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AGRICULTURA E EDUCAÇÃO
- A AGRICULTURA NA ESCOLA
FARO
(2007)
UNIVERSIDADE DO ALGARVE
AGRICULTURA E EDUCAÇÃO
- A AGRICULTURA NA ESCOLA
FARO
(2007)
Título: Agricultura e Educação para o Desenvolvimento Sustentável –
A agricultura na Escola
Universidade do Algarve
Data: 13-06-2007
Resumo
Abstract
This work was about the potential of garden based learning and the implementation
conditionings of the pedagogical practice on the basic education schools.
Started from the framing of the pedagogy to develop a case study, in an Algarve’s
basic education school, that aloud to suggest some contributions to an Algarve’s Garden
Based Learning Regional Program, that could be developed in the framing of the United
Nations Decade of Sustainable Development Education.
Miguel Torga
1
ÍNDICE:
Introdução …………………………………………………………………………………. 5
5. Síntese ……………………………………………………………………………… 65
2
2ª PARTE – ESTUDO DE CASO: PROJECTO “MÃOS À HORTA”
1. Objectivo …………………………………………………………………………… 67
2. Metodologia ………………………………………………………………………… 67
5. Resultados e Discussão……………………………………………………………… 82
5.1. Dificuldades de Implementação 84
5.1.1. Integração Curricular 84
5.1.2. Recursos Humanos 85
5.1.3. Envolvimento e Aceitação da Pedagogia 86
5.1.4. Potencial de Resposta das Parcerias 87
5.2. Potencialidades da Educação Baseada em Agricultura 88
5.2.1. Famílias e Comunidades 88
5.2.2. Saúde e Nutrição dos Jovens 89
5.2.3. Educação para o Desenvolvimento Sustentável 90
5.2.4. Processo Ensino-Aprendizagem 91
6. Conclusões ………………………………………………………………………….. 91
3
3ª PARTE – CONTRIBUTOS PARA UM PLANO REGIONAL DE AGRICULTURA ESCOLAR PARA O
ALGARVE
1. Enquadramento ……………………………………………………………………. 95
3. Parcerias ………………………………………………………………….………… 97
4. Formação …………………………………………………………………..……….. 99
4
Introdução
Vivemos num mundo que se depara com sérios problemas apesar dos ditos progressos
No plano ambiental, sob a ameaça das alterações climáticas, somos confrontados com
acentuada, intensificação dos processos de desertificação e erosão dos solos aráveis, crescente
poluição e degradação dos mares e oceanos com destruição dos seus recursos, aumento das
Como refere a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura
todo o custo», como a verdadeira via de conciliação entre progresso material e equidade,
da humanidade; mas mais que um desafio, trata-se de uma necessidade, uma exigência
A educação, para além dum direito humano, tem sido apontada como uma condição
sem a qual não poderá haver desenvolvimento sustentável. De facto, para conseguir o
5
Desenvolvimento Sustentável são necessárias mudanças nas atitudes e valores humanos, quer
a nível colectivo quer a nível individual, o que passa em última análise, por mudanças nas
mentalidades, que se devem reflectir tanto nas políticas governamentais, como nas escolhas
pessoais do dia a dia de cada um. Sendo um poderoso contexto de desenvolvimento pessoal e
Neste sentido foi instituída a Década das Nações Unidas da Educação para o
Sustentável nas suas políticas educativas nacionais e planos de acção a elas associados e a
alunos em torno de valores importantes como o respeito pela dignidade e pelos direitos
6
sugerida pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e pela
Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) como
entanto, parecem padecer dos mesmos problemas apontados, pelos especialistas, para as
manifestado falta de articulação, falta de seguimento e, acima de tudo, falta de apoio político
trabalho são: 1) Porquê – porque vale a pena desenvolver um projecto de agricultura escolar; e
2) Como – como fazê-lo com sucesso. Deste modo, os objectivos da presente dissertação são,
outro, detectar dificuldades na sua implementação e sugerir formas de actuação mais eficazes,
mais concretamente para a região algarvia, ou seja, contribuir para a definição e viabilização
estudo de caso numa escola da região algarvia. Neste sentido, foi levada a cabo uma
7
Dado que as experiências de ensino através de hortas escolares são recentes e ainda
pouco estudadas, este estudo de caso tem como objectivos específicos contribuir para um
estabelecimentos de ensino.
Tavira;
8
1ª PARTE – AGRICULTURA, EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
1. Desenvolvimento Sustentável
Environment Programme - UNEP e World Wide Fund for Nature - WWF, (1991)
como a melhoria da qualidade de vida humana tendo em conta a capacidade de suporte dos
política mundial, tendo então sido assumidos importantes compromissos políticos de uma
1992).
9
Em 1995, na Cimeira Mundial de Copenhaga, foi integrada a vertente social como
analisar os progressos da implementação da Agenda 21, foi fixado o prazo de 2002 para a
formulação e adopção das estratégias nacionais e convocada uma Cimeira Mundial sobre o
implementação de Joanesburgo que estabelece que todos os estados devem realizar progressos
10
outros serviços, organismos e entidades, quer da administração pública, quer da sociedade
Segundo os autores da Estratégia, ao longo dos últimos anos têm vindo a ser
A Estratégia entretanto aprovada (ENDS, 2006) assume como desígnio retomar uma
trajectória de crescimento sustentável que torne Portugal, no horizonte de 2015, num dos
países mais competitivos e atractivos da União Europeia, num quadro de elevado nível de
2006).
Território;
Internacional;
11
Os autores deste documento (ENDS, 2006) apresentam para cada um destes sete
et al., 2006).
respectivo Plano de Implementação (PIENDS) que apresenta, para cada um dos 7 objectivos
Para “uma estratégia que pretende antes de mais ser um instrumento mobilizador da
envolvimento civil parece estar bastante aquém do necessário, estando no alvo das críticas de
ONG e outros agentes, que acusam o documento de não ter visão futura e ser pouco concreto
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2.1. Conceito e Contexto da Educação para o Desenvolvimento Sustentável
não são sinónimas, pelo menos para a Organização das Nações Unidas para a Educação,
Ciência e Cultura (UNESCO), que considera a EA uma disciplina bem estabelecida com
temáticas próprias, focada na relação da espécie humana com o ambiente e nas formas de
conservar, preservar e gerir os recursos naturais, e a EDS uma perspectiva educativa que
políticos, como a equidade, pobreza, democracia e qualidade de vida (Arima et al., 2005).
Contudo, é um facto que a Educação Ambiental (EA) foi de certa forma precursora da
conferências, organizadas pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e
Cultura (UNESCO) e Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA), de Estocolmo
em 1972, Belgrado em 1975, Tbilisi em 1977, Rio em 1992 e Thessaloniki em 1997, que
das necessidades das gerações do presente e do futuro, formulou no Princípio 19, aquilo que
13
matéria de ambiente, à juventude assim como aos adultos, com o fim de criar as bases que
em 1975, resultou a Carta de Belgrado. Neste documento são pela primeira vez definidos os
básico que ainda hoje se utiliza: formar uma população mundial consciente e preocupada com
desta estratégia a importância da formação de recursos humanos nas áreas formais e não
1987).
14
Em 1990, surge a Declaração Mundial sobre Educação para Todos: Satisfação das
para Todos (CMET), realizada na Tailândia, que confere aos membros de uma sociedade a
Declaração do Milénio. Nesta cimeira, os líderes mundiais, definiram alvos concretos, como
reduzir para metade a percentagem de pessoas que vivem na pobreza extrema, fornecer água
Em 2003, a Carta da Terra foi aprovada numa Conferência Geral da UNESCO. Tendo
uma valiosa ferramenta de ensino, pretende consolidar um extenso rol de princípios e leis
2003).
15
Desde que o desenvolvimento sustentável se tornou uma preocupação comum em
todas as conferências da ONU, que se considera a educação a força condutora para a mudança
necessária.
Como referem Arima et al. (2005), a educação deverá ser parte integrante das
entre pessoas e o ambiente são essenciais para o desenvolvimento sustentável; que sendo o
elemento humano uma variável chave para o desenvolvimento sustentável, a educação poderá
constituir um pilar central na transformação desse elemento; que quando as relações humanas
geram conflito e põe em perigo a disponibilidade futura de recursos naturais, mas quando, as
relações são caracterizadas pela justiça, paz e negociação de interesses múltiplos, levam a
valores tendo por centro a noção de respeito pelos outros, respeito pela diferença e pela
Assembleia Geral das Nações Unidas na sua 57ª sessão, em Dezembro de 2002, proclamou a
16
A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) é a
responsável pelo Plano de Implementação da Década (Arima et al., 2005), tendo em conta os
pareceres das Nações Unidas e dos outros parceiros, onde se clarifique a articulação entre as
mundo onde todos têm oportunidade de beneficiar com a educação e de aprender valores,
Neste sentido, todas as nações do mundo são convidadas a integrar a Educação para o
Desenvolvimento Sustentável (EDS) nas suas políticas educativas nacionais e planos de acção
para a reflexão, e a sua implementação implica, entre outros aspectos, o empenhamento das
desenvolvimento sustentável;
17
3) Facilitar um espaço e possibilidades de aperfeiçoar e promover a visão de conjunto e a
Desenvolvimento Sustentável;
sociedade em realidade;
sustentável;
18
4) Ser um processo de aprendizagem acerca de como tomar decisões que considerem um
conduzida por processos de decisão participativos; com aplicabilidade e com relevância local.
das Nações Unidas (CEE/ONU) estabeleceram as bases para a elaboração de uma proposta de
Económica Europeia da Organização das Nações Unidas (CEE/ONU) para a Educação para o
Desenvolvimento Sustentável, que apresenta a visão para o futuro da Europa, de uma região
19
que adopte os valores comuns da solidariedade, igualdade e respeito mútuo entre os povos, os
gerações actuais sem comprometer a capacidade das gerações futuras proverem as suas
capacidade dos indivíduos, dos grupos, das comunidades, das organizações e dos países para
favorecer uma mudança das mentalidades, permitindo tornar o mundo mais seguro, mais
saudável e mais próspero, melhorando a qualidade de vida; pode ainda favorecer a reflexão
(CEE/ONU, 2005).
para fazer face ao carácter interdisciplinar deste tipo de educação, do reforço do envolvimento
(CEE/ONU, 2005).
todas as disciplinas relevantes, bem como na educação não formal e informal. Isto permitirá
20
aos indivíduos adquirirem conhecimentos e competências no campo do desenvolvimento
agir em prol de uma vida mais saudável e produtiva, em harmonia com a natureza e
2005).
formal e informal;
Desenvolvimento Sustentável;
Desenvolvimento Sustentável;
21
2.4. Educação para o Desenvolvimento Sustentável em Portugal
Ambiente (I, II, III, IV e V Governos Provisórios)], é que o país passa a contar com uma
Secretaria de Estado do Ambiente, que tutela a Comissão Nacional de Ambiente (Pinto, 2004
e Freitas, 2006).
ensino que entra em vigor, no nosso país, após 1974 (Pinto, 2004 e Freitas, 2006).
22
estes "direitos", bem como muita da informação disponível sobre as temáticas ambientais
(Pinto, 2004).
organizadas ao nível internacional sobre este assunto, quer em seminários organizados pelo
organizadas pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura
A acção da Comissão Nacional do Ambiente desenvolveu-se até 1983, ano em que foi
para o trabalho de extensão educativa passa, durante um curto período, pelo recém criado
funções, até 1987. A abordagem da Educação Ambiental tem, nesse período, uma vertente
mais conservacionista tendo em conta os objectivos do organismo que a tutela (Pinto, 2004).
constituiu outro marco decisivo para tornar mais visível e actuante a política de ambiente no
fundamentais: a Lei de Bases do Ambiente (Lei 11/87 de 7 de Abril) e a Lei das Associações
23
estudo e promoção de projectos especiais de educação ambiental, de defesa do ambiente e do
país, a ter peso e visibilidade institucionais, através dos esforços desenvolvidos pela Comissão
pelas competências legais assumidas pelo então Instituto Nacional do Ambiente (INamb), que
Portugal, decorrentes da adesão à CEE (actual UE), em 1986, foi aprovada a Lei de Bases do
Sistema Educativo (LBSE); a sua última revisão data de 2005. Entre os princípios gerais
suas ideias, aberto ao diálogo e à livre troca de opiniões, formando cidadãos capazes de
julgarem com espírito crítico e criativo o meio social em que se integram e de se empenharem
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No que se refere ao desenvolvimento curricular a Lei de Bases do Sistema Educativo
(LBSE) refere que a organização curricular da educação escolar deverá ter em conta a
promoção de uma equilibrada harmonia, nos planos horizontal e vertical, entre os níveis de
desenvolvimento físico e motor, cognitivo, afectivo, estético, social e ético dos alunos e que
os planos curriculares do ensino básico incluirão em todos os ciclos e de forma adequada uma
área de formação pessoal e social, que pode ter como componentes a educação ecológica, a
educação para a saúde, a educação para a participação nas instituições, serviços cívicos e
competências necessárias para um maior potencial de inovação das empresas, como para o
insuficiências e exigências actuais do país, foram seleccionados três vectores estratégicos para
recursos humanos;
25
Para o primeiro vector estratégico são apresentadas linhas de acção, que focam a
Comissão Nacional da UNESCO para avaliar qual a melhor forma de promover em Portugal a
Comissão Económica para a Europa das Nações Unidas, aprovada pelos Ministros do
social, das empresas e das Organizações Não Governamentais: as escolas como um agente de
intervenção e motor de mobilização da sociedade através dos alunos, das suas famílias e da
pedido que adoptem políticas de informação do consumidor sobre os seus produtos, bem
26
O grupo criado pela Comissão Nacional da UNESCO propõe também a definição de
2006). Assume que não parte de um plano nacional elaborado, nem de um programa
estruturado com base nesse plano, mas sobretudo de projectos que têm como objectivo
principal iniciar o processo da Década em Portugal. Acredita que o arranque desses projectos
nacional e respectivo programa de acção, que dêem resposta adequada aos objectivos da
Década. A título de exemplo, destaca iniciativas no terreno que já são ou podem vir a ser
anos, o Programa Regional de Educação Ambiental pela Arte - PREAA (Tapadinhas, 2005),
região, o qual deverá ser comum e permitir uma abordagem individualizada por cada escola.
27
genérico do projecto de educação ambiental pela arte designado por "Guardiões da Água do
iniciativa nacional, cuja continuidade está ameaçada, mas que a DREAlg continua a promover
num quadro de escassez de meios e recursos, apenas contrariado pela força de parcerias
locais, que vêm de há longos anos e que têm garantido a continuidade do projecto.
elaborou, em 2005, uma proposta designada como Proposta de Plano de Acção de Educação e
consideradas relevantes para a Região do Algarve, a implementar durante 4 anos pela CCDR
Educação Ambiental foi considerada por diferentes entidades regionais, um dos problemas da
região. Também se salientou, entre outros aspectos, que a avaliação das acções nem sempre é
a qualidade de vida nas cidades. A proposta de plano de acção resultante, estrutura-se numa
Para cada território é feita uma contextualização, e são definidos os objectivos, as temáticas
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importantes, os destinatários e níveis etários, as áreas de intervenção, os parceiros, as acções,
3.1. Definição
A agricultura é uma actividade vital e com repercussões globais, que actua sobre o
meio alterando as relações entre os seres vivos, permitindo a obtenção de recursos de natureza
pormenorizadas: esforço para situar a planta cultivada nas condições óptimas de meio (clima,
solo), para lhe tirar o máximo rendimento em quantidade e em qualidade; ou a arte de obter
meio natural pelo homem, com o fim de o tornar mais apto ao desenvolvimento de espécies
Para Gips (citado por Paulus e Schlindwein, 2001), a agricultura será sustentável
quando for:
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1) Ecologicamente correcta: este pressuposto diz respeito à preservação da qualidade
agroecossistema;
rendimento;
3) Socialmente justa: pressuposto de que exista uma distribuição justa dos recursos,
tomada de decisões; a tensão social pode ameaçar todo o sistema social, inclusive a
sua agricultura;
4) Humana: pressupõe o respeito por todas as formas de vida; no que diz respeito à vida
(Paulus, 1999).
actividade também cultural, que para além da gestão de processos naturais, trata
30
3.2. Perspectiva Histórica
para as plantas, a agricultura tradicional mantinha o solo como uma reserva nutritiva (Paulus,
Ibérica há cerca de 4 000 anos. Desta altura herdaram-se técnicas e hábitos como a rotação
A revolução agrícola, entre o séc. XVII e o séc. XVIII, levou à abolição do pousio, a
menor necessidade de mão-de-obra. A revolução industrial, por sua vez constituiu o principal
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O acréscimo da produtividade e o aumento dos rendimentos à custa da intensificação
agricultura.
deram lugar à noção de sustentabilidade relacionada com a gestão racional dos recursos
naturais.
Procurando responder aos desafios lançados por este panorama surgem novos modos
agricultura sustentável, não poluente, de base ecológica; são sistemas de produção que visam
controlar as infestantes, pragas e doenças. Dão destaque preferencial ao importante papel dos
Schlindwein, 2001).
32
Nos países em desenvolvimento esta é na maioria das vezes a única forma de produção viável
do governo português, patente tanto no plano de acção apresentado pela Comissão Europeia
são, mais sustentado e mais justo, capazes de influenciar de forma determinante o mercado e
geneticamente modificados;
33
3) Vantagens para o ambiente: preservação da qualidade da água, do solo e do ar, e da
diversidade biológica.
formação pessoal e social tem vindo a ganhar destaque. A larga história da relação entre
agricultura e educação originou o termo anglo-saxónico: Garden Based Learning (GBL) que
poderia ser livremente traduzido para Aprendizagem ou Educação através de Hortas Escolares
e nesse caso uma tradução mais abrangente poderia ser Educação baseada no Cultivo. Nesta
a biologia, o ambiente, a matemática, a química, as línguas, as artes, etc., o que tem revelado
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resultados bastante satisfatórios. Nos países em vias de desenvolvimento as hortas escolares
agricultura (GBL) nos meados do século XIX (Meyer, 1997). Em 1869, a lei austríaca
implementou uma horta em todas as escolas rurais; em 1898 havia 18000 hortas escolares na
Áustria e Hungria e, em 1905, havia 100000 hortas escolares na Europa. Mas esta
promoção da adopção do conceito de horta escolar. Assim, foi nos EUA, nos finais do séc.
XIX, que as hortas escolares foram introduzidas pela primeira vez em escolas urbanas e com
mais funções estéticas e educativas do que práticas. Foram as primeiras hortas escolares sem a
os estados americanos e províncias do Canadá tinham hortas escolares. Estas hortas ajudaram
na resposta ao esforço da 1ª Guerra Mundial, após a qual o seu número diminuiu, tendo
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voltado a aumentar durante a 2ª Guerra Mundial, após a qual voltou a decrescer. A partir deste
ambiente levaram a uma concepção das hortas escolares como uma ponte avançada e
associou-se ao interesse pela literacia agrícola, fazendo deste período prolífero em hortas
comida fresca, fazerem opções alimentares mais saudáveis e tornarem-se melhor nutridos;
entendimentos profundos dos sistemas naturais e fortalecer a sua ligação à Terra; oferece
escolar e quintas locais pode assegurar completamente uma dieta nutritiva fresca para os
cimeiras mundiais sobre alimentação. Por exemplo, na Cimeira Mundial sobre a Alimentação
para metade o número de pessoas subnutridas no mundo antes de 2015. O Programa de Luta
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contra a Fome, iniciado durante esta Cimeira, propõe uma dupla via de combate à fome:
ampliação do acesso aos alimentos. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e
(CMA). Neste programa é referido que as hortas escolares podem contribuir para que a
educação seja mais pertinente e de melhor qualidade, para melhorar os conhecimentos dos
alunos e seus pais sobre técnicas de produção de alimentos e nutrição, e podem estimular a
criação de hortas familiares, o que contribuiria para uma melhoria da qualidade nutricional e
controlo de pragas, gestão integrada dos solos, gestão sustentável dos recursos naturais,
urbanas. É ainda reforçada a ideia de que em zonas rurais, as aprendizagens escolares podem
também ser úteis na orientação das hortas familiares e que as hortas escolares oferecem
para a vida, já que podem servir de «laboratório» não só para ensinar técnicas agrícolas
modernas e aspectos relacionados com a nutrição, como também para serem usadas para
(FAO/PESA, 2004).
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produtora de alimentos e gestora de recursos naturais; e a melhoria da nutrição dos alunos
(FAO/PESA, 2004).
Pelo menos desde o princípio do século XIX, vários investigadores se têm debruçado
Montessori (1912) afirmou que quando os estudantes percebem que a vida das plantas
que semearam depende dos seus cuidados de rega, sem os quais as pequenas plantas secariam,
tornam-se vigilantes, como alguém que começou a sentir uma missão na vida.
Comenius (1967), afirma que todas as escolas deviam ter uma horta onde os
estudantes pudessem contemplar com os seus olhos as árvores, as flores e as plantas, onde
Orr (1994 citado por Desmond et al., 2004) refere que as crianças que crescem em
experiência imaginativa que apenas pode ser proporcionado pela riqueza biológica.
Moore (1995) sugere que a horta escolar seja contextualizada com o estudo do
com um ambiente educativo que contenha uma grande diversidade de sistemas vivos.
Num estudo acerca das escolhas alimentares no recinto escolar realizado por
opção por frutas e vegetais em detrimento de snacks embalados, principalmente nos alunos
38
2) Promove a transferência de informação de uma geração para a outra;
ecossistema vivo;
(Desmond et al., 2004), no qual se tenta compilar a colecção de filosofias e práticas que têm
sido desenvolvidas nos mais variados campos e no qual se afirma como indispensável a
1) Competências académicas;
aprendizagem;
produtores locais;
39
3) Desenvolvimento ético e social;
5) Competências de vida;
democrática.
1) Desenvolvimento comunitário
2) Segurança alimentar
política alimentar;
40
3) Desenvolvimento Sustentável
4) Educação vocacional
ciências;
violência e o vandalismo).
relacionadas;
41
4) Não há uma estratégia local que sustente o planeamento físico da horta como um
através de planos curriculares que incluem línguas, artes, ciências, matemática, estudos
sociais e artes visuais/performativas. No entanto, grande parte dos educadores concorda, que a
educação básica também inclui o desenvolvimento pessoal, ético e social (Desmond, 2004).
(1978), defende que uma criança vive simultaneamente três estados de experiência
das relações inter-pessoais e dos valores culturais e o ambiente da paisagem biofísica (os
O conceito de educação básica actual tem vindo a integrar esta perspectiva e a abordar
indivíduo.
epistemologia e a didáctica.
42
(negativo ou positivo) que determina as escolhas de comportamentos a seguir por parte da
criança. A criança é vista como um vácuo de conhecimento (Skinner, 1985; Porlán, 1993;
Piaget, estejam associados a faixas de idade, eles variam para cada indivíduo e cada estádio
noção de que a aprendizagem exige estruturas que comportem o novo conhecimento, o que
abriu caminho à investigação sobre construtivismo (Porlán, 1993; Praia et al., 2002 e
aprendiz e naqueles que estão a ser estudados. O aprendiz é entendido como participante
currículo deve ser organizado em espiral, para que o aluno construa continuamente
conhecimento sobre o que já aprendeu (Porlán, 1993; Praia et al., 2002 e Vasconcelos et al.,
2003).
43
Na década de 70, David Ausubel, desenvolveu a teoria da aprendizagem significativa.
Nesta teoria, o conceito/comportamento a ser aprendido tem que ter sentido para o aluno –
isto é, ser significativo. Isto só acontece quando a nova informação é "ancorada" nos
necessário reunirem-se duas condições (Ausubel et al., 1978): a) o aluno precisa de ter
disposição para aprender; b) o conceito/material a ser aprendido tem que ser potencialmente
significativo, ou seja, ele tem que ser lógica e psicologicamente significativo, sendo que o
psicológico é uma experiência particular de cada indivíduo. Assim cada aprendiz faz uma
Ausubel et al. (1978) afirmam que as ideias mais gerais de um assunto devem ser
cruzeiro, ignorando totalmente os ritmos próprios de cada aluno e onde o que havia de mais
44
semelhante com a experimentação eram as demonstrações realizadas pelo próprio professor
aprendizagem pela descoberta (APD). Este novo modelo trouxe alterações importantes à
das ciências e assumiu-se que submetendo o aluno a um percurso de descoberta orientada pela
a gestão do currículo continuou pouco flexível e os conteúdos continuaram a ser vistos como
um fim, em si mesmos. Mesmo assim há contributos deste modelo que ainda hoje são uma
experimental, a aprendizagem activa e o aprender fazendo (Porlán, 1993; Praia et al., 2002 e
45
interdisciplinaridade e o ensino temático é valorizado; promove-se o trabalho de projecto e
competências e atitudes académicas, sociais e ambientais passam a ser o cerne dos objectivos
educativos. A educação não é mais encarada como um processo de gravação acrítico, para
desenvolvimento pessoal e social integral e integrado do indivíduo (Porlán, 1993; Praia et al.,
Portugal não foge obviamente a estas tendências e, apesar das resistências criadas por
agricultura – GBL (Subramaniam, 2003 e Desmond et al., 2004). Convém distinguir aqui o
projecto, no ensino das ciências. Já o conceito de educação vivencial tem um sentido mais
abrangente e refere-se à ideia defendida por vários investigadores e pedagogos que privilegia
a educação através dos sentidos aplicável a todas as áreas disciplinares da educação básica. A
46
desenvolvimento do conhecimento e a compreensão e apreço pelo ambiente. Este tipo de
estratégias tem revelado efeitos como (Subramaniam, 2003 e Desmond et al., 2004):
tem vindo a ganhar ênfase entre as estratégias preconizadas pela investigação didáctica mais
recente. Como referem Desmond et al. (2004), esta abordagem oferece excelentes estratégias
O conceito de literacia ecológica, utilizado em educação ambiental, tem sido definido como a
a rede da vida, assegurando comunidades sustentáveis com lugar para formas de vida variadas
(Desmond et al., 2004). A Academia Nacional Americana de Ciência define literacia agrícola
(formação vocacional e técnica) quer à educação sobre agricultura como variante da educação
ambiental.
Na perspectiva actual, educação baseada em agricultura (GBL) pode ser definida como
uma estratégia educativa que utiliza uma horta como ferramenta didáctica. Na abordagem
mais vulgar é encarada como educação experimental aplicada ao “laboratório vivo horta”. No
47
entanto a “experiência” numa horta é muito mais do que ensino experimental. Relaciona-se
com a transformação da educação básica contemporânea, estéril e sedentária, numa outra mais
Por tudo isto, a educação baseada em agricultura (GBL) parece apresentar potencial
desintegrados, bem como com estilos de aprendizagem variados e para crianças e jovens, em
aproveitar todo o potencial das hortas escolares são necessários programas e directrizes
5) Apoio financeiro;
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No plano local, o mesmo documento refere ser fundamental a implementação de
aproveitamento das potencialidades das hortas escolares exige modificações nos planos de
realização deste tipo de actividades. Os diversos governos deveriam prever como integrar as
(FAO/PESA, 2004).
agricultura (GBL) é que esta não poderá ser uma actividade forçada e praticada numa base
49
ocasional ou sazonal, mas deverá, pelo contrário, ser desenvolvida através de um processo
planeado e numa base diária (DeMarco, 1997; Subramaniam, 2003 e Desmond et al., 2004).
pedagogia. Para educadores, administradores e pais isto requer uma introdução à filosofia e
realçar o papel que pode desempenhar na implementação de muitas das reformas educativas a
que se apela no presente. Um segundo passo será a obtenção de um compromisso que suporte
anos) e de longo prazo (cinco a dez anos). Os planos devem incluir uma visão, uma missão,
valores nucleares do programa devem estar articulados e devem incluir conceitos como
participativa), baseada em questões, equidade de géneros, inclusiva, etc. Outro valor nuclear
educação sobre o mundo natural e a alimentação como uma condição para desenvolver uma
50
O planeamento também deve especificar um plano operacional anual realista, que deve
primeira decisão a tomar neste campo é sobre a forma de integração da GBL no currículo.
Deverá ser um tema integrado nas várias disciplinas ou por outro lado deverá constituir por si
uma disciplina? Segundo a FAO e UNESCO há exemplos de sucesso das duas aproximações
Educação Ambiental. Por outro lado a criação de áreas de projecto, espaços interdisciplinares
condições para o tratamento deste tipo de temáticas. Além disso, as perspectivas futuras de
aproximações são portanto possíveis e caberá aos envolvidos nos projectos decidir qual
51
4.1.5. Considerações Operacionais
escolar.
tamanho e escala, composição florística e modo de produção. Segundo Desmond et al. (2004)
a horticultura ideal deverá ser feita em terreno aberto, exposto ao ambiente natural e onde se
hortícola completo, com plantas autóctones, árvores de fruto, vegetais, plantas tradicionais,
alternativa mais segura para o trabalho com crianças e voluntários, embora numa perspectiva
educativa os modos de produção integrada e convencionais possam ter algum interesse e não
ensino efectivas, relacionadas com a prática pedagógica diária na horta. Entre as múltiplas
com a orientação de adultos) que auxiliam na gestão da horta, o envolvimento dos estudantes
no trabalho da horta numa base diária e/ou a participação dos estudantes no ciclo completo
que vai do planeamento e cultivo à preparação de refeições, são as mais referidas. Estratégias
também são exemplos apontados. Outra estratégia referida é o design de hortas focado em
temas específicos tais como insectos (borboletas), alimentos (pizza ou pão), históricos ou
52
4.2. Inventário de Projectos
escolar pela sua qualidade, 22 dos quais são localizados geograficamente na figura 1. Nesta
dissertação destacam-se sete projectos (descritos em seguida) que, para além de envolverem
especialmente criados para o efeito e são desenvolvidos num contexto sócio-económico mais
fazendo e educação nutricional para os primeiros seis anos do ensino básico. É um currículo
programa Life Lab Science Program. É de destacar a formação de professores que promove,
(www.lifelab.org)
A National Gardening Association (NGA) é, nos EUA, o principal recurso para ideias,
actividades e produtos que tornam a GBL efectiva. A sua revista, growing ideias, está repleta
de inspiração para enriquecer a educação básica, oferecendo uma revisão dos programas
53
54
Figura 1 – Projectos escolares de educação baseada em agricultura (GBL) destacados pela FAO e UNESCO (Desmond et al., 2004).
seus laboratórios horta de interior tornam a educação baseada em agricultura (GBL) praticável
(www.kidsgardening.com)
vida. Estas actividades são suportadas por um livro guia e um guião para professores.
(www.jmgkids.us)
Este currículo apresenta mais de 50 planos de aula para níveis até ao 9º ano de
utilizado nos EUA e em muitos outros países. Parte dos planos estão disponíveis em espanhol.
(www.foodlandpeople.org)
Este currículo contém trinta aulas de campo testadas que se focam na ligação da
despertam o interesse no cultivo e colheita dos produtos da horta. Escrito para professores e
55
ao sexto ano do ensino básico. As sugestões também incluem estratégias de recrutamento de
(mjjohns@ucdavis.edu)
6) Horta da Aprendizagem
Garden of Learning
plano para operar e manter hortas escolares, com recursos modestos. É construído a partir de
é descrito num manual que fornece um enquadramento detalhado para organizar e operar
hortas escolares até o 6º ano. O currículo inclui mais de 50 planos de actividades semanais
(www.gardenoflearning.net)
O objectivo desta iniciativa é implementar uma horta em cada uma das 9000 escolas
Califórnia a terem horta escolar, a iniciativa financia 3 centros regionais de GBL que dão
(www.cde.ca.gov/re/pn)
56
Além dos projectos destacados pela FAO e UNESCO, há projectos posteriores com
posteriores à publicação FAO e UNESCO (2004). As informações sobre estes projectos foram
recolhidas nos seus sítios da WWW (World Wide Web) e apresentam-se sucintamente de
seguida.
Esta instituição trabalha com professores e estudantes há longos anos. Destaca-se entre
(http://www.cfaitc.org/)
Trata-se de uma rede que pretende fazer a ligação entre organizações e educadores
para fortalecer contribuições e evitar duplicações. Serve como organização central de apoio a
(http://www.csgn.org/index.php)
57
área. No seu website são apresentados programas e informação temática útil para o
(http://groups.ucanr.org/kidgarden/)
um fundo não competitivo de $15 milhões para promoção, criação e suporte de hortas
escolares institucionais da Califórnia ($10000 por horta escolar). Estes fundos serão aplicados
(http://www.cde.ca.gov/fg/fo/af/)
temática. São desenvolvidos projectos, actividades e materiais que estão disponíveis on-line.
A equipa de trabalho inclui investigadores e professores que se encontram duas vezes por ano
para trocar ideias e resultados, e que planeiam conferências e outras actividades formativas
(http://www.hort.cornell.edu/gbl/index.html)
58
4.2.2. Exemplos Nacionais
educação, segurança social e associação de pais e foi desenvolvido entre 1988 e 1993.
salientar o “Projecto das Sementes”, com distribuição de sementes para desafiar a criação de
projecto “Eu sei comer... e tu?” que teve a participação de dezenas de escolas e jardins-de-
infância do distrito; o desafio foi o de cada escola ou jardim promover pelo menos uma
pesquisas sobre os hábitos alimentares em relação com a cultura local, etc.). O grupo
exposição itinerante que percorreu depois todo o distrito, servindo ela própria de pretexto para
encontros de convívio, encenações, festas e jogos tendo a alimentação como tema central.
59
2) A Sopa de Pedra "Da horta para a panela" - Tapada da Ajuda
Foi uma iniciativa do Centro de Ecologia Aplicada Prof. Baeta Neves e da escola EB1
n.º 157, localizada na Calçada da Tapada. O projecto foi desenvolvido entre Outubro 1997 e
compreender a reprodução das plantas (de forma natural e para a produção agrícola); d)
seres vivos da horta e o seu papel na produção e ecologia. Durante todo o ano lectivo, foram
levar as crianças não só a identificar produtos com origem hortícola, como vantagens e
área para descoberta das plantas que lhes dão alguns dos principais ingredientes de uma sopa,
das tarefas necessárias à sua produção e da sua dependência de factores e cuidados ambientais
e b) ao exterior, visitas a uma horta e/ou experimentação de algumas das tarefas mais
características da horticultura. Nos últimos três meses do ano foram implementadas hortas
geridas por turmas. Os ingredientes do conto tradicional da "Sopa de Pedra" foram o ponto de
foram apoiadas por monitores e por diversos materiais: Guião do Professor, Fichas para
(http://www.isa.utl.pt/ceabn/content/1/327/sopa-pedra-/)
manual para professores «Uma Horta Biológica na Escola» que pretende ser uma orientação
60
na implementação e operacionalização de hortas escolares. Este manual é citado como
(http://www.valorsul.pt/default.asp?SqlPage=content_visitoreCpContentId=15478)
Juventude, desde 1996, este projecto visa disponibilizar ao público escolar um conjunto de
descrito como um espaço por excelência, de educação não formal, onde é recriado um cenário
típico, que privilegia o contacto real com os usos, costumes e tradições da vida rural,
61
(público e privado), com especial incidência para o 1º e 2º ciclo do ensino básico, no concelho
de Lisboa.
http://www.cm-lisboa.pt/?id_categoria=82eid_item=2558
várias disciplinas, como: verificar/identificar os diferentes órgãos das plantas (raízes, caules,
folhas, flores, sementes) e as diferentes fases vegetativas das plantas (germinação, floração,
frutificação); conhecer as diferentes utilizações que pode ter cada uma das plantas cultivadas;
medir áreas, perímetros, alturas, larguras, raios, diâmetros (fazer registo de parâmetros
biométrico); utilizar formas geométricas para delimitar áreas; cartografar a horta; executar
legendas e utilizar o dicionário como auxiliar para procurar significados relacionados com as
plantas. Estas actividades têm lugar em espaços temáticos ou “cantinhos” próprios como:
espaço horta - O Cantinho dos Sabores, que inclui plantas hortícolas, (ex: Nabos, Alfaces,
etc); espaço flores de época – o Cantinho das Cores com plantas de época (ex: cravos túnicos,
petúnias, etc); espaço plantas aromáticas - o Cantinho dos Cheiros com plantas aromáticas
(ex: alecrim, erva cidreira, etc). Ainda associado a este projecto: foi criado um clube inter-
de participação às escolas mais participativas, com melhor desempenho e com o espaço mais
62
doces); criação de herbários escolares; organização de concursos de espantalhos e de árvores
(http://www.cm-seixal.pt/CMSEIXAL/EDUCA%C3%87%C3%83O/PROJECTOS/FP_Educacao_Hortos.htm) e
(http://www.cm-seixal.pt/CMSEIXAL/AMBIENTE/PROJECTOS/FP05_Horto_Pedagogico.htm)
ciclo do ensino básico, e visa promover a agricultura biológica e permitir o contacto directo,
dos alunos citadinos, com o ciclo da vida e com a Terra e os produtos que dela provêm,
referência sobre estas, para os professores que no início de cada ano lectivo darão
continuidade ao projecto.
c) Ficha da Horta, para registo dos diferentes tipos de culturas seleccionadas; das
várias operações que foram realizadas; das pragas mais frequentes na horta e as suas
63
d) Ficha da Compostagem, sobre os procedimentos da compostagem, os materiais que
horta e já conseguem fornecer as cantinas, os cultivos das crianças já chegam aos pratos da
superfícies comerciais no Montijo. Neste evento realizou-se a venda simbólica dos produtos
(http://www.mun-montijo.pt/ambiente/actividades-projhortasescolares.htm)
Trata-se de uma iniciativa da Lipor / Porto, que teve inicio em Novembro de 2004 e
que conta, com a participação de 26 escolas da região do Porto, no presente ano lectivo
2006/2007. Apresenta como objectivos gerais: alertar a população para a problemática dos
de vida nas escolas; permitir que alunos, funcionários e professores possam desfrutar dos
64
produtos que cultivarem. O desenvolvimento do projecto pelas escolas desenrola-se ao longo
de 4 sessões:
a) pequeno inquérito, de modo a avaliar o que existe nas escolas, quais as suas
funcionar).
d) 3ª sessão - destina-se à horta (o que semear, plantar, que utensílios usar, como
e) 4ª sessão - final do ano lectivo - verificar se está tudo a correr conforme previsto.
(http://www.hortadaformiga.com/conteudos.cfm?ss=6)
5. Síntese
3) A educação escolar não acontece somente nas salas de aula mas em todo o espaço
envolvente;
65
8) A actividade agrícola, como actividade essencial, deve ser valorizada;
Sustentável;
10) A educação baseada em agricultura (GBL) tem sido vista como um contributo para
aprendizagem plena. O seu papel vai para além da educação básica e relaciona-se
66
2ª PARTE – ESTUDO DE CASO: PROJECTO DE AGRICULTURA ESCOLAR MÃOS À HORTA
1. Objectivo
Uma vez que não há informação disponível sobre casos estudados de hortas escolares no
Algarve, este estudo de caso teve como objectivo a recolha de informação sobre o processo de
da realidade algarvia;
2. Metodologia
67
Estudo da Levantamento
comunidade das necessidades Reuniões e
Inquéritos conversas Observação de
informais comportamentos
PLANIFICAÇÃO
Nº de alunos
AVALIAÇÃO envolvidos nas
actividades
Investigação sobre
questões Estabelecimento
organizacionais de parcerias PROJECTO Outras Actividades
propostas /
realizadas
Divulgação
IMPLEMENTAÇÃO
Investigação sobre
questões operacionais
Qualquer projecto educativo deve partir de uma análise das necessidades e exigências da
global.
Com 611 km2 de superfície, o concelho de Tavira é o terceiro maior dos dezasseis
Concelhos que constituem o Algarve. Está situado na zona do Sotavento e a sua paisagem
Barrocal e Serra. Este concelho integra freguesias urbanas e rurais, desde o interior da serra
algarvia ao meio litoral, incluindo o meio piscatório. Divide-se em nove freguesias: Santiago,
Santa Maria, Conceição, Cabanas, Santa Luzia, Luz de Tavira, Santo Estêvão, Cachopo e
Santa Catarina.
68
De acordo com os Censos de 2001 (INE, 2001), a sua população residente ronda as 25000
pessoas, cerca de 36% da qual vive na sede do Concelho. A distribuição etária não é
as freguesias mais urbanas, como a de Santa Luzia e de Santiago, mais jovens. Ao nível do
casos, a redução ao fim de 30 anos foi de 1/3. A freguesia com maior número de edificações é
essencialmente uma cidade de estuário, e a sua vida, como a sua história, estão naturalmente
agrupamento vertical composto pela própria, mais as escolas do 1º ciclo de Corte António
Martins, Conceição, Cabanas, Porta Nova e Ribeirinha. A Escola EB 2,3 D. Paio Peres
diferentes vivências e diferentes necessidades e expectativas por parte dos alunos que
frequentam a Escola Sede de Agrupamento, EB 2,3 D. Paio Peres Correia, o que contribui
para uma população escolar bastante heterogénea. A esta heterogeneidade, tanto pela origem
3.2. Identidade
Como referem Muehloff et al. (2005) é importante estar consciente de que o planeamento
69
Tabela 1 – Caracterização das escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico de onde provêm os
70
(continuação)
O projecto foi denominado de “Mãos à Horta” e foi criado um logótipo provisório para ser
usado na divulgação inicial. Decorreu durante o ano lectivo 2005-2006, na Escola EB 2,3 D.
valores de respeito pelo próprio, pelo próximo e pela natureza, procurando desta forma
responder aos desafios lançados pela Educação para o Desenvolvimento Sustentável, no geral,
O projecto “Mãos à Horta” teve como população alvo os alunos dos 2º e 3º ciclos, da
Escola do Ensino Básico D. Paio Peres Correia, e toda a comunidade escolar e envolvente.
Foi coordenado pelo grupo de Biologia e Geologia da escola, sendo a autora desta
71
3.4. Objectivos do Projecto
objectivos claros e aceites por todos, que sejam realistas, permitam o equilíbrio entre
Essa sistematização foi adoptada e adaptada para o projecto “Mãos à Horta” (Tabela 2).
Segundo Muehloff et al. (2005), não se deverá esquecer que as hortas escolares podem ter
múltiplos papéis na vida escolar e da comunidade. Deverão ser locais onde: é bom brincar,
trabalhar e estudar; muitos projectos são levados a cabo; pessoas encontram pessoas; eventos
têm lugar; trabalho é exposto; todos aprendem, incluindo visitantes e professores (Estampas).
Inicialmente este projecto previa três campos ou linhas de acção, de forma a envolver o
1) O Clube de Agricultura;
2) Os Dias da Agricultura;
áreas disciplinares.
eco-feiras, etc.
72
Tabela 2 - Objectivos práticos e educacionais do projecto “Mãos à Horta”.
Saúde e . Produzir comida para a escola . Aprender como produzir comida para eles
Nutrição . Melhorar a dieta das crianças com a próprios;
produção hortícola . Aprender como melhorar a dieta e preparar
. Melhorar os hábitos alimentares da refeições saudáveis com a produção hortícola;
criança . Aprender a apreciar comida saudável e mudar os
seus próprios hábitos alimentares;
Marketing . Vender produtos hortícola e obter . Adquirir competências comerciais e empresariais.
fundos próprios para a escola
Ambiente . Melhorar o ambiente escolar . Respeitar e interessar-se pelo seu ambiente
(arvores/erva/padrões/flores, etc.) escolar;
. Recolher água da chuva; encorajar . Adquirir consciência ambiental, respeito pela
insectos auxiliares; prevenir a erosão; etc. natureza e noções de gestão de recursos naturais.
Temas . Reforçar algumas áreas do currículo . Aprender temas particulares através de
escolares escolar (ex. ciência, ciência ambiental, experiências activas
economia domestica)
Competências . Ajudar as crianças a sobreviver e a . Aprender a planear, tomar decisões, colaborar,
de vida prosperar no mundo tomar responsabilidades, explicar e persuadir, etc.
Escola e . Reunir a escola, as crianças, as famílias . Aprender a relacionar-se com os adultos de
comunidade e a comunidade num esforço comum formas variadas e estar a par das praticas de
horticultura da comunidade
Os Dias da Agricultura permitiriam abrir o projecto a todas as turmas da escola que nele
quisessem participar. Seriam três os dias necessários: um para introduzir algumas noções
finalmente outro para colher (3º período). Cada turma participante teria direito a um talhão de
terra para que todos pudessem semear, plantar e colher. Os cuidados diários de manutenção
73
poderiam ser repartidos pelos elementos da turma e pelos elementos do clube de agricultura.
Área de Projecto e áreas disciplinares, contaram com sessões sobre o tema e com o
acompanhamento da implantação de talhões na horta e sua manutenção, bem como, com todo
o espaço horta como ambiente temático de aprendizagem. Foram sugeridas aos professores, a
Estudo do ecossistema horta, etiquetagem das plantas, acompanhamento da evolução das plantas,
observação de microorganismos do solo, elaboração da “Ficha da planta”;
Construção de um ninho artificial para aves insectívoras, criação de um “exército” de auxiliares,
construção e manutenção de um viveiro de plantas ou alfobre;
Produção de composto, incluindo a construção de compostores, a medição de temperaturas do
composto ao longo do seu processo de maturação e representação de dados em gráficos;
Criação de uma animação sobre a agricultura, do logótipo do clube, pintura de paredes, construção de
espantalhos, produção de folhetos e cartazes;
Criação de poemas, textos para peças de teatro, músicas e outras expressões artísticas;
Jogos usando as línguas estrangeiras, jogos de eco-cidadania, jogos de nutrição e saúde;
Reconstituições históricas.
concretizar (Muehloff et al., 2005). Nesse sentido foi efectuada uma calendarização das
(Tabela 4). Contudo, alguns trabalhos de manutenção tiveram de ser garantidos numa base
diária, como a rega regular dos canteiros, a realização de sachas e mondas (sempre que se
74
Tabela 4 - Calendarização das actividades previstas e realizadas.
Divulgação do projecto X X
Inicio da compostagem X X
Dias da Agricultura X
Dias da Agricultura X
Dias da Agricultura X
Avaliação do projecto X X
75
3.6. Recursos Materiais e Humanos
bimetálico, forquilha, plantador, ancinho, enxada, sacho, regadores, sistema de rega (gota a
É de salientar que a escola possuía já terreno, terra, água e grande parte das ferramentas e
utensílios agrícolas. No que se refere ao sistema de rega, apesar de inicialmente ter sido
ponto de água permitiu a rega manual com recurso à utilização de regadores, o que acabou por
ter um efeito positivo quer no número de alunos envolvidos nos cuidados diários, quer na
implantação da horta, por passos, ficha de auxiliares e pragas e uma página do website
trabalho, dos objectivos, das tradições escolares, da idade das crianças, do número de
das escolas cada turma dá 1 a 2 horas por semana, ao qual se adiciona meia a 1 hora por
semana de trabalho de base voluntária ou rotativo e sessões especiais para trabalhos maiores,
76
tais como limpeza e mobilização do solo, com convite de voluntários e ajudantes da família e
especialidade, optou-se por atribuir aos alunos do Clube de Agricultura a responsabilidade por
vários talhões e pela orientação e coordenação de equipas responsáveis por talhões próprios.
Segundo Muehloff et al., (2005), um grupo pertencente a um Clube pode ser pequeno, mas
vai ser sempre um grupo muito entusiasta, e irá haver muita partilha de experiência. Quanto
às equipas responsáveis por talhões próprios, Muehloff et al. (2005), enumeram muitas
controle possíveis; é flexível – pequenos talhões para pequenos grupos, grandes talhões para
O Clube funcionou às sextas-feiras, das 13.30h às 18.00h, tendo sido necessário combinar
outras alturas para a concretização de tarefas específicas, como as colheitas, vendas, trabalhos
Este projecto articulou-se com o Programa de Promoção da Educação para a Saúde (PES) e
tendo a horta servido de “palco” a inúmeras actividades desenvolvidas no âmbito destes três
projectos.
77
3.8. Parcerias
Segundo Muehloff et al. (2005), as parcerias são importantes para apoiar o projecto através
divulgação, planeamento.
3.9.Divulgação
contactos; etc. É frequente a sugestão de atribuir esta função aos alunos (Muehloff et al.,
2005).
78
O projecto englobou estratégias de divulgação para a comunidade escolar e para a
grandes necessidades:
convivência democrática;
aprendizagens;
currículos;
79
4) Melhorar os serviços e a informação e articular funções e decisões a partir de uma
autoavaliação sistemática;
de problemas.
as mudanças necessárias.
80
4. Ferramentas de Avaliação do Projecto “Mãos à Horta”
Tabela 6.
81
Estas ferramentas permitiram recolher informação e dar forma a um conjunto de
cumprimento dos objectivos, a qualidade dos produtos e as opiniões recolhidas, numa caixa
e comunidade em geral).
5. Resultados e Discussão
obtidos os resultados quantitativos deste estudo de caso que estão sistematizados na Figura 3 e
na Tabela 7.
(página 75). Foram previstas dezasseis, das quais treze foram realizadas e realizaram-se duas
que não estavam previstas. A relação entre compromissos estabelecidos e cumpridos foi
obtida a partir da Tabela 5 (página 78). De todos os compromissos estabelecidos apenas três
82
83
Figura 3 - Resultados dos inquéritos realizados a 40 alunos do Clube de Agricultura, antes e depois do projecto Mãos à Horta, e a outros 40 alunos
da escola sem envolvimento directo no projecto, antes do projecto. Os resultados dos inquéritos serviram para avaliar os impactos do projecto, nos
alunos directamente envolvidos, e a motivação inicial destes alunos, quando comparados com alunos não directamente envolvidos.
Tabela 7 – Resultados obtidos
. Registo de participação: alunos (120), docentes (5), auxiliares de acção educativa (1), famílias,
parceiros e comunidade (1)
. Participantes no Concurso de Espantalhos: 100
. Actividades previstas/realizadas (16/15); das realizadas, 2 não estavam previstas
. Nº de opiniões: 35
. Número de aulas leccionadas usando a horta: 8
. Parcerias: compromissos estabelecidos/cumpridos: 13/10
. Visitantes do website: 700 (450 visitas de computares da escola)
. Referências noutros websites: 2
. Referências nos meios de comunicação social: 0
. Presença em exposições: 3
“Mãos à Horta”, o baixo número de aulas leccionadas usando a horta (Tabela 7) indica
dificuldades de integração curricular mas, por outro lado, potencialidades que foram
curricular;
84
referências nos documentos de orientação curricular nacionais e acarreta inúmeros
auxiliares;
Algarve;
Tal como o esperado (Desmond et al., 2004; DeMarco, 1997), foi demonstrada a
activo do projecto, no entanto fê-lo sempre em regime voluntário e entre múltiplas tarefas a
ele atribuídas. Além disso, foi possível a participação activa de um voluntário da associação
85
Apontam-se como principais causas da participação reduzida de famílias, parceiros e
comunidade:
registos de participação (Tabela 7), pode afirmar-se que, pelo menos dentro da escola, a
pedagogia foi aceite, ao contrário do esperado (Desmond et al., 2004; Muehloff, et al., 2005).
financiamentos nacionais e europeus, que ainda não obtiveram resposta e fizeram-se contactos
espaço exterior da escola, dos quais resultou a possibilidade de colaboração com uma
86
escola. É ainda de referir o interesse de algumas famílias, docentes, auxiliares de educação e
alunos na fase final do ano, quando a horta começou a chamar a atenção, pelo aspecto e
comunidade, o apreço pelo projecto, manifesto em muitas das opiniões expressas por
transeuntes, nos momentos em que paravam para observar os trabalhos que decorriam na
aceitação da pedagogia pelas parcerias. Neste sentido é possível afirmar que, pelo menos
nesta escola de Tavira, a aceitação da pedagogia pela comunidade no geral não constituiu uma
dificuldade de implementação.
Quanto às parcerias, foi avaliado o seu potencial de resposta, ao nível dos recursos e
integração curricular.
Com base na literatura sobre educação baseada em agricultura (Desmond et al., 2004;
a Direcção Regional de Educação do Algarve, não permitiu avaliar o papel que esta
instituição poderia ter na integração curricular da temática. E, sendo esta a única instituição
regional com competências nesta matéria ficou inviabilizada a intenção de analisar o potencial
de resposta das parcerias regionais a esta questão. A colmatação dos recursos materiais pelas
parcerias foi, ao contrário do esperado, parcial. Entre os vários apoios logísticos conseguidos
87
de sementes e plantas por parte da escola, tendo-se optado pela realização de eco-vendas
simbólicas dos produtos da horta para suprir estas necessidades, aproveitando o carácter
de recursos humanos, foi quase nula (1 voluntário) e apesar do apoio técnico acordado com
três dos parceiros, também neste assunto, um dos parceiros quebrou o compromisso, o que foi
de encontro ao esperado.
baseada em agricultura, na região algarvia, através da análise dos impactos deste projecto nas
educacionais referidos na Tabela 2 (página 73), apenas não foi possível concretizar a
produção de comida para a escola, logo o melhoramento da dieta das crianças com a produção
hortícola. No entanto, a este respeito, é de referir que houve uma produção significativa de
para a saúde (Desmond et al., 2004; Muehloff, et al., 2005), estes impactos não foram
possíveis de avaliar uma vez que não houve devolução de um único inquérito entregue às
referências noutros websites (2) e de presenças em exposições (3) podem indicar a existência
88
de impactos positivos ao nível dos conhecimentos sobre Agricultura Sustentável e da
participação na vida escolar, apesar da maioria dos visitantes ao website se tratarem de visitantes
A literatura refere como impactos positivos na saúde e nutrição dos jovens: a opção
por frutas e legumes, e por alimentos saudáveis no geral; a melhoria dos conhecimentos sobre
produtos; o aumento da actividade física e das actividades de exterior (Lineberger & Zajicek,
2000).
horta;
frequentes;
4) Início da utilização do local para brincadeiras nos caminhos e recantos criados pela
horta num espaço anteriormente abandonado e de acesso difícil devido à altura das
ervas.
(450) deixa antever a existência de impactos positivos ao nível dos conhecimentos sobre
89
Agricultura Sustentável, o que vai de encontro aos resultados esperados na saúde e nutrição
dos jovens.
sustentável, nos alunos do Clube de Agricultura (Figura 3). Os resultados foram portanto
Este interesse terá tido como consequência a melhoria dos conhecimentos sobre
depois do projecto “Mãos à Horta” (Figura 3). Nos alunos não directamente envolvidos no
90
projecto e comunidade também se detectou uma alteração do quadro de valores e atitudes
expressa, por exemplo, na diminuição drástica de lixo atirado para a zona da horta. Ou seja,
quer para os alunos directamente envolvidos no projecto, quer para os alunos não envolvidos
e comunidade em geral.
6. Conclusões
se desenvolveu, este projecto deu frutos no campo educativo, o que despertou o interesse da
baseada em agricultura nos alunos, famílias e comunidade, ao nível da Saúde e Educação para
91
entanto, o projecto não teve a continuidade pretendida e dependeu, acima de tudo, da
Algarve, o factor chave para a garantia da continuidade dos projectos de agricultura escolar, o
92
ESTAMPAS
93
94
3ª PARTE – CONTRIBUTOS PARA UM PROGRAMA REGIONAL DE AGRICULTURA ESCOLAR
PARA O ALGARVE
1. Enquadramento
projectos de educação baseada em agricultura escolar respondem aos desafios globais e locais
regionais. Neste sentido é pertinente tecer algumas considerações finais a título de contributos
para esse programa regional que facilitem a sua formulação pelas entidades competentes.
EDS, também ramificado em programas temáticos (Figura 4). Os papéis destes planos e
95
garantindo financiamento de recursos materiais e humanos, formação dos agentes, gestão de
comunidade; a integração da agricultura escolar nos currículos e nos projectos educativos das
escolas; material didáctico; medidas de apoio ao acesso à terra, água e apoio técnico; a
alimentação escolar.
operacionalizar acções variadas e distribuídas pelos vários programas temáticos (Figura 4).
Como primeiro contributo, sugere-se pois que o papel destas instituições possa ser o
trabalho, que integre parceiros “chave”, para conceber, dinamizar, coordenar e monitorizar o
96
Programa Regional de Agricultura Escolar (PRAE) e de um fundo institucional para
Um tal grupo de trabalho responsável pelo PRAE, deverá elaborar um programa com
Sustentável do Algarve.
3. Parcerias
Educação para o Desenvolvimento Sustentável. Sugerem-se, por isso, para cada uma das
Tabela 8.
97
Tabela 8 – Funções atribuídas às parcerias regionais potenciais.
Instituições/Entidades Funções
DREAlg . Representação na Comissão do PRAE
. Representação no Grupo de Trabalho no PRAE
. Coordenação da RATO
. Monitorização, avaliação e gestão dos projectos de agricultura
escolar e sua vinculação aos programas de alimentação escolares
DRAAlg . Representação na Comissão do PRAE
. Representação no Grupo de Trabalho no PRAE
. Coordenação da RATO
. Gestão do banco de sementes
CCDR-Alg . Representação na Comissão do PRAE
. Representação no Grupo de Trabalho no PRAE
. Coordenação da RATO
ARS-Alg . Representação na Comissão do PRAE
. Representação no Grupo de Trabalho no PRAE
. Coordenação da RATO
. Monitorização, avaliação e gestão dos programas de alimentação
escolares e sua vinculação aos projectos de agricultura escolar
AMAL . Representação na Comissão do PRAE
. Representação no Grupo de Trabalho no PRAE
UAlg . Representação no Grupo de Trabalho no PRAE
. Coordenação da RAIF
. Gestão do banco de sementes
SALVA - Associação . Representação no Grupo de Trabalho no PRAE
de Produtores AS . Gestão do banco de sementes
Almargem – ONGA . Representação no Grupo de Trabalho no PRAE
ALGAR . Representação no Grupo de Trabalho no PRAE
. Gestão da fertilização e compostagem
Águas do Algarve . Representação no Grupo de Trabalho no PRAE
. Monitorização de consumos de água e sistemas de rega
98
4. Formação
Sem formação avançada não haverá apoio técnico qualificado para o desenvolvimento
apoio à Investigação e Formação (RAIF), coordenada pela UAlg, seria o órgão vocacionado
para a gestão da formação, interna e externa, relacionada com agricultura escolar e dirigida a
99
5. Integração Curricular
parece ser uma tarefa também vocacionada para a Rede de Apoio à Investigação e Formação
(RAIF). A DREAlg é a instituição regional que poderá contribuir para a adopção dos
A gestão dos recursos materiais e humanos (Tabela 10) afectos aos projectos escolares
coordenada pelas cinco instituições regionais governamentais. Esta rede seria a gestora da
Escolar (FAE). A disponibilização de sementes e plantas deveria ser uma atribuição do Banco
de Sementes regional cuja gestão seria partilhada pela SALVA, DRAAlg e UAlg.
Materiais Humanos
Guias de operacionalização; Voluntários da comunidade
Material didáctico para aulas; Técnicos e auxiliares
Ferramentas, sistemas de rega; Docentes e auxiliares da acção educativa
Terreno e terra;
Sementes e plantas.
100
Todas as medidas de incentivo à participação da comunidade onde está inserida a
escola, mais concretamente as que têm a ver com o desenvolvimento da compreensão, apreço
Agricultura Escolar (FAE), no entanto poderão ser encontradas soluções entre as parcerias
locais que aumentem a disponibilidade de recursos para estes fins. A este nível será também
escolar.
sejam incluídos nas refeições diárias, e em casos de produção reduzida que se façam apenas
refeições simbólicas e/ou se estabeleçam contratos com quintas locais. Sugere-se que o
vínculo aos programas de alimentação escolar seja uma responsabilidade partilhada entre a
escolares deverão fazer chegar à RATO relatórios trimestrais e anuais que abordem aspectos
101
como as actividades realizadas e os impactos no processo ensino-aprendizagem, na EDS, na
Educativo da Escola
consideradas fundamentais à EDS parece fazer todo o sentido já que a sua perspectiva é a da
sugerida pelo grupo de trabalho nomeado pela Comissão Nacional da UNESCO (Schmidt et
al., 2006) deverá por isso contemplar a educação baseada em agricultura e os projectos de
agricultura escolar.
de acção.
Num Algarve marcado pelo abandono da Serra e consequente efeito sobre os recursos
102
áreas de destino (principalmente no litoral), e correspondente efeito sobre o equilíbrio
produtivas em que os produtos oriundos do mar, bem como a cortiça, os frutos secos e os
citrinos, eram a base das produções, ainda mais se justifica a adopção de um programa
103
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