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Tensões, Negociações
e Desafios nos Processos
de Certificação na
Agricultura Orgânica
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Tensões, Negociações e Desafios nos Processos de Certificação na Agricultura Orgânica
Introdução
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Pequeno varejo alimentar = 1 a 9 caixas registradoras; supermercado de vizinhança = 10 a 19
caixas registradoras; Supermercado/hipermercado = + 20 caixas registradoras.
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Food and Agriculture Organization.
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United Nations Conference on Trade and Development.
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Artisans du Monde...) (CIERPKA, 2002) que dão uma garantia ética sobre a
produção.
Desde 1992, durante a 9ª Conferência da Ifoam, em São Paulo, Brasil,
se iniciaram as discussões para inclusão dos critérios de justiça social nas
normas básicas da Ifoam, aprovados em 1998. Continuam como sendo pontos
ainda a serem melhores definidos e praticados no processo de produção e na
comercialização dos produtos orgânicos.
No Brasil, os aspectos ligados à justiça social foram contemplados,
embora superficialmente, nos princípios gerais das regulamentações relativas
aos produtos orgânicos Instrução Normativa nº 007, de 17 de maio de
1999, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (IN 7/99 –
Mapa) (BRASIL, 1999) e na Instrução Normativa nº 006, de 10 de janeiro de
2002 (IN 6/02 – Mapa) (BRASIL, 2002), como um dos critérios a ser observado
pelos organismos certificadores numa unidade produtora orgânica,
mas não bem explicado como serão avaliados pelos inspetores dessas
organizações.
Outra tensão diz respeito á composição das instâncias que regulam a
elaboração das normas e da acreditação dos organismos certificadores da
produção orgânica no âmbito estadual, quando veta a participação de leigos,
ou seja, só técnicos podem ser membros do Colegiado Estadual para Produção
Orgânica.
Mais uma tensão diz respeito ao impedimento para que produtores
possam fazer parte do grupo de inspetores para controle interno das unidades
produtoras. Esse conceito de que os técnicos são superiores aos profissionais
do campo (produtores), elitiza o saber e vai contra um dos princípios que
defende o EOA, que é a valorização do saber tradicional.
Existe tensão em aceitar a opinião dos agricultores familiares e agroextrativistas
na tomada de decisões (o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural –
CMDR – é um bom exercício) bem como na composição das instâncias
reguladoras, tanto por parte dos técnicos quanto por parte das representações
dos agricultores patronais e dos órgãos públicos e privados, decorrente da
visão de que agricultura era ou é atraso.
Há necessidade de considerarmos que no âmbito das políticas públicas
existem diferenças, embora com princípios gerais comuns. As recomendações
e critérios técnicos, sociais e econômicos devem ser diferentes, adaptados às
diversas realidades.
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• Cláusulas confidenciais.
• Competência do pessoal do órgão certificador e de pessoas
subcontratadas.
• Gerenciamento da qualidade.
• Controle documental e manutenção de dados.
• Procedimentos de certificação.
• Controle de marcas e certificados.
• Transparência.
Em algumas dessas áreas, os critérios da Ifoam estabeleceram exigências
em adição5 aquelas do Guia ISO/IEC 65.
No Brasil, os processos de certificação, em vigor até o momento da
publicação da IN 007/99, que estabeleceu normas para a produção, tipificação,
processamento, envase, distribuição, identificação e certificação da qualidade
para produtos orgânicos de origem vegetal e animal, estava apoiada em dois
pilares:
• Na certificação participativa, operada pelas chamadas redes de
credibilidade ou de confiança, baseada no trabalho que organizações
não-governamentais – ONGs – e associações fazem junto às
comunidades rurais e urbanas. Geralmente, atuam nos mercados
locais e regionais, assessorando na produção, na organização dos
produtores e na comercialização dos produtos.
• Na certificação por auditagem, geralmente são empresas que não
se envolvem diretamente com a formação, a organização e o
assessoramento aos agricultores, porque fazem oferta gratuita.
Geralmente, atuam em mercados para exportação, e em grandes
empreendimentos. Na margem desse processo, encontram-se as
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Entretanto, as mais significantes contribuições são encontradas em seções especiais, cobrindo
situações especiais para a inspeção e a certificação da agricultura orgânica: critérios detalhados
do processo de inspeção; maneiras para realizar inspeções não-anunciadas; fatores para
determinar a freqüência de inspeção; inspeção para conversão parcial e produção paralela;
inspeção para produtos com organismos geneticamente modificados; inspeção e certificação da
cadeia de custódia; inspeção da produção subcontratada; inspeção e certificação de grupos de
produtores; inspeção e certificação de colheita de produtos selvagens/silvestres/extrativistas;
transferência da certificação. A recente iniciativa de permitir variações regionais nos IBS e ICPP,
para receberem aprovação Ifoam, tem o objetivo de atender as reclamações por uma norma que
deva refletir a realidade ambiental da região na qual ela será aplicada, enquanto honrar os
princípios estabelecidos pela AO. As autoridades reguladoras têm o mesmo desafio em determinar
a equivalência das importações de regiões muito diferentes de suas próprias.
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orgânico com preço alto para os pobres nos países de baixa renda
versus autonomia dos organismos certificadores, vínculo maior com
empresariado rural e com produtores com maior nível de área,
organização e renda, mercado externo, os técnicos têm maior
credibilidade externa que os agricultores, processo autoritário,
intervencionista).
Com a publicação da IN 7/99, foi mantida a possibilidade dos dois
modelos de certificação. Entretanto, com a publicação da IN 6/02, que trata
das exigências que os organismos certificadores têm que cumprir para serem
acreditados junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento –
Mapa –, e continuarem certificando os processos e produtos das comunidades
rurais, foi preconizado o processo por auditagem.
Com isso, a dificuldade da certificação participativa aumentou, pois
haverá necessidade de se adaptar aos processos burocráticos e custosos, que
envolvem o trabalho de registro dos compromissos não previstos numa rede
de geração de credibilidade. Agora, essa tensão está se traduzindo quando
do estabelecimento da reciprocidade (reconhecimento e equivalência de
processo) entre os organismos certificadores exigida pelos canais de
comercialização (processadores e distribuidores, principalmente), bem como
pelos produtores que entregam para vários canais de comercialização, e pelos
organismos acreditadores dos organismos certificadores.
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*Distância necessária para o transporte, ou seja, entre o local de produção e o local de consumo.
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Referências
ALMEIDA, J. A agroecologia entre o movimento social e a domesticação pelo
mercado. Florianópolis, SC: Instituto de Estudos Sócio-Ambientais, 2002. 20 p.
BLECHER, N. A ditadura do varejo. Revista Exame, São Paulo, Edição 768, v. 36,
n. 12, p. 44-52, 2002.
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CIERPKA, T. Organic agriculture and fair trade two concepts based on the
same holistic principal. Disponível em: <http://www.ifoam.org/social/
orgagrifairtrade.htm>. Acesso em:17 jul. 2002.
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