (X)). a for a ero orfa fe ada
rova Seja ; (2, 1). Em coordenadas homogêneas, podemos 5.2 Componentes de ol(n, 2).
dehnir por uma forma = iR i (dz0 + dz1 + dz ), onde R é o
radial em C e L é um campo homogêneo de grau um. pós uma O objetivo desta seção é demonstrar o seguinte resultado, cuja prova
mudança linear de coordenadas em C , podemos supor que L está na original foi dada em [ e-LN 1] :
forma canônica de ordan. emos três possibilidades :
eo em . ara todo n  3 (n, 2) oss i seis o onentes irre
(i). L = 0 z0 (/(z0 1 z1 (/(z1 z (/(z , j ; C e i W= 0 d tveis (n 2, 2) (n 1, 3) (n 1, 1, 1, 1) (n 1, 1, 2) P BL(n, 2)
para algum i = 0, 1, 2. e f (n 1, 2, 3 1, 1) o onente ex e ional

(ii). L = 0 R z1 (/(z0 z (/(z1 , 0 ; C. rova á vimos nos cap´tulos anteriores que (n 2, 2), (n 1, 3),
(n 1, 1, 1, 1), (n 1, 1, 2), P BL(n, 2) e f (n 1, 2, 3 1, 1) são com-
(iii). L = 0 ((z0 z1 )(/(z0 z1 (/(z1 ) z (/(z , 0, ;Ce ponentes irredut´veis de (n, 2). Vamos provar que (n, 2) é a
0 W= 0. união destas componentes.
No caso (i), obtemos = 0 z1 .z dz0 1 z0 .z dz z0 .z1 dz , Seja F ; (n, 2). Vamos supor que d(sing(F ))  2. omo
onde 0 = 1   , 1=  0e =  1 . Neste caso, a forma na prova do teorema , a idéia é considerar um 2-plano em posição
logar´tmica  := j=0 j satisfa iR  = 0, logo indu uma 1- geral com F. Dado p ; n \ sing(F ), por abuso de linguagem, vamos
denotar por Tp F o (n-1)-plano de n que passa por p e é tangente
forma meromorfa fechada logar´tmica em , a qual denotaremos
a F em p. dihculdade aqui é que, diferentemente do caso de grau
também por . forma  dehne .
um, nem toda folheação de grau dois em pode ser dehnida por
No caso (ii), temos = z dz0  z1 .z dz1 (z1  z0 .z )dz . Seja
uma forma meromorfa fechada. emos duas possibilidades :
:= (2 z0 .z z1 )/z . Um cálculo direto mostra que = z (2z0 .z 
z1 ) . Logo é uma integral primeira de F . Em particular, é ( ). Existe p ; n \ sing(F ) tal que Tp F contém um plano l ,
 1 com p ; , o qual tem uma tangência não degenerada (de
dehnida pela forma fechada  = = 2  1
.
No caso (iii), vem que = 1 z (z0 dz1  z1 dz0 ) orse) com a folha Lp de F em p.
0 z1 (z1 dz 
z dz1 ), 1 = 0  . olocando = 1 / 0 , temos ( ). Para todo p ; n \ sing(F ) e todo plano 2 Tp F , com p ; ,
1 dz dz1 a tangência de Lp com é degenerada. Uma folheação que
 := =   (z1 dz0  z0 dz1 ) = satisfa esta propriedade será chamada de fol ea ao de onge
0 .z1 .z z z1 z1
ere.
=  11  d( .z0 /z1 ). omo iR  = 0, esta forma indu uma aso ixemos uma carta ahm := ( 1 , ..., n ) ; Cn 2 n tal
forma fechada em que dehne em \ () . que p = 0 ; C , Tp F Cn = ( n = 0) e Cn = ( = ... = n = 0).
n
Seja := ( ) l . Pelo lema .1.1, a folheação = F| Neste caso, podemos parametri ar uma vi inhança de p = 0 em Lp
pode ser dehnida por uma 1-forma fechada . proposição 3.1.1 da por z := ( 1 , ..., n1 ) ) (z, *(z)), onde * : C é holomorfa,
seção 3.1 implica que  pode ser estendida a uma 1-forma meromorfa vi inhança de 0 ; Tp F , *(0) = 0 e *(0)
fechada  em n , que dehne F. Pela proposição 1.2. da seção 1.2  = 0. O jato de ordem dois
de * em 0 é da forma j (*, 0)( ) = 1ijn1 aij i . j . Di er que
podemos escrever tem tangência não degeneradacom Lp em p é equivalente a que
k a forma quadrática ( 1 , ) := 1i j aij i . j seja não degener-
3 dfj g
= d( ada. Por outro lado, como p ; / sing(F ), F tem uma integral primeira
j 1 ) ,
j=1
fj f1 1 1 ...fk holomorfa local, digamos f : C, 0 ; , tal que df (0) W= 0 e (f =

onde 1 , ..., k  1, () 1


 = (f1 ...fk = 0), j é 
o res´duo de  em 0)  2 Lp . omo a vi inhança 2 Lp é dada por ( n  *(z) = 0)
(fj = 0), 1  j  k, j j .g (fj ) = 0 e g (g) = j ( j  1) g (fj ). e f |  = 0, pelo teorema da divisão de eierstrass, o germe f0 de f
olocando gj := fj | e := g| temos em 0 pode ser escrito como f0 (z, n ) = ( n  *(z)). (z), onde (0) W=
k
0. Portanto, f0 |  ( 1 , ) = *( 1 , , 0, ..., 0). ( 1 , , 0, ..., 0) :=
3 dgj g( 1 , ). Logo, j0 (f0 |  ) = (0). ( 1 , ), ou seja, é não degen-
 = | = j d( ).
j=1
gj g11 1 ...gk 1
erado. Em particular, F | tem uma singularidade em p = 0 ; e
uma integral primeira local com uma singularidade de orse em 0.
omparando com as expressões de  obtidas no lema .1.1, temos o
seguinte, de acordo com o caso : eh o .2.1. Di emos que uma folheação em possui um

aso i Neste caso, | =  = j=1 j . omo os polos de  entro em ; , se ; sing( ) e possui uma integral primeira g
são de ordem um, temos 1 = ... = k = 1, ou seja, g = 0. lém disto, numa vi inhança de tal que é uma singularidade de orse de g.
2  k  3. Se k = 3 então g (gj ) = 1 e podemos supor que gj = zj ,
1  j  3. Em particular, g (fj ) = 1, 1  j  3. omparando os Podemos supor, sem perda de generalidade, que o 2-plano
res´duos, obtemos que j = j , 1  j  3. Logo, F ; (n 1, 1, 1). está em posição geral com respeito a F . De fato, como o con-
junto de 2-planos em posição geral com F é denso, para todo 6 >
Se k = 2 então  = 1 11 , sendo 1 g (f1 ) g (f ) = 0.
 0, existe um mergulho linear  : C Cn , da forma ( 1 , ) =
Em particular, obtemos 1 1 1
= j=1 j . sto implica ( 1 , , ( 1 , )) ; C Cn tal que || || < 6 e := (C ) está
que g1 .g = z1 .z .z , ou seja, g (g1 ) = 2 e g (g ) = 1, ou vice- em posição geral com F . Neste caso, se 6 é suhentemente pequeno, a
versa. Supondo que g (g1 ) = 2 e g (g ) = 1, temos g (f1 ) = 2 e função f |  é uma integral primeira local de F | e possui uma
g (f ) = 2, logo / 1 = 2. Portanto, f1 /f é integral primeira de singularidade de orse num ponto ;  (verihque).
F e F ; (n 1, 2). Portanto, existe um 2-plano 2 n , em posição geral com F ,
aso ii Neste caso,  tem polos de ordem um e dois res´duos tal que := F | possui um centro ; . omo está em posição
distintos. sto implica que o mesmo é verdade para . Logo k = 2, geral com F , temos ; (2, 2) ( l ). Vamos agora utili ar
0 = 1 = 1, e podemos supor que g1 = 2z0 z  z1 , g = z , 0 = 1 e dois resultados. O primeiro, devido a Dulac, classihca as folheações
1 = 2. Logo g (f1 ) = 2, g (f1 ) = 1 e f1 /f é integral primeira de ; (2, 2) que possuem um centro ; e uma reta f invari-
F . Portanto, F ; (n 2, 1). ante tal que ; / f. O segundo, prova que, se ; (2, 2) possui
aso iii Neste caso,  =  11  d( .z0 /z1 ), logo g| = a.z0 um centro então existe uma reta f invariante tal que ; / f. Não
e podemos supor que g1 = z e g = z1 , o que acarreta 1 = 1, = 2, demonstraremos estes resultados, uma ve que as provas são pura-
g (f1 ) = g (f ) = 1. inalmente, vimos na observação 3.3.1 da seção mente formais, envolvendo cálculos simbólicos que serão indicados no
3.3, que F ; (n g (f1 ), g (f ), p), onde p = ( 1  1)g (f1 ) (  próximo cap´tulo. demonstração do teorema .1 pode ser encon-
1)g (f ) = 1, ou seja, F ; (n 1, 1, 1). trada em [Du] e a do teorema .2 em [ e-LN 1].
e o .1.1. É relativamente fácil calcular as dimensões de eo em .1. e a ; (2, 2) tal e oss i entro ;
(n 1, 2) e (n 1, 1, 1), já que temos parametri ações espec´hcas e a reta f invariante tal e ; / f ntao ode ser dehnida
destas componentes. Por exemplo, dim( (n 1, 2)) = n n2 e or a for a ero orfa fe ada le disto se C 2 e a
dim( (n 1, 1, 1) = 3n 2. Deixamos estes cálculos como exerc´cio arta ah tal e f e a reta do inhnito de C entao a for a fe ada
para o leitor (veja o Ex. .1). No entanto, um problema bem mais  e re resenta ode ser es rita de a das aneiras a aixo
dif´cil, e que até o momento está em aberto, é calcular o grau destas
componentes. a =d onde g ( ) = 3
 3 df
= j=1 j onde j ; C e g (fj ) = 1 1  j  3 Caso (C). Neste caso, r ; {2, 3}. Se r = 3 temos  = j=1 j fjj ,
onde podemos supor que fj |E = Fj , 1  j  3, o que acarreta
= 1 onde 1, ;C g (f ) = 1 e g (g) = 2 j = j , j = 1, 2, 3, e gr(f1 ) = gr(f2 ) = 1, gr(f3 ) = 2. Obtemos que
 F ; L(n; .1, 1, 2). Se r = 2, uma das curvas fj |E é redut´vel. Com um
d  = j=1 j dg onde g (g) = 1 j ; C e g (fj ) = 1 argumento análogo ao do caso anterior obtemos que F ; R(n; 2, 2)
1j2 ou F ; R(n; 1, 3). Deixamos os detalhes para o leitor.
 3 df
e  = j=1 j d(g/f1 ) onde 1, , f1 , f , g sao o o e Caso (D). Neste caso, r ; {2, 3}. Se r = 3 temos  = j=1 j fjj +
d d(g/f3 ), onde g|E = G e podemos supor que fj |E = Fj , j = 1, 2, 3.
Isto acarreta j = j e gr(fj ) = 1, j = 1, 2, 3. Como s1 = s2 =
f = d(g/f ) onde g (f ) = 1 e g (g) = 2 1 e s3 = 2, obtemos da observação 3.3.1  da seção 3.3 que F ;
L(n; gr(gr(f1 ), gr(f2 ), gr(f3 ), p), com p = j (sj  1)gr(fj ) = 1.
g = d(g/f ) onde g (f ) = 1 e g (g) = 2 Logo, F ; L(n; 1, 1, 1, 1). Se r = 2, uma das curvas fj |E é redut´vel.
3 dFj
= dg onde g (f ) = 1 e g (g) = 2 Como  = j=1 j Fj + d(G/F3 ), a curva (F3 = 0) é um polo
de ordem dois e grau um de , logo, podemos supor f1 |E = F3 e
i = df onde g (f ) = 1 e g (g) = 2 que () = f12 . Obtemos f2 |E = F2 .F3 e gr(f2 ) = 2. Neste caso
 = 2 df
f1
1
 df
f2
2
+ d(g/f1 ). A observação 3.3.1 da seção 3.3 implica que
=3 2 onde g ( ) = 3 e g (g) = 2 F ; L(n; 1, 1, 2), como o leitor pode verihcar.
Caso (E). Como os res´duos de  são distintos, o mesmo é verdade
eo em .2. e a ; (2, 2) tal e oss i entro ;
para , logo r = 2. Podemos supor que fj |E = Fj , j = 1, 2. Logo,
ntao oss i a reta invariante f tal e ; /f
gr(fj ) = 1, j = 1, 2. Levando em conta o divisor de polos () ,
Em particular, os teoremas .2 e .1 implicam que é dehnida obtemos s1 = 3, s2 = 1 e  = df df2 2
f1  f2 + d(g/f1 ), onde g|E = G.
1

por uma 1-forma meromorfa fechada . Escrevendo  em coordenadas Logo gr(g) = 2 e gr(f1 ) = gr(f2 ) = 1. Obtemos da observação 3.3.1
homogêneas, obtemos o seguinte : da seção 3.3 que F ; L(n; 1, 1, 2).
o ol o .2.1. e ; (2, 2) oss i entro entao ode Caso (F). Como no caso anterior, r = 2 e podemos supor que
ser dehnida e oordenadas o ogeneas or a for a fe ada  fj |E = Fj , j = 1, 2. Logo, gr(f1 ) = gr(f2 ) = 1. Comparando os
de dos seg intes ti os divisores de polos, obtemos s1 = s2 = 2 e  = df f1
1
 df 2
f2
+ d(g/f1 .f2 ),
onde g|E = G e gr(g) = 2. A observação 3.3.1 da seção 3.3 implica
 = d( / ) onde g ( ) = 3 e g ( ) = 1 que F ; L(n; 1, 1, 2).
 Caso (G). r = 2, s1 = 2, s2 = 1 e  = df df2
f1  2 f2 + d(g/f1 ), onde
1
 = j=1 j onde j ; C g ( j ) = 1 1  j  4 e
 f1 |E = G, f2 |E = F e g|E = F1 . Logo, F ; L(n; 1, 1, 2).
j j = 0
Caso (H). Comparando |E com  obtemos r = 2 e  = 3 df df2
f1 2 f2 ,
1

 = j=1 j onde j ; C 1  j  3 g ( 1 ) = g ( ) = onde f1 |E = G e f2 |E = H. Neste caso, gr(f1 ) = 2, gr(f2 ) = 3 e
1 g ( )=2e 1 2 =0 = f13 /f22 é uma integral primeira de F . Veremos em seguida quais
 as poss´veis expressões para f1 e f2 , módulo automorhsmo de Pn .
 = j=1 j d( / ) onde g ( ) = 1 g ( j ) = 1 Seja uma 1-forma em Cn+1 que representa F em coordenadas

1  j  3 1, ; C ;C e j j =0 homogêneas e coloquemos  = f1 .f2 . = 3 f2 df1  2 f1 df2 . Como

= 1
1
 d( / 1) onde g ( 1) =g ( )=1eg ( )=  + = 0, devemos ter  = f. , onde f é linear, já que os coehcientes
2 de têm grau três e os de  grau quatro. Como  = f1f.f2 é
fechada, o hiperplano (f = 0) é invariante por F (veja o Ex. 5.5).
 = 11  d( / 1. ) onde g ( 1) = g ( ) = 1 e
Em particular, (f = 0) está contido em algum n´vel de , digamos
g ( )=2
= c, que corresponde a c := f13  c.f22 , se c W= , e = f22
= 2 d( 1/ ) onde gr(F ) = gr(F1 ) = 1 e gr(G) = 2. se c = . Na verdade f2 | c , pela proposição 1.2.4 da seção 1.2
(Darboux). Consideremos um sistema de coordenadas homogêneo
(H).  = 3 dG
G
 2 dH
H
, onde gr(H) = 3 e gr(G) = 2. (z1 , z2 , z3 , z4 , ..., zn+1 ) ; Cn+1 tal que f = z4 . Temos três sub-casos
A prova consiste em homogeneizar os polinômios que aparecem a considerar :
nos diversos casos do teorema 5.1, isto é, substituir (x, y) por (x/z, y/z) Caso (H.1). c = 0. Neste caso, z42 | f13 , logo z4 | f1 . Como
nestes epolinômios. Os detalhes são deixados para o leitor. Gostar´amos z4 | 3 f2 df1  2 f1 df2 , obtemos que z4 | f2 df1 . Portanto, z4 | f2 , ou
apenas de destacar a correspondência entre os casos no teorema e no z4 | df1 .
corolário : (a) hp (A), (b) hp (B), (c) hp (C), (d) e (e) hp Se z4 | f2 , temos f1 = z4 .* e f2 = z4 ., onde gr(*) = 1, gr() = 2,
3
(D), (f) e (h) hp (E), (g) hp (F), (i) hp (G) e (j) hp (H). e = z4.*2 . Em particular, d = dz d* d
z4 + 3 *  2  que é logar´
4
tmica.
A idéia agora é utilizar a mesma técnica da prova do teorema 6. Obtemos que F ; L(n; 1, 1, 2).
Pela proposição 3.1.1,  pode ser estendida a uma 1-forma meromorfa z3
Se z4 | df1 então f1 = a.z42 , onde a W= 0. Logo, a3 . = ( f42 )2 .
fechada  que dehne F em Pn . Podemos escrever
Portanto,  = zf23 é integral primeira de F e obtemos F ; R(n; 1, 3).
r 4
3 dfj Caso (H.2). c = . Neste caso, z4 | f2 . Vamos supor que z4
= j + d(g/f1s1 1 ...f sr 1 ) , (5.1)
fj não divide f1 , já que este caso foi estudado no ´tem anterior. Como
j=1
r  z4 | 3 f2 df1  2 f1 df2 , vem que z4 | df2 , logo f2 = z42 .*, onde gr(*) = 1.
onde, r  1, j=1 j .gr(fj ) = 0, sj  1 e gr(g) = j (sj  1)gr(fj ). Logo, d = 3 df 1 dz4 d*
f1  4 z4  2 * e F ; L(n; 1, 1, 2).
Comparando os res´duos e os divisores de polos de  e de  = |E , de Caso (H.3). c W= 0, . Após compor à esquerda com uma
acordo com o caso no corolário 5.2.1, obtemos o seguinte : tranformação de Moëbius, podemos supor que c = 9/8. Neste
Caso (A). r = 1 e  = d(g/f13 ), onde g|E = H, f1 |E = F , caso, z42 | 8f13 + 9f22 . Em particular, z4 divide 8f13 + 9f22 e (8f13 +
gr(g) = 3 e gr(f1 ) = 1. Neste caso, g/f13 é integral primeira de F e 9f22 )z4 = 6(4f12 .f1z4 + 3f2 f2z4 ). Coloquemos gj := fj |(z4 =0) , j = 1, 2.
F ; R(n; 1, 3). Como z4 | 8f13 + 9f22 , temos 8g13 = 9g22 . Isto implica que existe um
Caso (B). Neste caso 2  r  4. Se r = 4, podemos supor polinômio linear m = m(z1 , z2 , z3 , z5 , ..., zn+1 ) tal que g1 = m2 /2
que fj |E = Fj , 1  j  4, o que acarreta j = j , 1  j  4, e g2 = m3 /3 (verihque). Se m = 0 então z4 divide f1 e f2 , caso
e F ; L(n; 1, 1, 1, 1). Se r < 3 uma ou mais das curvas fj |E é que já foi considerado anteriormente. Logo, podemos supor que
redut´vel, podendo ter grau dois ou três. Conforme o caso, temos : m W= 0. Após uma mudança linear no plano (z4 = 0), podemos
r = 3 e podemos supor que fj |E = Fj , j = 1, 2, e que f3 |E = F3 .F4 . supor que m = z3 . Portanto existem polinômios homogêneos g e h,
Isto acarreta j = j , j = 1, 2, e 3 = 3 = 4 . Obtemos que com gr(g) = 1 e gr(h) = 2, tais que
F ; L(n; 1, 1, 2). Se r = 2, temos duas possilidades : 1a . f1 tem grau
z32 z3
um e f2 grau três, sendo f1 |E = F1 e f2 |E = F2 .F3 .F4 (por exemplo). f1 =  + z4 .g e f2 = 3 + z4 .h . (5.2)
Isto implica que 1 = 1 e 2 = 2 = 3 = 4 =  1 /3. Obtemos 2 3
F ; R(n; 1, 3). 2a . f1 |E = F1 .F2 , f2 |E = F3 .F4 , 1 = 1 = 2 e Como z4 | 4f12 .f1z4 + 3f2 f2z4 , obtemos de (5.2) que z4 | z3 .g + h (ver-
df1 df2
2 = 2 = 3 , o que acarreta  = 1 ( f1  f2 ) e F ; R(n; 2, 2). ihque). Logo, podemos escrever h = z3 .g + z4 .k, onde gr(k) = 1.
Em particular, ( (z d = z dx + z dy, obtemos que z # z # 0. Logo  =
(x, y)dx + (x, y)dy e F ; (3, k).
z32 z3 Caso ( ). Vamos supor que F ; / (3, k). Se todas as folhas de
f1 =  + z4 .g e f2 = 3  z3 z4 .g + z42 .k . (5.3)
2 3 F são algébricas, então F possui uma integral primeira racional ,
pelo teorema de Darboux (Teorema 1.3). Escrevamos = F/G, num
Temos duas possibilidades : 1a - dz3 +dz4 +dg = 0. 2a - dz3 +dz4 +dg W=
sistema de coordenadas homogêneo. O fecho das folhas de F são as
0.
componentes irredut´veis das superf´cies c := (F  c.G = 0). Vimos
Suponhamos dz3 + dz4 + dg = 0. Neste caso, g = a.z3 + .z4 ,
z2
no lema 5.2.1 que estas folhas são planares, cônicas, ou superf´cies
a, ; C. Isto implica que f1 =  23 + a.z3 z4 + .z42 := *(z3 , z4 ) e geradas pelas retas tangentes a uma curva algébrica. Ahrmamos que,
z3
f2 = 33 a.z32 z4  .z3 z42 +z42 .k := (z3 , z4 )+z42 .k. Se dz3 +dz4 +dk = exceto por um número hnito de folhas, todas as outras são cones.
0, então só depende z3 e z4 , logo = (z3 /z4 ) e z3 /z4 é integral De fato, no caso das superf´cies geradas pelas retas tangentes
primeira de F. Isto implicaria que gr(F ) = 0, já que estamos supondo a uma curva algébrica , vimos que  2 s ng(F ). Logo só pode
c d(s ng(F ))  2. Logo, dz3 + dz4 + dk W= 0. Após uma mudança de haver um número hnito destas. Por outro lado, se F possui uma
coordenadas linear, podemos supor que k = z2 e só depende das inhnidade de folhas planares, devemos ter gr(F ) = gr(G) = 1, ou
variáveis (z2 , z3 , z4 ). Isto implica que F ; (n, 2). seja, gr(F ) = 0, já que c d(s ng(F ))  2 (veja o Ex. 5.2). Logo
Por outro lado, se dz3 + dz4 + dg W= 0 então, após uma mudança possui uma inhnidade de n´veis cônicos. Como estamos supondo que
linear de coordenadas, podemos supor que g = z2 , o que implica F ; / (3, k), devemos ter uma inhnidade de vértices para estes
z2 z3 cones (veja o Ex. 5.3). Seja o fecho do conjunto { ; P3 | é
f1 =  23 +z2 .z4 e f2 = 33 z2 z3 z4 +z42 .k. Se dz2 +dz3 +dz4 +dk = 0,
obtemos novamente que só depende de (z2 , z3 , z4 ) e F ; (n, 2). vértice de algum n´vel c , cônico e irredut´vel}. Ahrmamos que é
Se dz2 + dz3 + dz4 + dk W= 0, após uma mudança linear de coordenadas, uma reta de P3 .
podemos supor que k = z1 . Neste caso, temos Com efeito, suponhamos o contrário. Neste caso, existem três
n´veis irredut´veis, correspondentes a folhas 1 , 2 , 3 , com respec-
(z2 z4  z32 /2)3 tivos vértices 1 , 2 , 3 não alinhados. Após uma compor à direita
= . (5.4) com uma transformação de Moëbius e à esquerda com um automor-
(z1 z42 z2 z3 z4 + z32 /3)2
hsmo de P3 , podemos supor que 1 = 0 : 0 : 1 : 0 , 2 = 0 : 1 : 0 : 0 ,
Como o leitor pode verihcar, neste caso, coincide com a inte- 3 = 1 : 0 : 0 : 0 , 1 = (F = 0), 2 = (G = 0) e 3 = (F  G = 0).
gral primeira de (b) do corolário 4.2.2 da seção 4.2.1. Logo F ; Na carta ahm (x, y, z) l x : y : z : 1 , estas folhas são cilindros, sendo
f (n; 1, 2, 3; 1, 1). Isto termina a prova do caso (I). que as geratrizes de 1 são paralelas ao eixo z, as de 2 são paralelas
ao eixo y e as de 3 são paralelas ao eixo x. Da´ deduzimos que
Caso ( ). F é de Monge-Ampére. Por motivos técnicos, vamos
F = F (x, y) (não depende de z), G = G(x, z) (não depende de y) e
dividir a prova em dois casos : n = 3 e n 3. F G = H(y, z) (não depende de x). Como as folhas são irredut´veis,
Caso n = 3. Precisamos de dois lemas. A hm de não interromper temos também f := gr(F ) = gr(G) = gr(F  G) = gr( ). Note que
a demonstração do teorema, daremos a prova do primeiro lema no f  2, pois estamos supondo que gr(F ) 0. Expandindo estes
hnal. O resultado a seguir é essencialmente devido a Gauss. polinômios em monômios e utilizando a relação F (x, y)  G(x, z) =
H(x, y), obtemos que F (x, y) = f (x) + g(y), G(x, z) = f (x) + h(z) e
5 1 eF e a o ea ao de on e A e e e P3 en ao H(x, y) = g(y)  h(z), onde f, g, h ; C . Deixamos esta verihcação
odas as s as o as sao s e  es e adas. A e d s o, se e a para o leitor. Seja agora 4 uma quarta folha correspondente a um
o a de F en ao e os es oss dades n´vel cônico e irredut´vel c , com vértice em 4 , onde c ; / {0, 1, }.

(a). e ano de P3 . es e aso, d e os e e a o a Temos duas possibilidades : 4 ; C3 e 4 ; / C3 . Se 4 ; C3 , após


ana . uma translação em C3 , podemos supor que 4 = 0 ; C3 . Isto sig-
nihca que o n´vel (F  c.G = 0) é homogêneo, ou seja o polinômio
( ). e one (nao ana ) so e on o ; P3 , s o e, odas (1  c)f (x) + g(y)  c.h(z) é homogêneo. Porém, isto implica que
as e as da e a e , on das e , assa o . es e aso, f, g, h são polinômios homogêneos do mesmo grau f  2. Neste caso,
d e os e e a o a on a o e ee . o polinômio F = f (x) + g(y) é decompon´vel, contra a hipótese. No
( ). E s e a a a e a  2 P3 , nao ana , a e ea outro caso, temos 4 = : # :  : 0 , e as retas da regragem são
s e  e e ada e ada e as e as an en es a . es e aso, paralelas ao vetor ( , #, ) ; C3 {0}. Em particular, o campo con-
 2 s ng(F ) e e a e a. D e os e e e ada e as stante := .(/(x + #.(/(y + .(/(z é tangente a 4 . Isto implica
an en es a a . que (F  c.G) = *.(F  c.G), onde * é um polinômio, ou seja,
(1  c)f (x) + g(y)  c.h(z) divide (1  c)f I (x) + #.g I (y)  .c.hI (z).
5 ea F ; (3, k), k 0, a o ea ao de on e Isto só é poss´vel se * # 0 e neste caso, f I # 0, ou g I # 0, ou hI # 0,
A e e. En ao, o e , F ; (3, k), o e F e a ne ou seja, um dos polinômios, f , g ou h, é constante. Se f = c é con-
a e a a ona , a a e a s s e a de oo denadas stante, por exemplo, então F (x, y) = c + g(y) e G(y, z) = c + h(z)
o o eneo ode se es a o o têm grau um, pois caso contrário seriam decompon´veis. Neste caso,
todas as folhas seriam planares, contradição. Portanto, é uma reta
z (x, y) + (x, y) de P3 .
(x, y, z, ) = , (5.5)
(x, y) + (x, y) Podemos supor que = { 0 : 0 : s : | s : ; P1 } e que os n´veis
F = 0 e G = 0 são irredut´veis e têm vértices em 1 = 0 : 0 : 0 : 1
onde , , sao o no os o o eneos o gr( ) + 1 = gr( ) =
e 2 = 0 : 0 : 1 : 0 , respectivamente. Neste caso, G = G(x, y),
gr( ) := f.
F (x, y, z) é homogênea e gr(F ) = gr(G) = f. Além disto, Fz W# 0,
o a. Temos duas possibilidades : já que F é irredut´vel. Seja 3 uma outra folha cônica com vértice
3 = 0 : 0 : : 1, W= 0, correspondendo a um n´vel irredut´vel
(i). F possui uma folha não algébrica. (F  c.G = 0), onde c W= 0. Neste caso, F  c.G = H(x, y, z  ), onde
H é um polinômio homogêneo de grau f (verihque). Em particular,
(ii). Todas as folhas de F são algébricas.
= x(/(x + y(/(y + (z  )(/(z é tangente à folha 3 e satisfaz
Caso ( ). Neste caso a folha só pode ser como em (b) do lema (F  c.G) = f.(F  c.G). Note que = 3  .(/(z, onde 3 é o
5.2.1, ou seja, cônica com vértice num ponto ; P3 . Consideremos radial. Como F é homogênea e G = G(x, y), obtemos
um sistema de coordenadas ahns (x, y, z) l x : y : z : 1 ; C3
tal que = 0 : 0 : 1 : 0 . Neste sistema de coordenadas as retas da f.(F  c.G) = (F  c.G) = 3 (F )  .Fz  c(x G + y G ) =
regragem de são todas verticais, isto é, da forma ) (x0 , y0 , ). Em = f.F  .Fz  c(x G + y G ) =p Fzz # 0 . (5.6)
particular,  C3 é um cilindro com base numa curva não algébrica
 2 C2 {0}. Seja  = dx + dy + dz uma 1-forma polinomial As relações em (5.6) implicam que F (x, y, z) = z. (x, y) + (x, y) e
que dehne F nesta carta ahm. Dado um ponto (p, 0) ; , a reta x G +y G f.G = #. , onde # =  /c W= 0 e e são homogêneos
f
) (p, ) está contida em , logo (p, ).(/(z = (p, ) = 0, ou com gr( ) = f  1 e gr( ) = f. Escrevendo G = j=0 Gj , onde Gj
seja, o polinômio se anula identicamente sobre . Como não é homogêneo de grau j, obtemos da última relação que Gj = 0 se
é algébrica, obtemos # 0, logo  = dx + dy. A condição j < f  1 e Gf1 = #. . Logo, G(x, y) = #. (x, y) + Gf (x, y).
de integrabildade de  nos fornece então que ( (z d = 0. Como Colocando (x, y) := # 1 .Gf (x, y), obtemos a integral primeira
 := (z. (x, y)+ (x, y))/( (x, y)+ (x, y)), a qual em coordenadas função é algébrica, logo meromorfa em P1 . Como f (0) = p( ) ; /F e
homogêneas se escreve como em (5.5). f ( ) = p(F ) ; F , f não é constante. Em particular, o conjunto =
{f ( ) | ; P1 } é uma curva algébrica contida em s ng(F ). Como
5 eaF ; (3, 2) a o ea ao de on e A e e. corta num único ponto, para todo ; , obtemos que gr( ) = 1,
ae as se n es o edades logo é uma reta não contida em F e na carta ahm (x0 = 1) temos
f ( ) = (f1 ( ), f2 ( ), f3 ( ), ), onde gr(f1 ) = gr(f2 ) = gr(f3 ) =
(a). e F oss a o a nao a e a en ao F ; (3, 2). 1. Após a mudança de coordenadas ahm (y1 , y2 , y3 , y4 ) = (x1 
f1 (x4 ), x2  f2 (x4 ), x3  f3 (x4 ), x4 ), podemos supor que é o eixo
( ). e odas as o as de F sao a e as e F ;
/ (3, 2) en ao
(y1 = y2 = y3 = 0). Isto implica que j ( |( =1, 4 = ) , (0, 0, 0, )) =
F ; R(3; 2, 2).
0. Por outro lado, podemos escrever |( =1) =  + x4 . + h.dx4 ,
o a. Suponhamos que F ; / (3, 2). Neste caso, pelo lema onde
5.2.2, F tem uma integral primeira do tipo = F/G, onde F = 3 3
3 3
z. (x, y) + (x, y), G = . (x, y) + (x, y) são irredut´veis e , , = j (x1 , x2 , x3 )dxj = |( , = j dxj , (5.7)
=1, 4 =0)
são polinômios homogêneos com gr( ) = f  1 e gr( ) = gr( ) = f. j=1 j=1
Seja uma forma integrável com coehcientes homogêneos de grau 3
que dehne F em coordenadas homogêneas. Podemos escrever F dG  gr( j )  k, 1  j  3, e gr(h)  k+1. Como j ( |( =1, 4 = ) , f ( )) =
G dF = H. , onde H é homogêneo de grau 2f  4. Ahrmamos que  + . |( 4 = ) = 0, obtemos que  é homogênea de grau k +1 e # 0,
H é uma constante e que f = 2. já que gr( j )  k, 1  j  3. Além disto, () = 0, (d) =
Com efeito, caso contrário, escrevamos a decomposição de H (k + 2), onde é o radial em C4 , já que  representa em C3 l
em fatôres irredut´veis como r=1 hs 1 , s  2, 1   r. Pela uma folheação de P2 . Em particular, |( =1) = +h.dx4 . tilizando
proposição 1.2.4 da seção 1.2, dado ; {1, ..., r}, existe uma hbra a integrabilidade de  e de +h.dx4 , obtemos (h.ddh+)+dx4 = 0
(F  c .G = 0) tal que hs divide F  c .G. Como F e G são irre- (verihque). Operando com ( ( 4 e depois com nesta relação, obte-
dut´veis, c W= 0, . Logo, hs | (z c . ) (x, y)+ (x, y)c . (x, y). mos
Como F  c .G tem grau um com respeito a := z  c . , qual-
quer fator não trivial de F  c .G necessáriamente divide (x, y) e h.ddh+ = h 4 +dx4 =p ((k+2)h (h)) = x4 .h 4 . =p
(x, y)  c . (x, y) (verihque). Como e  c . são homogêneos,
concluimos que h = h (x, y) = .x + #.y, isto é, é linear. Como (h)  x4 .h 4 = (k + 2).h. Esta relação implica que h é homogênea
hs | , 1   r, obtemos s  f  1. Por outro lado, de grau k + 2, como função de (x1 , x2 , x3 ), logo h = *(x4 ), onde
3 3 * ; C , já que gr(h)  k + 1. Logo, dh +  + dx4 = 0, o que implica
2f  4 = gr(H) = (s  1) = s  r  f  1  r =p h.d + dx4 = 0. Como d + dx4 W# 0, vem que h # 0 e |( =1) = ,
o que prova o lema para n = 4.
A idéia da demonstração para n 4 é semelhante. Deixamos esta
=p r + f  3. Como f  2 e r  1, vem que r = 1 e f = 2. prova como exerc´cio para o leitor (veja o Ex. 5.7).
Porém, neste caso, temos s1  1 = s1  r = 2f  4 = 0, logo s1 = 1, Concluimos então que :
uma contradição. Logo, H é constante e 2f  4 = 0, ou seja, f = 2.
Portanto, * = F/G, onde gr(F ) = gr(G) = 2. Isto implica que (I). Se F não é de Monge-Ampére então F está numa das seguintes
F ; R(3; 2, 2). componentes irredut´veis de (n, 2) : R(n; 1, 3), R(n; 2, 2),
Com isto terminamos a prova do teorema no caso n = 3. L(n; 1, 1, 1, 1), L(n; 1, 1, 2), f (n; 1, 2, 3; 1, 1), (n, 2).

Caso n 3. Seja F ; (n, 2) uma folheação de Monge-Ampére. (II). Se F é de Monge-Ampére então F ; (n, 2)  R(n; 2, 2).
Temos duas possibilidades : 1a . Existe um 3-plano 2 Pn , em
posição geral com F , tal que F |E tem uma integral primeira = F/G Isto termina a prova do teorema.
como em (5.5), onde gr(F ) = gr(G) = 2. Neste caso, pela proposição 5 1 Fixemos uma folha de F e p ; .
3.1.1, pode ser estendida a uma integral primeira  = f /g de F , Vamos supor que não é um plano linearmente mergulhado. Seja
onde gr(f ) = gr(g) = 2 e obtemos que F ; R(n; 2, 2). ( , (x, y, z) ; C3 ) um sistema de coordenadas ahns em P3 tal que
2a . Para todo 3-plano 2 Pn , em posição geral com F , a p = 0 ; C3 e F  = (z = 0). Neste caso, podemos parametrizar
folheação E = F |E é um pull-bac linear de uma folheação em uma vizinhança de 0 = p em como (x, y) = (x, y, *(x, y)), onde
P2 . Neste caso, todas as folhas de E são cônicas com vértice num *(0, 0) = 0 e *(0, 0) = 0. Como é não planar, temos * W# 0 e
único ponto p( ) ; . Gostar´amos de observar que esta condição 2
* W# 0. Vamos supor * : C, onde é uma bola com centro
é válida para qualquer 3-plano transversal a s ng(F ), já que se em (0, 0) ; C2 . Dado = (x , y ) ; , dehna a seguinte forma
p ; s ng(F |E ) s ng(F ) então F |E não pode ter integral primeira quadrática :
local com singularidade de Morse em p. Em particular, o conjunto
{ ; Gr(n, 3) | está em posição geral com F } é aberto e denso em ( )(h, k) := * ( ).h2 + 2 * ( ).h.k + * ( ).k 2 . (5.8)
Gr(n, 3).
Como F  , = ( ), é parametrizado por (h, k) ) +
5 ea F ; (n, k), k 0, a o ea ao de on e * ( ).h + * ( ).k, a condição de que a tangência entre e F
A e e. on a e a a odo 3 ano 2 Pn , e os ao e a seja degenerada em é equivalente a que a forma quadrática em
o F , a o ea ao F |E e a nea de a o ea ao e (5.8) seja degenerada, já que *(x + h, y + h)  (*( ) + * ( ).h +
P2 . En ao F ; (n, k). * ( ).k) = 12 ( )(h, k)+ (|(h, k)|3 ). Portanto, * ( ).* ( )
o a. Provemos o lema para n = 4. Fixemos dois hiperplanos * ( )2 = 0, para todo ; . Em particular * satisfaz à equação
distintos de , F 2 P4 em posição geral com F , tais que p( ) ; / F. de Monge-Ampére, * .*  *2 = 0. Como não é planar, alguma
Em coordenadas homogêneas e F são dehnidos por ( = 0) e das segundas derivadas parciais de * é não identicamente nula.
( = 0), onde e são lineares. Coloquemos := ( + . = 0) Caso ( ). * # 0. Neste caso, como * .* = *2 # 0, devemos
e = F . Fixemos coordenadas homogêneas x0 : x1 : x2 : x3 : x4 ter * # 0 ou * # 0. Suponhamos, por exemplo, que * # 0 e
tais que = x4 e 1 = x0 . Na carta ahm C4 := (x0 = 1), F é o * W# 0. Obtemos então que *(x, y) = a(x) + .y, a ; ( ), ; C.
hiperplano do inhnito, = (x4 = ) e 0 = . Seja := { ; Portanto, dado (x , y , *(x , y )) ; , a reta  ( ) := (x , y +
P1 | está em posição geral com F }. Pelo que vimos acima, é , a(x ) + (y + )) está contida em . Logo é uma superf´cie
aberto e denso em C. Seja f : P4 dehnida por f ( ) = p( ) ; regrada. Além disto, as retas da regragem são paralelas neste sistema
. Ahrmamos que f é holomorfa em e se estende a uma função de coordenadas e se encontram no ponto = 0 : 1 : : 0 do plano
meromorfa em P1 . do inhto. Logo, é um cone sobre e satisfaz (b) do lema.
Com efeito, seja uma forma em C5 com coehcientes homogêneos Caso ( ). * W# 0. Neste caso, * , * W# 0. Em particular, se
de grau k+1 que dehne F em coordenadas homogêneas. Se f ( ) ; C4 , * ( ) W= 0 (resp. * ( ) W= 0) então ( )(h, k) = * 1( ) (* ( ).h+
no ponto f ( ) ;  C4 = (x4 = ) a forma |( =1, 4 = ) tem o * ( ).k)2 (resp. ( )(h, k) = * 1( ) (* ( ).h + * ( ).k)2 ), como
k-ésimo jato nulo e o k + 1-ésimo jato não nulo. Este é o único o leitor pode verihcar diretamente.
ponto em (x4 = ) com esta propriedade. Estamos usando aqui Consideremos a folheação de dehnida por d* = * dx +
que todas as folhas de F |E são cones com vértice em f ( ). Logo, * dy = 0. Note que coincide com a folheação dehnida por d* =
f ( ) é dehnido por j ( ( =1, 4 = ) , p) = 0. Em particular, f é uma * dx + * dy = 0, já que d* + d* # 0. Em particular, * e
* são integrais primeiras de . Ahrmamos que as folhas de são Para provar este fato, é suhciente demonstrar que, para s hxo, as
segmentos de reta contidos em . retas &( ,s) e s ( ) = (s) + I (s). coincidem. Como ambas as retas
Com efeito, hxemos um ponto = (x , y ) ; tal que * ( ) W= passam pelo ponto (s), é suhciente provar que as suas direções coin-
0. Neste caso, ou bem * ( ) W= 0, ou bem * ( ) W= 0. Supon- cidem. A direção de &( ,s) é a do vetor (s) = (1, H(x , s), * (x , s)
hamos, por exemplo, que * ( ) W= 0. A folheação é dehnida H(x , s).* (x , s)). Por outro lado, a direção de s é dada por I (s).
H
numa vizinhança de por * dx + * dy = 0, logo a folha de Calculando explicitamente, obtemos I (s) =  H . |( ,s) , o que im-
que passa por pode ser parametrizada numa vizinhança de plica a ahrmação. Deixamos este último cálculo como exerc´cio para
por ) ( , ( )), onde I ( ) = H( , ( )), sendo H = * /* = o leitor.
* /* , numa vizinhança de . Da´ obtemos Em seguida provaremos que  2 s ng(F ). Isto implicará que 
II I
é algébrica. A curva  não é planar, pois caso contrário estaria
( ) = H ( , ( ))  H ( , ( )). ( ) = H + H .H ( , ( )) . contida num plano e seria este plano. Isto implica que (s) :=
I (s) + II (s) + III (s) W# 0 (veja o Ex. 5.8). Fixemos s tal que
Por outro lado, com H = * /* , temos
(s ) W= 0 e coloquemos = (s , 0) = (s ). Se W= 0 e (s) W= 0
H * * * * .* * então s (s, ) = I (s) + .II (s) e (s, ) = I (s), logo (s, ) =<
=  =  =( ) =H . (5.9) I (s), II (s) .
H * * * *2 *
Sejam z = (z1 , z2 , z3 ) ; C3 , um sistema de coordenadas ahm,

Logo, II ( ) # 0, o que implica que a folha de por = (x , y ) tal que z( ) = 0, e  = 3j=1 (z) dzj uma 1-forma holomorfa que
é um segmento de reta e é parametrizada por ) (x + , y + a. ), representa F numa vizinhança de = 0. Como (s, ) é gerado
a = * ( )/* ( ). Como * e * são integrais primeiras de por I (s) e II (s), temos
, as funções ) * (x + , y + a. ) e ) * (x + , y + a. ) são l
( (s, )).I (s) # 0 =p ( ).I (s ) = 0
constantes, logo (5.10)
( (s, )). (s) # 0 =p ( ).II (s ) = 0
II

d2 d
*(x + , y +a. ) = (* (x + , y +a. )+a.* (x + , y +a. )) = 0 . Vamos provar que ( ).III (s ) = 0. Como (s ) W= 0, os vetores
d2 d
I (s ), II (s ) e III (s ) são linearmente independentes, o que im-
Em particular, *(x + , y + a. ) = *(x , y ) + . , onde ; C. Logo plicará ( ) = 0, ou seja, ; s ng(F ).
a reta ) (x + , y + a. , *(x , y ) + . ) está inteiramente contida Derivando a segunda relação em (5.10) com respeito a e a s em
em . Isto prova que é regrada. s = s , = 0, temos respectivamente,
Provemos que se não é o plano F então satisfaz (b) ou (c). T
33
Fixemos um ponto = (x , y ) ; tal que a folha de por €
€
€
€ ( I II
j ( ).j (s )).j (s ) = 0
corta transversalmente o eixo (x = x ), por exemplo. Neste caso, a €
z j=1
folha de que passa por (x0 , y) é a reta parametrizada  ( ) = (x +
€
€ 3
3
, y  H(x , y). ), onde H = * /* = * /* . Vamos considerar €
€ III
Z ( ). (s ) +
€ ( j( ).Ij (s )).IIj (s ) = 0
dois sub-casos :
j=1
Caso ( .1). odas as e as  2 F , se en on a n es o
on o ; F . Vamos analisar o caso em que = (a, ) ; C2 e Logo, ( ).III (s ) = 0, como quer´amos. Portanto  2 s ng(F ).
deixar para o leitor o caso em que está na reta do inhnito de F . Como  é algébrica, a superf´cie gerada por suas tangentes também
Como as retas  , se encontram no ponto (a, ), para y hxo, existe é algébrica, o que prova o lema.

; C tal que x + = a e y  H(x , y). = . Eliminando , obtemos 5.3 Exerc´cios.


H(x , y) = (y  )/(x  a), ou seja H(x, y) # (y  )/(x  a).
Ahrmamos que a função h : C dehnida por 5 1 Prove que d m(R(n; 1, 2) = n2 +n2 e que d m(L(n; 1, 1, 1) =
3n + 2.
h(x, y) = *(x, y)  (x  a).* (x, y)  (y  ).* (x, y)
5 Prove que uma folheação de codimensão um de Pn , n  2,
é constante. Com efeito, que possui uma inhnidade de folhas de grau um, possui uma integral
primeira meromorfa do tipo / , onde gr( ) = gr( ) = 1.
h (x, y) = (x  a).* (x, y)  (y  ).* (x, y) = 0 ,
5 Seja F ; (3, k) uma folheação que possui uma inhnidade
já que H = * /* = (y  )/(x  a). Analogamente, h (x, y) # 0. de folhas regradas que são cones sobre um mesmo ponto ; P3 . Prove
Logo h é constante. Coloquemos h(x, y) := c ; C. Ora, no lema 5.2.1, que F ; (3, k).
obtivemos a seguinte reta contida na folha : & (s) = (x + s, y  5 Seja F ; (3, 2) uma folheação de Monge-Ampére. Prove
H( ).s, *( ) + * ( ).s  H( ).* ( ).s). Fazendo s = a  x obtemos que F tem uma integral prrimeira meromorfa , a qual pode ser
& (a  x) = (a, , c), como o leitor pode verihcar. Logo é um cone escrita em algum sistema de coordenadas homogêneo como
sobre = (a, , c).
Caso ( .2). As e as  nao se en on a n es o on o yz
(x, y, z, ) = .
de F . Neste caso, duas retas distintas  e  1 se encontram em y  x2
 ( (y, y1 )), onde (y, y1 ) = (y1 y)/(H(x , y1 )H(x , y)). Tomando
Conclua que F ; R(3; 2, 2)  L(3; 1, 1, 2).
o limite m (y, y1 ) = 1/H (x , y) := + (y), obtemos o ponto
1
5 5 Seja F uma folheação de codimensão um numa variedade
(y) :=  (+ (y)) = (x + + (y), y  H(x , y).+ (y)) := ( (y), (y)) . complexa n . Suponha que existe uma 1-forma meromorfa fechada
 que dehne F fora de ||  ||0 . Prove que as componentes irre-
Este ponto está bem dehnido para todo y tal que H (x , y) W= 0. dut´veis de ()0 e de () são invariantes por F .
Ahrmamos que H W# 0.
De fato, se H # 0 temos H(x, y) = h(x). Por outro lado, (5.9) 5 6 Seja F ; (n, 2), n 3. Suponha que existe um 2-plano
implica que hI (x)/h(x) = H = 0, logo H = a é uma constante e 2 Pn , em posição geral com F , tal que F |E tem um centro num
 ( ) = (x + , y  a. ), logo todas as retas  se encontram num ponto p ; s ng(F ). Prove que F , está em alguma das compo-
ponto na reta do inhnito de , o que foi exclu´do. nentes (n, 2), R(n; 1, 3), R(n; 2, 2), L(n; 1, 1, 1, 1), L(n; 1, 1, 2),
A curva s ) (s) é uma parametrização local da envoltória da f (n; 1, 2, 3; 1, 1).
fam´lia de retas integrais da folheação . Coloquemos 5 Demonstre o lema 5.2.3 no caso n 4.
3
(s) = *(x , s) + * (x , s).+ (s)  H(x , s).* (x .s).+ (s) . 5 Seja  : (C, 0) C um germe de curva holomorfa não
constante. Prove que :
Levando em conta que a reta & ( ) = (x + , y  H( ). , *( ) +
* ( ).  H( ).* ( ). ) está contida em , obtemos a curva para- (a). Se I + II # 0 então  está contida numa reta de C3 .
metrizada (s) := ( (s), (s), (s)) contida em . Consideremos a (b). Prove que se I + II + III # 0 então  está contida num plano
superf´cie parametrizada (s, ) := (s) + I (s). . Esta é a superf´cie de C3 .
regrada de retas tangentes a . Ahrmamos que 2 .
611 ma folheação F ; (2, 1) possui um centro de
Morse se, e somente se, possui uma integral primeira meromorfa ,
a qual em algum sistema de coordenadas ahm, pode ser escrita como
(x, y) = x.y. Deixamos a prova como exerc´cio para o leitor (veja o
Ex. 6.1).

Cap´tulo 6 Como vimos no cap´tulo anterior, c (2, 2) foi estudada, num caso
particular, por Dulac em D . A simplihcação que mencionamos, é a
seguinte :

Problemas e de (2, k).


a a odo k  1, c (2, k) e s on n o a e o

conjecturas. o a. Notamos primeiramente, que c (2, k) é invariante por


(P2 ), isto é, se F ; c (2, k) e * ; (P2 ) então * (F ) ; c (2, k).
Seja F ; c (2, k) que possui um centro de Morse p ; P2 . Seja (x, y) ;
C2 uma carta ahm tal que p = 0 ; C2 . Podemos representar F nesta
carta por um campo de vetores polinomial = 1 + ... + + +1 ,
O objetivo deste cap´tulo é apresentar outros aspectos do problema da onde j é homogêneo de grau j, 1  j  k, e +1 = g. , sendo g
classihcação das componentes irredut´veis dos espaços de folheações um polinômio homogêneo de grau k e o radial. A idéia é demon-
de codimensão um. Na seção 6.1 estabeleceremos uma relação com strar que a condição de que possui um centro de Morse em 0
o problema do centro, apresentando alguns aspectos deste último. implica que os seus coehcientes satisfazem um sistema de equações
Na seção 6.2, introduziremos as seqüências de Godbillon-Ve asso- algébricas. Seja f : C uma integral primeira holomorfa de ,
ciadas a uma folheação e veremos uma caracterização no caso em onde 0 ; 2 C2 é um aberto e 0 é singularidade
que a folheação admite uma seqüência hnita. Aproveitaremos para  de Morse de f .
A série de Ta lor de f em 0 é da forma f = j=2 fj , onde fj é
enunciar alguns problemas e conjecturas motivadas pelos resultados. homogêneo de grau j, j  2, e f2 (x, y) é uma forma quadrática não
Gostaria de agradecer a Hossein Movasati por ter contribu´do de degenerada. Após uma mudança linear de coordenadas, podemos
maneira essencial na elaboração da seção 6.1. supor que f2 (x, y) = x.y. Como f é integral primeira de temos
(f ) = 0. Expandindo esta relação em série de Ta lor, temos
6.1 O problema do centro. 3 3D 3 i
0= (f ) = (fj ) = (fj )
Num espaço projetivo de dimensão maior ou igual a três, a condição 1, j2 r=3 +j=r
de integrabilidade implica que o espaço das folheações de codimensão
um possui várias componentes irredut´veis. Em dimensão dois, tal Na expansão acima, levamos em conta que (fj ) é um polinômio
condição é sempre satisfeita, e como conseqüência o espaço das fol- homogêneo de grau + j  1 (verihque). Ela implica que
heações de codimensão um de um determinado grau, é irredut´vel.
3
Mesmo assim, nesse caso, um problema similar, o qual foi provávelmente (fj ) = 0 ,  r  3 . (6.1)
enunciado por Poincaré, é o problema do centro. Nesta seção pre- +j=r

tendemos apresentar este problema e enunciar alguns resultados con- Para r = 3 obtemos 1 (x.y) = 0. Como 0 é singularidade não
hecidos. degenerada de , obtemos 1 = a(x (/(x  y (/(y), a W= 0 (ver-
ihque). Dividindo por a, podemos supor que 1 = x (/(x 
6.1.1 A variedade das folheações com um centro. y (/(y. Denotemos por (2, k) o conjunto dos campos polinomi-
ais = 1 + ... + + g. tais que 1 = x (/(x  y (/(y e por
Diremos que uma folheação singular F em P2 é algébrica, se ela ˜ c (2, k) = { ; (2, k) | possui um centro de Morse em 0}. Va-
é dehnida em cartas ahns por um campo polinomial. Diremos que mos provar que ˜ c (2, k) é uma sub-variedade algébrica de (2, k).
F tem um centro em p ; P2 , se p ; s ng(F ) e numa carta ahm Isto implicará que c (2, k) é algébrico.
2
2 P2 , tal que p = 0 ; 2 , ela é representada por um campo Podemos reescrever (6.1) como
de vetores polinomial , cujas trajetórias numa vizinhança de p, são 3
homeomorfas a c´rculos que contêm p em seu interior. Diremos que o 1 (fr ) =  (fj ) ,  r  2 . (6.2)
centro é de Morse, se p é uma singularidade não degenerada de e +j=r+1
possui uma integral primeira anal´tica local com uma singularidade
de Morse em p. No caso de folheações complexas, a dehnição de Estas relações sugerem que podemos determinar indutivamente fr , se
centro de Morse é similar. conhecemos f2 , ..., fr1 . Denotemos por n o conjunto de polinômios
homogêneos de grau n em duas variáveis. O campo linear 1 induz
6 1 1 Sejam 2 2 um aberto e f : uma um operador linear em n : n n dada pela derivação g ; n )
função anal´tica que possui uma singularidade de Morse em p ; . É n (g) := 1 (g) ; n .
conhecido que, neste caso, existe um sistema de coordenadas anal´tico
(x, y) ; 2 , numa vizinhança de p, tal que x(p) = y(p) = 0 e f (x, y) = 6 1 1 e n e  a en ao n : n n e so o
f (p) + x2 y 2 . Em particular, a folheação dada por df = 0, tem um hs o. e n = 2m, e a , en ao k r( n ) = C.(x.y) . A e d s o,
centro de Morse se, e somente se, f (x, y) = f (p) + x2 + y2 . No caso m( 2 ) =< x .y j | , j W= m .
em que o centro p de uma folheação F não é de Morse, em geral o a. Note 1 (x .y j ) = (  j)x .yj . Logo, o conjunto de
F não possui integral primeira anal´tica numa vizinhança de p (veja monômios j
n = {x .y | + j = n} é uma base de auto-vetores
Ce-LN-Be ). para n . Se n é ´mpar então  j W= 0 para todo , j com + j = n.
O problema do centro, para folheações algébricas em P2 , pode Por outro lado, se n = 2m e + j = 2m então  j = 0 se, e somente
ser enunciado da seguinte forma : se, = j = m. Isto prova o lema.
Voltando ao sistema (6.2), podemos determinar fr conhecendo
1 C ass h a os en os das o ea oes a e as de P2 . f2 , ..., fr1 , sempre que r seja ´mpar. Em particular, podemos deter-
minar f3 por 1 (f3 ) =  2 (x.y), obtendo f3 (x, y) = 1 3 ( 2 (x.y)) :=
Este problema nos parece muito dif´cil. No entanto, se restringir-
F3 (x, y, 2 ). Nesta notação estamos indicando que f3 é um polinômio
mos aos centros de Morse, temos uma simplihcação. Como a fol-
em (x, y), cujos coehcientes são polinômios dos coehcientes de 2 . Ao
heação é algébrica, podemos considerar a sua extensão anal´tica de
tentarmos determinar f4 , obtemos
P2 a P2 , que consiste simplesmente em considerar as equações poli-
nomiais em cartas ahns 2 , como equações em C2 . Esta extensão, 4 (f4 ) = 1 (f4 ) = 2 (F3 (x, y, 2 )) 3 (x.y) := F4 (x, y, 2, 3) ,
dehne uma folheação em (2, k), para algum k  1. m centro 
de Morse em P2 vai originar um centro de Morse em P2 , como foi onde F4 (x, y, 2 , 3 ) = +j=4
j
j ( 2 , 3 )x .y , sendo j ( 2, 3)
dehnido no cap´tulo anterior. Denotemos por c (2, k) o fecho do con- um polinômio nos coehcientes de 2 e 3 . Se f é integral primeira
junto das folheações em (2, k) que possuem um centro de Morse. de então a equação linear acima tem solução, o que acarreta
22 ( 2 , 3 ) = 0, pelo lema 6.1.1. Esta é a primeira equação que 1 a a oda o onen e de (n, d), c (2, )e a
dehne a variedade ˜ c (2, k). Em seguida, pelo lema 6.1.1, podemos de- o onen e ed  e de c (2, d).
terminar f5 (x, y) = F5 (x, y, 2 , 3 , 4 ) = 1 5 ( 2 (F4 )  3 (F3 ) 
A conjectura 1 é verdadeira nos seguintes casos : componentes
4 (x.y)). Ao escrevermos a sexta equação, de maneira análoga, obte-
mos (f ) = 1 (f ) = j racionais, logar´tmicas, d = 1 e d = 2. Neste último caso ela decorre
+j= j ( 2 , 3 , 4 , 5 )x .y , a qual
tem solução se, e somente se, 33 ( 2 , ..., 5 ) = 0. Esta é a se- da classihcação de Dulac. Para as componentes do tipo pull-bac , este
gunda equação da variedade ˜ c (2, k). Prosseguindo indutivamente problema só se coloca no caso dos pull-bac não lineares, uma vez que
com este processo, para todo n = 2m, par, obtemos um polinômio os lineares são Monge-Ampére. Neste caso, no entanto, o problema
( 2 , ..., 2 1 ) tal que a equação em (6.2) tem solução se, e pode ser reformulado da seguinte maneira : se * : P2 Pn é um
somente se, ( 2 , ..., 2 1 ) = 0. Obtemos então a m-ésima mergulho linear e : Pn P2 é uma aplicação racional de grau k  2
equação algébrica de ˜ c (2, k). Levando em conta que j = 0 para então H * : P2 P2 é uma aplicação racional de grau k. Se é a
j k + 2, vemos que se ; ˜ c (2, k) então os coehcientes de componente do tipo pull-bac não linear, podemos identihcar c (2, )
com o fecho do conjunto { ; (2, d) | =  (F ), F ; (2, r) e
2 , ..., g. satisfazem a todas as equações ( 2 , ..., g. ) = 0,
m  2. Seja c o ideal de (2, k) gerado pelos polinômios ,  : P2 P2 é racional de grau k}.
m  2. Como o anel de polinômios é Noetheriano, este ideal é hni- Outro problema que se coloca, uma espécie de rec´proca da con-
tamente gerado, logo ( c ) = { | ( ) = 0 , m  2} é um sub- jectura 1, é o seguinte :
conjunto algébrico de (2, k). Isto prova que ( c ) V ˜ c (2, k). Para Dada ; c (2, d), e s e a o ea ao F ; (n, d)
provar a igualdade, é necessário provar que todo ; ( c ) possui o n  3, nao on e A e e, a e = * (F ) a a a e
uma integral primeira local em 0 ; C2 . o nea * : P2 Pn
Seja ; ( c ). Neste caso, podemos resolver todas  as equações
em (6.1) e obtemos uma série formal f = x.y + j3 fj tal que Novamente, a resposta é positiva para as folheações do tipo racional
(f ) = 0. Em geral, esta série não converge. No entanto, podemos e logar´tmico. Para encerrar esta seção, enunciaremos uma conjectura
utilizar o seguinte resultado devido a . F. Mattei e . Moussu : sugerida por H. Movasati.

61 ea = jf j e e de a o de e o es a e o onen e de (n, d), o de c (2, d),
o o o o e 0 ; C2  o s n a dade so ada e 0. e e s e oss e e en o F a e c d(s ng(F ))  2 e F oss a
a se e o a f = jr fj a e (f ) = 0 en ao oss ne a e a e o o a nao ons an e.
a ne a e a o o o a nao ons an e g = jr gj n a
n an a de 0 a e gr = fr . Para todas as componentes conhecidas, em ambos os casos, a
conjectura 2 é verdadeira.
Não provaremos o resultado acima. Para o leitor curioso in-
dicamos a referência Ma-Mo . Este resultado implica que se ;
( c ) então ; ˜ c (2, k). Logo ( c ) = ˜ c (2, k), o que prova o 6.2 Seqüências de Godbillon-Vey.
teorema 8.
Em seguida enunciaremos, sem provar, alguns resultados conheci- Seja F uma folheação de codimensão um numa variedade algébrica
dos sobre as componentes irredut´veis de c (2, k). Assim como no de dimensão n  2, c d(s ng(F ))  2. Neste caso, existe uma
caso das folheações de codimensão um em dimensão maior que três, 1-forma meromorfa  W# 0, tangente a F (veja o Ex. 6.2). A forma
temos componentes do tipo racional e logar´tmico. Como no caso  é integrável. Além disto, se 1 é uma outra 1-forma meromorfa
de dimensão maior, dehnimos R(2; p, ) como o fecho do conjunto tangente a F então 1 = f., onde f é meromorfa em . Vamos

das folheações de P2 que possuem uma integral primeira do tipo denotar por M(M ) o conjunto de funções meromorfas de M e por
F /G , onde gr(F ) = e gr(G) = . Análogamente, dehnimos M (M ) as meromorfas não identicamente nulas.
L(2; p1 , ..., pr ), r  3, como o fecho das folheações em P2 que podem
r dfj Dehnição 6.2.1. Diremos que uma seqüência (j )j0 de formas
ser representadas por uma forma logar´tmica do tipo j=1 j fj ,
 meromorfas em M é uma seqüência de Godbillon-Vey associada a
gr(fj ) = pj , j ; C , 1  j  r, e j j .gr(fj ) = 0. , se 0 =  e a 1-forma , dehnida pela série formal em M × C,
6 a a odo p, ; o d = p +  2 e (p, ) W= (2, 2), 3 zk
o on n o R(2, p, ) e a o onen e de c (2, d). := dz + k (6.3)
k!
k0
No caso R(2, 1, d + 1) podemos asumir que G = 0 é a linha no
inhnito de uma carta ahm C2 2 P2 . Nesta carta ahm a integral é integrável, isto é, + d = 0. O comprimento da seqüência é o
primeira é o polinômio f := F |G=1 que tem grau d + 1. Esse caso menor N ; N  {0, } tal que k = 0 para todo k  N + 1.
foi provado por Il ashen o em Il . Generalizando o argumento de Observe que |z=0 = . Em particular, se a série converge
Il ashen o, a demonstração do caso geral, R(2; p, ), foi feita nas então ela dehne uma folheação G em M × C tal que G|(z=0) = F .
referências Mo e Mo1 . Diremos também que (k )k0 é uma seqüência de G.V associada à
folheação F .
6 a a odo r   2 e oda r a (1, p2 , ..., pr ), onde
r A condição de integrabilidade de é equivalente à seguinte :
pj ; , 1  p2  ...  pr e d := j=2 pj  1  2, L(2; 1, p2 , ..., pr ) e
a o onen e ed  e de c (2, d). k w W
3 k
A prova do resultado acima pode ser encontrada em Mo2 . Gosta- dk = 0 + k+1 + f + k+1f , k  0 . (6.4)
f
f=1
ria de mencionar que o autor, em conversa privada, me disse que
poss´velmente, com técnicas semelhantes, mas com algumas dihcul- As relações em (6.4) podem ser obtidas efetuando o produto exte-
dades técnicas, pode ser provado que L(2; p1 , ..., pr ) é uma compo- rior formal das séries em z de e d . Deixamos este cálculo como
nente irredut´vel de c (2, d), d = j pj  2. exerc´cio para o leitor (veja o Ex. 6.3).
Outro resultado, que já foi mencionado no cap´tulo anterior, é o
teorema de Dulac (teorema 5.1), o qual, juntamente com o teorema Observação 6.2.1. Seja N o comprimento da seqüência de G.V
5.2, dá uma classihcação das componentes irredut´veis de c (2, 2). (6.3). Segue de (6.4) que :
Motivados pelo método da prova do teorema 7, veremos um método
(a). Se N = 0 então a forma  é fechada.
de produzir centros de Morse à partir de folheações de codimensão
um em dimensão maior que dois. Seja F ; (n, d), n  3, d  2. (b). Se N = 1 então d0 = 0 +1 e d1 = 0. Em particular, F tem
Suponhamos que F não é de Monge-Ampére. Neste caso, para todo uma estrutura transversal ahm com polos num sub-conjunto
mergulho linear * : P2 Pn , em posição geral com F , o 2-plano *(P2 ) anal´tico de codimensão um de M (veja a proposição 1.5.2 do
possui uma tangência de Morse com F , num certo ponto p ; *(P2 ). cap´tulo 1).
Em particular, a folheação * (F ) possui um centro em = *1 (p),
logo * (F ) ; c (2, d). Seja a componente irredut´vel de (n, d) (c). Se N = 2 então d0 = 0 + 1 , d1 = 0 + 2 e d2 = 1 + 2 ,
que contém F . Seja c (2, ) o fecho em (2, d) do conjunto das como o leitor pode verihcar. Em particular, pelo teorema 1.15
folheações da forma * ( ), onde ; e * : P2 Pn é um mergulho do cap´tulo 1, F tem uma estrutura transversal projetiva com
linear. Claramente c (2, ) é um sub-conjunto algébrico de c (2, d). polos num conjunto anal´tico de codimensão um.
Observação 6.2.2. Seja  uma 1-forma meromorfa integrável em b . f  2. es e caso F ossui u a es u u a ans e sal o e i a
M com folheação associada F e uma seqüência de G.V (k )k0 . Se ah ou o anslacoes co olos nu sub-con un o anal ico
; M (M ) podemos dehnir : M × C M × C por ( , z) = de codi ensao u de M .
( , ( ).z). este caso,
o a. Seja (0 , 1 , ...,  ) uma seqüência de G.V hnita para F ,
1 1 d 3 zk com  W= 0. Suponhamos que F não possui estrutura transver-
k1
( ) = dz + 0 + z(1 + )+ ( .k ) .
k! sal projetiva, ahm, ou por translações. este caso, N  3 pela
k2
observação 6.2.1. Ahrmamos que 1 , 2 ,  não são identicamente
Em particular, obtivemos outra seqüência de G.V associada a F , nulas.
k )k0 , onde 
(˜ ˜ 0 = 1 .0 , 
˜ 1 = 1 + e˜ k = k1 .k , se k  2. De fato, as três primeiras relações em (6.4) se escrevem :
ais geralmente, podemos obter outras seqüências de G.V associ- T
adas a F , operando com transformações dehnidas por séries formais €
z d0 = 0 + 1
do tipo ( , z) = ( , j=1 j ( ).z j ), onde 1 ; M (M ) (veja o Ex. d1 = 0 + 2 (6.5)
6.4). É poss´vel provar que duas seqüências associadas à mesma fol- €
Z
d2 = 0 +  + 1 + 2
heação diferem por uma transformação formal deste tipo.
ro osição 6.2.1. e a M e u a a iedade al eb ica co d (M ) = Se 1 = 0, a primeira relação em (6.5) implica que 0 é fechada, logo
 2. e  W= 0 e u a - o a e o o a in e a el e M en ao F possui estrutura transversal por translações. Se 1 W= 0 e 2 = 0,
e is e u a seqüência de Godbillon-Vey a a . as duas primeiras implicam que F possui estrutura transversal ahm.
inalmente, se  = 0, as três relações implicam que F tem estrutura
o a. omo M é algébrica, ela é pseudo-paraleli ável, isto é, transversal projetiva. ogo, j W= 0, = 1, 2, 3.
existem campos de vetores meromorfos em M , digamos 1 , ..., , Dadas duas 1-formas meromorfas em M , e # tais que # + = 0,
tais que o conjunto = { ; M j | j | | 1 ( ) + ... + ( ) W= 0} vamos usar a notação # . otamos que, se # e W= 0 então
é aberto e denso em M . Este é um fato bem conhecido, cuja prova existe ; M(M ) tal que # = . . Deixamos a verihcação deste fato
deixamos como exerc´cio para o leitor (veja o Ex. 6.5). Em particular, para o leitor. recisamos de um lema.
como d (M )  2 e  W= 0, existe ; {1, ..., } tal que := j () W#
0. Em particular, a função é meromorfa em M e se := 1 j , então e a 6.2.1. e a (0 , ...,  ) co o aci a. e k, f  2 en ao k +
() = 1. O campo é meromorfo em M , logo podemos dehnir f = 0. a icula
uma seqüência de 1-formas meromorfas indutivamente por 0 :=  e
k+1 := (k ), k  0. omo  = 0 é integrável, temos dk = 0 + k+1 + (k  1)1 + k , 0  k  N . (6.6)
0= (0 + d0 ) = d0  0 + (d0 ) =p d0 = 0 + (d0 ) . o a. A relação de ordem 2N  2 em (6.4) pode ser escrita como
or outro lado, 1 = (0 ) = (d0 ) + d( (0 )) = (d0 ), logo 232 w W
d0 = 0 + 1 . Suponhamos que a relação (6.4) seja verdadeira para 2N  2
d2 2  0 + 2 1 = f + 2 1f .
k  0 e provemos que ela é verdadeira para k + 1. embrando que f
f=1
Hd=dH , temos : dk+1 = d( (k )) = (dk ) =
k w W omo N  3, temos 2N  2 N , logo 2 2 = 2 1 = 0 e o
3 k
= 0 + k+1 + f + k+1f = membro da esquerda se anula. or outro lado, no somatório do lado
f direito, se f N ou f N  1, então f + 2 1f = 0, logo a
f=1

k w W
D 2i D2 2i
3 k relação acima se escreve como 0 = 2 1   1 +  =
= 1 + k+1 + 0 + k+2 + (f+1 + k+1f + f + k+2f ) = D2 2i
f 1
 1 +  . ortanto,  1  .
f=1
Suponhamos que a primeira ahrmação seja válida para k, f  ,
k+1 w
3 W onde 2  N  1, e provemos que ela é válida para k, f   1.
k+1
= 0 + k+2 + f + k+2f , A relação de ordem N +  2 em (6.4) pode ser escrita como :
f
f=1
D k i Dki Dk+1i 32 w
+
N+ 2
W
como o leitor pode verihcar, utili ando que f1 + f = f . d + 2  0 +  + 1 = f +  + 1f
Estudaremos a seguir o caso de uma folheação holomorfa de codi- f
f=1
mensão um que admite uma seqüência de Godbillon-Ve hnita.
omo 2, o lado direito da relação acima é nulo. o somatório
e o 6.2.1. Sejam uma superf´cie de iemann compacta e do lado esquerdo, todos os têrmos se anulam para f  1 ou
0 , ..., , W= 0, 1-formas meromorfas em . A 1-forma  em ×C f N , já que j = 0 se N . A hipótese de indução implica que os
 k
dada por  = dz + k=0 zk k é integrável e dehne uma folheação de têrmos em que  f  N  1 também se anulam. estam apenas no
codimensão um em ×C. ote que  se estende meromorhcamente a somatório os têrmos de ordem f = 1 e f D= N . Osi têrmosD restantes
i
× 1 . om efeito, fa endo a mudança de coordenadas z = 1 em, nos fornecem . 1 +  = 0, onde = + 12  + 2 W= 0.
 ogo  1  . Em particular, f  para todo f   1, logo
temos  =  2 + k=0 k 1 k k , a qual é meromorfa numa vi inhança
de ( = 0). ogo,  dehne uma folheação F em × 1 . A forma existe f ; M(M ) tal que f = f . ,  1  f  N . sto implica
 admite uma seqüência de G.V hnita de comprimento N . De fato, que k + f = 0, se k, f   1, como quer´amos. A relação (6.6) é
(k)
como ( (z  = 1, dehnindo k := ( (z (), obtemos esta seqüência. obtida da relação de ordem k em (6.4) notando que f + k+1f = 0
 k zj se f W= 1, k. Deixamos os detalhes para o leitor.
m cálculo direto mostra que k = j=0 j j+k , se k  N , e Ahrmamos que  1 W= 0. om efeito, suponhamos o contrário.
k = 0 se k  N + 1 (verihque). este caso, temos também A relação (6.6) para k = N  1 implica que 0 = d 1 = 0 +
 + (N  1)1 +  1 = 0 +  , logo 0  . ogo a relação de
3 k 3 ( + z)k ordem um em (6.6) se escreve como d1 = 0 + 2 e como 0  e
=d + k = d( + z) + k .
k! k! 2  , obtemos d1 = 0. ogo, F possui uma estrutura transversal
k=0 k=0
ahm, contra a suposição inicial. ortanto,  1 = 0. Em particular,
O teorema seguinte é uma generali ação de um resultado devido a podemos escrever  1 = 1 . , onde 1 ; M (M ).
. amacho e . Scárdua (veja a-Sc ). A prova original do mesmo a observação 6.2.2 vimos que a mudança de variáveis z = . ,
foi dada em e- - o- e- ou . onde ; M (M ), produ outra seqüência de G.V associada a F ,
2 1

k )k0 , onde  ˆ 1 = . 1 e  ˆ = . . a endo
N 1
eore a . e a F u a ol eacao de codi ensao u nu a a -
:= ˜ = N1 
1 e  , os dois últimos têrmos do somatório se
iedade co le a co ac a M de di ensao  2. u on a que
escrevem como N.z 1 ˜ + z .˜ . omo  ˆ k ˜ , 2  k  N  2,
F ad i e u a seqüência de G.V de co i en o hni o. e a f o
existe k ; M(M ) tal que 
ˆ k = k!. k .˜
 . Em particular, chamando
ni o dos co i en os oss eis a a u a seqüência de G.V de

˜ de  , a nova forma pode ser escrita como
F . n ao e os as se uin es ossibilidades
2
3
a . f  3. es e caso F e o ull-bac de u a ol eacao G co o no = dz +0 +z.1 + ( , z). , ( , z) = j .z
j
+N.z 1
+z .
e e lo . . o u a a licacao e o o a : M  × 1. j=2
a endo a mudança de variáveis z =  1 em , obtemos uma outra omparando as duas últimas relações obtemos
1-forma meromorfa integrável ˜ em M × C do tipo : w W
d N 1d k
˜ =d + + + =0 .
˜ 0 + .˜
1 + ( , ). , N k k
 j 1
onde ( , ) = j=2 j ( ). , sendo = 1, 1 = 0 e  ˜0 = ub-caso . . . + k k
k
= 0 para todo k ; . este caso,
0  1 + ... + (1) . . A forma ˜ 0 é integrável, mas a folheação temos d + d k = 0 para todo k ; {0, 2, ..., N  2}. ogo, d + d = 0.
associada a ela em M não coincide necessáriamente com F . ro- Obtemos
du imos uma seqüência de G.V auxiliar (˜ 0 , 
˜ 1 , ..., 
˜ 2 , 0,  ), a 0 = 
˜ 1 + . =
˜ 1 + . .# .
qual satisfa o lema 6.2.1. omo é obtida de ˜ pela mudança de ˜1 +
or outro lado, # =  1 k
˜1 
= 1
, o que acarreta
k 1
variáveis = z + 1, obtemos k

=
˜0 + 
˜ 1 + ... + 
˜ 2 + , 
˜j = j . ,  2. (6. ) ˜1 
0 = (1 + . )  d .
N 1
omo já vimos anteriormente ˜ 0 +  = 0, já que  ˜ 1 = 0. ogo, Se 1 + . = 0, 0 é fechada, já que d + d = 0. Se 1 + . W= 0 então
˜ 0 = 0 . e d˜
 1 = 0. As outras relações em (6.6) se escrevem como
0 1
l ˜1 +
= d
k = (k  1) 
d˜ ˜1 + ˜ k , k ; {0, 2..., N  2} 1+ . N 1 1+ .
(6. )
d = (N  1)  ˜1 +  é fechada. Em qualquer caso, F é dehnida por uma 1-forma mero-
morfa fechada.
e a 6.2.2. e F nao ossui es u u a ans e sal ah co olos ub-caso . . . Existe k ; tal que := + k 1 k
W= 0.
k
en ao e is e , ; M (M ) ais que  = .d .
este caso, fa endo := k
. k 1 temos = (N  k) W= 0 e
˜k =
o a. Substituindo  k . em (6. ) obtemos, d +  = 0, o que acarreta  = k.d , onde k, ; M (M ).
O lema 6.2.2 implica que  = k.d , onde k, ; M (M ). A
d k + + .d = (d k +(N 1) k 
˜ 1 )+ = (k1) k ˜ 1 +
 =p função meromorfa : M  1
não é constante, logo as componentes
irredut´veis dos seus n´veis dehnem uma folheação de codimensão um
(d k + (N  k) k ˜1) + 
 = 0 , k ; {0, 2, ..., N  2} . (6. )
G em M com d( (G))  2. o aberto := M (G), as folhas
Suponhamos que existem k W= f ; {0, 2, ..., N  2} tais que k, f W= 0. de G são subconjuntos fechados disjuntos e o espaço quociente M G,
este caso, obtemos de (6. ) que da relação de equivalência em que identihca dois pontos na mesma
w W folha, se identihca naturalmente com uma superf´cie de iemann,
d f d k digamos . O fato de que M é compacta implica que M G é de
(N  k)  (N  f) + =0 .
f k aussdorf. Este resultado é conhecido como teorema de fatoração de
Stein (veja ). A aplicação quociente * : , *( ) = folha de G
Se além disto, k f := (N  k) f  (N  f) kk W= 0, podemos concluir
f
passando por , é holomorfa e se estende a uma aplicação meromorfa
que d +  = 0, onde := f k k f , já que k f = d . este de M em , que denotaremos pelo mesmo s´mbolo, *. As superf´cies
caso, existe ; M (M ) tal que  = .d e estamos feitos. Supon- de n´vel *1 ( ), ; , são conexas e coincidem com as componentes
hamos que k f = 0 para todo k W= f. Vamos dividir o resto da prova irredut´veis dos n´veis 1 ( ), ; 1 . Em particular, se ;
em vários casos. então (*1 ( )) é conexo e discreto, logo contém um único ponto em

1 1
aso . Suponha que k = 0 para todo k ; {0, 2, ..., N  2}. este . odemos então dehnir uma aplicação holomorfa : por
caso, temos ( ) = (*1 ( )) que fatora , no sentido que = H *. Seja W= 0
0 = 
˜1 +  uma 1-forma meromorfa em e coloquemos := * ( ) W= 0. ote
que d = 0, já que d = 0.
e como d˜
1 = 0, temos
omo  + = 0, existe ; M (M ) tal que  = . .
d0 = d = (N  1)˜
1 +  = (N  1)˜
1 + 0 , Análogamente, para todo k ; {0, 2, ..., N  2} existe k ; M(M ) tal
˜ k = k . , já que k + = 0. ogo, podemos escrever
que 
logo F tem uma estrutura transversal ahm com polos.
aso . Suponha que k W= 0 para ao menos um ´ndice k ; 0 = 
˜1 + ( 0 + 2 + ... + 2 + )
{0, 2, ..., N  2}, mas k f = 0 para todo k W= f. Seja = {k | k W= 0}.
este caso, temos 1k kk = 1f ff para quaisquer k, f ; . ogo, ˜k =
Substituindo  k. na relação (6. ) obtemos
a 1-forma meromorfa fechada T
z ou, k =0
1 d k 1 d (6.10)
˜1 +
# :=  Z ou, (˜
1 
k
)+ =0
N k k k1 k

independe de k ; . ote que (6. ) implica # +  = 0.


Seja = {k W= 1 | k W= 0}. Dados k W= f ; , obtemos de (6.10) que
ub-caso . . # = 0. Escrevamos
w W
d k d f
0 = 
˜ 1 + . , = 0 + 2 + ... + 2 +1 . (f  1)  (k  1) + =0. (6.11)
k f
omo ˜ 1 =  1k kk , k ; , obtemos d k + ˜ 1 = 0, logo d + 
˜ 1 = 0.
Se = 0, então 0 =  ˜ 1 é fechada e F possui estrutura transversal Em particular, k f f k é integral primeira da folheação G. Seja
por tranlações. Se W= 0 temos = d {k  1 | k ; } e consideremos inteiros j j , ; , tais que
w W w W j (  1) = . oloquemos := j; j . ote que =
0 
˜1 0 j; j
d =d +d = d = (N 1)  ˜ 1 + = (N 1)˜ 1 + . j; j j . Somando as relações em (6.11) com k hxo, obtemos

3 w W w W
f d k d f d k k1d
Em particular, como 1 .0 é meromorfa, também dehne F e d˜
1 = 0, 0= (f  1)  (k  1) + =  +
F possui uma estrutura ahm com polos. k f k
f;
ub-caso . . # W= 0. omo # +  = 0, existe ; M (M ) tal
k1
que  = .#, o que acarreta ogo, k r é integral primeira de G, para todo k ; . elo
1
teorema de fatoração de Stein, existe k : , holomorfa, tal
d k1 k1
d = + . que k r = k H *, ou seja k = r . k H *, k ; . olocando
k = 0 para k ; , podemos escrever
Das relações (6. ) e # +  = 0 obtemos, C I
3 k1
N 1d k ˜1 + H
0 =  r . k H *O . (6.12)
d = (N  1) 
˜1 +  = + .
N k k kW=1
k1
or outro lado, as relações em (6.10) e k
k
+ = + = 0 =0; (F ). Além disto, d( ())  2. omo F tem grau
implicam dois, podemos escrever

1 d k 1d 1d  = 1 + 2 +  ,
˜1 + =
 + = + 1 
=p (˜ )+ = 0 (6.13)
k1 k
onde j tem coehcientes homogêneos de grau , 1   3, e ( ) =
Em particular, existe k ; M(M ) tal que  ˜1 = 1 + k. . omo 0, sendo o radial. Se  = 0 então (2 ) W= 0, já que (F ) = 2.
˜1, e d
 são fechadas, obtemos por derivação que dk + = 0. Seja (F , ) o divisor de tangências entre F e o campo radial.
elo teorema de fatoração de Stein, existe uma função holomorfa o sistema ahm acima, temos (F , ) = (1 ) + (2 ) :=
: 1
tal que k = H *. Substituindo em (6.12) obtemos 2+ , onde 2 = (1 ) e = (2 ). ote que, se j W= 0 então
C I ( j ) = , = 2, 3. Veremos mais adiante que é poss´vel escolher o
3 k1 ponto ; (F ) de forma que 1 + 2 W# 0. or enquanto, vamos
1d
0 = + H *. + H r .
k H*
O (6.14) supor este fato.
kW=1 Seja $ : M C a variedade obtida de C por uma explosão em
= 0. a sistema de coordenadas ahm em questão, a expressão de
1
inalmente, colocando := (*, ) : M  × , obtemos $ numa das cartas de M é da forma
C I
3 ( 1 , ...,
) = $( 1 , ..., 1 , z) = (z. 1 , ..., z. 1 , z) := (z. , z) .
k1
. .0 = Hdz + ( .z + k .z r +1 ) O , 
kW=1
Escrevendo j = =1 j ( ).d , 1   3, obtemos
1
3
o que prova o teorema.
$ (j ) = j (z. , z)(z d + dz) + j (z. , z)dz =
O lema 6.2.2 e o hnal da prova do teorema , implicam o seguinte
=1
resultado :
:= z j (z.˜
j + j( ) dz) ,
oro ario 6.2.1. e a F u a ol eacao de codi ensao u nu a  1
a iedade co le a co ac a M de di ensao  2. u on a que F ˜j =
onde  =1 j ( , 1)d e j( ) = (j )( , 1). Em particular,
ad i e u a seqüência de G.V hni a de co i en o N  3. n ao obtemos
ou be F e o ull-bac de u a ol eacao nu a su e cie × 1 D i
co o no e e lo . . ou be F ossui u a es u u a ans e sal $ () = z ( 2( , 1) + z. 1 + z 2 .˜
( , 1))dz + z.˜ 2 + z .˜
 (6.15)
ah ou o anslacoes co olos nu sub-con un o anal ico de A folheação $ (F ) é dehnida nesta carta por = z k .$ (), onde
codi ensao u de M . k  1 é escolhido de tal forma que d( ( ))  2. O divisor de
o caso em que M = , temos o seguinte resultado : tangências de $ () com o campo vertical ( (z é dado por 2 ( , 1) +
z ( , 1) = 0, se k = 1. Se 2 ( , 1) # 0, então k = 2 e o divisor de
oro ario 6.2.2. e u a ol eacao F de codi ensao u e tangências é ( , 1) = 0.
 2 ad i e u a seqüência de G.V hni a en ao ou be F e o ull- onsideremos ( , z) ; C 1 ×C 2 1 × 1 . A explosão $ : C 1 ×
bac de u a ol eacao de 1 × 1 co o no e e lo . . ou be F C C 2 se estende a uma aplicação birracional 1 : 1 ×
1
ossui u a es u u a ans e sal o e i a ah ou o anslacoes  . Seja G1 := 1 (F ). O divisor de tangências 1 de G1 com
co olos nu sub-con un o anal ico de codi ensao u de M . as hbras da hbração vertical { } × 1 , é dado na carta anterior por :

o a. Suponha que F não admite estrutura transversal proje- (i). 1 = ( , 1), se 2 #0e W# 0.
tiva, ahm ou por translações. este caso, F é dehnida por uma
1-forma meromorfa  do tipo (ii). 1 = 2( , 1), #0e 2 W# 0.

3 (iii). 1 = 2( , 1) + z. ( , 1), se 2, W# 0.
= (dz + zj j) ,
j=0 o casos (i) e (ii), o divisor 1 satisfa (a) do lema 6.2.3 e colocamos
 = 1 e G = G1 . o caso (iii), se ( ) = d ( 2 ( , 1), ( , 1))
onde = (*1 , *2 ) :  × 1 e j é 1-forma meromorfa em , podemos escrever 2 ( , 1) = ( ). 2 ( ) e ( , 1) = ( ). ( ), onde
0   N . ueremos provar que = 1 . emos duas possibilida- d ( 2 , ) = 1. Em particular, 1 = ( )( 2 ( ) + z. ( )) e o con-
des : 1 . *1 é constante. este caso, *1 ( j ) = 0 para todo = junto de tangências é dado por ( ( ) = 0)  (z =  2 ( ) ( )).
0, ..., N . ogo  = *2 (dz), ou seja,  é fechada, contra a suposição. este caso, para obter o lema, precisamos fa er mais uma modi-
2 . *1 não é constante. ogo, existe uma reta projetiva l 1, hcação birracional. Dehnimos  : C 1 × 1  C 1 × 1 por
p Q
linearmente mergulhada em tal que *1 | não é constante. omo z
( , z) = , z 2 ( ) 3 ( ) . Esta transformação envia a hipersu-
tem dimensão um, a aplicação *1 | := é de fato holomorfa. Em
particular, existe uma aplicação holomorfa não constante : 1 . perf´cie (z =  2 ( ) ( )) no hiperplano do inhnito de C 1 × C 2
ogo l 1 , por um resultado bem conhecido da teoria de superf´cies C 1 × 1 . onsideramos  H $ e estendemos a uma aplicação bir-
de iemann. racional de 1 × 1 em . Esta aplicação satisfa às propridades
o caso de folheações de grau dois em , temos o seguinte resul- requeridas no lema. Obtemos o caso (b) do lema 6.2.3, como o leitor
tado : pode verihcar.
esta provar que podemos escolher o ponto ; (F ) de tal
ro osição 6.2.2. oda ol eacao de au dois e  2 ad- forma que 2 + W# 0. Suponhamos que 2 + # 0. este
i e u a seqüência de G.V de co i en o ês. caso, temos necessariamente  W# 0, pois caso contrário ter´amos
(F ) 2. Além disto, 2 = = 0, pois 2 e são homogêneos.
o a. Seja F ; ( , 2),  2. Vamos supor que d( (F )) 
Em particular, temos () = 0. ote que  3, pois para = 2, a
2.
relação implica que  = ( 1 d 2  2 d 1 ), logo () = ( = 0)
e a 6.2. . is e u a a licacao bi acional  : 1 × 1  tem codimensão um. De (6.15) obtemos := z 2 .$ () =  ˜ 1 +z.˜2 +
al que se G =  (F ) e  e o con un o de an ências de G co as z 2 .˜
 , onde ˜ W= 0. A idéia é provar que 
˜1 = ˜ 2 = 0. Suponhamos
hb as da hb acao e ical dada o $1 : 1 × 1 1
en ao por absurdo que  ˜ 1 W= 0. Grupando na relação + d = 0 os têrmos
e os duas ossibilidades da forma z j .dz + ..., = 0, 1, 2, e levando em conta que  ˜ só depende
de e não contém têrmos em dz, obtemos respectivamente  ˜1 +  ˜2 =
a .  = N × 1 onde N 2 1
eu sub-con un o al eb ico de ˜1 + 
 ˜ =  ˜2 + ˜ = 0. sto implica que = .˜  , onde é um
codi ensao u . polinômio, como o leitor pode verihcar. Se não é constante então
b . =N× 1
 1
× { } onde N e co o aci a e ; 1
. ( ) V ( = 0) tem codimensão um, contradição. ogo,  ˜ 1 = 0.
Deixamos o caso restante para o leitor. Obtemos assim que  =  .
o a. Em primeiro lugar, (F ) W= ! pelo teorema 1.13 da Em particular, F é o pull-bac de uma folheação em 1 por uma
seção 1.4.3. ixemos um ponto ; (F ) e uma carta ahm = aplicação linear. ogo, existe W= 0 tal que  ( ) = 0. onsiderando
( 1 , ..., ) ; C tal que ( ) = 0. esta carta ahm, F é representada a translação ( ) = + , obtemos ( ) da forma que queremos
por uma 1-forma integrável polinomial , tal que (0) = 0, já que (verihque).
Se o divisor  é como no lema 6.2.3, utili ando (6.15), então
(F ) é representada em algum sistema de coordenadas ahns por
uma 1-forma meromorfa do tipo

3
= .dz + z j j ,
j=1

onde não depende de z e j não depende de z e de dz, 1   3.


omando a seqüência de G.V como na prova da proposição 6.2.1 com
= ( (z, obtemos uma seqüencia de comprimento três. sto prova
o teorema.
O seguinte corolário decorre imediatamente dos resultados ante-
riores :

oro ario 6.2. . e a F ; ( , 2)  3. n ao ou be F e


2
u ull-bac de u a ol eacao e o u a a licacao acional
ou be F ossui u a es u u a ans e sal ah ou o anslacoes
co olos nu subcon un o al eb ico de codi ensao u .
O corolário 6.2.3 motiva o seguinte problema :

rob e a . oss el de ons a o eo e a do ca  ulo an e io


u ili ando o co ola io . .
Gostar´amos de observar que não são conhecidos exemplos de fol-
heações de codimensão um em espaços projetivos que nao admitem
seqüências de G.V de comprimento hnito. Este fato motiva a seguinte
conjectura :
on ec ra . is e u sub-con un o abe o e denso e (2, 3)
al que oda ol eacao F ; nao ad i e seqüência de G.V hni a.
A seguinte conjectura é motivada pelo teorema :

on ec ra . e a F u a ol eacao de codi ensao u nu a a -


iedade al eb ica de di ensao  3. n ao ou be F ossui u a
es u u a ans e sal o e i a ah ou o anslacoes co olos
nu sub-con un o al eb ico de codi ensao u ou be F e u ull-
bac de u a ol eacao G nu a su e cie al eb ica o u a a licacao
e o o a.

6.3 Exerc´cios.
. 6.1. Seja F ; (2, 1) uma folheação que possui um centro de
orse. rove que F possui uma integral primeira racional, a qual,
em algum sistema de coordenadas ahm ( , ) ; C2 2 2 pode ser
escrita com ( , ) = . .

. 6.2. Seja F uma folheação holomorfa de codimensão um numa


variedade algébrica M com d (M )  2. rove que existe uma 1-
forma meromorfa  W# 0 tangente a F . rove também que, se 1
é outra 1-forma meromorfa tangente a F então 1 = ., onde é
meromorfa.
. 6. . Sejam M uma variedade complexa e (k )k0 uma seqüência
de 1-formas meromorfas em M . Dehna a série formal
 = dz +
zk
k0 k k em M × C. rove + d = 0 se, e somente se as relações
em (6.4) são satisfeitas.
. 6. . Sejam F uma folheação de codimensão um numa variedade
 k
complexa M e = dz + k0 zk k uma seqüência de G.V associada

a F . onsidere uma série formal z( , ) = j1 j ( ). j , onde 1 ;
M (M ) e j ; M(M ) para  2. olocando ( , ) = ( , z( , )),
calcule a série formal ( ). rove que a série formal
1
˜ :=  1
( )
1 j1
1+ j2 1 . j .

 k
pode ser escrita com ˜ = d + k0 k  ˜ k , onde 
˜0 = 1
1 .0 ,
1
˜ 1 = 1 + 1 e 
 ˜ k é meromorfa em M , para todo k  2.
. 6. . rove que toda variedade algébrica é pseudo-paraleli ável.

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