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Método Mangá

Formação de professores para a elaboração de


planos de ensino e de aulas baseados em
competências

Os mangás são livretos de histórias em quadrinhos, muito populares no Japão.


Surgiram como pequenos livros de bolso, de forma a serem folheados facilmente,
em qualquer lugar. Chegaram, inclusive, a ser chamados de “Ponchi-e”, termo
adaptado do nome da revista britânica “Punch Magazine”. São publicações
acessíveis, dinâmicas e remetem o leitor a uma experiência divertida.

Além disso, como eram produzidos no idioma japonês, sua leitura era feita de
trás para frente. Obviamente para os japoneses essa leitura não era de trás para
frente, pois esse é seu modo usual de ler suas publicações. Para o olhar
ocidental, todavia, esse seria um modo invertido.

Não se pode dizer qual dos dois modos de se ler está correto. Todavia, a
tendência natural de quem está acostumado a agir de uma certa forma é
considerar como invertida uma forma que se lhe apresenta de maneira diferente.

Você será convidado, a seguir, a passar por um processo que aparentemente


começa pelo fim e termina pelo começo. Não estranhe, procure observar como
nem sempre as coisas precisam ser da forma como você está acostumado.

E, acima de tudo, divirta-se.

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Atividade 1 – Definindo os objetivos da avaliação

Talvez você esteja estranhando começar a elaboração de seu planejamento


pedagógico pela avaliação. Sabemos que isso não é o usual, afinal deve-se
sempre começar pelo começo. Sempre? Nem sempre...

Estamos falando em um modelo de ensino baseado em competências, que é algo


bem diferente do tradicional modelo baseado em conteúdos (saberes). Assim,
tudo pode ser diferente e inovador. Vamos então em frente:

Objetivos básicos

Defina alguns objetivos que você considera estratégicos para sua disciplina, mas
escolha-os sob a ótica do aluno, ou seja, defina o que o aluno deve ser capaz de
fazer. Veja o exemplo, em uma disciplina hipotética de Metodologia da Pesquisa
Científica:

“Quero que meu aluno seja capaz de:”


1. Realizar levantamentos bibliográficos.
2. Redigir projetos e relatórios.
3. Expressar suas ideias de forma articulada.
4. Elaborar uma apresentação.

Repare como os objetivos sempre se iniciam por um verbo no infinitivo.

Quando definir o objetivo, use sempre verbos que indicam mobilização, um “fazer
algo”, por exemplo:

• Fazer
• Projetar
• Elaborar
• Implementar

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• Realizar
• Solucionar
• Acompanhar
• etc...

Evite verbos que não traduzem uma ação de mobilização, tal como:

• Saber
• Aprender
• Ser
• Dominar os conceitos
• etc...

Exemplos:

Isso é um objetivo correto:


Elaborar planos de negócio.

Isso não é um objetivo correto:


Dominar os conceitos necessários para a elaboração de planos de negócio.

Isso é um objetivo correto:


Aliviar a sensação de dor em pacientes.

Isso não é um objetivo correto:


Conhecer as principais técnicas de combate à dor em pacientes.

Isso é um objetivo correto:


Elaborar uma pauta de redação em um jornal.

Isso não é um objetivo correto:


Estar familiarizado com os processos de elaboração de pautas em jornais.

Repare como o correto é o “fazer” e não o “saber”.

Outro ponto importante é assegurar que o sujeito de uma frase descrevendo um


objetivo seja sempre o aluno, nunca a disciplina:

“Aluno” é o sujeito da frase, correto!


Ao final da disciplina, o aluno deve ser capaz de elaborar uma pauta de redação em um
jornal.

“Disciplina” é o sujeito da frase, errado!


A disciplina tem por objetivo mostrar ao aluno como elaborar uma pauta de redação em
um jornal.

“Aluno” é o sujeito da frase, correto!

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Ao final da disciplina, o aluno deve ser capaz de realizar levantamentos bibliográficos.

“Disciplina” é o sujeito da frase, errado!


A disciplina procura mostrar ao aluno como realizar levantamentos bibliográficos.

Veja que não queremos saber o objetivo da disciplina. O modelo que estamos
abordando nesse treinamento, os objetivos devem sempre partir do aluno.

Procure, agora, definir os objetivos que você julga importantes para os alunos da
sua disciplina. Use o formulário da Atividade 1.

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Atividade 2 – Definindo os instrumentos da
avaliação

Agora que você já definiu os objetivos, pense em como você poderá avaliar se
eles foram atingidos, ou seja, pense em quais instrumentos de avaliação você irá
empregar em sua disciplina. O ideal é que você empregue diferentes
instrumentos, com diferentes estratégias. Por exemplo, você pode fazer uma
prova escrita, uma prova prática, um trabalho em equipe, etc... Quanto mais
instrumentos você empregar, mais condições você terá de avaliar o seu aluno.
Alguns professores costumam até fazer uma avaliação em cada aula, mas isso
fica a critério de cada um. O importante é que o aluno possa passar pelo processo
de avaliação em diversos momentos, de forma que seja possível serem feitos
ajustes e acertos, antes do fim do curso.

Esse conceito recebe o nome de avaliação formativa. Note que esse é um


processo diferente do que se usa muitas vezes caracterizado por uma prova final,
conclusiva (avaliação somativa).

Para ilustrar, vamos voltar ao exemplo da disciplina hipotética aqui apresentada


de Metodologia da Pesquisa Científica.

Metodologia da Pesquisa Científica: instrumentos de avaliação


1. Prova de múltipla escolha (20 testes) sobre os principais bancos de dados disponíveis
na Internet para levantamentos bibliográficos.
2. Prova prática, em laboratório de informática, para que o aluno demonstre sua
capacidade de pesquisar nos bancos de dados ensinados.
3. Prova de múltipla escolha (20 testes) sobre regras e normas da ABNT.
4. Trabalho individual, com o projeto da pesquisa.
5. Trabalho individual, com o relatório final da pesquisa.
6. Apresentação oral, de 15 minutos, sobre o relatório final da pesquisa.

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Procure, agora, definir os instrumentos que você irá utilizar para avaliar os alunos
da sua disciplina. Use o formulário da Atividade 2.

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Atividade 3 – Associando os instrumentos da
avaliação aos objetivos

É preciso ter ciência de que a avaliação tem por fim atingir os objetivos definidos.
Assim, convém fazer uma associação dos instrumentos da avaliação - definidos
na Atividade 2 - com objetivos – definidos na Atividade 1.

Vamos, então, voltar ao exemplo da disciplina de Metodologia da Pesquisa


Científica.

Objetivo 1. Realizar levantamentos bibliográficos.


1. Prova de múltipla escolha (20 testes) sobre os principais bancos de dados disponíveis
na Internet para levantamentos bibliográficos.
2. Prova prática, em laboratório de informática, para que o aluno demonstre sua
capacidade de pesquisar nos bancos de dados ensinados.

Objetivo 2. Redigir projetos e relatórios.


3. Prova de múltipla escolha (20 testes) sobre regras e normas da ABNT.
4. Trabalho individual, com o projeto da pesquisa.
5. Trabalho individual, com o relatório final da pesquisa.

Objetivo 3. Expressar suas ideias de forma articulada.


4. Trabalho individual, com o projeto da pesquisa.
5. Trabalho individual, com o relatório final da pesquisa.
(note aqui que os mesmos instrumentos servem para avaliar dois objetivos
distintos).

Objetivo 4. Elaborar uma apresentação.


6. Apresentação oral, de 15 minutos, sobre o relatório final da pesquisa.

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Com base nessa estrutura, pode-se elaborar um quadro relacionando os objetivos
com os instrumentos:

Instrumento Obj. 1 Obj. 2 Obj. 3 Obj. 4


1. Prova teórica 1 X
2. Prova prática X
3. Prova teórica 2 X
4. Projeto X X
5. Relatório X X
6. Apresentação X

Verifique como todos os objetivos estão sendo avaliados e todos os instrumentos


possuem uma razão de ser, ou seja, estão claramente associados aos objetivos
estabelecidos. Além disso, perceba como um mesmo instrumento pode avaliar
mais de um objetivo.

Talvez você note, nesse processo, que um ou mais dos objetivos que você
estabeleceu são de difícil avaliação. Isso implica que você deve refletir sobre os
mesmos, pois é preciso que o aluno tenha muito claro como será avaliado. Assim,
se você achar necessário, volte no passo anterior e mude um ou outro objetivo,
de forma que seu processo de avaliação seja consistente com o mesmo.

Agora é sua vez. Procure definir o relacionamento dos instrumentos de avaliação


com os objetivos estabelecidos. Use o formulário da Atividade 3.

Para saber mais...

Avaliação
Artigo da Missão Salesiana de Mato Grosso
http://www.msmt.org.br/avaliacao.php

Processo de avaliação
Artigo de Carolina Blaya
http://www.ufrgs.br/tramse/med/textos/2004_07_20_tex.htm

Avaliar para ensinar melhor


Artigo de Denise Pellegrini
http://novaescola.abril.com.br/index.htm?ed/159_fev03/html/repcapa

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Atividade 4 – Redigindo competências

Na unidade anterior, definimos um conjunto de objetivos e associamos a eles um


conjunto de instrumentos de avaliação. Agora vamos trabalhar um pouco mais
com os objetivos. Recapitulando o exemplo, temos os seguintes objetivos:

“Quero que meu aluno seja capaz de:”

1. Realizar levantamentos bibliográficos.


2. Redigir projetos e relatórios.
3. Expressar suas ideias de forma articulada.
4. Elaborar uma apresentação.

Para o professor de Metodologia da Pesquisa Científica, esses objetivos estão


muito claros, mas para uma pessoa de fora, alguma confusão pode acontecer.
Assim, quanto mais precisas estiverem as condições em que esses objetivos
devem ser atingidos, melhor. Veja no exemplo como isso pode ser mais
detalhado:

“Quero que meu aluno seja capaz de:”

1. Realizar levantamentos bibliográficos, acessando bancos de dados disponíveis na


Internet.
2. Redigir projetos e relatórios, seguindo as normas da ABNT e da Língua Portuguesa.
3. Expressar suas ideias de forma articulada, empregando partes lógicas (início, meio e
fim).
4. Elaborar uma apresentação, de forma clara e dinâmica.

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Note como para cada objetivo foi associada uma condição. Além disso, podem ser
especificados os contextos em que cada objetivo vai ser trabalhado. Veja a
seguir:

“Quero que meu aluno seja capaz de:”

1. Realizar levantamentos bibliográficos, acessando bancos de dados disponíveis na


Internet, sobre o tema escolhido.
2. Redigir projetos e relatórios, seguindo as normas da ABNT e da Língua Portuguesa,
relacionados com o meio acadêmico.
3. Expressar suas ideias de forma articulada, empregando partes lógicas (início, meio e
fim), em projetos e relatórios de pesquisa.
4. Elaborar uma apresentação, de forma clara e dinâmica, sintetizando o conteúdo de seu
relatório de pesquisa.

Novamente, para cada objetivo/condição foi associado um contexto.

Assim, temos o seguinte conceito:

Competência = Objetivo + Condição + Contexto

Objetivo: “O que os alunos deverão saber fazer?”

Condição: “Quais prazos, padrões, qualidades, resultados?”

Contexto: “Quais cenários, segmentos, culturas, setores?”

Resumindo: devem ser elencadas no mínimo 3 e no máximo 5


competências que os alunos devem desenvolver ao longo da disciplina.
As competências devem ser escritas com os componentes “objetivo” +
“condição” + “contexto”.

Na unidade anterior, você definiu alguns objetivos para a sua disciplina. Procure
agora transformá-los em competências, acrescentando uma condição e um
contexto. Utilize o formulário da Atividade 4.

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Um pouco mais sobre “Habilidades” e “Competências”

Sempre se faz muita confusão sobre a diferença entre habilidades e


competências. Vamos, então, analisar algumas definições importantes sobre
competências:

“É a capacidade de mobilizar, articular e colocar em ação valores, conhecimentos


e habilidades necessários para o desempenho eficiente e eficaz de atividades
requeridas pela natureza do trabalho”. Artigo 6º da Resolução CNE/CEB nº 04/99

“É a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos (saberes,


capacidades, informações etc.) para solucionar uma série de situações". Philippe
Perrenoud

“É a qualidade de quem é capaz de apreciar e resolver certos assuntos".


Dicionário Aurélio

Como pode ser notado, a competência implica no ato de mobilizar uma série de
recursos, para que seja atingido um determinado objetivo. Esses recursos são de
3 tipos:

• Conhecimento (saberes, conteúdos): para ser competente, o aluno precisa


saber o conteúdo da matéria, ao menos os itens mais relevantes.

• Habilidades (aptidões, tendências): para ser competente, o aluno precisa


utilizar o conteúdo de forma habilidosa. Por exemplo, um estudante de
gastronomia precisa saber a teoria dos alimentos, mas precisa ter o paladar
desenvolvido como habilidade. Um estudante de fisioterapia precisa saber a
localização anatômica dos músculos, mas precisa ter a destreza manual como
habilidade. Assim, habilidades são processos físicos (destreza manual, paladar
apurado, traço para desenho, fôlego e resistência, etc...) ou mentais (liderança,
visão sistêmica, raciocínio lógico, capacidade de abstração, etc...).

• Atitudes (valores, posturas, comportamentos): para ser competente, o aluno


precisa utilizar o conteúdo de forma habilidosa e com determinada atitude. Por
exemplo, o aluno de direito precisa dominar a legislação, mas deve refletir sobre
a legitimidade de explorar brechas legais para encaminhar procedimentos
eticamente questionáveis. Um estudante de agronomia deve dominar as técnicas
de exploração agrícola, mas precisa ponderar sobre o efeito delas no meio
ambiente.

Como pode ser visto, habilidade é parte da competência, não um conceito


paralelo, de igual dimensão. Assim, não faz muito sentido ao se falar “habilidades
e competências”, pois é uma repetição, já que a primeira é parte da segunda.

Para saber mais...

Ensino por competência


Artigo de Josiane Benedet

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http://www.profissaomestre.com.br/smu/smu_vmat.php?s=501&vm_idmat=111

Artigo de Rosângela Borges Martins


http://www.centrorefeducacional.com.br/desencomp.htm

Entrevista com Philippe Perrenoud


http://www.unige.ch/fapse/SSE/teachers/perrenoud/php_main/php_2000/2000_
31.html

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Atividade 5 – Adequando o conteúdo programático

Normalmente, quando pensamos em um curso ou em uma disciplina, a primeira


coisa que vem à nossa cabeça é o conteúdo. Temos pensamentos como: “quero
que o aluno aprenda isso e aquilo”, “o aluno precisa dominar esses conceitos”,
“tenho que dar essa matéria”, etc. No Ensino Baseado em Competências, todavia,
essa lógica muda. O foco é a competência a ser desenvolvida e o conteúdo é uma
referência de apoio para esse desenvolvimento. Alguns inclusive usam a
expressão “repositório” para se referir ao conteúdo, uma vez que o mesmo pode
estar em diferentes mídias (livros, revistas, Internet, apostilas, etc...).

Em termos práticos, vamos voltar ao nosso exemplo. Vamos rever os


instrumentos de avaliação que definimos:

1. Prova de múltipla escolha (20 testes) sobre os principais bancos de dados disponíveis
na Internet para levantamentos bibliográficos.
2. Prova prática, em laboratório de informática, para que o aluno demonstre sua
capacidade de pesquisar nos bancos de dados ensinados.
3. Prova de múltipla escolha (20 testes) sobre regras e normas da ABNT.
4. Trabalho individual, com o projeto da pesquisa.
5. Trabalho individual, com o relatório final da pesquisa.
6. Apresentação oral, de 15 minutos, sobre o relatório final da pesquisa.

Se analisarmos esses instrumentos, devemos então pensar nos seguintes saberes


(conteúdos):

1. Estruturação básica de projetos de pesquisa.


2. Bancos de dados para levantamentos bibliográficos: descrição, classificação e
mecanismos de buscas.
3. Técnicas e fundamentos para redação de textos acadêmicos.
4. Normas e padrões da ABNT para trabalhos científicos.
5. Elaboração de apresentações de trabalhos acadêmicos.

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Para validar se esses saberes estão adequados, devemos então reler as
competências que foram atribuídas, para ver se estão cobertas:

1. Realizar levantamentos bibliográficos, acessando bancos de dados disponíveis na


Internet, sobre o tema escolhido.
2. Redigir projetos e relatórios, seguindo as normas da ABNT e da Língua Portuguesa,
relacionados com o meio acadêmico.
3. Expressar suas ideias de forma articulada, empregando partes lógicas (início, meio e
fim), em projetos e relatórios de pesquisa.
4. Elaborar uma apresentação, de forma clara e dinâmica, sintetizando o conteúdo de seu
relatório de pesquisa.

Vamos, agora, relacionar as competências com os saberes, em uma tabela:

Comp. Comp. Comp. Comp.


Saberes
1 2 3 4

1. Estruturação básica de projetos de


X
pesquisa

2. Bancos de dados para levantamentos


bibliográficos: descrição, classificação e X
mecanismos de buscas.

3. Técnicas e fundamentos para redação de


X X
textos acadêmicos.

4. Normas e padrões da ABNT para


X
trabalhos científicos.

5. Elaboração de apresentações de
X
trabalhos acadêmicos.

Verifique como todas as competências estão sendo suportadas pelos saberes


(conteúdos) selecionados, ou seja, há uma razão de ser para os mesmos.

Como pode ser notado, o processo ocorre de trás para frente, ou seja, primeiro
pensa-se na avaliação, depois no conteúdo. É óbvio, porém, que se trata de um
processo dinâmico, com idas e vindas, ou seja, é possível que ao se elaborar o
conteúdo seja necessário rever o processo de avaliação e as próprias
competências. O importante, porém, é assegurar que esses elementos estejam
adequadamente articulados.

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Resumindo: o conteúdo deverá ser escrito em texto com tamanho
mínimo de 500 e máximo 3000 caracteres. Deve ser concebido de forma
a suportar o desenvolvimento das competências elencadas nos objetivos
da disciplina. O foco da disciplina, assim, são os objetivos, não os
conteúdos. Esses são meio para o desenvolvimento dos objetivos.

Com base nesse raciocínio, procure agora definir quais saberes (conteúdos) são
necessários para sua disciplina e faça o relacionamento desses com as
competências de sua disciplina. Utilize os formulários 5a e 5b.

Lembre-se: procure se libertar daquilo que você sempre achou importante que o
aluno aprendesse, tenha foco nas competências e nos instrumentos de avaliação.
Não adianta querer “ensinar tudo”. O volume de conhecimento cresce
absurdamente ano a ano e cada vez em uma velocidade maior. Se quisermos que
o aluno aprenda tudo, nunca haverá tempo suficiente e estaremos sempre com
aquela sensação de que a carga horária de nossa disciplina não é suficiente. Veja
o que disse sobre isso o educador Comenius, em 1638, no seu livro Didacta
Magna:

“É necessário desenvolver um método de ensino em que os


professores lecionem menos para que os alunos possam
aprender mais.”

John Amos Comenius

Para saber mais...

Construir competências é virar as costas aos saberes?


Artigo de Philippe Perrenoud
http://www.centrorefeducacional.com.br/perrenoud2.htm

Articulação de saberes na EAD


Artigo de Alexandra Lilavati Pereira Okada e Edméa Oliveira dos Santos
http://www.abed.org.br/congresso2003/docs/anais/TC11.htm

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Atividade 6 – Adequando a bibliografia

Quando falamos em bibliografia básica, precisamos pensar objetivamente na


mesma como a fonte que contém os saberes que elencamos no conteúdo
programático. É lá que o aluno irá encontrar, com mais profundidade, o material
que será necessário para apoiá-lo no desenvolvimento de suas competências.
Assim, é fundamental que o professor saiba escolher adequadamente esse
material, para que ele de fato contenha os saberes que foram descritos.

Em outras palavras, a escolha da bibliografia é um processo que não pode ser


feito burocraticamente, simplesmente relacionando os grandes “clássicos”. Além
disso, temos também que nos preocupar com o exagero, com a informação em
demasia. Isso confunde o aluno e traz poucos resultados práticos. Tem que ser
pensado o ponto exato.

Na bibliografia complementar, por sua vez, o professor pode ter um pouco mais
de liberdade, já que esse material vai ser usado apenas esporadicamente.

Outro aspecto importante a ser destacado é a forma de redigir a referência do


livro. A ABNT possui uma norma específica para isso (NBR 6023) e pode ser
usada uma versão simples dela, conforme abaixo:

SOBRENOME, Nome. Título. Cidade: Editora, ano.

Exemplos:

CARVALHO, Maria Cecília M. Construindo o saber metodologia científica - fundamentos e


técnicas. Campinas: Papirus, 2006.

CHASSOT, Attico. A ciência através dos tempos. São Paulo: Moderna, 1994.

DAY , Robert A.; GASTEL, Barbara. How to write and publish a scientific paper.
Westport: Greenwood Press, 2006.

MATTAR NETO, João Augusto. Metodologia científica na era do computador. São Paulo:
Saraiva, 2003.

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PADUA , Elisabete Matallo Marchesini. Metodologia da pesquisa: abordagem teórico-
prática. Campinas: Papirus, 1997.

SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho cientifico. São Paulo: Cortez,


2002.

Resumindo: A bibliografia deve ser informada de acordo com as normas


da ABNT. Deve ser informado apenas o autor, o título do livro, a cidade
da editora, o nome da editora e o ano de publicação. Não é necessário
colocar edição, número de páginas, ISBN, etc. Devem ser informados 3
títulos da bibliografia básica e 1 a 2 da complementar.

Relacione, agora, a bibliografia básica e complementar de sua disciplina. Utilize


o formuário 6.

Para saber mais...

Como elaborar referências bibliográficas


Texto de Maurício Garcia e Maristela F. Neves
http://www.mgar.com.br/normasmonografia/aspRefe.asp

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Atividade 7 – Programando as atividades
pedagógicas

Muito bem, chegamos agora a um ponto em que temos de forma bem clara as
competências a serem desenvolvidas, o conteúdo programático que será
abordado, a bibliografia que suporta o conteúdo e a forma e os instrumentos de
avaliação. Com isso, podemos fazer o nosso cronograma de atividades
pedagógicas. Essa é uma parte muito importante, pois são essas atividades que
de fato vão ocorrer, ou seja, são elas que vão dar forma ao que foi elaborado até
esse momento.

No ensino tradicional, baseado em conteúdos, é comum ser feita a programação


das atividades simplesmente dividindo o conteúdo em partes e em cada dia
ocorre uma aula expositiva (preleção) sobre o mesmo. As avaliações costumam
ser de caráter somativo, usualmente duas por semestre. Veja como seria, no
exemplo, a programação no formato tradicional.

Dia 1 – Abertura do curso e apresentação da disciplina


Dia 2 – Estruturação básica de projetos de pesquisa. Parte I
Dia 3 – Estruturação básica de projetos de pesquisa. Parte II
Dia 4 – Estruturação básica de projetos de pesquisa. Parte III
Dia 5 – Bancos de dados nacionais para levantamentos bibliográficos
Dia 6 – Bancos de dados internacionais para levantamentos bibliográficos
Dia 7 – Formas de busca e principais sintaxes de consulta
Dia 8 – Aula prática em laboratório de informática sobre levantamentos bibliográficos.
Dia 9 – Aula prática em laboratório de informática sobre levantamentos bibliográficos.
Dia 10 – Prova 1
Dia 11 – Técnicas e fundamentos para redação de textos acadêmicos.
Dia 12 – Tópicos selecionados de língua portuguesa
Dia 13 – Normalização ABNT: introdução
Dia 14 – Elaboração de referências bibliográficas
Dia 15 – Técnicas de apresentação, didática e oratória
Dia 16 – Aula prática em laboratório de informática sobre softwares de apresentação
Dia 17 – Aula prática em laboratório de informática sobre softwares de apresentação

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Dia 18 – Revisão geral da matéria
Dia 19 – Prova 2
Dia 20 – Prova Substitutiva
Dia 21 – Exame final

Procure notar que essa programação é simplesmente uma quebra do conteúdo


programático, ou seja, não há foco para o desenvolvimento das competências.
Quando se trabalha por competência, as atividades não precisam
necessariamente acompanhar o conteúdo. Veja como poderia ser feita essa
programação, com foco para o desenvolvimento das competências.

Dia 1 – Análise das competências que serão trabalhadas na disciplina


Dia 2 – Estudo de caso: análise de monografias selecionadas
Dia 3 – Aula prática em laboratório de informática sobre levantamentos bibliográficos.
Dia 4 – Aula prática em laboratório de informática sobre levantamentos bibliográficos.
Dia 5 – Prova de múltipla escolha (20 testes) sobre os principais bancos de dados
disponíveis na Internet para levantamentos bibliográficos.
Dia 6 – Prova prática, em laboratório de informática, para que o aluno demonstre sua
capacidade de pesquisar nos bancos de dados ensinados.
Dia 7 – Dinâmica de grupo: construindo referências bibliográficas
Dia 8 – Estudo de caso: o acesso a conteúdo livre em universidades americanas
Dia 9 – Revisão de conceitos e atividades em grupo
Dia 10 – Prova de múltipla escolha (20 testes) sobre regras e normas da ABNT. Prazo
máximo para entrega do projeto de pesquisa.
Dia 11 – Estudo de caso: análise de monografias selecionadas
Dia 12 – Estudo de caso: análise de monografias selecionadas
Dia 13 – Técnicas de apresentação, didática e oratória
Dia 14 – Aula prática em laboratório de informática sobre softwares de apresentação
Dia 15 – Estudos de caso: grandes oradores. Prazo máximo para entrega do relatório
final de pesquisa.
Dia 16 – Apresentação oral dos trabalhos produzidos
Dia 17 – Apresentação oral dos trabalhos produzidos
Dia 18 – Debate de encerramento da disciplina e revisão de pontos pendentes
Dia 19 – Prova Dissertativa.
Dia 20 – Prova Substitutiva
Dia 21 – Exame final

Procure notar, nesse exemplo, o uso de diferentes formas pedagógicas, além da


aula expositiva tradicional: debates, dinâmicas, estudos de caso, etc. As
avaliações que foram definidas no início estão articuladas com as atividades. Veja
também como o conteúdo está contemplado na programação, mas ele vai e vem,
livremente. Por exemplo, no caso dos estudos de caso (análise de monografias
selecionadas), o professor partirá de exemplos reais de monografias já
elaboradas, estimulando que os alunos identifiquem erros e acertos, nos mais
diferentes aspectos das competências selecionadas: estruturação das ideias,
formatação do texto, normas da ABNT, etc...

VPPlan, 10/01/2011 19
Um pouco mais sobre cronogramas de atividades com 21
linhas

De acordo com a legislação, o ano letivo regular deve ter, no mínimo, 200 dias de
trabalho acadêmico efetivo, ou seja, em média 100 dias por semestre letivo,
excluído o período para os exames finais. Considerando que uma semana letiva
(de 2ª à 6ª feira) possui 5 dias, chega-se a um valor de 20 semanas letivas por
semestre, totalizando 21 semanas ao acrescentar-se o período para os exames
finais.

Em outras palavras, cada disciplina, quando ministrada uma vez por semana,
precisa ter, em seu cronograma, uma programação de 21 atividades. Como
dessas 21 atividades, 4 precisam ser alocadas para provas: AP1, AP2, SUB e EF,
nos períodos previstos no Calendário Acadêmico, restam então 17 semanas para
as aulas e outras atividades didáticas.

Em princípio, bastaria então que cada professor organizasse suas atividades em


17 momentos, repetindo-a a cada semestre, fazendo apenas ajustes e
atualizações. Todavia, a tradição brasileira é repleta de feriados. Carnaval,
Semana Santa, Tiradentes, Dia do Trabalho, Corpus Christi, Independência,
Nossa Senhora Aparecida, Dia de Finados e Proclamação da República, sem
contar os feriados e festas regionais como Iemanjá, São José, São João, Dia do
Estudante, Independência da Bahia, Dia do Professor, Consciência Negra e Nossa
Senhora da Conceição, fazem do planejamento acadêmico um profundo exercício
de logística.

A reposição dessas atividades aos sábados tem sido proposta como uma
alternativa, todavia a prática mostra que tais reposições têm apresentado baixa
adesão dos alunos, a maioria não comparece, o que acaba por comprometer o
cumprimento da programação acadêmica. A alternativa para suportar essa
realidade e integralizar a carga horária da disciplinas consiste no professor prever
3 momentos (dentre os 21) que possam ser realizados pelo aluno de forma
independente, a partir de uma orientação previamente programada. Tais
momentos são denominados como "Instrução Programada" e tipicamente podem
ser a apresentação inicial da disciplina e exercícios de revisão.

Dessa forma, considerando-se, então, 4 momentos de avaliação (AP1, AP2, SUB


e EF) e 3 Instruções Programadas, temos 14 momentos de aulas e outras
atividades acadêmicas, que devem ser divididos em dois blocos com 7 cada.
Dessa forma, um Cronograma de Atividades padrão teria, em tese, a seguinte
conformação:

1. Abertura e apresentação da disciplina


2. Atividade 1
3. Atividade 2
4. Atividade 3
5. Atividade 4
6. Atividade 5
7. Atividade 6
8. Atividade 7

VPPlan, 10/01/2011 20
9. Revisão/Estudos 1
10. Primeira avaliação de aprendizagem (AP1)
11. Atividade 8
12. Atividade 9
13. Atividade 10
14. Atividade 11
15. Atividade 12
16. Atividade 13
17. Atividade 14
18. Revisão/Estudos 2
19. Segunda avaliação de aprendizagem (AP2)
20. Prova substitutiva
21. Exame final

Notar que os momentos 1, 9 e 18 são compatíveis com a modalidade "Instrução


Programada". A forma como ocorrem esses momentos, assim, dependeria da
ocorrência de feriados. Em não havendo feriados, as atividades desses momentos
ocorrem em sala de aula, na presença do professor. Havendo feriados, uma, duas
ou três dessas atividades (conforme a necessidade) ocorrem de forma
independente do aluno, em que o professor determina um conjunto de atividades
para o aluno executar em seu próprio ambiente (casa, trabalho, etc.), de forma a
repor aquilo que teria ocorrido no âmbito da Faculdade se não fosse o feriado.

Com base nestas reflexões, elabore a seguir a sua programação de


atividades.Use o formulário da Atividade 7.

VPPlan, 10/01/2011 21
Dicas para a sala de aula

Durante as atividades, precisamos entrar na sala de aula para desenvolver o


trabalho com os alunos. Assim, seguem algumas dicas:

Voz: Procure variar o volume, o tom e o ritmo de sua voz. Quando você fala
sempre da mesma forma, a apresentação fica monótona e cansativa. Fale alto às
vezes, baixo em outras vezes. Fale grosso às vezes, fino outras vezes. Fale
rapidamente às vezes, lentamente outras vezes. Isso torna a apresentação mais
dinâmica e envolvente.

Olhos: Movimente seus olhos. Alguns professores têm o hábito de dar aula
somente para os alunos das primeiras fileiras. Evite isso, procure com seus olhos
os alunos em todas as partes da sala. Às vezes olhe os alunos da frente, outras
vezes os alunos do fundo, depois os do meio e assim por diante.

Movimento: Ande durante sua apresentação. Movimente-se, balance os braços,


mexa a cabeça. Todavia, não exagere muito nisso. Se você andar demais pela
sala, os alunos ficam cansados de ter que ficar seguindo um professor que não
para quieto. Dose sua movimentação, mas não fique o tempo todo no mesmo
lugar.

Projeções: Ao usar projeções (datashow, slides ou transparências) evite exibir


telas com textos que estão lá somente para serem lidos. Não é raro encontrar
professores que simplesmente leem suas aulas para os alunos. Apesar de alguns
alunos gostarem desse processo, pois podem ficar copiando enquanto o professor
lê, a maioria acha muito chato esse tipo de abordagem.

Feed-back: Sinta o retorno dos alunos. Observe se estão dormindo,


pestanejando ou conversando muito. Se estão conversando é porque a conversa
está mais interessante que a aula. Quebre a rotina, se estiver fazendo uma
projeção, interrompa-a e acenda a luz. Em determinados momentos, faça uma
pausa e mude de assunto. Se você se sentir a vontade com isso, explore o
humor. As aulas divertidas são muito mais agradáveis.

Contextualização: Contextualize o tema que está sendo abordado. Mostre


exemplos do cotidiano, aborde casos concretos, apresente problemas reais. O
aluno precisa sentir o significado naquilo que está sendo tratado. Sua atenção
será diretamente proporcional à importância que ele sentir do assunto.

Filme sua aula: Outra dica importante é você assistir à sua própria aula. Como?
Filmando-a. Procure filmar uma aula sua, assista o vídeo e peça para outras
pessoas assistirem. Não precisa ser a aula toda, de 10 a 15 minutos são
suficientes. Você vai descobrir coisas interessantes.

Veja mais dicas em:

http://www.possibilidades.com.br/ensino/dicas_professores.asp

VPPlan, 10/01/2011 22
Para saber mais...

Dewey e a Escola Progressista


Biografia e pensamentos do educador americano John Dewey (1859-1952)
http://www.centrorefeducacional.com.br/dewey.html

É possível fazer uma escola diferente


Entrevista com José Pacheco, da Escola da Ponte, em Portugal
http://novaescola.abril.uol.com.br/index.htm?ed/171_abr04/html/falamestre

Produzindo um Dicionário Visual


Artigo de João Luís Almeida Machado
http://www.planetaeducacao.com.br/novo/artigo.asp?artigo=421

VPPlan, 10/01/2011 23
Atividade 8 – Redigindo as ementas

No ponto em que chegamos até aqui, já temos a visão do todo da disciplina:


competências, conteúdos, bibliografia, atividades e avaliação. Podemos agora,
partir para a ementa. Muitos vão estranhar que somente agora, quase no final, é
que vamos abordar a ementa, afinal ela costuma ser o primeiro item dos planos
de ensino. Mas, nesse método que estamos empregando, as coisas não precisam
seguir essa lógica cartesiana. Podemos deixar o início para o final, sem problema
algum.

Na verdade, no caso da ementa, é melhor que ela fique para o final. Isto porque
a ementa é um texto que procura dar uma ideia geral da disciplina. Ementa é
uma palavra que vem do latim (ementa, pl. emenum) e que significa “ideia”,
“pensamento”. Veja a seguir a definição da palavra “ementa” por alguns autores:

Dicionário Houaiss
“Texto reduzido aos pontos essenciais, resumo, síntese, sinopse".

Dicionário Aurélio
“Apontamento, rol, lembrança, sumário, resumo”

No meio jurídico, ementa representa um texto que “resume a matéria tratada


antes do texto integral da Lei. Deve ser concisa, clara e real (o mesmo que
rubrica)”
(ver em http://www.camara.rj.gov.br/acamara/legislativo/def.html )

Em Portugal, ementa significa “cardápio” ou “menu”.

Como pode ser visto, o texto da ementa é algo que, ao ser lido, permite que o
leitor tenha uma visão geral do que se trata a disciplina. No ensino tradicional,
baseado em conteúdos, é natural que a ementa simplesmente relacione os
conteúdos que serão abordados, afinal esse é o cerne do modelo pedagógico.
Vejamos no exemplo em questão como seria uma ementa tradicional:

Ementa: “Estruturação básica de projetos de pesquisa. Bancos de dados para


levantamentos bibliográficos: descrição, classificação e mecanismos de buscas. Técnicas

VPPlan, 10/01/2011 24
e fundamentos para redação de textos acadêmicos. Normas e padrões da ABNT para
trabalhos científicos. Elaboração de apresentações de trabalhos acadêmicos.”

Note que o texto é uma simples transcrição do conteúdo para um parágrafo


apenas. É assim que a grande maioria das ementas é escrita e esse é o formato
que muitos professores estão habituados.

Todavia, no Ensino Baseado em Competências, o conteúdo (saberes) é somente


uma parte do processo. Assim, uma ementa escrita no formato tradicional dará
uma visão parcial da disciplina. Nesse modelo, o texto da ementa deve dar uma
ideia resumida do que se trata a disciplina como um todo, incluindo as
competências, o conteúdo, a avaliação, a metodologia, etc. Os planos de ensino
têm um campo específico para o conteúdo. Portanto, colocar o conteúdo na
ementa, além de impreciso, é uma repetição desnecessária.

Veja como seria a redação de uma ementa dentro desse novo conceito:

Ementa: “Nesta disciplina, o aluno irá desenvolver sua capacidade de buscar respostas às
suas dúvidas, de forma autônoma, a partir de um processo estruturado de pesquisa. Ele
irá conhecer os principais bancos de dados existentes e irá passar por atividades
práticas de consultas aos mesmos. Além disso, o aluno terá contato com o universo da
normalização científica, especialmente o da ABNT. Todo esse processo será
materializado na redação de um projeto e de um relatório de pesquisa, os quais deverão
ser elaborados pelo aluno ao longo da disciplina.”

Note como o texto possui uma fluidez e uma redação que convida o leitor à
disciplina. O texto precisa despertar o interesse pela disciplina. Além disso,
repare como o sujeito da maioria das frases é o aluno, não a disciplina. Veja os
exemplos a seguir:

CERTO: o aluno como sujeito


“O aluno terá a oportunidade de debater as principais correntes do pensamento
filosófico do século XIX.”

ERRADO: a disciplina como sujeito


“A disciplina procura abordar as principais correntes do pensamento filosófico do século
XIX.”

Resumindo: a ementa deverá ser escrita em parágrafo único com


tamanho mínimo de 500 e máximo 2000 caracteres. Deve ser um texto
que permita ao leitor ter uma visão geral do que se trata a disciplina. Não
deve ser escrita como uma sequência de conteúdos e sim a descrição da
disciplina como um todo, incluindo as competências, o conteúdo, a
avaliaçã̃o, a metodologia, etc.

Com base nesses conceitos, faça agora a redação da ementa de sua disciplina.
Utilize o formulário da Atividade 8.

VPPlan, 10/01/2011 25
Atividade 9 – Juntando as partes

De fato, começamos pela avaliação e terminamos pela ementa. Mas podemos


agora juntar as partes e ver como ficou o todo. No exemplo aqui abordado,
teremos:

Disciplina
Metodologia da Pesquisa Científica

Ementa
Nesta disciplina, o aluno irá desenvolver sua capacidade de buscar respostas às suas
dúvidas, de forma autônoma, a partir de um processo estruturado de pesquisa. Ele irá
conhecer os principais bancos de dados existentes e irá passar por atividades práticas
de consultas aos mesmos. Além disso, o aluno terá contato com o universo da
normalização científica, especialmente o da ABNT. Todo esse processo será relatório de
pesquisa, os quais deverão ser elaborados pelo aluno ao longo da disciplina.

Competências a serem desenvolvidas


1. Realizar levantamentos bibliográficos, acessando bancos de dados disponíveis na
Internet, sobre o tema escolhido.
2. Redigir projetos e relatórios, seguindo as normas da ABNT e da Língua Portuguesa,
relacionados com o meio acadêmico.
3. Expressar suas ideias de forma articulada, empregando partes lógicas (início, meio e
fim), em projetos e relatórios de pesquisa.
4. Elaborar uma apresentação, de forma clara e dinâmica, sintetizando o conteúdo de seu
relatório de pesquisa.

Conteúdo programático (saberes)


1. Estruturação básica de projetos de pesquisa.
2. Bancos de dados para levantamentos bibliográficos: descrição, classificação e
mecanismos de buscas.
3. Técnicas e fundamentos para redação de textos acadêmicos.
4. Normas e padrões da ABNT para trabalhos científicos.

VPPlan, 10/01/2011 26
5. Elaboração de apresentações de trabalhos acadêmicos.

Cronograma de Atividades
Dia 1 – Análise das competências que serão trabalhadas na disciplina
Dia 2 – Estudo de caso: análise de monografias selecionadas
Dia 3 – Aula prática em laboratório de informática sobre levantamentos bibliográficos.
Dia 4 – Aula prática em laboratório de informática sobre levantamentos bibliográficos.
Dia 5 – Prova de múltipla escolha (20 testes) sobre os principais bancos de dados
disponíveis na Internet para levantamentos bibliográficos.
Dia 6 – Prova prática, em laboratório de informática, para que o aluno demonstre sua
capacidade de pesquisar nos bancos de dados ensinados.
Dia 7 – Dinâmica de grupo: construindo referências bibliográficas
Dia 8 – Estudo de caso: o acesso a conteúdo livre em universidades americanas
Dia 9 – Revisão de conceitos e atividades em grupo
Dia 10 – Prova de múltipla escolha (20 testes) sobre regras e normas da ABNT. Prazo
máximo para entrega do projeto de pesquisa.
Dia 11 – Estudo de caso: análise de monografias selecionadas
Dia 12 – Estudo de caso: análise de monografias selecionadas
Dia 13 – Técnicas de apresentação, didática e oratória
Dia 14 – Aula prática em laboratório de informática sobre softwares de apresentação
Dia 15 – Estudos de caso: grandes oradores. Prazo máximo para entrega do relatório
final de pesquisa.
Dia 16 – Apresentação oral dos trabalhos produzidos
Dia 17 – Apresentação oral dos trabalhos produzidos
Dia 18 – Debate de encerramento da disciplina e revisão de pontos pendentes
Dia 19 – Prova Dissertativa.
Dia 20 – Prova Substitutiva
Dia 21 – Exame final

Avaliação
1. Prova de múltipla escolha (20 testes) sobre os principais bancos de dados disponíveis
na Internet para levantamentos bibliográficos.
2. Prova prática, em laboratório de informática, para que o aluno demonstre sua
capacidade de pesquisar nos bancos de dados ensinados.
3. Prova de múltipla escolha (20 testes) sobre regras e normas da ABNT.
4. Trabalho individual, com o projeto da pesquisa.
5. Trabalho individual, com o relatório final da pesquisa.
6. Apresentação oral, de 15 minutos, sobre o relatório final da pesquisa.

Bibliografia geral
CARVALHO, Maria Cecília M. Construindo o saber metodologia científica - fundamentos e
técnicas. Campinas: Papirus, 2006.
MATTAR NETO, João Augusto. Metodologia científica na era do computador. São Paulo:
Saraiva, 2003.

VPPlan, 10/01/2011 27
SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho cientifico. São Paulo: Cortez,
2002.

Bibliografia complementar
CHASSOT, Attico. A ciência através dos tempos. São Paulo: Moderna, 1994.
DAY , Robert A.; GASTEL, Barbara. How to write and publish a scientific paper.
Westport: Greenwood Press, 2006.
PÁDUA , Elisabete Matallo Marchesini. Metodologia da pesquisa: abordagem teórico-
prática. Campinas: Papirus, 1997.

Olhando assim, parece que o plano de ensino foi elaborado a partir da ementa e
terminando com a bibliografia. Sabemos que não foi nessa ordem, mas não
importa, ou seja, a forma como ele é exibido não precisa (e não deve) ser a
forma como nós o elaboramos. O importante é que as partes estejam articuladas
entre si e tudo tenha sido pensado para ter sentido e coerência.

Procure agora, montar o seu plano de ensino, para ter a visão do todo. Utilize o
formulário da Atividade 9.

VPPlan, 10/01/2011 28
Atividade 10 – Teste seu desenvolvimento

Bem, chegamos ao final e neste momento você deve ter produzido seu plano de
ensino completo. Esse plano pode, agora, passar por um processo de avaliação
em termos das seguintes competências:

1. Elaborar textos de competências, empregando-as como objetivos a


serem atingidos no contexto de sua disciplina.

2. Definir um conjunto de saberes (conteúdo) para suportar o


desenvolvimento das competências selecionadas.

3. Elaborar textos de ementas, de forma clara e objetiva, dando uma visão


geral da disciplina.

4. Criar um conjunto de atividades visando desenvolver as competências


elencadas para a sua disciplina.

5. Conceber um processo de avaliação, que empregue múltiplos


instrumentos, com foco para as competências definidas para a disciplina.

6. Ao escrever, fazê-lo de forma correta, respeitando as regras da língua


portuguesa.

Essas são as competências dessa capacitação!

Essas competências podem ser avaliadas a partir dos seguintes itens de


avaliação:

Ementa

1. O texto dá uma visão geral da disciplina.


2. O sujeito da maioria das frases é o aluno.
3. O texto está convidativo e convincente.
4. O texto não é uma sequência de conteúdos.

VPPlan, 10/01/2011 29
Competências a serem desenvolvidas

5. As competências estão corretamente escritas (objetivo + condição +


contexto)?
6. O sujeito da competência é o aluno.
7. A competência é passível de avaliação.
8. A competência tem significado/utilidade.

Atividades programadas

9. As atividades planejadas estão direcionadas para o desenvolvimento das


competências elencadas.
10. Estão previstas estratégias problematizadoras e estudos de caso.

Avaliação

11. As regras de avaliação estão claras e objetivas.


12. Estão previstos múltiplos instrumentos de avaliação.
13. Os instrumentos propostos avaliam competências (e não apenas conteúdos)?

Diversos

14. O conteúdo relacionado faz sentido para o desenvolvimento das competências


elencadas.
15. Os textos estão escritos em bom português.

Faça uma auto-avaliação, utilize o formulário da Atividade 10a.

VPPlan, 10/01/2011 30
Veja abaixo o quadro de associação das questões com os objetivos estabelecidos
para esse treinamento.

Definir Conceber
Elaborar Criar um Escrever
Elaborar um um
textos conjunto de
textos de conjunto processo
de de forma
competências de de
ementas atividades correta
saberes avaliação

O texto dá uma visão


X
geral da disciplina.
O sujeito da maioria das
X
frases é o aluno.
O texto está convidativo e
X
convincente.
O texto não é uma
X
sequência de conteúdos.
As competências estão
corretamente escritas
X
(objetivo + condição +
contexto)?
O sujeito da competência
X
é o aluno.
A competência é passível
X
de avaliação.
A competência tem
X
significado/utilidade.
As atividades planejadas
estão direcionadas para o
X
desenvolvimento das
competências elencadas.
Estão previstas estratégias
problematizadoras e X
estudos de caso.
As regras de avaliação
X
estão claras e objetivas.
Estão previstos múltiplos
X
instrumentos de avaliação.
Os instrumentos propostos
avaliam competências (e X
não apenas conteúdos)?
O conteúdo relacionado
faz sentido para o
X
desenvolvimento das
competências elencadas.
Os textos estão escritos
X
em bom português.

Agora transcreva as notas que você atribuiu para cada questão e calcule as
respectivas médias, utilizando o formulário da Atividade 10b.

VPPlan, 10/01/2011 31
Anexo – Formulários

VPPlan, 10/01/2011 32
Atividade 1

Objetivos que você julga importantes para os alunos da sua disciplina:

1.

2.

3.

4.

5.

(normalmente, o número mínimo é 3 e não se deve passar de 10)

VPPlan, 10/01/2011 33
Atividade 2

Procure definir os instrumentos que irá empregar para avaliar os objetivos


definidos na Atividade 1.

Num. Tipo de instrumento Descrição


( ) Prova dissertativa
( ) Prova de múltipla escolha
( ) Trabalho/Monografia
1
( ) Projeto
( ) Avaliação prática
( ) Outro (especificar):
( ) Prova dissertativa
( ) Prova de múltipla escolha
( ) Trabalho/Monografia
2
( ) Projeto
( ) Avaliação prática
( ) Outro (especificar):
( ) Prova dissertativa
( ) Prova de múltipla escolha
( ) Trabalho/Monografia
3
( ) Projeto
( ) Avaliação prática
( ) Outro (especificar):
( ) Prova dissertativa
( ) Prova de múltipla escolha
( ) Trabalho/Monografia
4
( ) Projeto
( ) Avaliação prática
( ) Outro (especificar):
( ) Prova dissertativa
( ) Prova de múltipla escolha
( ) Trabalho/Monografia
5
( ) Projeto
( ) Avaliação prática
( ) Outro (especificar):

(normalmente, 5 são suficientes, mas se for necessário mais, copia essa folha)

VPPlan, 10/01/2011 34
Atividade 3

Procure definir relacionamento dos instrumentos definidos na Atividade 2 com os


objetivos estabelecidos na Atividade 1:

Instumentos

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

2
Objetivos

VPPlan, 10/01/2011 35
Atividade 4

Na Atividade 1, você definiu alguns objetivos para a sua disciplina. Procure agora
transformá-los em competências, acrescentando uma condição e um contexto.

1.

2.

3.

4.

5.

VPPlan, 10/01/2011 36
Atividade 5a

Defina os saberes (conteúdos) que serão abordados na disciplina:

1.

2.

3.

4.

5.

6.

7.

8.

9.

10.

VPPlan, 10/01/2011 37
Atividade 5b

Procure definir relacionamento dos saberes (conteúdos) com as competências


estabelecidas na Atividade 3:

Saberes

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

2
Competências

VPPlan, 10/01/2011 38
Atividade 6

Relacione a bibliografia básica de sua disciplina:

1.

2.

3.

...e agora a complementar:

4.

5.

VPPlan, 10/01/2011 39
Atividade 7

Elabore a seguir a sua programação de atividades:

Núm Data Atividade

10

11

12

13

14

15

VPPlan, 10/01/2011 40
16

17

18

19

20

21

VPPlan, 10/01/2011 41
Atividade 8

Faça aqui a redação da ementa de sua disciplina:

VPPlan, 10/01/2011 42
Atividade 9

Junte todas as partes e faça o plano completo:

• Nome da disciplina

• Ementa

• Competências a serem desenvolvidas

• Conteúdo programático (saberes)

• Atividades programadas

• Sistema de avaliação

• Bibliografia geral

• Bibliografia complementar

VPPlan, 10/01/2011 43
Atividade 10a

Faça uma auto-avaliação de seu plano de ensino:

Nota
Item da avaliação
(0 a 10)
Ementa

1. O texto dá uma visão geral da disciplina.

2. O sujeito da maioria das frases é o aluno.

3. O texto está convidativo e convincente.

4. O texto não é uma sequência de conteúdos.

Competências a serem desenvolvidas


5. As competências estão corretamente escritas (objetivo +
condição + contexto)?

6. O sujeito da competência é o aluno.

7. A competência é passível de avaliação.

8. A competência tem significado/utilidade.

Atividades programadas
9. As atividades planejadas estão direcionadas para o
desenvolvimento das competências elencadas.
10. Estão previstas estratégias problematizadoras e estudos de
caso.
Avaliação

11. As regras de avaliação estão claras e objetivas.

12. Estão previstos múltiplos instrumentos de avaliação.

13. Os instrumentos propostos avaliam competências (e não apenas


conteúdos)?
Diversos
14. O conteúdo relacionado faz sentido para o desenvolvimento das
competências elencadas.

15. Os textos estão escritos em bom português.

VPPlan, 10/01/2011 44
Atividade 10b

Transcreva as notas da auto-avaliação e calcule as médias por


objetivo/competência.

Definir Conceber
Elaborar Criar um Escrever
Elaborar um um
textos conjunto de
textos de conjunto processo
de de forma
competências de de
ementas atividades correta
saberes avaliação

O texto dá uma visão


geral da disciplina.
O sujeito da maioria das
frases é o aluno.
O texto está convidativo e
convincente.
O texto não é uma
sequência de conteúdos.
As competências estão
corretamente escritas
(objetivo + condição +
contexto)?
O sujeito da competência
é o aluno.
A competência é passível
de avaliação.
A competência tem
significado/utilidade.
As atividades planejadas
estão direcionadas para o
desenvolvimento das
competências elencadas.
Estão previstas estratégias
problematizadoras e
estudos de caso.
As regras de avaliação
estão claras e objetivas.
Estão previstos múltiplos
instrumentos de avaliação.
Os instrumentos propostos
avaliam competências (e
não apenas conteúdos)?
O conteúdo relacionado
faz sentido para o
desenvolvimento das
competências elencadas.
Os textos estão escritos
em bom português.

(não transcreva nas células cinzas)

VPPlan, 10/01/2011 45

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